o ruído é existencial
• cinema & audiovisual - UFPE
O filme acertaria se buscasse a premissa inicial da falta de poder feminino frente à recorrente violência masculina, mas opta por escolhas extremamente problemáticas ao tornar o processo de transição como parte de uma fuga, ainda que justificado hora ou outra num desejo anterior que ainda sim não causam conexão com o espectador.
Mais além, o filme peca ridicularmente ao apresentar a mulheridade trans como dominadora, manipuladora, controladora e agressiva numa oportunidade de conflito direto sua personagem que poderia muito…
Que filme incômodo, visceral, dificil de digerir...
A crueza presente no roteiro impacta pela sua denúncia sobre o abuso de medicamentos, a recusa da liberdade, entregando a angústia necessária para relembrar que a luta pela humanização do sistema psiquiátrico ainda se faz necessária, apesar de seus progressos.
A atuação de Santoro, que entrega do começo ao fim as camadas de Neto, acompanhado pela impecável direção de fotografia que torna seus momentos de surto e processo de adoecimento em uma claustrofobia…
entre vários pontos, o atravessamento trazido por Kaio da transmasculinidade dentro do candomblé e os debates acerca da biologicidade na religião e suas raízes foi extremamente necessário. a cabeça fervilhando sobre.