Krishnamurti BIO PDF
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Krishnamurti BIO PDF
Krishnamurti
Pelo Prof. Dr. R. D. Pizzinga, 7Ph.D. (*) Membro dos Iluminados de Kemet
http://ordoilluminatorum.net/
Krishnamurti, apresentado ao mundo pela Sociedade Teosfica como o Novo Messias, em um ato de suprema renncia abriu mo publicamente dessa condio e de tudo o que ela significava. O cerne dos seus ensinamentos parte da premissa de que a necessria e urgente mudana fundamental da sociedade s pode acontecer atravs da transformao da conscincia individual, sem delimitaes impostas por organizaes humanas.
Jiddu Krishnamurti
Citao Fundamental
Eu chorei, mas no desejo que os demais chorem; mas se o fizerem, agora sei o que isso significa. (...) preciso que se libertem, no por minha causa, mas apesar de mim. Toda esta vida e, especialmente nos ltimos meses, tenho lutado para ser livre livre de meus amigos, dos meus livros, de minhas associaes. Vocs devem lutar pela mesma liberdade. Deve haver uma constante inquietao interior. Segurem um espelho constantemente sua frente. Se houver algo indigno do ideal que criaram para si mesmos, mudem-no. No faam de mim uma autoridade. Se eu me tornar uma necessidade para vocs, o que faro quando eu partir? Alguns de vocs acreditam que eu possa lhes dar uma bebida que os tornar livres, que posso lhes dar uma frmula que os libertar mas no assim. Eu posso ser a porta, mas vocs devem passar por ela e encontrar a libertao que est alm dela... A verdade chega como um ladro quando menos se espera por ela. Gostaria de poder inventar uma nova lngua; como no posso, gostaria de destruir a velha fraseologia e antigos conceitos. Ningum pode lhes dar a libertao. Tero de encontr-la dentro de si, mas porque eu a encontrei, eu lhes mostrarei o caminho... Aquele que atingiu a libertao tornouse um instrutor. Cada um de vocs tm o poder de entrar na chama, de se tornarem a prpria chama... Porque eu estou aqui, se me tiverem em seus coraes, eu lhes darei a fora para alcan-la. A libertao no se destina aos poucos, aos escolhidos, aos eleitos. Jiddu Krishnamurti
Objetivo do Trabalho
UITO JOVEM, antes mesmo de entrar para a AMORC, li alguns livros de Krishnamurti (11 de maio de 1895, Madanapalle, ndia 17 de fevereiro de 1986, Ojai, California), e, sinceramente, na poca, pensei t-los
entendido. Hoje retomo, via Web, esse contato inicitico com as palavras de um mstico que entendeu muito bem a necessidade de haver dialtica sobreposta Tradio na constituio de Ordens e Fraternidades destinadas a encaminhar o ser humano no rumo da Luz Maior. Fiz isto prazeroso e no como uma obrigao, pois o estudante sincero do oculto necessita sempre se reciclar, amadurecendo conceitos e digerindo enunciaes metafsicas. H diversos websites e diversas pginas que seriamente divulgam o pensamento e as obras de Krishnamurti. Este o lado bom da Internet, no nque toca aos estudantes e praticante de todas as vertentes do esoterismo no comercial. Foi a que comecei minha revisitao do pensamento de Krishnamurti, e, ento, resolvi listar (do que eu li) alguns de seus mais significativos ensinamentos (segundo meu filtro Rosacruz do que significativo para a evoluo por harmonizao com o pensamento de outrem que caminhe na Senda) para finalmente poder oferecer esta Monografia Pblica da IOK-BR para reflexo de todos os interessados no tema. Este estudo, obviamente, est incompleto, e, portanto, no representa exatamente a linha filosfica do pensamento do Autor, principalmente porque os fragmentos listados no se encontram em ordem cronolgica de publicao. Em raros casos fiz algumas pequenas edies (exigncia deste tipo de estudo) sem comprometer ou adulterar o que Krishnamurti exps. Um resumo da sua biografia, tambm aqui apresentada, foi editada e ligeiramente ampliada de um website (fonte devidamente mencionada). Enfim, como sei que muitas pessoas no conhecem o pensamento filosfico de Krishnamurti, penso que esta modesta contribuio
ser bastante til. Provavelmente, os fanticos coloridos de sempre e os ortodoxos cinzentos de no sei quando no gostaro do que iro ler, se lerem. Mas aqueles com mente aberta para o ilimitado, que ainda no conhecem o pensamento de Krishnamurti, tenho certeza de que aprofundaro seus estudos na obra deste eminente pensador do sculo passado. Finalmente, penso que se no se quiser dizer nada sobre Jiddu, que no se diga; mas no se pode deixar de admitir, no mnimo, que ele foi um homem corajoso. A sua biografia demonstra isso.
IDDU KRISHNAMURTI nasceu na ndia em 1895. Reza a tradio brmane, qual sua famlia era vinculada, que o oitavo filho deve receber no batismo o nome Krishna, em homenagem ao Deus Sri Krishna, de quem sua me, Sanjeevamma, era devota; foi o que aconteceu com Krishnamurti, a quem foi dado o nome de Krishna, juntamente com o nome de famlia, Jiddu. A partir dos treze anos de idade, Jiddu passou a ser educado pela Sociedade Teosfica, que o considerava o veculo para o Instrutor do Mundo, cujo advento proclamavam. Krishnamurti logo emergiu como um poderoso, descompromissado e inclassificvel instrutor, cujas palestras e escritos no estavam vinculadas a nenhuma religio especfica, no sendo do Oriente nem do Ocidente, mas para o mundo todo. Todavia, repudiando com firmeza a imagem messinica que tentaram lhe impor, em 1929 dissolveu dramaticamente a grande e rica organizao que havia sido criada sua volta, e declarou ser a verdade uma terra sem caminhos, qual nenhuma religio formalizada, filosofia ou seita daria acesso. Em certa ocasio afirmou: O homem no pode atingir a verdade por intermdio de nenhuma organizao, de nenhum credo. Tem de encontr-la atravs do espelho do relacionamento, atravs da compreenso dos contedos da sua prpria mente e atravs da observao. E assim, rejeitou o insistentemente o estatuto de guia espiritual que alguns tentaram lhe atribuir. Entretanto, continuou a
atrair grandes audincias por todo o mundo, mas recusando qualquer autoridade, no aceitando discpulos e falando sempre como se fosse de pessoa a pessoa. A linha mesta dos ensinamentos de Krishnamurti consiste na afirmao de que a necessria e urgente mudana fundamental da sociedade s pode acontecer atravs da transformao da conscincia individual, sem delimitaes que sejam impostas por organizaes humanas. A necessidade do autoconhecimento e da compreenso das influncias restritivas e separativas das religies organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos foram por ele constantemente realadas em suas conferncias e nos livros que publicou. Um de seus iluminados momentos est contido neste excerto: Para que o homem possa se transformar radicalmente, fundamentalmente, torna-se necessria uma mutao nas prprias clulas cerebrais de sua mente. Dizem-nos que devemos mudar, que devemos agir, que devemos transformar nossa mente, nosso corao, tornar-nos uma coisa totalmente diferente. Isso vem sendo pregado h milhares de anos por homens muito srios, muito ardorosos, e tambm por charlates interessados em explorar o povo. Mas, agora, chegamos ao ponto em que no h mais tempo a perder. Compreendei isto por favor. No dispomos de tempo para efetuar gradualmente tal transformao. Os intelectuais de todo o mundo esto reconhecendo que o homem se acha beira de um abismo, na iminncia de se destruir a si prprio. Nem religies, nem deuses, nem salvadores, nem mestres, nem as lengalengas dos gurus, podero impedi-los. Dizem os intelectuais ser necessrio inventar uma nova droga, uma 'plula dourada' capaz de produzir uma
completa transformao qumica; e os cientistas provavelmente descobriro esta droga. No sei se estais bem a par dessas coisas. Ora, conquanto o organismo fsico seja um produto bioqumico, pode uma droga, uma superdroga, fazer-vos amar, tornar-vos bondosos, generosos, delicados, no-violentos? No o creio; nenhum preparado qumico pode fazer os homens se amarem uns aos outros. O amor no um produto do pensamento; tambm no cultivvel, como a flor que plantamos em nosso jardim. O amor no pode ser comprado em uma drogaria, e o amor a nica coisa que poder salvar o homem e no os artifcios das religies, nem seus ritos, nem todos os exrcitos do mundo. Podemos fugir, assistindo a concertos, visitando museus, entregando-nos a divertimentos de toda ordem debalde! porque o homem se acha hoje em dia em presena de um tremendo problema: tem a possibilidade de se transformar radicalmente, de efetuar uma total mutao de sua conscincia, no amanh, nem daqui a alguns anos, mas agora! Eis o problema principal: o homem, em qualquer pas que viva, com todas as suas belezas naturais, capaz de operar uma mudana radical em seu interior. Imediatamente. E no podeis resolv-lo com vossas crenas, vossas ideologias, vossos deuses, salvadores, sacerdotes e rituais. Essas coisas j no tm o menor significado. De qualquer forma, mesmo tendo rompido com a Sociedade Teosfica, parece que Jiddu jamais negou o intenso preparo inicitico recebido dos Mestres Morya e Kut-Hu-Mi, e h quem admita que ele foi veculo de Maitreya. Logo que desfez a organizao que havia sido criada para t-lo como Instrutor do Mundo, um reprter, considerando um ato espetacular dissolver uma organizao com milhares de membros,
perguntou-lhe quem se interessaria em escut-lo, se no queria seguidores? Krishnamurti respondeu: Se houver apenas cinco pessoas que queiram escutar, que queiram viver, que tenham a face voltada para a eternidade, ser o suficiente. De que servem milhares que no compreendem, completamente imbudos de preconceitos, que no desejam o novo? Gostaria de que todos os que queiram compreender sejam livres, no para me seguir, no para fazer de mim uma gaiola, que acabe se tornando uma religio, uma seita. Devero estar livres de todos os temores (...), do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da prpria vida. No decorrer de sua longa vida, Krishnamurti, decidida e insistentemente, rejeitou a posio de guru que tentaram lhe impor. Continuou a atrair grande audincia atravs do mundo, mas no reivindicava autoridade, no queria discpulos e falava sempre como um indivduo fala a outro. No cerne do seu ensinamento estava a conscientizao de que possvel produzir mudanas fundamentais na sociedade apenas pela transformao da conscincia individual. Enfatizava constantemente a necessidade de autoconhecimento e da compreenso da influncia restritiva e separativa dos condicionamentos religiosos e nacionalistas. Apontava sempre para a necessidade urgente de abertura, do vasto espao no crebro no qual h inimaginvel energia, como costumava dizer. Isto parece ter sido a fonte de sua prpria criatividade e a chave para seu impacto cataltico sobre uma ampla gama de pessoas. Krishnamurti continuou peregrinando e falando mundo afora at
sua morte, em 1986, aos noventa anos de idade. Suas palestras e dilogos, dirios e cartas, tm sido preservados em livros e gravaes. Falou em vrias universidades a professores e a grupos de estudantes, nos EUA, na Europa e na ndia. Foi freqentemente procurado por pensadores e cientistas, com os quais estabeleceu debates. Desde muito jovem, a educao constituiu sua principal preocupao, tendo fundado vrias escolas. Foi, indiscutivelmente, uma espcie de World Teacher. Hoje, estes centros educacionais so renomados e recebem jovens de todas as partes do mundo. As mais famosas so as de Brockwood Park, na Inglaterra, para jovens a partir de quatorze anos, a de Rishi Valley, na ndia, que recebe crianas a partir de sete anos, e a de Oak Grove, nos EUA, com alunos a partir de trs anos e meio de idade. Krishnamurti cumpriu o que se props a cumprir. Quantos tm essa disposio e essa energia?
Livros publicados Dentre os mais de 60 livros que publicou, alguns ttulos so: A Busca (Poemas), Cartas s Escolas, Comentrios Sobre Viver, O Despertar da Sensibilidade, Dilogos Sobre a Vida, Dilogos Sobre a Viso Intuitiva, Dirio de Krishnamurti, Vida e Morte de Krishnamurti, A Educao e o Significado da Vida, A Eliminao do Tempo Psicolgico, Ensinar e Aprender, A Essncia da Maturidade, Fora da Violncia, O Futuro da Humanidade, O
Futuro Agora, Libertao dos Condicionamentos, Liberte-se do Passado, O Mistrio da Compreenso, O Mundo Somos Ns, Novo Acesso Vida, Novo Ente Humano, Novos Roteiros em Educao, Onde Est a Bem-Aventurana, O Passo Decisivo, Palestras com Estudantes Americanos, A Primeira e ltima Liberdade, A Questo do Impossvel, A Rede do Pensamento, Reflexes Sobre a Vida, Sobre o Amor e a Solido, Sobre o Aprendizado e o Conhecimento, Sobre o Conflito, Sobre Deus, Sobre Liberdade, Sobre o Medo, Sobre a Mente e o Pensamento, Sobre a Natureza e o Meio Ambiente, Sobre Relacionamentos, Sobre a Verdade, Sobre a Vida e a Morte, Sobre o Viver Correto, Uma Nova Maneira de Agir, O Verdadeiro Objetivo da Vida, O Vo da guia
PRESENTO a seguir uma seleo dos principais ensinamentos de Krishnamurti, voltados para a evoluo da conscincia humana atravs da liberdade, do pleno exercicio do livre arbtrio e no exerccio da razo plena.
Se
observardes vossa mente, com serenidade e sem dardes explicaes, se deixardes simplesmente que vossa mente esteja cnscia de sua prpria luta, vereis que muito depressa surgir um estado no qual nenhuma luta haver, um estado de extraordinria vigilncia. Nessa vigilncia, no h idia de 'superior' e 'inferior', no h homem importante nem homem insignificante, no h guru. Todos esses absurdos desapareceram, por que a mente est inteiramente desperta. E a mente de todo desperta est cheia de alegria.
Descontentamento
a luta pela consecuo de mais, e o contentamento a cessao dessa luta; mas, no se chega ao contentamento, se no se compreende todo o 'processo' relativo ao mais, e por que razo a mente o exige.
Aqueles que realmente desejam compreender, que esto buscando o eterno sem incio nem fim caminharo juntos com maior intensidade e sero uma ameaa para tudo que no
Meditao libertar a mente de toda desonestidade. O pensamento gera desonestidade. O pensamento, no seu esforo para ser honesto, comparativo e, portanto, desonesto. Meditao o movimento dessa honestidade no Silncio.
Consoante a histria teolgica, garantem-nos os guias religiosos que, se observarmos determinados rituais, recitarmos certas preces e versos sagrados, obedecermos a alguns padres, refrearmos nossos desejos, controlarmos nossos pensamentos, sublimarmos nossas paixes e se nos abstivermos dos prazeres sexuais, ento, aps torturar suficientemente o corpo e o esprito, encontraremos uma certa coisa alm desta vida desprezvel. isso o que tm feito, no decurso das idades, milhes de indivduos ditos religiosos, quer pelo isolamento nos desertos, nas montanhas, numa caverna, quer peregrinando de aldeia em aldeia a esmolar, quer em grupos, ingressando em mosteiros e forando a mente a ajustar-se a padres estabelecidos. Mas, a mente que foi torturada,
subjugada, a mente que deseja fugir a toda agitao, que renunciou ao mundo exterior e se tornou embotada pela disciplina e o ajustamento essa mente, por mais longamente que busque, o que achar ser em conformidade com sua prpria deformao.
causa primria da desordem existente em ns estarmos buscando a realidade prometida por outrem.
Estou
apenas a ser como um espelho da vossa vida, no qual podeis ver-vos como sois. Depois, podeis deitar fora o espelho; o espelho no importante.
Normalmente,
mundo, comeamos a compreender que no h processo exterior nem processo interior; h s um processo unitrio, um movimento integral, total, sendo que o movimento interior se expressa exteriormente, e o movimento exterior, por sua vez, reage ao interior.
No
esforo para ajustar-vos a uma ideologia, recalcais a vs mesmo e, no entanto, o que realmente verdadeiro no a ideologia, porm aquilo que sois.
Tenho
de mudar completamente, desde as razes de meu ser; no posso mais depender de nenhuma tradio, porque foi a tradio que criou essa colossal indolncia, aceitao e obedincia; no posso contar com outrem para me ajudar a mudar, com nenhum instrutor, nenhum deus, nenhuma crena, nenhum sistema, nenhuma presso ou influncia externa.
No
E o amor pode
No
podemos depender de nenhuma autoridade exterior para promover a revoluo total na estrutura de nossa prpria psique... A compreenso de ns mesmos no requer nenhuma autoridade, nem a do dia anterior nem a de h mil anos, porque somos entidades vivas, sempre em movimento, sempre a fluir e jamais se detendo. Se olhamos a ns mesmos com a autoridade morta de ontem, nunca compreenderemos o movimento vivo e a beleza e natureza desse movimento.
Livrar-se
de toda autoridade, seja prpria, seja de outrem, morrer para todas as coisas de ontem para que a mente seja sempre fresca, sempre juvenil, inocente, cheia de vigor e de paixo.
Esquecei
de tudo o que sabeis a respeito de vs mesmos. Esquecei de tudo o que pensastes a vosso respeito. Vamos iniciar a marcha como se nada soubssemos... Iniciemos juntos a jornada, deixando para trs todas as lembranas de ontem, e comecemos a compreender-nos pela primeira vez.
Tempo
sofrimento, no s sofrimento do passado, mas tambm sofrimento que inclui o futuro a idia de chegar, a esperana de algum dia nos tornarmos algo, com sua inevitvel sombra de frustrao. A mente superficial aquela que se refugia na igreja, em alguma concluso, em algum conceito, em alguma crena ou em alguma dia. Tudo isso so refgios para a mente em sofrimento. E, quando nenhum refgio encontrais, construs em torno de vs uma muralha e vos tornais acrimoniosos, duros, indiferentes, ou buscais a fuga em alguma reao neurtica, fcil. Todas essas fugas ao sofrimento impedem a investigao mais aprofundada [do que seja o sofrimento].
A mente superficial no pode resolver o problema do sofrimento porque sempre procura evitar o sofrimento... Qualquer espcie de entretenimento, seja uma cerimnia religiosa, seja uma partida de futebol, essencialmente a mesma coisa, mera fuga vossa aflio, ao vosso vazio interior; e isto o que estamos fazendo em toda a parte: buscando em diferentes formas de entretenimento o auto-esquecimento.
Ora,
quase todos nos satisfazemos com palavras, smbolos, idias, e com as nossas reaes a essas palavras, de modo que nunca estamos em intimidade com o fato. Quando subitamente nos vemos frente a frente com o fato do sofrimento, isso nos causa um choque, e nossa reao a fuga a esse fato.
fato. S posso viver com o fato e compreend-lo, quando nenhum motivo tenho.
Compreender
o sofrimento [con]viver com ele, olh-lo, conhec-lo como ele realmente ; mas no tendes possibilidade de conhec-lo quando o olhais com um motivo que supe o tempo. A mente superficial, incessantemente ocupada em se melhorar, em se lastimar, em se torturar numa dada relao, desejosa de se libertar do sofrimento sem enfrentar o fato essa mente prosseguir sofrendo indefinidamente. Para se ser livre do sofrimento, necessrio compreender, consciente e inconscientemente, todo o seu processo', e isso s possvel vivendo-se com o fato, olhando-o sem motivo. Deveis perceber as manhas de vossa mente, suas fugas, as coisas aprazveis a que estais apegado e as coisas desagradveis de que desejais vos livrar com rapidez. Cumpre observar o vazio, o embotamento e a estupidez da mente que s trata de fugir. E pouca diferena faz, se se foge para Deus, para o sexo ou para a bebida, porquanto todas as fugas so essencialmente a mesma coisa.
Existe
uma imensidade que ultrapassa todas as medidas, mas nesse mundo no ingressareis sem a prvia e total extino do sofrimento.
Temos de enfrentar-nos assim como somos e no como deveramos ser, segundo um certo padro ou ideal. Temos de ver realmente o que somos e, da, iniciar a transformao radical.
Se
realmente entendemos o problema, a resposta vir dele, porque a resposta no est separada do problema.
Entendo por 'vida religiosa', no uma vida ritualista, de ajustamento a determinado padro, porm a vida religiosa resultante da autocompreenso. Porque, sem o conhecimento de ns mesmos o que realmente somos, por mais desonestos, falsos, astutos, hipcritas e ignbeis que sejamos no teremos base para nenhuma ao ou pensamento religioso.
Se no h autoconhecimento, se no h compreenso do eu
no do 'Eu superior', do Eu com 'E' maiscula porm do 'eu ordinrio', do homem que freqenta diariamente o escritrio, que apaixonado, irascvel, violento, cruel, hipcrita, acomodatcio, se no h essa compreenso total, completa, de todo o nosso ser, nesse caso, toda ao, todo pensamento e toda idia s conduziro a mais confuso e a mais angstia.
No
momento em que se comea a acumular, deixa-se de aprender. Pois s a mente que est fresca, que nova, s a mente
podeis compreender alguma coisa quando lhe aplicais vossas mente, vosso corpo, vossos sentidos, vossos olhos, vossos ouvidos, tudo. E dessa compreenso resulta a ao total, e no ao fragmentria, contraditria.
funo da mente religiosa descobrir o verdadeiro. E a verdade [ainda que relativa] no pode ser encontrada num templo ou num livro, por mais venerando que seja. Vs tendes de descobri-la por vossos prprios meios. No podeis compr-la com lgrimas, com oraes, com repeties, com rituais; por esse caminho se vai ao absurdo, iluso, insnia.
A mente se torna sobremodo alertada quando escutamos simplesmente isto , no interpretando o que ouvimos, no tentando traduzi-lo, no o identificando com o que j conhecemos pois isso nos impede de escutar. Mas, se escutardes simplesmente, escutardes vossos pensamentos, vossas exigncias,
o desespero de vossa existncia, no tentando interpretar, traduzir nada, no tentando fazer alguma coisa em relao ao que se escuta vereis que vossa mente se tornar sobremodo lcida.
religio, evidentemente, perdeu o seu significado, pois sempre houve guerras religiosas. Ela no resolve os nossos problemas. As religies separaram os povos. Podero ter exercido determinada influncia civilizadora, mas no transformaram radicalmente o homem.
Ao desejarmos experincias no terreno religioso, ns as desejamos porque no resolvemos os nossos problemas, nossas nsias, desesperos, temores e tristezas de cada dia; por essa razo pretendemos algo 'mais'. Nessa pretenso de 'mais' encontra-se a iluso.
As pessoas so facilmente influenciveis, excessivamente crdulas, ainda que sejam 'sofisticadas' e muito sabedoras; mas esto sempre ansiando por alguma coisa, sempre a desejar e, por essa razo, crem.
pensamento, em si, no pode ser livre, embora fale sobre liberdade; em si prprio, ele o resultado das 'memrias', experincias e conhecimentos trazidos do passado. Em conseqncia, ele velho.
Meditao descobrir se existe um campo ainda no contaminado pelo conhecido. Se, meditando, continuo com o que antes aprendi, com o que j sei, estou, ento, vivendo no passado, no campo de meu condicionamento. Nesse campo no h liberdade... Meditao expurgar a mente da vontade.
Vs,
homens, como indivduos, desenvolveis vossos sentidos pela luta social, pela autopreservao, e dais incio, assim, conscincia de separao. Desde a infncia vos foi incutida a idia de que sois uma entidade separada; e desta iluso provm a diviso entre 'vosso' e 'meu', no que pensais e no que sentis, no que possuis... e em todas as cosias. E desta conscincia separada surgem cobia, inveja, dio, sentimento de posse, vaidade, alegrias passageiras, tristezas transitrias e transitrios prazeres.
verdade pode ser uma das coisas mais devastadoras e desconfortveis. O homem que busca o conforto no deseja a verdade: deseja apenas segurana, proteo, um refgio onde no seja perturbado. J o homem que busca a verdade tem de abrir a porta s perturbaes e s tribulaes, porque s nos momentos de crise h o estado de alerta, h vigilncia, ao. S ento aquilo que pode ser descoberto e compreendido.
Enquanto existir dualidade (o experimentador e a coisa experimentada, o observador e a coisa observada), haver deformao, porque o experimentador o passado com todos os conhecimentos e memrias nele acumulados. Insatisfeito com as atuais experincias, deseja ele uma experincia muito mais grandiosa. 'Projeta-a' como idia e trata de alcanar essa 'projeo': mais uma vez dualidade e deformao.
Para
mim, revoluo sinnimo de religio. Com a palavra 'revoluo' no me refiro a imediatas reformas econmicas ou sociais, porm a uma revoluo na prpria conscincia. Todas as outras formas de revoluo, seja comunista, seja capitalista, seja
qual for, so puramente reacionrias. Uma revoluo na mente que significa total destruio do que foi, para que a mente se torne capaz de ver sem deformao e sem iluso o que verdadeiro essa a ao prpria da religio.
No
sentido da palavra 'religioso', necessria uma revoluo em cada um de ns revoluo total e no parcial. Toda reao parcial, e a revoluo a que nos referimos no parcial e, sim, uma coisa total. E s essa mente pode ter intimidade com a Verdade. S essa mente pode ter 'amizade' com Deus ou o nome que
Estamos to absorvidos em nosso trabalho e em nossas misrias que no temos um momento de lazer para sentir o que amar, para ser bom, para ser generoso. E, no entanto, desprovidos de tudo isso, queremos saber o que Deus!
Interiormente, psicologicamente, somos em geral muito vulgares e limitados sob o peso de nossa ilustrao e do nosso saber. Temos tantos problemas (problemas de relao, problemas que surgem em nossa vida de cada dia, o que se deve fazer, o que se no deve fazer, o que se deve crer, o que se no deve crer) nessa interminvel busca de conforto, busca de e segurana e busca de um meio para fugir ao sofrimento. Temos tantos problemas que se os vssemos todos em conjunto poderamos perder as esperanas. Assim, evidentemente, o que se torna necessrio, o desejvel e essencial uma mente nova, porque, em verdade, tudo o que tocamos faz surgir um novo problema.
verdade no uma coisa contnua que se possa manter mediante prtica ou disciplina, mas algo que se percebe num lampejo. A percepo de uma verdade [relativa] no surge atravs de qualquer forma do pensamento condicionado, razo pela qual o pensamento no pode imaginar, conceber e nem formular o que seja a verdade.
Ordem
significa estado mental em que no h contradio e, portanto, nenhum conflito. Isso no implica em estagnao ou em declnio. A ordem que obedece a uma frmula preestabelecida, a
um ideal ou a um conceito , simplesmente, desordem. Se um ente humano se ajusta a um padro de pensamento uma certa coisa ideal que ele deveria ser nesse caso, est meramente a imitar, a se ajustar, a se disciplinar, a se forar, a fim de se adaptar a um molde. Assim fazendo (como na vida em sociedade vem sendo forado a fazer h sculos e sculos, porquanto a sociedade trata sempre de o controlar mediante diferentes sanes religiosas, leis etc.), naturalmente, est sempre a se produzir uma grande desordem.
moralidade social no moral mas imoral. Temos de ser extraordinariamente morais porque, afinal, moralidade apenas criar ordem, tanto dentro como fora de cada um de ns. Mas esta moralidade deve estar na ao, no sendo uma moralidade meramente baseada em idias ou conceitos, mas termos uma conduta verdadeiramente moral.
Atravs
da histria, o homem percebendo que sua vida breve, acidentada e sujeita ao sofrimento e morte certa sempre formulou uma idia chamada 'Deus'.
Aprender
conhecimentos, porm, a capacidade de pensar clara e smente, sem iluses, partindo de fatos e no de crenas e ideais.
verdade no-continuidade. A verdade de ontem no a verdade de hoje. A verdade no do tempo e, portanto, no da memria. No algo que se possa experimentar, lembrar, ganhar, perder ou mesmo realizar. Perseguimos a verdade porque desejamos ganh-la e dar-lhe continuidade; e logo que percebemos isso, realmente o padro se quebrar, pois a mente, ento, j cortou todas as amarras.
Uma
opinies.
Ns,
em geral, gostamos de conversas fteis. As conversas fteis so extraordinariamente estimulantes, quer tratem de Mestres e Devas, quer tratem de nossos vizinhos. Quanto mais embotados estamos, tanto mais adoramos uma conversa ftil. Quando estamos enfadados da tagarelice social, desejamos tagarelar a respeito de algo superior. Estamos interessados, no no problema da desigualdade, mas, sim, nas guloseimas servidas nas conversas sobre estranhas entidades que no vemos, que nos proporcionam um meio de fugirmos nossa superficialidade. Afinal de contas, os Mestres e os Devas so nossas prprias projees; quando os seguimos, estamos seguindo nossas prprias projees. Se eles nos disserem 'abandonai vosso nacionalismo, abandonai vossas sociedades, no sejais gananciosos, no sejais cruis', trataremos imediatamente de substitu-los por outros que possam nos dar satisfao.
Seguimos
a autoridade de outro, a experincia de outro, e depois duvidamos dela. Esse desejo de autoridade e a sua conseqncia, a desiluso, constitui um processo penoso para a maioria de ns. Censuramos ou criticamos a autoridade, o guia, o mestre, que uma vez aceitamos, mas no examinamos o nosso prprio anseio por uma autoridade que nos guie e conforte. Uma vez compreendido esse anseio compreenderemos tambm o significado da dvida.
Se
o homem explorado em nome de Deus ou em nome do Governo vem a dar no mesmo. Mas como o homem humano, chega o dia em que ele deita abaixo o sistema. Enquanto a educao for a serva do Governo, no h esperanas... Para se transformar o mundo necessria uma regenerao dentro em ns mesmos.
mente em conflito jamais descobrir o verdadeiro. Poder tagarelar incessantemente acerca de Deus, da bondade, da
espiritualidade e de tudo mais, mas s a mente que compreendeu de maneira completa a natureza do conflito e, por conseguinte, se acha fora dele, s ela pode perceber aquilo a que se no pode dar nome, aquilo que no pode ser medido.
resistncia mero isolamento, e a mente do homem que, consciente ou inconscientemente, est sempre procurando se isolar, torna-se embotada por causa dessa resistncia.
Tenho
acho que devo ser. Tenho de me conhecer como o centro a partir do qual estou agindo, a partir do qual estou pensando, o centro formado pelo conhecimento acumulado, por pressupostos, pela experincia passada, que so coisas que impedem uma revoluo interior, uma radical transformao de mim mesmo. E como temos um to grande nmero de complexidades no mundo atual, com tantas mudanas superficiais acontecendo, necessrio que haja essa mudana radical no indivduo, porque s o indivduo, e no o coletivo, pode criar um novo mundo.
Para descobrirdes o que falso, cumpre perceb-lo lucidamente, observar todas as coisas que estais fazendo, pensando e sentindo; e, como resultado disso, no apenas descobrireis o que falso, mas vir tambm uma nova vitalidade, uma nova energia, e essa energia determinar que espcie de trabalho deveis ou no deveis fazer.
Certamente
o professor no um simples distribuidor de informao; o professor algum que aponta o caminho para a sabedoria. E aquele que aponta o caminho para a sabedoria no o guru. A verdade muito mais importante do que o professor; portanto, quem est em busca da verdade deve ser simultaneamente estudante e professor.
Para
se perceber qualquer coisa na vida, tem que haver uma certa calma na mente, no uma calma disciplinada nesse caso no calma, uma mente sem vida. Ora, uma mente em conflito no deixa observar nada, observar eu prprio. Portanto, se estou em permanente conflito, em constante movimento, a mexer, a falar, eternamente a fazer perguntas, a explicar; a no possvel haver qualquer observao. isso que a maior parte de ns faz, quando estamos perante 'o que '. Portanto, vemos que s pode haver observao quando no h conflito. Para no haver conflito, podemos tomar um tranqilizante, um comprimido, para ficarmos tranqilos, mas no isso que d percepo, isso apenas nos faz dormir; e isso provavelmente o que a maior parte de ns quer. Ora, para observar, tem que haver uma certa tranqilidade na mente; e se se v ou no o que a verdade, depende da qualidade da mente.
Para
conhecerdes a Deus, vs no O deveis buscar. Se O buscais, estais fugindo do que , e esta a razo por que perguntais se h ou no h Deus. Quereis escapar do vosso sofrimento, refugiar-vos numa iluso. Vossos livros esto cheios de Deus, vosso templo est cheio de imagens feitas pela mo; mas Deus no est nessas coisas, porque todas elas so fugas do vosso sofrimento real. Para encontrarmos a realidade, ou, melhor, para que a realidade se nos manifeste, deve cessar o sofrimento. E e a mera busca de Deus, da imortalidade, uma fuga do sofrimento.
penetra to fundo e ocupa uma to grande poro da mente. Para ficarmos radicalmente livres da inveja tem de deixar de existir o 'observador' da inveja que quer se libertar da prpria inveja.
vida um todo completo, sem comeo nem fim. esse xtase, essa sabedoria, que produz a plenitude do viver no presente.
pensamento criou Deus, as ideologias, as guerras e o assassnio de milhes de pessoas em nome de Deus. Tambm criou
todas as coisas das igrejas, dos templos, das mesquitas e as nossas prprias relaes.
Salvador; s por meio Dele pode se achar aquela Coisa Suprema. Todos os sistemas do Oriente e do Ocidente implicam em um constante controle, uma constante deformao da mente a fim de ajust-la ao padro fixado pelo sacerdote, pelos livros sagrados, por todas essas coisas deplorveis que constituem a essncia mesma da violncia. Sua violncia no consiste apenas em renunciar carne, mas, tambm, em renunciar a toda forma de desejo, a toda forma de beleza, por meio do ajustamento a determinado padro.
amor uma coisa nova, fresca, viva. No tem ontem nem amanh. Est alm da confuso do pensamento. S a mente inocente sabe o que o amor... S possvel encontrar o amor essa coisa maravilhosa que o homem sempre buscou sequiosamente por meio de sacrifcios, de adorao, das relaes, do sexo, de toda espcie de prazer e de dor alcanando a compreenso de si prprio. O amor no conhece o oposto, no conhece conflito.
palavra nunca o real, mas facilmente nos deixamos arrebatar ao alcanarmos o segundo grau do percebimento, aquele em que o percebimento se torna pessoal e, por influncia da palavra, nos tornamos emocionais. Temos, pois, o percebimento superficial da rvore, do pssaro, da porta, e temos a reao a esse percebimento, ou seja, o pensamento, o sentimento, a emoo.
Na
bem-aventurana do Real no existe 'experiente' nem 'experincia'. Uma mente-corao sobrecarregada das lembranas do passado no pode viver no Eterno Presente. Deve a mentecorao morrer a cada dia para que haja Eternidade.
liberdade dar vida um significado diverso; o sexo ter diferente significao, haver paz no mundo, e no diviso entre os homens. Mas deveis possuir a energia necessria para olhar; quer dizer: olhar com a Mente e o Corao, e no com olhos cheios de medo. S h transformao total quando o observador a coisa observada, pois o observador nada pode fazer em relao quilo que observa.
O pensamento a origem do medo. Se no houvesse pensamento, no haveria medo. Se nenhum pensamento tivssemos a respeito da morte (como, por exemplo, 'que aconteceria se eu morresse?') e a morte ocorresse neste mesmo instante, no tereis medo nenhum. o pensamento a respeito da morte que vos infunde temor, temor proveniente da experincia do passado e 'projetado' no futuro... Quando o medo deixa de existir, quando o medo finda, no h mais sofrimento.
potncia criadora surge quando estamos livres da servido do anseio, com o seu conflito e seus pesares. Pelo abandono do 'eu', com sua positividade e crueldade, com suas lutas incessantes por vir-a-ser, surge a Realidade criadora. Na beleza de um pr de sol ou de uma noite calma, j no sentistes uma alegria intensa e criadora? Em um momento desses, estando o 'eu' temporariamente ausente, ficais suscetveis, abertos Realidade. Essa uma ocorrncia rara, no-buscada, independente de nossa vontade, mas o 'ego', havendo-a provado uma vez, em toda a sua intensidade, quer continuar a se deleitar com ela, e por isso comea o conflito.
No
fundo, geralmente, a nossa vida confuso, desordem, aflio e agonia. Quanto mais sensveis somos, tanto maior o nosso
desespero a nossa ansiedade e o nosso 'sentimento de culpa'. E dessa vida desejamos naturalmente fugir, porque nela no encontramos nenhuma soluo... Desejamos fugir para um outro mundo, para uma outra dimenso. Fugimos por meio da msica, da arte, da literatura; mas, trata-se sempre deuma fuga, e a coisa para que fugimos sem realidade, em comparao com aquilo que estamos buscando. Todas as fugas so iguais, no importa se fugimos pela porta de uma igreja em busca de Deus ou de um Salvador ou pela porta da bebida ou de diferentes drogas. No s temos de compreender o qu e porqu estamos buscando, mas tambm temos de compreender essa necessidade de experincias profundas e duradouras, porque s a mente que nada busca, que no exige experincias de nenhuma forma, poder ingressar em uma esfera ou dimenso inteiramente nova.
S a mente livre pode dar ateno a uma coisa e depois 'soltla' e isso bem diferente de ficar ocupado com ela. A mente ocupada jamais poder ser livre.
Portanto, clareza no o oposto de o que . A compreenso de o que e a transcendncia disso produzem clareza.
vida um contnuo movimento de relaes, e s quando compreendermos essas relaes como um todo e no fragmentariamente poderemos resolver nossos problemas individuais.
mente deve achar-se completamente s, no-influenciada, no-contaminada e, portanto, livre do tempo, pois s ento pode se
Pode-se ver muito claramente como tem incio o condicionamento, como, no mundo cristo, dois mil anos de propaganda levaram venerao da cultura crist, enquanto a mesma coisa sucede no Oriente. assim que a mente, em virtude da propaganda, da tradio, do desejo de segurana, comea a condicionar a si prpria.
Pois
tal o propsito da vida: partir, como centelha de uma Chama, para colher experincia, e, a seu tempo, voltar a se juntar a essa Chama.
Para onde quer que fordes, por onde quer que andeis, existe o
anseio de descobrir uma morada onde possais habitar pacificamente e em tranqilidade, onde vs pensais em se tornar uno com o Reino da Felicidade. H muitos modos de buscar e atingir essa Felicidade, porm, o fim, a meta, a mesma para todos, pertena o homem a que temperamento ou tipo pertencer. Seja qual for o seu meio de atividade no mundo, a meta para ele a conquista da Felicidade e da Libertao. Pois uma vez que tenhais percebido este fim, para atingi-lo deixareis de lado todas as coisas transitrias, todas as causas que passam com o contato da tristeza.
Se
vedes que sois preguiosos, que sois estpidos, e se compreendeis a preguia e olhais de frente a estupidez, sem procurar mud-la noutra coisa, ento, nesse estado, encontrareis extraordinria liberdade, grande beleza, vasta inteligncia.
Quando
a mente est ocupada [agitada], seja com Deus, seja com assuntos culinrios, com uma pessoa, com uma idia, com uma virtude, sua ocupao, inevitavelmente, tende de criar
problemas.
Religio, no verdadeiro sentido da palavra, no cria separao. S a mente realmente humilde no est explorando... Acha-se a
mente no estado de 'no-explorao' quando est em Silncio, sozinha, quando no adquire, nem busca xito, nem galga os degraus da popularidade. S essa mente pode trazer a sanidade a este mundo to cheio de crueldade e explorao.
haver reconciliao do homem e do cidado quando o processo psicolgico do homem for compreendido.
ela est constantemente a buscar segurana ou quando est onerada do desejo de se preencher.
Releva, pois, investigar profundamente a questo do condicionamento, sem nos limitarmos a aceitar a assero de outro
sobre se a mente pode ou no se libertar. Cabe a cada um investigar e libertar a si prprio. Penso que, ento, algo se descobrir alm de todas as palavras, algo verdadeiramente incomunicvel. O homem que realizou, que experimentou por si mesmo essa coisa, um homem verdadeiramente religioso, porque j no est sob a influncia da sociedade essa estrutura de ambio, aquisio, inveja e atividade egocntrica.
Qualquer
escolha entre diferentes influncias denota sempre um estado de mediocridade. A mente que escolhe entre duas influncias e comea a viver em conformidade com a influncia preferida, continua a ser medocre, pois essa mente nunca se acha em um estado de revolta [indignao], e a revolta essencial para que se possa descobrir algo.
Todos ns, velhos e jovens, desejamos ser altamente respeitveis, no verdade? Respeitabilidade implica em reconhecimento por parte da sociedade; e a sociedade s reconhece quem teve xito, quem se tornou importante e famoso, e [cruelmente] despreza o resto. Por isso, adoramos o xito e a respeitabilidade. S quando pouco vos importar se a sociedade vos considera respeitvel ou no, quando no mais buscardes o xito, quando no mais desejardes vos tornar algum, ento, passar a existir intensidade. Isso significa que no existir mais medo, nem conflito, nem contradio interior. Por conseguinte, passareis a dispor de abundante energia para acompanhardes o fato 'at o fim'.
inventar uma ideologia, uma frmula, afirmar que h Deus ou que no h, quando a vida no tem qualquer significado o que verdade vivendo da forma como vivemos... Temos de pr de lado todas as teologias e crenas. Se assim procedermos, ento, deixa de haver qualquer forma de medo. No se pode encontrar a verdade, ou a faculdade divina da compreenso, enquanto estivermos apegados famlia, tradio ou ao hbito. Ela s poder ser encontrada quando estiverdes em plena nudez, despidos de vossos desejos, das esperanas e das cautelas. Nessa simplicidade direta est a riqueza da vida.
a mente religiosa pode promover a ordem neste mundo cheio de confuso e sofrimento. E vossa obrigao vossa e de ningum mais promover, enquanto estais vivendo neste mundo, aquela vida criadora. S essa a mente religiosa, a mente bemaventurada.
Se
uma pessoa sabe que a verdade no pode ser achada por intermdio de ningum, de nenhum livro, de nenhuma religio; se uma pessoa sabe que a Realidade s se torna existente quando a mente est tranqila; que a tranqilidade s pode vir com o autoconhecimento e que o autoconhecimento no lhe pode ser dado por ningum, mas tem de ser descoberto por ela prpria, momento por momento, ento, por certo, aparece uma tranqilidade mental, que no morte, mas uma paz realmente criadora, e s ento pode surgir o Eterno.
Para enfrentar uma coisa inteiramente desconhecida, necessitamos de muita energia, no? E tal s possvel quando j
no existe mais vontade, j no existe mais resistncia, j no existe mais escolha e j no existe mais dissipao de energia. Para enfrentar o que desconhecemos temos de contar com a mais intensa energia, e, quando ocorre essa energia total, haver porventura medo da morte? Ou haver medo de continuar? S quando vivo uma vida de resistncia, de vontade e de escolha que tenho medo de no Ser ou de no Viver. Mas, quando a mente est diante do desconhecido e livre de tudo mais, h uma enorme energia. E nessa Suprema Energia, que Inteligncia, h morte? Verifiquem.
STE DESPRETENSIOSO estudo est inacabado, isto , no pde ser concludo. Motivo: a obra de Krishnamurti monumental. Por isso mesmo no apresentarei nenhuma considerao final. Isso seria, em um certo sentido, apocopar seu pensamento. Creio que para deixar bem claros os conceitos de Krishnamurti sobre a instruo da mente humana atravs de organizaes esotricas o que considero muito importante para a melhor compreenso de sua filosofia libertria torna-se interessante apresentar nesta Monografia um debate que foi feito em torno de uma famososa pergunta endereada a Krishnamurti em 7 de Dezembro de 1947, em Madras: A organizao se torna mais importante que a busca da realidade? Prestem ateno na longa resposta de Krishnamurti e meditem sobre ela... Pergunta: Voc foi anunciado pela Sociedade Teosfica como sendo o Messias e o Instrutor do Mundo. Por que voc saiu da Sociedade Teosfica e renunciou ao papel de Messias? Krishnamurti: Vamos examinar a questo das Organizaes. Existe uma histria bem engraada que conta que o diabo e um amigo estavam passeando quando viram, a sua frente, um homem
abaixar-se e pegar algo brilhante do cho. Ele olhou para aquilo com deleite, colocou-o no bolso e continuou caminhando. O amigo perguntou: "O que aquele homem achou que o transformou tanto?" O diabo respondeu: "Eu sei, ele encontrou a verdade." "Por Deus!"- exclamou seu amigo: "Isto deve ser um mau negcio para voc!". "De jeito nenhum"- o diabo respondeu com um sorriso malicioso: "Vou ajud-lo a organiz-la, a institucionaliz-la, voc vai ver s!" Pode a verdade ser organizada? Voc pode encontrar a verdade atravs de uma organizao institucional? Para encontrar a verdade, voc no deve ir alm e acima de todas as organizaes mundanas? Afinal de contas, por que todas as organizaes espirituais existem? Elas esto baseadas em diferentes crenas, no? Voc acredita em uma coisa e o outro acredita nisso tambm e em volta dessa crena vocs formam uma organizao, uma associao. E qual o resultado? Crenas e organizaes esto sempre separando as pessoas, excluindo umas das outras; voc um hindu e eu sou um mulumano, voc um cristo e eu sou um budista. Crenas, ao longo de toda Histria, atuaram como uma barreira entre os seres humanos, e qualquer organizao, baseada em crena, deve inevitavelmente produzir guerra entre os seres humanos; e isso tem acontecido vezes sem conta. Ns falamos de fraternidade, mas
se voc tem uma crena diferente da minha, estou pronto para cortar sua cabea; ns temos visto isso acontecer inmeras vezes. As organizaes so necessrias? Voc entende que no estou falando das organizaes formadas para convenincia mtua dos seres humanos na sua existncia cotidiana, como Correios, etc. Estou falando das organizaes psicolgicas e das chamadas organizaes espirituais. Elas so necessrias? Elas existem na suposio que iro ajudar o ser humano a encontrar a verdade, ou Deus, ou seja l o que voc queira. Elas so um meio de propaganda, para converter o outro, para aumentar o nmero de adeptos, etc; voc quer falar para os outros o que voc pensa, ou o que voc aprendeu, o que parece ser verdadeiro para voc. E a verdade pode ser propagada? O que verdade para algum, quando propagado, certamente deixa de ser verdade para o outro. No? Certamente, a realidade, Deus ou seja l o nome que voc der a isso, no para ser propagado. Cada um deve experimentar por si mesmo e essa experincia no pode ser organizada; no momento que organizada, propagada, ela cessa de ser verdade, ela se torna uma mentira, portanto, um impedimento realidade, porque, afinal de contas, o real, o imensurvel, no pode ser formulado, no pode ser colocado em palavras, o desconhecido no pode ser medido pelo conhecido, pela palavra, e quando voc
o mede, ele cessa de ser verdade, deixa de ser real e, portanto, uma mentira - e somente uma mentira que pode ser propagada. E organizaes, que supostamente esto baseadas na busca da verdade, fundadas para a busca do real, tornam-se instrumentos dos propagandistas, e assim elas deixam de ter qualquer significado; no apenas a organizao que est em questo, mas todas as organizaes espirituais, elas se tornam meios de explorao. Elas adquirem propriedades e a propriedade se torna tremendamente importante; passam a procurar mais membros e comea todo aquele negcio; as pessoas no vo encontrar a verdade porque a organizao se torna mais importante que a busca da realidade. E nenhuma verdade pode ser encontrada atravs de qualquer organizao porque a verdade vem quando existe liberdade, e liberdade no pode existir quando existe crena, pois crena apenas o desejo de segurana, e a pessoa que est presa na sua necessidade de segurana nunca pode descobrir a verdade. Agora, a respeito do papel de messias, muito simples. Eu nunca neguei isso e no penso que tenha grande importncia se eu neguei ou no. O que importante para voc se o que eu digo verdade. Assim, no se prenda ao rtulo, no d importncia ao nome. Se eu sou o instrutor do mundo ou messias, ou qualquer outro, certamente sem importncia.
Se o nome se tornou importante, ento voc vai deixar escapar a verdade do que estou dizendo, porque voc ir julgar pelo rtulo, e o rtulo inconsistente. Algum vai dizer que eu sou o messias, e outro vai dizer que no sou, e onde voc fica? Fica na mesma confuso e na mesma misria, no mesmo conflito. Assim, certamente a questo tem muito pouco significado. Sinto muito desperdiar seu tempo com essa questo. Se eu sou ou no o messias de muito pouca importncia. Mas o que importante, se voc realmente srio, descobrir se o que digo verdade, e voc s pode descobrir se o que eu digo verdade, examinando-o, e estando agora atento ao que estou dizendo e descobrindo se o que estou dizendo pode ter efeito na sua vida diria. O que estou dizendo no to difcil de entender. O intelectual ir achar muito difcil porque sua mente est distorcida, e o devoto tambm ir achar extremamente difcil, mas a pessoa que est realmente procurando ir entender por causa da sua simplicidade. E o que estou dizendo no pode ser posto em poucas palavras e no vou tentar diz-lo em poucas palavras. As vrias palestras que eu tenho dado e minhas respostas s perguntas iro revelar isso, se voc est interessado no que estou dizendo. Um dia, farei um segundo volume ou um ensaio mais consistente sobre um tema especfico das concertadas reflexes sobre Krishnamurti e seu pensamento mstico-inicitico.E finalmente: se
eu tivesse que escolher trs palavras para definir a essncia dos textos de Krishnamurti que li, escolheria: LIBERDADE MSTICA ATESTA. Janeiro de 2007,
RodolfoR+C
----------------------------------------------------------------------------------------NOTAS DO AUTOR Pginas da Internet e Websites Consultados: Lista Christian Rosenkreutz na Yahoo, mensagens de Robespierre e Alexandre David (Hercules): http://br.groups.yahoo.com/group/christianrosenkreutz/ http://www.impactconsulting.co.uk/Coaching/conflict-management.htm http://tuljo.store20.com/krishnamurti/portuguese/index.php http://www.katinkahesselink.net/kr/ http://en.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti http://pt.wikiquote.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti http://www.kfa.org/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti http://www.j-krishnamurti.org/JKrishnamurti.html http://www.sacred-texts.com/time/index.htm http://www.astrosurf.com/cidadao/animations.htm http://www.cuidardoser.com.br/coletanea-krishnamurti.htm http://www.krishnamurti.org.br/
http://www.cuidardoser.com.br/coletanea-krishnamurti.htm
Entre outras fontes, foram consultados os seguintes textos e palestras de Krishnamurti: A alegria de viver, A busca do homem, A casa est pegando fogo, A compreenso do sofrimento, A deteriorao do homem, A experincia religiosa da meditao, A iluso de separatividade, A importncia da crise, A importncia de um crebro completamente quieto, A mentalidade religiosa, A mente religiosa, A mente religiosa e a mente cientfica, A mente revoltada, A mente sofredora, A natureza da liberdade, A ordem interior, A real funo da educao, A realidade transcendental, A verdade libertadora, A verdade no individual e nem coletiva, A verdadeira revoluo, A verdadeira revoluo (texto 2), Como que as pessoas se tornam neurticas?, Como conhecer a si mesmo?, Compreendendo a percepo, Conversas fteis, Crenas, preconceitos, dogmas e idias, Dilogos sobre a busca de segurana, Dilogo sobre a crena e a confiana, Dilogo sobre a dependncia dos guias, Dilogo sobre a educao, Dilogo sobre conflito, Dilogo sobre descontentamento, Dilogo sobre desordem mental, Dilogo sobre experincia espiritual, Dilogo sobre mudana interior, Dilogo sobre o trabalho, Dilogo sobre profisso, Dilogo sobre relacionamentos, Dilogo sobre solido, Dilogos sobre a solido II, Dilogos sobre mudanas, Dilogos sobre o meio de vida correto, Educao sem disciplina, Educar o educador, possvel a mente humana perceber a verdade?, Existe ou no existe Deus?, Existe uma razo para a nossa existncia?, Existe uma vida futura?, Isolamento e estar s, Krishnamurti em Los Alamos, Levando a mensagem, Liberdade Mental, Liberdade religiosa, Liberte-se das influncias, Mentalidade religiosa, Mente livre, Nada condenvel, No importa se voc morrer, O alcanar da Realidade, O amor, O amor um sentimento?, O desenvolvimento do correto pensar, O entendimento fundamental, O fim do conflito, O florescer interior, O homem no mundo, O maior problema do homem, O observador e a coisa observada, O pensamento a origem do medo, O poder criativo, O problema da insegurana, O problema da transformao, O que buscamos todos ns?, O que liberdade?, O que uma mente medocre?, O que existe alm indescritvel, Os problemas humanos, Perenidade espiritual, Perguntas e respostas, Pode a mente medocre se preencher?, Pode a mente ultrapassar a conscincia coletiva?, Pode o homem mudar?, Porque autoridade Captulo 1, Porque autoridade Captulo 2, Porque tenho dio de mim?, Qual a funo de um mestre?, Qual a relao do individuo com a sociedade?, Qual a verdadeira funo de um educador?, Que buscamos ns?, Que o amor?, Que so sonhos?, Que significa ser religiosamente livre?, Que sou eu?, Quem traz a verdade, Religio, Sanidade mental e meditao, Ser livre, Ser um
bom cidado ou ser um bom homem?, Sobre a deteriorao da mente, Sobre a importncia dos retiros, Sobre a libertao dos condicionamentos, Sobre a mediocridade, Sobre a realizao espiritual, Sobre a solido, Sobre a solido 2, Sobre a solido 3, Sobre conflitos, Sobre o morrer todos os dias, Sobre o sofrimento, Sobre o vazio existencial, Texto representativo da obra de Krishnamurti, The Voice of Intuition, Um modo de viver plenamente, Uma dimenso diferente, Uma nova maneira de viver, Uma radical revoluo, Verdade e Conforto, Vida criadora, Viver sem temor, Vontade e energia. ----------------------------------------------------------------------------------------NOTA DO EDITOR: (*) O Professor Dr. Rodolfo Domenico Pizzinga Doutor em Filosofia, Mestre em Educao, Professor de Qumica, Membro da Ordem de Maat, Iniciado do Stimo Grau do Fara, Membro dos Iluminados de Kemet, Membro da Ordem Rosacruz AMORC e Membro da Tradicional Ordem Martinista. autor de dezenas de monografias, ensaios e artigos sobre Metafsica Rosacruz. Seu web site pessoal : http://paxprofundis.org Visite o Site Oficial dos Iluminados de Khem, que disponibiliza Monografias Pblicas para a Nova Era Mental: http://svmmvmbonvm.org/aum_muh.html
Monografia produzida por IOK-BR com OpenOffice.org/Linux Distro: Mandriva 10.2/KDE 3.4 Publicada em Janeiro de 6247 AFK (2007CE) Distribuio (gratuita) permitida