O deserto de amor e compaixão, retratado por meio da protagonista abandonada pela família, pela sociedade e, por fim, por si mesma, faz deste um dos filmes mais pessimistas de Bresson. Em um mundo essencialmente mau, a tentativa desesperada de comunicação (destaque para os olhares e para as mãos) é vã. A reserva de bondade se encontra no que escapa ao peso da humanidade, isto é, a natureza e a infância, unidas tragicamente na cena final.

Duras empreende um exercício analítico da linguagem cinematográfica a partir de sua ligação embrionária com a pintura, o teatro e a literatura. Sem pretensão de alcançar uma proposta de reunificação entre elas, a intensidade está exatamente em uma experiência fílmica insólita e incômoda, transitando entre artificialidade e realismo, apatia e intensidade, ausência e presença.

No cinema de Clint Eastwood, a experiência da humanidade passa, em grande medida, pela confrontação com o dever e a moral. Considerando que ambos são dificilmente conciliáveis, Eastwood se põe, frequentemente, a perscrutar a paleta de conflitos e dilemas humanos que decorre da fricção entre os dois princípios. Neste filme, isso se reflete no confronto permeado de culpa e traumas entre Butch e Red. Eastwood em sua melhor forma.