Aula01 Unidade01 Ed01 Diagramado Final
Aula01 Unidade01 Ed01 Diagramado Final
Aula01 Unidade01 Ed01 Diagramado Final
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA
PARABA
Histria, literatura e
memria nas literaturas
africanas de Lngua
Portuguesa
1 OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
Conhecer um pouco da histria dos pases
africanos de Lngua Portuguesa;
Discutir e desconstruir vises estereotipadas
sobre a frica e os africanos;
Promover o dilogo entre as experincias de vida e memria
de escritores africanos e os diferentes caminhos seguidos pelas
literaturas africanas durante e aps a colonizao portuguesa.
AULA 1
2 COMEANDO A HISTRIA
Prezado aluno,
Comeamos, com essa primeira aula, nossa viagem ao universo das literaturas
africanas de Lngua Portuguesa. Nossa primeira conversa ser sobre as imagens que
construmos sobre a frica e os africanos. Quando se fala em frica, geralmente,
as primeiras imagens e pensamentos que nos acometem esto relacionados
pobreza, fome, doenas, vida selvagem. Esquecemos que a frica um continente,
com diferentes paisagens, modos de vida, religies e lnguas distintas.
Essas ideias foram construdas ao longo dos sculos e reforadas pelas teorias
evolucionistas (final do sculo XVIII) e racialistas (final do sculo XIX) difundidas
pelos europeus. Por meio do evolucionismo, os europeus difundiram a ideia
de que os africanos eram povos atrasados: civilizados eram os europeus e
primitivos eram todos os outros. O racialismo o conjunto de ideias que divide
a humanidade em raas, distintas fsica e psicologicamente, e, por essa razo,
serve para justificar o racismo. Juntas essas duas teorias reforaram a crena
dos europeus numa misso civilizadora, empreendida nas vrias invases ao
continente africano, principalmente aps a chegada dos portugueses naquele
continente.
Outra ideia difundida, que facilitou a dominao europeia na frica, foi o
unanimismo, que via a frica habitada por populaes de pele negra como
um lugar com caractersticas culturais semelhantes. Como afirma Fbio Baqueiro
Figueiredo (2011, p. 8):
Reconhecer a enorme diversidade cultural, poltica e
social africana urgente e necessrio. Neg-la equivale
a desacreditar a capacidade e a prpria humanidade dos
africanos e de seus descendentes nas Amricas. Afinal de
contas, em todos os lugares onde a humanidade fez histria,
a pluralidade foi a regra. No h motivo para pensar que na
frica teria sido diferente.
AULA 1
culturas que dialogam entre si; cada um desses pases viveu processos distintos nas
lutas pela independncia e nos anos que se seguiram. As redes de solidariedade
que foram se criando entre essas naes, e entre elas e ns, brasileiros, repercutem
nas trocas culturais e literrias.
O Brasil representa hoje um enorme mercado para as literaturas produzidas em
Angola, Moambique, Cabo Verde, Guin-Bissau e So Tom e Prncipe. Nossos
escritores e escritoras, alm dos nossos msicos e das nossas novelas, fazem parte
da vida das pessoas que moram do outro lado do mar. Um exemplo disso so
as referncias, muito presentes nos livros de Ondjaki, s novelas brasileiras, aos
romances de Guimares Rosa, aos poemas de Carlos Drummond de Andrade.
Nesta nossa primeira aula, vamos conhecer um pouco da histria desses pases
e dos escritores que l vivem, e para isso iremos acompanhar a trajetria pessoal
e artstica de escritores como Ondjaki (Angola), Paulina Chiziane (Moambique),
Conceio Lima (So Tom e Prncipe), Odete Semedo (Guin-Bissau) e Germano
Almeida (Cabo Verde). A leitura dos poemas, romances e narrativas curtas desses
autores e autoras ser retomada nas nossas prximas aulas. Com isso, ser
possvel unir a histria s memrias e vivncias de artistas to distintos, mas que
compartilham uma mesma lngua e muitos sonhos.
3 TECENDO CONHECIMENTO
Para incio de conversa, vamos pensar no mapa do continente africano dividido
em duas grandes regies: acima e abaixo do deserto do Saara. Vejamos o mapa:
Figura 1
13
PAS
RECONHECIMENTO DA
INDEPENDNCIA
Angola
11 de novembro de 1975
Cabo Verde
5 de julho de 1975
Guin-Bissau
10 de setembro de 1974
Moambique
25 de junho de 1975
So Tom e Prncipe
12 de julho de 1975
AULA 1
Guin-Bissau: crioulo (lngua franca, falada por 60% da populao), balanta
(grupo balanta), diola (grupo bak), fulani (grupo fulani);
15
Exercitando
Agora sua vez de exercitar um pouco o olhar crtico sobre os escritores e as
literaturas produzidas em Angola, Moambique, Guin-Bissau, Cabo Verde
e So Tom e Prncipe. Acompanhe a trajetria de cinco escritores, por meio
de entrevistas e depoimentos indicados nos links a seguir; procure perceber
como cada um deles se relaciona com a histria do seu pas, com as culturas
e a literatura; conhea um pouco da biografia de cada um, leia um poema ou
16
AULA 1
conto e tente perceber como algumas imagens e impresses sobre a frica e os
africanos vo, aos poucos, sendo substitudas pela diversidade de trajetrias e
memrias individuais, pela multiplicidade de leituras que as obras de cada um
deles proporcionam.
Os escritores escolhidos para esse passeio so os seguintes:
Ondjaki (Angola):
https://www.youtube.com/
watch?v=PkiQ_ghMTvw
Figura 3
https://www.youtube.com/
watch?v=dQBB2_Iw2Hw
Figura 4
https://www.youtube.com/
watch?v=DZMuKeuE0ag
Figura 5
17
https://www.youtube.com/
watch?v=yCBUqtwysVo
Figura 6
https://www.youtube.com/
watch?v=2uwV3Vpm9tk e https://www.
youtube.com/watch?v=qu5wWEKCoEk
Figura 7
Figura 8
18
AULA 1
Para saber um pouco mais sobre a formao e consolidao dessas literaturas,
sugerimos a leitura do texto Panorama das literaturas africanas de lngua
portuguesa, de Maria Nazareth Soares Fonseca e Teresinha Taborda Moreira,
disponvel em: http://www.ich.pucminas.br/posletras/Nazareth_panorama.
pdf. Esse texto pode servir como base para as vrias leituras e discusses que
realizaremos ao longo deste curso.
Estimado aluno, enfim, verifique quais os contedos que necessitam de um
maior aprofundamento e busque complementar as informaes por meio da
participao em fruns e debates.
5 TROCANDO EM MIDOS
Vimos, nesta primeira aula, como possvel questionar vises sobre a frica que
associam ao continente aspectos como a misria, o desconhecimento, a selvageria.
A biografia e as obras de uma srie de escritores que conhecemos mostram a
diversidade de experincias e relaes que esses escritores estabelecem com
as culturas dos pases onde vivem ou escolheram para viver. Conhecemos um
pouco da histria dos contatos dos portugueses com os africanos e como as
literaturas de Angola, Moambique, So Tom e Prncipe, Cabo Verde e GuinBissau foram se constituindo e se consolidando. Apreveite para complementar
essas informaes por meio da leitura dos textos indicados e, principalmente,
dos poemas, contos e romances dos autores mencionados.
6 AUTOAVALIANDO
Partindo do que foi abordado nesta aula, necessrio fazer uma autorreflexo:
Houve mudanas nas ideias que eu tinha sobre a frica e os africanos aps
conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra dos escritores angolanos,
moambicanos, guineenses, so-tomenses e cabo-verdianos?
19
REFERNCIAS
ABDALA JNIOR, Benjamim. Notas histricas: solidariedade e relaes comunitrias
nas literaturas dos pases africanos de lngua portuguesa. Gragoat. Niteri, n.
24, p. 31-44, 2008.
CHAVES, Rita; MACEDO, Tnia (Orgs.). Marcas da diferena: as literaturas africanas
de Lngua Portuguesa. So Paulo: Alameda, 2006.
FIGUEIREDO, Fbio Baqueiro. Histria da frica. Braslia: Ministrio da Educao.
Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade; Salvador: Centro
de Estudos Afro-Orientais, 2011.
FONSECA, Maria Nazareth Soares; MOREIRA, Terezinha Taborda. Panorama das
literaturas africanas de lngua portuguesa. Cardernos Cespuc de Pesquisa PUCMinas, Belo Horizonte, n. 16, p. 13-69, set. 2007.
ROCHA, Everardo P. G. O que etnocentrismo. So Paulo: Brasiliense, 1985.
SECCO, Carmen Lcia Tind. O entre-lugar do ensaio no contexto literrio africano
de lngua portuguesa. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 7, n. 13, p. 272-285, 2 sem. 2003.
TUTIKIAN, Jane. Questes de identidade: a frica de Lngua Portuguesa. Letras
de Hoje. Porto Alegre, v. 41, n. 3, p. 37-46, set. 2006.
20
AULA 1
21