Há uma cena que resume Filme Demência: está havendo uma palestra sobre Simbologia no meio da madrugada. Um dos Professores então começa a dizer "Sob o ponto de vista da lógica..." e de repente leva um tiro antes de concluir a frase.
O que Carlos Reinchenbach propõe aqui é um dos filmes mais surrealistas do cinema brasileiro, sem ser pretensioso e chato com experimentalismos sem sentido, mas sim de fato contando uma narrativa, embora seja uma que propositalmente não faz…
Não costumo gostar de filme assim, mas achei o experimentalismo nesse muito foda, a imagem desfocada, tremida, a luz do sol, representações da mente de uma pessoa com demência. Me lembrou aquele pintor que parou de tomar os remédios e ficou fazendo autorretratos todo dia, cada vez mais insanos, até não conseguir mais.
Design de som excelente.
- Ah... arte moderna! É o que sempre digo: coisa de depravado. Lixo.
- Lixo? Mas só aquele quadro valia mais de 5 milhão.
- Ah, é isso mesmo. Quanto mais podre mais caro. Por mim eu mandava juntar tudo isso e botar fogo. Admito tudo menos essa laia de parasitas intelectuais.
Sganzerla gênio colocando um personagem que critica a arte moderna de forma intolerante e estúpida, assim se precavendo de qualquer um que critique o seu filme, porque agora…
Quando criança eu costumava achar esse filme muito legal, mas bem chatinho ao mesmo tempo. Devo ter assistido umas 5 vezes num VHS que tinha, e então ele simplesmente sumiu da minha memória conforme cresci, até hoje eu lembrar do nada, igual um outro cara relatou aqui.
Nunca imaginei que fosse brasileiro. Tenho curiosidade de rever, mas um certo medo também.
