O Conteúdo Negativo de Direito Privado
O Conteúdo Negativo de Direito Privado
O Conteúdo Negativo de Direito Privado
FACULDADE DE DIREITO
Realizado por:
GRUPO Nº 4
LUANDA, 2022/2023
UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA
FACULDADE DE DIREITO
CURSO: DIREITO
PERÍODO: NOITE
TURMA: C1
ANO CURRICULAR: 4º ANO
Nº DE REGISTO NOME
190377 Hermenegildo Ricardo do Val Neto
181444 Hernâni Paulo
191768 Ilda Fernando
120852 Jacinto Costa
191380 Janeth Miguel
121052 Januário Mavungo Bunda
150618 João Mateus Nhanga
192234 Joaquim Francisco
162185 Joaquim Quiteculo
151559 Jocsa António
190041 José Lucas
LUANDA, 2022/2023
EPÍGRAFE
(2 Timóteo, 4:7)
III
DEDICATÓRIA
IV
ÍNDICE
DEDICATÓRIA .................................................................................................................... IV
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 19
APÊNDICE ............................................................................................................................. 21
INTRODUÇÃO
O direito privado diz respeito aos indivíduos, homens e mulheres, cujas relações, espera-
se, devem ser harmoniosas, caso contrário, os tribunais intervêm e resolvem suas disputas de
maneira pacífica e terminante. O direito privado centra-se não na necessidade como um todo,
mas sim nos indivíduos.
A principal função do direito privado é reparar o mal feito. Se alguém pratica um facto
ilícito e danifica o bem de outrem, então tem de assumir responsabilidade de reparar esse dano
e colocar o indivíduo lesado na situação em que ele se encontraria se não tivesse ocorrido o
facto.
O direito das coisas ou direito real é o complexo de normas que regulam as relações
jurídicas referentes às coisas susceptíveis de apropriação pelo homem, sejam elas móveis ou
imóveis. De modo geral, compreende os bens materiais, ou seja, a propriedade e seus
desmembramentos.
Ele consiste em um poder jurídico que uma pessoa, titular do bem, exerce sobre ele.
Assim, existe um sujeito activo, que é o titular do direito; uma coisa, que é o objecto do direito;
e o poder jurídico que esse sujeito exerce sobre o bem que possuí. Constata-se, pois, que embora
não exista nenhum sujeito passivo determinado, esse direito será oponível erga omines,
fazendo, desta forma, com que toda sociedade figure como sujeito passivo, posto que todos
devem respeitar a propriedade alheia.
Problemática
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concisão e objectividade. A colocação clara do problema pode facilitar a construção da hipótese
central. (LAKATOS e MARCONI, 2003, p. 158),
Hipóteses
Para Lakatos e Marconi (2003, p. 127, 128) Hipótese é uma proposição que se faz na
tentativa de verificar a validade de resposta existente para um problema. É uma suposição que
antecede a constatação dos factos e tem como característica uma formulação provisória: deve
ser testada para determinar sua validade. Correcta ou errada, de acordo ou contrária ao senso
comum, a hipótese sempre conduz a uma verificação empírica.
Objectivos
De acordo com Freitas e Prodanov (2013, p. 124) Os objectivos devem ser sempre
expressos em verbos de acção, e desdobram-se em: Objectivo geral e específicos.
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Para Lakatos e Marconi (2002, p. 24) os objectivos podem ser intrínsecos ou
extrínsecos, teóricos ou práticos, gerais ou específicos, a curto ou a longo prazo. Respondem às
perguntas: Por quê? Para quê? Para quem?
Objectivo Geral
Marconi e Lakatos (2003, p. 219) consideram que o objectivo geral está ligado a uma
visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos
fenômenos e eventos, quer das ideias estudadas. Vincula-se directamente à própria significação
da tese proposta pelo projecto.
Objectivos Específicos
Marconi e Lakatos (2003, p. 219) dizem que apresentam carácter mais concreto. Têm
função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objectivo geral e, de
outro, aplicá-lo a situações particulares.
Justificativa
Espera-se com este estudo uma melhor compreensão sobre o conteúdo negativo de
direito privado, suas principais asserções e o que cada uma deles transmite.
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O estudo desta problemática será relevante e proveitosa, pois poderá servir de base
bibliográfica para os futuros investigadores e não só, os mesmos terão fontes referenciadas da
área em questão.
Estrutura do Trabalho
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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1.1. Conceito
Teoria clássica (Grócio): o direito real é um direito patrimonial que existe entre a
pessoa e a coisa sem relação necessária a outra pessoa; (MALÓ, 2018)
Teoria clássica: deve criticar-se o facto de o direito real não ser um poder, mas um
direito subjectivo; a imediação não é uma característica transversal a todos os direitos reais
(mas, tão somente, em geral, aos direitos reais de gozo); ainda, o facto de uma relação jurídica
apenas se estabelecer entre pessoas e não entre uma coisa e uma pessoa. (MALÓ, 2018)
Teoria personalista: deve criticar-se o reducionismo operado por esta tese, na medida
em que é insuficiente uma noção pela negativa, já que o direito real tem um conteúdo positivo
fundamental (aproveitamento, em termos absolutos, da coisa); ainda, o facto de esta teoria se
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centrar, para a criação de uma noção de direito real, quando se verifica a sua violação. (MALÓ,
2018)
Gomes da Silva: entende que só pode ser direito real o que representa a afetação da
coisa a um fim, sendo o bem afetado pela lei à realidade de certo fim a própria coisa.
Oliveira Ascensão: direitos reais são direitos absolutos, inerentes a uma coisa e
funcionalmente dirigidos à afetação desta aos interesses do sujeito;
― Críticas: nem todos os direitos reais são caracterizados pela absolutidade; ainda,
os direitos reais não o são por terem inerência a uma coisa, mas por terem como
objecto uma coisa; a ligação que mantém, na linha de Gomes da Silva, ao
elemento subjectivo fim. (MALÓ, 2018)
Menezes Leitão: direito absoluto e inerente a uma coisa corpórea, que permite ao seu
titular uma determinada forma de aproveitamento jurídico desta;
O Sr. Prof. José Alberto Vieira, perante a variedade de teses, apresenta uma tese própria:
direito que atribuiu ao seu titular um determinado aproveitamento de uma coisa corpórea.
(MALÓ, 2018)
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― Os direitos reais outorgam o aproveitamento de uma coisa corpórea, sendo
que esse aproveitamento pode ser muito variado.
― O aproveitamento da coisa pode ser material ou jurídico
O sistema dos Direitos Reais remonta à oposição entre dois tipos de acções (Direito
Romano):
Actio in personam: que consistia numa pretensão contra uma pessoa, não podendo, por
isso, essa pretensão ultrapassar a relação obrigacional (apenas contra a pessoa do devedor);
Actio in rem: que consistia numa pretensão contra uma coisa, procurando estabelecer a
sua defesa contra qualquer pessoa que perturbasse o aproveitamento pelo titular.
É por via da actio in rem que surgem os iura in rem, ou seja, os Direitos Reais, com a
particularidade de incidirem sobre coisas corpóreas e de terem eficácia real erga omnes. Os
Direitos Reais, contrariamente aos Direitos de Crédito (Obrigações) são oponíveis a qualquer
terceiro que ponha em causa o aproveitamento da coisa pelo titular. (MALÓ, 2018)
― NOTA: o disposto no artigo 1306º tem por base uma noção tradicional dos
Direitos Reais, de acordo com a qual os direitos reais menores (com menor
aproveitamento da coisa), seriam menores em relação ao direito de propriedade
(não eram autonomizados como verdadeiros direitos reais). O regente entende
que esta noção deve ser de rejeitar, pelo que todos os direitos reais são
categoriais autónomas, consubstanciando-se como menores em relação aos
outros direitos reais.
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Princípio da inerência: os direitos reais têm, por objecto, coisas corpóreas (nelas se
incluem as coisas incorpóreas acondicionadas); cada direito real tem uma coisa determinada
como objecto, não podendo desta ser desassociado ou separado; se um direito real se constitui
em relação a uma coisa, só pode ter essa coisa como objecto, não podendo ser transferido para
outra coisa; (MALÓ, 2018)
Princípio da especialidade: o direito real só pode ter como objecto uma coisa com
existência actual e determinada (artigo 408º/2 – transferência do direito real apenas no momento
da aquisição ou da determinação); (MALÓ, 2018)
― Os direitos reais devem incidir sobre coisa única e individualizada, não obstante,
por via de um contrato, se possa verificar a transmissão unitária de um conjunto
diversificado de coisas sobre as quais incida o direito de propriedade. Assim,
não é cientificamente correto enunciar a propriedade sobre a empresa, o
estabelecimento comercial ou a herança.
Princípio da prevalência:
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― Sequela: está presente nos direitos reais de gozo (acção de reivindicação); nos
direitos reais de garantia (p.e. hipoteca – a sequela está na execução); direitos
reais de aquisição (acção de preferência ou execução específica).
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Princípio da publicidade: este princípio tem, na sua base, uma motivação de confiança
e segurança do comércio, ou seja, se o direito real é um direito oponível a todos, então deve ser,
tanto quanto possível, reconhecível por qualquer um; (MALÓ, 2018)
Da categoria dos direitos reais há, ainda, que distinguir os direitos pessoais de gozo.
Apesar de no âmbito desta categoria vigorar o princípio geral da atipicidade, são direitos
pessoais de gozo típicos: locação; comodato; parceria pecuniária; depósito. Há que atentar, nos
termos do artigo 407º, às relações que entre estes se estabelecem, a partir do momento em que
se verifique a intermediação (o titular esteja na posse do bem). (MALÓ, 2018)
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― No regime do usufruto, propriedade, a reação mediante acções possessórias está
subentendida – no caso do direito do locatário não, pelo que se compreende o
artigo 1037º/2 (1133º/2, 1188º/2 e 1125º/2 CC) e necessidade de afastamento
sistemático do âmbito dos direitos reais; o artigo 1057º é apenas uma forma de
tutelar o direito à habitação;
― O 1057º não apresenta um carácter absoluto – parece que já não tutela em caso
de penhora;
― Há um sujeito passivo na relação;
O aproveitamento da coisa como escopo do direito real: o direito real tem uma coisa
corpórea por objecto. O escopo legal deste direito está em providenciar ao titular o
aproveitamento dela. Naturalmente, o aproveitamento da coisa varia em função do conteúdo
facultado pelo direito real em causa. Cada direito real, na medida em que tem um conteúdo
específico, permite um aproveitamento diferente dos demais direitos reais. (VIEIRA, LEITÃO,
2018)
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Numa ordem jurídica dominada pelo princípio da tipicidade, como a portuguesa, o
aproveitamento das coisas corpóreas em termos jurídico-reais apenas pode ser feito através dos
tipos de direitos reais consagrados. Estes, por sua vez, podem ser agrupados em categorias em
atenção ao escopo de aproveitamento que atribuem ao titular. (VIEIRA, LEITÃO, 2018)
― O gozo da coisa;
― A garantia de cumprimento de uma obrigação;
― A aquisição de outro direito.
Apesar dos direitos reais serem situações jurídicas activas, atribuindo o aproveitamento
de coisas corpóreas, ao seu conteúdo pertencem igualmente situações jurídicas passivas,
deveres, estados de sujeição, ónus e outras vinculações a que o titular do direito real se encontra
adstrito. (VIEIRA, LEITÃO, 2018)
No ensino de Direitos Reais em Portugal, foi Oliveira Ascensão quem divulgou este
entendimento, o qual recebeu depois as adesões de Menezes Cordeiro e de Carvalho Fernandes.
As regras que impõem vinculações ao titular do direito real delimitam negativamente o
conteúdo do direito real.
1.2.2.1. Classificações
Conteúdo negativo dos direitos reais: alude às situações jurídicas passivas que integram
o conteúdo do direito real e o delimitam negativamente. Dentro deste conteúdo negativo
podemos ainda separar:
O conteúdo negativo geral: que respeita a todos os direitos reais ou a uma categoria
deles, que pode ser ainda ordenado em função da natureza do interesse primacial que a
situação jurídica passiva visa prosseguir: (VIEIRA, LEITÃO, 2018)
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1.2.3. Conteúdo Negativo de Direito Privado: Relações de Vizinhança
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DEVER DE CONSERVAÇÃO DE IMÓVEL: dever de conservar o edifício ou obra,
de modo que não cause danos a terceiros (art. 1472º, p.e., provando que vale para qualquer
titular de direito real); está implícito em 492º e 1350º; (MALÓ, 2018)
― Art. 1352º: caso particular das obras defensivas de águas que existam num
prédio para proteger esse e outros prédios;
ESTILICÍDIO: dever de impedir que águas, das chuvas ou outras, que escorram do
telhado ou de outra cobertura não caiam no prédio do vizinho; se for impossível evitar, o art.
1365º/1 obriga ao respeito por um intervalo mínimo. (MALÓ, 2018)
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TAPAGEM DO PRÉDIO: o proprietário pode tapar o prédio, erguendo muro,
valando, rodeando de sebes, árvores ou plantes (art. 1356º) – aplica-se a qualquer direito real;
com algumas limitações (art. 1359º/1). (MALÓ, 2018)
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CAPÍTULO II: OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO
Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 106) método hipotético dedutivo que se inicia
pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual formula hipóteses e, pelo
processo de inferência dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela
hipótese.
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRARI, Trujillo Afonso. Metodologia da Ciência. 2ª Edição, Editora Kennedy. 1974. Pag.
144.
BARROS, André Borges de Carvalho. AGUIRRE, João Ricardo Brandão. Direito Civil -
Elementos do Direito. São Paulo: Editora Premier máxima, 2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das Coisas - Sinopses Jurídicas. 8ª edição. São Paulo:
Editora Saraiva, 2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - vol. V - Direito das Coisas. São
Paulo: Editora Saraiva, 2006.
VIEIRA, José Alberto; Direitos Reais; 2.ª Edição; Almedina Editores, S.A., Coimbra, fevereiro
2016.
MALÓ, Mafalda. Direitos Reais. Faculdade De Direito. Universidade de Lisboa. S/E. s/ed.
Lisboa. 2017/2018.
VIEIRA, José Alberto & LEITÃO, Luís Menezes. Direitos Reais. Faculdade De Direito.
Universidade de Lisboa. s/e. s/ed. Lisboa. 2017/2018.
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APÊNDICE
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