ndice

Glossrio..ii
Introduo........................................................................................................................................2

1.

1.

Importncia do tema.............................................................................................................2

2.

Razes de escolha do tema...................................................................................................2

3.

Pertinncia do estudo............................................................................................................2

4.

Objectivos.............................................................................................................................2
4.1.

Geral..............................................................................................................................2

4.2.

Especficos.....................................................................................................................2

5.

Metodologia..........................................................................................................................3

6.

Estrutura do trabalho.............................................................................................................3
Competncia dos Tribunais......................................................................................................4

1.1.

Noo de competncia......................................................................................................4

1.2.

Critrios de atribuio da competncia.............................................................................5

1.2.1.

Critrio da coincidncia.............................................................................................5

1.2.2.

Critrio da causalidade..............................................................................................5

1.2.3.

Critrio da reciprocidade...........................................................................................5

1.2.4.

Critrio da necessidade..............................................................................................5

1.2.5.

Critrio de Nacionalidade..........................................................................................5

1.2.6.

Critrio de Territorialidade........................................................................................6

1.3.

Modalidades de competncia............................................................................................6

1.3.1.

Competnciainternacional.........................................................................................6

1.3.2.

Competncia interna..................................................................................................7

1.3.2.1.

Competncia em razo da matria......................................................................7

1.3.2.2.

Competncia em razo da hierarquia.................................................................8

0

1.4.

1.3.2.3.

Competncia em razo do territrio...................................................................9

1.3.2.4.

Competncia em razo do valor.......................................................................10

Competncia absoluta e competncia relativa................................................................10

1.4.1.

Vcios de competncia.............................................................................................11

1.4.1.1.1. Regime de arguio.......................................................................................12

1.4.1.1.2. Efeitos da incomptencia absoluta.................................................................13
1.4.1.2.

Incompetncia relativa.....................................................................................13

1.4.1.2.1. Regime de arguio.......................................................................................14

1.5.

Anlise comparativa entre competncia absoluta e a competncia relativa...................15

2.

Concluso...............................................................................................................................18

3.

Bibliografia.............................................................................................................................19

Introduo
O presente trabalho de pesquisa tem como tema o seguinte: Competncia dos
Tribunais.
1. Importncia do tema
Este tema constitui-se importante na medida em que, a competncia dos tribunais
afigura-se uma questo crucial para melhor entendimento dos demais pressupostos
processuais.
2. Razes de escolha do tema
Revelou-se pertinente abordar este tema pois vai permitir a melhor compreenso da
matria relativa aos pressupostos processuais, o que vai permitir assimilar melhor
todas as questes que se referem ao tema em estudo.
3. Pertinncia do estudo
O estudo deste tema pertinente na medida em que contribui para aperfeioar os
conhecimentos sobre esta matria adquiridos durante as aulas.
4. Objectivos
4.1.

Geral

Constitui objectivo geral deste trabalho de pesquisa apresentar o resultado da

investigao efectuada relativa competncia dos tribunais.
4.2.

Especficos

Constituem objectivos especficos deste trabalho de pesquisa apresentar os

aspectos relativos competncia dos tribunais, ou seja, a sua classificao e a
diviso relativa a competncia absoluta e a competncia relativa, as situaes que
resultam da violao das regras tanto de uma como de outra, o seu regime de
arguio e do seu prazo.
2

5. Metodologia
Para a elaborao do mesmo, dever recorrer-se toda doutrina relativa Teoria
Geral do Processo e a todas as fontes que apresentem indispensveis para a melhor
compreenso da matria que consubstancia objecto de estudo.
6. Estrutura do trabalho
O trabalho em questo ser organizado de modo a respeitar todos aqueles que so
os objectivos outrora mencionados, ou seja, este para alm da introduo, ser
composto por um desenvolvimento que apresentar os seguintes ttulos:

Competncia;
Modalidades de competncia;
Critrios de atribuio de competncia;
Competncia absoluta;
Competncia relativa.

Por fim, na estrutura do mesmo apresentar-se- a concluso e a bibliografia

consultada.

1. Competncia dos Tribunais

1.1.

Noo de competncia

Chamase competncia a quantidade de jurisdio cujo exerccio atribuido a cada

rgo ou grupo de rgos1.
A competncia o pressuposto processual relativo aos tribunais, que consiste na
repartio do poder jurisdicional entre os diversos tribunais2.
A Competncia diferencia-se da jurisdio, de uma maneira quantitativa, pois a
jurisdio o poder de julgar que atribudo aos tribunais no seu conjunto,
enquanto que a competncia apenas uma parcela desse poder, depois de
fraccionado entre os tribunais.
H um conflito de jurisdio3 quando duas ou mais autoridades pertencentes as
diversas actividades do Estado, ou dois ou demais tribunais integrados em ordens
jurisdicionais diferentes, se arrogam ou declinam o poder de conhecer da mesma
questo. Este conflito pode ser negativo o positivo.
Por outro lado, conflito de competncia4, que tambm pode ser positivo ou
negativo, apenas pode surgir entre dois ou mais tribunais na mesma ordem
jurisdicional.
1.2.

Critrios de atribuio da competncia

1.2.1. Critrio da coincidncia

Os tribunais moambicanos tem competncia quando a aco deva ser proposta em
Moambique, segundo regras de competncia territorial moambicana.
1

LIEBMAN citado por CINTRA, Antnio Carlos de Arajo, et al, Teoria Geral do Processo, 222 ed., Malheiros
editores, Brasil, 2006, p.247
2
TIMBANE, Toms, Lies de Processo Civil I, Escolar editora, Maputo, 2010, p.231.
3
Vide n. 1 artigo 15 do Cdigo de Processo Civil
4
Vide n. 2 artigo 115 do Cdigo de Processo Civil

1.2.2. Critrio da causalidade

competente para dirrimir o litgio o tribunal moambicano quando o facto que
serve de causa para o pedido de aco ou alguns dos factos que a integram tenham
ocorrido em Moambique.
1.2.3. Critrio da reciprocidade
Este critrio diz que cidados moambicanos podem demandar perante os tribunais
moambicanos cidados estrangeiros, sempre que em circunstncia inversa os
moambicanos pudessem ser demandados perante tribunais do Estado a que
pertence o referido estrangeiro.
1.2.4. Critrio da necessidade
Diz este critrio que, existindo aces em que no competente nenhuma ordem
jurdica, os tribunais moambicanos podem intervir, pois tornase essencial que o
direito invocado pelo autor possa ser tutelado.
1.2.5. Critrio de Nacionalidade
Segundo o qual a lei penal de um certo Estado aplicase a todos nacionais desse
Estado, onde quer que pratiquem o facto criminoso, desde que o facto seja punvel
tambm no Estado onde o praticou5.
Os artigos 46 (infraces parcialmente praticadas em territrio nacional e
estrangeiro), 48 (infraces praticadas a bordo do navio ou aeronave, no mar ou
porto estrangeiro), 49 (infraces cometidas no estrangeiro contra Estado
moambicano) e 50 (infraces cometidas por moambicanos no estrangeiro) do
Cdigo do Processo Penal indicam situaes em que os tribunais moambicanos
tem competnciainternacional

segundo os critrios da nacionalidade e de

territorialidade.
5

CORREIA, Eduardo, Direito Criminal I, Livraria Almedina, Coimbra, 1999, p.166

1.2.6. Critrio de Territorialidade

Segundo o qual o Direito Penal de um determinado Estado deve fundamentalmente
aplicarse a todosos factos practicados no seuterritrio, qualquer que seja a
nacionalidade do agente6.
1.3.

Modalidades de competncia

1.3.1. Competnciainternacional
O aumento da globalizao tem como uma das consequncias, o estabelecimento
de relaes entre pessoas de diferentes Estados, de onde muitas vezes resultam
conflitos, que colocam em contacto diversos ordenamentos jurdicos.
A competncia internacional determina a extenso da jurisdio nacional em face
da jurisdio de outros Estados, conforme o ordenamento jurdico interno sempre
que o juz tenha de decidir uma causa de conexo internacional.
Para saber se h competncia internacional necessrio verificar se os litgios
podem ser julgados em Moambique, ou seja, pelos tribunais moambicanos.
Os tribunais moambicanos tm competncia internacional quando se verifiquem
os pressupostos estabelecidos no artigo 65 do Cdigo do Processo Civil. O artigo
65 indica uma diversidade de circunstncias que ao serem verificadas sero da
competncia dos tribunais moambicanos resolvlas com o objectivo de facilitar
dentro dos limites da razoabilidade o acesso aos tribunais moambicanos por parte
dos cidados estrangeiros.
1.3.2. Competncia interna
O conjunto de regras que identificam a competncia dos diversos rgos
jurisdicionais, tratandose da forma de diviso do trabalho a ser realizado pelo
poder judicirio, ou seja, a capacidade de exercer o poder jurisdicional conferido a
6

CORREIA, Eduardo, ob. cit. p.167

determinados rgos do poder judicirio pela Constituio e pela legislao infra

constitucional7.
Nos termos do artigo 67 do Cdigo de Processo Civil e do artigo 32 n. 1 da Lei da
Organizao Judiciria, a competncia repartese segundo a matria, a hierarquia, o
territrio, o valor da causa e, em alguns casos, as pessoas8.
1.3.2.1. Competncia em razo da matria
Os tribunais genericamente considerados, esto divididos tendo em conta uma
certa especializao9.
Os artigos 223 e 224 da Constituio da Repblica de 2004, estabelecem as
diversas categorias de tribunais de acordo com a matria. So eles, os tribunais
judiciais, os administrativos, os fiscais, aduaneiros, de trabalho, martimos,
arbitrais, comunitrios e militares.
Os tribunais judiciais so os tribunais comuns, gozam de competncia genrica,
no descriminada, ou seja, cabe a estes tribunais dirrimir todos os conflitos que no
sejam atribuidos aos outros tribunais10.
Aos tribunais especiais se recorre quando a lei estabelece competncia exclusiva a
esses tribunais.
Nos casos em que as competncias so atribuidas aos tribunais que segundo a
Constituio podem existir, mas que no foram ainda criados, so tambm
competentes para tal os tribunais judiciais.

VALCANOVER, Fabiano Hselof, Apontamentos acerca da competncia interna no novo Cdigo de Processo Civil
TIMBANE, Toms, Lies de Processo Civil I, Escolar editora, Maputo, 2010, p.238
9
TIMBANE, Toms, ob. cit. p.45
10
Vide, n.4, artigo 223 da Constituio da Repblica de Moambique de 2004
8

1.3.2.2. Competncia em razo da hierarquia

Dentro de cada espcie de tribunais pode haver diferentes ordens de tribunais
dispostos em planos verticais como uma pirmide judiciria com funes
distintas11.
Na jurisdio comum, est no topo da hierarquia o Tribunal Supremo que segundo
o artigo 225 da Constituio da Repblica de Moambique, o orgo supremo da
hierarquia dos tribunais judiciais. Na base temos os tribunais judiciais de distrito e
os tribunais judiciais de provncia com competncia para dirimir litgios em
primeira instncia, seguindo-se os tribunais superiores de recurso que em regra
funcionam como tribunais de segunda instncia
No topo da jurisdio administrativa est o Tribunal Administrativo que o orgo
superior da hierarquia dos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros a quem
caber o controlo da legalidade dos actos administrativos e da aplicao das
normas regulamentares emitidas pela Administrao Pblica12. E na base existem
os tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros de primeira instncia.
importante realar que a hierarquia a que nos referimos diferente da que existe
na Administrao Pblica, caracterizada pelo poder de direco e dever de
obedincia hierrquica. Na hierarquia judiciria, o poder de direco dos juzes dos
tribunais superiores sobre os dos tribunais inferiores no existe pois vigora o
princpio da independncia dos juzes previsto no n 1 do artigo 217 da CRM. Os
tribunais encontram-se hierarquizados somente para efeitos de recurso das suas
decises e de organizao do aparelho judicial.

11
12

VARELA, Antunes, citado por TIMBANE,Toms, op.cit. p.241

Vide, artigo 228 da Constituio da Repblica de Moambique de 2004

1.3.2.3. Competncia em razo do territrio

No que diz respeito aos

tribunais da mesma espcie e do mesmo grau de

jurisdio, a lei atribui competncias segundo as circunscries territoriais, tendo

em conta algum elemento de conexo entre essa rea territorial e a causa
nomeadamente:
foro do ru (artigos 85 e 86 do CPC);
foro real ou da situao dos bens (artigo 73 do CPC);
foro obrigacional (artigo 74 do CPC);
foro do autor (artigo 75 do CPC);
foro hereditrio (artigo 77 do CPC);
foro das providncias cautelares (artigo 83 do CPC);
foro da execuo (artigo 90 do CPC).
1.3.2.4. Competncia em razo do valor
A toda causa deve ser atribudo um valor certo, expresso em moeda legal, o qual
representa a utilidade econmica imediata do pedido13. O valor da causa permite
estabelecer a relao da causa com a alada bem como determinar a competncia
do tribunal. Deste modo:
A competncia dos tribunais de provncia ilimitada por isso podem julgar aces
do mais nfimo valor at ao infinito. Porm se o valor da causa no exceder a
alada que lhes foi fixada no h lugar a recurso salvo os casos previstos na lei
(artigos 73 n 1 e 38 n1 da LOJ).
Quanto aos tribunais judiciais de distrito, os tribunais de distrito de 1 classe
podem conhecer causas desde o nfimo valor at o equivalente a cem salrios
mnimos mas a sua alada corresponde a vinte e cinco salrios mnimos (artigos 84
13

Vide artigo 305 n 1 do Cdigo de Processo Civil

n 1 e 38 n 1 da LOJ), j os tribunais de distrito de 2 classe podem julgar causas

desde o nfimo valor at oequivalente a cinquenta salrios mnimos mas a sua
alada corresponde a dez salrios mnimos (artigos 85 e 38 da LOJ). Assim as
aces que correm em cada um destes tribunais s admitem recurso se o valor da
aco exceder o valor da alada de cada um deles, salvo as excepes previstas na
lei (atigos 475 e 678 CPC).
1.4.

Competncia absoluta e competncia relativa

A competncia absoluta resulta das situaes em que nos encontramos perante a

competncia internacional; competncia em razo da matria; competncia em
razo da hierarquia14 e as vezes em razo da pessoa, em que levado em
considerao a posio da pessoa no context social, como por exemplo o
julgamento do Presidente da Repblica por crimes de responsabilidade criminal
este responde perante o Tribunal Supremo, e tratando-se de crimes praticados for a
do exerccio das suas funes este responde perante tribunais comuns15.
Por outro lado encontramos a competncia relativa perante a competncia em razo
do territrio ou dos pactos privativos ou atributivos de jurisdio e a competncia
em razo do valor da causa.
A disparidade de tratamento legal entre as modalidades de incompetncia inspira
se em razes de interesse e ordem pblicos. Tratando-se de incompetncia absoluta
a sua tutela confiada ao cuidado do prprio rgo jurisdicional, enquanto a
incompetncia relativa, obedecendo as consideraes de interesse particular, a sua
arguio apenas confiada ao ru.

14
15

Vide, artigo 101 do Cdigo de Processo Civil

Vide nmeros 1 e 2 do artigo 153 da Constituio da Repblica de Moambique de 2004

10

1.4.1. Vcios de competncia

Os vcios resultam da violao de regras determinativas da competncia. A lei
aponta a incompetncia absoluta, mais grave, e a incompetncia relativa.
1.4.1.1. Incompetncia absoluta
O artigo 101 do Cdigo de Processo Civil estabelece que quando houver violao
da regras de competncia em razo da matria, que so aquelas que distribuem o
poder jurisdicional entre o tribunal comum e os tribunais especiais, produz se a
incompetncia absoluta do tribunal.
Este artigo estabelece ainda que a violao da regras de competncia em razo da
hierarquia originam tambm a incompetncia absoluta.
Por fim este artigo dispe que quando houver a violao das regras de competncia
internacional, esta que ocorre atravs da prescrio por lei ou por no observncia
de um pacto e sendo proposta aos tribunais moambicanos uma aco para a qual
eles no tem competncia derivada do artigo 65 do CPC ou de pacto atributivo
verifica- se a incompetncia absoluta.
1.4.1.1.1. Regime de arguio
Decorre do n. 1 do artigo 102 do Cdigo de Processo Civil que a incompetncia
absoluta pode ser arguida pelas partes e deve ser suscitada oficiosamente pelo
tribunal em qualquer estado do processo, desde que no haja sentena transitada
em julgado sobre o fundo da causa.
Em regra a excepo e um meio de defesa do ru 16, entretanto devido a gravidade
da infraco a lei confere, ao prprio autor, que deu causa a que ela se verifique
por ter proposto a aco em tribunal absolutamente incompetente, e admitido a
16

Vide artigo 487 do Cdigo de Processo Civil

11

deduz-la. E a lei vai mais longe ao permitir que o juiz tambm a conhea
oficiosamente.
Este regime da arguio no absoluto, pois sofre duas restries a saber:
proferida a deciso vedado ao juiz suscitar oficiosamente a incompetncia
absoluta, pois esgota-se imediatamente o seu poder jurisdicional17, por outro lado
depois de proferida a sentena s o vencido ou as pessoas directa e efectivamente
prejudicadas pela deciso podem argui-la18.
A incompetncia absoluta pode ser conhecida, apreciada ou julgada , tendo em
conta a tramitao processual, no despacho liminar, nos articulados e antes do
despacho saneador, no despacho saneador, depois do despacho saneador mas antes
da sentena final ou na sentena final19.
Em regra, esta gera a inutilizao de todos os actos praticados, mas se for
decretada findos os articulados, estes podem ser aproveitados, desde que haja
acordo entre as partes20.

1.4.1.1.2. Efeitos da incomptencia absoluta

Se for manifesta a incompetncia absoluta do tribunal, o juz dever indeferir a
petio no despacho liminar21
Se a incompetncia absoluta do tribunal s for verificada depois do despacho
liminar, o ru sera absolvido da instncia22.
17

Vide artigo 666 do Cdigo de Processo Civil

Vide artigo 680 do Cdigo de Processo Civil
19
Vide, alnea b), n. 1 do artigo 474; n. 1, artigo 103; artigo 104 e 510 n. 1, alnea a); n. 1, artigo 104; n.2, artigo
103. Todos do Cdigo de Processo Civil
20
Vide n. 2 do artigo 105 do Cdigo de Processo Civil
18

21
22

Vide alinea b), n1 do artigo 474 do Cdigo de Processo Civil

Vide n.1 do artigo 105 do Cdigo de Processo Civil

12

Se a incompetncia absoluta s for decretada findos os articulados a instncia

prossegue no tribunal competente23
1.4.1.2. Incompetncia relativa
A incompetncia relativa resulta da violao das regras de competncia relativas ao
valor da causa , do territrio ou dos pactos privativos ou atributivos de jurisdio24
A incompetncia territorial envolve necessariamente um erro sobre a circunscrio
judicial, erro este que pode revestir duas formas a saber: propor-se uma aco em
circunscrio diversa daquela em que devia ser proposta, ou interpor-se recurso
para tribunal a que no est hierarquicamente subordinado a aquele que se recorre.
H tambm incompetncia relativa quando h violao de pacto de aforamento,
visto que a competncia fundada na estipulo ser to obrigatria como a que
deriva de lei.25
Por fim h incompetncia relativa quando h um pacto privativo de jurisdio,
onde as partes convencionam validamente em retirar a competncia dos tribunais
moambicanos na sua globalidade, escolhendo jurisdio estrangeira.
So alguns exemplos de incompetncia relativa os seguintes:
A violao de um pacto de aforamento nos termos do artigo 100 no.1 do
CPC aqui visto a competncia fundada na estipulao ser to obrigatria
como a que deriva da lei nos termos do artigo 100 no.3 CPC;
Um outro caso a preterio do Tribunal Arbitral.
Uma aco proposta em tribunal de competncia em razo do valor superior
ao que seria competente para dela conhecer determina a incompetncia
relativa do foro nos termos do artigo 108 do CPC.
23

Vide n 2 do artigo 105 do Cdigo de Processo Civil

Artigo 108 CPC
25
Vide artigo 100 do Cdigo de Processo Civil
24

13

1.4.1.2.1. Regime de arguio

Segundo o artigo 109 do Cdigo de Processo Civil, a incompetncia relativa s
pode ser arguida pelo ru e o prazo da arguio o fixado para a contestao,
oposio ou resposta ou, quando no haja lugar a estas, para outro meio de defesa
que seja lcito deduzir.
Contrariamente competncia absoluta que pode ser conhecida a todo momento, a
incompetncia relativa s pode ser conhecida no despacho saneador e antes do
incio da audincia de discusso e julgamento26.
Nem o autor tem legitimidade para arguir a incompetncia relativa, nem o tribunal
pode dela conhecer oficiosamente.
Os prazos de arguio da incompetncia relativa so: no processo comum de
declarao, o da contestao27; na aco executiva, o da deduo de encargos 28; no
arresto, o dos embargos29; na restituio provisria da posse, o do agravo30; nas
providncias cautelares no especificadas e no arrolamento, o prazo o da
resposta, se o requerido for ouvido previamente 31; ou dos embargos, se o no o
for32; na interdio, o da resposta33.
No arguindo o ru tal excepo nos prazos indicados anteriormente, fica
definitivamente precludido o direito de a invocar.

26

Vide artigo 110, n. 2

Vide artigos 486, n. 1 e 783 do Cdigo de Processo Civil
28
Vide artigos 816, 925, n. 1, 929, n. 1 e 933, n. 2 do Cdigo de Processo Civil
29
Vide artigo 406, n. 1 do Cdigo de Processo Civil
30
Vide artigo 385 do Cdigo de Processo Civil
31
Vide artigos 400, n. 2 e 423n. 3 do Cdigo de Processo Civil
32
Vide artigos 402, n. 2 e 427, n.1 do Cdigo de Processo Civil
33
Vide artigo 947 do Cdigo de Processo Civil
27

14

1.5.

Anlise comparativa entre competncia absoluta e a competncia

relativa

A incompetencia absoluta mais severa na medida em que verifica-se um interesse

pblico essencial boa administrao da justia enquanto que na relativa
verifica-se o interesse particular das partes, ou um interesse pblico que para ser
salvaguardado deixado a iniciativa do ru (estimulado pelo interesse particular).
Na competncia absoluta temos:

Prevalncia do interesse pblico;

Indisponibilidade;
Incabivel eleio de foro;
De ser declarada de ofcio;
Pode ser arguida a qualquer tempo, salvo aps o decurso do prazo da

rescisria;
Acarreta nulidade de todos os actos;
Improrrogvel;
Em razo da matria, em razo da pessoa;
Funcional

Competncia relativa:

Prevalncia do interesse das partes;

Disponibilidade;
possvel o foro de eleio;
No pode ser declarada de ofcio;
Arguida em momento oportuno, sob pena de precluso;
No acarreta nulidade, remetem-se os autos ao outro juz;
Prorrogvel;
Territorial ou de foro;
Em razo do valor e da causa.
15

Podemos notar que h disparidade de tratamento legal entre as modalidades de

incompetncia e isto justifica-se em razes de interesse e ordem pblicos.
Assim quando estamos diante da incompetncia absoluta a sua tutela confiada ao
prprio rgo jurisdicional.
Coisa diferente ocorre quando estamos diante da incompetncia relativa pois esta
atende as consideraes de interesse particular da a sua arguio ser apenas
confiada ao ru.

16

2. Concluso
O trabalho de pesquisa discorreu sobre a temtica relativa aos pressupostos
processuais especificamente no mbito da competncia dos tribunais.
Aps elucidar-se acerca do que competncia como pressuposto processual
relativo aos

tribunais, achou-se por bem sobrevoar as duas modalidades da

competncia (internacional e interna), focando nos diversos critrios relativos a

atribuio da competncia internacional, sem descurar de um aprofundamento da
competncia interna nas suas variadas modalidades.
Do estudo da competncia advm a constatao de que ela pode estar em algumas
situaes enfermada de vcios que a condicionam, cada um em proporo mais
gravosa que a outra. Tais vcios so a incompetncia absoluta, que pode ser arguida
pelas partes e deve ser suscitada oficiosamente pelo tribunal em qualquer estado
do processo,desde que no haja sentena transitada em julgado sobre o fundo da
causa. Incompetncia relativa, que s pode ser arguida pelo ru e tendo como prazo
o fixado para a arguio o mesmo da contestao, oposio ou resposta, no
podendo ser conhecida a todo o momento.
Tendo estas figuras sofrido o aprofundamento necessrio no decorrer do trabalho.
Como corolrio do aprofundamento do tema, tornou-se inevitvel e incontornvel
o estudo comparativo das figuras da competncia absoluta e da competncia
relativa para fechar o trabalho e uniformizar todos conhecimentos resultantes do
estudo do tema desenvolvido.

17

3. Bibliografia
1. Legislao
Constituio da Repblica de Moambique de 2004
Lei n. 24/2007 de 20 de Agosto Lei da Organizao Judiciria
Cdigo de Processo Civil
Cdigo de Processo Penal
2. Doutrina
AMARAL, Jorge Augusto Pais de, Direito Processual Civil, 3 ed.,
Almedina, Coimbra, 2002
ANDRADE, Manuel A. Domingues, Noes elementares de processo civil,
Editora Coimbra, Coimbra
CINTRA, Antnio Carlos de Arajo, et al, Teoria Geral do Processo, 222 ed.,
Malheiros editores, Brasil, 2006
CORREIA, Eduardo, Direito Criminal I, LivrariaAlmedina, Coimbra, 1999
TIMBANE, Toms, Lies de Processo Civil I, Escolar Editora, Maputo,
2010
3. Outras
VALCANOVER, Fabiano Hselof, Apontamentos acerca da competncia
interna no novo Cdigo de Processo Civil
4. Stios da internet
http://www.diariojurista.com/2013/10/competencia-interna.html 03.05.2015

18

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