A pynchonização da cultura urge. Só um paranóico pode desvendar a era da paranóia.
Assistir esse com tanto atraso foi bom. Injustificáveis a quantidade de críticas negativas, mas compreensíveis. Suportar o entretenimento como a ruína da civilização é abraçar o fracasso da cultura - portanto, o nosso fracasso. Testemunhamos como nunca a paranóia como dogma e a iconoclastia como rito.
Talvez a melhor adaptação de Thomas Pynchon, de um romance que ele não escreveu.
Passadas quase quatro décadas da estreia desse filme, a história do Brasil sofreu tantos vezes e reveses que, hoje, ele pode soar até um pouco inocente. A geração das greves dos anos 70 e 80 ascendeu, descendeu e o retrato do trabalhador que em seu lugar ficou pouco mudou. A juventude reacionária fruto de gerações engajadas aparentemente é uma crise cíclica a qual ainda não encontramos respostas - sempre haverá aqueles que enxergam poça d'água parada no rio corrente da…
Sertânia é a adaptação de Grande Sertão: Veredas sem ser. É o sertão mítico, sertão gigante, que tanto representa em alegoria para o olhar de seu protagonista-narrador: Antão, Jararaca, Gavião é Riobaldo. É a sua história contada para um interlocutor oculto remetendo ao seu mundo conhecido tudo o que sabe, que entende, que faz pensar a vida, seus ideais, seus julgamentos e escolhas, sob os quais coloca sob perspectiva para nos apresentar sua saga errante, delirante, surreal. E seu mundo é o sertão.
