Capitalismo, comunismo e o fim dos tempos
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Sobre este e-book
O objetivo deste livro é exercitar a consciência, trazendo à tona as argumentações mais incisivas, tanto dos capitalistas quanto dos comunistas; da direita e da esquerda; dos conservadores e dos progressistas.
Para compreendermos melhor a extensão do problema, é preciso observar a verdadeira dimensão dessa guerra. De fato, vivemos uma história de luta entre as classes, como afirmou Karl Marx. Mas essa luta é muito maior. Constantemente, nos organizamos para duelar, seja nação contra nação ou uma torcida de futebol contra a outra. Observamos, ainda, lutas entre homens e mulheres, negros e brancos, religiosos e ateus. Mas também, vemos lutas de homens contra homens, mulheres contra mulheres, brancos contra brancos, negros contra negros, comunistas contra comunistas, cristãos contra cristãos. A guerra está em todos os lugares, até mesmo dentro dos lares.
A história humana não corresponde, apenas, à luta entre as classes, mas, sim, à luta entre humanos e humanos, cada um buscando os próprios interesses. O mais incrível é que a bíblia ensina que não é a guerra humana que deve ser o foco de atenção dos cristãos, mas, sim, a batalha espiritual.
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Capitalismo, comunismo e o fim dos tempos - Fernando H. De Marchi
1. Que comece a batalha
O que é comunismo? Como funciona o capitalismo?
A bíblia nos ensina: Como você dirá a seu irmão: ‘Deixe que eu tire o cisco do seu olho’, quando você tem uma trave no seu próprio? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu olho e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão
(Mateus 7:4,5).
Sim, como sociedade, somos hipócritas! Já que temos tanta dificuldade em ver os nossos próprios problemas, pode ser que um bom jeito de começar a entender o comunismo e o capitalismo seja perguntando a opinião, acerca desses sistemas, para aqueles que defendam o lado oposto, mesmo sabendo da hipocrisia aí implicada.
Um capitalista poderia resumir o comunismo, dizendo que representa pessoas que querem ganhar, sem trabalhar, ou que querem viver bem, trabalhando muito pouco, quase nada. Já um comunista poderia resumir o capitalismo, dizendo que ele representa pessoas que querem forçar as outras a trabalharem de graça ou pagando muito pouco, o mínimo possível.
Se conversássemos sobre economia ou política com um capitalista e um comunista, ambos com posicionamentos extremistas, o resultado, provavelmente, seria uma brutal troca de acusações.
— O capitalismo sempre visou acumular, e não distribuir a riqueza. É baseado na exploração, ou seja, a maioria trabalha para beneficiar uma minoria que concentra todo o capital disponível. Esse constante enriquecimento de poucos necessita que a maior parte da população permaneça na pobreza — diz o comunista.
— Esse é um excelente argumento para quem não quer produzir nada, e deseja tomar os bens alheios, à força! — retruca o capitalista. — Não é possível multiplicar a riqueza, simplesmente, dividindo-a. Isso é uma ilusão que acaba no momento em que o dinheiro dos outros chega ao fim. Se alguém está recebendo sem trabalhar, é porque outra pessoa terá de trabalhar sem receber.
— É o trabalhador quem gera a verdadeira riqueza. Porém os capitalistas os fazem acreditar que devem ser gratos pela miséria que recebem. Nossas vidas são literalmente roubadas e ainda nos forçam a agradecer! — retruca o comunista.
— Como já disse, essa argumentação não passa de uma ilusão. O pior é que essa ilusão é alimentada pelo ódio, justamente, contra aqueles que têm capacidade de produzir algo. Com isso, vocês dividem a sociedade. Colocam pobres contra ricos, negros contra brancos, mulheres contra os homens, filhos contra os pais. Em meio a tanto ódio e tanta divisão, acabam conseguindo chegar ao poder. Prometem igualdade e cumprem, pois, ao final, todos acabam igualmente miseráveis dentro de um país destruído pelo comunismo. É nesse momento que surge a verdadeira concentração de renda, quando toda a riqueza e poder estará nas mãos da liderança comunista — argumenta o capitalista.
— Não me venha falar em destruição. Um capitalista não tem esse direito, pois vocês destroem o planeta inteiro. O capitalismo devora tudo o que puder, sem nenhuma piedade. Devora a vida das pessoas e também devasta os recursos naturais. Todas as espécies existentes no planeta estão ameaçadas pela ganância capitalista. Tudo isso para que alguns poucos possam acumular riquezas e poder, sem que, nem ao menos, sejam realmente capazes de aproveitar a isso — retruca o comunista.
— Dizer que eu não tenho direito
é bem típico, mesmo, de um comunista! Nesse regime maldito, o povo perde tudo, começando pela liberdade. Veja como é Cuba, não é possível, sequer, fugir de lá sem correr risco de vida, pois o país inteiro funciona como uma grande prisão, onde o povo permanece refém de um governo tirano. Não entendo como a humanidade aceita que um país inteiro seja mantido como refém!
— As dificuldades vivenciadas por Cuba são o resultado dos embargos dos Estados Unidos. Em outras palavras: os embargos feitos pelo sistema capitalista! Realmente, não sei como o mundo inteiro aceita a escravidão do capitalismo, que ocorre em diversos níveis. Se pensarmos, no âmbito internacional, vemos algumas nações dominantes explorando e massacrando todas as outras nações. Já no âmbito nacional, mesmo no caso das grandes potências, sempre há alguns ricos explorando muitos pobres. Ou seja, é o capitalismo que faz toda a humanidade de refém, direta e indiretamente. E quem tenta se libertar acaba sendo fortemente massacrado.
— Claro, você tem toda a razão. O estrondoso fracasso de absolutamente todos os países comunistas é culpa do capitalismo. A democracia existente no capitalismo é, realmente, ruim. Com certeza, seremos bem mais felizes se instituirmos uma ditadura comunista! — ironiza o capitalista.
— Não existe uma real democracia no capitalismo. Os poderosos sempre estiveram acima da lei, pois influenciam a política para gerar legislações que os beneficiem. Quando algo sai do controle, ainda é possível corromper juízes e quem mais for necessário. O povo é facilmente escravizado, justamente, por manterem a ilusão de que ele possui alguma escolha.
— Nem tudo é perfeito no capitalismo, mas quando os comunistas conquistam o poder, as coisas só pioram! É fácil ser comunista vivendo em um país livre, o difícil é ser livre vivendo em um país comunista. Infelizmente, quando o comunismo toma o poder, todos perdem o direito de ter, até mesmo, opinião própria.
— Se a sua opinião tiver como objetivo ofender o próximo ou defender um modo de escravizá-lo, então você deve, mesmo, ser impedido! Caso contrário, ninguém irá impedi-lo de coisa alguma, em um regime comunista.
— Acho que você não estudou história. Nos países comunistas, a liberdade de expressão é absolutamente destruída. Até a liberdade de crença é suprimida. Karl Marx, o grande mentor do comunismo, já dizia: A religião é o ópio do povo
, ou seja, para ele, a religião é como uma droga, que mantém a população atordoada o suficiente para aceitar o domínio capitalista. Não é difícil ver que o comunismo sempre agiu contra Deus e a igreja. A perseguição contra cristãos sempre foi brutal dentro desse regime maldito!
— Eu acredito em Deus e, mesmo assim, concordo com Marx. A fé é utilizada como um anestésico para manter o povo conformado. O fato de eu acreditar em Deus não desfaz o fato de que a religião é mais um dos meios de controle e exploração da população — responde o comunista. — A triste verdade é que, no capitalismo, tudo se torna um produto pronto para ser vendido, até mesmo a fé!
— É revoltante ouvir um comunista falar em manipulação. Sempre que a sua ideologia chegou ao poder, a população morreu de fome, enquanto os ditadores diziam que estava tudo indo muito bem! Será que existe uma manipulação maior do que essa? O comunismo rejeita a fé, porque tem a pretensão de que essa ideologia seja adorada, como se fosse uma espécie de religião salvadora. Vocês, comunistas, possuem o ridículo desejo de usurpar o lugar de Deus na vida das pessoas! — dispara o capitalista.
— E vocês, capitalistas, pensam que estão acima do próprio Criador — responde o Comunista. — Só usam o nome dele, quando encontram uma forma de lucrar com isso.
***
Caro leitor, quem venceu a discussão? Será que dá para dizer que existiu um vencedor?
Todo o ser humano detém princípios e opiniões. Assim, se eu buscasse escrever um livro, no formato tradicional, estaria predisposto a esboçar, unicamente, o ponto de vista que considero como verdadeiro.
Buscando alcançar certa imparcialidade, decidi criar esses dois personagens, o comunista e o capitalista, para que eu possa argumentar livremente, mesmo em direções nas quais não acredito. Fiz isso com o intuito de abordar o assunto de forma aprofundada, trazendo à tona argumentos fortes de ambos os lados.
Já aviso que os personagens abordarão questões polêmicas, correlacionadas a assuntos políticos, econômicos e sociais. Os argumentos poderão parecer aleatórios, em certos momentos, mas não se deixe enganar, a obra está embasada em uma extensa pesquisa em livros, artigos e revistas de renome. Também fiz questão de consultar muitos blogs e fóruns objetivando captar as alegações populares mais difundidas.
Ainda que a argumentação dos personagens seja apresentada de forma simples e direta, evitando, assim, a linguagem acadêmica complexa, o embasamento teórico estará sempre presente. A ideia é alcançar profundidade, aparentando simplicidade.
Volto a salientar que não acredito em grande parte dos argumentos. Eles são apresentados, pois representam ideias amplamente utilizadas, dentro de uma grande guerra intelectual. No entanto, o objetivo será sempre analisar, à luz da bíblia, tudo o que for trazido à tona.
A primeira compreensão necessária é a de que, independentemente do sistema político, a bíblia aponta para uma corrupção generalizada da sociedade. Nenhum cristão pode jamais esquecer do ensinamento: Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno
(1 João 5:19). Isso significa que, em nível mundial, nenhuma ideologia política trará, de fato, paz e estabilidade constante.
Os cristãos precisam entender que já sabemos o que vem pela frente. O mundo será governado pelo mal, conforme profetizado na bíblia: A besta abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu. Foi-lhe permitido, também, que lutasse contra os santos e os vencesse. Foi-lhe dada, ainda, autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação
. (Apocalipse 13:6,7).
Um cristão consciente não está lutando para salvar o mundo. Basta-nos alcançar pessoas! Se, por um lado, nós sabemos que logo pareceremos derrotados
aos olhos do mundo, por outro lado, nós também sabemos que a vitória definitiva já está garantida.
2. História: verdade versus popularidade
O capitalismo é comumente apontado como um sistema econômico baseado na propriedade privada e na liberdade de indústria e do comércio com fins lucrativos. Tem como característica a acumulação de riquezas, bem como o trabalho assalariado. A produção, distribuição e preço dos bens são determinados pela concorrência existente no mercado.
Na verdade, o capitalismo é muito mais do que um sistema econômico, pois abrange aspectos políticos, éticos, culturais e sociais.
A consolidação do sistema capitalista envolve a divisão da sociedade em classes. A principal divisão, amplamente debatida durante os últimos séculos, está entre aqueles que possuem os meios de produção e aqueles que vivem da força de trabalho, por meio do recebimento de salários.
O capitalismo surgiu, de forma lenta e gradual, na Europa, onde predominava o feudalismo. No feudalismo, a maior parte da população era constituída por trabalhadores rurais, denominados camponeses, que podiam utilizar as terras, mas eram obrigados a entregar uma parte de sua produção aos senhores feudais, proprietários dessas terras, ou aos vassalos, indivíduos que recebiam o direito de controlar uma determinada área de terras, sem serem efetivamente os donos.
No período feudal, era predominante a produção de autossuficiência. Ou seja, geralmente, cada feudo produzia o que iria consumir, sem que ocorresse comércio. Mas, com surgimento de cidades (burgos), ocorreu a intensificação de troca de produtos entre um feudo e outro, gerando uma comercialização inter-regional. Ainda assim, demoraram séculos para que o capitalismo se consolidasse por meio de revoluções tecnológicas e políticas.
A produção tipicamente capitalista surgiu na Inglaterra, com o advento da Revolução Industrial. Trata-se de uma revolução silenciosa, sem data precisa. Alguns historiadores apontam o início na década de 1760, mas é possível encontrar referências a datas anteriores ou posteriores. O importante é que, poucas décadas após 1760, essa revolução se espalhou pelo mundo, causando grandes transformações no modo de vida.
A produção em larga escala determinou uma maior demanda de matéria-prima, o que acelerou a evolução dos meios de transporte de pessoas e de mercadorias, bem como, provocou o crescimento das cidades, as quais necessitaram de uma crescente quantidade de trabalhadores. Assim, todos os sistemas sociais precisaram se adaptar, simultaneamente, para o capitalismo se consolidar.
— Da forma como foi apresentado, o capitalismo parece maravilhoso. Mas é preciso prestar atenção aos detalhes. No feudalismo, a maior parcela da população era explorada pelos senhores feudais, que eram os donos das terras. Com o capitalismo, essas pessoas se tornaram operários e passaram a ser explorados pelos burgueses, que são os donos dos bens de produção. Na prática, o operário continuou sendo um servo! Durante a Revolução Industrial, os operários eram forçados a trabalhar 16 horas por dia, recebendo em troca um salário miserável. Mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para que fosse possível sustentar a família — diz o comunista.
— Não existe nenhuma dúvida de que a Revolução Industrial beneficiou a humanidade em todas as áreas possíveis! Na época pré-capitalista, havia uma rígida divisão entre as classes sociais. Até mesmo roupas ou sapatos novos eram um privilégio da classe alta, havendo, inclusive, um significativo comércio de roupas usadas. Esse comércio praticamente desapareceu quando a indústria começou a produzir, em massa, para as classes mais baixas. Até o avanço na área de medicina pode ser facilmente apontado como um resultado direto do capitalismo — responde o capitalista.
— Há diversas fontes históricas indicando que o povo viveu em condições piores nas cidades do que viviam no campo, antes da Revolução Industrial. Vale lembrar que os trabalhadores não mudaram para a cidade porque queriam, mas, sim, porque foram expulsos das terras onde viviam. Isso ocorreu devido à privatização das áreas que exploravam. Ou seja, o capitalismo transformou tudo em mercadoria, inclusive as terras e toda a sua produção, que obviamente se concentrou nas mãos de poucos! Da mesma forma, a vida passou a ser explorada como uma mercadoria qualquer.
— Suas fontes históricas são inverídicas! Obviamente são ideias propagadas por comunistas. Se uma das principais características do capitalismo é a produção em larga escala, buscando atender as necessidades das massas, como a vida do povo poderia, realmente, piorar? É verdade que o trabalhador não tem poder de comando sobre o seu patrão. No entanto, como cliente, o povo se torna o patrão, ao ditar para a indústria o que deseja consumir! Assim, de certa forma, todo patrão precisa tralhar para atender os desejos do povo! Ou seja, é o povo que dita os rumos do capitalismo, escolhendo qual empresa crescerá e qual irá à falência.
— A defesa de um capitalista é sempre a mesma, negar os fatos! Você não falou nada sobre a migração forçada do campo para a cidade, vai tentar negar isso também?
— É um fato histórico que ocorreu o chamado cercamento, em que áreas que eram utilizadas comunitariamente foram convertidas em propriedades privadas. Mas também é fato que essas terras não pertenciam aos camponeses. Também não posso negar que, frente ao crescimento populacional, se o capitalismo não tivesse otimizado os meios de produção no campo, faltariam produtos para a indústria, e o povo morreria de fome nas cidades. A busca pela exploração profissional dos campos foi necessária!
— Quer falar sobre fatos, então vamos lá — responde o comunista. — É um fato histórico que o capitalismo, juntamente com a Revolução Industrial, promoveu o desenvolvimento desordenado das cidades. É também um fato que favoreceu a marginalização e a favelização. Apenas uma pequena elite desfrutou de um bom padrão de vida, sendo que a maioria viveu na pobreza extrema. Você diz que o capitalismo promoveu o avanço da medicina, mas se esquece de dizer que houve grande aumento das doenças. Esse é o verdadeiro legado capitalista!
— Tudo o que você descreveu é consequência do aumento populacional e não do capitalismo. Se bem que, de fato, o capitalismo tem culpa, sim, pois permitiu que as pessoas vivessem mais, e foi exatamente por isso que ocorreu um aumento populacional tão acelerado. Em outras palavras, você está condenando o capitalismo por ter permitido uma vida mais longa para o povo! De qualquer forma, com o tempo, o próprio capitalismo continuou permitindo que a humanidade encontrasse saídas para melhorar a qualidade de vida continuamente.
— A vida longa é resultado da evolução científica e tecnológica, e não do capitalismo.
— O capitalismo foi gerado, justamente, por essa evolução científica e tecnológica, e, ao mesmo tempo, o sistema capitalista tratou de acelerar essas evoluções. Não dá para separar uma coisa da outra!
— É claro que dá! A evolução científica e tecnológica pode ocorrer de forma bem mais organizada e sustentável se o capitalismo deixar de existir! — responde o comunista.
— A vida humana somente se manteve sustentável por graças ao capitalismo. A população mundial era de, aproximadamente, 800 milhões, no começo da Revolução Industrial, e hoje nós somos quase 8 bilhões, ou seja, a humanidade aumentou quase 10 vezes em menos de trezentos anos. Mesmo frente a um crescimento tão grande, o capitalismo ainda foi capaz de diminuir a fome e a miséria, além de melhorar a qualidade de vida. Você só não percebe os benefícios gerados porque está cego devido às suas crenças ideológicas.
— Vivendo cheio de privilégios, é muito fácil afirmar isso, não é mesmo? É muito fácil ignorar a miséria em que a maior parte da população vive. É cômodo fingir que está tudo bem. Não está tudo bem!
— Não estou dizendo que está tudo bem, só estou dizendo que o capitalismo não é um vilão frente à história da humanidade. Se não fosse o capitalismo, o colapso teria sido total — afirma o capitalista.
— O colapso é total para a maior parte da população mundial, e tende a piorar — retruca o comunista.
***
Caro leitor, um pouco adiante, serão apresentadas estatísticas que nos permitem uma melhor compreensão do cenário mundial correlacionado à renda e outros quesitos importantes para a humanidade. Nesse momento, além de apresentar um pouco da história do capitalismo, o objetivo foi evidenciar que existe grande subjetividade frente a dados históricos.
Enquanto alguns historiadores e intelectuais apontam que o capitalismo salvou a humanidade
, outros o posicionam em uma perspectiva fortemente negativa.
Grande parte dos argumentos favoráveis ao capitalismo, apresentados neste capítulo, foram fundamentados nas obras do economista Ludwig Heinrich Edler von Mises (1881 a 1973), já as críticas estão embasadas principalmente nas obras de Karl Marx, autor que será mencionado, de uma forma mais aprofundada, no próximo capítulo.
O fato é que, em determinados aspectos, a história é narrada de maneiras absolutamente distintas, a depender da fonte consultada. Isso certamente está vinculado à ideologia de cada autor consultado, ainda que tal fato costume ser negado por grande parte dos autores de ambos os lados.
Para se ter uma ideia do tamanho da dificuldade em apresentar dados históricos, basta considerar: mesmo nos tempos atuais, frente a números mais sólidos, gerados por pesquisas tecnicamente bem estruturadas, é evidente que a análise dos dados pode induzir a perspectivas completamente controversas. Os mesmos números, que alguns autores utilizam para gerar uma análise otimista quanto ao futuro, são aproveitados por outros autores para indicar um cenário pessimista.
George Orwell (1903 a 1950), escritor e jornalista inglês, disse: A história é contada pelos vencedores
. Infelizmente é inegável que a história sempre promoveu uma guerra de narrativas, onde é comum prevalecer a versão do vencedor.
No passado, o mundo viveu a chamada Guerra Fria, iniciada após a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945). A Guerra Fria foi uma guerra ideológica entre os Estados Unidos, representando o capitalismo, e a União Soviética representando a ideologia comunista. Em 1991 ocorreu a dissolução da União Soviética, o que é considerado como uma vitória do capitalismo, mas não é bem assim. Está em andamento uma forte guerra cultural, liderada por escritores, jornalistas, professores, políticos, artistas, religiosos e outros formadores de opinião. Essa é, de fato, uma guerra mundial. Quem está vencendo?
Enquanto a guerra seguir adiante, continuaremos convivendo com narrativas totalmente opostas em relação ao passado, ao presente e às