Amendoim

planta da família Fabaceae
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O amendoim[1] (Arachis hypogaea L.) é uma planta da família Fabaceae. A planta do amendoim é uma planta herbácea, com caule pequeno e folhas compostas e pinadas, contendo quatro folíolos de formato elíptico e com inserção alternada. Possui abundante indumento, raiz aprumada, medindo entre 30–50 cm de profundidade. As flores são pequenas e amareladas e, depois de fecundadas, penetram no solo, com a ajuda de uma estrutura denominada ginóforo e de um fenómeno conhecido como geocarpia, onde os legumes se desenvolvem subterraneamente.[2] O fruto é uma vagem.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAmendoim
A planta do amendoim
A planta do amendoim
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Faboideae
Género: Arachis
Espécie: A. hypogaea
Nome binomial
Arachis hypogaea
Amendoim
Valor nutricional por 100 g (3,53 oz)
Energia 567 kcal (2 370 kJ)
Carboidratos
Carboidratos totais 16.13
 • Açúcares 4.72
 • Fibra dietética 8.5
Gorduras
 • saturada 6.279
 • trans 0.000
 • monoinsaturada 24.426
 • poli-insaturada 15.558
Proteínas
Proteínas totais 25.80
Água 6.50
Cafeína 0
Vitaminas
Vitamina A equiv. 0 µg (0%)
Tiamina (vit. B1) 0.640 mg (56%)
Riboflavina (vit. B2) 0.135 mg (11%)
Niacina (vit. B3) 12.066 mg (80%)
Ácido fólico (vit. B9) 240 µg (60%)
Vitamina B12 0.00 µg (0%)
Vitamina C 0.0 mg (0%)
Vitamina E 8.33 mg (56%)
Vitamina K 0.0 µg (0%)
Minerais
Cálcio 92 mg (9%)
Ferro 4.58 mg (35%)
Magnésio 168 mg (47%)
Fósforo 376 mg (54%)
Potássio 705 mg (15%)
Sódio 18 mg (1%)
Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária recomendada para adultos.
Fonte: USDA Nutrient Database

O amendoim tem uma grande importância económica, principalmente na indústria alimentar. Algumas variedades produzem grãos com uma grande quantidade de lípidos (de 45 a 50% de lipídios) e têm sido utilizadas para a fabricação de óleo de cozinha. Em várias regiões da África, o amendoim é moído para cozinhar vários pratos da culinária local, que ficam assim mais ricos em lípidos e proteínas. É muito apreciado como aperitivo, torrado ou frito.[3]

Nomes comuns

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A espécie Arachis hypogaea conta com uma grande variedade de nomes comuns, que alternam de país para país:

Portugal

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Amendoim,[1] aráquide[4] ou aráquida,[5] alcagoita (regionalismo algarvio);[6] ervilhana[7] ou arvelhana[8] (regionalismos do Alentejo e do Algarve); amendobi[9][10] (nome antigo);

Brasil

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Amendoí, amendoís, mandobi,[11] mandubi,[12] mendubi,[13] menduí,[14] mindubim[15] e minuim;[3][16]

Guiné-Bissau

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Mancarra;[17] jinguba;[18]

Moçambique

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Amendoim, com o registo Nº MZ/2014/375, no IPI (Instituto da Propriedade Industrial) de Moçambique.[19]

Angola

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Jinguba[20] (também grafado ginguba[21]);

Cabo Verde

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Mancarra[22], jiguba, jinguba, mandubi, manobi, amendubi, amendo mepinda.[3]

São tomé e Principe

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Jinguba[20] (também grafado ginguba[21]).

Etimologia

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  • "Amendoim", "amondoí", "amendoís", "mandobi", "mandubi", "mendubi", "menduí" e "mindubi" originaram-se do tupi mãdu'bi,[16] "enterrado".
 
Amendoim.
  • «Alcagoita» provém do vocábulo nauatle cacahuete, que significa «cacau da terra».[6]
  • «Aráquide» ou «aráquida» entraram no português por via do francês oitocentista arachide[5] que, por seu turno, proveio do grego antigo arakídes.[4]
  • «Ervilhana» ou a variante «arvilhana», de acordo com certos autores, poderão provir do castelhano avellana[7][8] (avelã),[23] ao passo que há outros autores, para os quais o étimo será simplesmente a palavra portuguesa ervilha.[24]
  • «Mancarra» crê-se que seja de origem crioula.[22]

Descrição

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O amendoim é uma planta originária da América do Sul[3] (Brasil e países fronteiriços: Paraguai, Bolívia e norte da Argentina), na região compreendida entre as latitudes de 10º e 30º sul, com provável centro de origem na região do Chaco, incluindo os vales do Rio Paraná e Paraguai.[3]

A difusão do amendoim iniciou-se para as diversas regiões da América Latina, América Central e México. No século XVIII foi introduzido na Europa. No século XIX difundiu-se do Brasil para África e do Peru para as Filipinas, China, Japão e Índia.

História

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Na pendência do século XVI, os portugueses descobrem o amendoim no Brasil, onde já era cultivado pelos ameríndios nativos, tendo-o ulteriormente introduzido em Portugal, no século XVIII, e posteriormente em África, no século XIX.[25]

Com efeito, Gabriel Soares de Sousa, no Tratado Descritivo do Brasil de 1587, discorre sobre o amendoim, nos seguintes termos[25]:

Modos de utilização e consumo

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O consumo mais popular do amendoim se dá das seguintes formas: como manteiga de amendoim (em sanduíches, doces ou consumido puro), torrados,[3] cozidos ou crus. A principal utilização da manteiga de amendoim é em casa, mas grandes quantidades são também utilizadas na produção comercial de sanduíches, doces e produtos de panificação. Também é largamente utilizado como recheio ou componente de chocolates e bombons. No Brasil, vários produtos alimentícios têm como base o amendoim: paçoca de amendoim, pé-de-moleque, doce de amendoim, entre outros. Também é consumido como principal ingrediente de bolos,[3] gelados[3] e sorvetes.

Óleo de amendoim é frequentemente utilizado na culinária, porque tem um sabor suave e queima a uma temperatura relativamente elevada. O amendoim também é usado para a alimentação de aves de jardim. Os amendoins têm uma variedade de usos finais industriais. Tintas, vernizes, óleos lubrificantes, roupas de couro, polidor de móveis, inseticidas e nitroglicerina são feitos de óleo de amendoim. Alguns processos de saponificação utilizam óleo de amendoim, assim como a produção de diversos cosméticos. A porção de proteínas do óleo é usado na fabricação de algumas fibras têxteis.

As cascas de amendoim são aproveitados na fabricação de plástico, gesso, abrasivos, e combustível. Eles também são usados para fazer celulose (rayon e utilizado em papel) e mucilagem (cola). A parte aérea da planta de amendoim é utilizada para fazer feno. O bolo de proteína (farelo de bagaços), resíduo do processamento do óleo, é usado na alimentação animal e como fertilizante do solo. Também pode ser usado, como outros legumes e grãos, para fazer um leite sem lactose, como bebida, o leite de amendoim.

O amendoim pode ser usado para suprir as necessidades diárias de proteína que nosso organismo necessita, porém é necessário combiná-lo com outros alimentos tais como: cereais integrais (supre a deficiência de metionina), legumes (supre a deficiência de lisina e treonina) ou com levedura de cerveja (supre a deficiência de metionina e treonina) (Pamplona, p. 235).[26] O amendoim é pobre em metionina, lisina e treonina, por isso esse cuidado (ibid.).[26]

Utilização na América Latina

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A Argentina é a maior produtora de amendoim na América Latina e a 9ª maior do mundo. No Brasil, se produz um doce à base de amendoim moido, açúcar e sal, conhecido como paçoca. Na Colômbia, a semente é consumida de diversas formas: frito (cristalizadas, frito com e sem casca, com e sem sal), torrados, com ou sem casca, e cristalizada. Neste último caso, cristalizadas caramelo, vermelho é a cor vermelha natural da casca. Ele também é usado para fabricar o Nougat de Amendoim embebido em caramelo.

No Chile, é normalmente vendido como um lanche, preparado ou industrial, de artesanato ou em estações de serviço, também em supermercados, quiosques e lojas de conveniência, entre outros. Além disso, em quase todos os cantos das áreas do centro turísticas ou comerciais. Cuba também o tem como um alimento bem popular, sendo vendido nas ruas pelos chamados "Manisero", que torram as sementes e as vendem embaladas nos famosos "cones de amendoim", popularizado pela canção de Moisés Simons, "El manisero"

Na Espanha, a semente é consumida crua ou assada, então chamada de "Panchito", embora seja geralmente conhecido popularmente como "cacahuetes" ou "cacau". Nas Ilhas Canárias são chamados de Maní. No México, é comum encontrá-los em diferentes formas, como aperitivo ou lanche (salgado,tipo japonês, caramelizados, picantes, etc.) Ou como um doce altamente nutritivo tradicional feito com amendoim e mel chamado "pé de cabra" ou "fricassé" (você também pode fazer com outras sementes, sementes de abóbora) e, até mesmo, como marzipã de amendoim. Ele também é usado para preparar vários pratos, como frango ao molho de amendoim.

No Equador, é um alimento amplamente consumido, que tem uma forte presença em algumas províncias costeiras e da província de Manabí, onde seu uso é essencial na preparação de pratos como frutos do mar viche os pratos corviche e outros feitos com bananas. Da mesma forma, utilizada na culinária do Equador para preparar bolinhos de peixe, cozidos, guatita, etc. É comercializado como um lanche em uma escala industrial em diversas formas: sal, mel, pimenta etc.

No Peru, também é um alimento popular que pode ser encontrado em várias apresentações e preparações, confit doces e salgados artesanais e industriais com caramelo de enchimento para chocolates etc . Também é usado na preparação de um prato chamado "patinhas com amendoins." Na Venezuela e, provavelmente, em outros países, se usa amendoim com nozes e grãos diversos na decoração da mesa na véspera de Natal ou como um lanche para as crianças na escola.

Produção

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O estado de São Paulo concentra mais de 90% da produção brasileira de amendoim, sendo que o Brasil exporta cerca de 30% do amendoim que produz.[27]

A produção mundial de amendoins no ano de 2018, de acordo com dados da FAOSTAT, foi de aproximadamente 45,9 milhões de toneladas. A China lidera como maior produtor mundial, com 37,7% do volume produzido no mundo. O ranking dos principais produtores mundiais está listado a baixo:

Produção em toneladas
Ano 2018
Fonte: FAOSTAT (FAO)

Classificação País Produção (ton) Porcentagem
1.º   China 17 332 600 37,7%
2.º   Índia 6 695 000 14,6%
3.º   Nigéria 2 886 987 6,3%
4.º   Sudão 2 884 000 6,3%
5.º   Estados Unidos 2 477 340 5,4%
6.º   Myanmar 1 599 149 3,5%
7.º   Tanzânia 940 204 2,0%
8.º   Argentina 921 231 2,0%
9.º   Chade 893 940 1,9%
10.º   Senegal 846 021 1,8%
11.º   Guiné 770 105 1,7%
12.º   Níger 594 162 1,3%
13.º   Camarões 594 019 1,3%
14.º   Brasil 563 347 1,2%
15.º   Gana 521 032 1,1%
Total 45 950 900 100%

O valor bruto da produção mundial, no ano de 2016 foi de aproximadamente 26,84 bilhões de dólares.[28]

Referências

  1. a b Infopédia. «amendoim | Definição ou significado de amendoim no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 12 de junho de 2021 
  2. Santos, Roseane. «Fenologia, reprodução e crescimento de genótipos de amendoim no Nordeste brasileiro» (PDF). Pesquisa em andamento. Consultado em 10 de agosto de 2014 
  3. a b c d e f g h Duarte, Amílcar (2008). «Amendoim – A «Noz Subterrânea». Cultivo em Aljezur.». Al-Rihana, 4:23-41 
  4. a b Infopédia. «Aráquide | Definição ou significado de Aráquide no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 12 de junho de 2021 
  5. a b S.A, Priberam Informática. «ARÁQUIDA». Dicionário Priberam. Consultado em 12 de junho de 2021 
  6. a b Infopédia. «alcagoita | Definição ou significado de alcagoita no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 12 de junho de 2021 
  7. a b Infopédia. «ervilhana | Definição ou significado de ervilhana no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 12 de junho de 2021 
  8. a b Infopédia. «arvelhana | Definição ou significado de arvelhana no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 12 de junho de 2021 
  9. Silva, Antonio José da (1854). Relatorio dos trabalhos da classe de sciencias mathematicas, physicas e naturaes da Academia Real das Sciencias de Lisboa desde a sua installação no 1. de Março de 1852 até 16 de Junho de 1854: Lido na sessão solemne da mesma Academia em 5 de Julho de 1854. [S.l.: s.n.] 
  10. KEMPE, João (1856). Pauta Geral das Alfandegas conforme as edições officiaes. Seguida de toda a legislação relativa a alfandegas ... e de um indice, annotada ... e colligida por J. K. [S.l.: s.n.] 
  11. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de mandobi». aulete.com.br. Consultado em 12 de junho de 2021 
  12. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de mandubi». aulete.com.br. Consultado em 12 de junho de 2021 
  13. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de mendubi». aulete.com.br. Consultado em 12 de junho de 2021 
  14. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de menduí». aulete.com.br. Consultado em 12 de junho de 2021 
  15. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de mindubim». aulete.com.br. Consultado em 12 de junho de 2021 
  16. a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.104
  17. Infopédia. «mancarra | Definição ou significado de mancarra no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 12 de junho de 2021 
  18. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de jinguba». aulete.com.br. Consultado em 12 de junho de 2021 
  19. «Descascador de Amendoim de Propulsão Manual com Separador de Casca». Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Agosto de 2021 
  20. a b Infopédia. «jinguba | Definição ou significado de jinguba no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 12 de junho de 2021 
  21. a b Infopédia. «ginguba | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». www.infopedia.pt. Consultado em 27 de fevereiro de 2022 
  22. a b S.A, Priberam Informática. «mancarra». Dicionário Priberam. Consultado em 12 de junho de 2021 
  23. RAE; RAE. «avellana | Diccionario esencial de la lengua española». «Diccionario esencial de la lengua española» (em espanhol). Consultado em 12 de junho de 2021 
  24. S.A, Priberam Informática. «ervilhana». Dicionário Priberam. Consultado em 12 de junho de 2021 
  25. a b Barroqueiro, Deana (1 de janeiro de 2020). História dos Paladares Volume 1. Lisboa: Prime Books. p. 447. 486 páginas. ISBN 978-989-655-429-3 
  26. a b Roger, Jorge Pamplona (2015). O Poder Medicinal dos Alimentos. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira. 272 páginas. ISBN 85-345-0979-4 
  27. Estudo mapeia áreas de produção de amendoim do Brasil para prevenir doença do carvão
  28. «FAOSTAT». www.fao.org. Consultado em 13 de março de 2020