Alkmin 2004
Alkmin 2004
Alkmin 2004
Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto Ouro Preto, MG
alkmim@degeo.ufop.br
Resumo:
luz do conhecimento atual, crtons so entendidos
como partes diferenciadas da litosfera continental, caracterizadas por possurem espessas e antigas razes mantlicas. Em
virtude disso, exibem alta resistncia mecnica e comportamento tectnico marcado por longa estabilidade. O Crton do
So Francisco definido e delimitado como componente da
Plataforma Sul-Americana no envolvido na tectognese
brasiliana do final do Neoproterozico. Embora ainda no
tenha a sua estrutura profunda caracterizada, mostra todos
os traos superficiais e o comportamento tectnico tpicos dos
crtons. O seu substrato constitudo por um bloco arqueano
que ficou poupado das orogneses do Proterozico e partes
de um orgeno paleoprotezico, desenvolvido durante o
Evento Transamaznico, por volta de 2,1 Ga. As suas coberturas se distribuem em duas grandes feies morfotectnicas,
a Bacia do So Francisco e o Aulacgeno do Paramirim. As
coberturas, juntamente com as estruturas deformacionais que
exibem, registram uma histria tectnica em que os episdios
mais importantes foram: i) a tafrognese estateriana em torno
de 1,75Ga; ii) a tafrognese toniana, por volta de 900 Ma; iii)
inverso parcial e subsidncia flexural durante o Evento
Brasiliano; iv) a glaciao do Gondwana no PermoCarbonfero; e v) renovada tafrognese durante o evento SulAtlntico, no Cretceo. Ao caracterizar e delimitar o Crton
do So Francisco, o Professor Fernando F. M. Almeida o faz
com enorme sofisticao cientfica, entendendo-o desde j
com uma entidade tridimensional e revelando a sua genealogia.
Palavras-chave: Crton, Razes Mantlicas, Crton do
So Francisco, Fernando F. M. Almeida.
Abstract:
Cratons are presently viewed as differentiated components of the continental lithosphere, for the fact that they are
endowed with thick, cold, old, but buoyant mantle roots.
Consequently, they have a very high lithospheric strength that
avoids pervasive deformation. The So Francisco craton in
eastern Brazil is one of three other major components of the
South American continent that were not significantly affected
by the Neoproterozoic brasiliano orogenies. As such the So
Francisco craton displays the typical attributes and tectonic
behavior of the cratons identified worldwide, although its deep
structure is not yet characterized. The basement of the So
Francisco craton encompasses an Archean block not involved
in the Proterozoic orogenies and segments of a
Paleoproterozoic orogen, which consists of reworked Archean
crust, microcontinents and a magmatic arc. The craton covers
define two major morphotectonic units, namely the So
Francisco basin and the Paramirim aulacogen. Together with
the tectonic structures they display, the cover units record five
major tectonic events: i) the 1,75 Ga Statherian taphrogene-
18
Cap I
19
Fig. 2 - Principais crtons delimitados no territrio brasileiro e sua expresso no relevo. Notar que sobre os grandes crtons esto as
grandes bacias hidrogrficas e as grandes sinclises. Observar tambm que os grandes altos topogrficos e estruturais correspondem s
faixas orognicas brasilianas. Mapa do relevo do Brasil elaborado por J.B.Franolin e subdiviso tectnica do Brasil baseada em Almeida
et al. (1977)
Major cratons delimited in Brazilian territory and their topographic expression. The cratons host both the large river systems and sag
basins. The major topographic and structural highs on the other hand correspond to the Brasiliano orogenic domains. Shaded relief map
of Brazil compiled by J.B.Franolin. Tectonic subdivision of Brazil based on Almeida et al. (1977)
brianas, podem apresentar variados graus de inverso, conforme a sua natureza, orientao e situao aos limites.
- Possuem uma estrutura ssmica marcada por espessuras crustais ligeiramente superiores mdia dos continentes. Porm, as espessuras crustais dos ncleos arqueanos
so relativamente delgadas (mdia de 35 km) e das pores
proterozicas mais espessas (mdia de 45 km) (Durrheim &
Mooney, 1991) (Fig.3).
- Valores de fluxo trmico compreendidos entre 30 e 50
mW/m2, representando os mais baixos valores dentre todos os
demais tipos crustais.
- Espessura elstica da litosfera de at 100 km
(Grotzinger & Royden, 1990; Watts & Burov, 2003).
- Espessura litosfrica entre 200 e 400 km, com a zona
de baixa velocidade do manto ausente ou muito mal definida
(Fig.3).
Com exceo dos quatro ltimos atributos da lista,
todos os demais j eram conhecidos nos anos 60 do sculo
Fig. 3 - Representao esquemtica de uma seo em um continente hipottico, mostrando a sua estrutura litosfrica. Observar as razes
profundas do manto litosfrico sob o crton e as variaes de espessura crustal
Schematic cross-section of a hypothetical continent, illustrating its lithospheric structure. Observe the mantle roots beneath the craton
and the crustal thickness variations
20
Cap I
tos mantlicos (Richardson et al., 1984; Boyd et al., 1985; e sntese Pearson, 1999), associada ao estudo da anisotropia de
velocidades de propagao de ondas S no manto (Babuska &
Cahn, 1999; Silver, 1996) possibilitaram a datao das razes
mantlicas sob os ncleos arqueanos dos crtons.
Comprovou-se que sua idade arquena e que suas tramas
cristalogrficas correspondem trama deformacional (tambm de idade arqueana) das rochas expostas na superfcie.
Sabendo-se que a resistncia litosfrica tem dois controladores fundamentais, quais sejam, estrutura trmica e
composio, razes litosfricas to profundas, frias e antigas,
necessariamente, redundam em grande e duradoura resistncia aos processos tectnicos. As implicaes disso so
enormes. Em primeiro lugar, fica claro que os crtons,
enquanto domnios poupados da ao orognica, o so, no
por uma casualidade, mas por serem eles, desde o Arqueano,
peas litosfricas reologicamente diferenciadas. Assim sendo,
cai por terra, at certo ponto, a concepo de que a condio
cratognica seja transitria e o conceito de crton torna-se,
assim, reolgico. O comportamento diferencial da litosfera
cratnica sob solicitaes distensionais e compressionais
ilustrados na Fig. 4.
Quando submetida a regimes distensionais e entra em
deformao (o que s ocorre sob altas tenses ou grande
impacto termal), a litosfera cratnica d origem a riftes estreitos e profundos, com pequeno nmero de falhas de grande
rejeito. O soerguimento das ombreiras desprezvel e as taxas
de deformao envolvidas so muito altas (Fig.4). A vasta
maioria deles termina como aulacgenos, mas, em cenrios
tectnicos raros, riftes cratnicos podem evoluir para margens passivas. Quando o fazem, guardam todas as caracters ticas dos riftes precursores.
Quando submetidos a regimes compressionais, os crtons, da mesma forma que sob trao, concentram tenses e
deformaes em descontinuidades preexistentes, especialmente, nos aulacgenos neles instalados, invertendo-os em
variados graus. Gera-se assim o estilo tectnico conhecido
como germantipo. A deformao nestes casos no penetrativa, mas concentrada em zonas discretas. O comportamento
cratnico e no cratnico durante um regime compressional
espetacularmente ilustrado pela interao atual ndia-sia. A
ndia, essencialmente cratnica isenta de deformao. J a
sia, que tem a sua poro central constituda por orgenos
paleozicos, intensamente afetada e de vrias formas
(Fig.4). Por esta razo, no famoso experimento conduzido por
Tapponnier et al. (1982), a ndia foi representada por um
bloco rgido de madeira, ao passo que a sia foi reproduzida
em plasticina.
Em suma, pode-se dizer que o que faz de um crton um
crton a sua constituio. So eles pores da litosfera continental que, diferenciadas desde o Arqueano, ficaram dotadas
de grande resistncia mecnica, comportando-se, por isto
mesmo, de modo peculiar no curso dos processos da dinmica terrestre. Notvel sua tendncia em subsidir e concentrar
deformaes, que faz com que eles, ainda que de maneira
sutil, registrem a maioria dos eventos importantes nos quais
os continentes seus hospedeiros se evolvem. A sua antiguidade e geodiversidade os tornam portadores de substancial
parte da memria do planeta. Em conjunto, os crtons exis tentes podem, desta forma, ser entendidos como a caixa
preta da nave Terra.
Questes em aberto sobre as quais se debruam os dedicados
ao tema dos crtons so as seguintes:
- Como se formaram as suas razes mantlicas?
- a gnese dessas razes um processo uniformitariano?
- Uma vez formadas as razes, como puderam elas ter sobre vivido? Em funo da longa viagem que vm fazendo, no deveriam
ter experimentado, no mnimo, uma grande eroso geoqumica?
21
Fig. 5 - Mapa geolgico simplificado do Crton do So Francisco (modificado de Alkmim et al. 1993)
Simplified geologic map of the So Francisco craton (modified from
Alkmim et al. 1993)
oferecem uma soluo muito boa e convincente para o problema das deformaes que l afetam o embasamento e as
unidades pr-cambrianas da cobertura e implicam em uma
modificao no traado do limite local, como ser discutido
adiante.
As justaposies da Amrica do Sul com a frica nas
reconstrues da Gondwanalndia (Porada, 1989; Trompette,
1994) e dados paleomagnticos (DAgrella & Pacca, 1998;
Renne et al., 1990) indicam que o Crton do So Francisco possui de fato uma contraparte africana e com ela constituiu uma
nica pea at o surgimento do Atlntico no Cretceo (Fig.1).
O Crton do So Francisco-Congo e todos os demais
dos continentes sul-americano e africano so hoje entendidos
como a pores mais interiores e estveis das placas que, ao
final do Neoproterozico, se amalgamaram atravs de uma
srie de colises diacrnicas para formar a poro ocidental
do continente de Gondwana (Brito Neves et al.1999; Campos
Neto, 2000; Alkmim et al.2001). As margens daquelas placas,
juntamente com as partes a elas adicionadas correspondem
aos cintures orognicos brasilianos-panafricanos. A placa
So Francisco-Congo, hospedeira do crton homnimo,
vista como um fragmento desmembrado do supercontinente
Rodnia, aglutinado a 1,0 Ga (Brito Neves et al. 1999;
Campos Neto, 2000), ou como uma pea continental isolada,
no participante de Rodnia (Krner & Cordani, 2003;
Pisarevsky et al., 2003). No Brasil, os seus limites podem ser
traados ao longo das zonas de sutura caracterizadas nos
orgenos brasilianos em torno do crton (Alkmim et al. 1993,
2001).
Sentido preferencial do
transporte tectnico
Cap I
Diamantina e o litoral baiano (Figueiredo, 1989; Teixeira &
Figueiredo, 1991; Marinho et al., 1993; Ledru et al., 1994; 1997;
Teixeira et al., 2000; Barbosa & Sabat, 2001; 2004) (Fig.6).
No interior do crton, as exposies da plataforma ou
antepas do orgeno paleoproterozico so muito reduzidas.
Restringem-se a duas reas, uma a noroeste do Quadriltero
Ferrfero e outra entre a Bacia do So Francisco e o Aulacgeno
do Paramirim. Partindo do pressuposto da sua continuidade fsica entre as mencionadas exposies, seu contorno especulativamente esboado na Fig. 6. Com estas caractersticas ela constitui o ncleo arqueano intacto do crton. Alm disso, corresponde poro interna de um continente arqueano, estabilizado
por volta de 2,6 Ga (Noce et al., 1998), que teve suas margens
afetadas pelo Evento Transamaznico.
A massa continental arqueana, cuja poro interna o
ncleo arqueano estvel (intacto), constitui o embasamento
da maior parte do crton, de boa parte da Faixa Araua e de
grande parte da Faixa Braslia (Fig. 5 e 6). Ela, exceo feita
poro oeste e sudoeste da Faixa Braslia, vem a corresponder exatamente ao Crton do Paramirim de Almeida (1981).
Entendendo os crtons como transitrios, Almeida (1981)
postulara que o Crton do So Francisco teve um ancestral
por ele denominado de Crton do Paramirim. Estabilizado
aps o Evento Jequi (2,9-2,7 Ga), o Crton do Paramirim teria
suas margens retrabalhadas durante o Evento Transmaznico e,
em parte, novamente no Evento Brasiliano. O que restara do
Crton do Paramirim e das adies que adquirira no Evento
Transamaznico, aps a ao do Evento Brasiliano, viria a ser
Crton do So Francisco.
O Cinturo Mineiro
Tal como delimitado em mapa por Teixeira &
Figueiredo (1991) e Teixeira et al. (1996; 2000), o Cinturo
Mineiro fica restrito a uma pequena faixa ao sul do
Quadriltero Ferrfero, junto ao limite cratnico. Estende-se
aqui esta denominao para toda a poro do embasamento
exposto no sul do crton que experimentou deformao
(Alkmim & Marshak, 1998; Endo, 1997) e ao termal (Noce
et al., 1998; Machado et al., 1992; Oliveira, 2004) no decorrer do Evento Transamaznico. Entendido desta forma, o
Cinturo Mineiro engloba o Quadriltero Ferrfero e os terrenos adjacentes a sudoeste (Fig.7). As suas extenses
nordeste e sudoeste, fora do crton, foram intensamente retrabalhadas durante o Evento Brasiliano e constituem o substrato das faixas Araua e Braslia Sul, respectivamente.
O Cinturo Mineiro, tal como aqui entendido, envolve um
complexo metamrfico basal, as supracrustais do Supergrupo Rio
das Velhas, o Supergrupo Minas, o Grupo Itacolomi, alm de um
substancial volume de granitides arqueanos e paleoproterozicos (Fig. 7).
O complexo metamrfico ocupa a maior parte da
exposio do embasamento no sul do crton e, nas reas vizinhas ao Quadriltero Ferrfero, constitudo por TTGs
(gnaisses e migmatitos), cujos protlitos formaram-se entre
2,9 e 3,2 Ga, corpos de anfibolitos e ultramficas, Teixeira et
al., 2000; Machado & Carneiro, 1992; Carneiro et al., 1998).
Granitides calcialcalinos com idades em torno de 2,78 Ga e
granitides anorognicos formados entre 2,7 e 2,6 intrudem
os gnaisses e migmatitos mais antigos (Carneiro et al,. 1994;
Machado et al., 1992; Noce, 1995; Noce et al., 1998).
O Supergrupo Rio das Velhas composto por uma
tpica sucesso greenstone belt, que congrega metavulcnicas
(komatiitos, basaltos, vulcanoclsticas) e metassedimentos,
incluindo formaes ferrferas, carbonatos e terrgenos. A
idade de vulcnicas flsicas da base desta unidade de 2,776
Ga (Machado et al., 1992).
exceo da gerao mais jovem de granitides, todos
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2,8-2,7 Ga. As unidades supracrustais so seqncias greenstone belt de 3,3 Ga (dentre elas, a de Contendas Mirante), 3,2
Ga e 3,0-2,8 Ga. Todas essas rochas foram metamorfisadas na
fcies anfibolito e deformadas entre 2,8 e 2,7 Ga. Como
unidade supracrustal Paleoproterozica tem-se o Grupo
Jacobina, interpretado por Ledru et al. (1997) como preenchimento de bacia flexural de antepas.
- O Bloco Jequi tem como formadores principais
migmatitos de 3.0-2,9 Ga e granitides de 2,8-2,7 Ga.
Metassedimentos e vulcnicas bsicas preencheram riftes
sobre eles instalados. O Bloco Jequi experimentou intensa
deformao e metamorfismo nas condies da fcies granulito em 2,1Ga.
- O Cinturo Itabuna-Salvador-Cura tem como constituintes dominantes tonalitos, trondhjemitos e metassedimentos. Sua origem um arco magmtico (Figueiredo, 1989)
desenvolvido na virada do Neoarqueano para o
Paleoproterozico (~2,6 Ga). Esto tambm presentes no cinturo rochas shoshoniticas de 2,4 Ga, alm de tonalitos e
trondhjemitos sin-colisionais de 2,1 Ga. Durante a convergncia paleoproterozica, todos os constituintes foram
deformados e metamorfisados na fcies granulito.
- O Bloco Serrinha tem o embasamento formado por
granitos e tonalitos cujas idades ficam entre 2,9 e 3,0 Ga.
Metamorfisadas na fcies anfibolito, essas rochas so cobertas pelas seqncias greenstone belt paleoproterozicas do
Rio Itapicuru e Capim, cuja deposio deu-se em bacias de
retro-arco.
Ao que tudo indica, os blocos Jequi, Serrinha e
Itabuna-Salvador-Cura constituem terrenos participantes de
uma histria acrescionria do orgeno paleoproterozico e
assim os interpretam Barbosa & Sabat (2001; 2004). De
Fig. 8 - Mapa geolgico simplificado do segmento do orgeno paleopro- acordo com Figueiredo (1989), Teixeira & Figueiredo (1991),
terozico exposto na poro norte do Crton do So Francisco. Os blo- Ledru et al (1994); Teixeira et al. (2000), Barbosa & Sabat
cos arqueanos Serrinha e Jequi (provavelmente microcontinentes),
(2004), o orgeno em questo foi edificado, naquele setor do
juntamente com o Cinturo Itabuna-Salvador-Cura (arco magmticrton, por volta de 2,0 Ga, a partir de uma convergncia
co) foram amalgamados ao bloco arqueano maior do Gavio na transio entre os perodos Rhyaciano e Orosiriano (elaborado com base em entre duas massas continentais representadas pelos blocos do
Barbosa & Sabat, 2001)
Gavio e do Gabo, este ltimo hoje parte do Crton do
Congo. Essa coliso teve carter oblquo e est registrada por
Simplified geologic map of the segment of the Paleoproterzoic orogen
empurres e dobras vergentes para WNW, s quais se superexposed in the northern portion of the So Francisco craton. The
impem estruturas de um regime transpressional sinistral
Archean Serrinha and Jequi blocks (probably representing microcontinents), together with the Itabuna- Salvador-Cura belt ( a magmatic (Alves da Silva et al, 1993; Ledru et al., 1997; Barbosa &
arc) were welded to the Archean Gavio block by the end of the
Sabat, 2001).
Rhyacian and beginning of the Orosirian period (based on Barbosa &
Sabat, 2001)
A Bacia do So Francisco
na regio do Quadriltero Ferrfero. Os granitides paleoproterozicos, que no fazem contato com supracrustais Minas e
mais jovens, alojaram-se nos estgios sin a ps-tectnicos
(Noce et al., 2000).
O fragmento do orgeno paleoproterozico na
poro setentrional do crton
O fragmento do orgeno paleoproterozico preservado
na poro norte do crton envolve quatro componentes litotectnicos maiores: os blocos do Gavio, Jequi e Serrinha,
bem como o Cinturo Itabuna-Salvador-Cura (Barbosa &
Dominguez, 1996; Teixeira et al., 2000; Barbosa & Sabat,
2001; 2004) (Fig. 8). Todos estes componentes possuem
idades arqueanas, porm distintas, como tambm so a sua
constituio e ambincia gentica. Segundo Barbosa &
Sabat (2001; 2004), so as seguintes as suas caractersticas:
- O Bloco do Gavio, que compreende o ncleo
arqueano intacto do crton e sua borda retrabalhada, engloba as rochas mais antigas do crton, que so TTGs com
idades U-Pb SHRIMP compreendidas entre 3,4 e 3,2 Ga. A
estas se somam duas geraes de granitides de 3,2 - 3,1 e
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A Bacia do So Francisco ocupa quase todo o segmento de orientao meridiana do crton e cobre uma rea de
cerca de 500.000 km2 da bacia hidrogrfica homnima, nos
estados de Minas Gerais, Bahia e Gois (Alkmim & MartinsNeto, 2001) (Fig. 9). Os seus limites oeste, noroeste e leste
coincidem com os limites do crton. O limite sul de natureza
erosiva. Um trecho do limite nordeste tambm marcado pelo
contato embasamento-cobertura e, na parte restante, a bacia se
justape ao Aulacgeno do Paramirim (Fig. 9).
As unidades litoestratigrficas maiores aflorantes
so: o Supergrupo Espinhao de idade paleo/mesoproterozica, o Supergrupo So Francisco de idade neoproterozica, o
Grupo Santa F de idade permo-carbonfera e os sedimentos
cretcicos dos grupos Areado, Mata da Corda e Urucuia
(Fig.10). Tais unidades, separadas por grandes lacunas, registram regimes tectnicos muito distintos e conferem bacia o
carter poli-histrico, tpico das suas congneres intracratnicas (Dominguez, 1993; Alkmim & Martins-Neto, 2001).
Estratigrafia
O Supergrupo Espinhao aflora em reas relativamente
Cap I
25
Fig. 9 - a) Mapa geolgico simplificado da Bacia do So Francisco, enfatizando a distribuio das grandes unidades de preenchimento e
principais feies estruturais. b) Mapa esquemtico das principais feies estruturais do embasamento da bacia (modificado de Alkmim &
Martins-Neto, 2001)
a) Simplified geologic map of the So Francisco basin, showing the distribution of the major fill units main structural features. b)
Schematic map of the main basement structures (modified from Alkmim & Martin-Neto, 2001)
engloba diamictitos, arenitos e pelitos de origem glacio-continental (na atual zona cratnica), com transies para depsitos glacio-marinhos (nas faixas marginais) (Pflug & Renger,
1973; Karfunkel & Hope, 1988; Uhlein, 1991; PedrosaSoares et al., 1992; 1998; Trompette, 1994; Ulhein et al.,
1999; Martins-Neto & Hercos, 2001) (Fig. 10). O Grupo
Macabas separado do Supergrupo Espinhao por uma dis cordncia angular e dos seus diamictitos foram extrados zirces detrticos de 900 Ma (Buchwaldt et al., 1999). Alm de
um evento de glaciao (Sturtiana), o Grupo Macabas regis tra um evento tafrognico de expresso regional, que teve incio por volta de 930 Ma (Porada, 1989; Uhlein et al., 1999;
Pedrosa-Soares et al., 1992; 1998; Martins-Neto & Hercos,
2001; Tack et al., 2001).
O Grupo Bambu composto por uma sucesso de
rochas marinhas carbonticas e pelticas, que, nas bordas da
Arcabouo estrutural
As unidades pr-cambrianas da bacia foram atingidas
pelas frentes orognicas brasilianas. Formaram-se, ao longo
dos seus limites, excetuando-se o sul, cintures epidrmicos
de antepas, cuja vergncia centrpeta em relao ao crton
(Alkmim et al., 1996) (Fig. 9 e 11). Caracterizam-se, desta
forma, quatro compartimentos estruturais na bacia: i) um
compartimento oeste (W), que corresponde poro externa
das faixas Braslia e Rio Preto; ii) um compartimento central
(C) no qual os sedimentos do Supergrupo So Francisco
encontram-se indeformados; iii) um compartimento leste (E),
que corresponde poro externa da Faixa Araua.
Os cintures de antepas dos compartimentos W e E,
tipicamente formados por uma associao de falhas de
empurro e dobras, envolvem somente as unidades pr-cambrianas da cobertura (Fig. 11). Este seu carter epidrmico
comprovado pelas muitas exposies do descolamento basal
na poro sudeste do compartimento E (Magalhes, 1988;
DArrigo, 1995) (Fig. 11), e pela ssmica, como mostram
Fugita & Clark Fo (2001), para o compartimento W. Os cintures de antepas dos compartimentos W e E exibem diferenas significativas. Dentre as mais importantes tm-se a
ausncia de metamorfismo e clivagem penetrativa no compartimento W. Alm disso, zonas transcorrentes desempenham um papel importante neste compartimento. No seu
Cap I
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Fig. 11 - Seo geolgica esquemtica atravs da poro sul da Bacia do So Francisco. Localizao da seo indicada na Fig. 9. Os compartimentos W e E correspondem a cintures de dobras e falhas de empurro descolados do embasamento. Notar o grande alto do
embasamento na poro central da bacia, o Alto de Sete Lagoas. Nas fotos, notar a ausncia de clivagem nas rochas do compartimento W.
a) Dobra em calcrios da base do Grupo Bambu; b) Duas falhas de empurro lstricas, componentes de um duplex, em calcrios da base
do Grupo Bambu; c) dobras em mrmores da formao Sete Lagoas, junto falha de empurro que marca o limite do crton na Serra
do Cip (MG); d) Calcrios com intercalaes de pelitos (Grupo Bambu) exibindo clivagem ardosiana; e) zona de cisalhamento que
marca o descolamento das rochas Bambu sobre o embasamento; notar o grande sigmide de foliao
Schematic cross-section of the southern portion of the So Francisco basin. For location of the section, see Fig. 9. The compartments W
and E comprise thin-skinned foreland fold-thrust belts. Notice the large basement high in the central portion of the section, the Sete
Lagoas high. a) Fold affecting the basal carbonates of the Bambu Group. b) Two listric thrusts of a duplex involving the basal carbonates
of the Bambu Group. c) Fold in marbles of the Sete Lagoas Formation, near the major thrust that marks the craton boundary along the
Serra do Cip. d) Limestone interbedded with pelites showing slaty cleavage. e) Shear zone that marks the basal detachment of the
Bambu rocks, containing a large foliation pod
Fig. 12 - Mapa geolgico do Aulacgeno do Paramirim. (modificado de Cruz & Alkmim, 2004)
Geologic map of the Paramirim aulacogen (modified from Cruz & Alkmim, 2004)
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Cap I
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sinclinal de
Irec
O Rifte Recncavo-Tucano-Jatob
O Rifte Recncavo-Tucano-Jatob representa um ramo
no evoludo do sistema de riftes que deu origem ao Atlntico Sul
(Magnavita, 1992; Milani & Thomaz Foy, 2000). Com uma
largura mdia de cerca de 80 km, estende-se por cerca de 400 km
na direo NS, dos quais mais da metade ficam no interior do crton. constitudo por uma associao de semi-grabens, as subbacias do Recncavo, Tucano e Jatob, cujas falhas de borda no
sinclinal
alinhadas, alternam-se entre o leste e o oeste (Magnavita, 1992;
anticlinal
sinclinal de sinclinal de de
Arago & Peraro, 1994) (Fig. 16).
de Seabra
gua
Borinal
Piat
Quente
sinclinal
O preenchimento do rifte, cuja espessura mxima
de Utinga
atinge a casa dos 11.000 m, compreende trs megasseqncias, pr, sin e ps-rifte, que caracterizam os seus estgios
evolutivos principais (Milani & Thomaz Fo, 2000; Silva et
al., 2000). A sucesso pr-rifte constituda por sedimentos
lacustres, fluviais e elicos, de idade neojurssica a eo-cretFig. 14 - Sees geolgicas esquemticas do Aulacgeno do Paramirim. cica. Na fase rifte, que se inicia no Berriasino (135-130 Ma)
e perdura at o Aptiano (114-108 Ma), desenvolve-se um
Para localizao vide Fig. 9. (reproduzido de Cruz & Alkmim, 2004)
grande lago alimentado por correntes de densidade e, mais
Schematic cross-sections of the Paramirim aulacogen. For location see tarde, por um sistema de deltas gilbertianos, que passam a sisFig. 9. (from Cruz & Alkmim, 2004)
temas fluviais. Junto s falhas de borda dos semi-grabens,
depositaram-se enormes espessuras de conglomerados.
Cessada a subsidncia rifte, o preenchimento da calha
estruturas no possuem expresso regional. Nas rochas do prosseguiu com a deposio de cascalhos e areias fluviais em
embasamento, a principal estrutura desta gerao uma discordncia com as unidades inferiores.
grande zona de cisalhamento de baixo ngulo que marca um
descolamento na base dos metassedimentos So Francisco na
Evoluo tectnica e testes da condio cratognica
poro externa da grande curvatura que a Faixa Araua
descreve ao sul do aulacgeno. Como um todo, o grande arco
O que foi compilado nas sees anteriores sobre a
descrito pela Faixa Araua (Almeida et al., 1978) naquela geologia do Crton do So Francisco reflete uma histria tecregio tambm deformado pelas estruturas de orientao tnica que pode ser resumida em termos dos seguintes estNNW dominantes do aulacgeno, o que resulta na trajetria gios (Fig. 17):
sinuosa dos seus traos em mapa (Fig. 12).
- Estgio I: Aglutinao e consolidao de uma grande massa
Os estudos realizados por Danderfer (2000) e Cruz continental arqueana
(2004) mostram que inverso do aulacgeno deu-se em um
Durante o Evento Rio das Velhas/Jequi, entre 2,9 e 2,7
campo compressional, no qual a tenso principal mxima Ga, ncleos continentais j diferenciados, pelo menos desde
estava orientada na direo WSW-ENE. Esta orientao 3,4 Ga, agregaram-se por meio de colises diacrnicas, nas
coerente com o campo geral de esforos aos quais o crton quais arcos juvenis tiveram uma grande participao. O
esteve submetido quando da gerao dos orgenos adjacentes episdio magmtico ps-tectnico de 2,6 Ga marca a consoAraua e Tocantins, durante a amalgamao do Gondwana lidao final de um bloco continental de propores consideOcidental. Trata-se, portanto, de um caso tpico de inverso rveis.
de rifte interior, neste caso de grande intensidade, devido - Estgio II: Individualizao do continente Paramirim
orientao notvel das estruturas distensionais preexistentes
Por volta de 2,5 Ga fragmenta-se a massa continental
(perpendiculares) em relao aos esforos colisionais trans- antes aglutinada e desenvolve-se a margem passiva Minas. A
mitidos crton adentro.
margem passiva Minas deveria se estender pelo menos at a
As estruturas que afetam as pores sul e norte do poro atual norte do crton, l tendo como potencial repreaulacgeno, interferindo com as dominantes, refletem a sentante a base do Grupo Jacobina. Ficaria assim indivipropagao, nas unidades de cobertura das frentes orognicas dualizado o continente do Paramirim ou Crton do Paramirim
dos cintures marginais, Rio Preto e Riacho do Pontal, a norte (Almeida, 1981). As suas demais margens so desconhecidas.
e Araua, a sul (Alkmim et al., 1996; Cruz & Alkmim, 2004). -Estgio III: Edificao do orgeno paleoproterozico,
Sendo este o panorama tectnico do Aulacgeno do durante o Evento Transamaznico
Paramirim, as implicaes dele decorrentes so:
Ao final do perodo Rhyaciano e incio do Orosiriano
- todas as etapas de sua inverso so manifestaes do do Paleoproterozico, o continente do Paramirim (Bloco do
evento brasiliano, na medida em que as estruturas a elas rela- Gavio) levado coliso com o continente do Gabo,
cionadas afetam as unidades da Formao Salitre, cuja idade com a intervenincia de arcos magmticos (Itabuna-Salvadormxima pode ser estimada em 720 Ma;
Cura) e, possivelmente, microcontinentes (Jequi,
- a existncia de uma zona no invertida na regio cen- Serrinha). O clmax da convergncia d-se a 2,1 Ga. O
tral do Corredor do Paramirim implica em um Crton do So Cinturo Mineiro entra em colapso j por volta de 2,06 Ga.
Francisco tal como caracterizado por Almeida (1977) e no No norte, o avano do front orognico em direo ao antepas
em dois crtons, tal como postulado por Cordani (1973); Cabi persiste at o intervalo compreendido entre 2,0 e 1,9 Ga
& Arthaud (1987); Trompette et al. (1992);
(Ledru et al., 1997) (Fig. 17a).
- entretanto, devido ao envolvimento do embasamento - Estgio IV: A Tafrognese Estateriana
sinclinal de
Utinga
30
Cap I
31
Fig. 15 - Sees geolgicas atravs do Sinclinal de Irec, poro centro-norte da Chapada Diamantina que evidenciam duas fases de deformao afetando as rochas da Formao Salitre. Durante a primeira fase, concomitante com a gerao das estruturas NNW dominantes do
aulacgeno, gerou-se o Sinclinal de Irec. Na segunda fase, as rochas carbonticas da Formao Salitre, em grande parte descoladas do
substrato Espinhao, foram empurrada em direo a sul, dando origem a um sistema de dobras de falhas de empurro de trao curvilneo (Lagoeiro 1991). a) Mapa geolgico da regio do Sinclinal de Irec. b) Seo E-W; c) Foto mostrando uma dobra assimtrica vergente
para sul nos calcrios Salitre. d) Seo NNW-ESE. (Modificado de Alkmim et al, 1996)
Map and cross-sections of the Irec syncline, central-northern portion of the Chapada Diamantina,in which two phases of deformation
affecting the Salitre Formation are recorded. The Irec syncline nucleated during the first phase, which was responsible for generation of
the dominant NNW-trending fabric of the aulacogen. In the course of the second phase, the carbonates of the Salitre Formation were
thrust southwards over a detachment located at the point of contact with the underlying Espinhao rocks (Lagoeiro, 1991). a) Geologic
map; b) EW-cross-section; c) Photo showing south verging fold in the Salitre carbonates; d) NNW-ESE-cross-section (Modified from
Alkmim et al., 1996)
recebe uma rpida e enigmtica incurso marinha, sucedida pelo vulcanismo alcalino Mata
da Corda (Fig. 17e).
A partir do estgio evolutivo IV, a pea
litosfrica correspondente ao Crton do So
Francisco, especialmente o seu ncleo
arqueano, submetida a uma srie de processos que podem ser vistos como uma bateria de
testes de comportamento. Sabe-se hoje que a
condio cratnica de um segmento da litosfera
testada, no propriamente quando solicitada
por compresso, mas sim, por trao. tambm durante a tafrognese que se individualizam os crtons. O rifteamento continental
est, em geral, associado a uma profunda modificao da estrutura tectnica, composicional e,
principalmente, termal de toda a litosfera
envolvida. A tafrognese redunda em afinamento e enorme enfraquecimento litosfrico.
No caso do Crton do So Francisco,
pode-se dizer, em primeiro lugar, que a sua
individualizao resulta dos eventos distensionais Espinhao (Estateriano) e Macabas
(Toniano) - cujos stios de atuao so praticamente coincidentes - e, muito remotamente,
da tafrognese que levou formao da
margem passiva Minas no alvorecer do
Paleoproterzico. Ao longo das margens sul
e leste do crton, os cintures Braslia Sul e
Araua seguem rigorosamente a trajetria
da margem passiva Macabas (Uhlein et al.,
1998; Pedrosa-Soares et al., 2001; MartinsNeto & Alkmim, 2001). Esta, por sua vez,
acha-se, na sua maior extenso, superposta
s pores mais desenvolvidas dos riftes
Espinhao, os quais, por seu turno, desenvolveram-se, preferencialmente sobre o
Orgeno Atlntico, que vem a ser o produto
da inverso da margem passiva Minas. Os
ramos ensilicos do sistema de riftes
Macabas sofrem inverso apenas parcial
atravs da reativao das suas falhas mestras. Notvel em todo esse percurso histrico como se preserva o ncleo arqueano do
crton (Fig. 17).
A natureza cratnica da litosfera do
So Francisco fica, entretanto, explcita
quando se analisa o seu comportamento
durante a abertura do Atlntico Sul.
Propagando-se de sul para norte, o desenFig. 16 - Mapas tectnico e bouguer do Rifte Recncavo-Tucanovolvimento
das
margens leste brasileira e oeste africana
Jatob. (modificado de Destro, 2002)
(Rabinowitz & LaBrecque, 1979; Chang et al., 1992) encontra, um pouco alm do meio do caminho, a ponte cratnica
Tectonic and gravity Bouguer maps of the Recncavo-Tucano-Jatob
So Francisco-Congo. Ali o sistema de riftes precursores
rift. (modified from Destro, 2002)
bifurca-se. Um ramo no tem sucesso, convertendo-se no
pouco mais tarde, os prprios sedimentos Bambu so colhi- aulacgeno Recncavo-Tucano-Jatob. No outro, a evoluo
dos pelas frentes orognicas brasilianas, formando cintures prossegue e d origem aos segmentos mais estreitos das margens leste brasileira e oeste africana.
epidrmicos (Fig. 17d).
Vrias peculiaridades do rifte Recncavo-Tucano- Estgio VII: O Evento Sul-Atlantiano e os riftes Abaet e
Jatob
decorrem e so tpicos da sua natureza intracratnica
Recncavo-Tucano
Da sua residncia gondwnica, o crton registra a pas- (Matos, 1999; Destro, 2002):
- a sua profundidade muitssimo grande quando comsagem pelas altas latitudes e a glaciao durante o Permoparada
com a largura;
Carbonfero. O desmantelamento de Gondwna no Eocretceo
o enorme rejeito das falhas de borda e subsidirias;
leva formao do Rifte Recncavo-Tucano-Jatob, ruptura da
a total ausncia de soerguimento das ombreiras, comconexo So Francisco-Congo e conseqente desenvolvimento
binado
com
ausncia de uma seo de subsidncia trmica,
das bacias marginais de Camamu e Jacupe. Bem distante destes
indcios
de
alta
rigidez flexural da litosfera (Karner et al., 1992);
stios, nucleia-se, no interior sudoeste do crton, o rifte Abaet
o
seu
total controle pelas descontinuidades do
(Sgarbi et al, 2001), que, mais tarde, no Barremiano-Eoaptiano,
32
Cap I
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Fig. 18 - Modelo tridimensional do trecho sul da Margem Leste Brasileira e rea Ocenica adjacente, confeccionado por Lauro Saint
Pastous Madureira e Christian dos Santos Ferreira (Depto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande). Contorno do crton
em amarelo. Notar a pequena largura da plataforma continental no trecho em que o Crton do So Francisco vai de encontro margem
leste, no litoral da Bahia, que resulta do pequeno estiramento continental
3D model of the southern sector of the Brazilian continental margin and adjacent oceanic domain, compiled by Lauro Saint Pastous
Madureira and Christian dos Santos Ferreira ( Dept. of Oceanography, Federal Univeristy of Rio Grande, Brazil); craton boundaries in
yellow. Notice the enormous decrease of the width of the continental shelf in the area of the margin where the craton reaches the coast, a
consequence of the low amount of lithospheric stretching
Cap I
que antecipa o entendimento dos crtons como feies tridimensionais, revelando ainda a sua histria pregressa, ao
descrever o seu ancestral, o continente do Paramirim.
Agradecimentos
Do Professor Benjamin Bley de Brito Neves recebi uma
excelente reviso que muito enriqueceu o manuscrito original,
depurando-o ainda de muitos erros. A Lauro Saint Pastous
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