Grupo 2 - Artigo 2
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6 RESUMO
7
8 Em meio a situação econômica do país, instabilidade da tarifa da energia elétrica e a demanda
9 crescente do sistema de distribuição de energia, surge a necessidade do desenvolvimento de
10 trabalhos que visem o uso consciente e eficiente da energia na indústria. Este artigo estuda métodos
11 de melhoria e aplicação da eficiência energética na indústria, por meio de uma análise criteriosa em
12 todo o processo fabril para o segmento de bebidas e alimentos da indústria e seus equipamentos,
13 inicialmente este artigo apresenta um breve estudo do setor em questão e apresenta medidas que
14 consolidam a ideia de criar uma comissão interna de conservação de energia, conforme orientação
15 do Procel, tendo como principal objetivo o trabalho técnico voltado a pesquisas mais específicas de
16 eficiência energética e à conscientização dos colaboradores sobre o uso otimizado da energia com
17 objetivo de redução do consumo da energia elétrica e melhoria do desempenho e produtividade do
18 setor.
19 Palavras-chave
34 Key words
1 1 INTRODUÇÃO
2 A indústria brasileira inicia um estágio onde está cada vez mais evidente a
3 necessidade de desenvolvimento de métodos mais eficientes nos processos de
4 fabricação. O Custo Brasil é um fardo na competitividade da indústria nacional e um
5 dos fatores que influenciam nesse custo é a falta de investimento na área de
6 tecnologia e eficiência dos processos de fabricação.
7 Durante o mais simples plano de negócios é avaliado o custo com
8 depreciação do equipamento e com ela o tempo máximo para sua substituição.
9 Porém, a realidade mostra que poucas fábricas consideram a possibilidade de
10 substituição de seu maquinário quando este se torna ultrapassado seja pela perda
11 da eficiência ou pelo surgimento de nova tecnologia. É costumeiro usar o
12 equipamento até que seja inviável sua manutenção.
13 É um desafio para a engenharia propor medidas de eficiência energética em
14 ambientes onde sua planta não foi pensada para tal. Outra característica que
15 dificulta o trabalho é a necessidade de constância na produção fabril, ela não pode
16 simplesmente parar a fim que a avaliemos e observemos os pontos de melhoria.
17 Essa característica torna mais desafiador e técnico o trabalho nesses locais.
18 Há medidas comuns de eficiência energética, facilmente aplicáveis nas
19 fábricas por suas características obrigatórias, como por exemplo a correção e
20 controle do fator de potência, onde sua não observância gera grandes multas às
21 fábricas, o que chama a atenção do setor financeiro, obtendo assim um ponto
22 predominante quando se fala em medidas mais comuns de eficiência energética.
23 Entretanto, existem outros métodos de eficiência energética que exigem um
24 estudo mais aplicado e técnico. Essas soluções são aplicáveis em fábricas onde os
25 métodos mais comuns de eficiência, tais quais correção do fator de potência,
26 substituição do sistema de iluminação e instalação de motores de alta eficiência já
27 foram aplicados, mas não alcançaram os objetivos de redução do consumo dentro
28 do potencial visualizado na planta fabril.
29 Para entregar os resultados almejados pela indústria é indispensável o
30 estudo específico para o setor. Generalizar os métodos de eficiência energética
31 para o abrangente campo industrial ocasiona confusão e insucesso. Para apoiar as
32 medidas de eficiência a Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia
33 Elétrica) realiza e apresenta estudos com resultados de sucesso em eficiência
34 energética para cada segmento da indústria.
35 A criação de uma comissão interna de conservação de energia é uma das
36 principais medidas que possibilita o sucesso dos estudos em eficiência energética,
37 ela possibilita o trabalho integrado entre todos os setores da fábrica, absorvendo o
38 que há de melhor em experiência e conhecimento dos maquinários e processos da
39 fabricação, propondo medidas específicas que melhorem o rendimento e reduza as
40 perdas de energia.
41 A proposta do uso de uma comissão interna de conservação de energia é o
42 alvo deste estudo ao apresentar medidas de eficiência mais específicas que
43 dependem de um conhecimento profundo da planta e do sistema de produção.
44 Esses conhecimentos não são encontrados em um único funcionário ou função, por
45 isso a necessidade de formação de um quadro técnico para realizar as análises
46 adequadas para cada setor.
1
2 Gráfico 1: Economia de energia decorrente das ações do Procel nos últimos cinco anos
3 (bilhões de kWh).
4
5 Fonte: Procel (2019).
6
7 O setor industrial tem forte influência sobre o consumo nacional, estudos da
8 EPE (Empresa de Pesquisa Energética) apontam um crescimento em 2018 de 1,3%
9 no consumo de energia e uma representatividade de 36% do aporte nacional (EPE,
10 2018), conforme apresentado no Gráfico 2.
11
12 Gráfico 2: Consumo nacional de energia elétrica por setor.
13
14
15 Fonte: EPE (2019).
1
2 Com a perspectiva de crescimento do consumo e a impossibilidade de um
3 plano geral, é fundamental a avaliação setorial do consumo para que as medidas
4 de conservação se tornem mais eficientes. Os indicadores do Plano Decenal de
5 Expansão de Energia 2026 apontam uma taxa de crescimento do consumo de
6 aproximadamente 2,2% ao ano até 2026 (EPE, 2006). O Gráfico 3 apresenta o
7 consumo Industrial por segmento e sua perspectiva de crescimento até 2026.
8
9 Gráfico 3: Consumo final de energia por segmento na indústria brasileira.
10
11 Fonte: EPE (2006)
12
13 Sobre a expectativa do crescimento do consumo elétrico indústrial de forma
14 equilibrada, existem trabalhos fomentados pela Procel com objetivo de acompanhar
15 o aumento do consumo elétrico orientado a medidas de eficiência energética,
16 propondo métodos e apresentando estudos viáveis para todos os portes de
17 empresas. Essas propostas vão de adoções de práticas de eficiência para micro e
18 pequenas empresas, a otimização de sistemas motrizes em indústrias de grande
19 porte (ELETROBRAS, 2019).
Refrigeração
Ar comprimido
Carregamento de transformadores
Instalação elétrica
Controle da demanda
1 Fonte: Mamede Filho, (2017)
2
3 Na dimensão do setor industrial é relevante especificar os potenciais de
4 conservação de energia apenas para a área requerida para o estudo de caso.
5 Diante disto, para o setor de alimentos e bebidas, o Procel dispõe de um estudo que
6 aponta os potenciais meios de conservação de energia para esse setor (BAJAY,
7 2010).
11
12 4 METODOLOGIA
13 O desenvolvimento do projeto é voltado para a fábrica do gênero alimentício
14 especializada em importação de polpa de suco de laranja e maracujá, localizada no
15 distrito industrial da cidade de Estância-SE. Essa indústria, na área de eficiência
16 energética, se destaca por ter implementado a maioria das medidas comuns, dentre
17 elas, o controle da demanda, fator de potência e sistema de iluminação, sendo um
18 exemplo do setor para o estado.
19 Realizar a análise de eficiência energética dentro de um ambiente industrial
20 onde as principais medidas já são adotadas torna o trabalho mais minucioso e
21 desafiador. Para tanto, o presente artigo, tendo como base a comissão de incentivo
22 à eficiência energética do Procel, propõe a criação de um programa interno de
23 conservação de energia (CICE), este visa o trabalho mais elaborado e a parceria
24 com todos os setores que envolvem a fabricação.
25 Através da análise prévia realizada na fábrica e baseado em sistemas de
26 sucesso implementados, a CICE será direcionado para cinco elementos potenciais
27 para eficiência energética encontrados na fábrica.
28 ● Avaliação da substituição de motores elétricos antigos, que trabalham em
29 regime permanente por motores de alto rendimento;
30 ● Verificar viabilidade financeira para a substituição dos compressores
31 convencionais pelos modelos que possuem controlador de velocidade
32 variável;
33 ● Sistema de monitoramento SCADA como meio eficaz de monitoramento
34 energético;
35 ● Estudo para implementação de um sistema de regeneração da amônia no
36 processo de refrigeração.
37 4.1 Avaliação de motores elétricos
2 .
3 Fonte: CBA Automação (2019)
14
15 Fonte: Siemens (2014)
16 4.4 Reuso da amônia filtrada
17 As câmaras frias são as responsáveis pelo maior consumo de energia no
18 processo industrial da fábrica, por essa razão necessita de um estudo detalhado e
19 aplicado à eficiência do sistema e redução das perdas do gás refrigerante e
20 consumo.
21 O primeiro ponto observado está no tempo de funcionamento das câmaras
22 de regime permanente. O objetivo desse estudo é observar o tempo requerido pela
23 câmara fria para chegar à temperatura determinada para conservação do produto.
24 A partir disso, verificar o potencial da vedação térmica do material da câmara. Com
25 essas informações, é possível determinar o tempo de parada do equipamento sem
26 agredir os limites de variação de temperatura determinados pelo setor de qualidade.
27 Para obter maior precisão dos dados, é importante a utilização de um
28 analisador de energia que possa informar no mínimo o consumo de energia da
29 câmara no período de uma hora. Essa informação deve ser usada para o estudo de
30 viabilidade econômica. Sem o analisador ou um medidor separado o cálculo de
31 consumo será impreciso.
32 Os testes devem ser efetuados em diferentes dias, curva de carga e
17 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
18 Neste estudo avaliou-se a importância da instalação de uma comissão de
19 conservação de energia, tal comissão é aconselhável para indústrias em que
20 soluções mais comuns em termos de eficiência energética já são aplicadas, porém
21 é almejado melhor desempenho. Esse estudo é apresentado a uma empresa
22 sergipana do ramo de bebidas. Essa fábrica é um exemplo em organização e
23 gerenciamento dos sistemas de energia, então, ao avaliar suas possibilidades foi
24 vislumbrado a oportunidade de instalação da CICE, fundamentando-a neste artigo.
25 As quatro propostas de estudo de eficiência são apresentadas como um
26 norte para o início dos estudos da comissão, elas foram verificadas através de
27 visitas técnicas, troca de experiências e a participação dos colaboradores, em
28 especial da manutenção elétrica. A aplicação das propostas está condicionada a
29 estudos técnicos financeiros, a orientação para seu estudo está baseada em relatos
30 de sucesso fornecidos pelos artigos citados e pelos relatórios fornecidos pela
31 Procel.
32 O potencial do estudo de motores apresentado está relacionado ao
33 desempenho da fábrica porque a eficiência dos motores interfere diretamente no
34 custo de produção. O modelo de estudo possibilita a realocação de motores para
35 locais mais adequados para seu regime, reduzindo da compra de novos a
36 substituição de equipamentos que apresentem considerável baixa da eficiência.
1 6 CONCLUSÕES
2 De acordo com os estudos realizados, a fábrica estudada deve aderir a uma
3 Comissão Interna de Conservação de Energia, conforme decreto 99.656 de 26 de
4 outubro de 1990, considerando que o decreto em seu Art. 1º solicita a criação dessa
5 comissão em todo estabelecimento que apresente consumo anual de energia
6 elétrica superior a 600.000 kWH, e o consumo mensal da fábrica é superior a esse
7 valor.
8 Implementada, a CICE será a principal responsável pela aquisição,
9 organização e estudos de viabilidade econômica das propostas dos colaboradores,
10 dando a esses movimentos o caráter técnico necessário para sua aprovação. A
11 perspectiva é que a implementação da CICE proporcione à fábrica uma economia
12 de cerca de 20% no consumo de energia elétrica com as ações apresentadas.
13 Uma recomendação para continuidade desta pesquisa é a realização de um
14 estudo de análise técnica e financeira das propostas de eficiência energética
15 aplicadas a fábricas de outros segmentos, uma vez que os estudos apresentados
16 para esta fábrica possuem características básicas presentes em outros setores da
17 indústria.
1 REFERÊNCIAS
2
3 Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil) Relatório ANEEL 10 anos / Agência
4 Nacional de Energia Elétrica. – Brasília : ANEEL, 2008. 129 p. : il. Disponível em:
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8 relatorios%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_A6XXBdzpLnq0%26p_p_lifecycle%3D0%26p_
9 p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn-
10 2%26p_p_col_pos%3D12%26p_p_col_count%3D21>. Acesso em ago. 2019.
11
12 BAJAY, Sérgio Valdir; GORLA, Filipe Debonzi; ROCHA, Carlos Roberto.
13 Oportunidades de Eficiência Energética para a Indústria: Relatório Setorial:
14 alimentos e bebidas. Brasília: CNI, 2010. 60 p. (Relatório 3); Disponível em:
15 <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso em jul 2019.
16
17 Bajay, Sérgio Valdir. Oportunidades de eficiência energética para a indústria:
18 experiências internacionais em eficiência energética para a indústria. – Brasília:
19 CNI, 2010. 88 p. ISBN 978-85-7957-011-7; Disponível em:
20 <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso em 25 jul 2019.
21
22 BRASIL; Decreto do Executivo- Decreto n 99.656, de 26 de outubro de 1990. Dispõe
23 sobre a criação, nos órgãos e entidades da Administração Federal direta e
24 indireta, da Comissão Interna de Conservação de Energia (Cice), nos casos que
25 menciona, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 26 out.
26 1990. Disponível em:
27 <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d99656.htm>;. Acesso em
28 29 out. 2019.
29
30 Confederação Nacional da Indústria. Energia elétrica : custos e competitividade /
31 Confederação Nacional da Indústria. – Brasília : CNI, 2018. 106 p. : il. – (Propostas
32 da indústria eleições 2018 ; v. 26); ISBN 978-85-7957-173-2. Disponível em:
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34 eleicoes-2018/downloads/>. Acesso em: 18 set. 2019
35
36 COPEL; Companhia Paranaense de Energia. Manual de Eficiência Energética na
37 Indústria. Paraná: DDI, 2005; Disponível em:
38 <https://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos/manual/$FILE/m
39 anual_eficiencia_energ.pdf>; Acesso em Ago 2019.
40
41 ELETROBRAS. Relatório de resultados do Procel 2019: ano base 2018. Rio de
42 Janeiro: PROCEL, 2019. 65 p. Disponível em:
43 <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso em 25 jul 2019.
44
45 GUARDIA, Eduardo. Oportunidades de eficiência energética para a indústria:
46 estudo de casos: sumário executivo – Brasília: cni, 2010. 61 p. isBn 978-85-7957-047-
47 6;
48 Disponível em: <http://www.procelinfo.com.br/ee_industria/index.htm>; Acesso
49 em 25 jul 2019.
50