Artigo Usinagem
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Artigo Usinagem
RESUMO
Cotidianamente, nos inmeros processos de usinagem, vrios procedimentos so realizados para minimizar
o custo de produo. Fatores como o elevado tempo de usinagem; a habilidade do operador e as condies
de funcionamento das mquinas so algumas variveis que influenciam diretamente no preo final do
produto. A proposta deste artigo trabalho simular uma operao de desbaste em um torno convencional e
determinar, atravs da equao de Kienzle, como a variao da velocidade de avano e a profundidade de
corte podem influenciar na fora e potncia de corte. O erro entre a potncia calculada e a potncia medida
teve 6,9% de erro no primeiro ensaio, 5,0% no segundo ensaio e 11,8% no terceiro ensaio. Atribuindo o
valor mximo de profundidade e velocidade mnima de avano recomendada pelo fabricante da ferramenta
de corte e comparado com os valores mnimos de profundidade de corte e maior velocidade de avano, foi
constatada uma reduo na fora e potncia de corte de 2,43 kW para 1,46 kW, mas com acrscimo do
tempo de usinagem de 8,02 minutos para 9,86 minutos. O menor tempo de usinagem foi constatado em
valores intermedirios a faixa de maior e menor profundidade de corte e velocidade de avano. O melhor
acabamento superficial e menor vibrao ficaram evidenciados quando a velocidade de avano foi mnima.
Os ensaios demonstraram que a aplicao da equao de Kienzle no clculo da fora e potncia de corte
vlida para estabelecer os critrios de custo-benefcio da usinagem.
Palavras-chave: usinagem, parmetros de corte, equao de Kienzle, torno convencional.
INTRODUO
Data de aproximadamente 500 mil anos atrs, no perodo Paleoltico1, o aparecimento das primeiras
ferramentas construdas pelo homem. Tendo como principal objetivo a caa e a defesa dos grandes animais.
As facas, pontas de lanas e machados eram fabricados com lascas de grandes pedras. Nesse perodo, os
artefatos eram obtidos com o desgaste e polimento da pedra (Princpio da Retificao). Com o passar do
tempo essas ferramentas foram sendo aprimoradas e diversificadas funcionalmente, sendo-lhes atribudas
qualidades e formas geomtricas mais definidas para cada funo, como a agricultura, a tecelagem e a
corrida militar, etc.
A fundio dos metais como: o cobre, bronze, ferro e alumnio, proporcionaram um significativo avano na
produo de equipamentos e ferramentas nos variados ramos industriais. O impulso provocado pela
1
revoluo industrial, a utilizao da energia eltrica e a evoluo dos processos de obteno do ao, deram
origem indstria mecnica destinada a dar suporte s indstrias de transformao.
As indstrias mecnicas trabalham em dois modos de operao: conformao e usinagem.
Conformao a operao feita de modo que a matria prima submetida a esforos mecnicos e/ou
trmicos at obter a forma desejada. Toda, ou pelo menos quase toda a matria prima aproveitada no
processo, originando o produto final. Os principais processos so a laminao, a fundio e a estampagem.
As operaes de conformao mecnica so processos de trabalho dentro da fase plstica do metal. Quando o
trabalho de conformao realizado em lingotes, de modo a produzir formas simples como placas, tarugos,
barras, chapas etc., os processos so chamados trabalho mecnico primrio. Quando, geralmente a partir das
partes obtidas nesses processos primrios, o trabalho mecnico leva a formas e objetos definitivos, os
processos so chamados trabalho mecnico secundrio. (CHIAVERINI, 1986).
Para Costa e Santos (2006), uma simples definio de usinagem o processo de fabricao com remoo
de cavaco at esta ficar nas dimenses, forma e acabamento desejados. A usinagem reconhecidamente o
processo de fabricao mais popular do mundo, transformando em cavacos algo em torno de 10% de toda a
produo de metais, e empregando dezenas de milhes de pessoas em todo o mundo.
A histria da usinagem acompanha o desenvolvimento da indstria, o desenvolvimento de novos materiais e
a necessidade de aumento de produo. um processo que depende de vrios fatores, mas pode-se
considerar como mais importantes: a mquina-ferramenta, o material a ser usinados, a ferramenta de corte e
os fludos de corte, incluindo o mtodo de aplicao. (SANTOS, 2006)
A Usinagem pode vir auxiliada de ferramentas manuais (lima; serra; macho; cossinete) ou de maquinaferramenta ou maquinas operatrizes (furadeira; torno; fresadora). As maquinas ferramentas dispem de uma
gama de ferramentas para as variadas funes e materiais a serem usinados.
Segundo Chiaverini (1986), nas operaes de usinagem, uma poro do material das peas retirada pela
ao de uma ferramenta, chamada ferramenta de corte, produzindo o cavaco, caracterizado por forma
geomtrica irregular. O nmero de operaes de usinagem muito grande, assim como grande a variedade
de mquinas operatrizes e ferramentas de corte disponveis.
As primeiras ferramentas para mquina eram feitas de ao carbono temperado. No incio do sculo XX, foi
descoberto o ao rpido que possibilitou um aumento na velocidade de operao. A partir da segunda metade
deste sculo foram descobertas ligas metlicas (carbetos de tungstnio, nitreto cbico de boro) e materiais
cermicos que apresentam dureza prxima do diamante, possibilitando maiores velocidades de corte, avano
e profundidade, exigindo da mquina maior preciso e potncia do motor.
Sobre a questo da potncia de corte, varias so as formas de se obter um valor adequado para um
determinado trabalho, utilizando os mais variados parmetros de corte. Entretanto a equao de Kienzle
mais utilizada nos processos de usinagem, sendo que os resultados obtidos apresentam valores satisfatrios
para serem utilizados na prtica.
Segundo Stemmer (1995), a frmula de Kienzle se mostrou vlida no clculo da fora de corte nos diversos
processos de usinagem com espessura h constante do cavaco (tornear, plainar, furar, brochar) como tambm
nos processos de usinagem com espessura varivel (fresagem, serramento, denteamento de engrenagens),
utilizando um valor mdio hm.
A utilizao da equao de Kienzle em um processo de usinagem, indicada para calcular valores
aproximados da velocidade de avano e profundidade de corte ideal para o perfeito funcionamento da
maquina, sendo possvel escolher os melhores parmetros e estratgia de usinagem para reduo do tempo de
usinagem e aumento da produtividade.
Cotidianamente inmeras atividades de usinagem so realizadas, desde peas simples fabricadas em
pequenas oficinas at peas complexas em grandes aglomerados industriais. A discrepncia da produtividade
entre elas demonstra a importncia desses estudos, pois a utilizao inadequada de uma ferramenta ou a
escolha inoportuna da velocidade feita pelo operador influenciar diretamente nos custos da produo.
De acordo com Stemmer (2001), apenas a vida da ferramenta entre duas reafiaes sucessivas, expressa de
diversas formas, grandezas das foras que atuam sobre a ferramenta e da potncia consumida e qualidade do
acabamento superficial obtido pela usinagem so passveis de serem expressos em valores numricos. Por
esta razo, vida da ferramenta, fora de corte e potncia consumida, e acabamento so os fatores de emprego
mais generalizados na avaliao do grau de usinabilidade. Eles definem tambm, em grande parte, o custo do
trabalho de usinagem realizado na fbrica. Assim, a vida da ferramenta entre duas reafiaes sucessivas tem
grande influncia no custo de operao. A fora e potncia necessrias limitam as dimenses mximas do
corte e, portanto, o volume de material removido por hora-mquina.
Para Ferreira (1997), devido globalizao do mercado, a competio entre as empresas de manufatura tem
se tornado cada vez maior. O consumidor tem cada vez mais opes para a compra de um determinado
produto, e alguns dos fatores fundamentais para a sua deciso so o preo, a qualidade e a confiabilidade.
Como o mercado est voltado para o consumidor, s empresas tm buscado incorporar caractersticas de
flexibilidade fabricao, pois as mudanas nos produtos, e, por conseguinte a variedade de peas muito
grande.
MATERIAIS E MTODOS
9,5
No ensaio foi utilizado um tarugo de Ao ABNT 1020 com 1 de dimetro, uma pastilha de metal duro
TAEGUTEC DNMA 110408, conforme a Figura 2. Para calcular os parmetros de potncia e tempo de
usinagem, foi realizada a usinagem sem arrefecimento a fim de se obter uma pea com 100 mm de
comprimento e 36 mm de dimetro.
4,7
R 0,8
10,8
Para a realizao dos ensaios, foram estipulados e testados trs diferentes valores de velocidade para o
avano e profundidade de corte atravs da equao de Kienzle e uma verificao da potncia fornecida ao
motor, atravs de um osciloscpio digital.
A aproximao dos valores de rotao e velocidade de corte se d, dentre outros aspectos, devido limitao
da mquina cuja mxima rotao 1000 rotaes por minuto (RPM), como tambm devido os valores
N ( RPM ) =
1000Vc
D
[Eq. 01]
O operador responsvel pela aproximao do valor calculado com o valor disponvel, escolhendo
adequadamente a rotao que vai ser utilizada.
Com o intuito de se obter a variao mnima dos valores, foram seguidas as recomendaes do
fabricante da ferramenta, recomendaes estas quando no consideradas, influenciam diretamente na fora,
potncia e tempo de corte, dentre outros, como consumo de energia, acabamento e desgaste da ferramenta.
Em todos os ensaios foram feitas comparaes entre o valor calculado utilizando o princpio de
Kienzle com o fator de correo, conforme a Equao 02, e sem o fator de correo conforme a Equao 03
e o valor instantneo medido com o osciloscpio digital.
Fc = k c1.1 b h1 mc
[Eq. 02]
Fc = k c a p f
[Eq. 03]
Onde:
k c1.1 =
2
Presso especfica de corte para um cavaco de A = b h = 1 1mm
Pc =
(k c1.1 b h1 mc )
Vc
60000
[Eq. 04]
ENSAIOS
No ensaio I, foram estipulados os valores de profundidade mxima e avano mnimo conforme o catlogo do
fabricante, assim como a velocidade de corte, os valores recomendados de presso especfica de corte
(Kc1.1) e fator de correo de Kienzle (1-mc) de acordo com a norma alem AWF-158, como pode ser visto
na Tabela 1.
Avano
(mm/min)
ngulo
de corte
Kc 1.1
(N/mm2)
Velocidade de corte
(m/min)
1-mc
0,15
90
2000
117,5
0,83
3,00
Potncia
calculada
(KW)
Potncia
medida
(KW)
Potncia
sem o fator
de correo
de Kienzle
Fora de
corte (N)
1243,53
900
(KW)
8,02
2,43
2,61
1,76
Alm dos resultados numricos encontrados, atravs da Equao 01. Observou-se que, utilizando os valores
calculados, a pea apresentou aps a operao de usinagem um acabamento satisfatrio devido baixa
velocidade de avano.
No ensaio II reduziu-se a profundidade de corte com um acrscimo no avano da ferramenta, assim como a
velocidade de corte, como visto na Tabela 3. Os parmetros de velocidade de corte e ngulo de corte foram
mantidos.
Tabela 3 Parmetros do ensaio II
Profundidade
(mm)
Avano
(mm/min)
ngulo de
corte
Kc 1.1
(N/mm2)
Velocidade de
corte (m/min)
1-mc
0,35
90
2000
117,5
0,83
1,5
Potncia
calculada
(KW)
Potncia
medida
(KW)
Potncia
sem o fator
de correo
de Kienzle
Fora de corte
(N)
Fora de corte
sem o fator de
correo de
Kienzle (N)
1255,16
1050,0
(KW)
6,85
2,50
2,94
2,09
Avano
(mm/min)
ngulo de
corte
Kc 1.1
(N/mm2)
Velocidade de
corte (m/min)
1-mc
0, 457
90
2000
117,5
0,83
(mm)
0,80
Potncia
calculada
(min)
(KW)
Potncia
medida
(KW)
Potncia
sem o fator
de correo
de Kienzle
Fora
de corte
(N)
Fora de corte
sem o fator de
correo de
Kienzle (N)
835,32
731,20
(KW)
9,86
1,46
1,86
1,28
Os resultados obtidos mostram um acrscimo no tempo de usinagem, mas com um significativo decrscimo
na fora e potncia de corte.
CONCLUSES
REFERNCIAS
CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecnica. v.2. 2.ed. So Paulo: McGraw-Hill,1986.
CIMM. Centro de Informao Metalmecnica.Usinagem Como Referencial Pr-histrico. Disponvel em:
<http://www.cimm.com.br/portal/noticia/material_didatico/3347> Acesso em 30 set 2010.
COSTA, der Silva; SANTOS, Denis Jnior. Processos de Usinagem: Apostila. Divinpolis: CEFET-MG,
2006.
CUNHA, Lauro Salles; CRAVENCO, Marcelo Padovani. Manual Prtico do Mecnico. 9.ed. So Paulo:
Ed. Hemus, 2003.
FERREIRA, Joo Carlos E.; STRADIOTTO, Csar R. K.; BUTZKE, Adilson U.. Determinao
Automtica dos Parmetros de Usinagem e Gerao do Programa NC num Sistema
CAD/CAPP/CAM. In: COBEM, 14, 1997. Florianpolis: UFSC, 1997.
STEMMER, Gaspar Erich. Ferramentas de Corte II. 4.ed. Florianpolis: Ed. Da UFSC , 1995.
STEMMER, Gaspar Erich. Ferramentas de Corte I. 4.ed. Florianpolis: Ed. Da UFSC , 2001.
SANTOS, Jos Ciro dos. Avanos Tecnolgicos na Usinagem Mecnica: Trabalho de Concluso de Curso.
Fortaleza: CEFET-CE, 2006.
TAEGUTEC, Catlogo de Ferramentas. Disponvel em:
<http://208.254.18.23/TTKorea/TTCat/item.asp?GFSTYP=M&fnum=94&tool=I&mapp=IS&cat=5514731&
lang=EN&search=Y> Acesso em: 29 jun 2010.