Técnicas de Redação
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REDAO
Governo Federal
Ministrio da Educao
Projeto Grco
Secretaria de Educao a Distncia SEDIS
EQUIPE SEDIS
UFRN
Reviso Tipogrca
Adriana Rodrigues Gomes
Margareth Pereira Dias
Nouraide Queiroz
Design Instrucional
Janio Gustavo Barbosa
Jeremias Alves de Arajo Silva
Jos Correia Torres Neto
Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade
Reviso de Linguagem
Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade
Reviso das Normas da ABNT
Vernica Pinheiro da Silva
Adaptao para o Mdulo Matemtico
Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho
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por
Desde a pr-histria, o homem sentiu a necessidade de se comunicar, e essa
comunicao realiza-se atravs de textos. Para voc, o que um texto? Como esse
texto se apresenta?
Na disciplina Redao, estudaremos noes bsicas da produo textual, enfatizando
a redao tcnica e oficial, com o propsito de oferecer subsdios para a leitura e a
produo eficiente de textos em diferentes gneros discursivos.
Nesta primeira aula, estudaremos a noo de texto numa perspectiva mais ampla,
tratando tanto da produo de textos verbais quanto de textos no-verbais e do conceito
de gnero discursivo. Utilizaremos, para isso, textos presentes no nosso cotidiano.
Objetivos
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Redao A01
Para comeo
de conversa...
Na tirinha acima, percebemos que, se for feita uma leitura isolada do primeiro quadrinho,
o leitor achar que Helga est preocupada com o bem-estar do seu marido. Porm,
ao confrontarmos com o segundo, constatamos que, na realidade, Helga desistiu de
tentar desembaraar a barba de Hagar porque sempre quebra os pentes. O humor da
tirinha est justamente nessa quebra de expectativa, pois a imagem que o leitor criou
de Helga uma esposa cuidadosa e dedicada por tratar at da barba do cnjuge d
lugar a outra bem diferente: a esposa que se importa mais com os bens materiais do
que com o companheiro.
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Redao A01
Essa tirinha um bom exemplo para explicitarmos dois dados imprescindveis na leitura
de qualquer texto. Vejamos.
O primeiro se refere ao sentido global de um texto. importante perceber que, em
um texto, o significado de cada parte no independente. As partes devem estar
correlacionadas e, portanto, devem convergir para uma interpretao integral do
contedo. Comprovamos isso na tirinha de Hagar, o horrvel, quando reinterpretamos
o primeiro quadrinho em funo do que aparece no segundo.
O segundo evidencia que o sentido de um texto no se d pela simples somatria de
suas partes, mas pela combinao geradora de sentidos. Se no fosse dessa forma, o
leitor entenderia, no primeiro quadro, que Helga uma esposa atenciosa e, no segundo,
no inferiria sobre o que a esposa de Hagar estaria respondendo.
Resumindo, o sentido das partes de um texto no autnomo. Ele depende da relao
com as demais partes. Alm disso, o sentido do todo no a mera soma do sentido
das partes do texto, mas das vrias relaes que se estabelecem entre elas.
Alm disso, vlido ressaltar que, no processo de atribuio de sentido, tambm temos
de considerar a inteno comunicativa do texto. Com isso, queremos afirmar que os
textos orais e/ou escritos e, tambm, os textos no-verbais expressam uma mensagem
que est alm de seus elementos explcitos.
Isso significa que os textos podem sugerir, indicar, insinuar, mandar sem que,
para tanto, seja necessrio usar esses verbos. Cabe ao leitor interpretar o querer dizer
do texto. Vejamos um exemplo de texto oral, um dilogo entre dois amigos.
Pedro: - Aceita um cafezinho, Joo?
Joo: - Quando tomo caf no durmo bem. Obrigado.
Observe que Joo no foi taxativo na recusa. Ao afirmar que no dorme bem quando
toma caf, ele teve a inteno de negar a proposta de Pedro, explicando a ele a razo
para essa negativa. Na sequncia, mesmo sem aceitar o caf, ao agradecer, Joo se
mostra um rapaz educado. Se for um bom entendedor, Pedro no insistir no convite
nem ficar ofendido pela recusa.
No-verbais
Em latim, verbum
quer dizer palavra.
Logo, textos verbais
so aqueles que se
utilizam de palavras,
que podem ser
escritas (textos
escritos) ou faladas
(textos orais).
Portanto, quando
se diz que um texto
verbal, ele pode
se apresentar por
escrito ou oralmente.
J um texto no
verbal concretizado
por meio de cores,
imagens, ilustraes,
gestos ou outro
cdigo qualquer que
no use palavras.
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Redao A01
Praticando...
Praticando...
2. Agora, leia a mesma tirinha novamente, mas dessa vez sem a omisso do
ltimo quadro.
A inteno comunicativa do texto que voc acabou de ler a mesma do texto 1? Se for
diferente, escreva-a a seguir, tambm em um s perodo.
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Redao A01
Nesta aula, j usamos vrias vezes a palavra texto. Essa palavra utilizada
nas mais diferentes esferas de atividade, tais como a escola, o trabalho,
a casa etc. Todavia, apesar de ser bastante usual, seu conceito no to
simples, mesmo para aquelas pessoas que a empregam habitualmente.
Quando interagimos com outras pessoas atravs da linguagem, independente
do objetivo ou da modalidade (oral ou escrita), comunicamo-nos atravs
de textos.
Os textos do corpo aos gneros, os quais, por sua vez, representam
esquemas mais amplos relacionados a temas, a estilo, e a estruturas mais
ou menos preestabelecidas.
Mas, afinal, o que texto e o que gnero discursivo?
Noes de texto
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Redao A01
Intil
Composio: Roger Rocha Moreira
Intrprete: Ultraje a Rigor
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Redao A01
Praticando...
Praticando...
1. A letra da msica Intil pode nos oferecer a impresso de que o grupo Ultraje a
Rigor no conhece algumas regras de concordncia verbal e nominal. Voc poderia
identificar os problemas que justificariam essa impresso? Cite-os no espao abaixo.
3. O texto no verbal a seguir dialoga com a letra da msica do grupo Ultraje a Rigor?
Justifique sua resposta.
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Redao A01
Epopeia
Epopeia uma
narrativa literria de
grande extenso e
carter heroico que
atinge interesses
sociais e nacionais,
onde se movimentam
deuses e heris.
A atividade que acabamos de fazer nos ajuda a concluir que texto um composto, verbal
ou no-verbal, organizado de sentido, delimitado por dois brancos e produzido por um
sujeito num dado tempo e espao. importante ressaltar que no h um tamanho
preestabelecido para os textos. Pode ser um simples oi ou uma epopeia com mais
de mil pginas. Desde que seja produzido com um determinado fim e faa sentido para
algum, ser considerado texto. O texto a unidade bsica da comunicao.
Para um texto existir, faz-se necessria uma cena enunciativa composta de
alguns elementos:
Fonte: www.netsaber.
com.br
Praticando...
Praticando...
1. Agora a sua vez de ajudar a produzir um texto. Tendo como base tudo o que voc
j aprendeu at aqui, observe a inteno comunicativa da tirinha abaixo a partir da
leitura do no-verbal e, depois, preencha os quadros com falas adequadas para a
situao. Lembre-se de dar um ttulo ao texto.
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Redao A01
Quadro 2:
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Redao A01
Quadro 7:
Quadro 8:
Gneros discursivos
Conforme j vimos, quando nos comunicamos, produzimos textos que tm uma
padronizao mais ou menos recorrente, ou seja, eles tendem a se repetir nos seguintes
aspectos: contedo (tema), linguagem (estilo) e estrutura.
A existncia de certa regularidade nos faz reconhecer que um bilhete diferente de uma
certido de nascimento que, por sua vez, difere de um poema, que tem uma organizao
diferente de uma entrevista, que no se confunde com um ofcio nem com um relatrio.
E por a se multiplicam os exemplos.
Stira
menipeia
Stira menipeia:
texto de carter srio
cmico que mistura
temas filosficos com
assuntos de retrica
e dialtica. Exemplo:
ROTTERDAM,
Erasmo. Elogio da
loucura. So Paulo:
Martim Claret, 2000.
Com isso, queremos dizer que os leitores tendem a reconhecer determinadas cristalizaes
histricas e socioculturais de prticas de linguagem que so necessrias s atividades
humanas. Em outras palavras, quanto mais experincias de leitura desenvolvemos mais
possibilidades de reconhecer determinados gneros discursivos temos.
Os gneros discursivos aparecem e desaparecem conforme a necessidade de
comunicao das sociedades. Por isso, de acordo com a evoluo da sociedade, pode
nascer um novo gnero (os scraps do Orkut), assim como pode desaparecer algum
que esteja sendo pouco utilizado ou que deixou de ser utilizado (carta de alforria e a
stira menipeia, por exemplo).
possvel ainda que um gnero sofra uma mudana, ou vrias, at se transformar
em um novo gnero discursivo. Alguns linguistas (cientistas da linguagem) alemes
descobriram que h mais de quatro mil gneros do discurso. Outros afirmam ser essa
lista infindvel, dada a constante possibilidade de surgimento de gneros em funo
das atividades cotidianas.
claro que no somos obrigados a conhecer todos; todavia, devemos ser capazes de
reconhecer aqueles que so mais comuns no nosso cotidiano: tirinha, piada, charge,
artigo, carta, e-mail, bilhete, ofcio, memorando, ata, parecer, relatrio, contrato,
currculo... Ufa! E outros mais que forem sendo necessrios no decorrer de nossas vidas.
O conhecimento sobre os gneros de grande importncia para uma leitura eficiente
de textos, pois os textos do corpo aos gneros. A via a esse conhecimento bem
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Conhecimento lingustico
o conhecimento que se tem a respeito do funcionamento interno da lngua:
ortografia, sintaxe, prosdia, pontuao etc. O enunciador precisa saber
encadear oraes, estabelecer a concordncia devida entre as palavras, usar
corretamente a ortografia e a pontuao, selecionar palavras adequadas ao
tema desenvolvido. Se o enunciador no tiver uma competncia lingustica
bem desenvolvida, poder ter dificuldades de produzir textos que requeiram,
por exemplo, construes sintticas mais complexas.
Conhecimento enciclopdico ou de mundo
o conjunto de informaes que possumos a respeito de um ou de
mltiplos temas. Esse saber enciclopdico varia, evidentemente, em funo
da sociedade em que o indivduo est inserido e da experincia de cada um.
Ele necessrio na produo de um texto para que o enunciador demonstre
se est suficientemente informado sobre o tema a ser desenvolvido, se tem
conhecimentos gerais sobre o mundo. Sem dvida, ter um bom repertrio
de informaes faz a diferena na hora de produzir um bom texto.
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Conhecimento interacional
Consiste basicamente em fazer-se entender pelo(s) ouvinte(s)/leitor(es) por
meio de uma adequada escolha do gnero discursivo, do tipo de registro
de linguagem a ser utilizado (hiperformal, formal, informal) e da quantidade
e complexidade das informaes (grau de informatividade). Tudo isso
analisado em funo da situao na qual se deseja comunicar.
Praticando...
Praticando...
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Redao A01
AVISO
Haver hoje. No Ginsio de Esportes Miguel Felinto de Arajo a primeira partida
de bal clssico do grupo Corpus. A Prefeitura Municipal de Passa e Vai Embora
ter a onra de acolhlo neste momento de laser.
Para adquirir o ingresso e mais informaes entrem em contato conosco.
a) Em sua opinio, o texto lido responde bem situao de comunicao proposta pelo
Secretrio de Esportes?
Por qu?
exemplo de inadequao.
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j) Feitas todas essas crticas ao texto original, chegou sua vez de colaborar no processo.
Redija outra verso desse texto, a fim de adequ-lo situao comunicativa proposta
pelo Secretrio de Esportes. Use, para tanto, o espao a seguir.
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Leituras complementares
COSTA, Srgio Roberto. Dicionrio de gneros textuais. Belo Horizonte: Autntica
Editora, 2008.
Nesse livro, esclarecem-se conceitos relacionados compreenso dos gneros. Cerca
de 400 verbetes incluem desde os gneros mais cotidianos at os mais sofisticados
(e dos mais tradicionais aos mais recentes) tanto orais quanto escritos. Vale lembrar
que esse livro no dar conta de todos os gneros e de cada um em sua totalidade,
mas uma boa indicao para complementar nossas leituras.
FIORIN, Jos Luiz; SAVIOLI, Francisco Plato. Lies de texto: leitura e redao. 4. ed.
So Paulo: Editora tica, 1999.
O livro de Fiorin e Savioli praticamente um clssico entre os didticos que se voltam
para a leitura e a produo de textos. Esse livro apresenta uma exposio terica muito
clara, textos comentados, exerccios de leitura e propostas de redao instigantes.
Na aula 1, vimos que o texto pode ser verbal, no-verbal ou ainda verbal e noverbal, mas sempre responde a um fim especfico (gerado em uma situao
de comunicao) e produzido por um enunciador que est mergulhado em
peculiaridades de um dado lugar e tempo. Vimos tambm que todo texto
um composto de sentido construdo a partir de macromodelos (gneros)
os quais apresentam certa recorrncia quanto aos seguintes elementos:
contedo (tema), linguagem (estilo) e estrutura.
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a) gnero:
b) inteno comunicativa:
c) estilo:
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d) estrutura:
Texto 2
Bella
Ana Elisa Faria
Minha av sempre dizia: se quiser que Deus d risada, conte seus planos a
Ele. A frase de Jos - personagem interpretado pelo gal, ator e cantor Eduardo
Verstegui - na primeira cena de Bella, quando comea a narrar sua histria com
ceticismo sobre a vida e seu desenrolar. Jos chef de um restaurante tipicamente
mexicano em Nova York. Antes, entretanto, foi craque de um grande time de futebol,
mas teve a carreira interrompida no pice do sucesso. J Nina (Tammy Blanchard)
tem a vida toda chacoalhada ao saber, quase simultaneamente, que est grvida,
sozinha e acaba de ser demitida do emprego de garonete. Pronto, um prato
cheio para o drama de duas pessoas que compartilham, durante um passeio pela
cidade e seus arredores, anseios, frustraes, culpas e alguns clichs. Assim
como um destino em comum, que vem para confirmar a impermanncia de viver.
Com dilogos ora em ingls, ora em espanhol, Bella o primeiro longa-metragem
dirigido pelo mexicano Alejandro G. Monteverde, que estreou de cara vencendo o
prmio de melhor filme do jri popular do Festival de Toronto de 2006. Com traos
leves de humor, a trama narrada em fragmentos, onde lembranas do passado
se confundem com fatos do presente, numa sucesso de belezas delicadas e
densa dramaticidade.
Nome original: Bella.
Pas: Mxico/EUA.
Ano de lanamento: 2006
Diretor: Alejandro Gmez Monteverde.
Elenco: Eduardo Verstegui e Tammy Blanchard.
Durao: 91 min.
Distribuidora: Califrnia.
Gnero: drama.
Classificao: a definir.
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a) gnero:
b) inteno comunicativa:
c) estilo:
d) estrutura:
Texto 3
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Fonte: <http//oscertinhoseosseresdoabismo.blogspot.com/2008>.
Acesso em: 14 maio 2009.
a) gnero:
b) inteno comunicativa:
c) estilo:
d) estrutura:
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Texto 4
a) gnero:
b) inteno comunicativa:
c) estilo:
d) estrutura:
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Texto 5
a) gnero:
b) inteno comunicativa:
c) estilo:
d) estrutura:
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Referncias
COSTA, Srgio Roberto. Dicionrio de gneros textuais. Belo Horizonte: Autntica
Editora, 2008.
FIORIN, Jos Luiz e SAVIOLI, Francisco Plato. Lies de texto: leitura e redao. 4. ed.
So Paulo: Editora tica, 1999.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. 2. ed. So Paulo:
Contexto, 2006.
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