Luíz Vaz de Camões
Luíz Vaz de Camões
Luíz Vaz de Camões
Vida
Não são muitas as informações sobre a vida de Camões, pois enquanto ele
viveu nenhum de seus contemporâneos fez qualquer referência à sua pessoa.
Somente depois da morte de Camões é que houve breves referências à sua
vida, feitas por escritores que o conheceram. No entanto, seus dados
biográficos puderam ser estabelecidos tanto a partir de alguns poucos
documentos relativos a ele e à sua família, como a partir das muitas alusões à
sua própria vida que se encontram ao longo de toda sua obra.
Infância e Juventude.
A obra de Camões é composta sobretudo pela poesia épica e pela poesia lírica.
A poesia épica é representada por Os Lusíadas e a poesia lírica por vários
tipos de poemas, que recebem o título geral de Rimas. A esses dois conjuntos,
que constituem o essencial da obra camoniana, acrescentam-se três autos —
Anfitriões, El-Rei Seleuco e Filodemo — e quatro cartas. Os autos não
atingem maior nível, nem em relação à sua poesia, nem em relação aos outros
autores de peças teatrais da época. As cartas, por sua vez, têm validade como
documentos autobiográficos. Além de Os Lusíadas, somente três pequenos
poemas líricos foram publicados durante a vida de Camões: a ode Aquele
único exemplo, nos Colóquios dos simples e drogas e coisas medicinais da
Índia (1563), de Garcia da Orta; a elegia Depois que Magalhães teve tecida e
o soneto Vós, ninfas da gangética espessura, nas páginas iniciais do livro
História da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamam Brasil (1576),
de Pero de Magalhães Gândavo. Assim, praticamente toda a obra lírica, a obra
dramática e as cartas são de publicação póstuma. Por isso surgiram sérios
problemas quanto à autenticidade de muitos textos, sobretudo da obra lírica.
Houve edições que publicaram vários textos que na verdade não eram de
Camões. Por outro lado, houve edições que, por excesso de cuidados,
deixaram de publicar muitos textos que mais tarde se pôde comprovar serem
de Camões. Actualmente, de acordo com os critérios de crítica textual e graças
ao trabalho de vários estudiosos, entre os quais Wilhelm Stoyck, Agostinho de
Campos, José Maria Rodrigues, Afonso Lopes Vieira, Hernâni Cidade, Costa
Pimpão, Emanuel Pereira Filho e Jorge de Sena, pode-se atribuir a Camões,
com uma margem bem grande de certeza, as seguintes obras: 211 sonetos, 15
canções, três sextinas, 13 odes, 11 elegias, cinco oitavas, nove éclogas, 142
redondilhas, os três autos e as quatro cartas, além de Os Lusíadas. No caso de
Os Lusíadas, houve especificamente problemas derivados da descuidada
revisão de suas primeiras edições. Por isso surgiram várias edições
extremamente incorrectas, o que veio sendo solucionado por diversos
estudiosos que se dedicaram ao estabelecimento do texto autêntico.
O Lusíadas, tanto por sua linguagem como pela fusão de elementos clássicos e
modernos, é o maior monumento literário da língua portuguesa. Já em 1580,
pouco antes da morte de Camões, o poema foi traduzido para o espanhol. No
correr dos séculos, surgiram sucessivas traduções para o italiano, inglês,
francês, alemão, russo, polonês, dinamarquês, sueco, húngaro e romeno, o que
atesta sua repercussão internacional.
Rimas é o título que em todas as edições se tem dado ao conjunto da obra
lírica de Camões — a exemplo da obra do mesmo género de Petrarca. As
Rimas foram publicadas pela primeira vez em 1595 por Fernão Rodrigues
Lopo Soropita. São constituídas por composições de vários tipos, que podem
ser agrupadas de acordo com três correntes poéticas predominantes em
Portugal no séc. XVI: a peninsular (cantigas, pastoris, glosas, vilancetes), a
italiana (sonetos, sextinas, canções, composições em oitava-rima) e a greco-
latina (éclogas e elegias).