Papers by Filipa Rodrigues
We present the results of the first year of the field work carried out at Lapa da Bugalheira (Alm... more We present the results of the first year of the field work carried out at Lapa da Bugalheira (Almonda, Torres Novas) by the ARQEVO research project. We have identified an Early Neolithic occupation featuring a characteristic artefact assemblage with impressed wares (both cardial and “boquique”), geometric microliths and ornaments. The age of the assemblage has been corroborated by the radiocarbon dating of sheep and human bone samples. Comparable, coeval occupation contexts exist in the Central Limestone Massif of Estremadura, paramount among which is the Galeria da Cisterna’s (Almonda karst system)
Scientific Reports
the site of Gruta da Aroeira (torres novas, portugal), with evidence of human occupancy dating to... more the site of Gruta da Aroeira (torres novas, portugal), with evidence of human occupancy dating to ca. 400 ka (Marine Isotope Stage 11), is one of the very few Middle Pleistocene localities to have provided a fossil hominin cranium associated with Acheulean bifaces in a cave context. the multianalytic study reported here of the by-products of burning recorded in layer X suggests the presence of anthropogenic fires at the site, among the oldest such evidence in south-western Europe. The burnt material consists of bone, charcoal and, possibly, quartzite cobbles. These finds were made in a small area of the cave and in two separate occupation horizons. our results add to our still-limited knowledge about the controlled use of fire in the Lower Palaeolithic and contribute to ongoing debates on the behavioural complexity of the Acheulean of europe.
This article presents the main goals of a research project design to study the neolithisation pro... more This article presents the main goals of a research project design to study the neolithisation process in lower Tagus valley left bank (NAM project -developed, since 2006, by the Research Department of CRIVARQUE, Lda). This area, occupied by late Mesolithic hunter-gatherers at least until 6300 BP, was traditionally seen as a "no-man's land" during Neolithic period. Ago-pastoralist communities were settled in nearby Estremadura limestone caves and rock-shelters since 6400 BP and in granite plains of central Alentejo at least since 6000 BP. New data brought out by recent works in the area -surveying projects and rescue excavations -have revealed, based upon typological criteria since no absolute date is available for the moment, an Early and Middle Neolithic settlement (Casas Velhas da Coelheira, Vala Real, Monte da Foz I, Moita do Ourives). Using these, still preliminary, data we will discuss some main cultural and chronological issues linking last hunter-gathered societies and first agropastoralist groups in southern Portugal and connections between littoral and in-land Neolithic communities. Resumo: É objectivo deste artigo apresentar as principais linhas de investigação e os primeiros resultados obtidos no âmbito do projecto NAM (Departamento de Investigação e Divulgação da CRIVARQUE, Lda), criado para estudar o processo de neolitização na margem esquerda do Baixo Tejo. Esta área ocupada por caçadores-recolectores do Mesolítico final, até cerca de 6300 BP, foi tradicionalmente entendida como uma "terra de ninguém" ao longo do Neolítico, dada a quase total ausência de informação acerca das primeiras sociedades agro-pastoris, que no entanto estão atestadas em grutas e abrigos calcários da Estremadura, desde 6400 BP, e nas planícies graníticas do Alentejo central, desde 6000 BP. Novos dados provenientes de trabalhos de emergência e prospecção superficial revelaram um conjunto de sítios -Casas Velhas da Coelheira, Vala Real, Monte da Foz I, Moita do Ourives -que, de acordo com critérios tipológicos, podem ser enquadrados no Neolítico antigo e médio do Sul do actual território português. Apesar de preliminar, esta informação permite colocar questões acerca dos mecanismos de neolitização da área, das continuidades e/ou rupturas existentes entre os grupos mesolíticos e estes grupos neolíticos, das relações estabelecidas, ao longo do Neolítico, entre territórios do litoral e do interior. Em simultâneo, a evolução da paisagem holocénica, na margem esquerda do Baixo Tejo, gera cenários dinâmicos que exigem/justificam soluções culturais específicas que importa caracterizar. Palavras-Chave: Processo de Neolitização; Baixo vale do Tejo; Habitats do Neolítico antigo e médio PHYSICAL ENVIRONMENT The NAM project area is located in Lower Tagus Valley (LVT), matching with Salvaterra de Magos and Benavente districts. Both districts stand in Tagus valley left bank, where Quaternary fluvial deposits dominate marking a strong dissymmetry with lower Tagus right bank were Miocene rocks outcrop (Cabral, 2006, p. 53). Muge River, on the North, St. Estevão River, on the South, Tagus River on the West, and Hercynian Massif, on the East, limited the research area.
This article presents the main goals of a research project design to study the neolithisation pro... more This article presents the main goals of a research project design to study the neolithisation process in lower Tagus valley left bank (NAM project -developed, since 2006, by the Research Department of CRIVARQUE, Lda). This area, occupied by late Mesolithic hunter-gatherers at least until 6300 BP, was traditionally seen as a "no-man's land" during Neolithic period. Ago-pastoralist communities were settled in nearby Estremadura limestone caves and rock-shelters since 6400 BP and in granite plains of central Alentejo at least since 6000 BP. New data brought out by recent works in the area -surveying projects and rescue excavations -have revealed, based upon typological criteria since no absolute date is available for the moment, an Early and Middle Neolithic settlement (Casas Velhas da Coelheira, Vala Real, Monte da Foz I, Moita do Ourives). Using these, still preliminary, data we will discuss some main cultural and chronological issues linking last hunter-gathered societies and first agropastoralist groups in southern Portugal and connections between littoral and in-land Neolithic communities. Resumo: É objectivo deste artigo apresentar as principais linhas de investigação e os primeiros resultados obtidos no âmbito do projecto NAM (Departamento de Investigação e Divulgação da CRIVARQUE, Lda), criado para estudar o processo de neolitização na margem esquerda do Baixo Tejo. Esta área ocupada por caçadores-recolectores do Mesolítico final, até cerca de 6300 BP, foi tradicionalmente entendida como uma "terra de ninguém" ao longo do Neolítico, dada a quase total ausência de informação acerca das primeiras sociedades agro-pastoris, que no entanto estão atestadas em grutas e abrigos calcários da Estremadura, desde 6400 BP, e nas planícies graníticas do Alentejo central, desde 6000 BP. Novos dados provenientes de trabalhos de emergência e prospecção superficial revelaram um conjunto de sítios -Casas Velhas da Coelheira, Vala Real, Monte da Foz I, Moita do Ourives -que, de acordo com critérios tipológicos, podem ser enquadrados no Neolítico antigo e médio do Sul do actual território português. Apesar de preliminar, esta informação permite colocar questões acerca dos mecanismos de neolitização da área, das continuidades e/ou rupturas existentes entre os grupos mesolíticos e estes grupos neolíticos, das relações estabelecidas, ao longo do Neolítico, entre territórios do litoral e do interior. Em simultâneo, a evolução da paisagem holocénica, na margem esquerda do Baixo Tejo, gera cenários dinâmicos que exigem/justificam soluções culturais específicas que importa caracterizar. Palavras-Chave: Processo de Neolitização; Baixo vale do Tejo; Habitats do Neolítico antigo e médio PHYSICAL ENVIRONMENT The NAM project area is located in Lower Tagus Valley (LVT), matching with Salvaterra de Magos and Benavente districts. Both districts stand in Tagus valley left bank, where Quaternary fluvial deposits dominate marking a strong dissymmetry with lower Tagus right bank were Miocene rocks outcrop (Cabral, 2006, p. 53). Muge River, on the North, St. Estevão River, on the South, Tagus River on the West, and Hercynian Massif, on the East, limited the research area.
Arqueologia em Portugal. 2020 - Estado da Questão., 2020
We present the results of the first year of the field work carried out at Lapa da Bugalheira (Alm... more We present the results of the first year of the field work carried out at Lapa da Bugalheira (Almonda, Torres Novas) by the ARQEVO research project. We have identified an Early Neolithic occupation featuring a characteristic artefact assemblage with impressed wares (both cardial and “boquique”), geometric microliths and ornaments. The age of the assemblage has been corroborated by the radiocarbon dating of sheep and human bone samples. Comparable, coeval occupation contexts exist in the Central Limestone Massif of Estremadura, paramount among which is the Galeria da Cisterna’s (Almonda karst system).
Neste artigo pretende-se, por um lado, apresentar os trabalhos arqueoló-gicos realizados no sítio... more Neste artigo pretende-se, por um lado, apresentar os trabalhos arqueoló-gicos realizados no sítio da Portela 1 (Maceira, Leiria), e, por outro lado, descrever quer a proveniência quer as características tecno-tipológicas do conjunto cerâmico ali recolhido, que permite atribuir uma cronologia relativa ao arqueossítio, enquadrando-o nas primeiras etapas da diacronia neolítica (Neolítico Antigo).
ARKEOS - perspectivas em diálogo, n.º 15, 2005
De Gibraltar aos Pirinéus. Megalitismo, Vida e Morte na fachada atlântica peninsular, 2018
Em Portugal, mais concretamente na região centro-alentejana, o universo funerário das sociedades ... more Em Portugal, mais concretamente na região centro-alentejana, o universo funerário das sociedades camponesas do 4.º e 3.º milénio a.n.e. foi tratado, até aos finais da década de '90 do século passado, separadamente do "mundo dos vivos". Tal devia-se, por um lado, à visibilidade dos monumento megalíticos na paisagem, e, por outro lado, aos diferentes trabalhos que lhes foram di-rigidos especificamente, dos quais se destaca o do casal Leisner, no concelho de Reguengos de Monsaraz (Leisner & Leisner, 1985). O potencial informativo dos "povoados" e das antas era de tal forma desequilibrado que foram organizados encontros científicos sob a temática "Muitas antas, pouca gente?" (Gonçalves, 2000), contraditadas, após a descoberta dos Perdigões e após a execução dos trabalhos de minimização de impactes na área do regolfo da Barragem de Alqueva, com o binómio "Muita gente, poucas antas?" (Gonçalves, 2003). O reconhecimento, na primeira década do século XXI, de dezenas de recintos de fossos alterou definitivamente o paradigma até então conhecido, sendo possível afirmar hoje que, na região centro-alentejana, havia muita gente e, por isso, muitas antas, não obstante a ausência de estudos específicos sobre a demografia pré-histórica. Na presente comunicação pretende-se debater as relações espaciais entre os recintos de fossos e os monumentos megalíticos alentejanos, procurando inferir os comportamentos sociais dos grupos que ocupavam esta área geográ-fica através dos dados empíricos disponíveis.
Newsletter Museu Municipal de Coruche, 2018
O VALE DO SORRAIA HÁ 5000 ANOS…
No âmbito do projeto de expansão da Zona Industrial do Monte da ... more O VALE DO SORRAIA HÁ 5000 ANOS…
No âmbito do projeto de expansão da Zona Industrial do Monte da Barca foram realizados trabalhos arqueológicos de caracterização e minimização de impactes sobre o património na zona do futuro loteamento. Os trabalhos em questão decorreram sob a direção de Filipa Rodrigues, pela empresa de arqueologia Crivarque, Lda., e foram promovidos pela Câmara Municipal de Coruche. Durante Durante a execução desses trabalhos foi identificado um sítio arqueológico cronologicamente enquadrado no final da diacronia neolítica/início da Idade do Cobre. Para Para além dos artefactos típicos deste período – fragmentos dos materiais cerâmicos, utensílios em pedra lascada e pedra polida, elementos de mós manuais – foram também reconhecidas estruturas que poderão corresponder aos vestígios das cabanas utilizadas pelo grupo que ocupou aquele espaço. Exemplo dessas estruturas são os “buracos de poste” identificados, que serviriam
não só para delimitar as estruturas mas também para as suportar, assim como os “empedrados” de seixos quebrados pela ação do fogo (termoclastos), que poderão corresponder aos vestígios das lareiras. Este sítio reveste-se de grande importância para o conhecimento das sociedades pré-históricas que habitaram o vale do Sorraia há 5000 anos, não só pelas informações que podem ser retiradas do local, mas também pelas relações que podem ser estabelecidas com a excecional necrópole do Monte da Barca e com os dados já obtidos em sítios como o Cabeço do Pé da Erra. A uma escala supra-regional salienta-se a sua importância pela sua posição estratégica no vale do Sorraia, que seria, à época, um corredor natural de passagem dos grupos humanos que se movimentavam entre a Estremadura e o Alentejo.
This paper aims to describe the ceramic analysis of ditched enclosures of Ponte da Azambuja 2 (Po... more This paper aims to describe the ceramic analysis of ditched enclosures of Ponte da Azambuja 2 (Portel, Évora), from a perspective that encompasses both the typological scope of artefacts and their manufacture technology.2
Este artigo pretende apresentar a análise da cultura material, mais concretamente a análise dos materiais cerâ‑ micos, do recinto de fossos da Ponte da Azambuja 2 (Portel, Évora), adotando um perspetiva que visa não só o enquadramento tipológico dos artefactos mas também a tecnologia da sua execução.
No âmbito do projecto de investigação "CASA -Carta Arqueológica da Serra d'Aire e bacias de drena... more No âmbito do projecto de investigação "CASA -Carta Arqueológica da Serra d'Aire e bacias de drenagem adjacentes (Concelho de Torres Novas)", desenvolvido pela S.T.E.A. (Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia) foram executadas sondagens arqueológicas de salvamento nas Grutas 2 e 3 da Curva da Bezelga.
A intervenção arqueológica realizada no recinto de fossos do Porto Torrão, durante o biénio de 20... more A intervenção arqueológica realizada no recinto de fossos do Porto Torrão, durante o biénio de 2009-2010, revelou várias centenas de estruturas negativas circulares (Santos et alii, 2015).
No designado Sector 3 Este do Porto Torrão, as estruturas negativas tendencialmente circulares ultrapassaram a meia centena, tendo-se identificado diferentes tipologias, hipoteticamente relacionadas com diferentes utilizações desses espaços.
Neste artigo pretende-se apresentar alguns exemplos destas estruturas, cujas características remetem para um eventual uso residencial.
Esta hipótese interpretativa é alcançada através de um trabalho comparativo entre as estruturas supramencionadas, as designadas pithouses, e as inquestionáveis cabanas pré-históricas em positivo que são (re)conhecidas no SW Peninsular, revelando um aproveitamento semelhante entre soluções arquitectónicas distintas.
Porto Torrão is one of the largest sites of Southwest Ibéria, which was extensively excavated in 2009-2010. Several pits were excavated inside and outside the enclosed areas.
This paper will discuss a particularly type of pits structures, which might be considered dwellings.
Neolithic faunal assemblages are scarce in Portugal and, although some trends related to the begi... more Neolithic faunal assemblages are scarce in Portugal and, although some trends related to the beginning of domestication are now becoming understood, more data and further zooarchaeological analyses are necessary to fully understand them. Ponte da Azambuja 2 is a set of three Late Neolithic ditch enclosures located in the Alentejo region, Southern Portugal. It was discovered in 2008 by the archaeological unit Crivarque during the construction of a new irrigation system. Ditch enclosure 1 was excavated in two trenches, Locus 1 and Locus 2. A small faunal assemblage was recovered, showing high fragmentation mainly due to post-depositional processes, which made the interpretation rather problematic. Although animal herding strategies are difficult to assess, it was possible to confirm the domesticate status of some of the taxa. Domestication appears to have been complemented by hunting – both red deer and leporids being present. The identification of burning, cut marks and worked bone, confirms an anthropogenic faunal accumulation. Worked bone fragments suggest needle production and the production of potential ornaments.
O sítio arqueológico Moita do Ourives é um espaço de habitat intervencionado no âmbito da arqueol... more O sítio arqueológico Moita do Ourives é um espaço de habitat intervencionado no âmbito da arqueologia de emergência. Localizado, genericamente, na margem esquerda do Baixo Tejo (Benavente), foi-lhe atribuído uma cronologia relativa que o integra no denominado Neolítico médio.
This paper will discuss the use of the double-ditch system of Porto Torrão as a prehistoric hydra... more This paper will discuss the use of the double-ditch system of Porto Torrão as a prehistoric hydraulic system. Based on its specific features, this hypothesis is applied to the excavated sections on the left bank of the stream that runs across the archaeological site.
… : 27-30 de noviembre de 2006, Jan 1, 2008
"This article presents the main goals of a research project design to study the Neolithisation pr... more "This article presents the main goals of a research project design to study the Neolithisation process in lower Tagus valley left bank. This area, occupied by late Mesolithic hunter-gatherers at least until 6300 BP, was traditionally seen as a “no-man’s land” during Neolithic period.
Agro-pastoralist communities are established in nearby Estremadura limestone caves and rock-shelters since 6400 BP and in granite plains of central Alentejo at least since 6000 BP.
New data brought out by recent works in this area – surveying projects and rescue excavations – have revealed, based upon typological criteria since no absolute date is available for the moment, an Middle Neolithic settlement – Moita do Ourives.
We will discuss the main results of the 2004/ 2006 fieldwork and giving a special attention to material cultural, habitat structures and stratigraphic sequences."
This article presents the main goals of a research project design to study the neolithisation pro... more This article presents the main goals of a research project design to study the neolithisation process in lower Tagus valley left bank (NAM project – developed, since 2006, by the Research Department of CRIVARQUE, Lda). This area, occupied by late Mesolithic hunter-gatherers at least until 6300 BP, was traditionally seen as a " no-man's land " during Neolithic period. Ago-pastoralist communities were settled in nearby Estremadura limestone caves and rock-shelters since 6400 BP and in granite plains of central Alentejo at least since 6000 BP. New data brought out by recent works in the area – surveying projects and rescue excavations – have revealed, based upon typological criteria since no absolute date is available for the moment, an Early and Middle Neolithic settlement (Casas Velhas da Coelheira, Vala Real, Monte da Foz I, Moita do Ourives). Using these, still preliminary, data we will discuss some main cultural and chronological issues linking last hunter-gathered societies and first agropastoralist groups in southern Portugal and connections between littoral and inland Neolithic communities. Resumo: É objectivo deste artigo apresentar as principais linhas de investigação e os primeiros resultados obtidos no âmbito do projecto NAM (Departamento de Investigação e Divulgação da CRIVARQUE, Lda), criado para estudar o processo de neolitização na margem esquerda do Baixo Tejo. Esta área ocupada por caçadores-recolectores do Mesolítico final, até cerca de 6300 BP, foi tradicionalmente entendida como uma " terra de ninguém " ao longo do Neolítico, dada a quase total ausência de informação acerca das primeiras sociedades agro-pastoris, que no entanto estão atestadas em grutas e abrigos calcários da Estremadura, desde 6400 BP, e nas planícies graníticas do Alentejo central, desde 6000 BP. Novos dados provenientes de trabalhos de emergência e prospecção superficial revelaram um conjunto de sítios – Casas Velhas da Coelheira, Vala Real, Monte da Foz I, Moita do Ourives – que, de acordo com critérios tipológicos, podem ser enquadrados no Neolítico antigo e médio do Sul do actual território português. Apesar de preliminar, esta informação permite colocar questões acerca dos mecanismos de neolitização da área, das continuidades e/ou rupturas existentes entre os grupos mesolíticos e estes grupos neolíticos, das relações estabelecidas, ao longo do Neolítico, entre territórios do litoral e do interior. Em simultâneo, a evolução da paisagem holocénica, na margem esquerda do Baixo Tejo, gera cenários dinâmicos que exigem/justificam soluções culturais específicas que importa caracterizar. Palavras-Chave: Processo de Neolitização; Baixo vale do Tejo; Habitats do Neolítico antigo e médio
O sítio arqueológico de Porto Torrão foi descoberto em 1981, ano em que se realizaram as primeira... more O sítio arqueológico de Porto Torrão foi descoberto em 1981, ano em que se realizaram as primeiras recolhas de superfície, parte das quais levada a cabo de forma sistemática sob a direcção de J.M. Arnaud. Estes trabalhos permitiram concluir pela impressionante extensão do sítio e pela abundância e variedade de vestígios arqueológicos, entre os quais se salientavam a cerâmica campaniforme e alguns objectos votivos de calcário. Alguns destes artefactos, encontrados junto à Ribeira de Vale d'Ouro, que atravessa o sítio, poderão indiciar a presença de sepulcros nesse local (Arnaud, 1984-88). A extensão do sítio – de início calculada em 50 ha e ulteriormente corrigida para 75-100 ha – e a estimativa de que comportaria 1500-1000 habitantes foram factores que permitiram colocar o Porto Torrão entre os maiores povoados calcolíticos do Sudoeste peninsular e, logo, concluir pela presença no Porto Torrão de uma sociedade hierarquizada em época calcolítica (Arnaud, 1982). As escavações de 1982 e 1985, compreendendo uma área total de 34 m 2 aberta junto a uma elevação no centro do sítio, permitiram, por seu lado, observar a sequência estratigrááca local, detectar estruturas antrópicas (todas em positivo), numerosos artefactos (em cerâmica, osso, metal e pedra) e restos faunísticos, tendo-se nesta fase obtido também cinco datações de radiocarbono para a sequência identiicada (Arnaud, 1993). Um projecto, então praticamente pioneiro na Arqueologia pré-histórica portuguesa, consistiu na caracterização petrográáca e química de uma amostra de cerâmicas, cuja principal conclusão foi revelar que as peças campaniformes teriam sido fabricadas localmente (Cabral et al., 1988), o que consistiu então numa contribuição importantíssima para o debate em torno da origem das mesmas. Em 2002, o Porto Torrão voltou a ser intervencionado, desta vez pela empresa ERA-Arqueologia, S.A., no acompanhamento arqueológico da construção da linha de alta tensão Alqueva-Ferreira do Alentejo-Sines, projecto promovido pela Rede Eléctrica Nacional. Para minimizar a afectação do sítio, o projecto foi alterado de modo a reduzir o número de postes a implantar no local: apenas dois junto ao limite do sítio e um no seu interior. Os pontos de im-plantação dessas infra-estruturas foram escavados integralmente, tendo já sido publicados os resultados preliminares dessas intervenções (Valera e Filipe, 2004). De acordo com estes autores, apenas na área do designado Poste 181 – o que se localiza no interior do sítio, a Norte da Ribeira do Vale d'Ouro – existiam contextos arqueológicos, tendo-se aí reconhecido, pela primeira vez,, a presença de estruturas negativas (dois fossos e diversas fossas com complexos preen-chimentos) e indicadores seguros, na estratigraaa e componentes artefactuais do então designado Fosso 1, de que a fundação do Porto Torrão remontará ao Neolítico nal. Uma terceira e mais extensa intervenção arqueológica no Porto Torrão teve lugar entre 2008 e 2010, consistin-do desta vez em trabalhos de minimização decorrentes do atravessamento do seu extremo Sul por infra-estruturas do Bloco de Rega de Ferreira, Figueirinha e Valbom, obra levada a cabo pela EDIA, S.A. O presente texto, de carácter necessariamente preliminar, sintetiza os resultados destes trabalhos de campo no que respeita ao registo estratigrá-co obtido e às estruturas antrópicas identicadas. Apresentam-se também as linhas gerais orientadoras da fase de estudo e publicação, a qual se encontra prevista como medida compensatória do impacte desta obra sobre o sítio arqueológico.
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Papers by Filipa Rodrigues
No âmbito do projeto de expansão da Zona Industrial do Monte da Barca foram realizados trabalhos arqueológicos de caracterização e minimização de impactes sobre o património na zona do futuro loteamento. Os trabalhos em questão decorreram sob a direção de Filipa Rodrigues, pela empresa de arqueologia Crivarque, Lda., e foram promovidos pela Câmara Municipal de Coruche. Durante Durante a execução desses trabalhos foi identificado um sítio arqueológico cronologicamente enquadrado no final da diacronia neolítica/início da Idade do Cobre. Para Para além dos artefactos típicos deste período – fragmentos dos materiais cerâmicos, utensílios em pedra lascada e pedra polida, elementos de mós manuais – foram também reconhecidas estruturas que poderão corresponder aos vestígios das cabanas utilizadas pelo grupo que ocupou aquele espaço. Exemplo dessas estruturas são os “buracos de poste” identificados, que serviriam
não só para delimitar as estruturas mas também para as suportar, assim como os “empedrados” de seixos quebrados pela ação do fogo (termoclastos), que poderão corresponder aos vestígios das lareiras. Este sítio reveste-se de grande importância para o conhecimento das sociedades pré-históricas que habitaram o vale do Sorraia há 5000 anos, não só pelas informações que podem ser retiradas do local, mas também pelas relações que podem ser estabelecidas com a excecional necrópole do Monte da Barca e com os dados já obtidos em sítios como o Cabeço do Pé da Erra. A uma escala supra-regional salienta-se a sua importância pela sua posição estratégica no vale do Sorraia, que seria, à época, um corredor natural de passagem dos grupos humanos que se movimentavam entre a Estremadura e o Alentejo.
Este artigo pretende apresentar a análise da cultura material, mais concretamente a análise dos materiais cerâ‑ micos, do recinto de fossos da Ponte da Azambuja 2 (Portel, Évora), adotando um perspetiva que visa não só o enquadramento tipológico dos artefactos mas também a tecnologia da sua execução.
No designado Sector 3 Este do Porto Torrão, as estruturas negativas tendencialmente circulares ultrapassaram a meia centena, tendo-se identificado diferentes tipologias, hipoteticamente relacionadas com diferentes utilizações desses espaços.
Neste artigo pretende-se apresentar alguns exemplos destas estruturas, cujas características remetem para um eventual uso residencial.
Esta hipótese interpretativa é alcançada através de um trabalho comparativo entre as estruturas supramencionadas, as designadas pithouses, e as inquestionáveis cabanas pré-históricas em positivo que são (re)conhecidas no SW Peninsular, revelando um aproveitamento semelhante entre soluções arquitectónicas distintas.
Porto Torrão is one of the largest sites of Southwest Ibéria, which was extensively excavated in 2009-2010. Several pits were excavated inside and outside the enclosed areas.
This paper will discuss a particularly type of pits structures, which might be considered dwellings.
Agro-pastoralist communities are established in nearby Estremadura limestone caves and rock-shelters since 6400 BP and in granite plains of central Alentejo at least since 6000 BP.
New data brought out by recent works in this area – surveying projects and rescue excavations – have revealed, based upon typological criteria since no absolute date is available for the moment, an Middle Neolithic settlement – Moita do Ourives.
We will discuss the main results of the 2004/ 2006 fieldwork and giving a special attention to material cultural, habitat structures and stratigraphic sequences."
No âmbito do projeto de expansão da Zona Industrial do Monte da Barca foram realizados trabalhos arqueológicos de caracterização e minimização de impactes sobre o património na zona do futuro loteamento. Os trabalhos em questão decorreram sob a direção de Filipa Rodrigues, pela empresa de arqueologia Crivarque, Lda., e foram promovidos pela Câmara Municipal de Coruche. Durante Durante a execução desses trabalhos foi identificado um sítio arqueológico cronologicamente enquadrado no final da diacronia neolítica/início da Idade do Cobre. Para Para além dos artefactos típicos deste período – fragmentos dos materiais cerâmicos, utensílios em pedra lascada e pedra polida, elementos de mós manuais – foram também reconhecidas estruturas que poderão corresponder aos vestígios das cabanas utilizadas pelo grupo que ocupou aquele espaço. Exemplo dessas estruturas são os “buracos de poste” identificados, que serviriam
não só para delimitar as estruturas mas também para as suportar, assim como os “empedrados” de seixos quebrados pela ação do fogo (termoclastos), que poderão corresponder aos vestígios das lareiras. Este sítio reveste-se de grande importância para o conhecimento das sociedades pré-históricas que habitaram o vale do Sorraia há 5000 anos, não só pelas informações que podem ser retiradas do local, mas também pelas relações que podem ser estabelecidas com a excecional necrópole do Monte da Barca e com os dados já obtidos em sítios como o Cabeço do Pé da Erra. A uma escala supra-regional salienta-se a sua importância pela sua posição estratégica no vale do Sorraia, que seria, à época, um corredor natural de passagem dos grupos humanos que se movimentavam entre a Estremadura e o Alentejo.
Este artigo pretende apresentar a análise da cultura material, mais concretamente a análise dos materiais cerâ‑ micos, do recinto de fossos da Ponte da Azambuja 2 (Portel, Évora), adotando um perspetiva que visa não só o enquadramento tipológico dos artefactos mas também a tecnologia da sua execução.
No designado Sector 3 Este do Porto Torrão, as estruturas negativas tendencialmente circulares ultrapassaram a meia centena, tendo-se identificado diferentes tipologias, hipoteticamente relacionadas com diferentes utilizações desses espaços.
Neste artigo pretende-se apresentar alguns exemplos destas estruturas, cujas características remetem para um eventual uso residencial.
Esta hipótese interpretativa é alcançada através de um trabalho comparativo entre as estruturas supramencionadas, as designadas pithouses, e as inquestionáveis cabanas pré-históricas em positivo que são (re)conhecidas no SW Peninsular, revelando um aproveitamento semelhante entre soluções arquitectónicas distintas.
Porto Torrão is one of the largest sites of Southwest Ibéria, which was extensively excavated in 2009-2010. Several pits were excavated inside and outside the enclosed areas.
This paper will discuss a particularly type of pits structures, which might be considered dwellings.
Agro-pastoralist communities are established in nearby Estremadura limestone caves and rock-shelters since 6400 BP and in granite plains of central Alentejo at least since 6000 BP.
New data brought out by recent works in this area – surveying projects and rescue excavations – have revealed, based upon typological criteria since no absolute date is available for the moment, an Middle Neolithic settlement – Moita do Ourives.
We will discuss the main results of the 2004/ 2006 fieldwork and giving a special attention to material cultural, habitat structures and stratigraphic sequences."
Set in the Peninsular Southwest, in the left bank of the river Guadiana (Serpa), Casa Branca 7 revealed an amount of information that, although not entirely new, allowed us to learn about the communities who inhabited that regional area, during the transitional phase from the 4th millennium to the 3rd millennium.
Both the artefactual and the architectonical analysis allowed us to recognize:
1. A paleoeconomic strategy determined by the preferential use of the immediate territory in order to attain resources, revealed by the identification of the provenience of raw material used in the making of the ceramic package and the lithic industry.
2. A sedentary occupational regime with mixed domestic activities (agro-pastoral practices, weaving) on a first level, and predatory (hunt) on a second level.
3. A magic-religious subsystem where one can recognize the typical iconographical representations of the early 3rd millennium, in the South of the Iberian Peninsula.
4. A certain reality placed in a determined time: after the “Secondary Products Revolution”.
This analysis allowed us to place Casa Branca 7 in an early time of the 3rd millennium, through a comparative analysis with other archeological sites of the same geographical area, to a local scale.
The reading of the available absolute datings to the examined region did not allow us to recreate settlement models, considering that the application of an investigation strategy of this nature, at this point of the investigation, would be inconsistent.
Key words: Casa Branca 7; Transitional phase from the 4th millennium to the 3rd millennium; Left bank of the river Guadiana.
“Which reasons took societies from late fourth millennium BC to build ditched enclosures in Southwest Iberia?” was the starting question of this dissertation.
Building up a coherent answer to that question involved a previous enquiry and the analysis of empirical data gathered at Ponte da Azambuja 2 (Portel, Évora) archaeological site. After a review of the literature, the dissertation focused on that particular archaeological site, including:
• characterization of settlement location features;
• description of archaeological works and interpretive reading of stratigraphy and identified structures;
• material culture analysis, from a perspective that encompasses both the typological scope of artefacts and their manufacture technology;
• discussion of site formation processes and of social inferences resulting thereof;
• paleoenvironmental reconstruction and assessment of subsistence strategies, to outline the social groups’ background.
A comparison with ten other coeval enclosures resulted in the conclusion that the emergence of this new paradigm of appropriation of space might be related to issues of social aggregation, spurred by a demographic growth (deduced from funerary megalithism), which necessarily requires more efficient and effective production methods. Paleoclimatic conditions associated to population movements that were taking place since previous periods originated a new model of territorial organization, regulating a society that was more complex than is commonly assumed.
KEYWORDS: LATE NEOLITHIC, DITCHED ENCLOSURES, SW IBERIA, TERRITORIAL ORGANIZATION
No designado Sector 3 Este do Porto Torrão, as estruturas negativas tendencialmente circulares ultrapassaram a meia centena, tendo-se identificado diferentes tipologias, hipoteticamente relacionadas com diferentes utilizações desses espaços.
Neste artigo pretende-se apresentar alguns exemplos destas estruturas, cujas características remetem para um eventual uso residencial.
Esta hipótese interpretativa é alcançada através de um trabalho comparativo entre as estruturas supramencionadas, as designadas pithouses, e as inquestionáveis cabanas pré-históricas em positivo que são (re)conhecidas no SW Peninsular, revelando um aproveitamento semelhante entre soluções arquitectónicas distintas.
Porto Torrão is one of the largest sites of Southwest Ibéria, which was extensively excavated in 2009-2010. Several pits were excavated inside and outside the enclosed areas.
This paper will discuss a particularly type of pits structures, which might be considered dwellings.
A identificação de estruturas delimitadoras de uma área estimada entre os 75-100ha ocorreu já no início do século XXI, aquando da realização de sondagens de diagnóstico na área de implantação de postes de alta tensão, localizados na periferia do sítio (Valera e Filipe, 2004).
Entre 2008 e 2010 realizou-se uma extensa intervenção no interior e áreas adjacentes ao recinto, devido à implementação do Bloco de Rega de Ferreira, Figueirinha e Valbom, promovido pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA, S.A.). Após uma primeira fase de trabalhos, que consistiu quer na execução de sondagens arqueológicas de diagnóstico, quer na remoção do coberto vegetal da área a afectar pelo projecto, foi preconizada uma escavação arqueológica com uma área superior a 3000m2, dividida por três equipas de arqueologia distintas (Santos et al., 2014).
Desta intervenção resultou o reconhecimento de vários troços de fossos de grandes dimensões, cujas características distintivas remetem para um sistema de fosso duplo, que tem sido interpretado pela signatária como um complexo sistema hidráulico de captação, gestão e drenagem de águas (Rodrigues, 2016).
Nesta apresentação pretende-se expor toda a sequência de utilização deste sistema de fosso duplo, desde a sua construção (em época indefinida), até ao seu posterior reavivamento através de estruturas positivas, sem deixar de passar pelos diferentes processos e etapas de preenchimento dos vários fossos, durante a diacronia calcolítica. Procura-se desta forma, questionar se a alteração de paradigma no modo de delimitar o recinto estará ou não relacionada com eventuais transformações sociais no seio das comunidades que utilizaram aquele espaço.
Na Gruta 2 foram identificados, à superfície, materiais arqueológicos relacionados com a ocupação da gruta como necrópole durante a Pré-História recente, a par de um outro conjunto de espólio lítico enquadrado no Paleolítico Superior/ Mesolítico.
Na cavidade 3 foram também identificados dois momentos de ocupação distintos: um primeiro, em que a gruta foi utilizada como abrigo durante o Paleolítico Superior final (Magdalenense), e outro momento, em que grupos humanos do Neolítico Final utilizaram a cavidade como gruta- necrópole.
Entre os diversos modelos propostos para as estruturas de tipo fosso encontra-se um que lhe confere uma funcionalidade específica relacionada com a condução e drenagem de águas, ou seja, com o controlo e manipulação de dois bens considerados fundamentais para as sociedades agropastoris: a terra e a água . Este modelo encontra-se diretamente associado à resposta encontrada pelas populações pré-históricas para a crescente, eficiente e necessária produtividade agrícola, estando subjacente uma estrutura e organização sociopolítica com uma enorme capacidade de agregação populacional e, consecutivamente, laboral (Castro Lopez, Zafra de la Torre, & Hornos Mata, 2008).
Por oposição, outros modelos contestam este paradigma e rejeitam-no, apresentando soluções alternativas para os fossos, que podem ir desde a simples função de delimitação do espaço (Díaz-Del-Río, 2003), até ao contexto simbólico e ritual de práticas que conduzem à sua abertura e encerramento (Márquez Romero & Jiménez Jáimez, 2010).
Na presente comunicação serão apresentadas as diferentes perspetivas – os prós e os contras – deste modelo teórico, sendo posteriormente aplicado a um caso prático: o sistema de fossos duplo identificado na margem esquerda do Porto Torrão, procurando atestar a sua aplicabilidade em estruturas concretas e com características peculiares.
Neste conjunto, estão presentes formas cerâmicas rectas, ovóides, com elementos de preensão, nomeadamente asas de rolo e mamilos junto ao bordo. Do ponto de vista decorativo registam-se as seguintes técnicas: impressa, destacando-se a impressão a “boquique”; incisa, verificando-se motivos em espiga, linhas e sulcos abaixo do bordo; compósita, destacando-se a “impressão + decoração plástica”. A maioria destes fragmentos apresenta-se bem conservada, com superfícies frescas (raramente apresentam rolamento) e com uma consistência das pastas variável entre as categorias “compacta”, “média” e “friável”.
Tanto as formas como as técnicas decorativas acima enunciadas remetem este conjunto artefactual para uma cronologia enquadrada no Neolítico Antigo.
Estando ausentes os indicadores que remetem para um eventual transporte dos materiais, admite-se a sua deposição intencional, havendo, no actual território português, vários paralelos, entre os quais se contam os “vasos isolados” do Neolítico Antigo de Santarém, Casével, Cartaxo, São Julião e Ponte da Azambuja 3.
Pretende-se, com o presente trabalho, apresentar a caracterização tecnológica e tipológica exaustiva deste conjunto, sem esquecer o seu contexto e a formação do registo arqueológico, questionando-se o tipo de comportamento social que estará associado a esta acção.
As far as Portugal is concerned, and though it may be argued that those changes resulted from the identification of new data in the archaeological record, that process never took place. What really happened was a huge increase in the number of identified sites, which was not duly followed by the publication of the corresponding monographs.
The scarce number of works focusing on the comprehensive analysis of the empirical data gathered at those locations has been showing that sites delimitated by ditches are residential and permanent settlements (e.g. Ponte da Azambuja 2), and that the only element that tells them apart from the so-called povoados is their architecture (namely the presence of delimitating ditches).
This paper aims at reflecting on the interpretive model that regards these sites as exclusively ceremonial places. The proposed reflection is based on a critical review of the specialized bibliography and on the available empirical data. Several issues are approached, including i) architecture, ii) material culture and iii) the subsistence strategies identified at the referred sites, in order to assess whether the presence of a ditch is enough reason to change the interpretation of such settlements as residential sites.
evolution in Europe, because it marks the appearance of both fossil
hominins ancestral to the later Neandertals and the Acheulean
technology. Nevertheless, European sites containing well-dated human
remains associated with an Acheulean toolkit remain scarce. The
earliest European hominin crania associated with Acheulean handaxes
are at the sites of Arago, Atapuerca Sima de los Huesos (SH), and
Swanscombe, dating to 400–500 ka (Marine Isotope Stage 11–12). The
Atapuerca (SH) fossils and the Swanscombe cranium belong to the
Neandertal clade, whereas the Arago hominins have been attributed
to an incipient stage of Neandertal evolution, to Homo heidelbergensis,
or to a subspecies of Homo erectus. A recently discovered cranium
(Aroeira 3) from the Gruta da Aroeira (Almonda karst system, Portugal)
dating to 390–436 ka provides important evidence on the earliest
European Acheulean-bearing hominins. This cranium is represented by
most of the right half of a calvarium (with the exception of the missing
occipital bone) and a fragmentary right maxilla preserving part of the
nasal floor and two fragmentary molars. The combination of traits in
the Aroeira 3 cranium augments the previously documented diversity
in the European Middle Pleistocene fossil record.