Historias de Vida - Maria Helena Abraão
Historias de Vida - Maria Helena Abraão
Historias de Vida - Maria Helena Abraão
o presente
This paper deals with auto-biographical research giving prominence to narratives as one of its
tools of coUection of information as weU as it detaches the memory as a fundamental element
in research of this kind. it establishes the thesis for which memory from one who teUs his
history (reconstructive of one's experiences) and the analysis and interpretation instruments of
the researcher are elements which interlace and complement each other for better
understanding of dimensions of the searched reality, as much in the individual/social
perspective of the narrator, as in the contextual perspective of which this individuality is
product/producer.
Key-words: auto-biographical research; memory; narratives.
, Texto produzido para o livro "A Aventura Autobiogrfica - teoria e prtica", no prelo,
apresentado em primeira mo em Mesa Redonda "Memria e Pesquisa Autobiogrfica",
coordenada pela Df" Maria Helena Menna Barreto Abraho, no IX Encontro Sul-RioGrandense de Pesquisadores em Histria da Educao, que teve como tema geral Histria da
Educao, literatura e memria, realizado na Pontificia Universidade Catlica do Rio Grande
do Sul - PUCRS, dias 5 e 6 de junho de 2003, com promoo da Associao Sul-RioGrandense de Pesquisadores em Histria da Educao - ASPHE e da Linha de Pesquisa
Fundamentos, Polticas e Prticas da Educao Brasileira do Programa de Ps-Graduao em
Educao da PUCRS.
presente-futuro).
"Eu adorava
a Zilah. Era uma pessoa
inteligentssima.
interessantssima. muito modesta. A grande qualidade da Zilah que
eu mais observava era que ela sempre estava bem em qualquer
situao: ela se dava bem com todos, podia ser um mendigo, podia
ser uma alta personalidade,
ela sempre guardava
aquela
naturalidade. ela sempre estava altura das pessoas. Estudamos
"Eu era um jovem profssor do Rosrio e lembro que ele tinha tanto
cuidado pelas crianas, que quando chegava, por exemplo, a
Pscoa, a gente recebia chocolates dos alunos e ele chegava e dizia:
'- Olha, voc no podia me reservar algum doce que eu vou levar
para as minhas crianas. E todo mundo dava, eu dava tambm, a
gente gostava de chocolate, mas dava para ele. E ele ia juntando
aquilo numa sacola. A mesma coisa acontecia no Natal. Ento a
gente j sabia, vamos cuidar disso e deixar para o Irmo Inocncio
que ele vai levar isso para a crianado. Eu admirei muito o Irmo
Inocncia, que homem desprendido, penso que no registraram
tantas coisas significativas que praticou, tantas virtudes, dever-se-ia
introduzir a causa dele para ser beatificado, para ser santo" (Irmo
Joo Batista).
"Dona Martha adotava uma metodologia muito especial, buscando
despertar nosso gosto pelo scio-cultural, induzindo-nos a boas e
interessantes leituras. Alm disso, levava a aluna a vivenciar
situaes que, provavelmente, mais tarde, teria de enfrentar,
realizando visitas maternidade do Santa Casa de Caridode, ao
Asilo das Meninas, para que compreendessem a realidode do
mUlldo. Ofreceu-nos no s a teoria; levou-nos a colocar em
prtica os conhecimentos adquiridos" (Maria de Lourdes Silva, ex-
alW1ll,professora aposentada).
"Era um fim de tarde dos anos 80. Uma sala de aula foi indicada
para que eu, aluna do curso de Pedagogia, fizesse parte do grupo.
Havia me matriculado na condio de "pra-quedista" (aluno
matriculado num curso e freqi1entando outro em disciplinas afins).
Eu era egressa de um curso de Biologia, ingressando no de
Pedagogia e, como neste no havia mais vagas para a disciplina de
Filosofia, poderia optar por um outro espao flSico, outro grupo de
colegas e outro curso em face de a Universidade permitir essa
flexibilidade. Esse fato foi, para minha formao, de extrema
validade. Aproximei-me da sala de aula indicada e fui acolhida por
uma figura humana, a profssora Zilah, de estatura pequena, muito
sorridente e gil nos seus pensamentos. Conhecedora do ser
humano, logo se deu conta que eu era um "passarinho de outro
ninho" como costumava chamar os que no pertenciam ao curso de
Filosofia. Tambm fazia questo de dizer que ningum poderia se
"sentir difrente naquele espao de discusso e crescimento ", pois
"o saber no tem espao limitado e nem sujeito definido" (Zlia
As narrativas esto sempre inseridas no contexto sciohistrico. Uma voz especfica em uma narrativa somente pode
ser compreendida em relao a um contexto mais amplo:
nenhuma narrativa pode ser formulada sem tal sistema de
referentes" .
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Educao
e Destacados
caractersticas universais em docentes,
maro/2002b, p. 7-26. Porto Alegre.
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Educadores
Rio-grandenses:
Educao, ano XXV, n. 46,
lembranas
de velhos.
So Paulo:
ln:
Sobre as Cincias.
Porto:
Maria Helena Menna Barreto Abraho Doutora em Cincias Humanas Educao. Pesquisadora 1 CNPq. Professora Titular na PUCRS. Docente na
Graduao e no Programa de Ps-Graduao dessa universidade.
E-mail: maria-helena@Uol.com.br