Alguns ismos das Cincias Sociais

Janurio Francisco Megale

A humanidade caminhou, ao longo dos sculos, buscando compreender sua origem e
destino. Desde o epicurismo, o ceticismo, o estoicismo, sempre vivemos em meio aos ismos,
mas no conquistamos quase nada alm do epicurismo e do estoicismo, mesmo com o
cristianismo, o marxismo e outros "ismos" que ceifaram milhares de vidas inocentes..
!. ". #egale$

Comunismo, epicurismo, estoicismo, cristianismo, historicismo, capitalismo, socialismo,
imperialismo, funcionalismo, marxismo, cientificismo etc. so alguns dos inmeros "ismos" das cincias
sociais. O ue !em a ser um "ismo"" # !rias acep$%es, conforme a rea ou ramo de conhecimento.
&ssim, dogmatismo, ceticismo, su'(eti!ismo, relati!ismo, pragmatismo e criticismo referem)se a posi$%es
assumidas ou id*ias aceitas so're a possi'ilidade do conhecimento. % dogmatismo defende ue no
existe o pro'lema do conhecimento enuanto rela$o entre su(eito e o'(eto. &s coisas existem pura e
simplesmente, o (eito * acreditar. O ceticismo e o extremo do dogmatismo e afirma ue o su(eito no pode
apreender o o'(eto, da+ o conhecimento ser imposs+!el. J o sub&etivismo e o relativismo limitam a
!alidade do conhecimento ao su(eito. ,oda !erdade * relati!a, no h !erdade a'soluta. -ara o
pragmatismo, o conhecimento ou a !erdade significam utilidade, !alor, prtica. .uma posi$o diferente, o
criticismo admite o conhecimento, mas so' reser!a. .o * dogmtico nem c*tico, mas reflexi!o e cr+tico.
-ara cada um destes /ismos0 hou!e ilustres fil1sofos com suas o'ras clssicas. &l*m destes /ismos0 h
outros, referentes ainda ao conhecimento, so're sua origem e so're sua essncia.
.a cincia pol+tica, por exemplo, h alguns "ismos" 'em gerais e outros mais particulares ou
espec+ficos, como por exemplo, colonialismo, imperialismo, comunismo e 'onapartismo, chau!inismo,
'olche!ismo. &final, o ue !em ser um "ismo""
O "ismo" * uma posi$o filos1fica ou cient+fica ue sustenta algo so're uma id*ia, um fato, um
sistema, uma pol+tica, um programa, uma circunst2ncia etc. 3 uma id*ia central a nortear o adepto perante
o mundo ou em face de determinadas coisas. 3 um m*todo ou con(unto de !alores, * um principio ou
con(unto de princ+pios explicati!os so're alguma coisa ou algum fato. 3 uma filosofia ou um modo de !er o
mundo ou determinado pro'lema. # tantas defini$%es de "ismos4" uase uantos "ismos" h. Cada um
tem seu contexto hist1rico em ue surge e se desen!ol!e Ocorre, muitas !e5es, ue, ap1s passar a ser
moda ou um sistema de id*ias dominante, o "ismo" cai no ostracismo. Mais tarde, pode ressurgir, como o
li'eralismo, ue ap1s uase cem anos, !olta ao cenrio das id*ias da pol+tica econ6mica de !rios pa+ses,
chegando at* n1s, com a inaugura$o no 7io de Janeiro do 8nstituto 9i'eral, em :;<=, com outros
similares em >o -aulo, Curiti'a, ?elo #ori5onte e outras capitais. # ainda os "ismos4" apenas hist1ricos,
ue ti!eram seu tempo e ho(e esto ultrapassados, continuando !i!os apenas para compor o contexto
hist1rico)social de um passado pr1ximo ou remoto, do ual somos herdeiros como ci!ili5a$o e como
cultura.
& incluso deste cap+tulo neste roteiro de estudo tem tr+plice o'(eti!o. -rimeiro, mostrar ao aluno
ue todo "ismo" * sempre parte de um con(unto, parte de um processo no ual surge e se desen!ol!e,
podendo continuar ou ser su'stitu+do. .ada * gratuito nem fortuito na realidade social. O "ismo" tem ra+5es
e se desen!ol!e sempre !inculado a uma filosofia da hist1ria ou a uma explica$o pragmtica do
momento. @uase nunca * resultante s1 de um fato, mas englo'a a realidade como um todo cultural.
>egundo, al*m desta caracter+stica totali5ante, * oportuno lem'rar ue nem todo "ismo" surge como
resposta antag6nica ou como guerra a outro ou a ualuer teoria anterior, em'ora isto tenha ocorrida. #
"ismos" 'ipolares, opostos, mas so 'em menos numerosos ue os outros. # alguns, ue deri!ados de
outros, guardam sua essncia, mas diferem na aplica$o, no programa, na aceita$o te1rica ou na
posi$o metodol1gica. ,erceiro, h "ismos" ue passam para a hist1ria como !erdadeiras, piadas ou erros
grosseiros, e, pior ainda, se perpetuam em li!ros didticos. Cuidado, alertaA so as pala!ras de ordem
diante do cipoal te1rico das cincias sociais em tantos li!ros de!orados por mestres e alunos. .a listagem
a seguir so mencionados alguns ismos ue se encontram nesta situa$o.
Be modo algum esta rela$o * completa, no temos nada de completo neste roteiro, pois estamos
tratando de generalidades, de miscel2neas, com nenhum compromisso com profundidade neste momento.
,rata)se apenas de uma primeira aproxima$o.

&naruismo

O termo guarda o sentido etimol1gicoA sem go!erno. Boutrina ue defende uma sociedade li!re de
todo dom+nio. >ignifica li'erta$o de ualuer domina$o superior, de ordem ideol1gica Creligio, doutrina
pol+ticaD, de ordem pol+tica Cestrutura de poder hierarui5ada, de ordem econ6mica Cpropriedade dos meios
de produ$oD, de ordem social Cclasse ou grupo socialD, sindicatoE clu'e, associa$oD, de ordem (ur+dica
Cleis e normasD. O sentimento geral pela li'erdade indi!idual * transporto para a sociedade e encontra no
anaruismo forte aliado. O pensamento anruico surge no final do s*culo :<, com a o'ra de Filliam
GodHinA 'nquir( concerning political &ustice. & 'andeira do anaruismo Crecusa da autoridade e da leiD
est lan$ada nesta o'ra. Bentre os pensadores pol+ticos ue a'ra$aram o anaruismo, temos -roudhon,
?aIunin, Malatesta, >tierner, JropotIin.

&utoritarismo.
.as cincias sociais o termo tem dois sentidosA -rimeiro, comportamento ou personalidade
autoritrios, tendo como rea de in!estiga$o a psicologia. O li!ro clssico * A personalidade autorit)ria,
de &dorno. >egundo, ideologia ou !iso ue preconi5a os m*todos autoritrios so're os li'erais. O
autoritarismo se aproxima do totalitarismo. -ermite prticas li'erais conuanto su(eitas ao controle da
disciplina e da hieraruia. Kmprega algumas medidas excepcionais do totalitarismo mas no seus
princ+pios.

?onapartismo

& expresso tem duplo significado. O primeiro, referente L pol+tica interna, com origem em Marx C %
de*oito +rum)rio de ,u-s +onaparteD, expressa a forma de go!erno na ual o executi!o concentra todo
o poder em sua lideran$a carismtica, como representante direto da na$o, e r'itro imparcial perante
todas as classes. O segundo, no sentido de pol+tica externa, tem um componente de expansionismo com
duplo o'(eti!oE al*m da expanso territorial, tra5 o o'(eti!o de consolida$o do regime de go!erno contra a
oposi$o de grupos radicais. Misa a fortalecer o grupo dominante e enfrauecer os ad!ersrios internos.
.este sentido tem sido usado por historiadores alemes, como MeinecIe e Fischer, para explicar a pol+tica
externa da &lemanha guilhermina e na5ista. O despotismo do poder 'onapartista encontra sua !l!ula de
escape contra press%es internas na pol+tica externa.

Capitalismo

>istema econ6mico ue se fundamenta em alguns princ+pios, comoA
:D propriedade pri!ada dos 'ens ou meios de produ$oE
ND economia de mercado ou li!re)c2m'io, recusando ualuer limita$o ao mercadoE
=D utili5a$o da tecnologia sempre reno!ada na produ$oE
OD racionali5a$o do direito e da conta'ilidade em fun$o dos princ+pios acimaE
PD li'erdade de tra'alho e rela$%es capital)tra'alho reguladas pelo mercadoE
QD comerciali5a$o da economia com !istas ao lucro. O capitalismo defende uma economia li!re,
no centralmente planificada.
3 a li'erdade na produ$o. O Kstado no interfere seno para 'arrar a'erra$%es contra tais
princ+pios. O li'eralismo tem sido fortemente !inculado ao capitalismo. >1 !igora em pa+ses cu(o regime
pol pol+tico * tam'*m a'erto, li!re e democrtico. & *tica protestante contri'ui para o a!an$o do
capitalismo atra!*s de suas normas de !ida, como muito tra'alho, pouco consumo, !ida simples e muita
poupan$a rein!estida. >o muitos os autores clssicos do capitalismo como tam'*m os de seus inmeros
su'terras. Besde >om'art, Fe'er, >chumpeter, at* Gal'raith, #aReI, MRrdal e outros contempor2neos.

Clientelismo

Com origem na antiga 7omaE clientela designa!a a rela$o entre indi!+duos de status inferior, mas
ue !i!iam na comunidade, protegidos pelos chefes de fam+lia. 7ela$o de dependncia econ6mica e
pol+tica entre o chefe e o cliente numa fidelidade rec+proca. O clientelismo !igorou de maneira dominante
na pol+tica 'rasileira da Melha 7ep'lica C:<<;):;=SD, so' o dom+nio das oligaruias rurais. O li!ro
nacional ue 'em descre!e o clientelismo * .oronelismo, 'nxada e /oto, de Mitor .unes 9eal.

Comunismo

3 um regime pol+tico e um sistema econ6mico fundado em alguns princ+pios, entre os uais citam)
seA
:D o tra'alho * a nica fonte do !alorE
ND o capital * um cont+nuo rou'o ao tra'alhoE
=D o capitalismo * um sistema ue le!a a sociedade a uma crescente proletari5a$oE
OD o proletariado Cclasse tra'alhadoraD condu5ir a sociedade a uma no!a forma de regime pol+tico
e econ6micoE
PD para garantir e apressar a ret1rica do proletariado, * necessrio e urgente criar a conscincia de
classe.
>urgiu na Kuropa no s*culo :; e tem em Marx, Kngels e seus seguidores sua fundamenta$o
te1rica 'em estruturada. O Manifesto do -artido Comunista * a carta magna do comunismo. Como modo
de produ$o est superado para o futuro. O comunismo primiti!o * outra coisa 'em diferente, cu(os
resu+cios conhecemos atra!*s da antropologia, nas sociedades tri'ais, grafas, primiti!as ou sel!agens,
como nossos +ndios no)aculturados. Besde Marx e Kngels no cessa de crescer os apologistas tanto do
capitalismo como do comunismo.

Beterminismo Ce -ossi'ilismoD

# !rios determinismosE tratamos aui do geogrfico e, en passant, do econ6mico. O
determinismo econ6mico * um item ou t1pico de import2ncia secundria no conceito de modo de
produ$o e seu componente insepar!el de infra)estrutura. Bigo de import2ncia secundria porue o
determinismo econ6mico de Marx sofreu di!ersas interpreta$%es no correr do tempo. Marx no era to
determinista Cou mesmo marxistaD como seus int*rpretes e seguidores. O determinismo geogrfico tem
ra+5es profundas na hist1ria. J #ip1crates Cs*culo M a.C.D assinala!a em Dos ares, das guas e dos
lugares o carter determinista dos fen6menos f+sicos so're o comportamento humano. O mesmo ocorreu
com Montesuieu em Do esp-rito das leis C:<O<D, so'retudo com o clima como fator determinante do
carter do po!o.

D-me o mapa fsico de um pas, ... que lhe direi, a priori, qual regio ser relevante na
histria, no por acidente, mas por necessidade.

& afirma$o acima, de Mictor Cousin retrata 'em o significado do determinismo geogrfico.
8mputado a 7at5elE como grande di!ulgador desta teoria, o determinismo te!e grande di!ulga$o como
posi$o doutrinria da geografia alem, em oposi$o L geografia francesa, o ue no corresponde L
!erdade. & leitura de &ntropogeografia, de 7at5el, mostra o ledo engano desta tese difundida ainda em
li!ros didticos. Midal de la ?lache e a geografia francesa surgiram como di!ulgadores do -ossi'ilismo em
oposi$o ao determinismo geogrfico alemo. O possi'ilismo defende a possi'ilidade da a$o humana
so're o meio f+sico, so'retudo com o a!an$ar da t*cnica. Ks'arra com a ecologia ue com'ate o
crescente rompimento do euil+'rio ecol1gico. Besde #aecIel e >orre a ecologia tem sido tema
estreitamente ligado L geografia, fa5endo parte de sua nature5a ou sua essncia. & ri!alidade entre a
Fran$a e a &lemanha de ento, com a derrota francesa na guerra franco)-russiana C:<TSD, e a
reconhecida superioridade da geografia alem fi5eram com ue surgisse esta !incula$o do determinismo
L geografia alem e do possi'ilismo L geografia francesa.
O possi'ilismo no de!e ser confundido com possi'ilidades Cou oportunidadesD de !ida U
9e'enschancen ou life)chances U tema ligado L mo'ilidade social, tratado por Fe'er CKconomia e
>ociedade, :;NND na rea da sociologia.
Outra acep$o do possi'ilismo * a de determinismo cultural, to di!ulgado na antropologia do
s*culo V8V, a designar o crescimento regular da cultura ou o condicionamento cultural. Os dois clssicos
do tema so A antiga sociedade C:<TTD de Morgan, e A origem da fam-lia, da propriedade privada e
do 'stado C:<<OD de Kngels.

Ksuerdismo

O !oc'ulo tem dupla origem. -rimeiro, a pala!ra sIaios Cem grego, esuerdaD. >egundo, no
parlamento francs os oposicionistas C(aco'inosD ocupa!am as cadeiras do lado esuerdo Cla gaucheD. 3 a
posi$o pol+tica ue luta por reformas pol+ticas, sociais e econ6micas profundas ou por meio de processos
!iolentos, at* mesmo da re!olu$o. & esuerda geralmente representa uma for$a social re!olucionria, Ls
!e5es reformistaE nunca, por*m, conser!adora ou reacionria contra as uais luta com denodo. O conceito
se 'aseia na simetria espacial. 3 uma forma simplista de classificar pessoas e regimes pol+ticos. ,ermo
utili5ado pela linguagem (ornal+stica, pela linguagem oral, e at* mesmo pela linguagem acadmica, mas
com ele!ado grau de impreciso. &ui tam'*m h clssicos.

Fanatismo

O'edincia cega a uma id*ia, apoiada em um 5elo o'stinado at* chegar ao uso da !iolncia para
fins de proselitismo e de puni$o dos opositores ou indiferentes a tal id*ia ou cren$a. Kst su'(acente no
fanatismo a no$o de ue o ideal, a doutrina ou o o'(eti!o a'ra$ado e defendido * falso * perigoso, no
merecedor de tanta dedica$o e perse!eran$a. O fantico se op%e ao entusiasta, seguidor de uma id*ia
no're e 'en*fica. O fanatismo se prende ao dogmatismo e, em parte, encontra adeptos entre pessoas de
personalidade autoritria, ue no perce'em o erro ou o perigo ue passam a defender. O fanatismo no
uestiona a sua cren$a e adere ao sectarismo. 3 fen6meno antigo na humanidade, e a religio * sua fonte
mais freWente. Kntre autores ue trataram do tema destacam)se ,oruemada, Cal!ino e Clemente no
passado, e Goe''els neste s*culo.

Funcionalismo

Xm dos m*todos das cincias sociais. ,em como !iso central um sistema social cu(as institui$%es
contri'uem para a manuten$o do euil+'rio. & pala!ra fun$o expressa 'em o significado do m*todoA
cada 1rgo com sua fun$o 'em desempenhada e o sistema ter seu euil+'rio garantido. Km'ora (
usado por BurIheim em & di!iso do tra'alho social e O >uic+dio, o li!ro de 7adcliffe)?roHn Fun$o e
euil+'rio da sociedade primiti!a deram no!o impulso ao m*todo. Fun$o e euil+'rio so as pala!ras)
cha!es do funcionalismo enuanto m*todo de interpreta$o da realidade social. S funcionalismo no nega
a e!olu$o ou a mudan$a social, mas a perce'e atra!*s da seWncia de euil+'rio s gerados pelas no!as
institui$%es sociais ou no!a forma de estrutura$o das antigas institui$%es.

#istoricismo

Miso ou filosofia segundo a ual todos os !alores resultam de uma e!olu$o hist1rica. &
historicidade ou a inser$o cronol1gica, causal, condicionante e concomitante de e!entos na hist1ria
constitui posi$o assumida a priori, isto *, ela * pr*!ia e determina a inser$o dos fatos na hist1ria. >urgiu
no s*culo V8V e contou com eminentes historiadores para di!ulga$o e critica. O termo historicismo
apareceu em :<<: na o'ra de Jarl Ferner ) Giam'attista Mico como fil1sofo e pesuisador erudito, com o
significado de estrutura hist1rica da realidade humana. & ra5o su'stitui a pro!idncia di!ina na !iso
historicista, caracteri5ada pela conscincia hist1rica, pela historicidade do real. & humanidade *
compreendida por sua hist1ria e a essncia do homem no * a esp*cie 'iol1gica, mas sua hist1ria,
mo!ida pela ra5o. ,roeltsch, BiltheR, Mannheim, >pengler, #erder, ,oRn'ee figuram na galeria dos
historiadores ue di!ulgaram o historicismo, e -opper o criticou em 0he povert( of historicism, tradu5ida
em portugus como A misria do historicismo.

#umanismo

O termo humanismo surge em :<S< no li!ro & luta entre o filantropismo e o humanismo, de J. ..
.iethammer, no sentido de educa$o !isando L forma$o glo'al do indi!+duo atra!*s do estudo dos
clssicos gregos e latinos, em oposi$o Ls escolas da moderna pedagogia. O !oc'ulo surgiu
tardiamente, pois com este sentido ( era praticado !rios s*culos antes, por -etrarca C:=SO):=TOD,
Krasmo de 7otterdam C:OTQ):P=QD e muitos outros autores. .esta *poca o humanismo procura por em
destaue a dignidade da pessoa humana e sua autonomia em face da re!ela$o crist medie!al. Os
humanistas eram todos ex+mios helenistas e latinistas. & pr1pria nature5a e experincia humanas
constituem os fundamentos do humanismo. # um segundo significado como forma de !alori5ar o homem,
fora da religio, decorrente do naturalismo ateu. K h ainda um terceiro significado, mais usado ue o
anterior, como sin6nimo de filosofia, de !iso do homem e do mundo. .este sentido muitas filosofias
ad!ogam o humanismo, como o cristianismo, o marxismo, e muitos partidos pol+ticos o incluem em seus
princ+pios, como a democracia crist, o li'eralismo etc. & mxima do humanismo certamente seriaA omo
sum, humani nihil a me alienum puto Csou homem, nada do que humano me ser) estranhoD, !erso de
,erncio, escra!o li'erto e poeta latino Ccerca de :;S):P; a.C.D.

#umorismo

O c6mico, a pilh*ria, o grace(o, a ironia e o humor foram estudados por cientistas, desde os
fil1sofos antigos at* psic1logos do s*culo VV. Km'ora &rist1teles tenha tratado sucintamente do tema, os
antigos da!am import2ncia ao humorismo, como compro!a o !elho adgioA Castigat ridendo mores e as
antigas com*dias e stiras grego)romanas. >egundo ?ergson, a ironia consiste em fingir ser o ue se *
realmente, e o humor, em mostrar o ue * realmente, simulando o ue de!eria ser. Freud em & pilh*ria e
suas rela$%es com o inconsciente C:;SPD trata do c6mico e do humor, so' a perspecti!a da psicanlise.
Mas os clssicos do humorismo so ,heodor 9ipps com Comicidade e humorismo, :<;;E Juno Fisher,
>o're a pilh*ria, :<<;, e ?ergson, O riso, :;SS. O humorismo * tema importante e s*rio nas cincias
sociais, na imensa rea de incidncia entre antropologia, psicologia e sociologia.

8dealismo

3 uma das di!ersas posi$%es so're o conhecimento e so're a sua essncia. Considera o real
redut+!el L id*ia, ao pensamento, ou, em outros termos, a id*ia ou pensamento * a essncia da realidade.
-lato * o pioneiro a defender esta posi$o. O idealismo gnosiol1gico * tam'*m defendido pelo
cartesianismo e por ?erIeleR, e o idealismo transcendental por Jant, Male'ranche, Fichte, >chelling,
#egel e outros fil1sofos. &o idealismo se contrap%em o material ismo e a sua prxis. Marx se op%e
!eementemente ao idealismo em sua tr+plice forma metaf+sica, hist1rica e *tica. >uas primeiras o'ras, de
:<O= a :<OT, constituem ampla cr+tica ao idealismo. & hist1ria e a !ida real so simplesmente "a ati!idade
dos homens em 'usca de seus fins" C& sagrada fam+lia, :<OPD. &l*m do idealismo, h o realismo e a
fenomenologia como solu$%es metaf+sicas so're a essncia do conhecimento.

8ndi!idualismo

O termo pode ser compreendido como filosofia ou cren$a para a ual o indi!+duo * um fim em si
mesmo ) 8ndi!iduum est ineffa'ile ) e como uma teoria ue defende o primado do indi!+duo so're a
sociedade e o Kstado. K neste segundo sentido ue interessa Ls cincias sociais. 9i'erdade, propriedade
pri!ada e limita$o do poder do Kstado ) eis as pala!ras)cha!es do 8ndi!idualismo. # tendncia em se
!incular ou relacionar Capitalismo e 8ndi!idualismo 'em como >ocialismo e Coleti!ismo. Be fato, h
atri'utos comuns ue os aproximam. O li!ro de ,ocue!ille ) A democracia na Amrica ) foi um dos
primeiros a mostrar as conuistas sociais dentro de um indi!idualismo concreto, ue muito mais a
aproxima do li'eralismo. O indi!idualismo ora * atacado ora * defendido no decorrer dos tempos.
7ousseau e Mande!ille Cpor ele citadoD, BurIheim, ,oennies, #aReI e tantos outros tratam do tema.

8ntegralismo

Mo!imento pol+tico 'rasileiro dos anos :;=S so' a dire$o de -l+nio >algado, com apoio te1rico de
Oli!eira Miana, &l'erto ,orres e JacIson de Figueiredo. 3 uma forma de humanismo espiritualista
defendendo o primado do esp+rito so're o moral, do moral so're o social, do social so're o nacional, do
nacional so're o indi!+duo. ,inha por lema Beus, ptria e fam+lia, e por em'lema a letra grega maiscula
sigma significando somat1rio, unio. ,e!e influncia do na5i)fascismo, caindo tam'*m no preconceito
contra os (udeus e perdeu prest+gio com a derrota destes regimes na ltima guerra.

9i'eralismo

9i'eralismo * um conceito de muitas acep$%es. O termo no tem significado un+!oco. Muitos
li'erais e pouco li'eralismo, diria algum dos li'erais meio radicais em sua corrente. 3 um con(unto de
!alores a nortear a existncia humana. -ode ser enunciado de di!ersas maneiras, pois a'range a !ida
social em todos os seus aspectos. -ode)se di5er ue * uma !iso de mundo, uma filosofia do momento
presente. Caracteri5a)se por alguns princ+pios, entre os uais arrolamos os seguintesA
:D * indi!idualista, defendendo o primado do indi!+duo so're a sociedade ou ualuer grupo socialE
ND * igualitrio, admitindo e garantindo a igualdade do homem enuanto pessoa, cada um com seu
predicado moral igual, uaisuer ue se(am a origem *tnica, a religio, o partido pol+tico, o sindicato, o
clu'e etc.E
=D * uni!ersalista, defendendo a homogeneidade moral da esp*cie humanaE regi%es, estgios de
crescimento econ6mico, pa+ses e regimes pol+ticos so aspectos secundrios diante da igualdade moral
do homemE
OD * otimista, admitindo o aperfei$oamento das institui$%es sociais de cada sociedadeE
PD * recente na hist1ria da humanidade, surgindo ap1s a 7e!olu$o Gloriosa 8nglesa, e de modo
mais forte ap1s a 7e!olu$o Francesa, tendo como rai5 o pensamento de 9ocIe C:Q=N):TSODE
QD defende a li'erdade como direito natural de todo indi!+duo e toda autoridade * limitada por esse
direito.
O li'eralismo * uma teoria ou doutrina de li'erdade pol+tica e de li'erdade econ6mica. Be
conformidade com os uesitos anteriores, orienta a a$o do Kstado e de ualuer autoridade, !isando ao
'em comum, sem ferir ualuer indi!+duo ou grupo social. Kntre seus representantes contamos com
9ocIe, ,ocue!ille e, so'retudo com a Kscola de Miena. O li'eralismo ressurge agora no mundo com no!a
for$a. .o ?rasil ( temos !rios 8nstitutos 9i'erais, desde a cria$o, no 7io de Janeiro em :;<=E do
primeiro ncleo de pesuisas e de di!ulga$o do li'eralismo, nos moldes europeus. CKndere$os ) 7io de
JaneiroA &!. -res. Filson, N=:, NTY andar ) CasteloE >o -auloA 7ua ?ela Cintra, OT:, sala :N:.


Marxismo

3 um termo muito usado e com !rios significados. Beri!a de Marx C:<:<):<<=: e designa um
m*todo de interpreta$o das cincias sociais, uma filosofia da hist1ria, uma corrente de pensamento na
economia e mesmo um dogma ou religio. &s cincias sociais utili5am o marxismo como m*todo de
interpreta$o da realidade social ao encararem a sociedade como um processo din2mico mo!ido pelo
antagonismo ou conflito inerente Ls classes sociais. O recurso te1rico desta !iso * o materialismo
dial*tico aplicado L hist1ria da humanidade, ou se(a, o materialismo hist1rico. O conceito)cha!e * modo de
produ$o Cinfra)estrutura e superestruturaD. Como filosofia da hist1ria tem a mesma !iso metodol1gica,
a'rangendo sempre a tese, sua ant+tese e, do confronto das duas, a s+ntese, ue se afirma como tese e
no!o processo sempre recorrente. O carter determinante da infra)estrutura Cfor$as produti!as e rela$%es
de produ$oD mais o antagonismo entre as classes explicam o caminhar da humanidade desde o
comunismo primiti!o, ao escra!ismo, feudalismo, capitalismo at* o socialismo. Como corrente de
pensamento na economia, o marxismo guarda seu contedo desta !iso macro, mas desce para a
microeconomia, na teoria do !alor, em ue o tra'alho * a pala!ra)cha!e enuanto rela$o social, cu(o
resultado * o salrio S marxismo tem sido tam'*m um dogma ou religio com todas as caracter+sticas
desta. 3 o caso do marxismo)leninismo aplicado na Xnio >o!i*tica at* recentemente. O grande m*rito do
marxismo, em ualuer conceito em ue se(a empregado, * !incular sempre o econ6mico ao pol+tico,
en!ol!endo am'os pelo hist1rico.

Milenarismo

K um termo ue en!ol!e aspectos religiosos e pol+ticos. Besigna mo!imentos sociais surgidos
geralmente em momentos de crise, cu(o contedo e o'(eti!o * o retorno ao passado feli5 aui na terra. O
componente religioso * a cren$a irracional na sal!a$o iminente e total. O componente pol+tico * a
associa$o e a participa$o ati!a em decorrncia desta cren$a. S surgimento de um 8 l+der carismtico d
!igor ao mo!imento, cu(o messias ou sal!ador passa a controlar toda a massa religiosa politi5ada. O texto
clssico * o li!ro da -rofessora Maria 8saura -ereira de @ueiro5A O messianismo no ?rasil e no mundo. O
tema no foge de todo da psicologia social de!ido ao tipo psicol1gico do l+der a L tendncia a paroxismo,
produ5ida pela sugesto e imita$o !oluntria. & manipula$o das massas tam'*m est, muitas !e5es,
presente em tais mo!imentos.

-ositi!ismo

Con(unto de id*ias e doutrinas de Comte C:T;<):<PTD 'aseado nas o'ras .urso de filosofia
positiva C:<=S)OND, 1istema de filosofia positiva C:<P:)POD e .atecismo positivista C:<PN. &dmite a
e!olu$o da humanidade em trs estadosA teol1gico, metaf+sico e positi!o. ",udo * relati!o ) eis o princ+pio
a'soluto nico." Classificou tam'*m as cincias conforme a generalidade decrescente e a complexidade
crescenteA matemtica, astronomia, f+sica, u+mica, 'iologia, sociologiaE acrescentou mais tarde a
psicologia. Criou o !oc'ulo sociologia, di!idida em esttica Corganismo socialD cu(o fim * a ordem e
din2mica Ce!olu$o humanaD cu(o fim * o progresso. .o s*culo VV o positi!ismo ressurgiu com no!o nome
e outra preocupa$o, no C+rculo de Miena, empirismo l1gico ou positi!ismo l1gico.

>ectarismo
3 a adeso a um 8 l+der, a uma f*, a uma doutrina pol pol+tica, adeso firme e cega, at* as ltimas
conseWncias, mesmo a'surdas. ,em muita semelhan$a com o fanatismo e compromete o 'em)estar
social, atra!*s da persegui$o ou intoler2ncia dos seguidores e do a'andono do 'om senso, dos !alores,
direitos e de!eres do cidado. 3 o impulso passional ue mo!e o indi!+duo, no a ra5o. ,ra5 a conota$o
de esp+rito de seita, alimentado pelo 1dio.

>ocialismo
3 um regime econ6mico cu(os princ+pios so 'asicamente os seguintesA
:D propriedade social ou coleti!a dos meios de produ$oE
ND planifica$o social estruturada teoricamente com a finalidade de constituir uma sociedade mais
(usta, com minimi5a$o da desigualdade socialE
=D tendncia geral para a defesa da (usti$a igualitria. ,e!e seu auge no s*culo :; e Marx dedicou
um cap+tulo de seu Manifesto Comunista para os di!ersos tipos de socialismo, a fim de orientar intelectuais
e a classe operria contra tendncias ou correntes socialistas reformistas e 'urguesas. 3 e!idente ue tal
regime econ6mico no se(a adeuado ao li'eralismo ue inspira o capitalismo. >eu ideal de igualdade
tem, na realidade, di!idido a sociedade em dois segmentos ou classes distintasA o po!o cu(as
necessidades 'sicas so satisfeitas e os dirigentes cu(as necessidades sup*rfluas continuam a crescer,
ual peueno reduto capitalista dentro do socialismo. & X7>> * apontada como o modelo !i!o do
socialismo. Km face do fracasso econ6mico cont+nuo, surgem com esperan$a a Glasnost e a -erestroiIa,
cu(os xitos o mundo inteiro aguarda.

,otalitarismo

3 o primado do poder de Kstado so're o indi!+duo. 3 a expanso do controle e da a$o
permanente do Kstado so're a !ida social. O totalitarismo tem por princ+pio a a$o e o controle do Kstado
so're a sociedade, geralmente no admite partidos pol+ticos, sal!o o do poder. Os exemplos mais
caracter+sticos e recentes so os regimes na5i)fascista e so!i*tico. O li!ro clssico * %rigens do
totalitarismo, de #annah &rendt.


Xtilitarismo ou -ragmatismo

,eoria *tica e social ue defende a 'usca do poder como o'(eti!o do homem. K uma !erso
moderna do epicurismo, ou a 'usca da felicidade. >urgiu no final do s*culo V8V com J. ?entham e J. Mill.
,em certa semelhan$a com o hedonismo, diferenciando)se deste pelo aspecto moral. >egundo Me'len, o
homem econ6mico * um em*rito calculador de pra5eres e de sofrimentos, se se consideram o lucro e o
custo como pra5er e sofrimento. O direito ser!iu)se da id*ias utilitaristas, atra!*s da (urisprudncia
produ5ida pela o'ra de ?eccariaA Bos delitos e das penas, ue defendia a pena ou o sofrimento para todos
os criminosos, de ualuer classe sem distin$o, desde a no're5a at* a classe mais 'aixa. S crime de!e
ser compensado de seu pre(u+5o para com a sociedade atra!*s do castigo e a nica medida do crime * a
extenso do danoA maior crime, maior pena.