A Contribuição Da Arte para A Educação Infantil
A Contribuição Da Arte para A Educação Infantil
A Contribuição Da Arte para A Educação Infantil
ARTE E EDUCAO:
A CONTRIBUIO DA ARTE PARA A EDUCAO INFANTIL E
PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
LONDRINA
2009
ARTE E EDUCAO:
A CONTRIBUIO DA ARTE PARA A EDUCAO INFANTIL E
PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
LONDRINA
2009
Prof.
Ms.
Gilmara
Lupion
ARTE E EDUCAO:
A CONTRIBUIO DA ARTE PARA A EDUCAO INFANTIL E
PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
COMISSO EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Orientadora: Ms. Gilmara Lupion
Moreno
Universidade Estadual de Londrina
__________________________________
Prof. Ms. Andria Maria Cavaminami
Lugle
Universidade Estadual de Londrina
__________________________________
Prof. Ms. Cristina Nogueira de Mendona
Universidade Estadual de Londrina
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me concedeu vida e nela me conduziu com o seu amor infinito para que
encontrasse a fora necessria para superar todos os desafios.
minha famlia, aos amigos e ao meu namorado pelo carinho e compreenso nos
momentos mais difceis destes anos de formao.
A todos os professores que durante a graduao contribuiram para minha formao
acadmica, de modo muito especial a minha orientadora neste trabalho, a
professora Ms. Gilmara Lupion Moreno pela sua dedicao e preciosa ateno e
cuidado.
A todos que direta ou indiretamente ajudaram para que a realizao deste rduo e
valoroso trabalho se concretizasse.
LISTA DE ILUSTRAES
SUMRIO
INTRODUO ......................................................................................................... 8
1. A ARTE NA EDUCAO INFANTIL E NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL ...................................................................................... 12
1.1 A arte e os precursores da escola infantil ......................................................... 12
1.2 A arte e o referencial curricular nacional para a educao infantil .................... 14
1.3 A arte e os parmetros curriculares nacionais .................................................. 18
2. A ARTE E A CONSTRUO DO CONHECIMENTO ......................................... 21
2.1 A superao da mera transmisso de conhecimento ........................................ 22
2.2 A contribuio da arte para a educao humana ............................................ 25
3. A ARTE NA FORMAO DE PROFESSORES DE EDUCAO INFANTIL
E DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL .......................................... 29
3.1 A arte e o trabalho do professor na educao infantil e nos anos iniciais ......... 32
3.1.1 Leitura e Releitura de Obras de Arte .............................................................. 33
3.1.2 Artes com a Natureza ..................................................................................... 36
3.1.3 Desenho ......................................................................................................... 37
3.1.4 Ateli .............................................................................................................. 43
3.1.5 Teatro ............................................................................................................. 44
3.1.6 Msica e Dana .............................................................................................. 46
3.1.7 Poesia ............................................................................................................. 49
CONSIDERAES FINAIS .................................................................................... 52
REFERNCIAS ........................................................................................................ 54
INTRODUO
10
11
12
13
14
como
essenciais,
as
vivncias
artsticas
em
sala
de
aula,
15
Natureza
Sociedade,
Matemtica,
Msica e Artes
Visuais.
Considerando-se que apresenta, como foco de estudo, a arte, nas suas diferentes
linguagens, sero explorados, aqui, os eixos de trabalho Msica e Artes Visuais.
J na Grcia Antiga, a msica era considerada essencial para a formao do
cidado. Por ter o poder de integrar aspectos sensveis, afetivos, estticos,
cognitivos e de comunicao social. A linguagem musical um excelente meio para
o desenvolvimento da expresso, do equilbrio, da auto-estima e autoconhecimento,
alm de um poderoso meio de integrao social (RCNEI, 1998, p. 49).
Ao se trabalhar variados repertrios musicais, possibilita-se s crianas a
apropriao de novos conceitos. Assim, ao se identificarem ou no com determinada
msica, estaro desenvolvendo o autoconhecimento que lhes propicia a expresso
de sentimentos, anseios, medos e interesses prprios.
Ao discorrer sobre a msica na educao infantil, vila e Silva (2003)
ressaltam que a msica inerente natureza do homem. Desde recm-nascido, o
indivduo comea a emitir sons e a organiz-los como pequenas melodias. Tambm
o RCNEI (1998) aponta que, precocemente, a criana estabelece contato com a
msica, por meio das canes de ninar, cantaroladas por membros da famlia, por
exemplo. Sendo assim, j na mais tenra idade, em seu cotidiano, a criana
internaliza noes de linguagem musical, as quais passam a fazer parte da sua
bagagem de conhecimentos. Neste sentido, vila e Silva lembram que:
A msica no um fator externo em relao ao homem - provm do
seu interior, inerente sua natureza. Ela est presente em todo
universo, inspirando a expresso musical humana. Trata-se de uma
segunda linguagem materna. Por esse motivo, toda criana tem
direito a uma educao musical que lhe possibilite desenvolver o
potencial de comunicao e expresso embutido nessa linguagem
(VILA e SILVA, 2003, p. 76).
16
as
verdadeiras
contribuies
que
elas
podem
trazer
para
17
18
19
fotografias,
produes
informatizadas,
alm
de
construes
20
21
Diga-me e eu esquecerei.
Ensina-me e eu lembrarei.
Envolva-me e eu aprenderei.
(Benjamim Franklin)
Para se compreender como as artes, em suas diversas formas, contribuem
para a construo do conhecimento humano, necessrio investigar o que e como
se d a construo do conhecimento.
Segundo Moreno (2001), para se compreender o que o conhecimento,
possvel apoiar-se em variadas perspectivas, entre elas: a filosfica, a psicolgica e
a histrica. Conforme Sousa apud Moreno (2001), a perspectiva filosfica entende
que o conhecimento o resultado da apropriao, pelo homem, de dados empricos
e de ideias, na busca de entendimento da realidade.
Na perspectiva de Piaget (1980), o conhecimento configura-se como uma
construo contnua de mediao entre o sujeito e o objeto, ou seja, entre o meio
fsico e o social. Nessa ao, o indivduo constri novas estruturas mentais,
estabelecendo condies e capacidades prprias de conhecer.
Sendo assim, o indivduo no aprende como se ele fosse um depsito de
informaes. No processo de construo de conhecimento, o indivduo sujeito
ativo, s vai aprender significativamente se houver uma interao com o objeto.
Com base na teoria piagetiana, o indivduo sujeito do processo de
construo do seu conhecimento e esse processo s possvel mediante a sua
ao. importante ressaltar que um trabalho artstico sempre carrega a marca do
seu criador, ou seja, traz embutida, em si, a ao do sujeito que a criou, que fruto
de sua interao com o meio e com o prprio objeto criado. Nesse processo, o
indivduo capaz de construir o entendimento de novos conceitos referentes a
materiais e a tcnicas utilizadas, o que se d nas artes plsticas, na dana, no
teatro, na msica, e na produo de poesias. As Artes constituem atividades pelas
quais o indivduo despertado para a criatividade, a qual se acentua com a prtica.
Para Mitjns Martinez (2000, p. 54), criatividade o processo de descoberta
ou produo de algo novo, que cumpre exigncias de uma determinada situao
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social, processo que, alm disso, tem um carter personolgico, ou seja, carrega
aspectos da personalidade.
O ato criativo um processo que sempre traz algo da pessoa que o executa.
Uma pintura, por exemplo, por mais que uma pessoa tente faz-la igual a uma outra,
nunca o ser, sempre apresentar algo diferente. Como processo de criao do
novo, a arte favorece a superao, do que igual, da reproduo, favorece o
desenvolvimento de uma aprendizagem mais significativa e criativa.
2.1 A superao da mera transmisso de conhecimento
A transmisso de conhecimentos ou informaes permite que se conhea o
que ainda no se conhecia. No se pode negar que parte dos conhecimentos
aprendidos e que um dia foram construdos, so transmitidos por pais, professores e
amigos, conhecimentos estes que so alvo de indagaes e de dvidas, mas que,
muitas vezes, so repassados, erroneamente, como verdades absolutas.
A transmisso uma das formas de se propiciar a aquisio de
conhecimento, mas no a nica e nem a melhor maneira de efetivar um processo
de ensino/aprendizagem. Transmitir por transmitir, sem esperar que o aluno indague
sobre o que ouviu ou leu, mera transmisso de informao. No refletir sobre o
que se l ou ouve uma forma mecanizada de aprender. Por muito tempo, e ainda
hoje, infelizmente, esta situao de ensino realidade.
Incluir a arte no processo de ensino de crianas um recurso eficiente para
que o aluno desenvolva suas capacidades criativas. Entretanto, embora os
precursores da educao de crianas tenham propagado, h muito tempo, ideias
inovadoras de educao, que incentivam a criatividade e a espontaneidade, e muitas
propostas de insero da arte na educao tenham sido apresentadas, tais questes
tm sido discutidas, h bem pouco tempo, no Brasil.
A educao artstica s foi includa no currculo, com obrigatoriedade, em
1971, pela lei 5.692, e ainda assim, o professor no estava preparado para isso.
notvel a resistncia e/ou o menosprezo ao objetivo de formar um aluno mais
reflexivo e crtico de si e do mundo, por parte at mesmo de professores.
(SANTORO, s/d).
O sistema educacional, de forma geral, volta-se para a reproduo do
conhecimento, sendo assim, submete e limita o aluno, levando-o a no precisar
23
sabe-se que
existe
uma
razo
para
24
indivduo (Alencar, 1990). A sociedade atual se revela cada vez mais racional, o que
obstaliza o desenvolvimento da imaginao, pois o sentimento, a intuio e a
sensibilidade so considerados como empecilhos para a aprendizagem do que
realmente interessa no contexto da contemporaneidade. Porm, usando a
imaginao, o homem constri sonhos e trabalha em favor de mudanas na sua
realidade. Para Duarte:
A arte se constitui num estmulo permanente para que nossa
imaginao flutue e crie mundos possveis, novas possibilidades de
ser e sentir-se. Pela arte a imaginao convidada a atuar,
rompendo o estreito espao que o cotidiano lhe reservava. (DUARTE
JR, 1985, p.67)
25
educao
exerce
um
papel
primordial
no
desenvolvimento
da
personalidade dos indivduos. Por essa afirmao, fcil perceber que o futuro de
um aluno que instigado, que desenvolve a criatividade e o pensamento crtico, tem
perspectivas
melhores
de
insero
na
sociedade,
pela
possibilidade
de
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neste contexto. Kramer (2003) reflete sobre essa realidade, entendendo-a como
uma barbrie e defende que, para a superao da mesma, a educao deve se dar
numa perspectiva que conduza os educandos para uma humanizao, de modo que
se estabeleam experincias de socializao, de trabalho coletivo e de valorizao
de si e do outro. preciso formar o homem para que ele seja capaz de ler e
escrever o mundo em que vive, isto , para que ele tenha condies de analisar a
realidade e, assim, criar estratgias para modific-la no que for preciso, de modo
que o mundo se torne um espao de partilhamento de cultura e de construo da
paz.
Segundo Kramer (2003), a cultura uma juno de tradies, costumes,
valores, histria e experincias que se manifestam por meio das danas, das
roupas, da msica, das festas etc. A autora entende que a criana precisa conhecer
e vivenciar a cultura na qual est inserida, para, a partir da, poder fazer parte da
construo cultural, que dinmica e, assim, est em constante transformao. As
artes partem das manifestaes culturais, desse modo, importante que as crianas
as vivenciem e produzam, pois, assim, podem reconhecer-se como tambm
produtoras dessa cultura.
Porm, para tanto, necessrio que a criana tenha oportunidades de
desenvolver a criatividade e a expresso livre, e que, neste processo, ela possa se
conhecer e conhecer os outros, formando-se integralmente. As artes, em todas as
suas modalidades, exploram, inevitavelmente, a expresso, a criatividade, a
imaginao, a intuio e a sensibilidade de uma pessoa.
As artes plsticas assumem um papel de grande relevncia para o processo
de aprendizagem e socializao da criana. Nesse sentido, Bessa ressalta que:
Quando a criana pinta, desenha, modela ou constri regularmente,
a evoluo se acelera. Ela pode atingir um grau de maturidade de
expresso que ultrapassa a medida comum. Por outro lado, a criao
artstica traz a marca de uma individualidade, provoca libertao de
tenses e energias, instaura uma disciplina formativa, interna de
pensamento e de ao que favorece a manuteno do equilbrio to
necessrio para que a aprendizagem se processe sem entraves, e a
integrao social sem dificuldades (BESSA, 1972, p. 13).
27
28
29
Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma existncia para
aprender a desenhar como as crianas. (Picasso)
Ao dissertar sobre a importncia da arte na educao de crianas, tambm
necessrio abordar sobre a atuao do professor neste contexto, sobre sua
importncia no aprendizado e desenvolvimento dos alunos, assim como, sobre sua
formao nesse processo.
Para exercer qualquer profisso ou funo necessrio que se tenha
preparo para o cargo. Na docncia no diferente. Para que possam realizar um
trabalho de qualidade com as crianas, os professores de educao infantil e dos
anos iniciais precisam estar em constante reciclagem terica e metodolgica, numa
busca pelo aprimoramento da prtica pedaggica.
A cultura construda e transmitida por meio das relaes que se
estabelecem socialmente, inclusive em sala de aula, assim, professores e alunos
tambm so produtores e assimiladores de cultura (Lopes, 1999), e de acordo com
Ketzer:
Ter cultura independe de ter erudio, trata-se de uma condio
inerente a todo ser vivo que, com suas experincias, produz
significados individual e coletivamente no conjunto de atores sociais
de seu tempo (KETZER, 2003, p. 12).
Conforme Martins Filho (2005), a criana, com suas brincadeiras, sua forma
de compreender o mundo, seu modo mgico de pensar e sua construo individual
como pessoa tambm produz cultura. Neste sentido, considera-se:
[...] suas manifestaes como provenientes de uma cultura prpria da
infncia, seja sob a forma como as interpretam e interagem, seja nos
efeitos que nelas produzem, a partir de suas prprias prticas...
formas de ao social prprias deste grupo, ou seja, maneiras
especficas de ser criana (MARTINS FILHO, 2005, p. 19).
30
31
mas
de
atividades
construdas
essencialmente
por
dons
inatos
32
33
coletiva
individual,
sendo
os
dois
modos
importantes
para
34
para o que tem em mente e pesquisar sobre a vida dos artistas selecionados,
levando materiais sobre os mesmos (como catlogos, livros, CDs) para a sala de
aula.
importante, inicialmente, que as crianas ouam as histrias de vida dos
artistas e conheam algumas de suas obras. Nesse processo, fundamental que se
busque identificar, nas obras, tendo como base a vida dos artistas, o que os artistas
pretendiam representar e expressar, levando as crianas a observar os materiais
utilizados, as cores, as texturas, e a forma como estes foram aplicados em seus
trabalhos, e a comparar vrias obras para o desenvolvimento da percepo das
diferentes tcnicas e expresses. Outra etapa importante deste trabalho a releitura
das obras atravs da elaborao, por parte das crianas, de suas prprias obras,
alm da elaborao de textos coletivos sobre os artistas e suas obras.
Segundo Moreno (2007), um trabalho dentro desta perspectiva foi realizado
no Centro de Educao Infantil da Universidade Estadual de Londrina, atravs do
Projeto Mestre das Artes: aprendendo Arte com Artistas Famosos. O projeto foi
realizado com o objetivo: de favorecer a comunicao entre a criana e a arte;
estimular a investigao, a experimentao, o desenvolvimento de habilidades, e a
apreenso de conceitos das artes visuais para uma ampliao do conhecimento de
mundo; despertar a observao e a leitura das expresses artsticas; criar condies
para o desenvolvimento da livre expresso e da autenticidade, por meio de
desenhos, pintura, modelagem e colagem, despertando, assim, o gosto e o cuidado
pela produo artstica.
Inicialmente, por meio de fotos e filmes, foi possvel que as crianas
conhecessem um pouco da famlia, da infncia, dos amigos e das obras mais
importantes dos artistas que foram selecionados pelas professoras para o projeto.
Entre os artistas que as crianas puderam conhecer, estavam Van Gogh, Picasso e
Alfredo Volpi. Alm da leitura e apreciao de obras de arte atravs da observao,
props-se a narrao e a interpretao de imagens e objetos com a utilizao de
livros, revistas e da internet.
Aps o primeiro processo de apreciao, as crianas puderam manipular
diversos materiais (tintas, terra, gua, argila, entre outros), em variados suportes
(cho, parede, papel, papelo e caixas). Alm disso, realizaram uma visita ao Museu
de Arte de Londrina, a exposies de artistas plsticos e a um ateli com direito a
entrevista com o artista.
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Parte muito significativa do projeto foi a mostra Criana & Arte, com a
apresentao das telas produzidas pelas crianas. A partir da observao e
contemplao, as crianas realizaram uma releitura de obras de artistas como
Tarsila do Amaral, Van Gogh, Volpi, Michelangelo, Almeida Junior, entre outros, e
elaboraram produes coletivas. Ao comentar a performance do projeto, Moreno
salientou:
Acreditamos que o projeto tem alcanado seus objetivos, uma vez
que os educadores e as crianas esto se comunicando e se
expressando pela linguagem visual, bem como lendo o mundo que
os cerca por meio de leituras e releituras de reprodues de obras
famosas, nas visitas a exposies e atelis (MORENO, 2007, p. 43).
Figura 1 Os retirantes
Fonte: Site: http://www.google.com.br
36
37
38
prazer pelo efeito que o lpis, o pincel ou a caneta realiza no papel, na parede, no
quadro etc.
A fase das garatujas estende-se at, mais ou menos, trs anos e meio,
quando a criana comea a dar nomes aos rabiscos. Aos poucos, os rabiscos
ganham forma e se tornam figuras e formas reconhecveis.
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A fase esquemtica revela que a criana, na fase dos 7 aos 9 anos de idade,
utiliza a ordem das relaes espaciais, ou seja, os componentes so colocados
numa linha de base e o espao da folha preenchido com componentes que
representam o cu, nuvens, neve etc.
41
42
43
elas
compreendero
que
fazer
arte
expressar
sentimentos,
opinies,
44
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Uma caixa, uma sacola, ou mesmo uma mala, mais uma vez servem
para estimular a criatividade e o faz-de-conta das crianas, quando
nessas encontram-se vrios bonecos que ganham vida em nossas
mos, isto , os fantoches e marionetes, to fascinantes aos olhos e
nas mos infantis (MORENO e PASCHOAL, 2008, p. 129).
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Segundo vila e Silva (2003), como elemento musical, o ritmo pode ser
entendido pelas crianas atravs da pulsao do corao, s vezes acelerado e s
vezes calmo, lento. Aps perceberem que o pulsar do corao possui ritmo assim
como a msica, possvel que o professor trabalhe o ritmo atravs de jogos, tais
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como: cada criana diz o seu nome, uma de cada vez, enquanto o professor marca
as pulsaes com palmas ou utilizando um instrumento como tambor, pandeiro etc.
Outra sugesto das autoras que os alunos sentem em crculo e passem
um objeto para o colega da direita, ao estmulo de uma cano, podendo esta ter um
ritmo moderado ou lento, como, por exemplo, a cano Escravos de J. Porm,
importante que se observe se os ritmos condizem com a capacidade motora dos
alunos, se estes forem da educao infantil.
No desenvolvimento de atividades rtmicas, os gestos e a dana tambm
podem estar presentes na realidade e no cotidiano infantil. Conforme Pallars
(1981), as atividades rtmicas objetivam o desenvolvimento da ateno, da
concentrao, do sentido de espao, e de hbitos de sociabilidade. O ideal que as
danas tenham movimentos fceis, vivos e bem marcados.
Alm destas atividades com a msica, a apreciao musical possibilita s
crianas, a audio e a interao com gneros, estilos, pocas e culturas diversas.
Moreno e Paschoal (2008) apresentam sugestes de trabalho com a apreciao
musical, atravs de lbuns como:
Adriana Partimpim, em que se destacam faixas como Assim Sem Voc,
Formiga Bossa Nova, alm de faixas de outros intrpretes, como Oito
Anos, de Paula Toller, Ciranda da Bailarina, de Edu Lobo e Chico
Buarque, entre outras.
O DVD Toquinho no Mundo da Criana, que traz animaes como
Aquarela, O pato, A Casa e A Bicicleta. O CD apresenta alm dessas
msicas citadas, O Caderno, O Pingim, Herdeiros do Futuro, Era Uma
Vez, A Pulga, Errar Humano, Valsa Para Uma menininha, e Mundo da
Criana.
Saltimbancos, de Chico Buarque, um trabalho em DVD que traz canes
com participaes especiais, entre elas, Os Trapalhes.
O CD Palavra Cantada na Escola, de Sandra Peres e Paulo Tatit, compese de faixas como A Cidade Ideal, Bicharia, Histria de Uma Gata, Todos
Juntos, Um Dia de Co/ O Jumento/ A Galinha, Hollywood, Minha Cano,
O Caderno, Abertura do Circo, Joo e Maria, Velho Amigo, Morena de
Angola, Ciranda da Bailarina, Voc Voc e Bicharia (reprise).
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3.1.7 Poesia
Um trabalho possvel de ser realizado na educao infantil e no ensino
fundamental a leitura e a elaborao de poesias, outra forma de arte, importante
na cultura, porm um pouco esquecida na sociedade.
Segundo Abramovich (2001), nas atividades com as formas poticas, os
poemas devem ser lidos em voz alta, com a entonao correta, de modo que
possam transmitir s crianas, as emoes embutidas em sua criao. Antes de ler
um poema para um grupo de crianas, a professora deve l-lo vrias vezes,
experiment-lo, conhec-lo, para que possa transmitir a emoo e os sentidos
despertados pelo mesmo.
Fronckowiak (2008) relata uma experincia de leitura potica na Educao
Infantil, em que poemas autorais que traziam como tema seres extraordinrios, tais
como fantasmas, vampiros, sereias e monstros, foram selecionados. Os poemas
eram lidos, semanalmente, para as crianas, e repetidos pelas professoras quando
solicitados pelas crianas. Quando todos os poemas j tinham sido lidos, as crianas
foram entrevistadas, nesta entrevista, foi solicitado s crianas que dissessem qual
era o seu poema favorito e que o declamassem, caso quisessem, e que
comentassem a sua experincia ao ouvir o poema preferido.
Dentre os poemas lidos e as preferncias das crianas, destacaram-se o
poema Lili e o Telefone, de Elias Jos, Poema 1 (Frankenstein) e Poema 2
(Vampiro), de Jos Paulo Paes, no livro isso ali: Poemas Adulto-infanto-juvenis.
Lili e o telefone
1. Mal tocava o telefone,
2. Lili corria pra atender.
3. S sabia falar: Al! Al!
4. Qual o seu nome?
5. E ficava naquele al, al danado,
6. sem chamar quem foi chamado.
7. Um dia, foi atender,
8. como sempre apressadinha,
9. e saiu daquele al, al:
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52
CONSIDERAES FINAIS
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REFERNCIAS
55
FRONCKOWIAK, ngela Cogo. Como andar sem poesia? Reflexo e Ao. V. 16,
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