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AULA 11 – ETAPAS DE UM PROJETO ESTRUTURAL

PROFª ANA CLÁUDIA LEÃO BORGES


Normalmente chama-se de projeto estrutural
apenas sua apresentação gráfica. Na verdade o
projeto estrutural começa bem antes dessa
etapa, e envolve a escolha dos MATERIAIS, a
CONCEPÇÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL, a
DETERMINAÇÃO DAS CARGAS que atuarão na
estrutura, a ANÁLISE DOS ESFORÇOS, passando
pelo DIMENSIONAMENTO e DETALHAMENTO
de todos os elementos.
1. MATERIAIS
2. CONCEPÇÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL
3. DETERMINAÇÃO DAS CARGAS
4. ANÁLISE DOS ESFORÇOS (CÁLCULO)
5. DIMENSIONAMENTO
6. DETALHAMENTO
ETAPA 1: MATERIAIS
• Será uma estrutura de aço, madeira, alumínio, concreto?
No caso específico das estruturas de concreto, é preciso que se defina a classe de resistência.
Como é realizada a escolha da classe de resistência que o concreto deverá ter?
A determinação será baseada na agressividade do ambiente em que a edificação
permanecerá, conforme classificação apresentada na Tabela 6.1 da NBR 6118:2014.
A partir da definição da classe de agressividade é possível definir:
o Classe do Concreto;
o Relação água/cimento;
o Cobrimento das armaduras.
ETAPA 2: CONCEPÇÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL
Sistemas estruturais tem por objetivo suportar os carregamentos que incidem sobre uma
estrutura e conduzi-los de forma segura para o solo.
Para cada concepção arquitetônica existem várias possibilidades de sistemas estruturais. O
fato de se optar por certas soluções para os pavimentos implica arranjos estruturais bastante
diversos. Uma solução concebida para ser executada em concreto protendido tenderá a ser
bem diferente de uma solução para concreto armado. Comumente essas estruturas possuem
vãos maiores e consequentemente menos pilares quando comparadas às estruturas
projetadas para concreto armado.
ETAPA 2: CONCEPÇÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL
No pavimento, pode-se optar por solução com lajes maciças, nervuradas, lajes planas
diretamente apoiadas em pilares e lajes pré-fabricadas, com ou sem o uso de protensão.
Na fase da concepção, a criatividade e o conhecimento sobre o comportamento dos materiais
vão resultar em uma estrutura mais adequada às restrições impostas pela arquitetura, pelos
métodos construtivos e pelos custos envolvidos para executá-la. Um mesmo projeto
arquitetônico entregue a dez engenheiros diferentes resultará em dez soluções diferentes.
Haverá a solução que gastará menos materiais, a de mais fácil execução e a que conduzirá à
uma obra mais barata.
ETAPA 3: DETERMINAÇÃO DO CARREGAMENTO
A determinação dos carregamentos que incidem sobre a estrutura é uma das fases mais
importantes do desenvolvimento do projeto estrutural naquilo que diz respeito à segurança. É
preciso que se estimem essas cargas com certa precisão para que o dimensionamento dos
elementos possa ser feito de modo a evitar o desperdício ou, o que é pior, a perda da
estabilidade, que poderia resultar num inteiro colapso. Quanto à ocorrência dessas cargas, as
normas brasileiras as classificam em: permanentes, variáveis (ou acidentais) e excepcionais.
ETAPA 3: DETERMINAÇÃO DO CARREGAMENTO
As CARGAS PERMANENTES são aquelas que atuam com valores praticamente constantes
durante toda a vida útil da estrutura. Ex: Peso próprio (atua desde o momento da desforma até
o momento do colapso do elemento).
As CARGAS ACIDENTAIS são aquelas cuja atuação varia com o tempo. A grande maioria são as
cargas de utilização como o peso de pessoas e objetos.
As CARGAS EXCEPCIONAIS são as que têm duração extremamente curta e muito baixa
probabilidade de ocorrência durante a vida da construção, mas que devem ser consideradas
nos projetos de determinadas estruturas. Ex: explosões, choques de veículos, incêndios, etc.
ETAPA 3: DETERMINAÇÃO DO CARREGAMENTO
Outra carga acidental de grande importância é o vento. Especialmente em galpões e edifícios
altos, sua influência sobre a estrutura é bastante significativa. Numa dada localidade, a força do
vento numa edificação é fortemente influenciada pela topografia do terreno, pelas
características das construções vizinhas e por sua aerodinâmica.
No Brasil, a NBR 6123 fixa as condições exigíveis na consideração das forças devidas à ação
estática e dinâmica do vento, para efeitos de cálculo de edificações. Uma ressalva é que essa
norma não se aplica a edificações de formas, dimensões ou localização fora do comum, casos
em que estudos especiais devem ser feitos para determinar as forças atuantes do vento e seus
efeitos.
ETAPA 4: ANÁLISE DOS ESFORÇOS (CÁLCULO)
Essa etapa tem inicio com um pré-dimensionamento dos elementos, ou seja, o cálculo
propriamente dito ocorre a partir de definições de seções iniciais. Essas seções são verificadas
durante a etapa de cálculo e, portanto, são confirmadas ou ajustadas durante o processo.
Hoje em dia, o cálculo dos esforços, o dimensionamento das seções e o detalhamento da
armadura, são realizados por meio de sistemas computacionais extremamente sofisticados. No
Brasil, esses sistemas precisam trazer na sua programação os métodos de cálculo preconizados
pela NBR 6118. São sistemas que simulam o comportamento do edifício em modelos 3D e por
isso conseguem prever se o comportamento da estrutura. São sistemas complexos que exigem
um alto grau de perícia na sua utilização.
ETAPA 5: DIMENSIONAMENTO
Essa etapa consiste na confirmação das seções definidas para os elementos de concreto
armado.
ETAPA 6: DETALHAMENTO
Essa etapa consiste na APRESENTAÇÃO GRÁFICA dos elementos estruturais.
Do ponto de vista da apresentação gráfica, o projeto estrutural tem basicamente dois tipos de
desenhos: forma e armadura. Como o nome diz, os desenhos de forma (fôrma) determinam a
forma (fórma) da estrutura. Nessa planta, portanto, está definida toda a geometria da edificação,
o que inclui a indicação dos elementos estruturais acompanhados de suas respectivas
dimensões. Assim como a planta baixa utilizada nos projetos arquitetônicos, o desenho de forma
é obtido a partir de um corte horizontal feito à altura de 1,50 m em relação a um plano de
referência. A diferença é que na planta baixa representa-se o que está abaixo do plano e na
forma representa-se o que está acima.
Já os desenhos de armadura detalham as barras,
suas quantidades e diâmetros, bem como seu
posicionamento dentro dos elementos
estruturais.
Os aços mais utilizados em estruturas de
concreto armado são os do tipo CA50 e CA60.
Esses aços são geralmente comercializados em
barras de 12 m.
• Os edifícios podem ser constituídos, por exemplo, pelos seguintes pavimentos: subsolo, térreo,
tipo, cobertura e casa de máquinas, além dos reservatórios inferiores e superiores;
• Existindo pavimento-tipo, o que em geral ocorre em edifícios de vários andares, inicia-se pela
estruturação desse pavimento;
• Caso não haja pavimentos repetidos, parte-se da estruturação dos andares superiores, seguindo
na direção dos inferiores;
• A definição da forma estrutural parte da localização dos pilares e segue com o posicionamento
das vigas e das lajes, nessa ordem, sempre levando em conta a compatibilização com o projeto
arquitetônico.

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• Recomenda-se iniciar a localização dos pilares pelos cantos e, a partir daí, pelas áreas que
geralmente são comuns a todos os pavimentos (área de elevadores e de escadas) e onde se
localizam, na cobertura, a casa de máquinas e o reservatório superior. Em seguida,
posicionam-se os pilares de extremidade e os internos, buscando “disfarça-los” nas paredes ou
procurando respeitar as imposições do projeto de arquitetura;
• Deve-se, sempre que possível, dispor os pilares alinhados, a fim de formar pórticos com as
vigas que os unem. Os pórticos, assim formados, contribuem significativamente na
estabilidade global do edifício.

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• Usualmente os pilares são dispostos de forma que resultem distâncias entre seus eixos da
ordem de 4m a 6m. Distâncias muito grandes entre pilares produzem vigas com dimensões
incompatíveis e acarretam maiores custos à construção (maiores seções transversais dos
pilares, maiores taxas de armadura, dificuldades nas montagens da armação e das formas
etc.).
• Por outro lado, pilares muito próximos acarretam interferência nos elementos de fundação
e aumento do consumo de materiais e de mão-de-obra, afetando desfavoravelmente os
custos.

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• Deve-se adotar 19cm, pelo menos, para a menor dimensão do pilar e escolher a direção da
maior dimensão de maneira a garantir adequada rigidez à estrutura, nas duas direções.
• Posicionados os pilares no pavimento-tipo, deve-se verificar suas interferências nos demais
pavimentos que compõem a edificação.
• Assim, por exemplo, deve-se verificar se o arranjo dos pilares permite a realização de
manobras dos carros nos andares de garagem ou se não afetam as áreas sociais, tais como
recepção, sala de estar, salão de jogos e de festas etc.

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• Na impossibilidade de compatibilizar a distribuição dos pilares entre os diversos pavimentos,
pode haver a necessidade de um pavimento de transição. Nesta situação, a prumada do pilar é
alterada, empregando-se uma viga de transição, que recebe a carga do pilar superior e a
transfere para o pilar inferior, na sua nova posição.
• Nos edifícios de muitos andares, devem ser evitadas grandes transições, pois os esforços na
viga podem resultar exagerados, provocando aumento significativo de custos.

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• A estruturação segue com o posicionamento das vigas nos diversos pavimentos. Além daquelas
que ligam os pilares, formando pórticos, outras vigas podem ser necessárias, seja para dividir um
painel de laje com grandes dimensões, seja para suportar uma parede divisória e evitar que ela se
apoie diretamente sobre a laje.
• As alturas das vigas ficam limitadas pela necessidade de prever espaços livres para aberturas de
portas e de janelas.
• Como as vigas delimitam os painéis de laje, suas disposições devem levar em consideração o valor
econômico do menor vão das lajes, que, para lajes maciças, é da ordem de 3,5 m a 5,0 m. O
posicionamento das lajes fica, então, praticamente definido pelo arranjo das vigas.

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• As larguras das vigas são adotadas para atender condições de arquitetura ou construtivas.
Sempre que possível, devem estar “disfarçadas” na alvenaria e permitir a passagem de
tubulações. O REVESTIMENTO mínimo das faces das vigas em relação às das paredes
acabadas variam de 1,5cm a 2,5cm, em geral. Costuma-se adotar para as vigas no máximo
três pares de dimensões diferentes para as seções transversais. O ideal é que todas elas
tenham a mesma altura, para simplificar o escoramento.

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• A numeração dos elementos (lajes, vigas e pilares) deve ser feita da esquerda para a direita
e de cima para baixo.
• Inicia-se com a numeração das lajes – L1, L2, L3 etc. –, sendo que seus números devem ser
colocados próximos do centro delas. Em seguida são numeradas as vigas – V1, V2, V3 etc.
• Finalmente, são colocados os números dos pilares – P1, P2, P3 etc. –, posicionados junto a
eles, na forma estrutural.

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 Desenho que representa um corte
horizontal dado em um objeto.

 Ao contrário da planta baixa de


Arquitetura
arquitetura que corresponde a visão de
Pavimento
um observador acima de um
Estrutura
determinado plano ou pavimento, a
planta baixa de estrutura corresponde
a visão de um observador abaixo deste
mesmo plano ou pavimento.

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