MÉTODO FONOMÍMICO Paula Teles®
MÉTODO FONOMÍMICO Paula Teles®
MÉTODO FONOMÍMICO Paula Teles®
Resumo: Este artigo apresenta o Mtodo Fonommico Paula Teles e o seu enquadramento
terico. O Mtodo Fonommico Paula Teles um mtodo fnico-silbico e multissensorial de
desenvolvimento das competncias fonolgicas, de ensino e reeducao da leitura e da escrita. Foi
elaborado com base nos resultados da investigao neurocientfica, sobre os processos cognitivos
envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita, no estudo e experincia profissional da autora,
professora e psicloga educacional, que ao longo de mais de quatro dcadas tem exercido funes
na avaliao, ensino e reeducao de crianas e jovens com perturbaes de leitura e escrita.
Prope-se ser um contributo para a divulgao do conhecimento cientfico atualizado sobre a
gnese das dificuldades subjacentes aquisio da leitura e da escrita e apresentar estratgias de
ensino facilitadoras destas aprendizagens.
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aprender a ler, numa escrita alfabtica, necessrio tornar explcito, tornar consciente, o que
na linguagem oral um processo cognitivo implcito, inconsciente. necessrio ativar e
relacionar os diversos subsistemas cognitivos, que no foram selecionados para o processo
evolucionista da leitura (Cary, & Verghaeghe, 2001).
Aprender a ler
Aprender a ler a grande aquisio da infncia. Quando as crianas iniciam a
escolaridade so enormes as expectativas em relao ao saber ler, essa chave mgica que
abre a porta de todos os saberes, que nos transporta a mundos mgicos onde tudo de bom
pode acontecer
A grande maioria das crianas aprende a ler sem dificuldades passando sequencialmente
por determinadas etapas at se tornarem leitores hbeis.
Uma pequena minoria, contudo, revelam dificuldades inesperadas que afetam
seriamente a sua caminhada, surpreendendo os pais e educadores e originando sentimentos de
tristeza e frustrao que podem deixar marcas para toda a vida.
At h poucos anos a origem desta dificuldade era desconhecida, era uma incapacidade
invisvel, um mistrio que gerou mitos, preconceitos e estigmas que acompanharam e ainda
acompanham, muitas crianas, jovens e adultos.
A tomada de conscincia desta dificuldade, inesperada e incompreensvel, incentivou a
realizao de inmeras investigaes com o objetivo de encontrar uma explicao cognitiva e
neurocientfica para os processos mentais envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita.
Desses estudos emergiu a recm designada Cincia da Leitura, que se desenvolveu
apoiada nos conhecimentos da psicologia cognitiva e das neurocincias (Castro & Gomes,
2000).
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1997; Snowling & Stackhouse, 1997; Kaufman, 2000; Stanovich, 1986; Henry, 2000;
Shaywitz, 2003; Morais, 1997; Snowling, 2001).
Porque, como j foi referido, as crianas com dificuldades leitoras, para alm do dfice
fonolgico, apresentam outras dificuldades, os mtodos de ensino multissensoriais permitem
obter um maior sucesso. Ao utilizar simultaneamente as diferentes vias de acesso ao crebro
so estabelecidas interligaes neuronais que potencializam a aprendizagem e reforam a
memorizao. O Mtodo Fonommico permite s crianas integrar o ver, o ouvir, o
cantar o fazer o gesto e o escrever.
A Associao Internacional de Dislexia, e uma imensidade de investigadores,
promovem ativamente a utilizao de mtodos fnico-silbicos e multissensoriais, indicando
os princpios e os contedos educativos que necessitam de ser ensinados explicitamente.
Essas orientaes foram rigorosamente seguidas na conceo do Mtodo Fonommico que a
autora foi construindo e aperfeioando no decorrer da sua prtica reeducativa.
Fnico-silbico - A aprendizagem inicia-se a partir dos sons da linguagem oral, que so
associados aos desenhos das letras que os representam, apresentando de imediato a fuso
das consoantes com as vogais.
Multissensoriais - As crianas ouvem, memorizam, cantam as cantilenas e fazem o respetivo
gesto. Repassam com o dedo por cima das letras em relevo, executam e verbalizam os
movimentos necessrios sua escrita.
Sequencial e Cumulativo - Os contedos a aprender seguem a sequncia lgica da aquisio
da linguagem oral e os resultados dos estudos da psicologia cognitiva e das neurocincias. O
ensino inicia-se com os elementos mais bsicos e fceis da linguagem e progride
gradualmente at aos mais complexos e difceis. So ensinados os sons e o nome das letras
que os representam, com o apoio musical das histrias-cantilenas, (as correspondncias
fonemagrafema), como juntar os fonemas e as slabas (fuso fonmica e silbica), como
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separar as slabas e fonemas (segmentao silbica e fonmica), como ler palavras (fuses
silbicas sequenciais) e finalmente como ler textos com fluncia, preciso e compreenso. Os
conhecimentos adquiridos so revistos sistematicamente a fim de manter e reforar a sua
memorizao.
Ensino Sinttico e Analtico - So ensinadas as operaes de sntese e de anlise. A sntese das
correspondncias grafemasfonemas para chegar s slabas; sntese das slabas para
identificar as palavras, ensino explcito da fuso fonmica e silbica e das fuses silbicas
sequenciais. A anlise das palavras para identificar as slabas, a anlise das slabas para
identificar os fonemas, o ensino explcito da Segmentao Silbica e Fonmica.
Direto e Explcito - Os conceitos so ensinados direta e explicitamente.
Intensivo - As competncias ensinadas so treinadas at sua automatizao. A
automatizao ir disponibilizar a ateno para aceder compreenso dos textos.
Avaliao Diagnstica - O plano educativo inicia-se com uma avaliao diagnstica e
rigorosa dos conhecimentos j adquiridos e a adquirir por cada aluno.
Monitorizao dos resultados - Periodicamente avaliada, e registada em grfico, a evoluo
das competncias leitoras e ortogrficas.
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grafema c pode corresponder aos fonemas [k] [s]; o grafema g pode corresponder aos
fonemas [g] []; o grafema x pode corresponder aos fonemas [] [z] [s] [ks];
H grafemas sem correspondncia fonolgica: o h; u nos grafemas complexos qu
e gu; o m nos grafemas complexos am, em, im, om e um; o n nos grafemas complexos
an, en, in, on e un;
H fonemas sem representao grfica: Na linguagem falada h 14 vogais (9 orais + 5
nasais) e 4 Semivogais (2 orais + 2 nasais), Na linguagem escrita h 5 Vogais e 0
Semivogais;
H fonemas que podem ser representados por diferentes grafemas: o fonema [] pode
ser representado pelo grafema e pelos grafemas complexos, dgrafos, an e am; o fonema
[s] pode ser representado pelos grafemas: s, ss, c, , x; o fonema [ch] pode ser representado
pelo grafema x e pelo dgrafo ch;
H fonemas que so representados por grafemas complexos, dgrafos: ch, nh, lh, ss, rr,
qu, gu, an, am.
Caliortografia - Escrever sem erros ortogrficos e com uma caligrafia correta.
Para que o aluno se torne um leitor hbil necessrio integrar e treinar sistematicamente todas
estas competncias.
Para alm do dfice fonolgico, as crianas com dificuldades na aprendizagem da
leitura, apresentam, com frequncia, dificuldades na memria a curto termo, nas capacidades
de automatizao, de nomeao rpida, e de focalizao e manuteno da ateno.
Parque dos Fonemas - um livro de iniciao leitura e escrita que utiliza uma
metodologia multissensorial - a aprendizagem feita utilizando simultaneamente as diversas
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