Livro Bomba
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ELETROBRS Centrais Eltricas Brasileiras Praia do Flamengo, 66 - Bloco A - 14 andar - Flamengo CEP 22210-030 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2514-5151 - Fax: (21) 2507-2474 PROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica Av. Rio Branco, 53 - 20 andar - Centro CEP 20090-004 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2514-5197 - Fax: (21) 2514-5155
F I C H A C ATA LO G R F I C A
CENTRAIS ELTRICAS BRASILEIRAS, FUPAI/EFFICIENTIA Eficincia Energtica em Sistemas de Bombeamento. Rio de Janeiro: Eletrobrs, 2005. 272p. ilust. (Contm CD) 1.Conservao de Energia Eltrica.2.Racionalizao no Uso da Energia Eltrica. 3.Bomba.4.Bomba Hidrulica.5.Bomba Centrfuga.I.Ttulo.II.Gaio, Marcelo Monachesi. CDU: 621.3.004 621.3.004.14.004.1 621.65 621.651 621.67
C O N S R C I O E F F I C I E N T I A / F U PA I EFFICIENTIA Av. Afonso Pena, 1964 - 7 andar - Funcionrios CEP 30130-005 - Belo Horizonte - MG www.efficientia.com.br efficientia@efficientia.com.br Diretor Presidente da Efficientia Elmar de Oliveira Santana Coordenador Geral do Projeto Jaime A. Burgoa/Tulio Marcus Machado Alves Coordenador Operacional do Projeto Ricardo Cerqueira Moura Coordenador do Ncleo Gestor dos Guias Tcnicos Marco Aurlio Guimares Monteiro Coordenador do Ncleo Gestor Administrativo-Financeiro Cid dos Santos Scala FUPAI - Fundao de Pesquisa e Assessoramento Indstria Rua Xavier Lisboa, 27 - Centro - CEP 37501-042 Itajub - MG www.fupai.com.br - fupai@fupai.com.br Presidente da FUPAI Djalma Brighenti Coordenador Operacional do Projeto Jamil Haddad* Luiz Augusto Horta Nogueira* Coordenadora do Ncleo Gestor Administrativo-Financeiro Heloisa Sonja Nogueira EQUIPE TCNICA Apoio Tcnico Adriano Jack Machado Miranda Maria Aparecida Morangon de Figueiredo Micael Duarte Frana Fotografia Eugnio Paccelli
SUMRIO
13 16
16 17 19
63
63 66 68 68 69 73 74 75 76 79 80 81 82 87 94 95 98 99
4 Aplicaes
4.1 4.2 Utilizao das bombas Velocidade especfica
101
101 101
Classificao das bombas quanto ao tipo de rotor Vantagens e desvantagens para cada tipo de bomba Critrios para a escolha do melhor equipamento
5 Oportunidades de Uso
5.1 5.2 5.3 5.4 Variaes do ponto de funcionamento das bombas Associaes em srie Associaes em paralelo Seleo de bombas otimizadas com auxlio de software fornecido por fabricantes
123
123 130 135 145
148 166
167 169 169 171 172 172 174 183 186 188
8 Casos Prticos
8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 Caso prtico N 1 Caso prtico N 2 Caso prtico N 3 Caso prtico N 4 Caso prtico N 5 Resumo
191
192 199 202 204 210 217
Anexo B
B - Viabilidade econmica
240
240
APRESENTAO
Em 1985, o Governo Federal criou o Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica (PROCEL), coordenado pelo Ministrio de Minas e Energia e implementado pela Eletrobrs, com o objetivo principal de contribuir para a reduo do consumo e da demanda de energia eltrica no pas, mediante o combate ao desperdcio desse valioso insumo. A Eletrobrs/Procel mantm estreito relacionamento com diversas organizaes nacionais e internacionais cujos propsitos estejam alinhados com o citado objetivo, destacando-se o Banco Mundial (BIRD) e o Global Environment Facility (GEF), que tm se constitudo em importantes agentes financiadores de projetos na rea da eficincia energtica. O GEF, que concede suporte financeiro s atividades relacionadas com a mitigao de impactos ambientais, como o uso racional e eficiente da energia, doou recursos Eletrobrs/Procel, por intermdio do Bird, para o desenvolvimento de vrios projetos, com destaque para Disseminao de Informaes em Eficincia Energtica tema deste trabalho. Concebido e coordenado pela , Eletrobrs/Procel, este projeto foi realizado pelo Consrcio Efficientia/Fupai, com o apoio do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Objetiva, basicamente, divulgar informaes sobre tecnologias de uso eficiente de energia para profissionais de setores diretamente envolvidos, como o industrial e o comercial, bem como para aqueles vinculados a prdios pblicos e rgos de saneamento, relativos a aspectos tecnolgicos e operacionais que permitam reduzir o desperdcio de energia eltrica. Este projeto tambm engloba a elaborao de casos de sucesso e treinamentos especficos que retratem os conceitos do uso racional e eficiente da energia.
C O N S I D E R A E S
I N I C I A I S
Em 2001, o Brasil vivenciou uma crise de abastecimento no setor eltrico. Duas conseqncias positivas sobressaram desta crise: a forte participao da sociedade na busca da soluo; e a valorizao da eficincia no uso de energia. Em decorrncia desse processo involuntrio de aprendizagem, vem se formando uma conscincia de que a eficincia energtica no pode estar vinculada apenas a questes conjunturais. Deve, sim, fazer parte, de forma definitiva, da poltica energtica nacional, mediante a valorizao das iniciativas j em andamento no Pas, o desenvolvimento de produtos e processos mais eficientes e a intensificao de programas que levem mudana nos hbitos de consumo. A energia um insumo fundamental para assegurar o desenvolvimento econmico e social de um pas. A racionalizao de seu uso apresenta-se como alternativa de baixo custo e de curto prazo de implantao. Em alguns casos, significativas economias podem ser obtidas apenas com mudanas de procedimentos e de hbitos, alm de impactar positivamente o meio ambiente. Dentre os aspectos econmicos envolvidos na atividade de racionalizao do uso de energia, deve-se destacar a valorizao da imagem e da viso estratgica da empresa. Hoje, o mercado est cada vez mais orientado a dar preferncia a produtos de empresas comprometidas com aes de proteo ao meio ambiente. Uma empresa que deseja alcanar uma estrutura de custos racionalizada e tornar-se mais competitiva no pode admitir o desperdcio ou usar a energia de forma ineficiente e irresponsvel. necessrio, pois, incentivar todos os empregados a obter o mesmo produto ou servio com menor consumo de energia,eliminando desperdcios e assegurando a reduo dos custos. Espera-se que as informaes contidas neste Livro sejam teis aos tcnicos das empresas brasileiras, capacitando-os a implementar melhorias que resultem no uso responsvel dos recursos naturais e energticos, bem como no aumento da competitividade dos setores produtivos e de servios do Pas. A Eletrobrs / Procel e o Consrcio Efficientia / Fupai agradecem os esforos de todos aqueles que participaram dos vrios estgios da elaborao deste documento, incluindo as fases de concepo inicial e de reviso final do texto. Registramos as contribuies, notadamente, de Paulo da Silva Capella, Osvaldo Luiz Cramer de Otero e Edson Szyszka (Cepel); Prof. Augusto Nelson Carvalho Viana (Unifei); Ayrton Sampaio Gomes (Ministrio das Cidades); Carlos Henrique Moya, Anglica da Silva Sobral, Marcos Luiz Rodrigues Cordeiro e Rose Pires Ribeiro (Consultores).
ABNT ANEEL AT BHP BT CD CICE CNTP ESCO FC FP FS FU HFP HP ICMS IWA MME MT NHFP NHP NPSH PGE PMR Procel PS PU S SI THS TIR U VPL
Associao Brasileira de Normas Tcnicas Agncia Nacional de Energia Eltrica Alta tenso Brake Horse Power Baixa tenso Compact disk - disco tico Comisso Interna de Conservao de Energia Condies Normais de Temperatura e Presso Energy saving company, ou empresa de servio em conservao de energia Fator de carga Fator de potncia Horrio fora de ponta em perodo seco Horrio fora de ponta em perodo mido Horrio fora de ponta Horrio de ponta Imposto Sobre Circulao de Mercadorias International Water Association Ministrio de Minas e Energia Mdia tenso Nmero de horas fora de ponta Nmero de horas de ponta Net Positive Suction Head Programa de Gesto Energtica Ponto de Mximo Rendimento Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica Horrio de ponta em perodo seco Horrio de ponta em perodo mido Perodo seco Sistema Internacional Tarifao horo-sazonal Taxa Interna de Retorno Perodo mido Valor presente lquido
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Introduo
O uso irresponsvel dos recursos naturais vem fazendo da espcie humana refm de seus prprios erros. Em particular, o abastecimento pblico de gua, que at h poucos anos era feito por meio de fontes limpas captadas nas encostas e trazidas s comunidades pela ao da gravidade, atualmente depende praticamente na totalidade de bombeamento. O uso de bombas de gua tornou-se indispensvel e, como conseqncia, tambm o uso da energia eltrica para o acionamento dos motores que fazem funcionar as bombas. Assim, se no foi possvel evitar a degradao ambiental at aqui, importa agora tentar evitar a continuidade das aes que nos levaram a essa situao. E uma importante contribuio nesse contexto consiste em reduzir ao mximo o uso irracional da energia, se no pela conscincia ambiental da necessidade de deixar para as futuras geraes um planeta Aqueduto Romano - Sculo II a.C. (regio do Vale da em melhores condies de Aosta - Itlia) habitabilidade, ao menos pela reduzir os custos dos servios, que, em ltima anlise, sero sempre pagos pela sociedade, no importando se o arranjo para a prestao desse benefcio venha a ser patrocinado pelo pblico ou pelo privado. O Livro Eficincia Energtica em Sistemas de Bombeamento est dividido em captulos, de modo a destacar os assuntos, permitindo a consulta a temas especficos. Inicia-se pela
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abordagem dos temas diretamente relacionados ao uso de bombas de gua, passando pelos conceitos mais comuns de hidrulica, abordando o funcionamento das bombas e o modo de lidar com elas do ponto de vista de seu funcionamento nos sistemas de abastecimento de gua, at se chegar a exemplos retirados da experincia prtica, em que casos reais so comentados com um elevado grau de detalhamento, facilitando a comparao com outras situaes com as quais eventualmente o profissional que consultar o Livro estar lidando no seu dia-a-dia. No captulo 2, apresentam-se os conceitos bsicos da Mecnica dos Fluidos e da Hidrulica aplicados ao abastecimento de gua. No captulo 3, so introduzidas as bombas nos sistemas de abastecimento de gua a partir do princpio de funcionamento das bombas centrfugas. dada nfase especial s curvas de desempenho das bombas, fundamentais para o entendimento das aes possveis para racionalizar o consumo de energia eltrica quando do seu funcionamento. Tambm, encontra-se neste captulo uma abordagem das unidades componentes dos sistemas de abastecimento pblico mais comumente encontradas os poos profundos, os boosters e os reservatrios, alm dos critrios de automao e controle. No captulo 4, esto abordados os diversos tipos de bombas, entrando em detalhes construtivos e mostrando os equipamentos em corte, suas tabelas de seleo, faixas de aplicao e outras caractersticas, de modo a melhor caracterizar as bombas quanto s suas aplicaes nos sistemas de gua. No captulo 5, esto as associaes de bombas em srie e em paralelo (dor de cabea de muitos profissionais do ramo), assim como o detalhamento completo da variao do ponto de funcionamento das bombas em relao aos sistemas hidrulicos nos quais se inserem, estando ou no associadas. So mostrados, tambm, exemplos de utilizao de softwares para facilitar o estudo das associaes, sem deixar de detalhar o procedimento clssico do traado dos diagramas de curva de bomba versus curva de sistema. O captulo 6 trata do problema da cavitao nas bombas nas instalaes de recalque, embora seja um assunto vastssimo e de uma complexidade que extrapola os objetivos deste Livro. Apresentam-se os conceitos fundamentais que devem nortear o profissional no estudo da soluo de problemas nas instalaes de bombeamento. Um exemplo numrico discutido, tanto no mtodo clssico do traado dos diagramas como com o auxlio de um simulador hidrulico, com o intuito de facilitar a compreenso do fenmeno e de mostrar como evit-lo, sem que o leitor tenha sua ateno absorvida pelos clculos, podendo assim concentrar-se no fundamento da ques-
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to. abordado, tambm, outro problema freqente que costuma ser confundido com a cavitao: a recirculao. A partir da expresso matemtica para o clculo da potncia consumida para o funcionamento de uma bomba centrfuga, no captulo 7, exploram-se as oportunidades de melhorar a eficincia energtica do sistema, objetivo deste Livro. Abordam-se desde as possibilidades mais bvias de trabalhar com equipamentos de melhor rendimento at as oportunidades menos evidentes de deslocamento de consumo do horrio de ponta, este ltimo exemplo mostrado com o auxlio de um simulador hidrulico, sem dvida, a ferramenta atualmente indispensvel para o profissional de engenharia que se dedica aos sistemas de abastecimento de gua. No captulo 8, esto abordados cinco casos reais, procurando-se, sempre que necessrio, fazer referncia aos conceitos mostrados nos captulos anteriores. Os captulos finais apresentam as referncias bibliogrficas e os links, da Internet, utilizados na confeco deste Livro, os quais servem tambm para a consulta dos profissionais que dele faro uso. Em todos os captulos, so mostrados exerccios numricos de fcil compreenso, que complementam a abordagem terica. Os conceitos e uma metodologia de gesto energtica so abordados no Anexo A, visando a um nivelamento das informaes profissionais que estejam pouco familiarizados com o setor eltrico. O Anexo B aborda os conceitos fundamentais anlise econmica e financeira de um determinado projeto, seja de implantao de um sistema, seja de um aperfeioamento, com a finalidade de melhorar a eficincia energtica da instalao. Inicia com a abordagem dos conceitos bsicos de Matemtica Financeira at se chegar aos fundamentos da anlise de viabilidade econmica, explorando, com nfase, os conceitos mais utilizados no setor: o Valor Presente Lquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). Acompanha esse Livro um CD com diversos arquivos e softwares de apoio e complementao para os usurios deste Livro.
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Conceitos Bsicos
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I Massa Especfica
Embora seja possvel expressar massa especfica em utm/m3, este no o procedimento usual. Em todo caso, a converso : 1 utm/m3 = 9,81 kg/m3.
II Peso especfico
1 kgf/m3 = 9,81 N/m2
III Presso
1 kgf/cm2 = 9,81 N/cm2 = 9,81 N/ 0,0001 m2 = 98100 N/m2 = 98,1 x 103 Pa
Observao: Em razo de a unidade Pascal apresentar valores numricos altos quando se trata dos valores de presso usuais no saneamento, costume usar-se o kPa (quilo Pascal), que vale, obviamente, 1000 Pa. Assim, tambm se pode escrever: 1 kgf/cm2 = 98,1 kPa.
IV Vazo
1 m3/s = 1000 l/s tambm muito usual a unidade m3/h, principalmente nos catlogos de bombas. 1 l/s = 3,6 m3/h.
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V Viscosidade absoluta
1 cP (centipoise) = 0,001 Pa . s (Pascal segundo)
VI Viscosidade cinemtica
1 cSt (centistoke) = 0,000001 m2/s
Observao: Por isso, as concessionrias no utilizam a unidade do SI para apresentar as contas de energia eltrica. No seria prtico entregar a um cliente residencial uma conta de 720.000.000 de Joules. bem mais prtico apresentar uma conta de 200 kWh, alm do que mais fcil de entender um consumo de uma carga (potncia) de 1 kW durante 200 horas.
VIII Potncia
1 W = 0,001341 hp (horse power). A unidade hp deriva do sistema ingls. Ou 1 hp = 746 W como mais comum de ser usada. Observao. A unidade cv (cavalo vapor), muito comum no Brasil, no a mesma de hp.
1 cv = 735 W
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IX Freqncia
1 Hertz (Hz) equivale, nos movimentos de rotao, a uma volta por segundo. Assim, 1 r.p.m. (rotao por minuto) equivale a 60 Hz. Ou 1 Hz = 60 r.p.m. Ou 1 r.p.m. = 1/60 Hz.
X Carga hidrulica
Em unidades do SI, a grandeza carga hidrulica deveria ser escrita como J/m3 (Joule por metro cbico), pois, afinal, trata-se de energia por unidade de volume. No entanto, muito mais prtico entender a carga hidrulica como uma coluna de gua, tal qual um piezmetro. Da o uso da unidade metros de coluna de gua (m.c.a.). Softwares de converso de unidades (completo) podem ser baixados nos sites: http://www.bossintl.com/products/download/item/MIkE+NET.html#11 ou, http://www.haestad.com/softWare/flexunits/default.asp So sites de desenvolvedores e fornecedores de softwares de modelamento hidrulico e hidrolgico. No CD que acompanha este Livro esto disponveis os softwares citados.
=m V
(2.1)
Para a gua, nas condies normais de temperatura e presso (CNTP), seu valor igual a 1000 kg/m3.
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b) Peso especfico
a relao entre o peso de um corpo (w) e o volume por ele ocupado. representado normalmente pela letra grega . expresso como abaixo:
=w/V
(2.2)
Para a gua, nas condies normais de temperatura e presso (CNTP) seu valor igual a 1000 kgf/m3, ou 9800 N/m3. Para os lquidos, a variao da massa especfica com a temperatura e a presso muito pequena, podendo ser considerada, para as finalidades deste Livro, constante a mesma observao vale para o peso especfico, pois bvia sua relao com a massa especfica:
= .g
(2.3)
c) Densidade
a relao entre a massa especfica de uma substncia e a massa especfica de outra adotada como referncia em condies padro. Para os lquidos, a referncia a gua. Assim, a densidade da gua igual a 1. Pela sua definio, um valor adimensional.
dv onde dy a variao da velocidade de escoamento de uma placanum fluido em relao distncia que as separa; e a tenso de cisalhamento aplicada placa considerada, igual a F/S (fora sobre a superfcie).
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Nem todos os fluidos se comportam assim, isto , a resistncia ao cisalhamento sendo proporcional ao gradiente de velocidade, na direo perpendicular tenso. Aqueles fluidos para os quais essa relao verdadeira so chamados fluidos Newtonianos o . caso da gua, cujo permanece constante e igual a 0,0001568 N x s/m2, na temperatura de 4C.
e) Viscosidade cinemtica
Para as equaes da hidrulica que correlacionam as grandezas intervenientes, o que interessa, no entanto, a viscosidade cinemtica, que a razo entre a viscosidade absoluta e a massa especfica da substncia em questo. No caso, a gua. representada pela letra grega na equao:
(2.5)
Seu valor, nos mesmos 4C, 0,000001586 m2/s . Usualmente, o valor da viscosidade cinemtica nas questes que envolvem a hidrulica tomado para a temperatura de 20C, que de 0,000001003 m2/s ou, praticamente, 1 x 10-6.
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TA B E L A 2 . 2 : VA R I A O D A V I S C O S I D A D E C O M A T E M P E R AT U R A .
TEMPERATURA (C) 0 4 10 20 VISCOSIDADE DINMICA (N.s/m2) 0,001781 0,001568 0,001307 0,001002 VISCOSIDADE CINEMTICA (m2/s) 0,000001793 0,000001586 0,000001309 0,000001003
A viscosidade pode ser entendida, para fins prticos, como a resistncia oferecida pelo lquido ao escoamento. intuitivo que fluidos de maior viscosidade (mais espessos) tenham maior resistncia ao escoamento que fluidos menos viscosos.
f ) Nmero de reynolds
um nmero adimensional que retrata o tipo de movimento de um fluido: se laminar (calmo, linhas de fluxo paralelas ao escoamento) ou turbulento (movimento catico das molculas). calculado em funo da velocidade do escoamento, do dimetro interno da tubulao e do coeficiente de viscosidade cinemtica do fluido ( ). Escreve-se assim:
Re = U . D
(2.6)
onde Re o nmero de Reynolds, U a velocidade mdia do escoamento e D o dimetro da tubulao por onde o escoamento se d.
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O escoamento considerado turbulento quando esse nmero superior a 4000 e laminar quando ele inferior a 2000, havendo uma zona considerada de transio entre esses dois limites. Para valores usualmente encontrados nas tubulaes das redes de distribuio de gua, U da ordem de 1 m/s, podendo ser superior nas tubulaes de recalque, principalmente no barrilete de sada das elevatrias; e , como j foi visto anteriormente, na temperatura ambiente mdia de 20C, da ordem de 0,000001 m2/s. Os valores do nmero de Reynolds para diversos dimetros comerciais esto mostrados na Tabela 2.3. TA B E L A 2 . 3 : VA R I A O D O N M E R O D E R E Y N O L D S C O M O D I M E T R O
DIMETRO (mm) 100 150 200 250 300 400 500 600 800 1000 NMERO DE REYNOLDS (PARA VELOCIDADES DE 1 m/s) 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 400.000 500.000 600.000 800.000 1.000.000
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g) Presso
Nos fluidos, s possvel aplicar foras atravs de superfcies, ao contrrio do que ocorre com os slidos, nos quais se pode considerar a ao de uma fora pontual. Por isso, conveniente estudar as foras que atuam nos lquidos a partir do conceito de presso, que pode ser entendida como uma fora, por unidade de superfcie, aplicada perpendicularmente a essa superfcie por um fluido com o qual est em contato. Presso a fora dividida pela rea. PRESSO = FORA / REA
Conceituao prtica
Consideremos o reservatrio da Figura 2.2 e um ponto na base, onde a fora a que est submetido o peso da gua sobre a superfcie da base. Considerando que a gua est em repouso no reservatrio, qualquer ponto da base serve como referncia. Seja Sa rea da base e ha altura do reservatrio. O pesoda gua sobre a base (fora sobre superfcie) ser igual ao produto do volume de gua (V = S x h) pelo seu peso especfico . Assim, a presso num ponto qualquer da base do reservatrio ser dada por:
(2.7)
(2.8)
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H a tendncia entre o pessoal operacional menos especializado de, nos servios de abastecimento de gua, relacionar o peso da gua com a presso e, erroneamente, de achar que um reservatrio de grande capacidade proporcionar maior presso no sistema distribuidor. O argumento em que se apiam para afirmar que a presso est relacionada apenas com a coluna de gua acima do ponto a lembrana de que a presso que se sofre ao mergulhar a um metro de profundidade no mar a mesma quando se mergulha um metro numa piscina pequena. Uma vez que as presses dependem somente de altura da coluna de lquido, pode-se concluir facilmente que as presses em qualquer ponto no interior do lquido no dependem do formato ou do volume do reservatrio. Ver Figura 2.3:
Figura 2.3: Medida da presso em relao ao formato do reservatrio. Fonte: adaptado de JACUZZI A presso total ou absoluta dada por: pabs = patm + ( . h) (2.9)
Nessa expresso, a primeira parcela do lado direito refere-se presso quando a profundidade igual a zero, isto , na superfcie livre do lquido. A essa presso d-se o nome de presso atmosfrica presso assim determinada d-se o nome de pres. so absoluta . Nos trabalhos de engenharia, principalmente no setor de saneamento, conveniente considerar o referencial de presso igual presso atmosfrica. Em outras palavras devese faz-la igual a zero. presso assim determinada d-se o nome de presso manomtrica (gauge pressure na bibliografia em lngua inglesa) ou presso relativa (pr).
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(2.10)
(2.11)
O fato de a presso atmosfrica variar com a altitude no implica que se incorre em erro quando a tomamos como referencial nos trabalhos de saneamento, pois os sistemas de gua normalmente esto restritos a uma rea onde a presso atmosfrica no varia significativamente. Alm do que, como em todos os problemas da fsica, o que interessa para se realizar trabalho o diferencial de energia, e no a energia absoluta.
h= p
(2.12)
A esta expresso d-se o nome de carga hidrulica de presso Note-se que, dimensio. nalmente, tem o valor de uma unidade de comprimento [L].
2 [h] = N/m N/m3
ou [h] = metro Essa uma das consideraes mais teis na hidrulica aplicada aos sistemas de abastecimento de gua, pois permite entender a carga hidrulica de presso como a altura de gua. Da decorre uma das unidades mais comuns com as quais se lida no dia a dia dos sistemas de abastecimento de gua, que o m.c.a. (metros de coluna de gua). Essa unidade de energia de presso utilizada, tambm, em outros ramos. Por exemplo, quando tomamos nossa presso nos consultrios mdicos, ela dada em milmetros de coluna de mercrio (ex. 12 x 8 mm Hg).
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h) Vazo
A vazo que escoa numa determinada tubulao o volume de lquido escoado num determinado tempo. Matematicamente, escrito como: Q= V T
(2.13)
onde Q a vazo,V o volume de lquido escoado e T o tempo decorrido para que o escoamento se d. A vazo medida pela maioria dos medidores de presso diferencial (tubo de Pitot, Venturi) ou, mesmo, por medidores eletromagnticos ou de ultra-som leva em conta a velocidade mdia da seo transversal do tubo.
Equao da continuidade
Em conseqncia da considerao estatstica de velocidade mdia, que permite admitir o escoamento nas canalizaes sob presso como permanentes e uniformes, decorre a equao da continuidade, outra das equaes de grande utilidade prtica na hidrulica aplicada.
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Figura 2.4: Representao da equao da continuidade Considerando os dados da Figura 2.4, verifica-se que o volume escoado pela tubulao de dimetro d na unidade de tempo deve ser o mesmo escoado na tubulao de dimetro D uma vez que parte-se do princpio de regime permanente e uniforme; isto , no h , fonte nem sumidouro entre os trechos de tubulao considerados. Em outras palavras, a vazo constante no trecho considerado. Q1 = Q2 Assim, possvel escrever que: S1 x L1 T = S2 x L2 T
L U Sendo i = i a velocidade mdia de escoamento no trecho i, a mesma equao pode T . ser escrita da forma: S1 . U1 = S2 . U2, expresso conhecida como equao da continuidade Decorre da equao da continuidade outra expresso para a vazo:
Q = S .U
(2.14)
onde S a rea da seo transversal da tubulao por onde flui o lquido a uma velocidade mdia U .
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Exemplo numrico: Numa tubulao de 200 mm de dimetro interno, flui um lquido a uma vazo de 50 l/s. Qual a velocidade desse escoamento? Dica: utilizar unidades homogneas. 50 l/s = 0,050 m3/s. 200 mm = 0,200 m.
2 S = . D = . (0,200)2 4 = 0,0314 4 Da aplicao direta da equao da continuidade, tem-se: U = 0,050/0,0314. Ou: a velocidade mdia U igual a 1,59 m/s.
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Da Figura 2.5, pode-se verificar que a soma da cota com a carga de presso em cada ponto constante e equivale cota da linha paralela ao referencial a partir do nvel de gua. A essa linha d-se o nome, na hidrulica aplicada, de linha de carga esttica . Quando, no entanto, se abre o registro hipottico ao final da tubulao, o escoamento tem incio, e a linha de carga esttica sofre uma deflexo para baixo correspondente , perda de carga (energia) inerente ao trabalho realizado. A Figura 2.6 representa o que ocorre nos condutos forados sujeitos a um escoamento permanente e uniforme.
Figura 2.6: Dutos forados sujeitos a escoamento permanente e uniforme A carga (energia) armazenada sob a forma de energia potencial (de posio - relativa cota do nvel de gua no reservatrio) transforma-se em energia de movimento (cintica). E, como ocorre em todo processo de transformao de energia na natureza, decorrente do atrito entre a gua e as paredes do tubo e entre as molculas de gua entre si, perde-se parte dessa energia. o que se denomina perda de carga no jargo da hidrulica aplica, da. As trs formas de energia presentes nesse tipo de escoamento so:
Energia potencial: representada pela letra Z a cota topogrfica do ponto consi. derado. Energia cintica: na grande maioria dos casos, a menor das trs parcelas, equivalente a U2/2g(quadrado da velocidade do escoamento dividido pelo dobro da acelerao da . gravidade no local). Energia piezomtrica (de presso): a carga de presso p/ , j abordada anteriormente.
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b)
linha que representa a soma das trs parcelas de energia d-se o nome de linha de carga dinmica . linha que representa somente a soma das cargas de posio (cota) e de presso, d-se o nome de linha piezomtrica .
c) A parcela responsvel pela inclinaoda linha de carga esttica o que se denomina perda de carga .
A Figura 2.7 ilustra as trs parcelas da energia (carga) envolvidas nos escoamentos em condutos forados e tambm as linhas de carga (LC) e linha piezomtrica (LP).
Figura 2.7: Tipos de carga, linhas de carga e linha piezomtrica envolvidos em escoamento em condutos forados
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A Figura 2.8 mostra tambm que a diferena entre a energia total (soma das trs parcelas) do lquido em escoamento num conduto forado em regime uniforme e permanente, em dois pontos distintos equivale perda de carga ocorrida entre esses dois pontos. A expresso matemtica dessa constatao o famoso teorema de Bernoulli .
Figura 2.8: Perda de carga entre dois pontos de um conduto forado em regime uniforme e permanente
Teorema de Bernoulli .
(2.15)
onde o termo h12 a notao clssica para a perda de carga no trecho entre os pontos 1 e 2 .
i) Perdas de carga
As perdas de carga so divididas, para melhor compreenso do fenmeno, em dois tipos, embora decorram do mesmo processo natural de degradao da energia na natureza (entropia).
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Chama-se de perda de carga distribuda a perda que se d ao longo das tubulaes, de forma contnua. Chama-se de Perda de carga localizada a perda que se d quando ocorrem descontinuidades na perda distribuda; isto , quando existem pontos singulares na tubulao que provocam um atrito significativamente maior que o provocado pelo escoamento contnuo. So as perdas causadas por redues bruscas no dimetro das canalizaes, por curvas, derivaes, bolses de ar preso nos tubos, vlvulas parcialmente fechadas, entradas e sadas de reservatrios, etc...
(2.16)
O termo C procura representar nessa expresso o estado de conservao das paredes internas da tubulao. Se muito rugosas, isto , se oferecem grande resistncia ao escoamento e, portanto, muito atrito, provocando muita perda de carga, tem um valor baixo. Se, ao contrrio, as paredes esto lisas, oferecendo pouca resistncia ao escoamento, tem um valor mais alto. A Tabela 2.4 mostra os valores de C usuais.
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Fonte: Haestad, Walski, Chase e Savic em Water Distribution Modeling A segunda expresso, racional, pois derivada de consideraes fsicas e matemticas, chamada frmula de Darcy-Weisbach tambm em homenagem aos pesquisadores que , a demonstraram, de conceituao mais precisa e recomendada pela Norma Brasileira (ABNT - NBR 12218 - Projeto de rede de distribuio de gua para abastecimento pblico). mais utilizada na Europa, porm aqui menos utilizada na prtica. Esse fato decorre da dificuldade que existia antes do advento das calculadoras cientficas, dos computadores e dos modelos de simulao hidrulica, quando os engenheiros trabalhavam com tabelas de bolso Hoje em dia, a tendncia natural seu uso se tornar . cada vez mais corrente em detrimento da velhafrmula emprica de Hazen-Williams. Sua expresso matemtica :
(2.17)
onde, da mesma forma, h a perda de carga distribuda ao longo do trecho de canalizao de comprimento L e dimetro D por onde flui uma vazo Q , . Nessa expresso,g a acelerao da gravidade no local (9,81 m/s2), ( a razo entre o
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comprimento das circunferncias e seu dimetro (3,14) e f o fator que procura representar o estado de conservao das paredes internas da tubulao. Ao comparar as duas expresses, nota-se que os expoentes das grandezas envolvidas no escoamento se assemelham. A vazo entra ao quadrado (na expresso de HazenWilliams, elevada potncia 1,852), o dimetro e elevado quinta potncia (na expresso de Hazen-Williams, elevada potncia 4,87) e o comprimento da tubulao influencia linearmente na perda de carga em ambas as expresses. Quanto ao valor de f sua determinao um tanto complexa, feita sem o auxlio de , calculadoras cientificas ou de computadores pessoais. Provavelmente, decorre desse fato sua pouca popularidade entre ns, at agora. Em regimes turbulentos, o valor de f dado pela expresso de Colebrook-White:
(2.18)
onde D o dimetro da tubulao, Re o nmero de Reynolds e a rugosidade (aspereza) da parede interna do tubo. Os valores de para algumas situaes esto mostrados na Tabela 2.5. TABELA 2.5: VALORES DA RUGOSIDADE ABSOLUTA PARA DIVERSOS MATERIAIS
TIPO DE TUBO Ferro fundido novo cimentado Ao galvanizado novo Ao sem revestimento novo PVC novo VALOR DA RUGOSIDADE EM mm 0,102 0,102 a 4,6 0,028 0,0015
Fonte: Haestad, Walski, Chase e Savic em Water Distribution Modeling Tabelas completas podem ser encontradas na bibliografia sobre o assunto. Tradicionalmente, o valor de f (coeficiente de atrito de Darcy-Weisbach) obti-
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do por meio de bacos, j que sua formulao mais largamente utilizada a equao de Colebrook:
(2.19)
Esta equao impossvel de ser resolvida algebricamente (no possvel explicitar o valor de f na expresso matemtica). No entanto, mais recentemente (1976), foi apresentada comunidade cientfica que se dedica hidrulica aplicada a expresso desenvolvida por Swamee e Jain, que aproxima a menos de 1% dos resultados da frmula de Colebrook, desde que o nmero de Reynolds esteja no intervalo de 4.000 a 100.000.000 e a razo entre e D entre os valores de 0,000001 e 0, 01. So exatamente as faixas onde se situam os valores usuais no saneamento. Da a frmula de Swamee-Jain ser empregada na maioria dos modelos de simulao hidrulica disponveis. A grande vantagem dessa expresso a explicitao do valor de f em funo do . nmero de Reynolds e da relao entre e D , denominada rugosidade relativa Sua expresso matemtica :
(2.20)
A mesma expresso costuma aparecer nos manuais de hidrulica na forma de logaritmos de base 10 (Miller, R.W., Flow Measurement Engineering Handbook), (McGraW-Hill, 1983): (2.21)
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Lembrando que o nmero de Reynolds dado pela relao U . D / , o problema continua interativo, quando se est dimensionando o dimetro de uma tubulao para escoar uma determinada vazo,j que as grandezas envolvidas para a estimativa do coeficiente de atrito f so interdependentes; isto , s possvel conhecer o nmero de Reynolds a partir da velocidade, que depende do dimetro, que o que se est procurando determinar. Ento, a soluo para esse tipo de problema sempre interativa. A experincia e a padronizao de dimetros fazem com que o problema seja facilmente resolvido, no mximo, na segunda tentativa. No entanto, quando so utilizados os simuladores hidrulicos, a convergncia da soluo se d de forma quase instantnea, no havendo maiores problemas para a utilizao da expresso de Darcy-Weisbach, como sugere a norma brasileira.
Comentrio: A conceituao do estado de conservao das paredes internas do tubo bem mais preciso como feito por Darcy-Weisbach do que por Hazen-Williams. Observe-se que na expresso emprica desses ltimos, o valor de Cindepende do dimetro (D) e do tipo de escoamento (nmero de Reynolds) considerados. Na verdade, uma parede com uma aspereza maior ser to mais significativa quanto menor for o dimetro em questo. Em outras palavras, uma aspereza da ordem de 1 mm em uma tubulao de 50 mm de dimetro tem um significado muito maior para o atrito do que essa mesma aspereza numa tubulao de 1000 mm de dimetro.Analogamente,quanto mais turbulento for o escoamento, maior o significado da aspereza interna da tubulao para o atrito e, conseqentemente, para a perda de carga, que, no final das contas, ser traduzida em perda de energia eltrica nos sistemas bombeados (por recalque).
Exemplos numricos: 1 - Considere uma tubulao de 250 mm de 2.800 metros de extenso por onde deve circular uma vazo de 100 l/s. Determine a perda de carga ao longo do trecho, considerando C igual a 120.
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2 - Observe que se a tubulao estivesse velha e o coeficiente C fosse da ordem de 80, a perda de carga seria igual a 107 metros, mais que o dobro.
3 - Considere uma tubulao de 150 mm, coeficiente de atrito de Darcy Weisbach f igual a 0,022 e extenso de 1 km. Calcule a perda de carga quando por esse trecho circula uma vazo de 50 l/s.
(2.22)
sendo k chamado de coeficiente de perda de carga localizada que tabelado , para as diversas peas possveis de serem encontradas nas canalizaes hidrulicas. A Tabela 2.6 mostra os valores de k para algumas dessas peas. A Norma Brasileira NBR 12214 (Projeto de sistema de bombeamento de gua para abastecimento pblico) apresenta uma tabela completa.
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TA B E L A 2 . 6 : VA LO R E S D E K - CO E F I C I E N T E D E P E R D A D E C A R G A LO C A L I Z A D A PA R A D I V E R S A S P E A S
TIPO DE PEA VALOR DE K
Ampliao gradual (velocidade na seo menor) Bocais Comporta aberta Cotovelo de 90 graus Cotovelo de 45 graus Crivo Curva de 90 graus Curva de 45 graus Entrada normal em canalizao Registro de Gaveta aberto Registro de Globo aberto T passagem direta T sada de lado Vlvula de p Vlvula de reteno
0,3 2,75 1 0,9 0,4 0,75 0,4 0,2 0,5 0,2 10 0,6 1,3 1,75 2,5
Fonte: Azevedo Neto. Manual de Hidrulica - 1973 A soma das duas parcelas das perdas de carga (distribuda e localizada) equivale perda de carga total do sistema considerado. Em alguns casos (adutoras muito longas em relao ao dimetro), as perdas de carga localizadas no so significativas se comparadas com a perda distribuda. Todavia, a Norma Brasileira NB-591 (Projeto de adutora de gua para abastecimento pblico) recomenda, no item 5.4.6.2, que as perdas de carga singulares devem sempre ser consideradas no clculo da perda de carga total .
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Brasil trabalham, tradicionalmente, com trs indicadores de perdas, cuja simbologia e definies esto descritas a seguir.
(2.23)
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Se o Vi considerado for o faturado, a perda se chama perda faturada . Se o Vi considerado for o medido, a perda se chama perda medida . Se o Vi considerado for o micromedido, a perda se chama perda estimada .
ATENO: No ltimo caso, apenas so somados os volumes medidos onde tem hidrmetro. E onde no tem? A, faz-se o seguinte: divide-se o somatrio dos volumes micromedidos pelo nmero de economias onde eles foram micromedidos (economias hidrometradas) e multiplica-se pelo nmero de economias totais para se ter o volume micromedido estimado para todas elas, inclusive as no hidrometradas. Por isso, o nome dessa perda de estimada .
Observe que:
A perda faturada ser sempre a menor de todas. Se o percentual de hidrometrao for igual a 100%, a perda medida ser rigorosamente igual perda estimada. Quanto mais prximo de 100% o percentual de hidrometrao, mais prximos sero os valores das perdas estimada e medida. Estimar a perda por meio dos volumes das economias hidrometradas significa atribuir s ligaes no hidrometradas um volume medido igual mdia das ligaes hidrometradas, o que parece mais prximo da realidade do que considerar o volume mnimo, como feito no clculo da perda medida. Para ser mais rigoroso, onde est escrito perda deve-se ler ndice de perda A perda , . o que acontece de fato. O nmero utilizado para medir o evento um ndice.
A International Water Association (IWA) vem propondo algumas definies para a determinao das perdas, visando padronizar a nomenclatura e os procedimentos, ainda bastante desiguais no mundo. (www.iwahq.org.uk)
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j)
Outro conceito importante quando se consideram as oportunidades de eficincia energtica nos bombeamentos de gua a altura em que se deve bombear o lquido. chamada altura esttica ou altura geomtrica Equivale, exatamente, diferena de cotas . entre a superfcie livre da gua do local para onde se deseja bombear e a superfcie livre da gua de onde ela ser bombeada. A Figura 2.9 ilustra o conceito.
Figura 2.9: Altura esttica ou altura geomtrica Importante observar que, no caso de poos profundos, essa altura deve ser medida a partir do nvel dinmico do poo, e no a partir da cota de instalao da bomba. A cota do nvel dinmico do poo deve ser obtida a partir das folhas de ensaio de vazo, elaboradas quando da perfurao.
k) Altura manomtrica
Quando se considera um bombeamento, preciso vencer tanto a altura geomtrica (esttica) quanto as perdas de carga que ocorrero na tubulao. A essa altura, d-se o nome de altura manomtrica ou altura total de elevao, ou altura manomtrica total , . normalmente representada na literatura especializada por HMT. Do que j foi conceituado at aqui, pode-se escrever: (2.24)
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l) Curvas de sistema
Quando se consideram um sistema formado por uma ou vrias tubulaes e a vazo que flui por ele, muito til representar num grfico a variao da perda de carga em funo da vazo. A curva assim obtida tem o nome de curva do sistema Como nas frmulas . para a determinao da perda de carga a vazo entra elevada ao quadrado (1,852 na expresso de Hazen-Williams) e tambm na expresso para o clculo da perda localizada (pois a vazo varia diretamente com a velocidade, conforme a equao da continuidade), o aspecto dessa curva o de uma parbola do segundo grau. Genericamente, ela pode ser escrita como:
(2.25)
Exemplo numrico Trace a curva do sistema formado por uma tubulao de 300 mm de dimetro e de 2,5 km de comprimento cujo coeficiente C de Hazen -Williams de 130, sendo o desnvel geomtrico igual a 60 metros. Soluo: Perda de carga:
Traado da curva. Basta atribuir valores para a vazo (converter para m3) e obter os valores da perda de carga. Depois s plotar no grfico, observando que para cada valor da perda de carga deve-se adicionar o desnvel geomtrico. As planilhas eletrnicas so uma boa ferramenta para isso.A Figura 2.10 ilustra o traado da curva desse sistema:
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Como os pontos de funcionamento das bombas normalmente so dados por curvas nos catlogos, a curva do sistema tem um significado especial quando se deseja mostrar graficamente os pontos de funcionamento das diversas bombas possveis para um determinado sistema. Basta sobrepor as duas curvas, desde que utilizada a mesma escala em ambas, e todos os aspectos do funcionamento do sistema com a bomba estaro aparentes na figura assim obtida. Modernamente, o uso dos simuladores hidrulicos simplifica significativamente o problema. o que ser visto nas aplicaes prticas analisadas nos captulos seguintes.
Tubulaes associadas
Outra questo que se coloca quando se desenvolvem os clculos com o auxlio de tabelas (em desuso) ou com calculadoras (mais prtico quando se vai a campo) a de se ter na prtica diferentes dimetros numa canalizao longa. Isso chamado de tubulao em srie semelhana com outros aspectos da engenharia (circuitos el, tricos, bombas, etc.). Tambm nesse caso a utilizao dos simuladores hidrulicos simplifica a questo enormemente. No se dispondo do computador mo, o conceito exposto a seguir ajuda a resolver a questo.
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Basta lembrar que a perda de carga ao longo da linha em estudo ser a mesma, somando-se as perdas em cada trecho de dimetro constante ou calculando-se a perda total para um dimetro hipottico constante. Em outros termos, um dimetro equivalente de uma associao de tubulaes aquele cuja perda de carga equivale perda de carga na tubulao real de dimetros variados. Podem ser obtidos por meio de Hazen-Williams ou de Darcy-Weisbach. A formulao geral :
(2.26 a) - Hazen-Williams
(2.26 b) - Darcy-Weisbach
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(2.27 a) - Hazen-Williams
(2.27 b) - Darcy-Weisbach
Figura 2.12: Associao de tubulao para tubos em srie Para chegar a esta expresso, basta lembrar que a perda de carga total ao longo da tubulao em srie equivale soma das perdas de carga para cada trecho de tubulao (i).
Exemplo numrico: 1 - A planilha ilustrada na Figura 2.13 um auxlio no clculo dos dimetros equivalentes. Os valores inseridos so um mero exemplo terico.
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Identif.
Dimetro (mm)
Trecho
Dimetro (mm)
1 2 3 4 5 6
130 110
100 150
1 2 3 4 5
Tubo equivalente Identif. C Dimetro (mm) Teq 130 159,79 Extenso (m) 200 Teq Trecho
Figura 2.13: Planilha de clculo de dimetros equivalentes 2 - Trace a curva do sistema para uma adutora formada por trs trechos de dimetros 300 mm (1800 m), 250 mm (2000 m) e 150 mm (400 m). Considere para os dimetros de 300 mm e 250 mm C igual a 130 e para o dimetro de 150 mm C igual a 120. O desnvel geomtrico igual a 40 metros. Soluo:
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Q (l/s) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Hg (m) 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00
hp (mca) 0,16 0,59 1,24 2,11 3,20 4,48 5,96 7,63 9,49 11,54
hp (mca) 0,44 1,58 3,35 5,71 8,63 12,09 16,09 20,60 25,62 31,15
hp (mca) 1,22 4,41 9,35 15,93 24,08 33,75 44,91 57,51 71,53 86,94
HMT (mca) 41,82 46,58 53,94 63,75 75,90 90,33 106,95 125,74 146,64 169,62
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3 - Considere que paralelamente a uma tubulao existente de 200 mm de 3200 metros de extenso, j velha (C = 100), foi construda outra de igual dimetro, porm nova (C = 130), de mesma extenso. Trace a curva dos sistemas formados pela tubulao velha, pela tubulao nova e pelas duas juntas, funcionando em paralelo. Para essa ltima curva, utilize o dimetro equivalente, calculado conforme a formulao proposta. Considere o desnvel geomtrico igual a 30 metros. Soluo: Perda de carga da tubulao velha:
Ou
Ou
Ou,
Deq = 248,45 mm
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VAZO (l/s) Hg (metros) 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00
ALTURA MANOMTRICA TOTAL Tubo velho 30,94 33,38 37,15 42,19 48,43 55,83 64,36 74,00 84,73 96,52 Tubo novo 30,58 32,08 34,40 37,50 41,34 45,89 51,14 57,07 63,67 70,92 Tubo equivalente 30,20 30,72 31,53 32,61 33,94 35,52 37,35 39,41 41,71 44,23
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m) Trabalho
o produto de um deslocamento (d) pela componente da fora (F) que o realiza na direo desse deslocamento. Conforme a notao clssica, escreve-se escalarmente: (2.28)
n) Potncia
a relao entre o trabalho realizado e o tempo gasto para tal.
(2.29)
No caso do abastecimento de gua, a fora envolvida o pesoda gua que dever ser transferida entre os dois pontos, sendo igual ao produto do peso especfico pelo volume que ser deslocado. (2.30)
Sendo HMT a altura total de elevao (simplificadamente para maior facilidade do entendimento de acordo com o objetivo desse Livro, no termo HMT esto embutidas as projees na vertical das diversas direes dos deslocamentos atravs da tubulao assim como as perdas de carga ao longo do percurso, tambm dadas em unidades de comprimento). Assim, (2.31)
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Sendo a vazo Q a razo entre um determinado volume escoado num certo tempo, a razo V/T pode ser substituda pelo termo Q (vazo de escoamento). Portanto, P = . Q . HMT (2.32)
Potncia hidrulica til a expresso terica da potncia necessria para fazer escoar gua numa taxa Q (vazo) entre dois pontos cuja diferena de energia HMT .
Expresso prtica
Com sempre ocorre nos processos naturais de transformao de energia, ocorrem perdas no processo, representadas pelos rendimentos da bomba b e do motor eltrico M. Finalmente, a expresso com a qual os tcnicos devem se ocupar, quando pretendem estudar a eficincia energtica no uso de bombas, : . Q . HMT b. M
P=
(2.33)
onde HMT a altura manomtrica total. Ao produto dos rendimentos da bomba e do motor, ou seja, ao rendimento do conjunto motobomba, costume dar-se o nome de rendimento total ( t). Quando se trabalha em unidades do SI: em N/m3 (no caso da gua, = 98.000 N/m3), Q em m3/s e HMT em m, a potncia assim calculada ser dada em W (Watt), j que os termos que representam os rendimentos da bomba e do motor so adimensionais. A converso para outras unidades correntes (hp e cv) encontra-se no final deste captulo. Exemplos numricos: 1 - Qual a potncia necessria para elevar gua de um reservatrio cuja cota do nvel de gua de 800 metros a outro cuja cota da boca da tubulao de 870 metros, a uma taxa (vazo) de 100 l/s, atravs de uma tubulao de 200 mm, cujo
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comprimento de 1500 metros e coeficiente de atrito de Darcy Weisbach de 0,022? (Desprezar as perdas localizadas e considerar o rendimento do conjunto motobomba igual a 0,55.) Soluo: Altura geomtrica = 70 metros (dado)
Potncia:
2 - Qual seria o consumo de energia eltrica se esse conjunto motobomba funcionasse em mdia 15 horas por dia durante 30 dias? Soluo: Consumo = 276,9 x 15 x 30 = 124.605 kWh.
3 - E se fosse feita a opo de um conjunto um pouco menor, que fosse capaz de bombear apenas 80 l/s, funcionando, portanto, 18:45 horas em mdia por dia (18,75 horas no sistema decimal), para produzir o mesmo volume dirio? (Suponha que esse novo conjunto tenha o mesmo rendimento total.) Soluo: Perda de carga total:
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Observe que a reduo no consumo (trabalho realizado) est diretamente ligada reduo da perda de carga hidrulica, que reduziu a potncia necessria. Quanto ao custo entre uma e outra soluo, o assunto est detalhado nos prximos captulos, pois ele depende da estruturao tarifria da concessionria de energia eltrica. Vale lembrar que nem sempre conveniente, do ponto de vista econmico, trabalhar com potncias menores durante mais tempo. O exerccio anterior apenas ilustrativo de como obter os valores de potncia e consumo nos sistemas de bombeamento.
o) Presso de vapor
Pode ser entendida como a presso de equilbrio entre a evaporao e a condensao de um lquido exposto atmosfera, numa determinada temperatura. Essa presso de equilbrio ou presso de saturao explica por que a gua ferve a , uma temperatura menor que os 100 (C se estiver numa altitude mais elevada que o nvel do mar e, ao contrrio, por que a gua vira vapor se a presso cair abaixo de um certo valor, na temperatura ambiente. Esse segundo caso o que interessa nos bombeamentos, em que as condies de entrada da gua na bomba podem ser tais que a presso se reduza chamada presso de vapor Como as bombas hidrulicas so construdas para recalcar . lquidos, e no gases, ocorrem srios problemas de desgaste e perda de eficincia quando isso acontece. o que se denomina cavitao (formao de cavidades), que ser detalhado adiante. O importante que a presso de vapor depende exclusivamente do lquido (no caso deste Livro, o lquido a gua) e da temperatura. Os valores da presso de vapor para a gua, nas diversas temperaturas, encontram-se na Tabela 2.7.
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TABELA 2.7: PRESSO DE VAPOR PARA A GUA DE ACORDO COM A TEMPERATURA TEMP C 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0 pv kPa 0,88 1,23 1,84 2,35 3,20 4,28 5,68 7,56 9,87 12,48 16,19 19,91 25,65 31,39 39,34 47,93 58,66 71,11 84,88 101,26 pv kgf/cm2 0,00895 0,01252 0,01878 0,02403 0,03261 0,04371 0,05791 0,07718 0,10068 0,12738 0,16525 0,20312 0,26171 0,32030 0,40146 0,48907 0,59859 0,72565 0,86608 1,03323 pv mca 0,09 0,13 0,19 0,24 0,33 0,44 0,58 0,77 1,01 1,27 1,65 2,03 2,62 3,20 4,02 4,89 5,99 7,26 8,66 10,34 pv atm 0,009 0,012 0,018 0,023 0,032 0,042 0,056 0,075 0,097 0,123 0,160 0,197 0,253 0,310 0,389 0,473 0,579 0,702 0,838 1,000
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p) NPSH requerido
O NPSH (NET POSITIVE SUCTION HEAD) a carga mnima com a qual o lquido deve chegar ao ponto do rotor em que ganhar energia e ser recalcado, ainda como lquido. determinado nos laboratrios de hidrulica dos fabricantes de bombas e varia com a vazo (diretamente), como mostrado na Figura 2.16. uma caracterstica do projeto de cada bomba.
Figura 2.16: Representao do NPSH requerido Alguns autores sugerem uma equao que se aproxima da curva de NPSH requerido pelas bombas em funo da sua rotao especfica,no ponto de melhor rendimento (ver,por exemplo, Centrifugal and Axial Flow Pumps THEORY,DESIGN,AND APPLICATION - A,J.Stepanoff - 1948). No entanto, como as bombas raramente funcionam exatamente nesse ponto durante sua vida til e ao longo do ciclo dirio de funcionamento, essas aproximaes no so seguras para os demais pontos, causando erros considerveis (da ordem de 50% ou mais). Para efeitos prticos na engenharia, portanto, no devem ser consideradas. O projetista ou engenheiro responsvel pela operao da elevatria deve sempre se fiar na curva fornecida pelo fabricante.
Cavitao
Caso a energia com a qual o lquido chega ao olho do rotor seja inferior a essa carga mnima, caracterstica de cada bomba, denominada NPSH requerido pela bomba , bolhas (cavas) de vapor sero formadas (o lquido estar com uma carga inferior sua presso de vapor), que, arrastadas pelo fluxo para os pontos de maior presso no rotor,
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sero implodidas bruscamente, o que causa rudo intenso (observvel sem aparelhos). Devido a essas imploses (liberao da energia na imploso), ocorre desgaste de material na superfcie do rotor, formando pequenas cavidades, que, com o tempo, vo se transformando em verdadeiras crateras visveis a olho nu. Em alguns casos, observa-se um , buraco na superfcie do rotor. bvio que uma bomba nessas condies perde rendimento, alm de provocar vibraes (devido s imploses das bolhas de vapor), causando desgaste acentuado nos mancais e elevando os custos de manuteno e operao. um dos problemas mais comuns nas instalaes mal projetadas, absolutamente indesejvel do ponto de vista da eficincia energtica.
q) NPSH disponvel
Assim como cada bomba requer uma determinada carga para funcionar suavemente (sem a ocorrncia de cavitao), denominado NPSH requerido possvel calcular, , para cada instalao, o NPSH disponvel, que uma caracterstica geomtrica da instalao. A Figura 2.17 ilustra a formulao matemtica para a determinao do NPSH disponvel de uma instalao.
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Patm
Pv
Hs = Altura de suco (diferena de cota entre a superfcie livre da gua no poo de suco e o eixo da bomba). Define-se NPSH disponvel de uma instalao de bombeamento com a energia que o lquido possui quando chega suco da bomba (entrada do rotor). Como o lquido deve permanecer como tal (estado lquido), durante o bombeamento, de modo a evitar os problemas causados pela cavitao, o saldo (NET POSITIVE) de carga na suco da bomba (SUCTION HEAD) dado por:
(2.34) (Fonte: ANEXO A da NBR 12214 - Projeto de sistema de bombeamento de gua para abastecimento pblico) Exemplo de aplicao prtica: Seja um bombeamento de gua fria (20C - presso de vapor igual a 0,24 m.c.a.), a uma altitude de 1.200 metros acima do nvel do mar (presso atmosfrica igual a 9,89 m.c.a.), de uma vazo de 33,3 l/s, cujo eixo da bomba situa-se a 3 metros acima da superfcie livre da gua na instalao e cujo dimetro da tubulao de suco de 200 mm, comprimento da tubulao de suco de 8 m, representada na Figura 2.18. Determine o NPSH disponvel dessa instalao.
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Figura 2.18: Representao do NPSH disponvel de uma instalao (aplicao prtica) Soluo: Perda de carga distribuda:
Perda de carga localizada: TA B E L A 2 . 8 : P E R D A D A C A R G A L O C A L I Z A D A PEA Vlvula de p com crivo Curva de 90 Reduo Total QUANT. 01 01 01 K 2,50 0,40 0,15 TOTAL 2,50 0,40 0,15 3,05
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A perda na vlvula de p e na curva igual a 2,90 x 0,06 = 0,17 m.c.a. Supondo a reduo de 200 para 100 mm na entrada da bomba, a velocidade na seo menor seria de 4,24 m/s. A carga cintica igual a 0,92 m e a perda localizada devido reduo igual a 0,15 x 0,92 = 0,14 m.c.a. A perda localizada total , ento, igual a 0,31 m.c.a. A perda de carga total na suco , ento, igual a 0,365 m.c.a. Assim, o NPSH disponvel para essa instalao, funcionando com uma vazo de 33,3 l/s (120 m_/h), ser de: NPSHD = 9,89 - 0,24 - 3,00 - 0,365 = 6,29 m.c.a.
Ou que:
E, assim, substituindo os termos na expresso anterior, verifica-se que o NPSH disponvel pode tambm ser obtido da expresso:
(2.35)
Onde a carga de presso absoluta ps/ medida (manmetro ou vacumetro na entrada da bomba) e a carga cintica calculada na equao da continuidade, para o dimetro menor da reduo na entrada da bomba, em funo da vazo de bombeamento medida.
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Em outros termos, a expresso com a qual se obtm a medio do NPSH disponvel em campo (na instalao em funcionamento).
Observaes: 1 - dessa expresso que os fabricantes se valem para realizar os ensaios de cavitao. Varia-se uma ou mais das grandezas envolvidas na expresso para determinao do NPSH disponvel, at que ele fique ligeiramente superior ao requerido pela bomba que est sendo ensaiada.Aos primeiros sinais de cavitao,considera-se o NPSH disponvel assim medido como o requerido pela bomba para esse ponto de operao (vazo). Repete-se o ensaio para os demais pontos, e obtm-se a curva mostrada anteriormente (NPSH requerido x vazo). Os fatores que modificam o NPSH disponvel so: Altura de suco: tem relao direta com o NPSH disponvel, como a prpria frmula mostra. Assim, as bombas no devem estar em cota muito acima da superfcie livre da gua. Nas instalaes em geral, o nvel da gua no poo de suco varia conforme o sistema de montante. preciso verificar o NPSH disponvel para a pior situao, que o menor nvel de gua no poo de suco. Peas da linha de suco: como pode ser observado no exemplo numrico, as perdas de carga localizadas so importantes componentes da perda de carga na suco (hs). Um crivo com furos menores, por exemplo, modifica sensivelmente a perda de carga e, conseqentemente, o NPSH disponvel. A temperatura do lquido bombeado influencia pouco quando se trata de bombeamento de gua para abastecimento pblico, pois as temperaturas usuais no variam muito em torno dos 20C, o que faz a presso de vapor ser considerada praticamente constante. Quanto altitude, que interfere na presso atmosfrica, a variao no significativa. Quando no se podem modificar as condies da instalao para aumentar o NPSH disponvel, pode-se optar por utilizar um indutor que uma pea colocada , na entrada do rotor, capaz de direcionar o fluxo j na tubulao de suco, reduzindo o NPSH requerido pela bomba. Normalmente, uma pea oferecida pelos fabricantes de bombas maiores como item opcional.
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2 - A NBR 12.214 (Projeto de sistema de bombeamento de gua para abastecimento pblico) recomenda as seguintes velocidades mximas nas tubulaes de suco:
TA B E L A 2 . 9 : V E L O C I D A D E M X I M A S , P O R D I M E T R O N O M I N A L DIMETRO NOMINAL (DN mm) 50 75 100 150 200 250 300 400 Fonte: NBR 12.214 VELOCIDADE (m/s) 0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 1,20 1,40 1,50
E sugere que para bombas afogadas essas velocidades podem ser excedidas, desde que devidamente justificado. A inteno da norma evitar que velocidades elevadas causem perdas de carga elevadas, e conseqentemente, NPSH disponveis muito baixos. 3 - Quando a bomba est afogada isto , quando o nvel de gua no poo , de suco superior cota do eixo da bomba (ou quando o poo de suco um tanque pressurizado, com presso absoluta maior que a atmosfrica), a expresso para a determinao do NPSH disponvel a mesma, porm considerando a altura de suco negativa, fazendo com que a parcela referente a ela seja somada, e no subtrada diferena ente a presso atmosfrica e a presso de vapor.
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Em geral,atribui-se o termo bomba a todo equipamento capaz de transferir energia de determinada fonte para um lquido,de modo que esse lquido possa realizar determinado trabalho. No abastecimento pblico de gua, esse trabalho corresponde ao deslocamento de um volume de gua, atravs de uma tubulao, entre dois pontos. Antes de abordarmos os sistemas de bombeamento, convm ressaltar que no mundo moderno todos os conceitos vistos no captulo anterior e sua utilizao para a definio dos sistemas de captao e distribuio de gua esto automatizados em simuladores hidrulicos, que sero referenciados a seguir.
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Dados
No caso dos modelos de simulao de sistemas de abastecimento de gua sob presso, so os seguintes os dados de entrada: Tubos: Extenso Dimetro f ou C Ns (junes): Cota Demandas (curva horria - se for o caso) Fontes: Nvel de gua (reservoirs) Nvel mximo (tanks) Nvel mnimo (tanks) Nvel inicial (tanks)
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Outros:
Bombas (curva caracterstica) Vlvulas (tipo, regulagem e curva caracterstica - se for o caso) Qualidade de gua (concentrao inicial, coeficientes de reao)
Dependendo, ainda, da finalidade e da situao que se queira simular, outros dados podero ser necessrios, tais como curva de perda de carga localizadas para medidores e bocais (testes de hidrantes).
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Como funcionam
O funcionamento dos simuladores hidrulicos baseia-se nos conceitos de conservao de massa e de conservao de energia, como nos problemas clssicos de hidrulica em geral. Assim, para cada n, a soma das vazes afluentes deve ser igual soma das vazes efluentes (normalmente demandas), e para cada trecho, deve ser verificada a equao de Bernoulli. A soluo desse sistema de n equaes (chegando casa dos milhares para sistemas de redes de abastecimento reais) feita utilizando o mtodo desenvolvido pelo Prof. Todini, chamado mtodo do gradiente Obviamente, no ser exposto, por fugir ao esco. po deste Livro. No site www.epa.gov, da agncia de proteo ambiental do governo norte-americano, pode ser baixado um software de cdigo fonte livre (open-source), chamado EPANET , que o simulador hidrulico no qual se baseia a maioria dos softwares comerciais para essa finalidade, como, por exemplo, o WaterCad ( www.haestad.com ) e o MikeNet (www.boosintl.com). Vale dizer que, alm do simulador EPANET, encontrado no site, para download gratuito, o manual e um kit de ferramentas de programao que permite ao usurio avanado , a personalizao do prprio software. O CD que acompanha este Livro traz o simulador EPANET e seus acessrios.
as bombas de deslocamento positivo (volumgenas); e as turbobombas, tambm conhecidas como rotodinmicas hidrodinmicas ou, sim, plesmente,dinmicas .
Das primeiras, o exemplo mais comum so as bombas de concreto (que equipam os caminhes betoneira das centrais de concreto). No abastecimento de gua, so utilizadas as bombas centrfugas, mistas e axiais, que so os tipos mais comuns das turbobombas.
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Componentes principais
Simplificadamente, pode-se considerar que suas principais partes so:
A finalidade do rotor, tambm chamado impelidor transmitir energia cintica , massa lquida por meio da energia mecnica da qual est animado (rotao), possibilitando a converso dessa energia em energia de presso, por meio do difusor. Essas transformaes se do conforme o teorema de Bernoulli e a equao da continuidade, pois, sendo o difusor, em geral, de seo crescente, proporciona a reduo de velocidade da gua que por ele escoa, com o conseqente aumento da presso na sada da carcaa. Quando se bombeia gua limpa, opta-se, normalmente, por uma bomba de rotor fechado. H um disco protetor, que ajuda no direcionamento do fluxo. Quando, ao contrrio, bombeia-se gua com partculas (areia ou outros slidos em suspenso), comum optarse por bombas com rotores abertos e semi-abertos, de modo a que essas partculas no obstruam o fluxo. So exemplos comuns as bombas de esgotamento de valas utilizadas em obras que envolvem a escavao do terreno natural.
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Embora no seja objeto deste Livro detalhar o funcionamento e a manuteno das bombas centrfugas, essas consideraes so importantes, porque interferem diretamente no rendimento da bomba, que, como foi visto no captulo anterior, inversamente proporcional potncia requerida para o recalque da gua no sistema de abastecimento.
Determine a vazo e a altura manomtrica total requerida. Procure a bomba de menor potncia que satisfaa esses valores, ou seja, a bomba mais eficiente, de melhor rendimento.
Para determinar a potncia aproximada da bomba, calcule-a utilizando um rendimento de 0,50, pois s coincidentemente voc encontrar uma bomba comercial exatamente adequada s suas necessidades (usar a equao 2.33).
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curva de carga x vazo; curva de potncia absorvida x vazo; e curva de rendimento x vazo.
H, ainda outra curva, que traduz o NPSH requerido pela bomba, o qual deve ser comparado ao NPSH disponvel do sistema.
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Figura 3.1: Aspecto da curva da bomba KSB WKL 125 A juno das duas curvas que mostra como aquela bomba escolhida se adapta ao sistema. A eficincia energtica deve ser buscada escolhendo uma bomba cujo ponto de funcionamento se d o mais prximo possvel do ponto de melhor rendimento da bomba.
Exemplos numricos: 3.1 - Verifique qual seria a vazo de funcionamento da bomba cuja curva altura x vazo a da Figura 3.1, se instalada no sistema formado por uma adutora de 2.800 metros de comprimento, 200 mm de dimetro, coeficiente C de Hazen-Williams igual a 120, que interliga uma barragem cuja cota do nvel da gua de 680,00 metros, a um reservatrio cuja cota da tubulao na entrada igual a 700 metros, (desprezar as perdas de carga localizadas). Soluo:
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Perda de carga:
Curva do sistema:
Assim, espera-se uma vazo de aproximadamente 160 m3/h quando essa bomba estiver instalada nesse sistema (se valor mais preciso obtido utilizando o simulador EPANET igual a 157,36 m3 /h, ou 43,71 l/s).
3.2 - Verifique qual seria o ponto de funcionamento dessa bomba, nesse sistema, se o coeficiente C de Hazen Williams fosse alterado para 130.
Soluo:
Curva do sistema:
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O cruzamento das curvas indica que a nova vazo produzida pela mesma bomba quando se conseguiu melhorar (reduzir) o coeficiente de atrito da tubulao , agora, superior a 170 m3/h (o valor mais preciso obtido utilizando o simulador EPANET igual a 168,12 m3/h, ou 46,70 l/s).
O importante a observar nesse exemplo que uma simples variao do coeficiente de atrito (de 120 para 130), que pode ser obtido com a limpeza da tubulao (um mtodo largamente utilizado nas adutoras a passagem de pigs), causa um aumento de vazo de cerca de 8,4% em relao vazo original e um deslocamento para a direita do ponto de funcionamento da bomba. O novo ponto de funcionamento pode ter um rendimento maior ou menor, dependendo da bomba. Da o cuidado ao se escolher determinada bomba para determinado sistema consiste em observar todos os possveis pontos de funcionamento.
Se do ponto de vista hidrulico vantajoso obter maior vazo em funo de uma menor perda de carga, do ponto de vista energtico devem-se observar as caractersticas do equipamento, que pode no estar mais nas proximidades do ponto de melhor rendimento.
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Observao: Nas duas situaes abordadas no exemplo anterior, onde se melhorou o coeficiente de atrito da tubulao (120 para 130) tambm o rendimento melhorou, pois o aumento de vazo se deu no ramo ascendente da curva rendimento x vazo. Nesse caso, houve, de fato, uma melhoria significativa da eficincia energtica, pois passou-se a trabalhar num ponto de melhor rendimento com uma vazo superior. Apesar de a potncia consumida ser tambm superior, ela ser compensada pelo menor tempo de funcionamento da bomba no sistema, j que a energia consumida, simplificadamente, o produto da potncia pelo tempo de funcionamento.
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(vazo) (3.1)
(potncia) (3.3)
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(vazo) (3.4)
(potncia) (3.6)
70,0
75,0
80,0
85,0
90,0
95,0 100,0
70,5
73,2
77,6
82,5
86,8
90,8
95,2 100,0
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Figura 3.7: Correo no valor calculado para usinagem de rotores (A.J. Stepanoff H outro caso que interessa mais aos fabricantes quando as bombas so geometricamente semelhantes, isto , considerando o dimetro como dimenso representativa, e quando as demais dimenses fsicas do rotor (ngulo das palhetas, espaamento, etc.) guardam uma proporcionalidade constante entre si. Para esse caso, a relao entre os dimetros cbica, sendo utilizada na confeco dos catlogos tcnicos das bombas de fabricao em srie, onde se ensaia apenas o prottipo. (Referncia bibliogrfica: Bombas Industriais - Edson Ezequiel de Matos e Reinaldo de Falco)
Exemplo numrico: Seja a relao entre a vazo com a qual se deseja que a bomba funcione e a vazo com a qual ela funciona de fato igual a 0,85 e o dimetro existente de 250 mm. Pela relao linear entre os dimetros, tem-se:
logo, d1 = 0,85 x 250 = 212,5 mm, que corresponde a 85% do dimetro original.
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Pelo baco de correo de Stepanoff, ao percentual de 85% corresponde um percentual real de 87%. Logo, deve-se providenciar a usinagem de apenas 16,25 mm no raio do rotor para se ter 32,50 mm de reduo no dimetro, que corresponde aos 87% do dimetro original (0,87 x 250 = 217,50, o mesmo que 250 mm - 32,50 mm = 217,50 mm).
Deve-se observar que essas so relaes aproximadas, sendo prudente usinar da primeira vez um pouco menos que o calculado, testar a vazo aps a colocao do rotor na bomba e, se for necessrio, complementar o corte . Esse procedimento muito comum nos casos em que se estrangula o registro de recalque para que a vazo recalcada permanea no ponto desejado.
3.6 Boosters
So instalaes de bombeamento em que no h poo de suco a montante da bomba ou, em outras palavras, onde a presso na suco a presso do sistema a montante da bomba. Todas as consideraes feitas neste Livro para as bombas e estaes elevatrias so vlidas para os boosters. O esquema da linha de carga de um sistema com um booster so mostrados nas Figuras 3.8 e 3.9:
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(3.7)
sendo ZS e ZR as cotas da tubulao onde as presses esto medidas na suco e no recalque; e US e UR as velocidades nesses pontos, em que as presses medidas so ps e pr, respectivamente, na suco e no recalque. Outras medidas eltricas podem dar indicaes importantes, tais como a medida da corrente eltrica, que pode ser associada diretamente vazo de bombeamento. Alm disso, a medida dessa grandeza eltrica, em conjunto com a tenso em cada uma das fases (normalmente as instalaes de bombeamento so trifsicas), que permite avaliar a potncia eltrica que est sendo absorvida da rede da concessionria. Medidas como o fator de potncia auxiliam tambm na correo desse valor, evitando a gerao de cargas indutivas na rede. As concessionrias, normalmente, cobram a energia reativa excedente se o fator de potncia for menor que 0,92.
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Soluo: Se a altura da superfcie inferior do lquido estiver a 3,50 metros da tubulao ( X = 3,50 m) e a diferena de altura do lquido manomtrico (h) for igual a 1,50 m, a presso nesse ponto ser dada por:
Ou PA=3,50 x 1.000 + 13600 x 1,50 = 23.900 kgf/m2 ou 2,39 kgf/cm2 ou ainda cerca de 24 m.c.a., que seria a presso lida no manmetro instalado nesse ponto, representado na Figura esquemtica.
Figura 3.11: Medida da presso na tubulao pelo manmetro nela instalado Outros tipos de manmetros so mais usuais - por exemplo, os que funcionam base de uma mola - sendo a tenso da mola calibrada conforme a presso que o lquido exerce sobre ela. Mas sempre a calibrao dos aparelhos passa pelo manmetro hidrosttico, mostrado no exemplo como fundamento (normalmente conhecido como manmetro de mercrio), em funo do lquido manomtrico utilizado.
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medio de nvel, sendo comum a utilizao de medidores de presso (registradores) para avaliar o comportamento piezomtrico de um determinado reservatrio, controle esse que servir para acionar o dispositivo de automao escolhido para a funo de liga/desliga das bombas que para ele recalcam. claro que sendo a gua um condutor de eletricidade, outros dispositivos de medio de nvel existem no mercado, baseados, por exemplo, no fechamento de um circuito eltrico que indica a existncia de gua naquele nvel. variao do nvel associa-se um dispositivo de controle capaz de acionar uma ou mais bombas, conforme o esquema de operao adotado, que, em termos de eficincia energtica, depender da forma da curva de demanda horria daquele sistema de abastecimento de gua. Eventualmente, pode ser difcil a instalao de um medidor de vazo na sada do reservatrio, em funo da possibilidade do esvaziamento deste, o que faria com que o medidor apresentasse resultados incorretos. Nesses casos, utiliza-se o artifcio de medir a vazo na entrada do reservatrio e, simultaneamente, a variao do nvel deste. A equao 3.8 relaciona a vazo de entrada com a variao do volume no reservatrio em funo do tempo (vazo), fornecendo a vazo de sada. Esta a curva de demanda horria que orientar os dispositivos de automao e controle mencionados anteriormente. (3.8)
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Medio de vazo
Dentre as medies das grandezas fsicas da natureza,a medio de vazo uma das mais difceis, considerando o escoamento nos condutos forados. Uma das razes que a velocidade ao longo da seo transversal no uniforme, com j foi mostrado anteriormente. Embora existam diferentes tipos de medidores de vazo e de volume (taquimtricos, ultra-snicos, eletromagnticos), o dispositivo mais usual para a aferio dos medidores o tubo de Pitot, cuja preciso no vai alm dos 4%, embora seja um dos mtodos mais precisos para esse tipo de medio. Ele no mede diretamente a vazo, mas um diferencial de presso, que est associado velocidade, e esta, por sua vez, com a vazo, por meio da equao da continuidade. O tubo de Pitot baseia-se no teorema de Bernoulli e na equao manomtrica, como mostra o exemplo numrico ilustrado a seguir.
A Figura 3.13 representa, esquematicamente, um tubo de Pitot do tipo Cole inserido numa tubulao de 200 mm (as dimenses na figura esto em cm), em que se deseja saber a velocidade da gua no centro da seo do tubo circular.
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sendo
determinada ser igual a 4,3 m/s (tomando a acelerao da gravidade igual a 9,81 m/s2). Na prtica, esse procedimento deve ser repetido para diversos pontos da seo transversal, de modo a se traar o diagrama de velocidades. A velocidade mdia, ento, determinada entre os pontos medidos, conforme a Figura 3.14:
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E assim que se determina a vazo de um determinado escoamento num conduto forado em campo. com esse dispositivo que se aferem os demais medidores de vazo de caractersticas mais sofisticadas (ultra-snicos e eletromagnticos), e os medidores de turbina vertical, os mais utilizados para medies de vazes maiores.
3.9 Reservatrios
O reservatrio a unidade do sistema de abastecimento de gua responsvel pelo equilbrio entre a demanda e a oferta, entendido como tal o consumo dos clientes, que funo dos hbitos de consumo, das condies socioeconmicas da populao abastecida e das condies meteorolgicas, e a capacidade de produo da instalao, em ltima anlise, da bomba ou conjunto de bombas da elevatria. O dimensionamento dos reservatrios um dos fatores cruciais para uma boa eficincia energtica, pois com base na sua operao que se podem modular cargas ou utilizar a estao de bombeamento nos horrios mais favorveis, evitando as horas de pico. Para um correto dimensionamento, importante ter em mos a curva de demanda da zona de abastecimento do reservatrio e utilizar os simuladores hidrulicos, dos quais o EPANET, distribudo gratuitamente no site da agncia de proteo ambiental americana (EPA) uma das boas alternativas. A anlise econmica das opes de bomba, tubulao e reservatrio que dir qual a melhor soluo do ponto de vista da eficincia energtica. Considerando a variao diria da demanda (variao no ciclo de 24 horas), os reservatrios devem ser capazes de armazenar um volume suficiente para fazer face aos horrios em que a demanda maior do que a capacidade de bombeamento. Com o auxlio dos simuladores hidrulicos, podem-se ensaiar paralisaes do bombeamento e verificar como o sistema se comporta, analisando a convenincia da realizao de investimentos em aumento de capacidade de reservao, ou aumento de capacidade de bombeamento, de modo a otimizar o sistema. Em tese, um reservatrio pequeno implica uma estao de bombeamento para uma vazo grande. Ao contrrio, a um bombeamento de vazo menor deve corresponder um reservatrio de maior capacidade, de modo que este no esvazie enquanto a demanda est maior que a oferta.
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A Figura 3.15 e a Figura 3.16 mostram, respectivamente, uma curva de demanda horria e a variao de nvel de um reservatrio de um conjunto habitacional cuja elevatria tem uma capacidade de produo fixa (reservatrio de montante). Na Figura 3.16, observa-se que o reservatrio j est trabalhando prximo ao seu limite, pois o nvel chega quase ao mnimo prximo das 19:00 horas. Esse exemplo uma situao de projeto para o final de plano, na qual as condies limite so atingidas.
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Figura 3.17: Comportamento da estao de bombeamento Nota-se que a elevatria foi paralisada no perodo de 4:00 horas at prximo das 8:00 horas da manh, uma vez que o reservatrio atingiu o nvel mximo. O desligamento de bombas normalmente automatizado, de modo a evitar erros de operao, que provocam desperdcio de gua e, conseqentemente, de energia.
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Essa uma hiptese de clculo largamente utilizada quando as planilhas de clculo hidrulico da rede so feitas sem o uso dos simuladores. O exemplo a seguir, elaborado com o auxlio do EPANET, ilustra como um bombeamento em marcha funciona, assim como a relao entre a capacidade de bombeamento, a curva de consumo e a capacidade de reservao. A curva caracterstica da bomba da elevatria E-01 apresentada na Tabela 3.1. TABELA 3.1: REPRESENTAO DA CURVA CARACTERSTICA DA BOMBA ELEVATRIA E-01 ALTURA (mca) 48 45 40 34 25 VAZO (l/s) 6 12 18 24 30
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Figura 3.19: Curva de demanda horria As curvas de variao de nvel dos reservatrios R1 e R2 esto mostradas nas Figuras 3.20 e 3.21.
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Figura 3.21: Curva de variao de nvel do reservatrio R.2 As curvas se assemelham, devido s caractersticas iguais dos reservatrios e a seu posicionamento na rede em pontos de cota muito prxima. Ao final do dia, as curvas mostram que o nvel do reservatrio est mais alto que no incio, se as condies de demanda fossem verificadas. Caso simulssemos mais alguns dias no software, veramos o reservatrio atingir o nvel mximo. A Figura 3.18 refere-se a uma situao real de campo, onde se notam presses excessivas (maiores que 50 m.c.a.).
Tipos de reservatrios
As Figuras 3.22 e 3.23 mostram os dois tipos bsicos de reservatrios: elevados e apoiados. Os primeiros so mais comuns nas regies mais planas, onde necessrio se valer deles para a manuteno das linhas pressurizadas, nas horas em que as bombas esto desligadas. Os segundos so mais comuns nas localidades montanhosas, onde se aproveitam as elevaes naturais do terreno para a mesma finalidade descrita acima. A Figura 3.23 mostra um reservatrio apoiado ao lado de um reservatrio elevado. um arranjo onde se procura promover maior eficincia energtica bombeando para o reservatrio elevado somente a vazo necessria para a parte superior da regio a ser abastecida, isto , utilizando os conceitos de zonas de presso.
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A opo por um dos dois tipos se faz de acordo com a concepo de projeto, procurando, sempre que possvel, utilizar os reservatrios apoiados, pois so de menor custo estrutural.
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Do ponto de vista da economia de energia, o arranjo correto das zonas de presso, seja com reservatrios elevados ou com reservatrios enterrados, que far com que o sistema apresente maior ou menor eficincia energtica em funo do volume de reservao e da capacidade das bombas, e no propriamente o tipo de reservatrio. O conjunto formado pela elevatria e pelo reservatrio que deve ser capaz de fazer frente demanda (e sua curva horria), permitindo, por exemplo, paralisaes nos horrios de ponta e economia de custo.
3.10 Automao
Conforme ilustrado no exemplo anterior, o desligamento das elevatrias e dos boosters deve ser automatizado, para evitar falhas humanas e desperdcios desnecessrios. A eficincia de um sistema de bombeamento comea pelo tipo de controle operacional selecionado para as operaes de liga/desliga das elevatrias. Alm dos controladores lgico programveis, utilizados nas estaes de grande porte, so largamente utilizados os sistemas de pressostato, chaves-bia e pressostato-timer ou outra combinao entre si desses elementos. O quadro de comando eltrico da estao elevatria precisa sentir o nvel do reservatrio e, conseqentemente, programar uma operao, seja ela simplesmente de desligar/ligar o nico conjunto ou de desligar um dos vrios conjuntos das elevatrias maiores, analisando logicamente o gradiente da variao de nvel no reservatrio e comandando a operao de acionamento de um ou mais dos conjuntos moto-bomba existentes na elevatria. H, ainda, a alternativa de comandar um variador de velocidade do motor, que far com que a bomba opere em pontos diferentes, de acordo com a demanda ao longo do ciclo dirio de abastecimento. No caso dos grandes sistemas, cada alternativa deve ser estudada cuidadosamente, de modo a selecionar a que melhor se adapte ao sistema em questo. Qualquer que seja a alternativa tecnolgica selecionada, a regra ser sempre procurar fazer com que a bomba trabalhe o mais prximo possvel do seu ponto de melhor rendimento, sem permitir extravasamento no reservatrio nem seu esvaziamento total.
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3.11 Vlvulas
H uma enorme quantidade de tipos de vlvulas e de combinaes destas; algumas hidrulicas, outras com atuador eltrico. Dentre aquelas que podem interessar ao controle de bombeamento, visando obteno maior eficincia energtica, podem ser destacadas as seguintes, com suas respectivas funes: Vlvulas do tipo on/off. Servem, basicamente, para o acionamento remoto de unidades ou, mesmo, para operar registros de grandes dimenses sem esforo fsico. Vlvulas redutoras de presso. Estas, sim, so de grande utilidade no campo do abastecimento de gua.Tm como utilidade principal na reduzir a presso a jusante do ponto de instalao, evitando as presses excessivas indutoras de maiores perdas fsicas nas redes de distribuio, indstrias, prdios altos, etc. Vlvulas sustentadoras de presso e vlvulas de alvio.Tm funcionamento semelhante e aplicam-se onde necessrio manter uma presso inferior a um determinado limite. Por exemplo, na linha de recalque das estaes elevatrias. Regulam automaticamente para manter a presso preestabelecida, de acordo com a variao da vazo. So muito utilizadas para limitar a vazo num bombeamento com desnvel negativo (bombeamento para baixo quando da partida do motor) e para limitar a vazo s zonas baixas, mantendo presso nas zonas altas, etc. Quando funcionam como vlvulas de alvio, processam uma abertura de by-pass da tubulao de recalque para a de suco, de modo a impedir o aumento de presso a jusante da bomba. Vlvulas controladoras de nvel. Tm seu campo de atuao preferido na preveno de extravasamentos. Quando associadas a um controlador programvel, podem comandar a operao das bombas da elevatria ou de outra vlvula que limite a vazo, por exemplo, ou atuar no variador de velocidade, se este for o caso. Vlvulas limitadoras de vazo. Mantm a vazo do sistema de abastecimento de gua (ou trecho) dentro dos limites preconizados ou, eventualmente, negociados com clientes especiais. Servem tambm para controlar a vazo de uma bomba de curva chata (bomba cuja pequena variao de altura manomtrica promove uma grande variao de vazo recalcada), evitando sobrecargas ao motor. Assim como as demais, funcionam baseadas na presso diferencial gerada pela variao do fluxo. Vlvulas para a preveno de golpe de arete. Embora de grande utilizao nas elevatrias, tm pouca afinidade com o assunto deste Livro. Abrem-se vagarosamente quando da partida dos motores e fecham-se lentamente quando do desligamento rpido,
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Vlvulas de alvio rpido. Tambm se aplicam preveno de golpes de arete, existindo ainda uma outra grande variedade de combinaes possveis nas diversas situaes de campo que se apresentam na prtica.
Todas tm uma curva de perda de carga, que funo do tipo e da faixa de operao (variao da vazo de operao), como pode ser visto na Figura 3.24, que ilustra uma perda de carga de uma vlvula Bermad de disco plano.
Figura 3.24: Perda de carga de uma vlvula Bernard de disco plano Dos fabricantes desses tipos de vlvulas, podem-se citar dois dos maiores: Dorot (www.dorot.com) e Bermad ( www.bermad.com.br ), em cujo site podem se encontrar informaes tcnicas e solicitar catlogos interativos, nos quais o dimensionamento e a escolha das vlvulas so assistidos, facilitando o entendimento por parte do tcnico interessado. Na Figura 3.25, v-se uma vlvula genrica de fabricao Bermad em corte.
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Figura 3.25: Vlvula genrica de fabricao Bernard Na Figura 3.26, mostra-se um tipo de vlvula de fabricao Dorot:
Figura 3.26: Vlvula de fabricao Dorot E uma outra vlvula em corte, permitindo identificar as partes componentes.
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Convm lembrar que a curva de demanda horria para o consumo de gua, embora seja mais ou menos constante ao longo do tempo, varia nos dias feriados, bem como nos dias chuvosos, e funo dos clientes e seus hbitos de vida. Cidades com apelo turstico, por exemplo, tm suas curvas de demanda horria fortemente influenciadas pelos finais de semana, no s na magnitude das vazes como na forma de distribuio ao longo do dia. Assim tambm as cidades-dormitrio tm curvas de demanda diria com formato diferente das demais, no havendo um padro a adotar. Deve sempre ser obtida de medio de campo. O clculo da economia de energia em funo da eventual reduo da demanda (de gua por parte dos clientes da companhia de abastecimento de gua) se faz proporcionalmente ao tempo mdio de funcionamento. J o clculo de uma eventual reduo do valor da fatura de energia se faz em funo do contrato com a concessionria e das horas negociadas de paralisao nos horrios de ponta.
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Estratgia: a) Implantar modelo de gerenciamento da rotina do trabalho da operao; b) Democratizar as informaes par criao de conscincia; c) Bloquear as causas predominantes.
A estratgia C deve englobar obrigatoriamente as seguintes aes: C1) C2) C3) Controle das perdas fsicas; Controle das perdas no fsicas; Plano de ao para controle das perdas.
A ao C1, por sua vez, pode ser desdobrada em: C1.1) Controle das presses; C1.2) Pesquisa de vazamentos; C1.3) Reduo no tempo de reparo dos vazamentos; C1.4) Gerenciamento da Rede.
A ao C1.2, ainda, deve ser subdividida em: C1.2.1) Pesquisa de vazamentos visveis C1.2.2) Pesquisa de vazamentos no visveis
somente nesse ltimo caso que se faz uso dos equipamentos de deteco de vazamentos. Dentre os mais utilizados, a haste de escutadestaca-se, pelo seu preo mais acessvel e facilidade de uso. Tambm so usados o geofone eletrnico e o correlacionador de rudos Deve-se observar que todos esses equipamentos baseiam-se nas vibraes . acsticas causadas pelos vazamentos e que seu uso costuma sofrer as interferncias dos rudos urbanos. costume trabalhar-se com a haste de escuta nos perodos noturnos para evitar essas interferncias.
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Aplicaes
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onde Q e H forma o par de valores do ponto de mximo rendimento da bomba. Nesta expresso, devem ser utilizadas as seguintes unidades: n em rpm, no ST e rps, no SI Q em m3/s H em m g em m/s2
Significado: Da forma como definido para o ST,o conceito de velocidade especfica pode ser definido como o nmero de rotaes por minuto de uma bomba geometricamente semelhante bomba em estudo, que recalca 1 m3 de gua em 1 segundo a uma altura de 1 metro . Finalidade: O conceito de velocidade especfica se presta para servir de termo comparativo entre bombas com alturas de elevao e descarga diferentes entre si. Em outras palavras, pelo valor da velocidade especfica se pode saber a forma do rotor e a faixa de valores de Q e H em que esse tipo de rotor apresenta melhor rendimento. Observao: Para o fabricante, a velocidade especfica um primeiro indicador da geometria bsica do rotor. No o caso de interesse deste Livro. s vezes, so encontradas definies parecidas na literatura, o que causa alguma confuso quando se analisam os limites para o nmero velocidade especfica Se em vez de . 3 considerar a vazo de 75 l/s for considerada a vazo de 1 m /s para uma elevao total tambm igual a 1 metro, a relao assim definida tem o nome usual de rotao especfica (nq - na notao de Macintyre - ref. Bibliogrfica Bombas e Instalaes de Bombeamento ou Ns na notao de Walter K. Jekat - Ref. Bibliogrfica - Pump Handbook Section 2.1 - Centrifugal Pump Theory). claro que a rotao especfica assim definida igual velocidade especfica dividida por 3,65, ou, na notao de Macintyre, ns = 3,65 x nq. A velocidade especfica s um nmero adimensional se for usada a equao 4.2. J a velocidade especfica, no ST,depende das unidades utilizadas, e dada em rpm. Assim, devese estar atento aos valores quando da comparao com tabelas de utilizao dos rotores.
Exemplo numrico: 4.1 Seja uma bomba de 1780 rpm, para recalcar 1000 gpm (0,063 m3/s) a uma altura manomtrica total igual a 200 ft (60,96 m). Calcule a rotao especfica e a velocidade especfica desta bomba.
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Observe que Essa relao vale para converter os valores de rotao especfica em unidades do sistema ingls (gpm e ft) em unidades do ST (m3/s e m). Observe ainda que a velocidade especfica, ns, ser dada por 3,65 multiplicada pela rotao especfica. Neste exemplo,
Os limites para a velocidade especfica aqui citados esto de acordo com a definio do item anterior.
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Como regra geral, as bombas destinadas a recalcar grandes vazes a pequenas alturas tm velocidades especficas grandes e seus rotores so de fluxo axial, geometria que lhes confere maior rendimento e menor custo. No outro extremo, bombas destinadas a recalcar pequenas vazes a grandes alturas tm velocidades especficas baixas, sendo a geometria otimizada dos seus rotores aquelas que lhes conferem fluxos radiais puros. Entre esses dois extremos h uma certa sobreposio entre dos tipos de fluxo, principalmente nas situaes limite de cada faixa. No exemplo numrico 4.1, em que o valor da velocidade especfica foi de 74,8 rpm, a geometria de rotor capaz de conferir a esse escoamento um melhor rendimento o da bomba centrfuga radial.
bacos de seleo
Os fabricantes facilitam muito o trabalho dos engenheiros na escolha da melhor bomba para um certo ponto de funcionamento, apresentando seus produtos por faixas de vazo e altura, sendo esta uma primeira indicao do melhor produto. Com o catlogo tcnico, em que se descrevem as curvas caractersticas, pode-se fazer a seleo mais fina, chegando-se ao equipamento timo, em que todos os fatores envolvidos so levados em conta, principalmente o rendimento hidrulico, visando eficincia energtica da elevatria. A Figura 4.1 mostra um diagrama de seleo de bombas de um fabricante tradicional.
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Nesses bacos, devem-se observar, primeiramente, o ponto de operao desejado e a rotao do motor que dever se acoplado bomba. Em geral, motores de baixa rotao apresentam menor custo de manuteno (menor desgaste das peas mveis em funo da menor rotao) e menor rudo. Em reas urbanizadas, costumam ser a melhor soluo, embora tenham um custo geralmente superior s bombas de alta rotao (3500 rpm) que ofeream as mesmas caractersticas. Em outras situaes, o fabricante apresenta a tabela de seleo para as duas rotaes disponveis para aquele tipo de bomba, como nas Figuras 4.2 e 4.3.
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Figura 4.3: Seleo para outra rotao disponvel A Figura 4.4 ilustra o campo de aplicao das bombas, segundo Macintyre (Bombas e Instalaes de Bombeamento):
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Figura 4.6: Bomba centrfuga radial com acoplamento e nico estgio Na Figura 4.7, uma bomba desse tipo da linha de outro fabricante, com as respectivas recomendaes de utilizao fornecidas pelo fabricante:
Figura 4.7: Bomba centrfuga radial com acoplamento e nico estgio - modelo 2 As bombas da linha INI so indicadas para irrigao, sistemas de gua gelada e gua de condensao (ar condicionado), saneamento, indstrias qumicas e petroqumicas, papel e celulose, usinas de acar e destilarias.
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Na Figura 4.8, v-se uma bomba prpria para abastecimento de gua, cujo limite para altura manomtrica de recalque informada pelo fabricante de 120 m.c.a.
Figura 4.8: Bomba para abastecimento de gua As bombas da linha ITAP so indicadas para saneamento, abastecimento de gua, irrigao, usinas de acar, destilarias, circulao de leo trmico, indstrias txteis e bombeamento de lquidos em geral. Vazo at: 3500 m3/h Altura manomtrica at: 120 m.c.a So os casos mais comuns. Bombas com alturas superiores a esse limite, caso no tenham dispositivos construtivos especiais, tendem a apresentar problemas de vedao, recirculao e conseqentemente, baixo rendimento. Para maiores alturas, so recomendadas bombas de mltiplos estgios.
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Figura 4.9: Bomba centrfuga radial de mltiplos estgios Tambm as bombas submersas, utilizadas nos poos, mostradas no item seguinte, possuem mltiplos estgios.
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So vrios os fabricantes desse tipo de bomba. A Figura 4.11 mostra uma linha de um fabricante tradicional, para poos de 150 mm e 200 mm, com as respectivas faixas timas de operao indicadas pelo fabricante:
TA B E L A 4 . 1 : L I N H A D E M O T O B O M B A S S U B M E R S A S T R I F S I C A S 6 0 H Z BHS 516 Modelo Est. HP D mm BHS 516-1 BHS 516-2 BHS 516-3 BHS 516-4 BHS 516-5 BHS 516-6 BHS 516-7 BHS 516-8 BHS 516-9 BHS 516-10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3 4.5 8 10 12.5 15 20 20 20 25 143 143 143 143 143 143 143 143 143 143 PARA POOS DE 6 E 8 Pol 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 L mm 952 28 12.9 Vazo e altura elevatria 30 12.4 25.5 40.5 54 67.5 81.5 96 109 122 134 40 9 20 32.5 43.5 54.5 66 77 89 99.5 108 45 6.8 16 26.5 36 46 55.5 65 74 84 91 50 4.4 11 19.5 28 36 43 49 58 65.5 71 m/h m m m m m m m m m m
1082 26.5 1292 41.5 1457 55.5 1617 69.5 1792 83.5 2197 2307 2417 2597 98 112 125 137
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TA B E L A 4 . 1 : C O N T I N UA O BHS 516 Modelo Est. HP D mm BHS 516-11 BHS 516-12 BHS 516-13 BHS 516-14 BHS 516-15 BHS 516-16 BHS 516-17 BHS 516-18 BHS 516-19 BHS 516-20 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 25 30 30 35 35 40 40 45 45 50 143 143 143 180 180 180 180 180 180 180 PARA POOS DE 6 E 8 Pol 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 L mm 2707 2907 3017 2980 3090 3200 3310 3480 3590 3700 28 151 Vazo e altura elevatria 30 147 40 119 45 100 109 117 136 144 157 166 176 186 194 50 78 84 91 110 117 126 132 140 148 156 m/h m m m m m m m m m m
164 159.5 129 177 200 215 228 241 255 268 284 172 195 108 223 136 250 262 276 140 160 172 182 194 206 216 226
A seleo do equipamento deve, contudo, ser feita com base nas curvas de performance, de modo a escolher aquele com melhor rendimento total, quando a finalidade a maior eficincia energtica. Bombas submersas com fonte de energia alternativa:
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Atualmente, j existem no mercado bombas submersas com fontes de energia elica e solar, cuja aplicao se d em regies remotas, pequenos vilarejos onde a energia eltrica ainda no est disponvel pela rede de distribuio da concessionria. Tem tido essa limitao ainda em funo de o custo inicial da instalao ser superior s solues convencionais. No entanto, em termos de eficincia energtica. Constitui excelente soluo pois contribui de forma significativa para a economia de energia eltrica gerada pela fonte convencional (hidreltricas). Certamente, ter seu campo de aplicao ampliado medida que ganhe escala com custos iniciais mais baixos.
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importante observar que quando o eixo tem comprimento muito grande (mais de 40 metros como referncia) cuidados especiais devem ser observados na fixao do eixo nas paredes do tubo edutor (mancais), evitando problemas de empenamento e, conseqentemente, perda de rendimento do conjunto. Diversas captaes de gua dos servios pblicos estaduais e municipais utilizam esse tipo de equipamento, inclusive nas instalaes de grande porte.
Bomba submersvel
Figura 4.14: Bomba submersvel Os dados abaixo so do fabricante desse tipo bomba.
Utilizao:
bombeamento e drenagem - irrigao; gua de instalao industrial, de irrigao, pluvial, de arrefecimento e gua do mar; sistemas de bombeamento secundrios, especiais e de alimentao, em minerao subterrnea e a cu aberto; e poos coletores em reas perigosas; meios abrasivos, corrosivos e viscosos, aplicaes vrias, portteis, para medidas de emergncia.
Esse tipo de equipamento, embora seja largamente utilizado em sistemas de abastecimento de gua, nas captaes de gua bruta (guas com presena de areia), destinam-se primordialmente a guas mais abrasivas, com maior quantidade de slidos em suspenso, como esgotos, lamas de fundos de vala. Portanto, sua aplicao principal ocorre nas obras de drenagem e esgotamento de fundos de vala, caixas coletoras de esgoto em cota abaixo da rede pblica, etc.
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A Figura 4.15 mostra outro modelo do mesmo fabricante desse tipo de bomba, com o campo de utilizao sugerido por esse fabricante tradicional desse equipamento: Figura 4.15: Bomba submersvel - modelo 2
guas residuais municipais, domsticas e industriais; recirculao de lodo em ETEs; remoo de lamas em ETAs; controle de Inundaes Urbanas; recirculao de guas de refrigerao em industrias; lquidos corrosivos ou com slidos abrasivos; e captao de gua bruta e Irrigao.
Outro modelo est mostrado na Figura 4.16, com as caractersticas mais indicadas para utilizao segundo o fabricante:
aplicao em Estaes Elevatrias de Esgoto ou Efluentes, especialmente em locais onde no seja possvel a utilizao de bomba horizontal do tipo re-autoescorvante, devido ao fato de o espao superior no poder ser ocupado ou quando a altura de suco for elevada, isto , baixo NPSH disponvel.
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bombas submersveis so tambm indicadas para instalaes provisrias como drenagens de valas, garagens, subsolos, piscinas, cisternas e tanques.
Bomba bipartida
um equipamento, normalmente, de maior porte, destinado a bombeamentos de maiores vazes.Tem a vantagem de equilibrar melhor os empuxos, sendo esta uma caracterstica que interessa mais equipe de manuteno.
As bombas da linha BP possuem um estgio. So indicadas para: grandes abastecimentos de gua, grandes irrigaes, drenagens, combate incndio, resfriamento de lquidos em indstrias qumicas, petroqumicas, papel e celulose, indstrias txteis, entre outras. Vazo at: Altura manomtrica at: Dimetro de flange recalque: Temperatura at: Rotao at 4.000 M3/h 150 m.c.a 75mm at 500mm 105 C 3500 RPM
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Seleo de bombas
Cada vez mais o uso de softwares de modelamento hidrulico de sistemas de abastecimento de gua se torna a ferramenta indispensvel do engenheiro ligado ao assunto. Nesses softwares, pode-se fazer o ensaio de vrias alternativas e verificar aquela de melhor rendimento energtico. Encontram-se tambm disponveis softwares de fabricantes que facilitam o trabalho dos engenheiros na seleo de equipamentos destinados s mais diversas finalidades. No caso das bombas centrfugas para abastecimento de gua e outras aplicaes, pode-se consultar, por exemplo, no site www.flygt.com.br, o software FLIPS 2.1, por meio do qual se realizam as mais diversas tarefas, desde a seleo de vrios equipamentos do fabricante que atendem a determinadas caractersticas hidrulicas de um bombeamento at os dados dimensionais para o projeto civil da instalao. claro, com todas as curvas caracte-
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rsticas inseridas, permitindo realisar, do ponto de vista da melhor eficincia energtica, a escolha do equipamento necessrio. As Figuras 4.18 e 4.19 ilustram a comparao entre duas bombas do mesmo fabricante feitas no FLYPS 2.1 citado anteriormente. A Figura 4.18 mostra as definies das caractersticas hidrulicas do sistema (tubulaes, peas, vazo necessria e altura geomtrica) para o qual se deseja escolher uma bomba.
Figura 4.18: Definio das caractersticas hidrulicas do sistema A Figura 4.19 mostra as opes oferecidas pelo software, naturalmente dentre aquelas da sua linha de fabricao. Observa-se tambm a anlise comparativa da energia consumida em funo do rendimento da bomba e do motor, conforme as especificaes do fabricante, alm do clculo da energia especfica para cada modelo, operando-se no sistema imaginado no exemplo.
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Figura 4.19: Opes de bombas oferecidas pelo software As Figuras 4.20 e 4.21 mostram as curvas caractersticas dos dois modelos selecionados.
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Figura 4.21: Curva do modelo 2 claro que o software em questo limita-se ao fabricante que o disponibiliza. , no entanto, uma ferramenta muito til na escolha da bomba com melhores caractersticas de eficincia energtica. O mesmo tipo de procedimento pode ser adotado utilizando os modelos hidrulicos. A vantagem nesse caso est em no ficar preso a um determinado fabricante. No entanto, h o trabalho adicional de editar os dados das curvas caractersticas da bomba pr-selecionada que se quer comparar. As Figuras 4.22 e 4.23 ilustram o mesmo exemplo (mesmos dados para o sistema), porm com a utilizao de outros tipos de bombas. A Figura 4.22 mostra o esquema hidrulico como deve ser montado com os elementos disponveis no EPANET (www.epa.gov) e um relatrio com os clculos do consumo especfico e da potncia consumida, em funo dos dados de entrada editados no software, de acordo com uma determinada bomba pr-selecionada. Neste caso, um pouco de trabalho adicional necessrio, pois o software no tem banco de dados com todas as bombas de todos os fabricantes, o que no seria sensato. O engenheiro que lida com o assunto, no entanto, pode ir formando sua biblioteca de dados de bombas medida que foi fazendo seus estudos e projetos. Ao final de um certo tempo, esse trabalho de edio fica minimizado com o uso da prpria biblioteca de curvas de bombas do profissional.
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Figura 4.22: Esquema hidrulico montado com os elementos disponveis no EPANET A Figura 4.23 mostra os dados, agora com a seleo de outra bomba, para operar no mesmo sistema.
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Oportunidades de Uso
Nem sempre ser possvel encontrar no mercado uma bomba que funcione no ponto de trabalho desejado,prximo ao ponto de melhor rendimento,durante o tempo de vida til para ela programado num determinado projeto. Isso quase sempre impossvel. No entanto, as bombas podem ser associadas de modo a se obter uma melhor performance da associao. Neste captulo,concentram-se as associaes e mostra-se como fazer com as curvas caractersticas das bombas individualmente para representar as diversas associaes possveis. O objetivo sempre fazer com que as bombas trabalhem o mais prximo possvel do seu ponto de melhor rendimento, nas diversas situaes imaginadas no projeto. Tambm nesse tpico, os simuladores hidrulicos so uma ferramenta poderosssima, na medida em que facilitam e tornam mais precisas as anlises dos pontos de funcionamento do sistema de bombeamento para as diversas situaes. Desse modo, o tema das associaes ser abordado do modo convencional e, logo a seguir, ser mostrado como os simuladores trabalham, dando nfase ao EPANET, pela sua caracterstica de software livre (grtis) e de cdigo fonte aberto (open source), tal como encontrado no site da agncia de proteo ambiental norte-americana (EPA www.epa.gov ), estando disponvel no CD que acompanha este Livro. O tema associaes de bombas tratado na bibliografia com a mesma terminologia das associaes de tubo, e dos elementos dos circuitos eltricos.
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mento inicialmente previsto. Essas variaes esto mostradas nos exemplos a seguir, que ilustram como as bombas se comportam nos sistemas nos quais esto instaladas, em funo das caractersticas fsicas e hidrulicas destes.
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O esquema pode ser o de um abastecimento com reservatrio de montante (a diferena de nvel contada entre a superfcie livre e a cota da boca da tubulao de aduo) ou de um abastecimento com reservatrio de jusante,quando a diferena de nvel contada entre as duas superfcies livres,como ilustram as Figuras 5.2 e 5.3.Neste ltimo caso, de se observar que,normalmente,nos horrios de alta demanda de gua (como,regra geral,em torno das 12:00 horas), tanto o nvel do reservatrio de jusante quanto o do poo de suco devem estar baixos,havendo uma certa compensao. No entanto, devem-se sempre pesquisar os pontos de funcionamento das bombas para as situaes limite,de modo a estar sempre a favor da segurana.Mais uma vez, os modelos simuladores so uma ferramenta poderosssima para esse tipo de trabalho, quando se est diante de uma situao mais complexa de redes de distribuio reais.
Figura 5.3: Bombeamento com reservatrio de jusante Se, ao invs de uma elevatria, estivssemos tratando de um booster, o raciocnio seria o mesmo, porm o nvel de gua a considerar a montante da bomba no seria a superfcie livre (que no existiria neste caso), mas a carga hidrulica a montante da bomba (carga piezomtrica somada carga cintica). Como normalmente a carga cintica de peque-
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no valor na maioria dos casos, usual tomar-se a presso na suco da bomba do booster para se obter a referncia a partir da qual se estar tomando a altura geomtrica. Uma regra simples consiste em tomar a diferena de nvel entre as superfcies livres do lquido para obter a altura geomtrica. Quando se procura verificar o ponto de funcionamento de uma determinada bomba inserida nesse sistema, cuja altura geomtrica possa variar conforme a Figura 5.3. O diagrama da Figura 5.4 (cruzamento da curva do sistema com a curva da bomba) ilustra os dois pontos extremos de funcionamento, sendo certo que a bomba estar funcionando sempre em um ponto intermedirio quando a diferena de nvel entre as superfcies livres no poo de suco e na chegada da adutora variar entre os extremos (na figura, os 10 metros do exemplo numrico utilizado).
Figura 5.4: Curvas de sistema x curva da bomba No exemplo numrico utilizado, a bomba fornecer uma vazo de cerca de 150 m3/h quando trabalhando normalmente e de cerca de apenas 125 m3/h na situao limite quando a diferena de carga hidrulica entre os pontos ligados pela adutora aumentar de 10 metros no caso de considerarmos a figura do reservatrio de jusante, quando o desnvel geomtrico entre as superfcies livres da gua for acrescido de 10 metros).
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Deve-se observar que o uso da expresso diferena de carga hidrulica no pargrafo anterior proposital. Com ela, o exemplo mostrado na figura serve tanto para o caso de elevatrias com reservatrio de montante, de jusante, ou para o caso de boosters, seja o reservatrio para onde se bombeia de montante ou de jusante. O raciocnio ser sempre o mesmo, e o diagrama tambm. Basta estar atento a como medir a altura geomtrica entre os pontos de e para onde se bombeia.
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Do mesmo modo que no caso anterior, se for colocada a curva de uma determinada bomba nesse sistema, podero ser observados dois pontos de funcionamento possveis nas situaes limite, sendo certo que o ponto de funcionamento da bomba estar entre os limites quando o coeficiente Cda linha adutora caminhade um valor igual a 130 para outro menor (no exemplo, igual a 100). A Figura 5.6 ilustra a situao descrita.
Figura 5.6: Curva do sistema xcurva da bomba E os pontos de funcionamento tambm neste caso so diferentes para as duas situaes limite.
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Este caso muito comum nas redes de distribuio com booster inserido, onde se utiliza tal expediente para o abastecimento de regies em cotas elevadas. Pela sua prpria caracterstica de variabilidade no controlada - isto , a variao depende da demanda dos clientes - uma situao muito tpica para a utilizao de motores com velocidade varivel.Variar a rotao do motor conforme a demanda aumenta faz com que a bomba trabalhe sempre prximo ao ponto de melhor rendimento, de acordo com as leis de similaridade mostradas no Captulo 3. O problema a resolver est na escolha do parmetro que dever comandar o variador de freqncia, se esta for a soluo escolhida para variar a rotao do motor. necessrio desenvolver a equao prpria para o sistema em estudo e utilizar um controlador lgico programvel para cumprir a finalidade de comandar a variao de velocidade. Quando se trata de instalaes pequenas, e a maioria dos booster em redes de distribuio reais se enquadrar nessa situao, mesmo nas grandes cidades, o custo desse arranjo costuma no ser compensador. preciso fazer a anlise de viabilidade econmica, como est mostrado Anexo B.
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Uma bomba colocada nesse sistema ir operar entre os limites mximo e mnimo conforme o consumo (demanda ao longo da linha). o que mostra a Figura 5.8.
Figura 5.8: Curvas de sistema x curva de bomba com abastecimento em marcha Tendo sido mostradas as diversas variaes da curva do sistema em funo das possibilidades existentes na prtica com relao aos sistemas, daqui por diante sero mostradas as curvas de bomba, quando essas so associadas. E, como j est mostrado, os pontos de funcionamento variam em cada caso, podendo-se obt-los com o auxlio dos diagramas curva de sistema x curva de bomba (ou associao), objeto deste captulo.
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ciao de vrias bombas em srie obtida da mesma maneira,somando-se,para cada vazo,as alturas manomtricas de cada bomba individualmente,sejam as bombas iguais ou diferentes. claro que no usual fazer a associao de bombas de caractersticas diferentes.No entanto,se este for o caso,a curva obtida da forma como est mostrado na Figura 5.9 para duas bombas.
Figura 5.9: Curva da associao - duas bombas em srie Um exemplo prtico de associao em srie so as bombas para poos profundos, o que, na verdade uma associao de vrias bombas em srie. As curvas caractersticas disponibilizadas nos catlogos dos fabricantes mostram isso claramente, em que cada curva de uma determinada bomba representa o nmero de estgios do modelo, sendo, de fato, o nmero de bombas em srie, j que a bomba propriamente dita o rotor com sua carcaa, ou seja, o estgio de uma bomba de vrios estgios. Alguns fabricantes divulgam seus catlogos, quando a bomba de mltiplos estgios, para um nico estgio, cabendo ao engenheiro fazer a multiplicao da altura manomtrica de um nico estgio pelo nmero deles, para obter a altura manomtrica total, para cada vazo do campo de aplicao daquele modelo de bomba.
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Figura 5.10: Bomba submersa para poos 0min. 8 e 10 Figura disponibilizada na Internet no site www.leao.com.br
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A Figura 5.11 mostra os campos de aplicao de uma bomba multiestgio, onde o nmero direita em cada setor o nmero de estgios; em outras palavras, a quantidade de bombas em srie .
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A figura disponibilizada no site da KSB www.ksbbombas.com.br refere-se Bomba WL, recomendada para alimentao de caldeiras, estaes de bombeamento de gua, bombeamento de condensados e circulao de gua quente. Se for colocada a curva do sistema juntamente com a curva da associao, torna-se possvel verificar os pontos de funcionamento de cada bomba quando trabalhando na associao. A Figura 5.12, relativa associao das duas bombas em srie mostradas anteriormente (Figura 5.9), ilustra o ponto de funcionamento da associao:
Figura 5.12: Curva da associao x curva do sistema - duas bombas iguais em srie Neste diagrama, observa-se que as bombas, quando trabalhando associadas, funcionam, cada uma, fornecendo uma altura manomtrica de cerca de 43 metros de coluna de gua, na vazo de pouco mais de 225 m3/h (em torno de 230). Se apenas uma bomba estivesse instalada no sistema mostrado na Figura 5.12, ela estaria fornecendo uma vazo de 150 m3/h contra uma altura manomtrica de 50 m.c.a.
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Um diagrama como este permite analisar se as bombas associadas dessa forma trabalham em um ponto de melhor rendimento ou no. Normalmente, esse tipo de associao no usual, sendo mais freqente a escolha de bombas de mais de um estgio, quando a situao mostrada indica um rendimento melhor para a associao em srie. O caso mais comum a associao de bombas em paralelo, como mostrado a seguir.
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Nesta figura, os pontos de interseo das linhas mostram o funcionamento deste sistema em diversas situaes:
O cruzamento da curva do sistema com a curva de associao das bombas em paralelo mostra o ponto de funcionamento deste sistema quando se opera com as duas bombas em paralelo ligadas. Isto , a vazo recalcada ser igual a cerca de 27,0 l/s, com cada bomba contribuindo com a metade desse valor, cerca de 13,5 l/s. O cruzamento da curva do sistema com a curva de uma bomba mostra o ponto de funcionamento deste sistema quando somente uma das bombas estiver em operao, com a outra desligada, com vazo de aproximadamente 17 l/s, maior que quando funcionando em paralelo.
Essa figura capaz por si s de mostrar as diversas opes de funcionamento de uma elevatria, mostrando ainda com qual rendimento cada bomba trabalhar em cada situao, uma vez que o rendimento varia com a vazo recalcada. de suma importncia que o profissional de engenharia fique atento para o fato de que quando associadas cada bomba produz uma vazo menor do que produziria se no estivesse associada. No caso em questo, uma nica bomba trabalhando sozinha produziria neste sistema a vazo de aproximadamente 17,5 l/s, enquanto que associada estaria produzindo apenas 13,5 l/s. Como estariam associadas duas bombas neste caso, a vazo total produzida seria o dobro, isto , cerca de 27 l/s, e no 35 l/s, como muitos acreditam que seria. Com diversos tipos de arranjo de bombas em paralelo, operando uma, duas trs ou mais, em cada situao, e analisando as diversas opes de bombas no mercado, o profissional de engenharia pode fazer a seleo do arranjo que melhor atenda do ponto de vista da economia de energia (melhor rendimento nas diversas situaes de funcionamento), comparar custos das diversas opes e optar por aquela mais vivel do ponto de vista econmico, como est mostrado no Anexo B. O exemplo mostrado refere-se a um caso simples de duas bombas iguais, que um dos mais comuns tambm. Quando se tm mais de dois conjuntos, e eventualmente bombas diferentes, comea a ficar um pouco confuso compreender o diagrama assim traado. A visualizao fica ruim, alm do que a preciso grfica pode no ser suficientemente boa. Nesses casos, passa a ser fundamental utilizar softwares de modelamento hidrulico, como os j citados em captulos anteriores.
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As Figuras 5.15 e 5.16 mostram o esquema com os valores exatos calculados por meio da utilizao de dois softwares conhecidos. A Figura 5.15 mostra o esquema traado no EPANET ( www.epa.gov ). Nesse mesmo site encontra-se um manual de operao do software. A Tabela 5.1 mostra alguns dos resultados do clculo desse sistema simples (dados em ingls conforme gerado pelo software). TA B E L A 5 . 1 : R E S U LTA D O D O C LC U LO D O S I S T E M A S I M P L E S E PA N E T NETWORK TABLE - LINKS
Length Diameter Roughness Flow Velocity Unit Headloss m/km 1.37 4.06 -44.09 -44.09 0.022 0.022 0.000 0.000 Friction Factor
Figura 5.15: Esquema com os valores exatos calculados por meio de software.1
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A Figura 5.16 mostra o esquema do mesmo exemplo executado com a utilizao do software comercial WaterCad (www.haestad.com), disponvel para aquisio no site indicado.
Figura 5.16: Esquema com os valores exatos calculados por meio de software. 2 Neste exemplo simples, a utilizao de software como os citados pode ser dispensvel, j que o traado do diagrama pode ser feito em planilhas eletrnicas sem grandes problemas.Mais adiante neste captulo ser mostrado um exemplo real, em que o traado do diagrama, alm de trabalhoso, perde muito em preciso quando feito em planilhas (ou mesmo calculadoras e desenhado a mo), por se tratar de um caso pouco mais complexo. Quando as duas bombas so diferentes, no h o menor problema para o traado da curva da associao. Basta seguir o conceito. As vazes se somam para cada altura manomtrica. A Figura 5.17 ilustra este caso.
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Da mesma forma que no caso anterior, possvel estudar o funcionamento das bombas nesse sistema mediante a sobreposio da curva do sistema. Supondo o mesmo sistema, a Figura 5.18 ilustra a operao. A Figura 5.18 permite concluir que o sistema que opere com as duas bombas em paralelo produzir uma vazo de cerca de 28 l/s, sendo que a bomba 1 contribuir com aproximadamente 12 l/s e a bomba 2 com o restante (cerca de 16 l/s). Nota-se que, por mais capricho que seja utilizado no traado do grfico, ser sempre uma soluo grfica com a preciso caracterstica desse tipo de soluo. O uso dos simuladores, no entanto, alm de oferecer uma preciso muito melhor, permite realizar ensaios de uma grande quantidade de bombas no mesmo sistema, rapidamente, bastando editar os pontos da bomba no entorno da soluo procurada, e assim fazer a escolha do conjunto que melhor atenda do ponto de vista da eficincia energtica.
Figura 5.18: Associao em paralelo x curva do sistema (bombas diferentes) A Figura 5.19 ilustra o diagrama traado no EPANET. A Tabela 5.2 mostra o consumo de energia obtido da curva de rendimento editada no EPANET. Para este exemplo as curvas das bombas utilizadas e seus respectivos rendimentos esto mostrados na Tabela 5.3 (dados em ingls conforme gerado pelo software).
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TA B E L A 5 . 2 : C O N S U M O D E E N E R G I A O B T I D O D A C U R VA D E R E N D I M E N T O E D I TA D O N O E PA N E T ENERGY REPORT Pump Percent Utilization B-1 B-2 100.00 100.00 Average Efficiency 50.00 63.78 0.24 0.19 10.97 11.05 10.97 11.05 0.00 0.00 kWh/m3 Average kW Peak kW Cost/day
O software possui diversas facilidades; dentre elas, a anlise da eficincia energtica. No foi colocado o valor do custo do kWh, razo pela qual, a coluna correspondente tem valores iguais a zero. Observa-se que neste exemplo a bomba 2 trabalha com melhor eficincia que a bomba 1, apresentando, conseqentemente, um consumo especfico (kWh/m3) significativamente superior. Os grficos extrados do EPANET mostrados nas Figuras 5.20 e 5.21 ilustram as concluses a respeito da melhor eficincia energtica para a bomba 2 neste sistema. Os rendimentos no ponto de trabalho, quando associadas em paralelo, esto mostrados na Figura 5.20.
142
Figura 5.20: Rendimentos no ponto de trabalho com associao em paralelo A Figura 5.21 mostra a energia especfica (kWh/m3) do bombeamento para cada uma das bombas quando opera em paralelo neste sistema. Fica claro que preciso editar as curvas de rendimento de cada bomba (curvas essas tiradas dos catlogos dos fabricantes), para que o software possa efetuar os clculos. No entanto, possvel formar um banco de dados com as bombas mais usuais e edit-las rapidamente por meio da ferramenta de carregar curvas de bomba.
Figura 5.21: Energia especfica do bombeamento para cada uma das bombas
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Quando se opera isoladamente, isto , sem o paralelismo, o diagrama mostra que o sistema produzir apenas cerca de 17l/s com a bomba 1 ou 17,5 l/s com a bomba 2. Para se obter o valor do rendimento com o qual as bombas funcionariam nessa situao, seria necessrio recorrer curva dos catlogos e verificar o consumo especfico nesses pontos. No EPANET, basta rodar o clculo com a condio de cada bomba desligada separadamente e verificar o relatrio de energia.
Figura 5.22: Bomba 2 desligada Nesta condio de no paralelismo, a energia especfica consumida pela bomba 1 est mostrada na Figura 5.23:
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Figura 5.23: Energia especfica consumida pela bomba 1 Se em vez de desligar a bomba 2 fosse desligada a bomba 1, operando somente com a de nmero 2, a vazo do sistema seria ligeiramente superior, como mostrado no esquema do EPANET na Figura 5.24:
Figura 5.24: Energia especfica consumida pela bomba 2 A diferena no consumo especfico seria ainda mais acentuada, como mostra a Figura 5.25:
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O esquema de operao para um caso como esse deveria sempre priorizar a bomba 2 como preferencial quando o sistema tiver de funcionar com uma vazo menor (ainda que quando trabalhando sozinha esta bomba produza uma vazo ligeiramente superior que a bomba 1), em funo da maior economia de energia que ela propicia. O exemplo mostrado, embora simples, revela a grande utilidade dos simuladores hidrulicos, principalmente se forem considerados os sistemas mais complexos, em que se torna necessrio consultar diversos catlogos de fabricantes, para a escolha de diversas possibilidades de bombas, e o desenho dos diagramas das associaes de bombas e curvas de sistema, para diversas combinaes. Com a utilizao de softwares como esse, torna-se possvel a otimizao energtica dos sistemas de bombeamento, mesmo na fase de operao, permitindo a escolha da combinao de bombas de maior eficincia energtica.
5.4 Seleo de bombas otimizadas com auxlio de software fornecido por fabricantes
Alguns fabricantes de bombas disponibilizam softwares para o dimensionamento otimizado dos sistemas de bombeamento, utilizando porm equipamentos de sua fabricao. Um deles o FLYPS 2.1, j mencionado, encontrado no site da FLYGT ( www.flygt.com.br ) A Figura 5.26 mostra a seleo de bombas feita pelo software, quando se entra com os dados do sistema e se escolhem determinados modelos para compor a seleo. (Essa escolha deve ser feita em funo do tipo de lquido que se quer bombear, comparada com a linha de fabricao da marca.)
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Figura 5.26: Seleo de bombas a partir da entrada de dados do sistema Pode-se tambm obter o traado das curvas das bombas selecionadas para a averiguao dos pontos de funcionamento de modo grfico, como mostra a Figura 5.27.
Figura 5.27: Obteno do traado das curvas das bombas selecionadas para a averiguao dos pontos de funcionamento do modo grfico
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Da mesma forma que no caso anterior, deve-se procurar a associao que melhor atenda vazo desejada, observando as diversas combinaes de funcionamento possveis e priorizando no manual de operao aquelas de melhor eficincia energtica.
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A cavitao um dos principais problemas que ocorrem na instalao de bombeamento de gua para abastecimento pblico, por afetar diretamente a eficincia energtica do bombeamento. Outros problemas podem ser um barrilete de recalque complexo ou a utilizao de conexes em excesso, que comprometem tambm afetam o desempenho geral, na medida em que afetam a perda de carga. Mas estes so de fcil identificao e correo, podendo ser evitados durante a fase de construo da prpria estao de bombeamento, pela utilizao de um esquema lgico de conexo dos conjuntos motobomba ou de conjuntos padronizados, o que facilita muito o projeto do barrilete, reduzindo as perdas de carga localizadas e, conseqentemente, a perda de carga total e o consumo de energia eltrica. Neste captulo, dada nfase especial ao problema da cavitao, no s por ser de difcil entendimento, mas por ser o mais comum.
O que a cavitao
Denomina-se cavitao a formao de bolhas de vapor no meio da massa lquida durante um escoamento, devido ocorrncia de presses inferiores presso do vapor na temperatura do escoamento. Essas bolhas ou cavas - da o nome de cavitao - implodem quando atingem um , ponto de maior presso ao longo do fluxo, causando desgaste do material de que feita a pea por onde est ocorrendo o escoamento, que, com o passar do tempo, acentuar o efeito de queda de rendimento, alterando mesmo as curvas caractersticas do equipamento. Em se tratando de bombas, o efeito da cavitao notado nos rotores, desde a entrada at os pontos na periferia, bem como, eventualmente, na prpria voluta (carcaa da bomba).
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Segundo a conceituao moderna do fenmeno da cavitao, admite-se que a gua contendo impurezas mais suscetvel sua ocorrncia do que gua limpa, j que a ruptura est associada de forma mais intensa resistncia trao, esta ltima relacionada com a tenso superficial do lquido na temperatura do bombeamento do que presso de vapor do lquido. Embora o assunto seja objeto de pesquisas constantes, continua sendo, de certa forma, um fenmeno no compreendido na totalidade, por se tratar de um efeito microscpico e de freqncia elevada. (Admitem-se freqncias da ordem de 25.000 Hz para o processo completo de formao da cava e sua imploso final.) As principais conseqncias da ocorrncia da cavitao so: barulho, vibrao excessiva do conjunto motobomba, alterao das curvas caractersticas (vazo x altura, vazo x rendimento) e danificao do material. exceo do barulho, que pode ser considerado mais um problema esttico, e da vibrao em excesso, cujas conseqncias so mais srias do ponto de vista dos custos de manuteno, as demais conseqncias da cavitao tm relao direta com a eficincia energtica.
Ocorrncia da cavitao
A partir do conceito de NPSH (requerido e disponvel), possvel equacionar o problema comparando os dois valores de NPSH. Simplificadamente, basta que o NPSH disponvel pela instalao seja superior ao NPSH requerido pela bomba para que o problema da cavitao no ocorra. Na prtica, costume dar-se uma certa margem de segurana, pois os ensaios de laboratrio para a determinao do NPSH requerido pelas bombas so relativamente difceis, no sendo muito precisa a determinao exata da vazo na qual a cavitao passa a se dar, j que o prprio fenmeno, como est dito anteriormente, no compreendido ainda na sua total essncia. A norma brasileira NBR 12.214 (Projeto de sistema de bombeamento de gua para abastecimento pblico) recomenda que o NPSH disponvel calculado deve ser superior em 20% e no mnimo em 0,50 m o NPSH requerido pela bomba em todos os pontos de operao .
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preciso ainda estar atento para o fato de que nos poos de suco o nvel da gua normalmente no se mantm constante ao longo do ciclo dirio de consumo (o mesmo ocorrendo com as estaes booster, em que a presso na suco tambm varia ao longo do ciclo de consumo dirio). Por isso, a norma bastante explcita quando se refere a todos os pontos de operao . O exemplo de uma condio real, a seguir, ilustra o procedimento de verificao da cavitao. Exemplo numrico Seja uma estao elevatria com dois conjuntos iguais funcionando em paralelo e um terceiro de reserva. Verifique se as bombas estaro sujeitas ao fenmeno da cavitao nas diversas condies de operao. As linhas de suco tm 10 metros de comprimento, so de ferro fundido cimentado internamente em bom estado de conservao (C = 130), dimetro de 250 mm, com as seguintes peas e seus respectivos valores do coeficiente K de perda de carga localizada: TA B E L A 6 . 1 : P E A S D E U M A L I N H A D E S U C O E R E S P E C T I V O S VA LO R E S D O C O E F I C I E N T E K DE PERDA DE CARGA LOCALIZADA PEA Vlvula de p com crivo Curva de 90 Reduo excntrica Registro de gaveta aberto Total QUANT. 01 01 01 01 K 2,50 0,40 0,15 0,20 TOTAL 2,50 0,40 0,15 0,20 3,25
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Figura 6.1: Disposio dos conjuntos motobombas O barrilete de recalque formado por linhas de 4 metros de comprimento, do mesmo material (C = 130), porm com dimetro de 200 mm.As peas para cada linha de cada bomba esto na tabela 6.2: TA B E L A 6 . 2 : P E A S D E C A D A U M A D A S L I N H A S D E S U C O E R E S P E C T I V O S VA L O R E S D O C O E F I C I E N T E K D E P E R D A D E C A R G A LO C A L I Z A D A PEA Reduo concntrica Registro de Gaveta aberto Vlvula de reteno T sada de lado Total QUANT. 01 01 01 01 K 0,18 0,20 2,50 1,30 TOTAL 0,18 0,20 2,50 1,30 4,18
Aps o barrilete, a linha de aduo tem 962 metros de comprimento, dimetro de 250 mm e coeficiente Cde Hazen-Williams igual a 130 (mesmo tubo de ferro fundido relativamente novo, cimentado internamente).
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O desnvel geomtrico entre o eixo da bomba e a entrada do reservatrio (montante) igual a 14 metros. A altura de suco (diferena de cota entre o eixo da bomba e o nvel da gua no poo de suo) varia de um mnimo de 2 metros a um mximo de 4 metros. As bombas instaladas nesta estao elevatria so da marca IMBIL, modelo ITA 80.160, alta rotao (3500 RPM) com rotor de 150 mm. Os dados dessa bomba, retirados do catlogo do fabricante, esto apresentados na Tabela 6.3 TA B E L A 6 . 3 : D A D O S D A B O M B A I M B I L , M O D E L O I TA 8 0 . 1 6 0 , A LTA R O TA O
VAZO (m3/h) ALTURA MANOMTRICA TOTAL (m.c.a.) ALTURA MXIMA DE SUCO (Hs)
40 38 33 24
Como foi dito no incio da descrio da situao, trabalham normalmente duas bombas em paralelo, ficando uma terceira como reserva.Eventualmente, pode trabalhar uma nica bomba, principalmente nos perodos de baixo consumo, quando o reservatrio perde nvel vagarosamente. O objetivo deste exemplo numrico de uma situao de campo real verificar qual a expectativa de vazo para este sistema e avaliar as condies de funcionamento desses conjuntos motobomba, no que toca possibilidade de existir o fenmeno da cavitao, considerando os dados apresentados. Equacionamento do problema do modo tradicional (sem uso de simuladores hidrulicos): O procedimento tradicional consiste em fazer o traado da curva do sistema,
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sobrepondo-a curva da bomba e da associao (duas bombas em paralelo), e, ento, verificar os pontos notveis do diagrama para, posteriormente, conferir na curva de catlogo o NPSH requerido. Em seguida, deve-se calcular o NPSH disponvel pela instalao para as situaes previstas de funcionamento.A comparao desse ponto com o NPSH disponvel pela instalao para as diversas possibilidades de funcionamento indicar a possibilidade ou no da ocorrncia da cavitao.
Observao sobre a expresso altura mxima de suco Alguns catlogos de fabricantes, como o caso desta situao real, apresentam, em vez do NPSH requerido, a altura mxima de suco para cada bomba de sua fabricao. Isso obtido a partir da considerao de que a presso atmosfrica no varia tanto, para as nossas condies no Brasil, assim como a presso do vapor, para as temperaturas usuais de bombeamento em sistemas de abastecimento de gua (em torno de 20 (C, pv/ = 0,24 m.c.a.). A Tabela 6.4 mostra a variao da presso atmosfrica com a altitude:
TA B E L A 6 . 4 : VA R I A O D A P R E S S O AT M O S F R I C A C O M A A LT I T U D E ALTITUDE (metros) 0 500 1000 1500 PRESSO ATMOSFRICA (m.c.a.) 10,33 9,73 9,17 8,63
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Considerando que as linhas de suco so geralmente curtas e que as peas existentes so praticamente as mesmas (as que esto apresentadas no exemplo em estudo), possvel estabelecer uma relao entre o NPSH requerido e a altura mxima de suco a partir da comparao do NPSH requerido com a expresso do NPSH disponvel, como mostrado abaixo: Se a condio para no existir o fenmeno da cavitao o NPSH disponvel do sistema ser maior que o NPSH requerido pela bomba, pode-se escrever a seguinte inequao: NPSHd > NPSHr
Ou
(6.1)
Assumindo valores usuais para a diferena entre a presso atmosfrica e a presso de vapor, levando-se em conta a restrio da norma NBR 12214 para as velocidades nas linhas de suco e, tambm, o coeficiente de segurana recomendado para a comparao entre os valores do NPSH disponvel e requerido, possvel estabelecer, em funo do NPSH requerido, obtido nos ensaios de laboratrio do fabricante, o valor da altura mxima de suco recomendada, visando, dessa forma, facilitar a escolha de bombas pelo pessoal leigo. Alguns autores apresentam tambm frmulas para a determinao do NPSH requerido, geralmente em funo da velocidade especfica. So, todavia, limitadas a determinadas condies de operao (geralmente para o ponto de mximo rendimento da bomba) e de preciso discutvel.Por isso, no devem ser utilizadas para fins prticos na engenharia. Feitas essas observaes sobre a altura mxima de suco a questo no exemplo , numrico em estudo consiste em traar as curvas de sistema para as diversas possi-
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bilidades de funcionamento (nvel do tanque de suco na posio de mnimo e na posio de mximo). A Tabela 6.5 e as figuras 6.2 e 6.3 mostram o procedimento convencional: Perdas na suco: Distribudas:
Localizadas:
, por tubulao.
Localizadas:
, para cada trecho do barrilete at a juno. Na verdade,quando as bombas funcionam em paralelo,o trecho do barrilete de cada bomba (4 metros nessa instalao) no uma linha comum s duas bombas, como o o restante da linha adutora. Por cada trecho do barrilete circula apenas a metade da vazo total, o mesmo acontecendo com as tubulaes de suco. Quando, no entanto,
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uma das bombas trabalha s, a vazo que circula na tubulao de suco, assim como no barrilete, a mesma que circula pela adutora. preciso,portanto,estar atento a esses detalhes na hora de optar pelo traado da curva do sistema para as diversas situaes. Dependendo do valor das perdas localizadas, alguma simplificao no traado dessas curvas pode resultar em estimativas incorretas da vazo de funcionamento do sistema. Quando se utilizam os simuladores hidrulicos, no h necessidade de se ficar atento a esses detalhes, que, na verdade, tomam tempo do engenheiro que estuda o problema. Basta inserir as perdas localizadas nos seus respectivos lugares (nos modelos, os coeficientes k so colocados como elementos dos tubos nos quais esto de fato instalados) e, simplesmente,rodar o modelo. Os clculos so realizados pelo algoritmo matemtico do simulador. Este mesmo exemplo est mostrado logo a seguir, calculado com o auxlio de um simulador. Feitas essas observaes, a Tabela 6.5 mostra o resultado dos clculos para o traado da curva do sistema: TA B E L A 6 . 5 : R E S U LTA D O D O S C L C U L O S PA R A O T R A A D O D A C U R VA D O S I S T E M A
Vazo (m/h) 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Vazo (l/s) 0,00 13,89 27,78 41,67 55,56 69,44 83,33 97,22 111,11 Perda na suco (m) Perda no recalque (m) Perda de Altura geomtrica (m) NA mn 18 18 18 18 18 18 18 18 18 NA mx 16 16 16 16 16 16 16 16 16 Curva do sistema NA mn 18,00 18,41 19,49 21,17 23,40 26,18 29,48 33,28 37,59 NA mx 16,00 16,41 17,49 19,17 21,40 24,18 27,48 31,28 35,59
Distribuda Localizada Distribuda Localizada carga (m) 0,00 0,00 0,01 0,03 0,05 0,08 0,11 0,15 0,19 0,00 0,00 0,01 0,03 0,05 0,08 0,12 0,16 0,21 0,00 0,39 1,42 3,01 5,13 7,76 10,87 14,46 18,52 0,00 0,01 0,04 0,09 0,17 0,26 0,38 0,51 0,67 0,00 0,41 1,49 3,17 5,40 8,18 11,48 15,28 19,59
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A Figura 6.2 mostra o traado da curva do sistema para as condies de nvel mnimo e mximo no poo de suco.
Figura 6.2: Traado da curva do sistema para as condies de nvel mnimo e mximo no poo de suco Sobrepondo a ela a curva da associao das bombas em paralelo, a interseo das linhas mostra os pontos de funcionamento para as diversas situaes:
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O diagrama mostra as diversas opes de funcionamento dessa elevatria,de modo que podem-se estudar as vazes em cada situao, verificar a condio do NPSH disponvel para cada uma delas e comparar com o NPSH requerido pela bomba em cada um dos pontos de funcionamento possveis. Isto est mostrado na seqncia. Ponto A: Vazo esperada do sistema, para a situao de dois conjuntos funcionamento em paralelo, quando o nvel de gua no tanque de suco estiver no mnimo (altura de suco mxima).Da Figura 6.3 extrai-se o valor de cerca de 325 m3/h, sendo que cada bomba estar contribuindo com a metade da vazo do sistema, ou seja, aproximadamente 163 m3/h, conforme a figura mostra. Ponto B: Vazo esperada do sistema, para a situao de dois conjuntos funcionamento em paralelo, quando o nvel de gua no tanque de suco estiver no mximo (altura de suco mnima). Da Figura 6.3 extrai-se o valor de cerca de 340 m3/h, sendo que cada bomba estar contribuindo com a metade da vazo do sistema, ou seja, aproximadamente 170 m3/h, conforme a figura mostra. Ponto C: Vazo esperada do sistema, para a situao de apenas um conjunto funcionamento, quando o nvel de gua no tanque de suco estiver no mnimo (altura de suco mxima). Da figura, extrai-se o valor de cerca de 200 m3/h. Ponto D: Vazo esperada do sistema, para a situao de apenas um conjunto funcionamento, quando o nvel de gua no tanque de suco estiver no mximo (altura de suco mnima). Da Figura 6.3, extrai-se o valor de cerca de 208 m3/h. Embora o sistema esteja projetado para o funcionamento de dois conjuntos em paralelo, deve-se sempre considerar a possibilidade do funcionamento de apenas um deles, o que ocorrer sempre que o consumo for inferior capacidade de bombeamento de um dos conjuntos. Na operao das elevatrias, deve-se procurar sempre fazer com que o movimento do nvel de gua no interior do reservatrio seja o mais suave possvel. Isso, alm de manter as presses na rede mais estveis, evita o liga/desliga freqente. Alm disso, a recomendao da norma citada no incio do exemplo ...o NPSH disponvel calculado [ ].deve ser superior em 20% e no mnimo em 0,50 m o NPSH requerido pela bomba em todos os pontos de operao .
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Do ponto de vista da anlise da probabilidade de a bomba cavitar ou no, basta calcular o NPSH disponvel para as vazes de funcionamento para cada situao extrema e comparar com o NPSH requerido nessas vazes. Como foi mostrado anteriormente, o catlogo dessa bomba d a altura mxima de suco recomendada para cada vazo, conforme a Tabela 6.6, evitando o trabalho de calcular o NPSH disponvel:
TA B E L A 6 . 6 : C L C U L O D A A LT U R A M X I M A D E S U C O R E C O M E N D A D A PA R A C A D A VA Z O
VAZO (m3/h) ALTURA MANOMTRICA TOTAL (m.c.a.) ALTURA MXIMA DE SUCO (Hs)
40 38 33 24
Recapitulando, a condio de suco apresentada nos dados iniciais, tem-se que ... o desnvel geomtrico entre o eixo da bomba e a entrada do reservatrio (montante) igual a 14 metros. A altura de suco (diferena de cota entre o eixo da bomba e o nvel da gua no poo de suo) varia de um mnimo de 2 metros a um mximo de 4 metros As vazes esperadas para cada situao so: . Ponto A: 163 m3/h - altura mxima aproximadamente 5,7 metros, valor obtido interpolando-se essa vazo nos dados apresentados pelo fabricante. Esta situao refere-se ao extremo do nvel mnimo no poo de suco, o que corresponde altura de suco mxima (4 metros). No h qualquer probabilidade da ocorrncia de cavitao para essa situao de funcionamento. Ponto B: 170 m3/h - altura mxima de aproximadamente 5,4 metros. Ainda que essa situao de funcionamento indique uma vazo esperada maior, o que corresponde a um NPSH requerido maior e, conseqentemente, a uma altura mxima de suco menor, o valor interpolado nos dados do fabricante tambm no mostra
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qualquer perigo com relao cavitao, pois este extremo ser alcanado quando o nvel no poo de suco estiver no mximo, indicando uma altura de suco mnima (2 metros conforme os dados desta elevatria). No entanto, para o ponto C, cuja vazo esperada de 200 m3/h, a altura mxima de suco indicada pelo fabricante ser de cerca de 4,20 m. Esta situao corresponde lmina mnima no tanque de suco, isto , altura de suco mxima igual a 4 metros, de acordo com os dados. uma situao muito prxima do limite em que a prudncia manda, no mnimo, verificar com mais preciso o NPSH requerido pela bomba, ao invs de utilizar o valor de altura mxima de suco informada pelo fabricante. Se for necessrio fazer o sistema funcionar assim como est e se for detectado barulho anormal quando do funcionamento de um dos conjuntos, uma das solues possveis instalar um indutor na entrada da bomba, o que reduz substancialmente o NPSH requerido, ou, em outras palavras, aumenta a altura mxima de suco possvel, eliminando a situao limite do incio incipiente da cavitao. Esta seria, em princpio, a soluo mais indicada do ponto de vista da eficincia energtica. Outra soluo possvel para evitar a cavitao, caso esteja ocorrendo a situao descrita, seria a instalao de automao por meio de vlvulas prprias que impea o funcionamento da bomba quando prxima da vazo de 200 m3/h e com nvel no tanque de suco abaixo, por exemplo, de 3 metros. No seria, em princpio, a soluo mais indicada, j que traz custos adicionais para a instalao, assim como maior consumo de energia, na medida em que o aumento da altura manomtrica para a reduo de vazo, que como as vlvulas reguladoras de presso trabalham, traria uma perda de carga hidrulica adicional, que deveria ser compensada com um maior dispndio de energia eltrica do motor. De qualquer forma,essa a anlise que deve ser feita sempre quando se estuda o funcionamento de elevatrias, no que se refere ao cuidado com o problema da cavitao.
A ttulo de informao adicional, o mesmo problema ser tratado a seguir com o auxlio de um software comercial de modelamento hidrulico de condutos forados, o WaterCad, desenvolvido e distribudo pela Haestad Methods (www.haestad.com). Por tratar-se de um software norte-americano, os elementos so mostrados com seu nome em ingls.
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A Figura 6.4 mostra o esquema da elevatria com os dados de edio da tubulao de suco de uma das bombas.
Figura 6.4: Esquema da elevatria com os dados de adio da tubulao de suco de uma das bombas A Figura 6.5 mostra os dados de edio de uma das bombas
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Neste tipo de software, podem-se, ainda, criar cenrios diversos, cujos clculos podem ser feitos de uma s vez para as diversas situaes (cenrios), evitando-se trabalho em duplicidade. o que est mostrado na Figura 6.6, tendo sido feitos os cenrios para as duas situaes extremas de nvel de gua no poo de suco. Por fim, esto mostrados nas Figuras 6.7 e 6.8 os resultados para uma s bomba funcionando e para as duas em paralelo.
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Figura 6.8: Resultado para duas bombas funcionando em paralelo Como j mencionado, os simuladores so uma ferramenta de extrema utilidade, pela rapidez com que efetuam os clculos hidrulicos e pela flexibilidade de se proceder a anlises de situaes alternativas para a soluo dos problemas nos sistemas de abastecimento de gua. Como j foi mencionado em captulos anteriores, os softwares de modelamento hidrulico tambm permitem estimar o consumo de energia das bombas inseridas no modelo, de modo a se fazer a anlise das melhores alternativas sob os vrios pontos de vista. A Figura 6.9 mostra o cenrio para as duas bombas funcionando em paralelo, com o nvel de gua no tanque de suco no seu ponto extremo mximo, o que corresponde a uma altura manomtrica total mnima e, conseqentemente, a vazes maiores. Embora na figura no seja possvel observar, a obteno de cada um desses resultados imediata, aps a edio dos elementos (tubos, ns, bombas e nveis nos reservatrios).
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Figura 6.9: Duas bombas funcionando em paralelo, com o nvel de gua no tanque de suco no ponto extremo mximo
nota-se que os elementos que nela interferem e que esto sob o domnio do engenheiro so a altura de suco e a perda de carga na suco. Partindo-se do pressuposto de que a instalao trabalharia numa determinada cota (o que define a presso atmosfrica) e com gua a uma determinada temperatura (o que define a presso de vapor), resta procurar quando na fase de projeto, trabalhar na medida do possvel com alturas de suco pequenas e com perdas de carga na suco minimizadas.
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Quando, de outro lado, a instalao j est em funcionamento e o problema detectado, uma das possveis e boas solues, antes de se pensar em trocar o conjunto motobomba, consiste em utilizar indutores, especialmente fabricados pelos prprios fornecedores dos conjuntos, embora a maioria no os fabrique. H, ainda, uma alternativa para a reduo do incmodo do barulho, que a injeo de pequenas quantidades de ar comprimido na tubulao de suco. De fato, isso atenua o barulho, chegando at mesmo a atenuar o desgaste do material, na medida em que as bolhas de ar funcionam como amortecedores do choque quando da imploso das cavas . , no entanto, uma medida paliativa, mais efetiva quanto reduo dos problemas ligados manuteno do que eventual e provvel queda no rendimento do conjunto, no se constituindo, portanto, em soluo do ponto de vista da eficincia energtica.
Recirculao
Ainda ligado aos problemas na instalao, vale a pena mencionar um problema mais diretamente ligado manuteno dos equipamentos do que instalao propriamente dita, uma vez que os efeitos sonoros por ele causados assemelham-se muito ao problema da cavitao, chegando a causar confuso e providncias incorretas por parte dos responsveis pela instalao quando no tm um bom conhecimento do problema. Trata-se da recirculao, fenmeno que ocorre quando os anis de desgaste ou outros dispositivos de vedao no esto com as folgas corretas, fazendo com que a gua da regio de alta presso da bomba recircule para a regio de baixa presso. Ainda pode ser citada outra condio em que a recirculao ocorre: quando, em baixas vazes, a gua no entra no rotor na totalidade, sendo parte recirculada ainda na tubulao de suco. Ambos so casos em que, certamente, o conjunto moto-bomba estar trabalhando numa regio de baixo rendimento, devendo ser evitados quando se procura uma maior eficincia energtica.
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Medidas de Economia
Basicamente, duas so as formas de se otimizar o custo com o uso da energia eltrica no funcionamento dos motores que impulsionam as bombas que pressurizam os sistemas de abastecimento de gua: A primeira delas, direta, consiste em utilizar instalaes adequadas do ponto de vista da hidrulica, isto :
utilizar tubulaes com dimetros bem dimensionados; manter a tubulao em bom estado de conservao quanto rugosidade interna (coeficiente C alto ou coeficiente f baixo); trabalhar com arranjos de concepo de projeto e de operao que sejam norteados pela melhor setorizao das zonas de presso, evitando-se o desperdcio com altas presses na rede, que, alm de tudo, so um fator de induo de perdas hidrulicas reais e que se traduzem, em ltima anlise, em ineficincia energtica; variar a velocidade dos motores eltricos de modo a adequar o ponto de funcionamento da bomba ao seu mximo rendimento, conforme a demanda varie (procedimento mais usual em abastecimento em marcha); e escolher o conjunto moto-bomba com melhor rendimento para o ponto de trabalho desejado (pode parecer bvio, mas um ponto importante e, de certa forma, trabalhoso quando se verifica o funcionamento para as diversas condies possveis de operao).
A segunda, que no economiza propriamente energia em quantidade, mas em qualidade, consiste em evitar ou se reduzir o consumo energtico nas horas de ponta (horas em que o sistema produtor/distribuidor da concessionria de energia eltrica mais demandado pelos clientes), possibilitando concessionria um melhor equilbrio do seu sistema e ao operador do servio de abastecimento de gua uma economia de recursos financeiros, na medida em que as concessionrias incentivam esse procedimento por intermdio de sua estrutura tarifria diferenciada.
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Isso pode ser conseguido mediante um arranjo adequado entre produo (vazo de bombeamento) e reservao, de modo que a paralisao ou reduo da vazo bombeada em determinadas horas possa ser feita sem prejuzo do abastecimento, cuja curva de demanda horria precisa ser conhecida para que o projetista ou analista operacional possa contar com essa oportunidade de eficientizao energtica. Em qualquer das situaes abordadas anteriormente, uma anlise da viabilidade econmica por meio do valor presente lquido (VPL - mais usual na comparao de alternativas de projeto) ou da TIR (taxa interna de retorno) deve ser efetuada, como est mostrado no Anexo B, uma vez que o investimento a ser feito para se conseguir a reduo do consumo de energia pode, eventualmente, no compensar a reduo da despesa com a energia eltrica. Adiante, ser abordada com mais detalhamento cada uma das oportunidades de eficientizao energtica citadas anteriormente.
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bilidades. Embora muito til no acompanhamento em sries temporais de uma determinada elevatria ou de um determinado sistema, presta-se pouco comparao entre sistemas de caractersticas fsicas diferentes, pois em casos de grandes alturas de recalque por insuficincia de mananciais em cotas favorveis (situao cada vez mais comum no nosso pas, infelizmente) no h como o indicador apresentar valor inferior a outro sistema em que as alturas sejam menores. Ainda so utilizados o kWh/m3 de esgoto tratado e o fator de carga. comum tambm haver uma anlise sistemtica por parte das unidades de controle operacional das companhias de saneamento ou dos servios municipais, do fator de potncia, de modo a evitar custos com energia reativa. Tsutuya (9)
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Na verdade, , basicamente, o mesmo indicador j largamente utilizado pelas companhias de saneamento e servios municipais no Brasil (kWh/m3), com a novidade de introduzir o que foi chamado pela IWA como fator de padronizao (Standardisation Factor, conforme original em ALEGRE, H., HIRNER, W., BAPTISTA, J.M. e PARENA, R., Performance Indicators for Water Supply Services, Londres, IWA Publishing, 2000, pg. 44 e 105). A despeito de fazer parte do esforo internacional para padronizar os indicadores de desempenho dos servios de abastecimento de gua em todo o mundo, esse indicador ainda no vem sendo sistematicamente utilizado nos sistemas pblicos de abastecimento de gua em geral, sendo necessrio algum tempo para ocorrer a assimilao e o rearranjo dos sistemas de controle operacional de modo a introduzi-lo na rotina.
Verifica-se que so cinco os elementos interferentes no clculo da potncia eltrica, sendo que dois - o rendimento da bomba e o rendimento do motor -, influem de forma inversamente proporcional e os outros trs - peso especfico, vazo bombeada e altura manomtrica total - afetam diretamente no resultado da potncia necessria para realizar tal trabalho.
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A Figura 7.1 mostra a seleo de uma determinada bomba para trabalhar no ponto de vazo igual a 100 m3/h contra uma altura de cerca de 42 m.c.a. A bomba selecionada trabalhar nesse ponto com um rendimento de aproximadamente 70%.
Figura 7.1: Curva da bomba x curva do sistema - IMBIL - ITA 65.200 rotor 170 mm 3500 rpm Na Figura 7.2, tem-se a seleo de uma outra bomba do mesmo fabricante, porm de outro modelo, que, trabalhando no mesmo ponto de operao apresenta um rendimento um pouco melhor, de cerca de 75%.
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Figura 7.2: Curva da bomba x curva do sistema - IMBIL - ITA 80.160 rotor 160 mm usinado 3500 rpm
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173
Na Figura 7.3, representa-se um problema de abastecimento de uma zona alta, com uma possvel soluo: elevar toda a vazo necessria para a regio. Eventualmente, alm de o bombeamento de toda a vazo implicar um custo maior, em funo da maior potncia necessria, pode haver problema de presses excessivas na regio mais prxima estao de bombeamento.
Figura 7.3:Representao de um problema de abastecimento de uma zona alta A Figura 7.4 ilustra outra possvel soluo, em que se procura racionalizar o porte da estao elevatria, restringindo-a regio onde havia problemas no abastecimento. Esta soluo implica uma elevatria de porte menor, com menor custo de implantao e menor custo operacional em funo do custo com a energia eltrica. Embora esta segunda soluo possa parecer bvia, outros fatores de ordem local, como interferncias com a urbanizao, podem dificult-la, sendo sempre necessria a realizao de estudos de viabilidade de modo a fazer a melhor opo pelo arranjo no projeto.
Figura 7.4: Proposta de soluo para um problema de abastecimento de uma zona alta
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onde
TABELA 7.1: EXPRESSO PARA CLCULO DA PERDA DE CARGA DISTRIBUDA Expresso Hazen-williams Darcy-Weisbach 1,852 2,000 4,87 5,00
A um coeficiente que depende da rugosidade interna da tubulao, assunto que ser abordado no item seguinte. Para as perdas localizadas (hL), utiliza-se usualmente a expresso (2.22)
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sendo K o coeficiente de perda localizada para cada pea;Q a vazo que circula, em , m /s;g o valor da acelerao da gravidade onde se d o escoamento, em m/s2; e D o di, , metro da tubulao, conforme a notao usual, em m.
3
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Exemplo numrico: Considere uma linha adutora simples. Estude para dois dimetros comerciais vizinhos uma possvel seleo de bombas, com os respectivos valores da potncia consumida esperada para cada situao.
Figura 7.5: Curva da bomba x curva do ssitema (dimetro da linha = 150 mm) IMBIL - ITA 65.200 rotor 170 mm 3500 rpm
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Na Figura 7.6, mostra-se a curva do mesmo sistema, porm com dimetro de 200 mm e uma possvel seleo de outra bomba com uma potncia significativamente menor do que no primeiro caso, como mostrado no diagrama, com dados do catlogo do fabricante. Uma vez que a perda de carga para esse dimetro significativamente menor,a altura manomtrica total tambm ficou reduzida ao valor de aproximadamente 31 m.c.a., o que permite a seleo de um outro conjunto. Nesse caso, at com rendimento melhor, o que apenas uma coincidncia,pois o que interessa no exemplo que a altura manomtrica menor,para a mesma vazo de operao,requer uma potncia bastante menor.
Figura 7.6: Curva da bomba x curva do sistema (dimetro da linha = 200 mm) IMBIL - ITA 65.160 rotor 150 mm usinado 3500 rpm
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Deve-se sempre verificar o custo adicional do dimetro maior, comparado com o custo menor do equipamento de menor potncia e o custo operacional tambm menor, dependendo do tempo mdio dirio de funcionamento previsto ao longo da vida til do conjunto ou do alcance do projeto.
Tipos de materiais
Do ponto de vista do escoamento, interessa somente o valor do coeficiente C e no o , tipo de revestimento propriamente dito, j que os fabricantes fornecem sempre o valor do coeficiente a utilizar com os tubos de sua fabricao. Em linhas gerais, pode-se separar os tubos em metlicos e no-metlicos. Os primeiros (ao, ao galvanizado e ferro fundido), em geral, so utilizados quando se trabalha com presses maiores ou quando se trabalha com dimetros de maior dimenso (caso do
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ao). Caso contrrio, eles no concorrem em preo com os no-metlicos. Enquanto os tubos de ao no tm revestimento interno em geral, as tubulaes de ferro fundido so, normalmente, cimentadas internamente. Encontram-se muitas linhas antigas de tubulaes de ferro fundido sem cimentao, o que lhes confere um coeficiente C significativamente menor. As tubulaes no-metlicas, normalmente, no tm qualquer revestimento, uma vez que a caracterstica do material (bastante liso) j lhes confere um valor de C significativamente alto (da ordem de 140 - PVC ou 150 PEAD e outros). Apareceram no mercado, mais recentemente, tubulaes de PVC revestidas com fibra de vidro, cuja caracterstica hidrulica assemelha-se do PVC comum. Outro tipo de revestimento utilizado nas tubulaes em ao, mas destinado a evitar a corroso, no melhorando em nada as condies de escoamento e, portanto, a eficincia do bombeamento. Assim como a proteo catdica, tem tambm a finalidade de evitar a corroso atravs de correntes eltricas induzidas na tubulao. Nada tem a ver, portanto, com as condies de escoamento, razo pela qual no esto detalhadas neste Livro.
Exemplo numrico: 1 - Seja uma linha de aduo com 7200 metros de comprimento, dimetro de 250 mm, para atender a uma demanda de 1500 m3/dia. Supondo um coeficiente C da ordem de 90, equivalente a uma tubulao antiga com incrustaes ao longo do caminhamento. Compare as curvas de sistema e pontos de funcionamento para o mesmo conjunto motobomba marca IMBIL modelo ITA-65.200 com o rotor mximo de 205 mm, 3500 RPM. O ponto de funcionamento desse sistema est mostrado na Figura 7.7. Com o conjunto motobomba selecionado, ser possvel recalcar uma vazo de cerca de 95 m3/h, sendo necessrio seu funcionamento durante quase 16 horas dirias.
180
Figura 7.7: Ponto de funcionamento do sistema Agora, supondo um trabalho de recuperao da linha em que o coeficiente C aumentasse para um valor prximo de 120, a nova curva do sistema com a mesma bomba est mostrada na Figura 7.8, indicando uma vazo de funcionamento maior, podendo reduzir o tempo de funcionamento.
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Figura 7.8: Nova curva do sistema com a mesma bomba com o aumento do coeficiente C Nesse caso, com a vazo recalcada aumentada para cerca de 110 m3/h, o tempo de funcionamento pode ser reduzido para cerca de 13,5 horas dirias para produzir os mesmos 1500 m3 por dia, reduzindo o consumo de energia, pois o rendimento praticamente no alterou para o novo ponto de operao.
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No caso de se utilizar a expresso de Darcy-Weisbach, deve-se estar atento para o fato de que o valor do coeficiente f que aparece na frmula no a rugosidade propriamente dita. Esta representada pela letra na expresso de Swamee - Jain, que relaciona o coeficiente f com a rugosidade. (2.20)
normalmente apresentada na forma de baco. Sendo Re o nmero de Reynolds, dado por (2.6)
A Figura 7.9 mostra o comportamento de f quando se varia a velocidade de escoamento para cada dimetro comercial, mantida constante a rugosidade interna (nesse exemplo, tomada a do PVC novo igual a 0,0015.
Este grfico mostra a vantagem da utilizao do conceito de rugosidade embutido na expresso de Darcy-Weisbach, ao invs do conceito adotado na expresso emprica de Hazen-Williams, em que se admite que a aspereza da tubulao tem a mesma influncia, quer o dimetro seja de 50 mm, quer seja de 1000 mm, o que at intuitivamente d para perceber que no deve corresponder realidade.
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Figura 7.9: Variao de f com a velocidade e o dimetro - rugosidade = 0,0015 (PVC novo) Como j foi dito em outros trechos deste Livro, a prtica assimilou a expresso de Hazen-Williams, apesar da deficincia com relao considerao da rugosidade.
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Figura 7.10: Curvas de sistema x curva de bomba com abastecimento em marcha O equacionamento se faz utilizando as leis de similaridade que relacionam a rotao com a vazo (3.1), com a altura manomtrica (3.2) e com a potncia (3.3)
Assim, quando se varia a rotao de uma bomba centrfuga, varia-se tambm sua curva caracterstica (curva de performance Q x H), conforme a Figura 7.11.
Das frmulas acima, verifica-se que reduzindo a rotao e, conseqentemente, a vazo em 10%, a nova potncia ser 27% menor. P1 = P x ( n1 / n )3 = P1 x ( 0,9 x n / n )3 = 0,73 P
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Conseqentemente, ao se utilizar uma bomba de rotao varivel num abastecimento com curva de sistema varivel, procura-se compensar a variao do ponto de funcionamento com a variao da curva da bomba (variando sua rotao), de modo a que este ponto esteja sempre o mais prximo possvel do PMR da bomba.
Figura 7.11: Variao da rotao de uma bomba centrfuga com a variao de sua curva caracterstica Deve ser observado que pequenas variaes na rotao da bomba no interferem significativamente na curva de rendimento. Entretanto, grandes variaes podem fazer cair o rendimento. Embora esta seja uma situao freqentemente encontrada nos sistemas de abastecimento de gua, o uso dos variadores de velocidade ainda no uma prtica corriqueira, principalmente, em funo do seu custo, que nem sempre compensado pela reduo de custo conseguido em decorrncia da economia de energia. Outro fator a ser considerado que deve ser desenvolvida uma equao para os dados reais de campo, que deve ser inserida no dispositivo de controle que dever atuar no variador de velocidade do motor (em geral um inversor de freqncia), em funo das medies em tempo real de presso e vazo. Tambm esse arranjo de automao e controle tem um custo (no s de equipamento mas tambm de engenharia), que deve ser compensado pela reduo de custo conseguido com a maior eficincia energtica. Sempre o estudo econmico comparativo entre as alternativas que determinar a convenincia ou no do aproveitamento de uma ou mais oportunidades de economia de energia.
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Figura 7.12: Nvel previisto do reservatrio quando ensaiada a paralizao da elevatria entre 18h e 20h
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Se, todavia, o volume de reservao for aumentado para cerca de 1.700 m3 ou se for construdo um reservatrio paralelo no mesmo nvel com volume de 600 m3, a situao passa a ser a mostrada na Figura 7.13.
Figura 7.13:Nvel previsto do reservatrio quando aumenta-se o volume para cerca de 1.700 m3 Neste caso, o ciclo de um dia (24 horas) foi vencido sem que o reservatrio atingisse o nvel zero.No entanto, fica a dvida se no dia seguinte haveria problema, pois o nvel do reservatrio no trmino do ciclo inferior ao nvel no incio. Rodando o programa para um ciclo maior (72 horas,por exemplo),verifica-se que,de fato,no haveria problema,pois o reservatrio flutua em funo da curva de demanda do sistema, da bomba que para ele recalca e do seu volume.
Figura 7.14: Nvel previsto do reservatrio quando o programa rodeado para um ciclo maior
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A comparao do custo operacional menor em funo da menor tarifa com o investimento necessrio para possibilitar essa providncia (nesse caso, um acrscimo na capacidade de reservao de 600 m3), sem prejuzo do abastecimento (dos clientes em ltima anlise), que determinar a pertinncia do investimento.
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A revista Engenharia Sanitria e Ambiental rgo oficial de informao tcnica da (Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental (ABES) - www.abes-dn.org.br), edio de jul/set de 2002, publicou um interessante trabalho desenvolvido por tcnicos da SANEPAR sobre o que denominaram a eficincia do parque de medidores de consumo de gua, significando essa eficincia a relao entre o que foi medido e o que efetivamente deveria ter sido, descontados os erros de medio de acordo com as caractersticas dos medidores taquimtricos em uso no Brasil. claro que para cada localidade a realidade do estado dos medidores ser diferente, seja pelo esquema de manuteno adotado pelo servio de gua, seja pela marca e modelo do medidor utilizado, seja pela prpria qualidade da gua em questo. No entanto, os valores obtidos nesse estudo mostram claramente que a parcela de perdas decorrentes dos problemas de medio pode atingir valores muito significativos, fazendo com que aes de combate a perdas voltadas exclusivamente para a correo de vazamentos possam se mostrar incuas em determinadas situaes. A Figura 7.16 ilustra a variao do ndice de perdas com a eficincia do parque de medidores:
Figura 7.16: Influncia do erro de micromedio no ndice de perdas conforme o rendimento do parque de hidrmetros
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Assim, o cruzamento das informaes de vazo em diferentes pontos da tubulao principal, por exemplo, pode dar uma idia da perda fsica no trecho, se no existissem derivaes. Caso contrrio, haver sempre a possibilidade de ocorrerem perdas devidas no aos vazamentos, mas aos problemas j relatados, seja de impreciso nas medies ou seja de interferncias clandestinas no medidor e no padro de ligao de gua.
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Casos Prticos
Neste captulo, esto apresentados cinco casos prticos, sendo trs de aumento de eficincia energtica, um de modulao no horrio de ponta e outro que se mostrou invivel, explorando diferentes oportunidades, em que a maioria dos conceitos apresentados nos captulos anteriores aparecem como aplicao prtica. No primeiro caso procurou-se mostrar um estudo cujo resultado indicou a inviabilidade de um reforo de produo, a partir do aproveitamento de uma linha adutora existente, qual se pretendia interligar a produo de um poo artesiano. Na verdade, um caso de ineficincia que, muitas vezes, realizado pelas empresas quando expandem suas linhas para atender ao crescimento de determinadas regies j atendidas por rede de distribuio. No segundo caso, mostra-se como o estudo conjugado de alternativas de dimetro com alternativas de conjunto moto-bomba pode levar a uma soluo mais econmica do ponto de vista da eficincia energtica quando se leva em conta a importante parcela do custo varivel de operao de uma estao elevatria: a energia eltrica. A seguir, apresentado um caso curioso, em que a perda pode estar relacionada com o desperdcio de energia eltrica, no extremo. Embora o caso relatado refira-se a uma pequena unidade de bombeamento, considerando os elevados ndices de perda da maioria dos sistemas de abastecimento de gua do pas, provvel que um trabalho sistemtico de conhecimento mais aprofundado dos sistemas, com o auxlio dos modelos hidrulicos, possa levar a outros inmeros casos semelhantes. O quarto caso refere-se retirada de carga no horrio de ponta, quando a energia mais cara, por meio da insero de um reservatrio na rede de distribuio de gua, evitando o bombeamento nesse perodo e utilizando as horas ociosas do perodo de fora de ponta para encher o reservatrio. Trata-se de uma medida de modulao na ponta e de economia financeira para a concessionria de gua. Finalmente, no ltimo caso analisado neste captulo, mostra-se como uma providncia de manuteno (limpeza interna de uma adutora para recuperao de coeficiente C) pode interferir diretamente, e de modo significativo, no aumento da eficincia energtica.
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Figura 8.1: Esquema hidrulico - caso 1 b) Caractersticas fsicas e dados das bombas dos poos: TA B E L A 8 . 1 : C A R A C T E R S T I C A S F S I C A S D A S B O M B A S D O S P O O S POO N.E. (m em relao boca) N.D. (m em relao boca) Q exp. (l/s) Bomba Motor Prof. Instalao C-32 22,36 27,11 65,85 Leo EP 65/11 50 cv 53 m C-33 12,40 22,36 58,85 Ebara BHS 804/3 60 cv 50 m
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N.D. significa nvel dinmico. o nvel de gua no interior de um poo em operao. A Figura 8.2 ilustra o que ocorre quando um poo entra em operao.A superfcie da gua,que inicialmente estava paralela superfcie da terra, tinha um nvel chamado esttico (N.E.), pois no havia bombeamento.A partir do incio deste,comea a haver um rebaixamento,formando um cone de depresso conforme o jargo da rea, ficando a superfcie livre da gua , num outro nvel, mais abaixo que o inicial (esttico), chamado nvel dinmico . Ao se paralisar o bombeamento, o nvel de gua volta posio original (nvel esttico). A isso se d o nome de recarga do aqfero .
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MONTANTE JUSANTE 1 2 3 4 5 6 Barragem Interligao N.D. C-32 Boca Poo N.D. C-33 Boca Poo Interligao ETA Boca Poo Interligao Boca Poo Interligao 729,80 676,00 649,00 674,00 651,50 671,50 676,00 703,00 674,00 676,00 671,50 676,00
Os dados constantes desses quadros foram fornecidos pelo pessoal da operao do sistema. d) Traado do diagrama (Figura 8.4) O diagrama foi traado associando-se em paralelo o trecho por gravidade da barragem (R), at o ponto de interligao (I), com o trecho em recalque do Poo (ND), at a mesma interligao (I).A este sistemafoi associada, em srie, a bomba do booster, cujo cruzamento com a curva do sistema do ponto de interligao (I) at a ETA (M) d o ponto de funcionamento do sistema, com o booster e o poo ligados. No foi estudada a associao com os dois poos ligados, pois, como se ver na anlise do diagrama, praticamente no h ganho significativo se o segundo poo for ligado simultaneamente com o primeiro. e) Anlise dos diagramas (Figuras 8.4 a 8.6): e-1 - Poo C-32 funcionando em conjunto com o sistema por gravidade (booster desligado) - (Figura 8.4) a - A vazo do sistema passa de cerca de 71 l/s para aproximadamente 78 l/s, com um ganho de apenas 7 l/s (pontos G e P ,respectivamente). b - A contribuio da bomba do poo todavia ser de cerca de 34 l/s (no grfico, indi-
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cada pelos tringulos), sendo a contribuio do trecho por gravidade reduzida para aproximadamente 44 l/s, mostrando claramente que o funcionamento do poo atrapalha o trecho por gravidade, conforme a intuio, pois a altura de recalque bastante elevada no ponto de interligao, alm do que ele encontra-se muito mais prximo do incio do trecho (barragem) do que do seu final (ETA). Alm disso, notase que o ponto de funcionamento da bomba do poo fica muito direita da curva da bomba, indicando uma potncia requerida da ordem de 48 hp, muito prxima capacidade do motor instalado. c - O consumo especfico de energia eltrica fica muito alto, como se segue:
d - Como se observa ainda pelo diagrama, no possvel obter mais do que 10 l/s com essa configurao (esses 10 l/s seriam a condio terica mxima se a perda de carga no trecho R-I fosse nula). No adianta sequer alterar a bomba, pois o ganho mximo possvel est confinado entre as abcissas 71 e 81 l/s.
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Figura 8.5: Diagrama Geral (rotor A) a - alterao na vazo do sistema em funo da contribuio do poo praticamente a mesma da situao anterior (pontos S e C para o rotor menor e S e C para o rotor maior, respectivamente), com o booster desligado, embora a contribuio da bomba do poo tenda a ser maior, em funo de a linha de carga estar rebaixada na suco do booster, quando este est ligado.
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b - Com a bomba existente no poo, todavia, provvel que essa condio no contribua em nada, pois ela j opera quase no limite na situao anterior. Talvez seja at necessrio estrangular um pouco o registro na sada do poo, para que o rel de sobrecarga no tire a bomba de funcionamento, pois quando o ponto de funcionamento muito direita da curva a potncia requerida maior, aumentando a corrente no motor eventualmente a um ponto superior regulagem do citado rel. Esta concluso vale para o rotor tipo A de dimetro 14 1/4. Se o rotor existente na bomba do booster for maior, essa manobra ser inevitvel. c - Da mesma forma, o consumo especfico de energia eltrica ser muito alto, e maior que no caso anterior, j que toda a potncia do motor (50 cv) estar sendo utilizada. d - Nesta condio de booster ligado, possvel conseguir um ganho maior de vazo, se for selecionada para o poo uma bomba de caractersticas um pouco diferentes (maior vazo e menor altura de recalque), que, de outro lado, no contribuir em nada na condio de booster desligado. Os limites mximos tericos (condio de perda nula no trecho Barragem - Interligao) esto indicados no diagrama pelas letras L e L (referentes aos rotores de 141/4 e 173/4 respectivamente) ,
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e-3 Diagrama para o rotor tipo D (diagrama na Figura 8.6): Foi estudada a possibilidade de se trabalhar com outro rotor na bomba existente, tambm possvel para esse modelo de bomba. Embora com pequenas alteraes nos valores, as concluses so as mesmas. Isto , no vale a pena essa soluo, em funo das caractersticas topogrficas locais. O acrscimo de vazo seria conseguido em valores muito baixos, a um custo energtico muito alto.
Figura 8.6: Diagrama Geral (rotor D) Em casos semelhantes de necessidade de aumento de produo, nem sempre a interligao na linha existente de uma outra unidade se traduz em ganhos. preciso estudar alternativas. Este um caso bastante comum nos sistemas de abastecimento de gua, quando em determinadas pocas do ano h escassez nos sistemas produtores superficiais (em algumas regies, isso crnico), e faz-se necessrio buscar alternativas para acrscimo da oferta. A soluo estudada, embora mostre um pequeno aumento na produo, do ponto de vista da eficincia energtica, totalmente desaconselhada.
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Este mesmo estudo, se feito com o auxlio de um simulador hidrulico, como o EPANET (www.epa.gov), fica significativamente mais simples de entender. O traado de diagramas de funcionamento de sistemas com muitas variveis em jogo fica sobrecarregado, dificultando e, at mesmo, confundindo o engenheiro que o analisa. No CD que acompanha este Livro, consta o arquivo casoprtico 1EPANET que apresenta o mesmo caso usando o soft, ware EPANET.
200
se a demanda mxima diria para o final de plano (Dmax), em m3/dia. Foram selecionados os conjuntos possveis. Dmax = pop . k1 . cpc / 1000 (8.1)
Para cada conjunto selecionado capaz de atender produo no ltimo ano do projeto (final de plano), do dia de maior consumo, verifica-se o ponto de funcionamento em relao curva de sistema para cada um dos dimetros inicialmente selecionados, tomando-se como vazo de funcionamento a correspondente demanda mdia diria. Com esse ponto l-se, na prpria curva fornecida pelo fabricante, o valor do consumo de energia eltrica, funo do rendimento da bomba e do motor a ela associado. Tendo-se a capacidade de produo (ponto de funcionamento) diria para cada situao, basta calcular o tempo de funcionamento mdio para cada ano (funo da demanda mdia diria e da capacidade de produo). Com esse valor, e de acordo com a forma de tarifao selecionada para a elevatria, calcula-se o custo da energia eltrica para cada ano do projeto. Neste caso, tratando-se de um consumo baixo, a nica forma de tarifao possvel a da classe B-3. Para essa srie de valores, calcula-se o Valor Presente Lquido (VPL) desse fluxo de caixa que, somado ao custo dos investimentos iniciais (material da adutora, obra de assen, tamento e custo do conjunto moto-bomba) dar a opo mais econmica do projeto. A Tabela 8.3 mostra a metodologia para a determinao do custo mdio anual com energia eltrica e o fluxo para o clculo do valor presente lquido:
201
TA B E L A 8 . 3 : D E T E R M I N A O D O C U S T O M D I O A N U A L C O M E N E R G I A E L T R I C A E O F L U X O PA R A O C L C U L O D O VA L O R P R E S E N T E L Q U I D O ANO Populao Consumo percapita (l/habxdia) Demanda mdia diria (m3/dia) K1 Demanda mxima diria (dia de mximo consumo - m3/dia) Cap. Nominal bomba alt 1 (m3/dia) Cap. Nominal bomba alt 2 (m /dia)
3
2005 2.622 125 327,75 1,2 393,3 636,77 640,22 691,2 12,35 12,29 11,38 75.703 9.014 1.080
.... .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... ....
2034
335,875 344,375 352,875 1,2 403,05 636,77 640,22 691,2 12,66 12,59 11,66 77.580 9.237 1.107 1,2 413,25 636,77 640,22 691,2 12,98 12,91 11,96 79.543 9.471 1.135 1,2 423,45 636,77 640,22 691,2 13,30 13,23 12,25 81.507 9.705 1.163
Func. Mdia (horas/dia) alt. 1 Func. Mdia (horas/dia) alt. 2 Func. Mdia (horas/dia) alt. 3 Consumo (Kwh/ano) alt 1 Consumo (Kwh/ano) alt 2 Consumo (Kwh/ano) alt 3 Custo (R$/ano) alt. 1 Custo (R$/ano) alt. 2 Custo (R$/ano) alt. 3
29.137,00 29.859,32 30.614,9731.370,62 .... 3.469,31 3.555,32 3.645,29 3.735,27 .... 415,67 425,97 436,75 447,53 ....
Repetindo-se os clculos para os anos subseqentes, calcula-se o VPL para cada alternativa (seqncia de valores em cada linha). Adicionando-se ao VPL do custo de energia eltrica o custo do material, obra e bombas (investimento inicial), pode-se, enfim, comparar as alternativas e fazer a opo pela mais econmica. A Tabela 8.4 mostra os valores desse caso especfico,indicando como a opo mais econmica do ponto de vista da eficincia energtica a tubulao de 150 mm para essa linha adutora.
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TA B E L A 8 . 4 : E S C O L H A D A O P O M A I S E C O N M I C A D O P O N T O D E V I S TA D A E F I C I N C I A E N E R G T I C A ALTERNATIVA VPL - Energia Custo Obra Custo Material Custo Bomba Total ALT. 1 (100 mm) R$ 272.682,25 R$ 153.500,00 R$ 230.000,00 R$ 10.000,00 R$ 666.182,25 ALT. 2 (150 mm) R$ 32.467,70 R$ 185.300,00 R$ 394.000,00 R$ 3.000,00 R$ 614.767,70 ALT. 3 (200 mm) R$ 3.890,07 R$ 207.800,00 R$ 638.280,00 R$ 1.200,00 R$ 851.170,07
O que se observa que, a princpio, poder-se-ia optar pela tubulao de menor dimetro, em funo do seu custo mais baixo. No entanto, quando se leva em conta o custo operacional - nesse caso, o custo da energia eltrica - a situao muda, e a opo mais econmica passa a ser uma tubulao com custo inicial mais elevado. Nesta planilha apresentada, esto mostrados apenas os principais custos interferentes nessa deciso. Considerando o porte pequeno da elevatria, os custos com a construo foram os mesmos para as trs alternativas.
203
Figura 8.8: Apurao das presses para a rea do booster aps o modelamento do sistema distribuidor Iniciou-se, assim, a anlise do que poderia estar causando a queda de presso na regio. Checaram-se as cotas e mediram-se presses durante a noite (consumo teoricamente nulo) para checar possibilidade de entupimento, at que se chegou concluso de que somente um consumo significativamente maior do que o esperado poderia estar causan-
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do tamanha queda de presso. Por meio da rotina de pesquisa de vazamentos, foi encontrada uma perda da ordem de 2 l/s, que, quando reparada, fez o sistema voltar normalidade, eliminando a necessidade do booster. Neste caso, embora o consumo de energia seja muito pequeno, pois tratava-se de um booster de apenas 5 cv, interessante notar como as grandezas hidrulicas so inter-relacionadas. A anlise das causas da queda de presso, embora aparentemente simples, , na verdade, um quebra-cabea, pois pode variar desde um vazamento, como foi o caso, at um erro de cadastramento de unidades ou, mesmo, um erro de levantamento de cotas topogrficas. A utilizao do simulador hidrulico, nesses casos, de extrema utilidade, principalmente em sistemas maiores.
implantao de reservatrio de 300 m3; e reduo da demanda de potncia no horrio de ponta, na unidade consumidora denominada EEAB/EEAT 1 e no Booster, atendidos em 13,8 kV. Situao anterior
EEAB - dois motores de 8,54 kW, sendo uma de reserva e funcionando em sistema de rodzio;
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EEAT-1 - dois motores de 106,72 kW, sendo uma de reserva e funcionando em sistema de rodzio; EEAB/EEAT-1 - funcionamento em mdia de 0,91 horas/dia no horrio de ponta e 13,9 horas/dia no horrio fora de ponta; a capacidade de reservao montante do booster era de 600 m3, insuficiente para atender simultaneamente regio e ao booster, sem que o sistema funcionasse no horrio de ponta; as elevatrias funcionam automatizadas com o reservatrio; Booster - dois motores de 51,23 kW, sendo um de reserva e funcionando em sistema de rodzio, vazo de 33 l/s; funcionamento, em mdia, de 1,53 horas/dia no horrio de ponta; funcionamento, em mdia, de 13,20 horas/dia no horrio fora de ponta; a reservao atual na rea atendida pelo booster de 366,5 m3, insuficientes para suprir a demanda nos horrios de ponta; e o booster est automatizado com os reservatrios. Situao posterior As EEAB e EEAT-1 e o booster no funcionam no horrio de ponta.
Com o booster deixando de funcionar no horrio de ponta, automaticamente, a gua do reservatrio de 600 m3 no recalcada e, conseqentemente, no so ligados os conjuntos de moto-bombas das EEAB e EEAT-1. O sistema continua automatizado. Clculo do volume de reservao.
volume = 1,53 horas x 3.600 segundos x 33 l/s = 181.764 litros. Foi projetado o crescimento vegetativo, para 10 anos, de 22,78 %;
206
volume necessrio = 1,2278 x 181.764 litros = 223.169 litros; como se trata de uma regio com grandes possibilidades de crescimento, optou-se pela implantao de um reservatrio de 300.000 litros ou 300m3; e o booster mantm-se automatizado com os reservatrios. Os principais resultados so listados a seguir: Para o sistema eltrico:
reduo de 163 kW de potncia no horrio de ponta; transferncia de 47,4 MWh/ano de consumo de energia eltrica do horrio de ponta para o horrio fora de ponta; reduo de 1 MWh/ano, em funo de melhoria do rendimento dos conjuntos motobombas.
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Economia de energia projetada com a melhoria da eficincia dos conjuntos moto-bombas, em funo do melhor carregamento dos mesmos: 1 MWh/ano (estimativa)
Modulao do consumo mensal: Considerando que o projeto, por meio da implantao de uma capacidade de reservao adicional de 300 m3, usando a ociosidade das instalaes de bombeamento durante as horas fora de ponta do sistema eltrico, armazena neste horrio a gua tratada a ser distribuda durante o horrio de ponta, sem a utilizao do bombeamento. Isso acarreta uma transferncia de parte do consumo de energia eltrica do perodo de ponta para o perodo de fora da ponta. b) Consumo na ponta Booster
nmero de horas de operao por ano, no horrio de ponta: 403,9 h/ano demanda dos conjuntos moto-bombas: 51 kW = 0,051 MW consumo anterior no horrio de ponta: 403,9 X 0,051 = 20,59 MWh/ano consumo posterior no horrio de ponta: 0 MWh/ano
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EEAB/EEAT I
nmero de horas de operao por ano, no horrio de ponta: 240,24 h/ano demanda dos conjuntos moto-bombas: 112 kW = 0,112 MW consumo anterior no horrio de ponta: 26,9 MWh/ano (240,24 X 0,112 = 26,9 MWh/ano) consumo posterior no horrio de ponta: 0 MWh/ano
nmero de horas de operao por ano, no horrio fora de ponta: 4.752 h/ano demanda dos conjuntos moto-bombas: 51 kW consumo fora do horrio de ponta: 4.752 X 0,051 = 242,35 MWh/ano EEAB/EEAT I
nmero de horas de operao por ano, no horrio de ponta: 4924 h/ano demanda dos conjuntos moto-bombas: 112 kW = 0,112 MW consumo anterior no horrio de ponta: 4924 X 0,112 = 551,49 MWh/ano Consumo total no horrio fora de ponta: 793,84 MWh/ano (242,35 + 551,49)
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Economia de energia com a melhoria da eficincia dos conjuntos moto-bombas, em funo do melhor carregamento dos mesmos: 1 MWh/ano. Consumo posterior fora do horrio de ponta: 840,24 MWh/ano (793,84 + 47,4 -1) Transferncia de consumo do horrio de ponta para o horrio fora de ponta = 840,24MWh/ano - 793,84 = 46,4 MWh/ano
Observao: importante ressaltar que o grande ganho do projeto est na retirada total de demanda no horrio de ponta e na transferncia de parte do consumo de energia do horrio de ponta para fora de ponta.
d) Custos e Benefcios Custo total = R$ 150.000,00. Diferena tarifria (ponta - fora de ponta) = 110 R$/MWh Tarifa de ponta = 36 R$/kW Benefcio anual = 46,4 x 110 + 163 x 36 x 12 = R$ 75.520,00 Retorno simples = 2 anos VPL (taxa = 12%, 10 anos) = 247.057,896 TIR = 49%
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Figura 8.9: Modelos de PIGs do fabricante 1 A Figura 8.9 foi obtida no site do fabricante (www.cleaningwork.co.kr/Eng) Seu formato varia em funo do servio a executar, pois tm finalidades distintas, desde a limpeza de tubulaes de gua limpeza de tubulaes com outros fluidos. Geralmente, dependendo do grau de incrustao, utilizam-se PIGs com ou sem revestimento externo, sendo este varivel conforme o tipo de material aderente s paredes internas da tubulao.
211
Figura 8.10: Modelos de PIGs do fabricante 2 Os modelos acima esto no site www.pollypig.com. So fabricados em diversos dimetros e podem ser utilizados tanto em adutoras por gravidade quando em adutoras por recalque. A Figura 8.11 mostra uma imagem de um PIG de grande dimetro fabricado pela WOMA, uma tradicional indstria no ramo de ferramentas de apoio operao de sistemas hidrulicos ( www.woma.com.br ).
212
Passam pelas conexes tipo ts curvas, etc., sem qualquer problema. No site , www.girardind.com/videos, por exemplo, pode-se ver uma operao de limpeza em vdeo (mostrando a sada do PIG), assim como uma srie de outras informaes tcnicas. No caso ora relatado, as caractersticas geomtricas da adutora para o traado das curvas do sistema esto na Tabela 8.4.
TA B E L A 8 . 4 : C A R A C T E R S T I C A S G E O M T R I C A S D A A D U T O R A PA R A T R A A D O D A S C U R VA S D O S I S T E M A NA SUCO MNIMO 232,70 232,70 232,70 232,70 232,70 232,70 232,70 MXIMO 234,46 234,46 234,46 234,46 234,46 234,46 234,46 327,90 327,90 327,90 327,90 327,90 327,90 327,90 NA - RES MX 95,20 95,20 95,20 95,20 95,20 95,20 95,20 HG MN 93,44 93,44 93,44 93,44 93,44 93,44 93,44
Essa linha adutora era formada por uma tubulao de 400 mm, com 3.425 metros de extenso. As perdas localizadas para a vazo de projeto no passavam de 1,5 m.c.a., razo por que no esto explicitadas aqui, considerando a altura geomtrica de quase 100 metros. Aps alguns anos de uso, em funo da caracterstica qumica da gua no local, o coeficiente de rugosidade foi diminuindo, chegando a um valor extremo de C igual a 78, quando a operao de limpeza foi executada.Com esse valor de C a curva do sistema est , apresentada na Figura 8.12:
213
Figura 8.12: Curva do sistema x curva da bomba (c=78) A estao elevatria funcionava com dois conjuntos Worthington 6-L13 operando simultaneamente com um de reserva. A curva dessa bomba est na Figura 8.13.
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Figura 8.13: Curvas de dois conjuntos Worthington 6 L-13 operando simultaneamente, com um de reserva As curvas de sistema com a curva da associao das duas bombas em paralelo, para este valor de C (78) esto mostradas na Figura 8.14. Pelo diagrama, observa-se que a vazo do sistema para esse valor de C no passava de cerca de 140 l/s, correspondendo a aproximadamente 70 l/s por bomba, trabalhando cada uma na faixa de rendimento bastante baixo da ordem de 68%.
215
Figura 8.14: Curva do sistema x curva da bomba (c=78) Aps a limpeza da tubulao atravs da passagem do PIG, o coeficiente C medido em campo passou para o valor de 126, passando a vazo mdia do sistema para cerca de 175 l/s como mostrado na Figura 8.15.
216
Para esse ponto de operao (cada bomba contribuindo com cerca de 87,5 l/s), o rendimento de cada bomba passou a ser de aproximadamente 75%, valor lido no grfico de rendimento da bomba deste sistema. Em termos de economia energtica, como depois de limpa a tubulao a bomba passou a trabalhar num ponto mais direita na curva, significa uma potncia requerida maior. Seja P1 a potncia para o valor de C igual a 78 e P2 a potncia requerida aps a limpeza (C = 126), consideremos as duas situaes, antes e depois da passagem do PIG.
TA B E L A 8 . 5 : S I M U L A O D O R E N D I M E N T O D E C A D A B O M B A GRANDEZA Vazo Altura Rendimento da Bomba Rendimento do Motor C = 78 SITUAO (1) 70 120 68 C = 126 SITUAO (2) VARIAO (2)/(1) 120 112 75 1,25 0,93 1,10 -
Admitindo que a variao no rendimento do motor no significativa, a potncia requerida na situao de adutora limpa (P2) pode ser expressa em funo da potncia requerida na situao de adutora com rugosidade alta, da seguinte forma:
Isto , a bomba passou a trabalhar em um ponto que requer uma potncia ligeiramente superior (5,7%). Em compensao passou a bombear uma vazo 25% superior, fazendo com que o consumo especfico (kWh/m3) reduzisse em quase 15%, para um mesmo tempo de funcionamento.
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Resumindo, a operao de limpeza, que durou aproximadamente 12 horas, consumindo apenas equipamento e pessoal do prprio sistema, propiciou uma economia de energia para os meses que se seguiram de 15%. importante ressaltar que no caso de bombeamento de gua para abastecimento pblico a paralisao de algumas horas para a realizao de um determinado servio no implica perda de faturamento na mesma proporo, pois os clientes, quando avisados, procuram acumular gua para uso imediato em vasilhas, postergando outros usos para quando o sistema voltar normalidade. Assim, os prprios clientes fazem um deslocamento do consumo do dia paralisado para as horas imediatamente anteriores paralisao e para o dia posterior, no representando assim uma perda de faturamento que devesse ser considerada no custo da operao, que se resume, basicamente, no custo do PIG.
8.6 Resumo
Quase sempre possvel conseguir algum ganho quando se estuda um pouco mais detalhadamente o sistema de aduo/distribuio de gua com o foco na eficincia energtica. Neste Livro esto apresentadas as ferramentas da hidrulica que permitem ao engenheiro atuar nesse campo, cujos benefcios devem ser considerados no somente no campo da economia, mas tambm na sustentabilidae do meio ambiente, uma vez que tanto energia eltrica quanto gua so bens cada vez mais escassos no nosso ecossistema.
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Bibliografia
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Links teis
Vrios sites esto citados nos diversos captulos, sejam de fabricantes de equipamentos ou de instituies governamentais. Dentre todos, salientamos, por seu contedo interessante e por oferecer um software de simulao hidrulica extremamente til e gratuitamente (fonte aberta): www.epa.gov . Lista dos sites referenciados: www.abes-dn.org.br www.bermad.com.br www.boosintl.com www.bossintl.com/products/download/item/MIkE+NET.html#11 www.cleaningwork.co.kr/Eng www.dorot.com www.epa.gov www.flygt.com.br www.haestad.com www.iwahq.org.uk www.jacuzzi.com.br www.ksbbombas.com.br www.leao.com.br www.pollypig.com www.woma.com.br Outros links teis: www.cemig.com.br www.aneel.org.br www.eletrobras.gov.br/procel www.inmetro.gov.br
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Anexo
A Gesto energtica
A implantao de um programa de Gesto Energtica deve ser a primeira iniciativa ou ao visando reduo de custos com energia em uma empresa. Sua importncia se deve ao fato de que aes isoladas, por melhores resultados que apresentem, tendem a perder o seu efeito ao longo do tempo. A Gesto Energtica visa otimizar a utilizao de energia eltrica por meio de orientaes, aes e controles sobre os recursos humanos, materiais e econmicos, reduzindo os ndices globais e especficos da quantidade de energia eltrica necessria obteno do mesmo resultado ou produto. Na maioria das empresas, a preocupao com a gesto de energia eltrica, geralmente, de carter pontual e eventual, no tendo continuidade, sendo delegada a escales inferiores da organizao. No quer dizer que a gesto da energia eltrica seja negligenciada. Na verdade, muito esforo nesse sentido j foi realizado e muitos resultados relevantes foram colhidos. Entretanto, existe a conscincia de que, cada vez mais, o tema Gesto Energtica passar a merecer ateno e empenho da direo das empresas. Atualmente, estamos assistindo a importantes transformaes em nosso Pas e no mundo com respeito preocupao com a preservao do meio ambiente. importante que as empresas procurem se antecipar s mudanas que ocorrero quanto s exigncias de um novo mercado consumidor que dar preferncia e reconhecer produtos de empresas que possuam o compromisso com a preservao do meio ambiente e com a conservao dos recursos naturais. A Gesto Energtica uma das alternativas para a empresa ser reconhecida pelo mercado como uma comprometida com esses valores. Inclusive, para reivindicar a ISO 14000 exigida a implantao de um programa de conservao de energia. Para demonstrar a importncia que esse Programa passa a ter na poltica administrativa interna, ele deve ser lanado como um marco na existncia da empresa, e isso dever ocorrer por meio de um documento ou evento formal e da participao efetiva da direo da mesma.
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222
Esses dados podero fornecer informaes preciosas sobre a contratao correta da energia e seu uso adequado, bem como analisar seu desempenho, subsidiando tomadas de decises visando reduo dos custos operacionais.
A.2.1 Conceitos
Antes de aprofundar-se na gesto da energia, necessrio conhecer os conceitos empregados pelas empresas de energia. So eles:
Energia Ativa - a energia capaz de produzir trabalho. A unidade de medida usada o quilowatt-hora (kWh). Energia Reativa - a energia solicitada por alguns equipamentos eltricos, necessria manuteno dos fluxos magnticos e que no produz trabalho. A unidade de medida usada o quilovar-hora (kvarh). Potncia - a quantidade de energia solicitada na unidade de tempo. A unidade usada o watt (W) e seus mltiplos: quilowatt (kW - 1.000 W); megawatt (MW - 1.000.000 W). Demanda - a potncia mdia, medida por aparelho integrador, durante qualquer intervalo de tempo: minuto, hora, ms e ano. Demanda contratada - Demanda a ser obrigatria e continuamente colocada disposio do cliente, por parte da concessionria, no ponto de entrega, a preo e pelo perodo de vigncia fixado em contrato. Carga instalada - Soma da potncia de todos os aparelhos instalados nas dependncias da unidade consumidora que, em qualquer momento, podem utilizar energia eltrica da concessionria. Fator de carga (FC) - Relao entre a demanda mdia e a demanda mxima ocorrida no perodo de tempo definido. Fator de potncia (FP) - Obtido da relao entre energia ativa e reativa horria, a partir das leituras dos respectivos aparelhos de medio. FP = energia ativa (kW) / energia aparente (kVA). Tarifa de demanda - Valor em reais do kW de demanda, em um determinado segmento horo-sazonal.
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Tarifa de consumo - Valor, em reais, do kWh ou MWh de energia utilizada em um determinado segmento horo-sazonal. Tarifa de ultrapassagem - Tarifa a ser aplicada ao valor de demanda registrada que superar o valor da demanda contratada, respeitada a tolerncia. Horrio de ponta (HP ou P) - Perodo definido pela concessionria e composto por trs horas consecutivas, compreendidas entre 17:00 e 22:00, exceo feita aos sbados e domingos, tera-feira de Carnaval, sexta-feira da Paixo, Corpus Christi, Dia de Finados e os demais feriados definidos por lei federal (011 de janeiro, 21 de abril, 1 de maio, 7 de setembro, 12 de outubro, 15 de novembro e 25 de dezembro). Nesse horrio, a energia eltrica mais cara. Horrio fora de ponta (HFP ou F) - So as horas complementares s trs horas consecutivas que compem o horrio de ponta, acrescidas da totalidade das horas dos sbados e domingos e dos 11(onze) feriados indicados acima. Nesse horrio, a energia eltrica mais barata. Perodo seco (S) - o perodo de 7 (sete) meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de maio a novembro de cada ano. Perodo mido (U) - o perodo de 5 (cinco) meses consecutivos,compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte. Segmentos horrios e sazonais - Identificados tambm como Segmentos horo-sazonais so formados pela composio dos perodos mido e seco com os horrios de , ponta e fora de ponta e determinados conforme abaixo: (PS) - Horrio de ponta em perodo seco (PU) - Horrio de ponta em perodo mido (FS) - Horrio fora de ponta em perodo seco (FU) - Horrio fora de ponta em perodo mido
Esses perodos foram criados visando compatibilizar a demanda com a oferta de energia. Isto , por meio da sinalizao tarifria (preos mais elevados e mais baixos nos perodos seco e mido, respectivamente) mostra-se o custo da energia, conforme a lei de oferta e procura.
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Um kWh representa a energia gasta num banho de 15 minutos (0,25 h) usando um chuveiro de 4.000 W ou o consumo de um motor de 20 hp (15 kW) por 4 minutos (0,067 h).
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Preos da mdia tenso - MT Na mdia tenso (MT), a tarifa aplicada no monmia, como na Baixa Tenso (BT), e sim binmia; ou seja, cobrada alm do consumo (kWh) registrado, a demanda (kW) contratada ou a medida (a que for maior) acrescida do ICMS. Os clientes atendidos na alta tenso (AT) e na mdia tenso (MT) esto sujeitos s tarifas do Grupo A. Nele, os subgrupos no dependem das classes, e sim do nvel de tenso (subgrupo A1 - 230 kV ou mais, A2 - 88 kV a 138 kV, A3 - 69 kV, A4 - 2,3 kV a 25 kV e o AS subterrneo). No caso do atendimento em MT, o preo mdio da energia eltrica no ser igual s tarifas. Ele ir variar conforme o fator de carga. So oferecida nesse tipo de atendimento duas modalidades tarifrias: a convencional e a horo-sazonal.Na convencional, as tarifas independem dos horrios ponta e fora de ponta e dos perodos seco e mido. Na modalidade horo-sazonal, existem dois tipos, azul e verde, cujas tarifas de demanda so diferenciadas, conforme os horrios no caso da Azul; e as de consumo so diferenciadas, conforme os horrios e perodos.
Tarifas de ultrapassagem: Tarifa aplicvel sobre a diferena entre a demanda medida e a contratada quando a demanda medida exceder em 10% a demanda contratada, no caso do subgrupo A4 e AS; e 5%, nas demais subclasses. Saliente-se que a demanda de ultrapassagem ser toda parcela de demanda medida que superar a contratada, e no apenas o que exceder a tolerncia.
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TA B E L A A . 1 - R E G R A S PA R A E N Q U A D R A M E N T O TA R I F R I O
TIPO DE TARIFA CONSUMO (kWh) VALORES A SEREM FATURADOS DEMANDA (kW) ULTRAPASSAGEM DA DEMANDA
CONVENCIONAL Aplicada como opo para consumidores com demanda menor que 300kW. A demanda contratada mnima de 30kW. Ver observao 1 VERDE Aplicada como opo para consumidores da MT . Ver observao 3 Total registrado no HFP x Preos HFP para perodos seco e mido. + Total Registrado no HP x Preos HP para perodos seco e mido. AZUL Aplicada de forma compulsria para clientes com demanda maior ou igual a 300 kW e opcional para aqueles com demanda entre 30 a 299 kW. Ver observao 3 Total registrado no HFP x Preos HFP para perodos seco e mido. + Total Registrado no HP x Preos HP para perodos seco e mido Maior valor entre: - a medida ou - a contratada x Preos diferenciados para HFP e HP Exceo Ver observao 2 Aplicvel quando a demanda medida superar a contratada em 10%, na MT e 5%, na AT, nos respectivos horrios. Total registrado x Preo nico Maior valor entre: - a medida ou - a contratada x Preo nico Exceo Ver observao 2 Maior valor entre: - a medida ou - a contratada x Preo nico Exceo Ver observao 2 Aplicvel quando a demanda medida superar a contratada em 10%. Aplicvel quando a demanda medida superar a contratada em 10%.
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Observaes: 1 - Caso uma unidade consumidora enquadrada na THS apresente 9 (nove) registros de demanda medida menor que 300 kW nos ltimos 11 (onze) ciclos de faturamento, poder optar por retornar para a Convencional. 2 - Quando a unidade consumidora for classificada como rural ou reconhecida como sazonal, a demanda a ser faturada ser: Tarifa convencional - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10% da maior demanda medida em qualquer dos 11 (onze) ciclos completos de faturamento anteriores; Tarifa horo-sazonal - a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10% da demanda contratada. A cada 12 (doze) meses, a partir da data da assinatura do contrato de fornecimento, dever ser verificada, por segmento horrio, demanda medida no inferior contratada em pelo menos 3 (trs) ciclos completos de faturamento. Caso contrrio, a concessionria poder cobrar, complementarmente, na fatura referente ao 12 (dcimo segundo) ciclo, as diferenas positivas entre as 3 (trs) maiores demandas contratadas e as respectivas demandas medidas. 3 - Se nos ltimos 11 meses de faturamento o consumidor apresentar trs registros consecutivos ou seis alternados de demandas medidas maiores ou iguais a 300 kW, o cliente ser enquadrado compulsoriamente na tarifa horo-sazonal azul, mas poder fazer opo pela verde.
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No caso de consumidores enquadrados no sistema tarifrio horo-sazonal, modalidade azul, o fator de carga definido por segmento horo-sazonal (ponta e fora de ponta), conforme as seguintes expresses: (A.2)
O nmero de horas de ponta (nhp) ir depender do nmero de dias teis no perodo de medio. (nhp = N de dias teis x 3) (A.3)
O nmero de horas fora de ponta (nhfp) ir depender do perodo de medio e das horas de ponta. (nhfp = N de dias de medio x 24 - nhp) A melhoria (aumento) do fator de carga,alm de diminuir o preo mdio pago pela energia eltrica consumida, conduz a um melhor aproveitamento da instalao eltrica, inclusive de motores e equipamentos, e a uma otimizao dos investimentos nas instalaes.
programe o uso dos equipamentos; diminua, sempre que possvel, os perodos ociosos de cada equipamento e opere-os de forma no simultnea; no acione simultaneamente motores que iniciem operao com carga; e verifique as condies tcnicas de suas instalaes e d a seus equipamentos manuteno peridica.
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equipamentos funcionando simultaneamente quando poderiam operar em horrios distintos. equipamentos funcionando sem produzir em determinados perodos. falta de programao para a utilizao de energia eltrica. curtos-circuitos e fugas de energia eltrica.
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(A.6)
Observa-se que o preo mdio inversamente proporcional ao fator de carga: quanto maior o FC, menor ser o PM, e vice-versa. Note-se que, na tarifa azul e na verde, no horrio de ponta, a energia eltrica mais cara e que na tarifa azul, conforme o FC, o preo varia na ponta e fora da ponta. Na tarifa convencional, para o mesmo fator de carga, o valor o mesmo, independente do horrio (ponta ou fora de ponta). Na baixa tenso, para indstrias e comrcio, o preo mdio igual tarifa do subgrupo B3.
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Observao: Para identificar o consumo especfico, basta dividir o consumo pelo nmero de dias trabalhados ou pela produo no perodo de faturamento. Tem-se o kWh/dia trabalhado ou kWh/ unidade de produo no HFP e HP. Demanda em kW: Indica os valores de demanda registrados (kW) nos HFP e HP, respectivamente. Demanda Contratada em kW: Indica valores de demanda (kW) contratados no HFP e HP, respectivamente. Demanda de Ultrapassagem em kW: Indica os valores de demanda (kW) que ultrapassaram os limites preestabelecidos das demandas contratadas nos HFP e HP, respectivamente. Energia Reativa - FER/kvaArh: Refere-se energia eltrica reativa (UFER) no HFP e HP, respectivamente. Esse valor aparece quando o fator de potncia horrio for menor que 0,92. Constante de Faturamento: a constante de faturamento utilizada para o clculo das demandas registradas, dos consumos registrados e das energias reativas, nos respectivos horrios. Fator de Potncia: Indica o fator de potncia. Esse valor no deve ser menor que 0,92. Caso isso ocorra, sua fatura ser onerada com o pagamento de reativos excedentes. Fator de Carga: Indica os fatores de carga nos HFP e HP, respectivamente. Percentual de Perdas: Quando a medio realizada na mdia tenso, esse valor 0 (como neste exemplo). Caso seja realizada na baixa tenso, esse valor ser 2,5, considerando que o transformador possui uma perda de transformao de 2,5% de todas as grandezas envolvidas. Valores de Demanda Faturados: Indicam os valores de demanda (kW) que devero ser faturados nos HFP e HP, respectivamente. Esses valores obedecem a regras que foram apresentadas no item Tarifas.
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O consumo especfico da maioria das unidades consumidoras do setor comercial /servios o consumo (kWh) dividido pelo nmero de dias realmente trabalhados no intervalo de leitura (kWh/dias trabalhados). Nesse caso, ele serve para demonstrar quanto de energia eltrica realmente utilizado para proporcionar um dia de trabalho da instalao. Alguns segmentos deste setor (comercial) possuem outros tipos de consumo especficos, como, por exemplo: hotis (kWh/dirias ou kWh/n de hspedes, este depender da taxa de ocupao), hospitais (kWh/ n de leitos ocupados). No setor industrial, geralmente, ser em relao ao que est sendo produzido.
Para exemplificar, uma indstria consumiu 10.000 kWh para produzir 8 toneladas de um produto A e 3 toneladas de um produto B. O importante descobrir quanto de energia eltrica foi utilizado para produzir A e B.Vamos supor que, aps realizado o rateio de energia eltrica, chegou-se a 70% da energia eltrica utilizada para produzir A. Ento:
o consumo especfico de A igual a 7.000 kWh/ 8t = 875 kWh/ t; e consumo especfico de B igual a 3.000 kWh/ 3t = 1.000 kWh/ t.
Pelo exemplo anterior, conclui-se que uma empresa pode ter mais de um consumo especfico. Identificar o consumo especfico vai depender do bom senso. O importante descobrir o que realmente faz alterar o consumo de energia eltrica. Acompanhar simplesmente a variao do consumo (kWh) mensal no o suficiente, pois, aps implementar medidas de economia de energia eltrica, o consumo pode aumentar, devido a um aumento de produo. Ao contrrio do que possa parecer, a implantao da Gesto Energtica no implica, necessariamente, reduo de consumo de energia eltrica (kWh), e sim reduo do consumo especfico.
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contratar demandas prximas s atuais necessidades da instalao; modular a carga o mximo possvel, para o horrio fora de ponta; enquadrar-se na melhor modalidade tarifria possvel (dependendo do fator de carga e do funcionamento da instalao, a opo por uma das trs modalidades existentes poder possibilitar um menor preo mdio). A tarifa azul a que possibilita o menor preo, mas necessrio um alto fator de carga (maior que 0,7) no horrio de ponta.
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Para diminuir a potncia, devem-se usar equipamentos mais eficientes e elaborar estudo visando verificar a possibilidade da reduo da simultaneidade da operao das diversas cargas que compem a instalao (modulao). Para diminuir o tempo de funcionamento, deve-se atuar na mudana de hbitos/processos. Outra alternativa utilizar-se do recurso da automao.
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de horas de funcionamento para o perodo de fora de ponta e de ponta, respectivamente, de cada carga, depois agregue as cargas e consumos por centro de custo. Utilizando os dados obtidos e as tarifas de energia da concessionria ou dos custos mdios (R$/kW e R$/kWh) verificados da fatura de energia, poder-se- realizar o rateio da conta de energia por centro de custo. Esse rateio permitir acompanhar e gerar valores de referncia, incluir dados de produo para verificar consumos e preos especficos, priorizar setores a serem trabalhados e estudar relocao de cargas ou de regime de funcionamento. Enfim, ser um instrumento muito til na gesto da energia da empresa.
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tando que ocorra a ultrapassagem. Esses equipamentos podem ser adquiridos com um sistema de superviso pelo qual possvel verificar on-line a entrada em operao de diversos centros de custos. Na anlise, devem ser considerados os faturamentos com a tarifa convencional, se aplicvel, e horo-sazonal. O perodo de observao deve ser, em princpio, igual ou superior a 12 meses. Deve se adotar um perodo de 12 meses pelo fato de ser mais representativo e para evitar distores decorrentes de sazonalidades. Uma primeira ao consiste em levantar as cargas com funcionamento no HP e verificar a possibilidade de transferncia para o HFP, visando tirar maior proveito da tarifa horo-sazonal. Procure desligar cargas no horrio de ponta, que no comprometam o servio ou a produo.
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A.4 EXERCCIOS
2. Em mdia, quantos kWh sua empresa consome (total, fora da ponta e na ponta) por ms? E quantos MWh por ano? 3. Em qual subgrupo tarifrio est sua empresa? Quais so as tarifas praticadas? Qual o preo mdio de energia (total, fora da ponta e na ponta)? 4. Qual o fator de carga mdio na ponta e fora de ponta? 5. Identifique a unidade de produo ou servio de sua empresa para ser usada no clculo e acompanhamento do consumo especfico. 6. Calcule o custo especfico de sua empresa. Se possvel, separe-o nos preos de ponta e fora de ponta. Qual a melhor modalidade tarifria para sua empresa? Baseado no preo final do produto ou servio, qual a participao da energia eltrica no custo de seu produto ou servio? 7. Identifique em sua empresa duas medidas de reduo de potncia e duas de reduo de tempo. 8. Desenhe um fluxograma da produo ou dos usos finais da empresa e identifique setores de produo, apoio e administrativos. 9. Identifique em sua empresa que setor e/ou que pessoa poder informar os dados necessrios para exercitar o controle. Estabelea os procedimentos para sua obteno de forma regular e no formato desejado. PRATIQUE
No CD que acompanha este Livro esto disponveis as planilhas que auxiliaro no gerenciamento energtico da empresa.
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Anexo
B Viabilidade econmica
O assunto viabilidade econmica um tanto vasto. De modo geral, tratado na bibliografia em termos de viabilidade econmica de um empreendimento, uma empresa, etc. Neste Livro, tendo em vista o objetivo de tratar das aes capazes de obter uma melhor eficincia energtica nos sistemas de refrigerao, o assunto est limitado a esse contexto. Interessa aqui fazer o estudo da viabilidade econmica de uma determinada modificao que possa ser traduzida em alguma economia de energia, ou at mesmo, economia de custo, na hiptese de transferncia de consumo de horrios de ponta para outras horas do ciclo dirio.
Conceitos bsicos de Matemtica Financeira
Consideraes iniciais sobre o dinheiro, que, de modo simplificado, o objeto da Matemtica Financeira. Trata-se de uma varivel para a qual devem ser consideradas duas dimenses: o valor e o tempo. Um determinado investimento de uma quantia, por exemplo, destinada substituio de um motor eltrico por outro de melhor rendimento deve ser abordada sob esses dois aspectos: Qual o valor do investimento? Em que poca ele ser feito? E, ainda: Quando se daro os benefcios dessa operao? Em que valores? Da decorrem praticamente todos os conceitos comparativos utilizados para avaliar a pertinncia ou no de uma determinada ao para se obter um certo resultado quando esse processo envolve dinheiro. Assim, a definio de capital, no mbito da Matemtica Financeira, pode ser dada por: qualquer valor expresso em moeda e disponvel em determinada poca . Se este capital utilizado para gerar riqueza, justo que parte dessa riqueza seja repar-
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tida com o dono do capital. A isso d-se o nome de Teoria da Produtividade do Capital. Esse conceito a base do sistema capitalista no qual nossa sociedade se insere.
B.1 Juro
Pode ser entendido como a remunerao do capital aplicado, considerando que o possuidor desse capital poderia fazer outros usos dele, que lhe trariam outros benefcios. Ento, o juro seria um dos tipos de benefcios que o capital poderia proporcionar ao seu dono A comparao entre esses benefcios tambm um modo de analisar a viabilidade . do uso deste capital, ou a viabilidade de um determinado investimento, na linguagem comum no mbito da engenharia econmica.
Finalmente: M = C x (1 + i . n)
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comum representar o fluxo de caixa por meio de setas: para cima - entradas de dinheiro; e para baixo - sadas de dinheiro (Figura B.1)
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TA B E L A B . 1 - E X E M P L O D E C L C U L O D O J U R O C O M P O S T O DATA 0 1 2 3 4 5 6 CAPITAL R$ 20.000,00 R$ 22.000,00 R$ 24.200,00 R$ 26.620,00 R$ 29.282,00 R$ 32.210,20 10 10 10 10 10 10 R$ 2.000,00 R$ 2.200,00 R$ 2.420,00 R$ 2.662,00 R$ 2.928,20 R$ 3.221,02 R$ 22.000,00 R$ 24.200,00 R$ 26.620,00 R$ 29.282,00 R$ 32.210,20 R$ 35.431,22 TAXA (%) JURO CAPITAL + JURO
Assim, a frmula bsica do sistema de capitalizao composta, adotando-se a mesma simbologia do exemplo anterior, pode ser escrita como: (B.3)
Exemplo numrico: Aplicando-se a frmula aos dados do exemplo anterior, tem-se: M = 20.000,00 x (1 + 0,10)6 = 20.000,00 x 1,771561 = 35.431,22
Desse conceito decorrem dois outros chamados Fator de acumulao de capital e fator de valor atual que interessam neste captulo, particularmente quando se estuda a viabili, dade de um determinado investimento que produzir resultados financeiros ao longo de um perodo, segundo um determinado fluxo de caixa. Fator de acumulao de capital: Ento, pode-se escrever que M = C . FAC (i,n) (B.4)
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(B.5)
Pode-se tambm escrever que C = M . FVA (i,n) Fica claro que FVA(i,n) . FAC (i,n) = 1
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Figura B.4
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Da lgebra elementar identifica-se o segundo fator como a soma dos termos de uma progresso geomtrica, com o primeiro termo igual a 1/(1 + i) e a razo tambm igual a 1/(1 + i). Sendo esta soma conhecida, chega-se expresso:
(B.7)
com esta expresso que se calcula o valor presente de um fluxo de caixa para uma srie uniforme. Ao segundo fator desta expresso, d-se o nome de Fator de valor
atual de uma srie FVAS (i,n). comum encontrar a expresso que calcula o valor presente de uma srie uniforme como: C = R . FVAS(i,n)
Exemplo numrico: Calcule o valor presente do fluxo de caixa representado no diagrama a seguir, considerando a taxa de juro de 10% ao ms. Na prtica, isso pode significar calcular o valor presente de um determinado benefcio (retorno) conseguido com um determinado investimento realizado hoje bene, fcio este que comea a acontecer somente a partir do terceiro ms contado a partir da data do investimento:
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Pode-se utilizar a expresso mostrada acima, considerando a subtrao de duas sries uniformes, uma de sete meses e outra de dois meses.
Da, VPL = VPL (2) - VPL (1) ou VPL = 243,42 - 86,78 = 156,64 Pode-se tambm calcular o valor presente de cada perodo da srie e som-los, como mostrado na Tabela B.2. Este o mtodo mais usual, pois nem sempre as sries so uniformes nos problemas prticos. TA B E L A B . 2 - E X E M P L O D E C L C U L O D O V P L D E U M A S R I E PERODO 1 2 3 4 5 6 7 Soma VALOR DA SRIE 0 0 50 50 50 50 50 VALOR PRESENTE M = C /(1+I)^N 0 0 37,57 34,15 31,04 28,22 25,66 156,64
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claro que devem-se utilizar planilhas para o clculo do valor presente. O Excel tem nas suas frmulas a expresso do valor presente, seja a srie uniforme ou no. O mesmo exerccio feito na planilha Excel est mostrado a seguir: MS 1 2 3 4 5 6 7 VPL SRIE 0 0 50 50 50 50 50 R$ 156,64
Figura B.5
Com o auxilio da expresso do juro composto, M = C x (1 + i)n, associada expresso que relaciona o capital com a prestao de uma srie uniforme, chega-se s demais expresses mais usuais na Matemtica Financeira, que normalmente aparecem nas calculadoras financeiras com as frmulas j inseridas:
249
(B.8)
(B.9)
(B.10)
Onde os smbolos significam o seguinte: M - Montante ou valor futuro R - Prestao C - capital ou valor presente i - taxa de juros n - nmero de perodos no qual acontece o fluxo.
250
Taxa real e Taxa aparente: Quando no se considera o efeito da inflao, est se falando de taxa real. Ao contrrio, quando esse efeito considerado, a taxa assim utilizada, isto , acrescida de um indexador, tem o nome de taxa aparente . Um exemplo clssico a caderneta de poupana. Seja a remunerao de 0,5% (Taxa real) a.m. acrescida da TR (indexador). Supondo uma variao mensal do indexador de 0,4 %, tem-se a taxa aparente de 0,5 + 0,4 = 1,005 x 1,004 = 1,00902. Ou seja, a taxa aparente de 0,902%, enquanto a taxa real de 0,5 %.
Equivalncia de taxas
No sistema de capitalizao composta (taxa efetiva), diz-se que duas taxas so equivalentes quando aplicadas ao mesmo capital, durante o mesmo perodo, produzindo o mesmo montante (ou valor futuro). Esse conceito particularmente til, quando se faz necessrio calcular uma taxa mensal a partir de uma taxa anual, ou vice versa.
Exemplo: Considere a taxa anual de 12 % e verifique qual o valor da taxa mensal equivalente. Sendo o montante e o capital os mesmos, pela definio de taxas equivalentes, pode-se escrever:
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Ou i = 0,000949, o que corresponde, em percentual a 0,949%. sempre possvel conferir o resultado fazendo a equivalncia inversa: Isto : Isso corresponde a 12% na representao percentual. Ou
(B.8)
Este sistema caracteriza-se por prestaes fixas, implicando em amortizao varivel e juro sobre o saldo devedor, tambm varivel.
Exemplo: seja um emprstimo de R$ 100.000,00, que deve ser quitado em quatro anos, pelo sistema price a uma taxa de juro de 10% a.a. ,
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TA B E L A B . 3 - E X E M P L O D O S I S T E M A P R I C E TAXA AO ANO ANO 0 1 2 3 4 Totais SALDO DEVEDOR R$ 100.000,00 R$ 78.452,92 R$ 54.751,13 R$ 28.679,17 R$ 0,00 R$ 10.000,00 R$ 7.845,29 R$ 5.475,11 R$ 2.867,92 R$ 26.188,32 R$ 21.547,08 R$ 23.701,79 R$ 26.071,97 R$ 28.679,16 R$ 100.000,00 R$ 31.547,08 R$ 31.547,08 R$ 31.547,08 R$ 31.547,08 R$ 126.188,32 10,00% JUROS SOBRE SALDO DEVEDOR AMORTIZAO PRESTAO
253
Ainda, utilizando os dados do exemplo numrico anterior, o plano de amortizao desse financiamento pelo sistema SAM est mostrado na Tabela B.5:
TA B E L A B . 5 : E X E M P L O S A M TAXA AO ANO ANO SALDO DEVEDOR 10,00% JUROS SOBRE SALDO DEVEDOR AMORTIZAO PRESTAO
0 1 2 3 4 Totais
R$ 100.000,00 R$ 76.726,46 R$ 52.375,57 R$ 26.839,58 R$ 0,00 R$ 10.000,00 R$ 7.672,65 R$ 5.237,56 R$ 2.683,96 R$ 25.594,16 R$ 23.273,54 R$ 24.350,89 R$ 25.535,98 R$ 26.839,58 R$ 100.000,00 R$ 33.273,54 R$ 32.023,54 R$ 30.773,54 R$ 29.523,54 R$ 125.594,16
Pode-se fazer uma srie de comparaes entre os sistemas de amortizao mostrados anteriormente. Uma delas refere-se ao valor das prestaes. O grfico apresentado na Figura B.6 mostra esse comparativo.
254
Figura B.6: Comparativo de valor de prestaes Assim, ao se optar por um determinado financiamento, preciso estar atento as suas caractersticas. Enquanto no sistema price as prestaes so constantes, nos dois outros sistemas o valor das prestaes comea mais alto e termina mais baixo. Dependendo do fluxo de caixa do projeto (entendido no sentido amplo), um determinado sistema pode vir a ser mais interessante do que o outro.
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tos de investimento dentre vrios mutuamente exclusivos ou de selecionar qual (ou quais) dos projetos imaginados deve ser selecionado para implementao.
Exemplo: seja o fluxo de caixa dos projetos A, B e C mostrados na Tabela B.6: TA B E L A B . 6 : E X E M P L O F L U X O D E C A I X A PERODO (ANO) 0 1 2 3 4 5 PROJETO A -2.000,00 400,00 600,00 1.000,00 1.200,00 500,00 PROJETO B -2.000,00 900,00 300,00 300,00 300,00 300,00 PROJETO C -3.000,00 800,00 1.200,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00
Para calcular o tempo de retorno pelo mtodo do pay-back simples, basta acumular os benefcios conforme a Tabela B.7:
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TA B E L A B . 7 : E X E M P L O D E B E N E F C I O S PERODO (ANO) 1 2 3 4 5 400,00 1.000,00 2.000,00 3.200,00 3.700,00 BENEFCIOS ACUMULADOS 900,00 1.200,00 1.500,00 1.800,00 2.100,00 800,00 2.000,00 3.000,00 4.000,00 5.000,00
Por fim, deve-se verificar o tempo (no caso em anos) gasto para que os benefcios acumulados superem o investimento inicial. A Tabela B.8 mostra o tempo de retorno para as alternativas (ou projetos) A, B e C.
Por este mtodo, a concluso seria que os projetos A e C tm o mesmo tempo de retorno. Portanto, so equivalentes num critrio de deciso quanto ao mais vantajoso . Caso a inteno fosse selecionar quais projetos (ou alternativas) tm tempo de retorno inferior a quatro anos, por exemplo, ambos atenderiam.
No segundo mtodo, chamado Fluxo de Caixa descontado (FDC,n), considera-se o valor do dinheiro no tempo. Assim, necessrio considerar uma taxa de desconto, tambm chamada de Custo de oportunidade Custo de capital ou, ainda, Taxa mnima de , atratividade Em linhas gerais, essa taxa pode ser entendida como a taxa paga por outra . opo de aplicao com igual nvel de risco.
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Corresponde ao valor presente daquele fluxo, no perodo considerado, na taxa acertada. Por exemplo, o fluxo de caixa de R$ 2.000,00, ocorrido no oitavo perodo (8 ms por suposio), usando uma taxa de 10% de desconto, ser igual a:
Utilizando os dados do exemplo anterior, vemos que as opes A e C continuam sendo as selecionadas pelo critrio de tempo de retorno inferior a quatro anos se utilizado o mtodo do fluxo de caixa descontado. Porm, a alternativa A mostra-se mais vantajosa por apresentar um tempo de retorno menor quando se considera o valor do dinheiro no tempo (ou o custo do capital). A Tabela B.9 ilustra com os dados:
Na primeira parte da tabela, em cada linha est o valor do benefcio descontado a uma taxa de 12%. Por exemplo, na linha correspondente ao ano 2 o valor 478,32 da primeira coluna o resultado da operao
TA B E L A B . 9 : E X E M P L O D E D E S C O N T O D E F L U X O FLUXO DESCONTADO COM TAXA ANUAL DE: PERODO (ANO) PROJETO A 0 1 2 3 4 5 Retorno (anos) -2.000,00 357,14 478,32 711,78 762,62 283,71 3,59 12,00% PROJETO B -2.000,00 803,57 239,16 213,53 190,66 170,23
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BENEFCIOS ACUMULADOS 803,57 1.042,73 1.256,26 1.446,92 1.617,15 714,29 1.670,92 2.382,70 3.018,22 3.585,64
importante observar que a alternativa B , sem considerar o fator tempo, mostrava-se tambm aceitvel. Isto , apresenta retorno, embora num perodo superior ao arbitrado inicialmente. Quando entra o fator tempo, verifica-se que esta alternativa (ou esse projeto) sequer d retorno (considerada a taxa de 12% a.a.).
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TA B E L A B . 1 0 : F L U X O D E C A I X A PERODO (ANO) 0 1 2 3 4 5 PROJETO A -2.000,00 400,00 600,00 1.000,00 1.200,00 500,00 PROJETO B -2.000,00 900,00 300,00 300,00 300,00 300,00 PROJETO C -3.000,00 800,00 1.200,00 1.000,00 1.000,00 1.000,00
TA B E L A B . 1 1 : F L U X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N U A L D E 1 2 , 0 0 % FLUXO DESCONTADO COM TAXA ANUAL DE: PERODO (ANO) 0 1 2 3 4 5 VPL PROJETO A R$ (2.000,00) 357,14 478,32 711,78 762,62 283,71 R$ 593,57 12,00% PROJETO B R$ (2.000,00) 803,57 239,16 213,53 190,66 170,23 R$ (382,85) PROJETO C R$ (3.000,00) 714,29 956,63 711,78 635,52 567,43 R$ 585,64
Da mesma forma quando se analisou o tempo de retorno pelo mtodo do fluxo de caixa descontado, observa-se que a alternativa A superior alternativa C pois , apresenta um VPL maior.
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O mtodo do VPL representa integralmente o conceito de fluxo de caixa descontado. Da chegar-se s mesmas concluses na anlise seletiva de alternativas de projeto. A planilha eletrnica Excel apresenta nas suas funes matemticas, especialmente nas financeiras, o clculo automtico do VPL, bastando selecionar a coluna onde esto os valores do fluxo de caixa. Uma observao importante que na planilha Excel, como default considera-se inves, timento como se feito ao final do primeiro perodo. Isto , aplica-se a taxa de desconto j a partir do primeiro fluxo de caixa, o que no usual entre ns. (Tabela B.12)
TA B E L A B . 1 2 : F LU X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N UA L D E 1 2 , 0 0 % FLUXO DESCONTADO COM TAXA ANUAL DE: PERODO (ANO) 1 2 3 4 5 6 VPL PROJETO A -1.785,71 318,88 427,07 635,52 680,91 253,32 R$ 529,98 12,00% PROJETO B -1.785,71 717,47 213,53 190,66 170,23 151,99 (R$ 341,83) PROJETO C -2.678,57 637,76 854,14 635,52 567,43 506,63 R$ 522,90
Assim, para se aplicar funo automtica do Excel no exemplo dado, em que o investimento est considerado no incio do perodo (ndice zero), e obter-se o mesmo resultado, deve-se fazer um ajuste. Calcule o valor presente lquido com a funo VPL do Excel apenas dos benefcios e subtraia o investimento.
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(B.11)
onde FC o fluxo de caixa no perodo j e i a taxa de desconto, sendo n o nmero de perodos considerado, encontrar a Taxa interna de retorno de um fluxo de caixa resolver a equao em i :
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Em bom portugus, significa encontrar o valor da incgnita i capaz de tornar essa igualdade verdadeira. claro que sendo o fluxo de caixa irregular (no sendo uma srie uniforme) na esmagadora maioria dos casos prticos, a soluo dessa equao numrica, isto , deve ser feita por aproximaes sucessivas. As calculadoras financeiras, bem como as planilhas eletrnicas, como, por exemplo, a mais utilizada delas, a Excel, j trazem o solver para essa equao, facilitando o trabalho do profissional que efetua esse tipo de anlise de viabilidade. Quanto ao critrio de deciso, se A TIR for igual ou superior taxa mnima de atratividade, aceita-se o projeto; caso contrrio, ele deve ser rejeitado. A comparao entre duas solues mutuamente excludentes feita escolhendo-se aquela com o maior valor para a TIR.
Exemplo numrico: Ainda com os dados do exemplo anterior, o clculo da TIR para cada uma das alternativas de projeto AB e C est apresentado na Tabela B.13, utilizando a fun, o TIR da planilha Excel, considerando o investimento ao final do ano 1, de modo a poder utilizar as funes do Excel sem a necessidade da correo mostrada anteriormente. Observe que o ndice dos fluxos inicia-se no valor 1 e vai at o valor 6, ao invs do exemplo da VPL, utilizado para mostrar essa diferena, em que o investimento se dava no ano zero . Nessa tabela, pode-se observar que quando o VPL maior que zero a TIR superior taxa de desconto, sendo o inverso tambm verdadeiro:
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TA B E L A B . 1 3 : F LU X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N UA L D E 1 2 , 0 0 % FLUXO DESCONTADO COM TAXA ANUAL DE: PERODO (ANO) 1 2 3 4 5 6 VPL TIR PROJETO A -1.785,71 318,88 427,07 635,52 680,91 253,32 R$ 529,98 22,17% 12,00% PROJETO B -1.785,71 717,47 213,53 190,66 170,23 151,99 (R$ 341,83) 2,05% PROJETO C -2.678,57 637,76 854,14 635,52 567,43 506,63 R$ 522,90 19,45%
Pela definio, se procurssemos uma taxa de desconto que anulasse o valor presente lquido, essa seria igual TIR. A ttulo de ilustrao, a Figura B.8 apresenta o clculo da taxa de desconto que anula o VPL da alternativa A Isso pode ser feito com o auxlio da funo . Ferramentas/Atingir Meta:
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Ao aceitar os valores na caixa de dilogo atravs da tecla OK o Excel calcula a taxa que , anula o valor presente lquido, como mostrado na Figura B.9:
Figura B.9: Clculo da taxa que anula o VPL, no Excel Como no poderia deixar de ser, o valor encontrado para a taxa capaz de anular o VPL foi exatamente a TIR calculada anteriormente.
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possvel encontrar um investimento que remunere o capital nesse valor (por exemplo, superior a 30% ao ano). Para resolver este problema, pode-se contar com o mtodo da Taxa interna de retorno modificada (MTIR), no qual se utilizam uma taxa para o reinvestimento dos fluxos positivos e outra para os descontos dos fluxos negativos. Isso d uma dose de maior realidade s previses quando da elaborao da anlise de retorno do investimento. No exemplo utilizado at aqui, se utilizarmos a taxa de 15% para os fluxos positivos e a taxa de 10% para os negativos, na alternativa A os valores seriam (Tabela B.14):
TA B E L A B . 1 4 : F L U X O D E S C O N TA D O C O M TA X A A N U A L D E 1 2 , 0 0 % FLUXO DESCONTADO COM TAXA ANUAL DE: PERODO (ANO) 1 2 3 4 5 6 VPL TIR PROJETO A -1.785,71 318,88 427,07 635,52 680,91 253,32 R$ 529,98 19,21% 12,00% PROJETO B -1.785,71 717,47 213,53 190,6 170,23 151,99 (R$ 341,83) 8,96% PROJETO C -2.678,57 637,76 854,14 635,52 567,43 506,63 R$ 522,90 17,42%
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Depreciao
Nos balanos das empresas, a depreciao deve aparecer como a perda de valor dos bens fsicos sujeitos a desgastes ou a perda de utilidade por uso, ao da natureza ou obsolescncia. calculada usando o mtodo linear, que consiste na relao entre a diferena de valor inicial e do valor residual dividida pela vida til do bem.
Vida til
A Secretaria da Receita Federal que determina as taxas mximas e os perodos de depreciao. Para cada tipo de bem atribui-se um perodo de vida til, como, por exemplo, de 25 anos para prdios e construes e de 10 anos para mquinas e equipamentos, embora possam ser adotados valores superiores.
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Despesas financeiras
Podem ser operacionais que so aquelas decorrentes de operaes necessrias para , cobrir pequenas faltas de caixa (emprstimos de curto prazo, etc.), ou de capital que so , aquelas decorrentes de operaes financeiras para financiar a aquisio de equipamentos, relativos aos investimentos.
Impostos
Tambm este conceito deve ser levado em conta quando se analisa a empresa a partir do seu balano patrimonial e dos investimentos capazes de alterar significativamente sua relao de lucro ou prejuzo. Isto porque no caso de a empresa apresentar lucro num determinado exerccio, ser necessrio descontar a parcela relativa ao imposto de renda e contribuio social. Estes impostos so calculados como um percentual do resultado do exerccio, conforme o fluxo de caixa operacional esquemtico mostrado na Figura B.10:
Receita Despesa
A B
Lucro Operacional Depreciao Lucro tributvel Imposto de Renda Lucro Lquido Depreciao Fluxo de Caixa Operacional
Receita - despesa Lucro Operacional - Depreciao Lucro Tributvel - Imposto de Renda + Lucro Lquido + depreciao
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TABELA B.15: FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO COM 6 ANOS DE VIDA TIL ANO 1 2 3 4 5 6 7 8 TIR FLUXO -800000 -200000 200000 250000 300000 350000 350000 3500000 14,16% Vida til Investimento
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Considerando que o financiamento tem prazo de carncia de dois anos, com pagamento de juros (taxa de 12% a.a.) e que o sistema de amortizao acordado foi o SAC, com quatro parcelas, o fluxo financeiro desse projeto pode ser visualizado na Tabela B.16. TA B E L A B . 1 6 : F LU XO D E C A I X A D E U M P R O J E TO CO M F I N A N C I A M E N TO COM PRAZO DE OCORRNCIA DE 2 ANOS LIBERAO 800.000,00 SALDO DEVEDOR 800.000,00 800.000,00 800.000,00 600.000,00 400.000,00 0,00 96.000,00 96.000,00 96.000,00 72.000,00 24.000,00 200.000,00 200.000,00 200.000,00 JUROS 12,00% AMORTIZAO FLUXO FINANCEIRO 800.000,00 -96.000,00 -96.000,00 -296.000,00 -248.000,00 -224.000,00
Neste exemplo foi desconsiderada a deduo no imposto de renda relativo s despesas financeiras (juros do financiamento). Assim, o fluxo financeiro desse projeto fica sendo como o mostrado na Tabela B.17. TA B E L A B . 1 7 : F L U X O F I N A N C E I R O D O P R O J E T O A N A L I S A D O
ANO FLUXO ECONMICO FINANCIAMENTO FLUXO DE CAIXA/CAPITAL PRPRIO
1 2 3 4 5 6 7 8 TIR
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Anlise
A rentabilidade do investimento, avaliada pela TIR (taxa interna de retorno) por meio do fluxo de caixa econmico, foi de 14,16%, superior taxa mnima de atratividade (TMA), podendo, portanto, este projeto ser considerado vivel do ponto de vista econmico. Comparando a taxa de retorno do capital prprio, igual a 19,23%, com o custo do capital prprio, de 16%, pode-se concluir que este projeto tambm vivel financeiramente, de acordo com as condies consideradas para este financiamento. Como o efeito das dedues de imposto de renda relativas aos juros do financiamento no foi considerado, tendo-se optado por trabalhar a favor da segurana neste exemplo, de se esperar uma TIR para o fluxo financeiro um pouco maior. Neste caso, a concluso ser a mesma
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