Grupo 2 - Artigo 2

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Pró-Reitoria Graduação Presencial.

Coordenação do Curso de Engenharia Elétrica.


Artigo apresentado como um dos pré-requisitos para a
obtenção do grau de bacharel em Engenharia Elétrica,
2019/02.

1 ESTUDO DE CASO: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ATRAVÉS DA


2 COMISSÃO INTERNA DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

3 Ronny Menezes Marques (ronny.menezes@souunit.com.br); André David


4 França da Costa (andre.david@souunit.com.br); Msc. Felipe Santana Santos
5 (felipe.ssantos@souunit.com.br)

6 RESUMO
7
8 Em meio a situação econômica do país, instabilidade da tarifa da energia elétrica e a demanda
9 crescente do sistema de distribuição de energia, surge a necessidade do desenvolvimento de
10 trabalhos que visem o uso consciente e eficiente da energia na indústria. Este artigo estuda métodos
11 de melhoria e aplicação da eficiência energética na indústria, por meio de uma análise criteriosa em
12 todo o processo fabril para o segmento de bebidas e alimentos da indústria e seus equipamentos,
13 inicialmente este artigo apresenta um breve estudo do setor em questão e apresenta medidas que
14 consolidam a ideia de criar uma comissão interna de conservação de energia, conforme orientação
15 do Procel, tendo como principal objetivo o trabalho técnico voltado a pesquisas mais específicas de
16 eficiência energética e à conscientização dos colaboradores sobre o uso otimizado da energia com
17 objetivo de redução do consumo da energia elétrica e melhoria do desempenho e produtividade do
18 setor.

19 Palavras-chave

20 Conservação de energia, Energia elétrica, Indústria


21
22 ABSTRACT
23
24 In the midst of the country's economic situation, the instability of the electricity tariff and the growing
25 demand of the energy distribution system, there is the need for the development of works aimed at
26 the conscious and efficient use of energy in the industry. This paper studies methods for improving
27 and applying energy efficiency in industry through a thorough analysis of the entire manufacturing
28 process for the food and beverage industry and its equipment. Initially this article presents a brief
29 study of the sector in question and presents measures that consolidate the idea of creating an internal
30 commission for the conservation of electric energy, as directed by Procel, having as its main objective
31 the technical work focused on more specific research on energy efficiency and the employees'
32 awareness about the conscious use of electricity with objective of reducing electricity consumption
33 and improving sector performance.

34 Key words

35 Energy Conservation, Electric Power, Industry


Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 1 INTRODUÇÃO
2 A indústria brasileira inicia um estágio onde está cada vez mais evidente a
3 necessidade de desenvolvimento de métodos mais eficientes nos processos de
4 fabricação. O Custo Brasil é um fardo na competitividade da indústria nacional e um
5 dos fatores que influenciam nesse custo é a falta de investimento na área de
6 tecnologia e eficiência dos processos de fabricação.
7 Durante o mais simples plano de negócios é avaliado o custo com
8 depreciação do equipamento e com ela o tempo máximo para sua substituição.
9 Porém, a realidade mostra que poucas fábricas consideram a possibilidade de
10 substituição de seu maquinário quando este se torna ultrapassado seja pela perda
11 da eficiência ou pelo surgimento de nova tecnologia. É costumeiro usar o
12 equipamento até que seja inviável sua manutenção.
13 É um desafio para a engenharia propor medidas de eficiência energética em
14 ambientes onde sua planta não foi pensada para tal. Outra característica que
15 dificulta o trabalho é a necessidade de constância na produção fabril, ela não pode
16 simplesmente parar a fim que a avaliemos e observemos os pontos de melhoria.
17 Essa característica torna mais desafiador e técnico o trabalho nesses locais.
18 Há medidas comuns de eficiência energética, facilmente aplicáveis nas
19 fábricas por suas características obrigatórias, como por exemplo a correção e
20 controle do fator de potência, onde sua não observância gera grandes multas às
21 fábricas, o que chama a atenção do setor financeiro, obtendo assim um ponto
22 predominante quando se fala em medidas mais comuns de eficiência energética.
23 Entretanto, existem outros métodos de eficiência energética que exigem um
24 estudo mais aplicado e técnico. Essas soluções são aplicáveis em fábricas onde os
25 métodos mais comuns de eficiência, tais quais correção do fator de potência,
26 substituição do sistema de iluminação e instalação de motores de alta eficiência já
27 foram aplicados, mas não alcançaram os objetivos de redução do consumo dentro
28 do potencial visualizado na planta fabril.
29 Para entregar os resultados almejados pela indústria é indispensável o
30 estudo específico para o setor. Generalizar os métodos de eficiência energética
31 para o abrangente campo industrial ocasiona confusão e insucesso. Para apoiar as
32 medidas de eficiência a Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia
33 Elétrica) realiza e apresenta estudos com resultados de sucesso em eficiência
34 energética para cada segmento da indústria.
35 A criação de uma comissão interna de conservação de energia é uma das
36 principais medidas que possibilita o sucesso dos estudos em eficiência energética,
37 ela possibilita o trabalho integrado entre todos os setores da fábrica, absorvendo o
38 que há de melhor em experiência e conhecimento dos maquinários e processos da
39 fabricação, propondo medidas específicas que melhorem o rendimento e reduza as
40 perdas de energia.
41 A proposta do uso de uma comissão interna de conservação de energia é o
42 alvo deste estudo ao apresentar medidas de eficiência mais específicas que
43 dependem de um conhecimento profundo da planta e do sistema de produção.
44 Esses conhecimentos não são encontrados em um único funcionário ou função, por
45 isso a necessidade de formação de um quadro técnico para realizar as análises
46 adequadas para cada setor.

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 Para embasar a criação da comissão são apresentados estudos que deram


2 certo em fábricas do setor de alimento, mas que precisam de adaptação perante as
3 especificidades da planta da fábrica. Para trabalhar nesses pontos um plano de
4 conservação de energia deve ser criado com finalidade de trabalhar na resolução
5 dos problemas de perda de energia durante o processo de produção da planta.

6 2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA


7 A energia elétrica é a maior fonte de energia utilizada no Brasil, todavia, seu
8 valor no mercado está condicionado a suas fontes primárias para geração, clima,
9 mercado financeiro e tecnologias influenciam os custos para geração e transmissão
10 da energia elétrica. Por muitos anos se pensava em uma grande estabilidade do
11 sistema elétrico do país, até que em meio a crises hídricas e risco de apagões foi
12 criado em 2002 o “seguro-apagão”, para cobrir despesas com usinas termelétricas
13 no abastecimento emergencial (ANEEL, 2008).
14 Perante surgimento de inúmeras crises energéticas a partir de 1971,
15 decisões internacionais de comércio elevaram exponencialmente o valor do barril
16 do petróleo. Perante esse cenário, países começaram a se organizar em torno de
17 medidas que contivessem a crise energética. No Brasil, o Ministério de Minas e
18 Energia e da Indústria e comércio criaram o Programa Nacional de Conservação de
19 Energia Elétrica (Procel), com o objetivo de focar em medidas de conservação de
20 energia, integrando atividades já existentes no setor Público e privado (MAMEDE
21 FILHO, 2017).
22 As ações do Procel contribuem para o aumento da eficiência dos
23 bens e serviços, para o desenvolvimento de hábitos e conhecimentos
24 sobre o consumo eficiente da energia e, além disso, postergam os
25 investimentos no setor elétrico, mitigando, assim, os impactos
26 ambientais e colaborando para um Brasil mais sustentável
27 (ELETROBRAS, 2019, p 1).

28 A implementação de medidas para eficiência energética é medida


29 anualmente pelo Procel e resultaram em uma economia de energia na faixa de
30 22,99 bilhões de kWh em 2018 e uma redução da demanda em horário de ponta na
31 ordem de 7,257 MW (ELETROBRAS, 2019), o Quadro 1 apresenta os principais
32 resultados.
33
34 Quadro 1: Principais resultados energéticos das ações do Procel em 2018.

Energia economizada (bilhões de kWh) 22,99

Demanda Retirada da Ponta (MW) 7.257

Emissão de CO2 equivalente evitada (milhão tCO2e) 1,701


35 Fonte: ELETROBRAS (2019).
36 Os indicadores apresentam dados animadores a respeito da economia
37 energética no país em decorrência das ações de eficiência energética adotadas nos
38 últimos anos, onde, em relação ao ano de 2018, em termos de economia de energia
39 elétrica no país, houve uma economia que representa 4,87% do consumo nacional.
40 O Gráfico 1 apresenta os indicativos de economia dos últimos cinco anos.

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1
2 Gráfico 1: Economia de energia decorrente das ações do Procel nos últimos cinco anos
3 (bilhões de kWh).

4
5 Fonte: Procel (2019).
6
7 O setor industrial tem forte influência sobre o consumo nacional, estudos da
8 EPE (Empresa de Pesquisa Energética) apontam um crescimento em 2018 de 1,3%
9 no consumo de energia e uma representatividade de 36% do aporte nacional (EPE,
10 2018), conforme apresentado no Gráfico 2.
11
12 Gráfico 2: Consumo nacional de energia elétrica por setor.
13

14
15 Fonte: EPE (2019).

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1
2 Com a perspectiva de crescimento do consumo e a impossibilidade de um
3 plano geral, é fundamental a avaliação setorial do consumo para que as medidas
4 de conservação se tornem mais eficientes. Os indicadores do Plano Decenal de
5 Expansão de Energia 2026 apontam uma taxa de crescimento do consumo de
6 aproximadamente 2,2% ao ano até 2026 (EPE, 2006). O Gráfico 3 apresenta o
7 consumo Industrial por segmento e sua perspectiva de crescimento até 2026.
8
9 Gráfico 3: Consumo final de energia por segmento na indústria brasileira.

10
11 Fonte: EPE (2006)
12
13 Sobre a expectativa do crescimento do consumo elétrico indústrial de forma
14 equilibrada, existem trabalhos fomentados pela Procel com objetivo de acompanhar
15 o aumento do consumo elétrico orientado a medidas de eficiência energética,
16 propondo métodos e apresentando estudos viáveis para todos os portes de
17 empresas. Essas propostas vão de adoções de práticas de eficiência para micro e
18 pequenas empresas, a otimização de sistemas motrizes em indústrias de grande
19 porte (ELETROBRAS, 2019).

20 2.1 Eficiência energética e sua contribuição para a competitividade

21 A energia elétrica é um dos principais elementos da indústria brasileira. A


22 segurança e estabilidade no fornecimento e seu custo para produção do produto
23 acabado são determinantes para a competitividade da indústria (CNI, 2018).
24 Ao mesmo tempo, a energia representa um peso financeiro expressivo para
25 as empresas. Com a constante disputa por mercado, as empresas são forçadas a
26 melhorar a qualidade de seus produtos, serviços e buscar redução de seus custos
27 (SILVA, 2014).
28 Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o sistema
29 elétrico brasileiro já foi considerado um dos mais eficientes do mundo, porém, a falta
30 de investimentos e diversos problemas estruturais enfrentados ao longo dos últimos

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 anos e o custo crescente para o consumidor, evidenciam a necessidade de reformas


2 para que a energia elétrica possa contribuir de forma melhor na competitiva de
3 fábricas que tenham pretensão de investir em eficiência e para a economia do país.
4 De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
5 houve alta de 57% no custo da eletricidade para os consumidores industriais que
6 compraram energia diretamente das distribuidoras entre janeiro de 2013 e o fim de
7 2017. Outro fator determinante para a competitividade na indústria são os altos
8 impostos e encargos cobrados na conta de energia (CNI, 2018).
9 Sabendo dos desafios que se apresentam para o País no setor de energia
10 elétrica, foram desenvolvidas recomendações que podem contribuir para
11 crescimento eficiente e sustentável do setor. As recomendações apresentadas
12 estão alinhadas com os princípios norteadores utilizados pelo Ministério de Minas e
13 Energia em sua proposta de adequação do modelo setorial (CNI, 2018).
14
15 1. Promover a estabilidade institucional, principalmente na regulação
16 relacionada à formação de preços e tarifas.
17 2. Reduzir encargos setoriais, incentivos, subsídios e aprimorar a alocação
18 dos custos remanescentes.
19 3. Reduzir a duração dos contratos de energia, permitindo que o consumidor
20 tenha acesso a redução de preços advindos de ganhos tecnológicos.
21 4. Aprimorar a alocação dos custos da expansão entre os consumidores
22 regulados e livres.
23 5. Priorizar a alocação dos riscos de mercado para os geradores, que
24 possuem maior condição de gerenciá-los.
25 6. Diversificar os agentes no mercado de investimentos em infraestrutura.
26 7. Expansão da geração e transmissão de forma conjunta (CNI, 2018, p11).
27
28 Diante deste quadro, as empresas do setor industrial perceberam a
29 necessidade de reduzir o consumo de energia sem comprometer o nível de
30 produção. Melhorar a eficiência energética de uma indústria significa otimizar o uso
31 das suas fontes de energia, esse princípio consiste em usar menos energia para
32 fornecer a mesma quantidade de valor energético na produção, utilizando-se de
33 técnicas e ferramentas aplicadas por meio da pesquisa e avaliação de
34 implementação de medidas de eficiência energética com o objetivo de melhorar a
35 produtividade do setor (SILVA, 2014).

36 2.2 Principais linhas de apoio governamental à eficiência energética

37 A partir de metas governamentais para eficiência energética e redução da


38 poluição causado por fontes não renováveis, o governo, por intermédio do ministério
39 de Minas e Energia, que está ligado à ANEEL, dentre outras do setor de energia e
40 mineração, dispõem de medidas de fomento e incentivo em ações de eficiência
41 energética. São os principais meios de financiamento, o disposto no Quadro 2
42 (BAJAY, 2010).
43
44 Quadro 2: Principais meios de financiamento para projetos de eficiência energética

FINEP- Financiadora Agente financeiro


Nacional de Pesquisa

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

BNDES - Banco Nacional Agente financeiro


de Desenvolvimento
Econômico e Social

PROESCO - Programa de tem como objetivo apoiar projetos de eficiência


Apoio a Projetos de energética, tendo como clientes as Empresas de
Eficiência Energética Serviços de Conservação de Energia (ESCOs) e os
usuários finais de energia.

CT - PRETRO Seu objetivo é estimular a inovação na cadeia


produtiva do setor de petróleo e gás natural, a
formação e a qualificação de recursos humanos e o
desenvolvimento de projetos entre empresas.

CT - ENERG Destinado a financiar programas e projetos na área de


energia, especialmente na eficiência energética no uso
final.

ANEEL - Agência Nacional coordena o Programa de Eficiência Energética (PEE) e


de Energia Elétrica o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
das concessionárias de distribuição de energia elétrica.

Concessionárias e Devem aplicar anualmente um percentual mínimo de


permissionárias sua receita operacional líquida no Programa de
Pesquisa e Desenvolvimento do Setor de Energia
Elétrica
1 Fonte: Bajay, (2010).

2 3 MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA INDÚSTRIA

3 3.1 Medidas comuns da indústria


4 As medidas de eficiência energética adotadas nas indústrias possuem forte
5 incentivo do Procel, que possui e disponibiliza informações relevantes sobre
6 medidas de sucesso adotadas em fábricas do país nos últimos anos. Na realização
7 dos estudos que visam a redução do consumo de energia e a otimização dos
8 sistemas, é valoroso considerar inicialmente as áreas de potencial desperdício. Na
9 indústria, em geral, as ações devem ser implementadas nas áreas listadas no
10 quadro 3 (MAMEDE FILHO, 2017).
11
12
13 Quadro 3:Potenciais áreas de economia de energia
Energia elétrica Outros

Iluminação Consumo de energia

Condutores elétricos Climatização

Fator de potência Ventilação natural

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

Motores elétricos Aquecimento de água

Refrigeração

Elevadores e escadas rolantes

Ar comprimido

Carregamento de transformadores

Instalação elétrica

Administração do consumo de energia

Controle da demanda
1 Fonte: Mamede Filho, (2017)
2
3 Na dimensão do setor industrial é relevante especificar os potenciais de
4 conservação de energia apenas para a área requerida para o estudo de caso.
5 Diante disto, para o setor de alimentos e bebidas, o Procel dispõe de um estudo que
6 aponta os potenciais meios de conservação de energia para esse setor (BAJAY,
7 2010).

8 3.2 Potencial de economia para o setor de bebidas e alimentos


9 Estudos realizados sobre eficiência energética no setor de alimentos e
10 bebidas indicaram que a substituição de motores é a ação mais implementada nas
11 fábricas que adotam estudos de eficiência. Uma segunda medida estudada e aceita
12 com bons resultados foi a substituição do sistema de iluminação. Apenas 6% das
13 empresas aderem a CICE (comissão interna de conservação de energia) ou sistema
14 similar como forma de promover planos eficientes de combate ao desperdício,
15 sendo que elas representam as que obtêm melhores resultados de economia de
16 energia (GUARDIA, 2010).
17 Quando avaliados os potenciais para economia de energia, as medidas que
18 apresentam melhores resultados em custo-benefício para correção e manutenção
19 são as aplicáveis no uso do ar comprimido em sistemas pneumáticos e a
20 implementação de sistemas de gerenciamento de energia (GUARDIA, 2010).
21
22 A comparação de projetos com dimensões diferentes para os usos finais de
23 força motriz e iluminação apresentou custos similares da energia
24 economizada, indicando que a substituição de motores antigos por motores
25 de alto rendimento deve ser feita sempre que houver funcionamento
26 contínuo. Oportunidades mais específicas do segmento, como a
27 implementação de sistemas de refrigeração para armazenamento de
28 alimentos ou a instalação de túneis de resfriamento, podem conter grande
29 potencial de melhoria. Seja na substituição de motores de compressores
30 antigos ou na recuperação de calor para o processo (GUARDIA, 2010, p
31 28).

32 É possível constatar que no segmento de alimentos e bebidas há potencial


33 para economia de energia com a aplicação de estudos de eficiência de motores,
34 reaproveitamento ou recuperação de processos térmicos e na melhoria do
35 gerenciamento e controle da planta fabril.

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 3.3 Comissão interna de conservação de energia


2 Para encontrar potenciais áreas para intervenção e otimização do processo
3 é necessária uma modelagem do diagnóstico energético, esta precisa ser constante
4 e repetido sempre que houver mudanças na estrutura ou processo de produção.
5 Essa característica é fundamental para a regularidade eficiente do processo de
6 produção da fábrica (SILVA, 2014).
7 A Comissão Interna de Conservação de Energia Elétrica (CICE) tem o
8 objetivo de propor, implementar e acompanhar medidas efetivas de
9 utilização racional de energia elétrica, bem como controlar e divulgar as
10 informações mais relevantes. A CICE abrangerá atividades administrativas,
11 técnicas e de comunicação e deverá ser composta por representantes de
12 todos os setores da empresa (GUARDIA, 2010, p 28).

13 Segundo a COPEL (2005) “A importância do estabelecimento do programa


14 se prende ao fato de que qualquer ação isolada tende a perder o seu efeito ao longo
15 do tempo, por melhores resultados que apresente”. Visando isso, é importante o
16 engajamento de uma equipe de profissionais e técnicos, conhecedores dos
17 processos de fabricação e que tenham uma habilidade para inovar e otimizar.
18 A criação de uma comissão interna de conservação de energia está
19 determinada pelo decreto presidencial nº 99.656, de 26 outubro de 1990, ele institui
20 a criação da CICE para empresas com consumo anual de energia superior a
21 seiscentos mil Quilowatts Hora ou quinze toneladas equivalentes de petróleo.
22 Parágrafo único. A Cice será responsável pela elaboração,
23 implantação e acompanhamento das metas do Programa de
24 Conservação de Energia, e divulgação dos seus resultados nas
25 dependências do estabelecimento (BRASIL,1990).

26 A estrutura administrativa da CICE deve ser composta por no mínimo seis


27 integrantes, com mandatos de dois anos, sendo estes participantes do quadro de
28 funcionários da empresa, entre estes, um representante da associação dos
29 trabalhadores, um representante da cipa e sempre que possível, um engenheiro ou
30 arquiteto com conhecimentos em conservação de energia. Estes não podem
31 receber remuneração extra pela participação na comissão (BRASIL, 1990).
32 São atribuições básicas da CICE o disposto no decreto presidencial nº 99656
33 de outubro de 1990.
34 I – Levantar o potencial de redução de despesas com energia, para o que
35 poderá solicitar o suporte técnico do Grupo Executivo do Programa Nacional
36 de Racionalização da Produção e Uso de Energia (Gere), instituído pelo
37 Decreto nº 99.250, de 11 maio de 1990, e do Programa Nacional de
38 Conservação de Energia Elétrica (Procel), instituído pela Portaria
39 Interministerial nº 1.877, de 30 de dezembro de 1985, dos extintos
40 Ministérios das Minas e Energia e da Indústria e do Comércio, quando se
41 tratar de energia elétrica.
42 II – Elaborar o Programa de Conservação de Energia, com suas metas e
43 justificativas no sentido da redução de consumo, submetendo-o ao dirigente
44 máximo do órgão ou entidade, e publicá-lo após sua aprovação.
45 III – Empreender ações visando conscientizar e envolver todos os servidores
46 no Programa de Conservação de Energia.
47 IV – Participar da elaboração das especificações técnicas para projetos,
48 construção e aquisição de bens e serviços, bem assim das consequentes
49 licitações que envolvam consumo de energia.

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 V – Manter permanente análise dos consumos de energéticos por


2 intermédio das cópias dos comprovantes de pagamentos que lhe serão
3 encaminhadas pelo setor responsável.
4 VI- Calcular os consumos específicos dos diferentes energéticos e submetê-
5 los ao Gere, que estabelecerá índices máximos de consumo a serem
6 respeitados.
7 VII – Participar da elaboração do Programa de Manutenção Preventiva, com
8 vistas à otimização do consumo de energéticos.
9 VIII – Promover avaliação anual dos resultados obtidos e propor programa
10 para o ano subsequente (BRASIL,1990).

11

12 4 METODOLOGIA
13 O desenvolvimento do projeto é voltado para a fábrica do gênero alimentício
14 especializada em importação de polpa de suco de laranja e maracujá, localizada no
15 distrito industrial da cidade de Estância-SE. Essa indústria, na área de eficiência
16 energética, se destaca por ter implementado a maioria das medidas comuns, dentre
17 elas, o controle da demanda, fator de potência e sistema de iluminação, sendo um
18 exemplo do setor para o estado.
19 Realizar a análise de eficiência energética dentro de um ambiente industrial
20 onde as principais medidas já são adotadas torna o trabalho mais minucioso e
21 desafiador. Para tanto, o presente artigo, tendo como base a comissão de incentivo
22 à eficiência energética do Procel, propõe a criação de um programa interno de
23 conservação de energia (CICE), este visa o trabalho mais elaborado e a parceria
24 com todos os setores que envolvem a fabricação.
25 Através da análise prévia realizada na fábrica e baseado em sistemas de
26 sucesso implementados, a CICE será direcionado para cinco elementos potenciais
27 para eficiência energética encontrados na fábrica.
28 ● Avaliação da substituição de motores elétricos antigos, que trabalham em
29 regime permanente por motores de alto rendimento;
30 ● Verificar viabilidade financeira para a substituição dos compressores
31 convencionais pelos modelos que possuem controlador de velocidade
32 variável;
33 ● Sistema de monitoramento SCADA como meio eficaz de monitoramento
34 energético;
35 ● Estudo para implementação de um sistema de regeneração da amônia no
36 processo de refrigeração.
37 4.1 Avaliação de motores elétricos

38 Para a avaliação de motores elétricos, seguindo as orientações sobre


39 eficiência energética disponibilizados pela Procel, há dois métodos para avaliar o
40 custo benefício dos motores, o software livre Bdmotor, desenvolvido pela Eletrobrás,
41 contém uma lista de motores onde o usuário pode escolher entre avaliar o
42 rendimento entre dois motores novos, um motor novo e um em uso ou entre um
43 motor novo e outro a reparar. Este software é capaz de avaliar 26 características
44 técnicas dos motores de quatro marcas presentes no mercado, possibilitando
45 atualizar os preços dos motores e do KWh para avaliar a mais adequada escolha
46 para cada situação. O segundo software é o See+ da WEG, este possibilita a
47 avaliação de compra ou substituição de motores, apresentando a taxa interna de

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 retorno (TIR), o valor presente líquido (VPL) e o payback do investimento, a


2 desvantagem desta segunda opção é realizar a simulação com motores de uma
3 única marca.
4 Para o programa interno de conservação de energia, a orientação é que
5 sempre que a equipe de manutenção preventiva fizer o levantamento de dados dos
6 motores elétricos para avaliar as variações inspecionadas, caso encontrem motores
7 que apresentam em seu banco de dados quantidade expressiva de desarmes,
8 queima ou idade avançada, possa este ser submetido ao software para determinar
9 a viabilidade de sua substituição.
10 4.2 Estudo de eficiência dos compressores
11 Conforme orientação da PROCEL após estudos de casos de sucesso em
12 indústrias do setor de alimentos e bebidas, é aconselhável realizar estudo de
13 eficiência dos compressores, avaliando os vazamentos através de manutenções
14 preventivas e estudando sua substituição por modelos mais eficientes controlados
15 por inversor de frequência (BAJAY, 2010).
16 Segundo Silva (2014), “Devido à sua ampla utilização, o ar comprimido
17 representa uma parcela significativa na composição do consumo e do custo da
18 energia elétrica em uma fábrica”, dessa forma, em termos gerais, ainda segundo
19 Silva (2014) “a utilização de energia elétrica destinada para produção de ar
20 comprimido representa 16% do consumo total da fábrica”.
21 Conforme retrata Silva (2014) “As principais perdas de eficiência energética em um
22 sistema de distribuição de ar comprimido são decorrentes de: (1) queda de pressão
23 entre o compressor e os pontos de consumo de ar; e (2) vazamentos de ar.”
24 A avaliação do sistema de tubulações de ar comprimido será fundamental
25 para eficiência do projeto, ela pode ser realizada através de uma empresa de
26 serviço em conservação de energia (ESCO) ou através da compra de equipamento
27 e capacitação da equipe para identificar pontos de vazamentos e realizar a correção
28 adequada.
29 Caso haja desejo de a empresa investir em equipamentos com a finalidade
30 de oferecer continuidade ao processo de manutenção da instalação, a seguinte
31 proposta foi avaliada: A aquisição de um kit de detector de vazamentos
32 LKS1000V2+ foi cotado com o valor de R$ 34.000,00 + 15% IPI, pela empresa CBA
33 automação conforme a Figura 1.

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 Figura 1: detector de vazamentos LKS1000C2

2 .
3 Fonte: CBA Automação (2019)

4 O detector de vazamentos deve ser utilizado durante os momentos de maior


5 demanda da fábrica, esse momento representa o ponto de maior consumo e
6 evidente perda pela maior exigência da produção. Por trabalhar em suas
7 capacidades máximas os compressores submetem as tubulações a fluxos mais
8 constantes que aumentam as fissuras. Os dados e fotografias dos pontos de
9 vazamento são entregues à equipe de manutenção corretiva para realização das
10 adequações.
11 4.3 Otimização do monitoramento e gestão
12 O gerenciamento efetivo da planta da fábrica tem influência na dinâmica de
13 seu funcionamento, através dele é possível identificar rapidamente paradas
14 repentinas, entraves ou congestionamentos na operação, é evidente que o controle
15 da fábrica está diretamente relacionado a sua eficiência.
16 Os dados coletados a partir do medidor de energia da concessionária
17 são transmitidos via fibra ótica para o gerenciador, que foi instalado
18 estrategicamente na área de utilidades e energia da fábrica. O
19 gerenciador, por sua vez, processa esses dados e os disponibiliza,
20 através de um sistema supervisório, para os responsáveis pela
21 gestão de energia da fábrica (SILVA, 2014, p 111).
22 Os dados fornecidos pelo sistema de monitoramento permitirão otimizar os
23 serviços de manutenção, além de facilitar a análise de custos do consumo e controle
24 da demanda, alinhando a carga com o desligamento temporário dos motores das
25 câmaras frias quando a carga ultrapassar a demanda contratada por um período
26 inferior a duas horas e facilitar o estudo da possibilidade de parada parcial ou total
27 dos motores das câmaras frias nas duas primeiras horas do horário de pico, quando
28 o valor da energia consumida é maior.
29 Para análise da planta foi escolhido o software SCADA da Siemens SIMATIC
30 WinCC, a versão básica desse software possibilita o monitoramento do processo
31 fabril em alta performance. Este monitoramento não estará centrado apenas nas
32 indicações de consumo e cargas reativas da fábrica, sua função é possibilitar
33 análises técnicas da eficiência dos equipamentos, identificar momentos ociosos e
34 ajudar na readequação do modelo de fabricação.
35 O SIMATIC WinCC V7.3 é lançado visando reduzir ainda mais o tempo de

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 engenharia. O Configuration Studio suporta a configuração central de dados


2 de processos, mensagens, arquivamento e gerenciamento de usuários,
3 além de textos em qualquer idioma. As opções de comunicação com
4 controladores SIMATIC S7-1500 atuais, também foram ampliadas. Com
5 esta tecnologia, é possível transferir informações de tags diretamente por
6 meio de endereçamento simbólico, bem como manipular as mensagens de
7 sistema dos controladores (SIEMENS, 2014, p 1).
8 A aquisição do software apresentado na Figura 2, incidirá em um
9 investimento de R$ 3.900,00, para aquisição do CLP SIMATEC S7-1500, deverá
10 ser investido R$ 20.000,00 mais impostos, este é usado para comunicação do
11 sistema físico. O setor de engenharia da fábrica pode realizar a instalação do
12 sistema para evitar custos adicionais.
13 Figura 2: Funcionalidades SIMATIC WinCC

14
15 Fonte: Siemens (2014)
16 4.4 Reuso da amônia filtrada
17 As câmaras frias são as responsáveis pelo maior consumo de energia no
18 processo industrial da fábrica, por essa razão necessita de um estudo detalhado e
19 aplicado à eficiência do sistema e redução das perdas do gás refrigerante e
20 consumo.
21 O primeiro ponto observado está no tempo de funcionamento das câmaras
22 de regime permanente. O objetivo desse estudo é observar o tempo requerido pela
23 câmara fria para chegar à temperatura determinada para conservação do produto.
24 A partir disso, verificar o potencial da vedação térmica do material da câmara. Com
25 essas informações, é possível determinar o tempo de parada do equipamento sem
26 agredir os limites de variação de temperatura determinados pelo setor de qualidade.
27 Para obter maior precisão dos dados, é importante a utilização de um
28 analisador de energia que possa informar no mínimo o consumo de energia da
29 câmara no período de uma hora. Essa informação deve ser usada para o estudo de
30 viabilidade econômica. Sem o analisador ou um medidor separado o cálculo de
31 consumo será impreciso.
32 Os testes devem ser efetuados em diferentes dias, curva de carga e

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 temperatura ambiente diversa, focando nos horários de ponta e verificando a


2 possibilidade de aumento do tempo de desligamento em dias frios. A análise deve
3 incluir as seguintes informações:
4 • Horário de desligamento;
5 • Horário de partida;
6 • Temperatura ao desligar;
7 • Temperatura ao religar;
8 • Variação da temperatura;
9 • Tempo de recuperação.
10 Após a conclusão do estudo anteriormente citado, a segunda fase de estudo
11 está na filtragem da amônia para remoção das impurezas adquiridas durante o
12 processo de resfriamento das câmaras.
13 O de reuso da amônia se dá pelo processo de evaporação para separação
14 do gás com a água ou óleo através de serpentinas aquecidas entre 60ºc e 80ºc. O
15 resíduo do processo fica na parte inferior da câmara de filtragem para ser removido
16 (SILVA, 2014).

17 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
18 Neste estudo avaliou-se a importância da instalação de uma comissão de
19 conservação de energia, tal comissão é aconselhável para indústrias em que
20 soluções mais comuns em termos de eficiência energética já são aplicadas, porém
21 é almejado melhor desempenho. Esse estudo é apresentado a uma empresa
22 sergipana do ramo de bebidas. Essa fábrica é um exemplo em organização e
23 gerenciamento dos sistemas de energia, então, ao avaliar suas possibilidades foi
24 vislumbrado a oportunidade de instalação da CICE, fundamentando-a neste artigo.
25 As quatro propostas de estudo de eficiência são apresentadas como um
26 norte para o início dos estudos da comissão, elas foram verificadas através de
27 visitas técnicas, troca de experiências e a participação dos colaboradores, em
28 especial da manutenção elétrica. A aplicação das propostas está condicionada a
29 estudos técnicos financeiros, a orientação para seu estudo está baseada em relatos
30 de sucesso fornecidos pelos artigos citados e pelos relatórios fornecidos pela
31 Procel.
32 O potencial do estudo de motores apresentado está relacionado ao
33 desempenho da fábrica porque a eficiência dos motores interfere diretamente no
34 custo de produção. O modelo de estudo possibilita a realocação de motores para
35 locais mais adequados para seu regime, reduzindo da compra de novos a
36 substituição de equipamentos que apresentem considerável baixa da eficiência.

37 Os dados informados no Quadro 4 representam os motores do sistema


38 principal de compressores da fábrica. Eles são responsáveis por toda a parte
39 pneumática da produção interna e disponibilizam também jatos em pontos
40 específicos usados esporadicamente para a limpeza de algum componente.
41

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 Quadro 4: Dados do sistema de compressores

Potência (CV) Quantidade Regime de Ic (A)


funcionamento

100 4 Contínuo 243

125 4 Contínuo 295

431 1 Contínuo 782


2 Fonte: Autoria própria

3 A carga total do sistema de compressores é de aproximadamente 990 kW,


4 funcionando em regime contínuo, que equivalem a 4,21% do consumo médio da
5 fábrica. A expectativa é que a diminuição dos vazamentos gere uma redução de
6 cerca de 5% do consumo de ar comprimido, equivalente a 49,5 kW de energia
7 consumida, gerando um payback de 20 meses no caso da aquisição do
8 equipamento e redução da conta de energia elétrica estimada em R$ 2.000 por mês.
9 A economia e eficiência do sistema podem ser elevadas no caso da
10 realização de um estudo para aquisição de um compressor do tipo VSD (Variable
11 Speed Drive), essa tecnologia tem sido adotada pelas fábricas com bastante êxito
12 na economia de energia, tendo um payback entre 2,5 e 4 anos. Sobre essa
13 tecnologia Pacheco (2018) relata que “os melhores resultados foram obtidos em
14 associações nas quais os compressores existentes de velocidade fixa trabalharam
15 apenas em faixas de vazões próximas as suas capacidades máximas, enquanto o
16 compressor com controle VSD entrou em operação nas faixas remanescentes”.
17 Um estudo realizado na fábrica demonstrou que as câmaras frias podem ficar
18 desligadas pelo período de 2 horas, sempre entre as 17h e 19h, para focar o horário
19 sazonal de maior tarifação por consumo, tendo em vista uma variação de
20 temperatura tolerável de 1ºC. Os resultados apresentados no Quadro 5 são
21 referentes à avaliação realizada na câmara 5 para efeito amostral.
22 Quadro 5: Resultado dos testes de desligamento na câmara 5
ID Câmara Temperatura Temperatura Variação Recuperação
teste 5 ao desligar ao religar (°C) (minutos)
(°C) (°C)
01 Setor 1 -12 -11,5 0,5 40
01 Setor 2 -13,5 -12,7 0,8 40
02 Setor 1 -12,5 -11,9 0,6 50
02 Setor 2 -13,5 -12,4 1,1 50
03 Setor 1 -12,8 -12,5 0,3 25
03 Setor 2 -13,8 -13,4 0,4 25
23 Fonte: Autoria própria
24

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 Conforme apresentado, apenas um dos testes apontou que a variação de


2 temperatura ultrapassou o limite de tolerância estipulado. O tempo de recuperação
3 é pequeno, considerando que a variação de temperatura esteve abaixo do tolerável,
4 o tempo de recuperação poderia ser prolongado através do controle de vazão do
5 gás refrigerante, melhorando o potencial econômico. A economia mensal é
6 estimada em R$ 30.000,00 considerando o desligamento no horário de ponta de
7 todas as câmaras. Esse estudo está sendo avaliado pelo setor administrativo,
8 porém fica evidente que a partir a existência da CICE, esse projeto já poderia estar
9 trazendo benefícios para a fábrica.
10 O gás refrigerante R 717 (amônia) utilizado nas câmaras frias, ao passar
11 pelas tubulações é contaminado pela presença de água ao longo da instalação, é
12 interessante a realização de um processo para regeneração desse gás através de
13 filtragem. Segundo Silva (2014): “estudos foram realizados em indústrias que
14 operam com refrigerante R717 (amônia) e os resultados dessas análises mostram
15 que o conteúdo típico de água nas instalações é de, aproximadamente, 3% a 8% e,
16 nos piores casos, de até 20%”.
17 O grande desafio para a comissão é reduzir o consumo de energia elétrica
18 durante o horário de ponta. Nesse horário, o consumo médio mensal da fábrica
19 representa 5,1% em comparação ao consumo no horário fora de ponta, mesmo
20 assim, o valor cobrado por esse consumo chega a ser 176,4% maior que o valor
21 cobrado por todo o consumo mensal fora de ponta.
22 Uma das soluções para esse problema é o desligamento dos motores da
23 refrigeração das câmaras frias durante as duas primeiras horas do horário de ponta,
24 conforme análise realizada por um colaborador cujo parecer encontra-se em análise
25 no setor.
26 A instalação do sistema SCADA apresenta o menor índice visível de retorno
27 a curto prazo, porém sua utilização é o fator que irá aumentar a possibilidade de
28 sucesso em estudos de eficiência, uma vez que ele possibilitará um controle e
29 monitoramento mais preciso dos processos de fabricação, promovendo uma
30 interação entre os setores e gerando relatórios técnicos para apreciação da
31 comissão.
32 O sistema SCADA apresentado, da marca Siemens, também possibilita a
33 conectividade e monitoramento on-line. Sua comunicação via computador lógico
34 programável se enquadra nos moldes da indústria 4.0. Ao instalar esse software a
35 equipe de gestão da produção obtém uma poderosa ferramenta de controle e
36 eficiência de recursos.
37 O disposto no decreto presidencial nº 99656 de outubro de 1990, configura a
38 obrigatoriedade de implementação da CICE em fábricas com consumo de energia
39 anual acima de seiscentos mil quilowatts, como o consumo da fábrica estudada
40 ultrapassa esse valor, fica estabelecido sua necessidade de instalação da
41 comissão.

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Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 6 CONCLUSÕES
2 De acordo com os estudos realizados, a fábrica estudada deve aderir a uma
3 Comissão Interna de Conservação de Energia, conforme decreto 99.656 de 26 de
4 outubro de 1990, considerando que o decreto em seu Art. 1º solicita a criação dessa
5 comissão em todo estabelecimento que apresente consumo anual de energia
6 elétrica superior a 600.000 kWH, e o consumo mensal da fábrica é superior a esse
7 valor.
8 Implementada, a CICE será a principal responsável pela aquisição,
9 organização e estudos de viabilidade econômica das propostas dos colaboradores,
10 dando a esses movimentos o caráter técnico necessário para sua aprovação. A
11 perspectiva é que a implementação da CICE proporcione à fábrica uma economia
12 de cerca de 20% no consumo de energia elétrica com as ações apresentadas.
13 Uma recomendação para continuidade desta pesquisa é a realização de um
14 estudo de análise técnica e financeira das propostas de eficiência energética
15 aplicadas a fábricas de outros segmentos, uma vez que os estudos apresentados
16 para esta fábrica possuem características básicas presentes em outros setores da
17 indústria.

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17
Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 REFERÊNCIAS
2
3 Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil) Relatório ANEEL 10 anos / Agência
4 Nacional de Energia Elétrica. – Brasília : ANEEL, 2008. 129 p. : il. Disponível em:
5 <http://www.aneel.gov.br/relatorios/-
6 /asset_publisher/A6XXBdzpLnq0/content/relatorio-aneel-10-
7 anos/656835?inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fwww.aneel.gov.br%2F
8 relatorios%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_A6XXBdzpLnq0%26p_p_lifecycle%3D0%26p_
9 p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-
10 2%26p_p_col_pos%3D12%26p_p_col_count%3D21>. Acesso em ago. 2019.
11
12 BAJAY, Sérgio Valdir; GORLA, Filipe Debonzi; ROCHA, Carlos Roberto.
13 Oportunidades de Eficiência Energética para a Indústria: Relatório Setorial:
14 alimentos e bebidas. Brasília: CNI, 2010. 60 p. (Relatório 3); Disponível em:
15 <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso em jul 2019.
16
17 Bajay, Sérgio Valdir. Oportunidades de eficiência energética para a indústria:
18 experiências internacionais em eficiência energética para a indústria. – Brasília:
19 CNI, 2010. 88 p. ISBN 978-85-7957-011-7; Disponível em:
20 <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso em 25 jul 2019.
21
22 BRASIL; Decreto do Executivo- Decreto n 99.656, de 26 de outubro de 1990. Dispõe
23 sobre a criação, nos órgãos e entidades da Administração Federal direta e
24 indireta, da Comissão Interna de Conservação de Energia (Cice), nos casos que
25 menciona, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 26 out.
26 1990. Disponível em:
27 <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d99656.htm>;. Acesso em
28 29 out. 2019.
29
30 Confederação Nacional da Indústria. Energia elétrica : custos e competitividade /
31 Confederação Nacional da Indústria. – Brasília : CNI, 2018. 106 p. : il. – (Propostas
32 da indústria eleições 2018 ; v. 26); ISBN 978-85-7957-173-2. Disponível em:
33 <http://www.portaldaindustria.com.br/cni/canais/propostas-da-industria-para-
34 eleicoes-2018/downloads/>. Acesso em: 18 set. 2019
35
36 COPEL; Companhia Paranaense de Energia. Manual de Eficiência Energética na
37 Indústria. Paraná: DDI, 2005; Disponível em:
38 <https://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos/manual/$FILE/m
39 anual_eficiencia_energ.pdf>; Acesso em Ago 2019.
40
41 ELETROBRAS. Relatório de resultados do Procel 2019: ano base 2018. Rio de
42 Janeiro: PROCEL, 2019. 65 p. Disponível em:
43 <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso em 25 jul 2019.
44
45 GUARDIA, Eduardo. Oportunidades de eficiência energética para a indústria:
46 estudo de casos: sumário executivo – Brasília: cni, 2010. 61 p. isBn 978-85-7957-047-
47 6;
48 Disponível em: <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso
49 em 25 jul 2019.
50

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18
Artigo - Curso Engenharia Elétrica - 2019

1 Mamede Filho, João. Instalações elétricas industriais : de acordo com a norma


2 brasileira NBR 5419:2015. 9. ed. - Rio de Janeiro : LTC, 2017. 28 cm. ISBN 978-85-216-
3 3372-3
4
5 PACHECO, Eduardo Acordi Vasques. Eficiência energética de compressores de
6 parafuso com variador de velocidade. Estudo de caso. – Rio de Janeiro:
7 UFRJ/Escola Politécnica, 2018. VIII, 47 p.: il.; 29.7cm. Disponível em:
8 <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10025659.pdf >. Acesso em:
9 25 ago. 2019.
10
11 SIEMENS, Imprensa Siemens no Brasil. Siemens amplia funções do Software SCADA
12 e entra no mundo da mobilidade. Website Siemens Brasil, 2014. Disponível em:
13 <https://w3.siemens.com.br/home/br/pt/cc/imprensa/pages/siemens-amplia-
14 funcoes-do-software-scada-e-entra-no-mundo-da-mobilidade-.aspx>. Acesso em:
15 11 nov. 2019.
16
17 SILVA, Paulo César. Gestão da energia na indústria de laticínios. 2014. 179 p.
18 Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
19 Engenharia Mecânica, Campinas, SP. Disponível em:
20 <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/265894>. Acesso em: 25 ago.
21 2019.

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