1

Fundamentos de Raciocnio
Analtico.
Ronaldo Pimentel- Lic.
Licenciado em Filosofia- UFJF
Mestrando em Filosofia- UFMG
Rodrigo Marcos de Jesus- Lic.
Mestre em Filosofia- UFMG
Flvio Fontenelle Loque- Ms.
Mestre em Filosofia- UFMG
Luciano Lisoa- Ms.
!ac"arel em Filosofia- UFMG
Mestrando em Filosofia - UFMG
#ont$m quest%es de e&ames sore Raciocnio Analtico
'resentes em 'rovas recentes do (este An'ad.
Mar)o de *+,,.
2
-./-#0
,. /o que trata a 'rova de Raciocnio Analtico do teste A.PA/1. 2
*. Argumento logicamente vlido e invlido ......................... 3
2. 4 termo 5analtico6 ................................................ 7
3. 0laora)8o de "i'9teses ......................................... ,,
:. Falcias ............................................................,2
!iliografia ...............................................................**
,. /o que trata a 'rova de Raciocnio Analtico do teste A.PA/1
Raciocnio Analtico uma disciplina relacionada identificao de
argumentos vlidos e invlidos na linguagem informal. Os argumentos
invlidos so tambm chamados falcias. A descrio das principais falcias
foi feita inicialmente no livro de lgica de Aristteles chamado Refutao
dos ofistas. Atualmente! a "gica #nformal tem sido retomada e ligada
pragmtica e retrica. $ssa %uno visa criar meios mais efica&es de
3
convencimento e de identificao de maus argumentos! o 'ue no nos
interessa a'ui at por'ue identificar um argumento como bom ou mau
depende da circunst(ncia em 'ue foi enunciado.

egundo o site do teste A)*A+! ,--*.//000.anpad.org.br/teste.php! esta
a seguinte descrio do e1ame de Raciocnio Analtico.
A prova de Raciocnio Analtico ob%etiva testar a habilidade do candidato
em avaliar uma suposio! infer2ncia ou argumento. 3ma suposio significa
um ato ou efeito de supor! estabelecer ou alegar por hiptese ou
con%ectura. 3ma infer2ncia significa um ato ou efeito de inferir! tirar por
concluso ou dedu&ir por raciocnio. 3m argumento significa um raciocnio!
indcio ou prova pelo 'ual se tira uma conse'u2ncia ou deduo.
4ada 'uesto consiste em um pe'ueno enunciado seguido por uma 'uesto
com cinco respostas possveis acerca desse enunciado. A tarefa do
candidato escolher a melhor dentre essas respostas.
$mbora os enunciados abordem diversos temas! estes so auto5suficientes
em termos de compreenso do tema! no re'uerendo do candidato o
conhecimento prvio do assunto tratado6 portanto! o foco da 'uesto
privilegia a anlise do argumento! da suposio ou da infer2ncia contidos no
conte1to do enunciado! e no em conhecimentos prvios sobre o tema do
enunciado em si.
*. Argumento logicamente vlido e invlido
3m argumento uma estrutura da linguagem lgica 'ue possui um corpo de
premissas! uma infer2ncia e uma proposio denominada concluso.
Premissa 1
Premissa 2
...
Premissa n
Inferncia:
Logo, Portanto,
etc.
Concluso
4
$1emplo
O e1emplo a seguir de um silogismo categ9rico. Os silogismos so
argumentos breves e possuem uma estrutura em 'ue aparecem tr2s termos
categricos distintos. )a infer2ncia! um dos termos desaparece! restando
apenas os termos e1tremos e o marcador da infer2ncia no argumento indica
essa situao.
*remissas. -odo animal mortal. O mico5leo5dourado um animal.
#nfer2ncia. *ortanto...
4oncluso. O mico5leo5dourado mortal.
A avaliao de argumentos depende da sem(ntica. A sem(ntica a parte da
lgica 'ue estuda o sentido das proposi7es! o sentido de uma proposio
pode ser verdadeiro ou falso. )um argumento lgico vlido! $ im'ossvel
que as 'remissas se;am verdadeiras e a conclus8o se;a falsa< uma ve=
que a conclus8o segue das 'remissas. 8ual'uer outra situao! portanto!
com respeito ao argumento torna5o logicamente invlido.
)o e1emplo acima! se for assumido 'ue as premissas do argumento so
todas verdadeiras! no h como negar a verdade da concluso. A infer2ncia
imediata.
9as h casos! por e1emplo! em 'ue a verdade ou falsidade da concluso no
tem como ser sustentada pelas premissas do argumento. $sse um caso de
argumento logicamente invlido.
5
$1emplo
*remissas. -odo brasileiro lusfono. -odo brasileiro cordial.
#nfer2ncia. *ortanto...
4oncluso. -odo lusfono cordial.
Observe 'ue! nesse caso! partindo da verdade de todas as premissas! no h
como sustentar a verdade da concluso. )o h informao suficiente nas
premissas 'ue podem indicar 'ue :-odo lusfono cordial.;! o 'ue torna o
argumento logicamente invlido! ou falacioso.
*ortanto! em argumentos em 'ue a concluso no pode ser sustentada pelas
premissas! a sua avaliao como sendo invlido. A situao em 'ue a
concluso! apesar de verdadeira! no estar locali&ada nas premissas ser uma
verdade no sustentada pelas premissas no nos interessa a'ui. *ortanto! no
raciocnio analtico! assumimos como verdadeira <nica e e1clusivamente as
premissas do argumento! ou se%a! o enunciado do e1erccio! e avaliamos a
argumentao de acordo com as respostas ou a concluso do argumento.
6
2. 4 termo 5analtico6
3ma definio negativa do termo :analtico; di&er 'ue a'uilo 'ue no
:sinttico;. 3ma ve& 'ue o 'ue sinttico a'uilo 'ue acrescentado! ou
reunido! o 'ue analtico a decomposio ou a simples repetio. O
restante da seo dei1a a definio de :analtico; e1plcita.
=amos descrever agora dois e1emplos 'ue se aplicam o termo analtico.
*rimeiro! em proposi7es analticas! depois! em um silogismo.
7
a> /iscuss8o do e&em'lo das 'ro'osi)%es> egundo o filsofo ?ant!
toda proposio analtica 'uando o su%eito da proposio di& a mesma coisa
'ue o predicado da mesma proposio. )o caso @A> 1 igual a 1! o su%eito da
proposio! :1; di& a mesma coisa 'ue o predicado! : igual a 1;! ou se%a! no
acrescentou nada no nosso conhecimento de 1. A mesma coisa acontece em
@B>! 'uando afirmo :-odo tri(ngulo tem tr2s lados.; )o foi acrescentado
nada ao conhecimento do tri(ngulo! por'ue est implcito no conhecimento
do tri(ngulo 'ue ele tem tr2s lados.
b> /iscuss8o do e&em'lo do silogismo> O termo :analtico; a'ui pode
ser descrito como tirar uma parte de um todo. -emos o universo dos
mortais em 'ue est contido o universo dos homens e 'ue entre os homens
h outro universo! o dos gregos. C claro 'ue possvel inferir 'ue todo
grego mortal nesse caso.
e fosse dito 'ue :-odo grego filsofo;! nesse e1emplo de silogismo!
ento o raciocnio no analtico! por'ue nesse caso h um acrscimo de
conhecimento aos dados do silogismo. =eremos 'ue isso uma falcia de
concluso irrelevante.
$1emplos de proposi7es analticas.
@A> 1 igual a 1
@B> -odo tri(ngulo tem tr2s lados.
@D> =oc2 voc2.
$1emplo do silogismo.
@A> -odo homem mortal.
@B> -odo grego homem.
@D> "ogo! grego mortal.

Assim< ao di=er 5analtico6 temos que ter em mente duas coisas>

?,@ .8o " acr$scimo de informa)8o.
?*@ Analisar $ retirar uma 'arte do todo ?inferir@.Aao inferir n8o "
acr$scimo de informa)8oB
3m e1emplo simples.
:, muito tempo atrs! num pas distante! havia um velho rei 'ue tinha tr2s
filhas! inteligentssimas e de indescritvel bele&a! chamadas Euilhermina!
Eenoveva e Eriselda. entindo5se perto de partir desta para melhor! e sem
saber 'ual das filhas designar como sucessora! o velho rei resolveu
submet25las a um teste. A vencedora no apenas seria a nova soberana!
como ainda receberia a senha da conta secreta do rei @num banco suo>!
alm de um fim de semana! com despesas pagas! na +isneFl(ndia.@...>;
A
+esse te1to! podemos inferir vrias coisas! analisando5o! decompondo em
partes! sem acrescentar mais informao do 'ue a'uela contida no te1to.
*odemos inferir 'ue. @A> O rei acredita 'ue vai morrer6 @B> A futura rainha
ser uma pessoa inteligente6 etc.
0&erccio ,> -ente inferir mais coisas desse te1to.
a. 0&em'los de situa)%es 5analticas6
-. 4s argumentos l9gicos vlidos
p ! ' ora p logo '. )o h acrscimo de conhecimento 'uando reali&amos
infer2ncias. Outro e1emplo de infer2ncia tipicamente analtica. p G ' logo '.
1
"#$%&$I, C. &. 'Intro(u)o * L+gica,, -o Paulo: .(. /nes0, 2111
2
)o h acrscimo de conhecimento na proposio inicial em relao
concluso! por isso os argumentos lgicos vlidos so analticos.
--. As 'alavras que s8o sinCnimas ou descri)%es definidas
:O sucessor de &ero um n<mero inteiro.; H :A um n<mero inteiro.;
:A guerra foi um fracasso.; H :O combate foi um fracasso.;
---. Dim'les re'eti)8o
*el mineiro e "ula nordestino! se for inferido 'ue "ula nordestino! h
a re'eti)8o de 'arte de um te&to anterior. #sso um processo inferencial
analtico! e possui a forma de um argumento logicamente vlido.
0&. ,>
@A)*A+ IB/BIIJ> ob uma burocracia de $stado competente e
meritocrtica! relativamente imune a press7es polticas! capa& de
estabelecer um plane%amento racional para uma tra%etria superdin(mica de
acumulao produtiva K tanto por parte do setor estatal como de seu
pu%ante setor privado emergente K! e contando com um sistema bancrio
:sociali&ado; 'ue mobili&a e oferta crdito barato do longo pra&o segundo as
prioridades estabelecidas! a 4hina vem crescendo nas <ltimas duas dcadas
e meia a uma ta1a mdia de L!MN ao ano. +esde ALOI! sua renda per capita
aumentou DIIN! universali&ou5se a educao bsica e o percentual de
%ovens 'ue fre'uentam universidades subiu de B!BN para BAN! concentrados
em engenharias e em carreiras tcnicas. )o mesmo perodo! as e1porta7es
chinesas! saindo de I!LN! alcanaram P!MN das e1porta7es mundiais em
BIIQ! e assim a 4hina se transformou no terceiro protagonista do comrcio
mundial.
11
8ual das seguintes alternativas pode ser inferida a partir da leitura do
te1to acimaR
A> O fato de a 4hina apresentar desempenho superior no campo
econSmico decorrente de um imenso e1cedente populacional 'ue redunda
na disponibilidade perene de mo de obra abundante e barata. @acrscimo de
informao>
T> A opo chinesa! 'ue envolve abertura econSmica ampla e controle
social severo! propiciou as condi7es polticas indispensveis para aliar
desenvolvimento sustentvel e estabilidade. @acrscimo de informao>
4> U 'ue o sistema@hiptese> chin2s relativamente imune a press7es
polticas! foi5lhe possvel e1ecutar consistentemente um plane%amento
racional! o 'ue colocou a 4hina na melhor posio do 'ue outras na7es.
@proposio analtica e hipottica>
+> Outros pases em desenvolvimento no lograram crescimento nos
patamares chineses devido e1ist2ncia de condi7es polticas
desfavorveis 'ue no lhes permitiram adotar estratgias competitivas.
@acrscimo de informao>
$> e outros pases em desenvolvimento adotarem os mesmos
fundamentos econSmicos escolhidos e implementados pela 4hina!
certamente obtero os mesmos resultados de desempenho.
11
Observe 'ue a letra 4 praticamente repete o conte<do do te1to! uma
proposio analtica. A terceira proposio em 4 uma hiptese. =eremos
abai1o como funciona uma hiptese.
3. 0laora)8o de "i'9teses
3ma hiptese uma suposio! um argumento provvel. $las so provveis
conclus7es de um argumento posto no enunciado da 'uesto. 9esmo assim!
uma suposio no dei1a de ser errada! mas deve estar coerente com o
restante do corpo te1tual. Raciocnios hipotticos no so evidentes.
=e%amos uma descrio de um argumento hipottico.
:, argumentos 'ue no t2m como demonstrar a verdade de suas
conclus7es como conse'V2ncias necessrias de suas premissas. Ambicionam
apenas caracteri&5las como provveis! ou provavelmente verdadeiras @...>.
#ntegram o campo das infer2ncias no demonstrativas.;
B
A segunda proposio de 4 no e1emplo A uma hiptese. )o enunciado! h a
frase 5?...@ e assim a #"ina se transformou no terceiro 'rotagonista do
com$rcio mundial.6 O 'ue coerente com! em 4. 5o que colocou a #"ina na
mel"or 'osi)8o do que outras na)%es.6 Observe 'ue ainda no ouve um
acrscimo significativo de conhecimento em relao ao enunciado e a
resposta certa! o 'ue no ocorre nas outras alternativas em 'ue o acrscimo
de conhecimento evidente. C coerente pensar 'ue uma nao est em
melhor posio 'ue outras na7es 'uando ela assume a terceira posio no
ranWing mundial.
2
#LI3&, &. '4ilosofia (a Cincia,, Col. Passo a Passo, no. 31, $io (e 5aneiro, 5orge 6a7ar .(itor, 2113
12
0&. *> )um dado concurso p<blico! verificou5se 'ue o n<mero de candidatos
por vaga era BII/vaga. ,ipoteticamente! algum pode inferir 'ue o
concurso era muito concorrido.
0&. 2> =e%amos outro e1emplo com elaborao de hipteses6 a'ui! a
coer2ncia com a idia do te1to importante.
A)*A+ @IB/BIIJ>. ero os combustveis derivados da biomassa! de fato!
uma alternativa vivel para e'uacionar a 'uesto energticaR $ssa uma
pergunta 'ue desafia seriamente os 'ue se prop7em compreender os rumos
da civili&ao. egundo cientistas das 3niversidades de 4ornell e da
4alifrnia @TerWeleF>! a resposta 'ue no h benefcio energtico em
utili&ar a biomassa das plantas para produ&ir combustveis l'uidos. $les
estudaram as matri&es energticas de inputs para produ&ir etanol a partir
de biomassas de milho! de capim e de madeira! bem como para produ&ir
biodiesel a partir da so%a e do girassol. )o caso da so%a! concluram 'ue a
produo de uma unidade de energia gasta A!BJ unidades de energia fssil!
ou se%a! implica um dficit energtico de BJN. *ara o milho! a lacuna
aumenta para BLN6 para o capim! QMN6 para a madeira! MJN e! para o
girassol! alarmantes AAON.
A> A deseconomia na produo de combustveis alternativos dei1a clara
a concluso de 'ue os derivados de petrleo so a <nica alternativa
energtica vivel. @proposio no coerente idia do enunciado>
T> , relatos fre'Ventes sobre o sucesso de e1peri2ncias 'ue envolvem
o uso do hidrog2nio como alternativa energtica e! por isso! essa
opo deve ser adotada rapidamente. @acrscimo de conhecimento>
13
4> Apesar do dficit energtico! eventuais programas para produ&ir
combustveis alternativos a partir da biomassa t2m sido
desenvolvidos por outras motiva7es! como a estratgica. @proposio
hipottica>
+> Algumas montadoras % lanaram no mercado modelos hbridos! 'ue
combinam o uso de gasolina e eletricidade e! se isso e1pandir! a
necessidade de se buscarem combustveis alternativos diminuir.
@acrscimo de conhecimento>
$> 4omo o Trasil tem disponibilidade de reas agricultveis! alm de sol
e de gua em abund(ncia! podemos produ&ir combustveis de biomassa
com maior efici2ncia energtica do 'ue di& o te1to. @proposio no
coerente idia do enunciado>
:. Falcias
-emos visto 'ue as alternativas erradas das 'uest7es de raciocnio analtico
envolvem acrscimo de conhecimento em relao ao enunciado do e1erccio!
esses acrscimos so contingentes ou falaciosos. As falcias so
argumentos invlidos! no h procedimento analtico ou inferencial entre as
premissas @enunciado> e a concluso de um argumento @alternativas>. )em a
possibilidade de formulao de hipteses coerentes ao te1to. )esse caso! o
argumento se torna contingente! no inferencial! acrescido de conhecimento
ou de dados irrelevantes. =amos elencar a'ui as principais falcias
importantes para o teste A)*A+.
a. Dilogismo com termo n8o-distriudo
14
)um silogismo vlido! h um fenSmeno chamado transitividade entre tr2s
termos distintos. Os termos so o termo menor! o termo maior e o termo
mdio. 8uando ocorre o silogismo! o termo mdio desaparece. 9as para isso
acontecer! o termo deve estar distribudo. )o ocorrendo isso! o silogismo
um argumento logicamente invlido.
$1emplo
@A)*A+ %un/BIIL> $m uma ind<stria.
-odos os produtos alimentcios t2m data de validade6 e
-odos os produtos compostos de plstico t2m data de validade.
*ortanto! conclui5se 'ue todos os produtos alimentcios so compostos de
plstico.
O argumento apresentado acima invlido por'ue.
a> Apresenta um sofisma! ha%a vista 'ue! aparentemente! envolve uma
descrio ambgua sobre os dois tipos de produtos em foco.
b> 4onsidera! erroneamente! 'ue dois tipos diferentes de produtos so
e'uivalentes! 'uando apenas compartilham de um atributo em comum.
c> C baseado em outro argumento! oriundo de outra fonte! e
evidentemente sustenta sua concluso em um raciocnio circular.
d> 4ontm uma analogia entre dois atributos no similares presentes nos
dois tipos de produtos da ind<stria em 'uesto.
e> $st incompleto! ou se%a! sua formulao no contempla elementos
suficientes para 'ue se possa avali5lo corretamente.
15
:.*. #onclus8o irrelevante
8uando a concluso de um argumento e1trapola indevidamente as premissas.
)este caso! pode5se afirmar 'ue a concluso :no tem nada a ver; com o 'ue
fora dito.
$1emplo
O presidente do Trasil! o "ula! vai promover a igualdade social! garantindo a
incluso social das classes mais desfavorecidas. "ogo! O presidente "ula vai
confiscar os imveis desocupados e os automveis da classe mdia5alta e
distribuir aos mais pobres.

:.2. /eclive 0scorregadio ?Dli''erE Dlo'e@
C uma falcia tpica do discurso argumentativo ou da disputa. Ocorre 'uando
uma ve& aceita uma premissa! o argumentador leva o oponente a aceitar
toda uma srie de conclus7es absurdas ou 'ue levam gradativamente a um
absurdo. 8uando a argumentao gradativa! em 'ue h um acrscimo
padro sendo iterado! di&emos 'ue estamos diante de um argumento sorites!
como no e1emplo a seguir.
$1emplo.
3m policial rodovirio mede a velocidade de carros na rodovia com um radar
com o ob%etivo de multar 'uem est em e1cesso de velocidade. A velocidade
m1ima OI?9/h. A margem de toler(ncia do policial de B?m/h. O veculo
16
A passou a OB?m/h. 4omo o veculo estava na margem de toler(ncia! ento o
policial no multa esse veculo. O veculo T passa a OQ?m/h! ou se%a! B?m/h a
mais 'ue o veculo A. O dono do veculo T argumenta com o policial 'ue ele
est numa margem de toler(ncia de B?m/h em relao ao veculo A! e 'ue
portanto no deveria ser multado. O policial termina por no multar o
veculo T. O veculo 4 passa a OP?m/h! estando B?m/h alm do veculo T! o
policial levado a relevar o veculo 4. 3tili&ando esse raciocnio! o policial
levado ao absurdo de no multar nenhum veculo 'ue passe a 'ual'uer
velocidade! uma ve& 'ue o policial aceitou 'ue o veculo A passasse a
OB?m/h.
:.3. Generali=a)8o a'ressada ?0statstica insuficiente ou tendenciosa@
8uando se concede ao todo atributos especficos de uma parte sem haver
uma enumerao suficiente. C como uma viso deturpada.
$1emplo
@A)*A+ IB/BIIJ> @modificada> :As famlias brasileiras fa&em BIN de suas
compras utili&ando cart7es de crdito! de dbito e de lo%as @...>.; "ogo
Atualmente BIN das famlias brasileiras fa&em compras com cart7es de
dbito! de crdito e de lo%as.
$1emplo
17
Algum entra numa gran%a e nota 'ue todas as galinhas dessa gran%a so
brancas. *ortanto! essa pessoa conclui 'ue toda e 'ual'uer galinha branca.
:.:. Falsa #ausa ?Post Foc@
-oma como premissa de uma concluso! uma causa! 'ue no leva
efetivamente ao efeito @concluso>. 8uando uma causa no leva concluso
'ue estamos esperando! di&emos 'ue a causa esp<ria.
$1emplo
9rio foi curado da dor de cabea por'ue re&ou um pai5nosso e de& ave5
marias.
)esse caso! a re&a aparece como uma causa esp<ria.
$1emplo
O e1emplo do raio e do trovo bem paradigmtico.
$vento # $vento ## $vento ### -empo
A'ui a causa esp<ria ocorre 'uando consideramos 'ue o raio a causa do
trovo. O 'ue no verdade. O 'ue causa o trovo uma descarga eltrica
anterior aos dois eventos.
8escarga
.l9trica
$aio
%ro:o
1
$1emplo. @A)*A+ BIIM> Os %uros altos no e1plicam totalmente os
espl2ndidos resultados dos grandes bancos brasileiros. Os bancos lideres de
mercado formam o setor da economia 'ue mais rpida e eficientemente
reagiu s bruscas mudanas de ambiente econSmico pelas 'uais o Trasil
passou nos <ltimos AI anos. 8uando o *lano Real cortou a %ugular da inflao
em ALLQ! os analistas disseram 'ue os bancos sofreriam para sobreviver
com estabilidade financeira. +epois! previu5se 'ue seriam engolidos pelos
bancos estrangeiros! todos como mais eficientes! modernos e adaptados
vida sem inflao. *or <ltimo! alguns especialistas estimaram 'ue o lucro dos
bancos despencaria na mesma proporo da ta1a de %uros $"#4. $ntre os
meses de fevereiro de BIID e de BIIQ! a $"#4 caiu de BP!MN para AP!MN
ao ano! mas mesmo assim! o lucro dos bancos cresceu no mesmo perodo.
-odas as alternativas podem ser inferidas a partir do te1to acima!
$X4$-O.
A> *elo menos entre fevereiro de BIID e de BIIQ! os n<meros indicam 'ue a
ta1a de %uros apresentou uma tra%etria descendente.
T> O *lano Real provocou diretamente o aumento dos lucros dos bancos!
eliminado a inflao e cortando a ta1a de %uros $"#4.
4> Os analistas erraram flagrantemente ao avaliar o efeito das mudanas
econSmicas sobre os balanos dos maiores bancos brasileiros.
12
+> Outras variveis intervenientes! alm de altas ta1as de %uros! t2m
influ2ncia sobre os resultados financeiros dos bancos lderes de mercado.
$> O Trasil passou por profundas mudanas econSmicas na <ltima dcada!
provocando resultados dspares em setores diferentes.
:.7. 0&em'lo com conclus8o irrelevante e generali=a)8o a'ressada
@A)*A+ IB/BIIJ> )eville #sdell construiu sua reputao na 4oca54ola como
diretor de opera7es do grupo nas Yilipinas! nos anos OI. Z poca! a
empresa detinha DIN do mercado local e era inferior! em todos os
aspectos! rival *epsi4o. O e1ecutivo irland2s sinali&ou suas inten7es ao
comparecer a uma conveno em uniforme de combate e lanar uma garrafa
de *epsi contra a parede. 8uando dei1ou o pas! cinco anos depois! a 4oca5
4ola duplicara sua fatia de mercado! dei1ando para tra& a *epsi.
O 'ue se conclui a partir da leitura do te1to acimaR
A> O mercado das Yilipinas reprodu&ia uma situao mundial.
@generali&ao apressada>
T> 4on'uistar LIN do mercado filipino foi um resultado decisivo para a
4oca5cola. @generali&ao apressada>
4> A *epsi4o! nos anos OI! apresentava melhor desempenho do 'ue a
4oca54ola.@concluso irrelevante>
21
+> A situao da 4oca54ola s era inferior da *epsi4o nas Yilipinas.
@generali&ao apressada>
$> A disputa pelo mercado filipino foi considerada uma guerra. @note a
sinonmia K analiticidade K com a terceira proposio do te1to>
:.G. Argumento #onsensual
8uando se pressup7e 'ue uma opinio adotada pela maioria corresponde
verdade pela simples ra&o de ser sustentada pela maior parte das pessoas.
-rata5se de um sofisma por'ue! evidentemente! nada impede a maioria de
incorrer em erro.
$1emplo
)um %ulgamento! algum condenado por'ue consensualmente os %urados
acreditam 'ue o ru considerado culpado de um crime. 9as a inoc2ncia
desse ru vem a ser provada anos depois! o 'ue um e1emplo de falcia
consensual.
:.H. Argumento contra a 'essoa ?Argumentum ad "ominem@
8uando se tenta refutar uma posio atacando a pessoa 'ue a sustenta.
-rata5se de um sofisma por'ue a validade de um argumento ou a verdade de
21
um enunciado impelem do carter da pessoa 'ue os profere como origem
social! cor! opo se1ual! etc.
$1emplo. itua7es em 'ue uma empresa no contrata uma mulher! um idoso
ou um homosse1ual por conta da imagem e no pela compet2ncia ou
e1peri2ncia no currculo.
Falcias de amigIidade
8uando os argumentos cont2m formula7es @palavras ou frases> ambguas!
cu%os significados variados se alternam! de forma sutil! ao longo da
argumentao. Os tipos de falcias de ambigVidade mais comuns so.
:.J. 0quvoco
8uando se emprega um termo ou uma frase de carter poliss2mico! dentro
de um mesmo conte1to! de modo a indu&ir o interlocutor a uma
interpretao ou compreenso errSnea da argumentao.
$1emplo
Os advogados defensores de psicopatas assassinos so desumanos. "ogo!
nenhum homem vem a se tornar um advogado defensor de psicopatas
assassinos.
:.,+. Anfiolia
8uando se argumenta a partir de premissas cu%as formula7es so
gramaticalmente mal construdas.
$1emplo
Os ricos sempre adoram um dinheiro. "ogo! 39 dinheiro adorado por
todos os ricos e1iste.
22
:.,,. #om'osi)8o
8uando se parte das propriedades das partes de um todo para afirmar as
propriedades do todo.
$1emplo
Os livros dessa instante custam R[ DI!II. "ogo! toda esta instante custa
R[ DI!II.
:.,* /ivis8o
8uando se considera 'ue a'uilo 'ue verdade para o todo necessariamente
verdade para as partes.
$1emplo
O pacote de balas custa R[M!II. "ogo! cada bala custa R[ M!II.
:.,2. Knfase
8uando se enfati&a ou se destaca partes de um enunciado alterando ou
indu&indo um determinado significado.
F-A( D(-L4 3 P4R(AD P4R
R[ BML!II
$m AII presta7es.
4omo afirma 4opi. :As falcias so armadilhas em 'ue 'ual'uer um de ns
pode cair! 'uando raciocina. \...] )o e1iste 'ual'uer mtodo seguro para
23
evitar falcias;. Assim! preciso vigil(ncia constante! ter clare&a nos
termos5chave de um enunciado e compreenso da fle1ibilidade da linguagem
e da multiplicidade de seus usos. Ainda 'ue o teste A)*A+ no e1i%a 'ue se
identifi'uem os tipos de falcias a classificao acima permite um melhor
entendimento dos aspectos envolvidos nesse teste.
T#T"#OERAY#A
+$4AR-$! R. :+iscurso do 9todo; in Os *ensadores! o *aulo. )ova
4ultural! ALLP
9OR-AR#! 4. A. :#ntroduo "gica;! o *aulo. $d. 3nesp! BIIA
?A)-! #. :"gica;! Rio de Uaneiro! T-3! BIID
4O*#! # :#ntroduo "gica;! o *aulo! 9estre Uou! ALJQ
?$""$R! =. ^ TA-O! 4. ". :Aprendendo "gica;! *etrpolis! =o&es! BIIB
A"9O)! _. 4. :"gica;! Rio de Uaneiro! "-4! BIIB
AE3#AR! -. :4ausalidade e +ireo do -empo;! Telo ,ori&onte! $d. 3Y9E!
BIIO
O"#=A! A. :Yilosofia da 4i2ncia;! Rio de Uaneiro! $d. `A,AR
*O**$R! ?. :4on%ecturas e Refuta7es;! Traslia! $d. 3nT