Segundo filme de Godard que eu vejo e continuo tão confuso quanto no primeiro (de uma forma boa).
Sinto que Godard faz um tipo de cinema que é extremamente raro, como se a cada momento ele se perguntasse quais são os limites de cada plano. Se inspirando em várias outras artes (e por vezes mostrando-as em tela), ele constrói um filme que desafia qualquer gênero no qual tentam o enquadrar. Em partes é um filme de gangster, em outras um…
Como Lynch era estranho, e como ele faz falta. Aqui ele traz takes esquisitos desde o primeiro minuto, com personagens acenando para a câmera, ou em poses bizarras ou simplesmente dançando em cima de um carro. Mas de alguma forma ele sempre traz coerência (principalmente emocional) para a historia. É como se apesar das bizarrices tudo faz sentido durante o filme, como se você estivesse em um sonho e enquanto está nele aquele mundo faz total sentido, mas ao sair…
Um filme de uma inventividade absurda, tem umas cenas aqui que realmente não dá para entender como foram feitas em 1924.
Keaton brinca com essa ação misturada com comédia, passando por riscos gigantes para entregar o realismo e impressionar a quem assiste.
O que mais me impressiona e chama atenção é o quanto ele brinca com profundidade da imagem, indo para a frente e para trás e em determinado momento até entrando numa tela. Parte ilusionista, parte cineasta, e totalmente genial.
Perturbador.
Chabrol leva esse filme para lugares que eu sinceramente não esperava, porque no começo me parecia um filme bem direto sobre ciúme, mas o protagonista só piora e piora com o tempo.
As vozes na cabeça dele e a forma como Chabrol insere as visões do personagem criam uma atmosfera quase enlouquecedora, e o uso das luzes traz uma das cenas mais aterrorizantes que já tinha visto (aquela na qual ele derruba o abajur).
