Ontem, finalmente, reuni coragem para assistir ao filme *Ainda Estou Aqui*. Digo "coragem" porque, desde que concluí meu mestrado sobre literatura e violência na ditadura militar, tenho dificuldade em consumir qualquer obra que retrate o regime de 64 no Brasil (até hoje, por exemplo, não consegui ver o filme sobre Marighella).
Mas, sobre o longa-metragem que narra a vida de Eunice Paiva e seu marido, Rubens Paiva, não há outra palavra: o filme é primoroso. As cores, as cenas, as…
Fuck...
Toda representação de cultura é uma representação de barbárie. E mais, na periferia do capitalismo ela é sempre racializada.
E, fuck, é justamente sobre isso. Seu Black money, seu empoderamento, sua identidade é o money, tão white quanto branco, tão empoderado quanto a fragilidade da pele, tão identitário quanto a identidade universal permitir que ela seja.
Guarde-se, respire e fuck.
Quem é o monstro?
Essa pergunta nos persegue por toda película, estamos dispostos a brincar de onisciente e onipresente durante toda narrativa, até percebermos que não, não há monstros, se não nós mesmos. Sempre ávidos a apontar o dedo para o verdadeiro monstro, nunca para sermos nós mesmos cumprindo esse papel.
O filme é arrebatador, lindo, sensível e com um final que nos permite sonhar com um porvir que sejamos livres, não pelo que a sociedade espera que sejamos, mas…
