Apostila Lançamento Estrutural Inesp
Apostila Lançamento Estrutural Inesp
Apostila Lançamento Estrutural Inesp
Maro / 2013
CONCEPO ESTRUTURAL
A concepo estrutural, ou simplesmente estruturao, tambm chamada de lanamento da estrutura, consiste em escolher um sistema estrutural que constitua a parte resistente do edifcio. Essa etapa, uma das mais importantes no projeto estrutural, implica em escolher os elementos a serem utilizados e definir suas posies, de modo a formar um sistema estrutural eficiente, capaz de absorver os esforos oriundos das aes atuantes e transmiti-los ao solo no qual ela se apia. A soluo estrutural adotada no projeto deve atender aos requisitos de qualidade estabelecidos nas normas tcnicas, relativos capacidade resistente (ELU), ao desempenho em servio (ELS) e durabilidade da estrutura.
DIRETRIZES GERAIS
Inicia-se no pavimento-tipo, e verifica-se a interao nos outros pavimentos. Deve-se observar: a) pilares devem coincidir com paredes b) no devem aparecer nos compartimentos ou atravessando portas e janelas c) no trreo, em caso de lojas ou pilotis, deve-se buscar soluo esttica d) na garagem, deve-se verificar o trnsito e o estacionamento. Quando no houver alternativa, usa-se viga de transio (porm so muito caras). Devem-se evitar auditrios abaixo do pavimento-tipo, j que exigem vos livres maiores. Portanto, devem ser projetados num pavimento superior ou numa rea externa.
DADOS INICIAIS
A concepo estrutural deve levar em conta a finalidade da edificao e atender, tanto quanto possvel, s condies impostas pela arquitetura. O projeto arquitetnico representa, de fato, a base para a elaborao do projeto estrutural. Este deve prever o posicionamento dos elementos de forma a respeitar a distribuio dos diferentes ambientes nos diversos pavimentos. Mas no se deve esquecer de que a estrutura deve tambm ser coerente com as caractersticas do solo no qual ela se apia. 3
O projeto estrutural deve ainda estar em harmonia com os demais projetos, tais como: de instalaes eltricas, hidrulicas, telefonia, segurana, som, televiso, ar condicionado, computador e outros, de modo a permitir a coexistncia, com qualidade, de todos os sistemas. Os edifcios podem ser constitudos, por exemplo, pelos seguintes pavimentos: subsolo, trreo, tipo, cobertura e casa de mquinas, alm dos reservatrios inferiores e superiores. Existindo pavimento-tipo, o que em geral ocorre em edifcios de vrios andares, inicia-se pela estruturao desse pavimento. Caso no haja pavimentos repetidos, parte-se da estruturao dos andares superiores, seguindo na direo dos inferiores. A definio da forma estrutural parte da localizao dos pilares e segue com o posicionamento das vigas e das lajes, nessa ordem, sempre levando em conta a compatibilizao com o projeto arquitetnico. Usualmente os edifcios residenciais so constitudos pelos seguintes pavimentos: Subsolo: destinado rea de garagem; Pavimento Trreo: destinado recepo, salas de estar, de jogos, de festas, piscinas e rea para recreao; Pavimento-tipo: destinado aos apartamentos, com os vrios cmodos previstos no projeto. tico: pavimento menor e mais recuado que os demais, no topo dos edifcios, destinado a abrigar mquinas, reservatrios, depsitos, etc.;
SISTEMAS ESTRUTURAIS
Inmeros so os tipos de sistemas estruturais que podem ser utilizados. Nos edifcios usuais empregam-se lajes macias ou nervuradas, moldadas no local, prfabricadas ou ainda parcialmente pr-fabricadas. Em casos especficos de grandes vos, por exemplo, pode ser aplicada protenso para melhorar o desempenho da estrutura, seja em termos de resistncia, seja para controle de deformaes ou de fissurao. Alternativamente, podem ser utilizadas lajes sem vigas, apoiadas diretamente sobre os pilares, com ou sem capitis, casos em que so denominadas lajes-cogumelo, e lajes planas ou lisas, respectivamente. No alinhamento dos pilares, podem ser consideradas vigas embutidas, com altura considerada igual espessura das lajes, sendo tambm denominadas vigas-faixa. A escolha do sistema estrutural depende de fatores tcnicos e econmicos, dentre eles: capacidade do meio tcnico para desenvolver o projeto e para executar a obra, e disponibilidade de materiais, mo-de-obra e equipamentos necessrios para a execuo. Nos casos de edifcios residenciais e comerciais, a escolha do tipo de estrutura condicionada, essencialmente, por fatores econmicos, pois as condies tcnicas para projeto e construo so de conhecimento da Engenharia de Estruturas e de Construo. Este trabalho tratar dos sistemas estruturais constitudos por lajes macias de concreto armado, moldadas no local e apoiadas sobre vigas. Posteriormente, sero consideradas tambm as lajes nervuradas e os demais elementos ora mencionados ( Concreto II ).
O percurso das aes verticais tem incio nas lajes, que suportam, alm de seus pesos prprios, outras aes permanentes e as aes variveis de uso, incluindo, eventualmente, peso de paredes que se apiem diretamente sobre elas. As lajes transmitem essas aes para as vigas, atravs das reaes de apoio. As vigas suportam seus pesos prprios, as reaes provenientes das lajes, peso de paredes e, ainda, aes de outros elementos que nelas se apiem, como, por exemplo, as reaes de apoio de outras vigas. Em geral as vigas trabalham flexo e ao cisalhamento e transmitem as aes para os elementos verticais pilares e paredes estruturais atravs das respectivas reaes. Os pilares e as paredes estruturais recebem as reaes das vigas que neles se apiam, as quais, juntamente com o peso prprio desses elementos verticais, so transferidas para os andares inferiores e, finalmente, para o solo, atravs dos respectivos elementos de fundao. As aes horizontais devem igualmente ser absorvidas pela estrutura e transmitidas para o solo de fundao. No caso do vento, o caminho dessas aes tem incio nas paredes externas do edifcio, onde atua o vento. Esta ao resistida por elementos verticais de grande rigidez, tais como prticos, paredes estruturais e ncleos, que formam a estrutura de contraventamento. Os pilares de menor rigidez pouco contribuem na resistncia s aes laterais e, portanto, costumam ser ignorados na anlise da estabilidade global da estrutura. As lajes exercem importante papel na distribuio dos esforos decorrentes do vento entre os elementos de contraventamento, pois possuem rigidez praticamente infinita no seu plano, promovendo, assim, o travamento do conjunto. Neste esquema abaixo, no esto indicadas as aes horizontais, visto que se trata de edifcio de pequeno porte, em que os efeitos de tais aes so pouco significativos.
para dividir um painel de laje com grandes dimenses, seja para suportar uma parede divisria e evitar que ela se apie diretamente sobre a laje. comum, por questes estticas e com vistas s facilidades no acabamento e ao melhor aproveitamento dos espaos, adotar larguras de vigas em funo da largura das alvenarias. As alturas das vigas ficam limitadas pela necessidade de prever espaos livres para aberturas de portas e de janelas. Como as vigas delimitam os painis de laje, suas disposies devem levar em considerao o valor econmico do menor vo das lajes, que, para lajes macias, da ordem de 3,5m a 5,0m. O posicionamento das lajes fica, ento, praticamente definido pelo arranjo das vigas. Dimenses usuais das lajes macias: l mnimo ~ 2,5m l mdio econmico ~ 3,5 a 5m l mximo ~ 6m.
Ao final obtm-se o anteprojeto de todos os pavimentos, inclusive cobertura e caixa dgua, e pode-se prosseguir com o pr-dimensionamento de lajes, vigas e pilares.
Lajes
As lajes em um desenho de formas esto praticamente definidas aps a representao dos pilares e das vigas. O nico cuidado a ser tomado diz respeito a representao de rebaixos, superelevaes, ou aberturas existentes nas lajes. Os rebaixos e as superelevaes acontecem quando o nvel de uma laje no coincide com o nvel adotado para o desenho de formas, o qual corresponde, geralmente, ao nvel da maioria das lajes representadas no desenho de formas. Um exemplo da representao de rebaixos nos desenhos de formas est ilustrado na figura 6. Nessa figura, a laje L2 est rebaixada 25 cm em relao ao nvel das outras lajes.
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Vigas
No desenho de formas, as vigas so representadas em planta, devendo-se fornecer informaes tais como as dimenses da seo transversal (largura e a altura) e o comprimento das mesmas. Informaes e detalhes construtivos adicionais devem ser representados por meio de cortes na prpria planta ou em separado. Na planta de formas estruturais, as vigas so observadas de baixo para cima e so representadas no desenho por meio de duas linhas espaadas de sua largura ao longo do comprimento da mesma. Tais linhas representam as arestas visveis e as arestas invisveis, (com o observador olhando de baixo para cima). As arestas visveis so representadas por linhas cheias e as invisveis por linhas tracejadas. No caso de vigas invertidas, pode-se ter a representao por linha cheia (aresta visvel) e linha tracejada (aresta invisvel), conforme a figura 7.
Pilares
Os pilares so representados no desenho de forma em corte, ou seja, representa-se a seo transversal do pilar com as respectivas dimenses para o pavimento em questo. Em geral, especialmente em edifcios de poucos pavimentos, costuma-se manter a mesma seo dos pilares at a cobertura. Entretanto, existem situaes em que as dimenses da seo do pilar variam de um pavimento para outro. Alm disso, podem existir pilares que tm incio (nascem) no pavimento em representao ou pilares que so interrompidos (morrem) nesse pavimento. Assim, convm estipular uma notao para a representao dos pilares em tais situaes. Uma notao usual a indicada na figura 8.
Deve-se notar que, na representao da figura 8, parte da seo do pilar P1 interrompida (morre) no pavimento e o restante do pilar continua acima do referido pavimento.
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PR-DIMENSIONAMENTO O pr-dimensionamento dos elementos estruturais necessrio para que se possa calcular o peso prprio da estrutura, que a primeira parcela considerada no clculo das aes. O conhecimento das dimenses permite determinar os vos equivalentes e as rigidezes, necessrios no clculo das ligaes entre os elementos.
a) Cobrimento da armadura
Cobrimento nominal da armadura (c) o cobrimento mnimo (cmin) acrescido de uma tolerncia de execuo (c): c = cmin + c
O projeto e a execuo devem considerar esse valor do cobrimento nominal para assegurar que o cobrimento mnimo seja respeitado ao longo de todo o elemento. Nas obras correntes, c 10mm. Quando houver um controle rigoroso da qualidade da execuo, pode ser adotado c = 5mm. Mas a exigncia desse controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos de projeto. O valor do cobrimento depende da classe de agressividade do ambiente. Algumas classes esto indicadas na Tabela 1. 14
Para essas classes I e II, e para c = 10mm, a NBR 6118 (2001) recomenda os cobrimentos indicados na Tabela 2. Tabela 2: Cobrimento nominal para c = 10mm
b) Altura til da laje Para lajes com bordas apoiadas ou engastadas, a altura til pode ser estimada por meio da seguinte expresso:
Para lajes com bordas livres, como as lajes em balano, deve ser utilizado outro processo.
c) Espessura mnima A NBR 6118 (2001) especifica que nas lajes macias devem ser respeitadas as seguintes espessuras mnimas: 5 cm para lajes de cobertura no em balano 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balano 10 cm para lajes que suportem veculos de peso total menor ou igual a 30 kN 12 cm para lajes que suportem veculos de peso total maior que 30 kN
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Num tabuleiro de edifcio, no recomendvel utilizar muitos valores diferentes para altura das vigas, de modo a facilitar e otimizar os trabalhos de cimbramento. Usualmente, adotamse, no mximo, duas a trs alturas diferentes. Tal procedimento pode, eventualmente, gerar a necessidade de armadura dupla em alguns trechos das vigas. Os tramos mais crticos, em termos de vos excessivos ou de grandes carregamentos, devem ter suas flechas verificadas posteriormente. Para armadura longitudinal em uma nica camada, a relao entre a altura total e a altura til dada pela expresso (Figura 11):
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Figura 12: reas de influncia dos pilares 0,45: pilar de extremidade e de canto, na direo da sua menor dimenso; 0,55: complementos dos vos do caso anterior; 0,50: pilar de extremidade e de canto, na direo da sua maior dimenso. No caso de edifcios com balano, considera-se a rea do balano acrescida das respectivas reas das lajes adjacentes, tomando-se, na direo do balano, largura igual a 0,50, sendo o vo adjacente ao balano. Convm salientar que quanto maior for a uniformidade no alinhamento dos pilares e na distribuio dos vos e das cargas, maior ser a preciso dos resultados obtidos. H que se salientar tambm que, em alguns casos, este processo pode levar a resultados muito imprecisos. Aps avaliar a fora nos pilares pelo processo das reas de influncia, determinado o coeficiente de majorao da fora normal () que leva em conta as excentricidades da carga, sendo considerados os valores: = 1,3 pilares internos ou de extremidade, na direo da maior dimenso; = 1,5 pilares de extremidade, na direo da menor dimenso; = 1,8 pilares de canto. A seo abaixo do primeiro andar-tipo estimada, ento, considerando-se compresso simples com carga majorada pelo coeficiente , utilizando-se a seguinte expresso:
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A existncia de caixa dgua superior, casa de mquina e outros equipamentos no pode ser ignorada no pr-dimensionamento dos pilares, devendo-se estimar os carregamentos gerados por eles, os quais devem ser considerados nos pilares que os sustentam. Para as sees dos pilares inferiores, o procedimento semelhante, devendo ser estimadas as cargas totais que esses pilares suportam.
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