A natureza artificial da narrativa reflete o próprio desejo de Emília Perez: ser alguém. É o que ela canta na primeira cena—mas o que significa, afinal, "ser"? Ela não sabe. E o filme tampouco parece querer responder. Ou talvez responda justamente ao evitar certezas. A escolha pelo musical reforça essa artificialidade, um artifício que amplifica a ambiguidade da transformação de Emília.
Na tentativa de compreender-se, Emília se fragmenta em três figuras: Rita, a advogada, encarna a mulher que ela queria…