Como a Judy foi cair apaixonada por um detetive meia-boca desses? Só pode ter sido daddy issues.
A imersão na obsessão do detetive e a condução técnica são revolucionárias. Mas como já tem muito crítico no mundo, prefiro avaliar os filmes pelo o que eles me fazem sentir. Infelizmente, certos aspectos da época e da mente do Hitchcock, me causam vertigem.
Os personagens centrais são carismáticos, a ambientação é ótima, mas a direção é arrastada, com situações previsíveis e uma trama policial que não se aprofunda. Em algumas dessas cenas, o filme chega a simular uma paleta com jogo de câmeras à la David Fincher, mas o resultado acaba destoando do restante.
Aí entra Fernanda Montenegro com sua atuação salvadora. Se ela estivesse num comercial de laticínios, eu provavelmente choraria pelo leite derramado. Sua representação é comovente e delicada, principalmente para quem convive com pessoas mais velhas diariamente. Sem ela, o filme seria um inquérito arquivado por falta de provas.
Basicamente um Hannibal versão empreendedor brasileiro, que serviria um PF de fígado humano acebolado e arroz soltinho. Um slasher com tempero nacional, onde o verdadeiro terror é a CLT.
Pra mim o filme acerta muito no terror dos diálogos, com uma tensão teatral, abordagem que particularmente adoro. Mas, em algumas cenas, fica parecendo um ensaio de roteiro. E a mixagem de som no primeiro ato? Os personagens murmuravam enquanto a trilha tocava mais alto que o necessário. É realmente fiel…
