Este documento descreve conceitos fundamentais sobre ondas, incluindo: (1) pulsos de onda se propagam através de um meio sem que o meio se mova, (2) ondas podem ser transversais ou longitudinais dependendo da direção do deslocamento, (3) interferência ocorre quando ondas se sobrepõem resultando em reforço ou cancelamento, (4) ondas estacionárias são formadas pela superposição de ondas com velocidades opostas.
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Este documento descreve conceitos fundamentais sobre ondas, incluindo: (1) pulsos de onda se propagam através de um meio sem que o meio se mova, (2) ondas podem ser transversais ou longitudinais dependendo da direção do deslocamento, (3) interferência ocorre quando ondas se sobrepõem resultando em reforço ou cancelamento, (4) ondas estacionárias são formadas pela superposição de ondas com velocidades opostas.
Este documento descreve conceitos fundamentais sobre ondas, incluindo: (1) pulsos de onda se propagam através de um meio sem que o meio se mova, (2) ondas podem ser transversais ou longitudinais dependendo da direção do deslocamento, (3) interferência ocorre quando ondas se sobrepõem resultando em reforço ou cancelamento, (4) ondas estacionárias são formadas pela superposição de ondas com velocidades opostas.
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Movimento Ondulatrio
(* Preparado por C.A. Bertulani para o projeto de Ensino de Fsica a Distncia)
Pulsos de onda Um pulso de onda uma perturbao que se propaga atravs de um meio. Uma onda pode ser mecnica se ela se propaga em um meio material (como o som, ou a onda em uma corda), ou no (como a luz, que uma onda eletromagntica, e que se propaga no vcuo).
Suponha que no tempo t = 0 o pulso seja descrito por uma funo no espao na forma y = f(x) [10.1] Se o pulso se propaga para a direita, sem se deformar, com velocidade constante v, ento aps um tempo t a funo que descreve o pulso ser dada por (veja a figura abaixo) y = f(x - vt) [10.2]
Assim, para sabermos se um pulso unidimensional se propaga como uma onda, basta determinarmos se a forma desse pulso depende no espao e no tempo no modo y(x,t) = f(x - vt) (pulso de onda movimentando-se para a direita) [10.3] Uma onda peridica uma perturbao peridica que se move atravs de um meio. O meio em si no vai a canto nenhum. Os tomos individuais e as molculas oscilam em torno das suas posies de equilbrio, mas a posio mdia delas no se alteram. medida que elas interagem com os vizinhos, elas transferem parte da sua energia para elas. Por sua vez, os tomos vizinhos transferem energia aos prximos vizinhos, em sequncia. Desta maneira, a energia transportada atravs do meio, sem haver transporte de qualquer matria. Veja a animao abaixo, que descreve o meio por uma srie de partculas ligadas por molas.
Se o pulso viajar para a esquerda, a velocidade muda de v para -v, e a forma do pulso de onda muda para y(x,t) = f(x + vt) (pulso de onda movimentando-se para a esquerda) [10.4]
Ondas harmnicas Ondas peridicas so caracterizadas por uma frequncia, um comprimento de onda, e pela sua velocidade. A frequncia da onda, f, a frequncia de oscilao dos tomos ou molculas individuais. O perodo, T = 1 / f, o tempo que leva para um tomo ou molcula particular passar por um ciclo completo de movimento. O comprimento de onda a distncia, entre dois tomos, que oscilam em fase, ao longo da direo de propagao.
Uma forma comum para as ondas peridicas uma funo seno ou cosseno, tambm conhecidas como ondas harmnicas: y(x,t) = y m sen[k(x + vt)] = y m sen[kx + kvt] [10.5] onde y m e k so constantes. y m a amplitude da onda, ou seja, o valor mximo que a "perturbao" pode ter. Esta "perturbao" pode ser por exemplo, o deslocamento vertical de uma onda se propagando em uma corda, ou seja, dos tomos e molculas que compe a corda a partir da posio de equilbrio. O valor de k est relacionado com o comprimento de onda, como veremos agora. Vamos verificar a forma da onda em um dado instante. Seja t = 0, ento y = y m sen(kx) = y m sen(kx+k) = y m sen(kx+2t), onde usamos que a onda se repete depois de um comprimento (comprimento de onda) , e que a funo seno se repete depois de uma variao de 2t. Logo, temos que k = 2t/ [10.6] O produto kv tambm possui uma relao com o perodo, ou frequncia, da onda. Definindo e = kv , temos que, para x = 0, y = - y m sen(et) = - y m sen(et+eT) = y m
sen(et+2t), onde usamos que a oscilao em um dado ponto se repete a cada perodo T. Logo, temos que e = 2t/T [10.7]
Combinado estas relaes, temos que a velocidade da onda, v, pode ser expressa em termos dessas quantidades: v = e / k = / T = f [10.8] Esta relao vlida para qualquer onda peridica. Problema: Suponha que uma onda de gua aproxima-se de um pier com velocidade de 1,5 m/s e um comprimento de onda de 2 m. Com que frequncia a onda atinge o pier? Soluo: f = v / = (1.5 m/s) / (2m) = 0.75 /s = 0.75 Hz Problema: Uma onda em uma corda mostrada abaixo. Qual o seu comprimento de onda? Se a frequncia for de 4 Hz, qual a sua velocidade?
Soluo: O comprimento de onda 3m. A velocidade v = f = 3m 4/s = 12 m/s. Ondas transversas e longitudinais Se o deslocamento dos tomos ou molculas for perpendicular direo em que a onda est viajando, a onda chamada de onda transversa.
Se o deslocamento for paralelo direo do movimento da onda, ela chamada de onda longitudinal ou de compresso.
Ondas trasnversas s podem ocorrer em slido, enquanto que ondas longitudinais em slidos, lquidos e gases. O movimento transverso requer que cada partcula arraste as partculas adjacentes s quais ela est fortemente ligada. Em um fluido isto impossvel, j que as partculas adjacentes podem se deslocar facilmente pelas outras. O movimento longitudinal somente requer que cada partcula empurre os seus vizinhos, o que pode aconteceer tambm em lquidos ou gases. O fato de que ondas longitudinais originrias de um terremoto passam atravs do centro da terra, enquanto que as ondas tranversas no passam, uma das razes de acreditarmos que a terra possui um ncleo lquido. Interferncia Duas ou mais ondas viajam no mesmo meio independentemente e podem passar atravs da outra. Este o chamado princpio da superposio. Matematicamente y(x,t) = y 1 (x,t) + y 2 (x,t) (princpio da superposio) [10.9] Em regies que elas podem se superpor smente uma nica perturbao. Observamos uma intereferncia. Se duas ondas com amplitudes iguais se somam em fase, isto , se os mximos se encontram, ento observamos uma onda com amplitude igual soma das amplitudes das ondas originais. Teremos uma interferncia construtiva.
Se as duas ondas superpostas estiverem, no entanto, totalmente fora de fase, isto , se os mximos se encontram com os mnimos, as duas ondas tendem a se cancelar. Teremos uma interferncia destrutiva.
Para ondas harmnicas de mesma amplitude o princpio da superposio fica na forma y(x,t) = y 1 (x,t) + y 2 (x,t) = y m [sen(kx - et + |) + sen(kx - et )] [10.11] Usando a relao sen o + sen | = 2 sen [(o+|)/2] cos [(o-|)/2] [10.12] temos que y(x,t) = [2y m cos(|/2)] sen(kx - et + |/2) [10.13] Logo, se a fase | = 0, a interferncia construtiva
enquanto que se a fase | = t, a interferncia destrutiva
Caso as amplitudes sejam diferentes a interferncia parcial.
Toda a discusso acima pode ser estendida para dimenses maiores. Um caso clssico a interferncia de duas ondas circulares em um tanque de gua. Neste caso o padro de interferncia resulta da superposio dos mximos e mnimos da onda em determinados pontos, como mostra a figura abaixo.
Ondas estacionrias e harmnicos Se superpomos ondas iguais, mas com velocidades opostas, obtemos ondas estacionrias. Isto pode ser visto usando a equao [10.12], que neste caso fica y(x,t) = y m sen(kx + et) + y m sen(kx - et ) = [2y m sen(kx)] cos(et) [10.14] Vemos portanto, que esta relao no da forma [10.3] ou [10.4], e que poortanto no descreve uma onda que se propaga. Em cada ponto x, h uma vibrao determinada pela frequncia angular [10.7]. Os pontos em que sen(kx) se anulam so chamados de ns. Estes pontos so obtidos quando kx = nt, onde n = 0, 1, 2 ,... Logo, obtemos que eles acontecem para x = n / 2 (ns) [10.15] enquanto que os anti-ns acontecem nas regies intermedirias aos ns (nos mximos dos sen(kx)), ou seja, para x = (n+1/2) / 2 (anti-ns) [10.16] Para cordas presas em dois pontos fixos (como as cordas de um violo), podemos induzir ondas estacionrias (vibraes) onde os pontos fixos sero necessariamente ns. Logo, temos que, se a corda possui comprimento l, ento os comprimentos de ondas possveis so obtidos da relao [10.15], substituindo x por l: = 2l / n (comprimentos de ondas dos harmnicos) [10.17] onde n = 1, 2, 3, ... (note que o valor n = 0 no fsico nesse caso - seria uma onda com comprimento de onda infinito, ou seja, onda nenhuma). Estes so conhecidos como os comprimentos de ondas dos harmnicos da corda. As vibraes da corda so transmitidas para as molculas de ar e, devido propagao da perturbao, chegam aos nossos ouvidos na forma de som. A frequncia desses sons pode ser obtida da relao acima, resultando em f = v / = n v / 2l (frequncias dos harmnicos) [10.18] Nas animaes abaixo, obtida de "Multimedia Physics Studios", observamos os tr primeiros harmnicos em uma corda ("nodes" a palavra inglesa para ns).
Reflexo e transmisso Ondas podem refletir em obstculos. Na figura abaixo vemos uma onda em uma corda incidindo sobre uma parede, onde possui uma extremidade presa. A corda na parte da onda que chega parede exerce uma fora para cima sobre a mesma. Pela terceira lei de Newton, a parede exerce uma fora igual e para baixo sobre a corda, invertendo a amplitude da onda, e enviando para trs um pulso igual e invertido.
Se a corda no estiver presa parede o pulso retorna a partir do extremo aberto, mas no h inverso do mesmo, pois no existe fora exercida neste extremo. Veja a figura abaixo.
Quando a onda passa de um meio a outro, uma parte da mesma refletida enquanto que outra parte transmitida. Veja a figura abaixo. A onda refletida pode interferir com a onda incidente resultando numa forma de interferncia complicada e confusa.
Raios e frentes de onda comum adotarmos a notao "raio" para a direo em que a onda se propaga. Este conceito mais til em dimenses maiores: por exemplo, com ondas em um tanque de gua. Como vemos na figura abaixo, os raios esto em orientaes diferentes no espao, dependendo da direo de observao da onda. Os mximos e mnimos de onda formam um lugar comum, chamados de frentes de onda.
Em algumas situaes vrios raios so perpendiculares vrias frentes de onda. Isto acontece com as ondas de gua, por exemplo, quando se est observando a onda a uma distncia muito grande da sua origem (fonte). Uma onda em que todos os raios so perpendiculares s frentes de onda, so conhecidadas como ondas planas.
O conceito de raios e de frente de onda so muito importantes. Por exemplo, eles so teis na descrio da geometria das reflexes de onda em superfcies, como vemos na figura abaixo.
Velocidade da onda em funo das propriedades do meio A velocidade da onda em um meio depende das suas propriedades. Vamos dar um exemplo. Suponha que tenhamos uma corda de massa por unidade de comprimento , que esteja esticada por uma fora de tenso t. Se uma onda se propaga na corda, um pequeno elemento da corda mostrado na figura abaixo.
Este elemento, de comprimento Al, na parte mais elevada da onda, est sujeito tenso da corda nos dois sentidos de propagao da onda. Podemos desenhar um crculo de raio r, em que r a amplitude da onda. Este elemento da corda, considerado bem pequeno, est num dos lados de um tringulo cujo ngulo oposto dado por u. Instantaneamente, como se este elemento de corda estivesse se movimentando em uma trajetria circular de raio r, com velocidade v; a velocidade da corda. Logo, como ele estivesse sujeito uma fora centrpeta dada por F = Am v 2 / r = (A l) v 2 / r. Esta fora resulta da componente das tenses no sentido para o centro do crculo. Logo, F = 2t sen (u/2) ~ tu, onde usamos o fato do ngulo u ser muito menor que a unidade: logo, sen (u/2) ~ u/2. Como, u ~ Al / r, temos que F ~ t Al / r. Igualando estes dois resultados, temos que t Al / r = (A l) v 2 / r [10.19] Ou seja, v = (t / ) 1/2 [10.20] Obtemos ento o resultado desejado; ou seja, a velocidade de uma onda na corda em funo das propriedades da corda: sua tenso e sua densidade linear. Quanto menor (maior) a densidade linear ( a tenso) da corda, maior ser a velocidade da onda. Este resultado vlido para qualquer comprimento de onda, ou frequncia da onda. Anlise de Fourier e disperso Nem sempre obtemos resultados assim. Frequentemente, ondas se propagam em meios materiais com velocidade diferentes para frequncias diferentes. Isto importante, pois leva ao fenmeno de disperso. Para entender este fenmeno, vamos considerar ondas de forma qualquer. Por exemplo, vamos considerar um pulso de forma arbitrria em uma corda. Esse pulso pode ser descrito por uma funo f(x) para um dado instante de tempo. Pode-se mostrar que qualquer funo uni-dimensional pode ser descrita por uma srie de senos e de cossenos. Matematicamente, dizemos que as funes seno e cosseno formam uma base completa de funes. Logo, para qualquer f(x), temos que [10.21] onde a n , b n , e k n so coeficientes que dependem da forma da funo f(x). No momento no nos interessa como obtemos estes valores. O que nos interessa que k n est associado a um comprimento de onda n = 2t / k n . Logo, como se o pulso pudesse ser descrito por uma soma de ondas harmnicas. A equao acima conhecida como anlise de Fourier do pulso de onda. Um exemplo simples de anlise de Fourier pode ser dada para uma funo na forma de uma funo serra (veja a figura abaixo).
Pode-se mostrar que neste caso a n = 0, e b n = 2 (-1) n+1 / n. Ou seja, a funo acima pode ser descrita, at os termos de ondem n = k (nota: k aqui no numero de onda, mas apenas um nmero inteiro), pela srie [10.22] Dependendo onde paramos a srie, ou seja, em qual nmero k paramos a srie, a reproduo da funo pela srie [10.22], fica melhor e melhor. Vemos isso nas figuras abaixo para k = 4, 8, 16.
Se quisermos descrever uma onda que se propaga no tempo, temos que inserir o termo et em cada seno, ou cosseno da expanso. E como e est relacionado com k por meio da velocidade, temos que a forma final da onda ser [10.23] para uma onda que se propaga para a direita, com v = e n / k n . A anlise acima pode ser extendida para ondas em dimenses maiores, e para qualquer meio. O fenmeno de disperso ocorre quando a onda penetra em uma regio do material em que a velocidade da onda depende da frequncia, ou do comprimento de onda. Neste caso, como cada onda da soma em [10.23] possui um comprimento de onda distinto, e como o comprimento de onda v n = e n / k n depende de n, cada componente de Fourier da soma [10.23] se propagar com velocidade diferente. O pulso se deforma, j que os argumentos dos senos e cossenos variam com o tempo de formas distintas para cada onda harmnica correspondente. Em outras palavras, quando as velocidades de cada onda harmnica a mesma, a forma do pulso se mantm no tempo. Ele a mesma funo f(x) no tempo t = 0, porm deslocado de vt. Mas, quando as velocidades variam, algumas componentes viajam mais rpidamente, outras mais lentamente, carregando partes do pulso para frente e para trs do mesmo. Logo, o pulso se dispersa, se deforma. Energia e potncia carregada por uma onda Uma onda uma perturbaoque se propaga em um meio. Essa perturbao est associada a uma energia local. Por exemplo, em uma corda ela a energia de oscilao vertical dos tomos e molculas. Logo, devido propagao, essa energia passa de um ponto a outro no espao. A energia por unidade de tempo carregada por uma onda, ou potncia, pode ser mias facilmente calculada no caso de ondas em cordas. Suponha que tomemos um elemento de corda com massa Am = A l. Este elemento vibra para cima e para baixo com uma energia cintica dada por dK =Am u 2 / 2, onde u a velocidade desse elemento na direo vertical. Ela pode ser calculada usando-se a uquao u = dy/dt = ey m cos (kx + et) [10.24] de modo que dK = ( dx / 2) (ey m ) 2 cos 2 (kx + et) [10.25] Dividindo por dt, e usando dx/dt = v, obtemos dK/dt = ( v e 2 y m 2 / 2) cos 2 (kx + et) [10.26] Este o valor da energia de um dado elemento da corda. Para calcularmos a energia total carregada pela onda por unidade de tempo precisamos fazer uma mdia de todos os elementos de volume ao longo de um comprimento de onda, ou, equivalentemente, ao longo de um perodo da onda. Isto significa que precisamos tomar uma mdia da funo cos 2 (kx + et) ao longo de um comprimento de onda, ou de um perodo, j que esta a nica parte de [10.26] que depende da posio ou tempo. Usamos ento a relao matemtica (valor mdio de cos 2 ) [10.27] Logo, o valor mdio da energia cintica carregada pela onda dada por < dK/dt > mdio = v e 2 y m 2 / 4 [10.28] onde < > mdio significa o mesmo que a barra, denotando valor mdio. A onda no carrega apenas energia cintica. Quando os tomos ou as molculas se deslocam da posio de equilbrio eles esto sob a atuao de foras restauradoras (a tenso, no caso da corda) que esto associadas energias potenciais. Logo, a onda tambm carrega energia potencial. Pode-se mostrar que o valor mdio da energia potencial igual ao valor mdio da energia cintica. Isto parece razovel, j que as duas energias se revezam, uma se transformando na outra, ao longo da propagao. Como a energia total a soma das energias cinticas e potencial, chegamos concluso de que a potncia total carregada pela onda dada por P = 2 < dK/dt > mdio = v e 2 y m 2 / 2 [10.29] Este resultado mostra que a energia carregada por uma onda proporcional ao quadrado da frequncia e ao quadrado da amplitude das oscilaes. Multiplicando pela velocidade com que essa energia carregada, obtemos a potncia carregada pela onda, descrita pela equao [10.29].