Noção de Direito - Sebastião Cruz em Direito Romano (Portugal)
Noção de Direito - Sebastião Cruz em Direito Romano (Portugal)
Noção de Direito - Sebastião Cruz em Direito Romano (Portugal)
- Qualquer Direito dum povo (Direito atual ou Direito passado), é um conjunto de normas ou
regras de caráter social.
Veremos que é um conjunto de normas (sociais) jurídicas; que, além de
normas jurídicas, há outras normas sociais, e que as normas jurídicas se distinguem de
todas as outras por certas bem determinadas características.
- O Direito de um povo é um conjunto de normas. E todos os povos possuíram e possuem as
suas normas.
Mas então... o Homem terá necessidade de normas? Não serão elas, até, uma afronta à sua
liberdade? Sobretudo as chamadas normas jurídicas, visto imporem-se-nos coercitivamente?
VÁRIAS ESPÉCIES DE NORMAS SOCIAIS. UMA DESSAS ESPÉCIES SÃO AS NORMAS JURÍDICAS
– O DIREITO; SUA ESPECIAL NECESSIDADE
- As normas sociais podem ser de várias ordens: religiosas, morais, éticas, de educação, de
diplomacia, de etiqueta etc. e também jurídicas.
- As normas jurídicas são aquelas que eficazmente determinam e protegem o que
pertence a cada um, contribuindo dum modo especial para a coexistência pacífica
entre as pessoas.
Norma = “esquadro”
Regra = regula = “régua”
- São medidas para valorar as coisas.
- A Ciência do Direito não é uma ciência do ser, mas a ciência que se preocupa com os valores, ou mais
rigorosamente, com a medição dos valores.
- As normas jurídicas determinam, eficazmente, em virtude do seu poder coativo. Ao desobedecer uma
norma jurídica, existem meios coativos próprios (normalmente do Estado) para forçar a pessoa ao
cumprimento dessa norma, e com todas as consequências por não se ter verificado o cumprimento
voluntário.
- As normas jurídicas determinam e protegem o que pertence a cada um, pois
as normas jurídicas são ditadas pela Justiça, que é a virtude de atribuir a cada
um o que é seu (Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum quique
tribuendi, Ulpinianus, D. 1, 1, 10, pr.)
O conceito de iustitia é mais próprio dos filósofos do que dos juristas. Tadavia,
Ulpinianus conhecia e dominava perfeitamente a filosofia gregam sibretudo Platão,
Aristóteles e Putarco.
- A ideia de “atribuir a cada um o que é seu” encontra-se (talvez
inspirado por Pitágoras) já em Platão, e constitui um tópico do
pensamento antigo.
A norma jurídica, ao conjunto das normas jurídicas e aos preceitos jurídicos (quer
fundamentais, quer gerais), chama-se “direito” (ius).
a) Noção etimológica
- Significado “natural”, “espontâneo”, quer dizer, noção etimológica da palavra que
designa esse conceito jurídico.
- As palavras em Direito, sobretudo em Direito Romano, estão carregadas de
sentido, refletem luminosamente o pensamento jurídico.
- Ainda hoje não se sabe concretamente a origem da palavra ius. Os autores, quer
filólogos quer juristas, não estão de acordo quanto à sua etimologia. Alguns
consideram ius uma palavra primitiva, outros uma palavra derivada, e dentro deste
segundo grupo, há ainda muitas divergências.
- Segundo investigações mais recentes, a palavra ius, etimologicamente, deve ser
primitiva; mas tem uma relação ôntica, proximamente com iustitia, remotamente com
iupiter (iovis). Daí que o Direito (primeiro youes; depois ius) tem uma relação de
procedência com a divindade ou com as divindades.
3º) Em sentido objetivo, ius significa o iustum, o devido; a própria coisa justa; a
realidade justa. É, pois, o objeto, o conteúdo ou âmbito do direito normativo
mas sobretudo do direito subjetivo. Era aquilo que os juristas romanos
geralmente designaram por natura rerum (natureza das coisas). Esse conceito
foi para os romanos o primeiro e o primário ou fundamental de Direito, de tal
modo que “quae rerum natura phohibentur nulla lege confirmata sunt”, ou
seja, aquilo que é proibido pela natureza das coisas, não pode ser confirmado
por nenhuma lei (D. 50, 17, 188, 1.)
4º) Numa quarta acepção (o local), ius tem significado de lugar onde se
administra a justiça; grosso modo, o tribunal. É com este alcance que se diz em
linguagem vulgar: quem não cumpre, deve ser chamado ao direito (ou seja, ao
tribunal).
5º) Numa quinta acepção, ius significa o “saber jurídico”. Tem esta acepção,
quando se diz: Antônio estuda Direito (ou seja, estuda o saber jurídico,
geralmente ciência jurídica).
6º) Numa sexta acepção, ius significa patrimônio (quer ativo quer passivo)
duma pessoa.