É dificil um remake se justificar em como tratar um classico com um olhar inovador. Nosferatu não ousa um apelo estético além da diluída homenagem ao original, mas encontra sua marca com a Leni. Assim como no remake de Herzog, a pulsão de morte, a submissão como potência e o foco na domesticidade de Leni, colocam uma perspectiva moderna na heroína romântica. Ao contrário de Herzog, a atmosfera é literal e dicotômica: nosferatu é uma força profana, nada mais. Não há qualquer pureza além do fogo.

tldr: o filme funciona porque o nosferatu é gostoso.

o horror do não pertencimento, da melancolia e do interdito, poucas vezes me senti tão abafado e pequeno vendo um filme. mesmo assim não consegui me conectar com a vivencia de subúrbio americano, as vezes o filme se faz tão pequeno quanto me senti.

gosto muito do anacronismo e dos banheiros que enquadram a narrativa. o body horror é no início divertido mas fica desinteressante bem rápido; tematicamente me lembrou Connected (2016) que também trabalha (até melhor) o tema dentro da sua superficialidade; saí do cinema parecendo que vi episódio de Black Mirror longo demais

A loucura dos primeiros anos da ambição extrativista, retratada em Aguirre, A Cólera dos Deuses, traz um mal-estar que certamente vai além do fato histórico. As Órfãs da Rainha busca trazer esse mal estar mas dessa vez na condição de expatriadas.

Primoroso do ponto de vista de pesquisa histórica, localização e figurino, talvez o filme se apegue demais aos elementos que tecem a narrativa em detrimento do potencial desamparador das primeiras décadas de colonização. Até mesmo quando o filme usa pontualmente fenômenos místicos é apenas em função de seguir com a narrativa, obtendo pouco sucesso em elevá-la.