Daniela Claudi
Daniela Claudi
Daniela Claudi
SO LEOPOLDO
2011
So Leopoldo
2011
C615
CDD: 930.1
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________________
Dr. Pedro Igncio Schmitz, Orientador - UNISINOS
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Jairo Henrique Rogge - UNISINOS
______________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcus Vinicius Beber - UNISINOS
_____________________________________________________________________
Profa. Dra. Neli Galarce Machado - UNIVATES
AGRADECIMENTOS
A concretizao deste trabalho s foi possvel porque muitas pessoas contriburam
para isso. Dentre elas, destacam-se duas fundamentais: meu orientador, Dr. Pedro Igncio
Schmitz, que sempre demonstrou serenidade, compreenso e generosidade diante dos
impasses decorridos nesta pesquisa; e meu querido e amor Thiago Vieira Torquato, que em
todos os momentos esteve ao meu lado, principalmente, quando me faltaram pacincia e
fora para prosseguir nesta caminhada.
Confesso que esses dois anos de mestrado tornaram-se rduos. Foram demarcados
entre trabalho, viagens semanais, estudo e pesquisa. Por isso, retribuo em gratido a todos os
meus familiares que compreenderam minha ausncia durante esse perodo: Arilton
Claudino, Regina da Costa Claudino, Amanda da Costa Claudino, Camila da Costa
Claudino, Manoel Alfredo Torquato, Izabel Vieira Torquato, Alcione Vieira Torquato,
Luciano Nascimento, Llian Torquato Balduno e Francelino Balduno.
Agradeo a Dra. Deisi Scunderlick Eloy de Farias que me apresentou o tema
estudado nesta dissertao e, tambm, a todos os integrantes do GRUPEPArqueologia/UNISUL, em especial, Raul Novasco pela confeco dos mapas, e Geovan
Martins Guimares pelo auxlio nas entrevistas.
Aos entrevistados, Sr. Roberto Irineu da Silva, Sr. Paulo Bloemer, Sr. Antnio
Assing, Sr. Adolfo Schmoeller, Sr. Arventino Backes, Sr. Huberto Boeing, Sra. Lcia
Boeing Backes, Sr. Benoni Rech, mais uma vez, expresso minha gratido, pelo tempo
despendido e pela calorosa receptividade. E tambm, aos funcionrios do IPHAN de
Florianpolis - SC; da Cria Diocesana de Tubaro - SC; e do Arquivo Pblico de Santa
Catarina pela ateno disponibilizada a este trabalho.
A todos os professores do Programa de Ps-Graduao em Histria da UNISINOS,
principalmente, Dra.Eliane Cristina Deckmann Fleck, Dra. Maria Cristina Bohn Martins, Dra.
Elosa Ramos, Dra. Ana Silvia Scott, Dr. Luiz Fernando Medeiros Rodrigues, Dr. Paulo
Roberto Staudt Moreira que me facilitaram o contato com outras fontes de pesquisa
histrica.
Enfim, a todos integrantes do Instituto Anchietano de Pesquisas: Ivone Verardi pelo
carinho e educao que sempre demonstrou pessoalmente e pelos e-mails remetidos; Marcos
Vincius Beber pelos cafs e pelas prosas; e Jairo Henrique Rogge pelas sugestes na
pesquisa.
Aos colegas do mestrado pelo companheirismo nas disciplinas e nas aflies.
Suelen Dias, Rosangela Maria Martins Rodrigues, Paulo Cezar Rodrigues, Janana
Tedesco, Eduardo Milani, Emlio Chiarelli e Anderson Souza pela ateno e apoio.
Por fim, a Capes pela bolsa de estudos, sem este incentivo financeiro seria
impossvel realizar este mestrado.
A todos, meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
O objetivo central desta dissertao foi estabelecer uma comparao do modelo de ocupao
estvel Xokleng, proposto por Farias (2005), com os stios arqueolgicos identificados no
municpio de Rio Fortuna SC. Este modelo presumiu que os Xokleng tiveram estabilidade
territorial na encosta catarinense. No entanto, as fontes histricas e arqueolgicas
apresentaram dados divergentes. De um lado, documentos e entrevistas confirmaram a
presena dos Xokleng. De outro, stios arqueolgicos caracterizaram grupos caadorescoletores ligados a Tradio Tecnolgica Umbu. De fato, os 66 stios identificados atravs
da bibliografia e da pesquisa de campo, demonstraram ocupao contnua. Porm, nenhum
deles apresentou vestgios materiais descritos nos documentos histricos, pelo contrrio, as
pontas de projtil confeccionadas em pedra prevaleceram nessas ocupaes. Por isso,
caracterizamos a cultura material dos stios arqueolgicos e dos assentamentos Xokleng
informados pela etnohistria. Estabelecemos semelhanas e diferenas entre estes dados.
Visualizamos o contexto arqueolgico na rea da pesquisa, e nos municpios prximos.
Avaliamos a contribuio da metodologia da histria oral para as pesquisas arqueolgicas.
E, por fim, tentamos compreender a relao entre os Xokleng e a Tradio Umbu.
Empregamos como metodologias o levantamento bibliogrfico, levantamento documental,
histria oral e pesquisa de campo. Como nem todos os dados foram passveis de comparao
e outros no foram compatveis com o modelo Xokleng, procedemos elaborao de duas
hipteses na tentativa de fornecer pistas para futuras pesquisas. A primeira prope uma
associao entre grupos caadores-coletores antigos e pequenos grupos Xokleng advindos
do planalto catarinense; e a segunda, leva em considerao a primeira suposio. Neste caso,
sugere que o processo de colonizao iniciado por volta de 1850, no Vale do Rio Itaja, teria
ocasionado uma segunda migrao da encosta norte para a encosta sul, resultando em
alteraes culturais.
Palavras -chave: Encosta catarinense. Stios arqueolgicos. Caadores-coletores. Xokleng.
Histria Oral.
ABSTRACT
The principal aim of the dissertation is to compare the model of a stable Xokleng settlement
presented by Farias (2005) with the archaeological sites identified in the municipality of Rio
Fortuna-SC. The mentioned model proposes that the Xokleng had a territorial stability on
the slope of the highlands of Santa Catarina. However, the historical and archaeological data
diverge: while the documents and interviews confirm their presence, the archaeological sites
characterize a hunter and gatherer culture of the Umbu technological tradition. In fact the 66
sites identified in the bibliography and field investigation prove continued occupation. But,
no site presented the materials reported by the written documents; on the contrary, lithic
arrow points predominate in the archaeological sites. As a consequence, we are conducted to
characterize independently the two sets of data: the material culture of the archaeological
sites, and the settlement of the Xokleng as it is reported by documents. We explore the
similarities and differences of the two sets, visualize the archaeological composition in the
area and in the bordering municipalities, appreciate the contribution of oral history, and
then, try to understand the possible relation of the Xokleng and the Umbu tradition. That for,
we used the methodologies of bibliographic and documental investigation, oral history, and
field work. Not all the data of the two sets permitted a comparison, so we elaborated a
double hypothesis. The first proposes an association of the ancient hunters and gatherers of
the Umbu tradition with migrating Xokleng groups. The second accepts the mentioned
association and aggregates a migration from the Itajai valley to the new habitat when the
valley was colonized par German immigrants. So the culture of the migrants differs from the
former local indigenous dwellers.
Key words: Highlands of Santa Catarina. Archaeological Sites. Hunter and Gatherer.
Xokleng. Oral History.
LISTA DE FIGURAS
26
27
29
31
32
51
56
65
65
65
65
74
74
77
77
89
89
078399\6887300....................................................................................................... 107
Figura 23 - Local indicado pelo Sr. Roberto Irineu da Silva sobre um
acampamento Xokleng que Ireno Pinheiro teria atacado na Comunidade de Rio
Perdido, municpio de Santa Rosa de Lima.............................................................
110
111
112
113
115
116
117
118
118
118
Figura 38 - Artefatos bifaciais coletados por Sr. Adolfo Schmoeller em torno das
3 manchas identificadas em sua propriedade...........................................................
118
Figura 39 - Artefatos bifaciais coletados por Sr. Adolfo Schmoeller em torno das
3 manchas identificadas em sua propriedade...........................................................
119
Figura 40 - Artefatos polidos coletados por Sr. Adolfo Schmoeller nas manchas
identificadas em sua propriedade.............................................................................
119
120
120
127
128
10
129
131
11
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Mapa de localizao da rea da pesquisa.................................................
22
12
LISTA DE TABELAS
53
57
58
59
61
63
134
13
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 - Estruturas arqueolgicas identificadas na encosta sul catarinense
atravs do levantamento bibliogrfico.....................................................................
48
75
14
SUMRIO
1 INTRODUO...................................................................................................
16
2 O AMBIENTE.....................................................................................................
21
21
22
2.2.1 Geologia..........................................................................................................
23
2.2.2 Geomorfologia...............................................................................................
25
2.2.3 Hidrografia....................................................................................................
30
2.2.4 Clima..............................................................................................................
32
2.2.5 Vegetao.......................................................................................................
33
2.3. DISCUSSO....................................................................................................
41
42
43
48
51
53
54
57
58
59
60
62
66
67
3.2 DISCUSSO.....................................................................................................
78
81
81
94
99
103
105
15
109
4.3 DISCUSSO.....................................................................................................
120
125
125
131
5.3 DISCUSSO.....................................................................................................
133
6 CONCLUSO.....................................................................................................
144
REFERNCIAS.....................................................................................................
149
159
160
161
166
167
16
1 INTRODUO
17
Atlntica1 e outras duas por este trabalho. O SC-RFT-01 apresentou uma data de 1180 a
970 A.P. - Cal (Beta-235320); j o SC RFT-11 equivaleu a 920 a 730 A.P. - Cal (Beta242801); O stio de Santa Rosa de Lima apresentou a data de 990 a 780 A.P. - Cal (Beta265887); e o stio Adolfo Schmoeller I foi datado em 920 a 700 A.P. - Cal (Beta-265886).
Essas ocupaes pr-histricas so consideradas relativamente recentes para grupos
caadores-coletores, se comparadas com as datas obtidas pelo projeto Tai, no Vale do Rio
Itaja encontros de antigos caadores com as casas subterrneas desenvolvido na poro
setentrional da encosta de Santa Catarina. Nesta regio, dois stios a cu aberto foram
datados, um em 8000 A.P. e outro em 4000 A.P. (SCHMITZ et al., 2009).
Arqueologicamente, a encosta catarinense vem sendo pesquisada h pelo menos 40
anos. Arquelogos como Piazza (1966), Eble (1973 apud Farias, 2005) e Rohr (1979-1982)
elaboraram os primeiros estudos quanto aos vestgios presentes nesta regio. Contudo, essas
pesquisas no tiveram como prioridade compreender de forma mais minuciosa a ocupao
neste ambiente.
O primeiro trabalho que se props a entender a ocupao Xokleng de forma mais
aprofundada foi a dissertao de mestrado de Lavina (1994). Neste trabalho, a partir de
documentos e relatos histricos, o autor criou um modelo etnogrfico para o grupo. O
pesquisador concluiu que os Xokleng estavam fortemente condicionados s variaes
ecolgicas, que, por sua vez, favoreciam o nomadismo. Assim, este grupo teria circulado,
em seu territrio, em um movimento pendular estacional entre a Floresta Ombrfila Densa e
a Floresta Ombrfila Mista, consumindo os recursos oferecidos por cada um destes
ambientes.
Posteriormente, Farias (2005) em sua tese de doutorado contraps ao modelo de
Lavina (1994), sugerindo uma ocupao mais estvel para o grupo Xokleng na regio da
encosta. Este modelo constitudo por um assentamento de mdia mobilidade, onde a
encosta catarinense no seria um local de transio, mas, um local de habitao permanente.
Projeto acadmico coordenado pela Dra. Deisi Scunderlick Eloy de Farias com apoio financeiro do
CNPq.
18
19
possua alta diversidade biolgica, fator esse, que favoreceria a grupos caadores-coletores
generalistas.
A Arqueologia Regional com Enfoque em Rio Fortuna SC encontra-se no
terceiro captulo, onde realizamos um levantamento bibliogrfico que reuniu 216 stios
arqueolgicos de Rio Fortuna e dos municpios vizinhos, tais como: Tubaro, Gravatal,
Orleans, Urussanga, Gro Par, Brao do Norte, Pedras Grandes, Santa Rosa de Lima, So
Bonifcio e So Martinho. Nosso objetivo foi identificar a dinmica ocupacional prhistrica na rea da pesquisa e de suas adjacncias. Diante de tantos stios arqueolgicos,
destacamos dois pesquisados por Farias (2009) em Rio Fortuna. O primeiro, SC-RFT-01,
possui algumas intervenes arqueolgicas; composto por oito manchas associadas a
material ltico confeccionado principalmente em quartzo. E o segundo; o SC-RFT-11, est
sendo escavado sistematicamente; constitudo por duas manchas muito prximas. Estas
no possuam presena de lticos em superfcie (FARIAS, 2009).
No quarto captulo enfocamos Os Xokleng segundo as fontes escritas e orais, no
qual providenciamos uma reviso da literatura que trata dos Xokleng, com o objetivo de
enfocar a cultura material desse grupo nos primeiros anos de contato com o colonizador
europeu. A metodologia que se destaca neste captulo a Histria Oral. Entrevistamos 8
moradores, que, atravs de suas narrativas, nos contaram sobre o contato entre ndios
Xokleng e imigrantes alemes, destacando a atuao dos bugreiros, homens contratados para
afugentar e matar indgenas que viessem a causar transtornos ao processo colonizador.
Procuramos, nos relatos orais, caracterizar a cultura material Xokleng e tambm mapear
stios arqueolgicos indicados pelos prprios entrevistados. Recorremos, ainda, a uma
pesquisa feita nos documentos da Cria Diocesana de Tubaro-SC, revelando-nos que
crianas indgenas foram batizadas e, provavelmente, inseridas na sociedade brasileira.
O modelo Xokleng para a encosta de Santa Catarina trata-se do ttulo no captulo
cinco, onde descrevemos sobre o experimento entre o modelo de ocupao estvel proposto
por Farias (2005) a partir dos dados arqueolgicos. Mediante este confronto, elaboramos
duas hipteses para a ocupao da encosta pelos Xokleng e para a presena de stios
arqueolgicos relacionados a grupos caadores-coletores da Tradio Tecnolgica Umbu.
A primeira hiptese considera uma associao entre antigos caadores-coletores e
Xokleng. Pequenos grupos Xokleng advindos do Planalto teriam entrado em contato com
grupos caadores-coletores estabelecidos na encosta. Com isso, o Xokleng teria assumido
caractersticas biolgicas e culturais dos primeiros moradores e vice-versa. Esta suposio
20
explicaria, por exemplo, a cultura material da rea pesquisada, confirmando-se atravs das
pontas de projtil.
A segunda hiptese est em acordo com a proposio anterior, onde se confirma que
grupos J teriam, inicialmente, migrado do Planalto, associando-se a antigos caadorescoletores da encosta. Mas, o processo de colonizao iniciado por volta de 1850, no Vale do
Rio Itaja, teria ocasionado uma segunda migrao, procedente da encosta norte para encosta
sul. Em consonncia a esse hiptese, antes da chegada dos imigrantes em Santa Catarina, os
Xokleng, que habitaram tanto a encosta norte quanto a encosta sul apresentavam grandes
semelhanas na cultura material, condizentes com as pontas de projtil identificadas por
Schmitz et al. (2009) no Vale do Rio Itaja. Por conseguinte, essas duas hipteses podero
servir como eixos norteadores para futuras pesquisas.
21
2 O AMBIENTE
A rea de estudo est inserida no municpio de Rio Fortuna, sul de Santa Catarina,
em direo s encostas da Serra Geral. Est a 280752 de latitude sul, e 490619 de
longitude norte, e a 130 metros acima do nvel do mar. Limita-se ao norte com Santa Rosa
de Lima; ao sul, com Brao do Norte, Gro-Par e Armazm; a leste, com So Martinho; e a
oeste com Urubici e Gro-Par (BLOEMER, 2008, p. 30). Segue abaixo mapa de
localizao (Mapa1).
22
De acordo com Lorscheitter (1997 apud KNEIP, 2004), o clima do sul do Brasil no
enfrentou grandes perodos de seca nos ltimos 5.700 anos A.P. devido ao efeito de
sucessivas repeties do fenmeno El Nio. Avalia, ainda, que as freqncias climticas
observadas na atualidade, foram estabelecidas por volta de 3.000 anos A.P.
Fazendo uma associao entre os dados acima e as dataes radiocarbnicas
realizadas na encosta catarinense (FARIAS 2006, 2008), que variam de 1180 a 700 anos
A.P., conclumos que as formaes biogeogrficas atuais correspondem s mesmas
encontradas pelos grupos pr-histricos. Portanto, as informaes ambientais presentes neste
captulo podem ser extrapoladas para construo de um contexto arqueolgico, facilitando a
compreenso da dinmica desses grupos com o ambiente.
A seguir apresentaremos os diversos aspectos ambientais da rea em estudo.
23
2.2.1 Geologia
De acordo com Santa Catarina (1989, p. 24), o Grupo Itarar compreende uma seqncia
sedimentar de idade Permo-Carbonfera, cujos depsitos refletem influencias glaciais em seus
diferentes ambientes deposicionais.
3
O grupo Guat tem sua constituio determinada por arenitos intercalados por camadas de carvo e
folhelhos carbonosos. Ocorrem tambm siltitos de cor cinza esverdeada com bioturpao (PERIN,
2007).
24
muito finos, quartzosos, micceos, com laminao paralela e ondulada. Apresenta tambm
freqentes bioturbaes (SANTA CATARINA, 1989).
Quanto ao Membro Siderpolis, esse constitui um espesso pacote de arenitos, com
intercalaes de siltitos, folhelhos carbonosos e carvo. Na sua poro basal e mdia,
geralmente, os arenitos so de colorao cinza-amarelada e textura mdia, localmente
grossa. So moderadamente classificados como gros arredondados a subarredondados de
quartzo e, raramente, feldspato. As camadas apresentam espessuras variveis, desde alguns
centmetros at mais de um metro (SANTA CATARINA, 1989).
De acordo com o Santa Catarina (1989), o Complexo Tabuleiro composto por
associaes granito-gnissicas e de migmatitos de injeo de mdio grau metamrfico,
polideformado, cujos principais domnios apresentam forte foliao de alto ngulo em zona
de ocorrncia. Em Rio Fortuna esse complexo representado pela Faixa Granito-Gnissica
Santa Rosa de Lima-Tijucas.
Esta faixa corresponde a granito-gnssicos de vrias composies. Ocorre
continuamente por cerca de 150 km. De Orleans at Tijucas os afloramentos esto
distribudos em uma largura mdia de 10 km e, entre os municpios de Anitpolis e So
Bonifcio chegam a 35 km. O granito mais jovem stricto sensu de cor cinza
esbranquiada. Exibe evidncias significativas de deformao, apresentando achatamento
dos minerais flsicos (SANTA CATARINA, 1987).
Nesta regio aparece tambm a Sute Intrusiva Pedras Grandes, formada por um
conjunto de rochas granticas homogneas. Sua composio varia de granitos a
granodioritos, localmente quartzomonzonitos a quartzodioritos, com cores variando de
rosadas a cinza. Apresentam diversas texturas e granulaes (SANTA CATARINA, 1987).
Fazendo uma associao dos dados arqueolgicos s informaes geolgicas,
constatamos que os grupos pr-histricos que ocuparam a rea da pesquisa, exploraram
localmente os recursos minerais e rochosos.
A anlise ltica do stio arqueolgico SC-RFT-014 demonstrou a predominncia do
quartzo. Cerca de 80% da coleo ltica foram confeccionadas a partir desta matria-prima.
Esta preferncia deve estar relacionada alta disponibilidade deste mineral, presente na
forma de seixos na parte mdia dos vales e em afloramentos, comuns em toda a extensa
faixa de granitides das Serras do Leste Catarinense.
Segundo Prous (2004), quando a utilizao do quartzo por grupos pr-histricos est
associada a ambientes de relativa abundncia, comum observar nas colees lticas o
4
25
desperdcio deste mineral, que inicialmente descartado, mas, que posteriormente poderia
ser reutilizado a partir do lascamento bipolar, tcnica que, segundo o autor, seria ideal para
este tipo de matria-prima e de economia.
Constatamos esta realidade nas indstrias lticas analisadas, j que as formas bsicas
dos quatro stios apresentaram uma mesma ordem de ocorrncias: lascas bipolares seguidas
de detritos.
O arenito botucatu e o arenito silicificado tambm se fazem presentes. So
abundantes na forma de seixos no leito dos rios e podem ser encontrados tambm nos
depsitos fluviais que formam as plancies nos vales maiores. So transportados vale abaixo
pelo trabalho erosivo dos rios que percorrem reas sedimentares da Bacia do Paran,
prximas linha de escarpa da Serra Geral. Aparecem tambm em menor escala, rochas
bsicas (PERIN, 2007).
O arenito silicificado possui boa qualidade para o lascamento, pois apresenta fratura
conchoidal, com gumes cortantes. So rochas silicosas, basicamente constitudas de gros de
quartzo e minerais acessrios5, cuja presena depende de fatores como a rea-fonte e
condies ambientais (ARAJO, 1992, p. 63-64).
O slex tambm foi utilizado, porm, em menor quantidade. De acordo com Perin
(2007), no foi identificado nenhum afloramento com essa matria-prima na rea da
pesquisa, embora possa existir.
Podemos verificar que a escolha de matria-prima no est apenas ligada sua
abundncia, mas tambm facilidade de acesso, qualidade do lascamento e tambm ao
custo de aquisio, uma vez que o arteso no precisaria percorrer longas distncias para
obt-la.
2.2.2 Geomorfologia
Os minerais acessrios podem ser: Feldspato, zirco, turmalina etc (ARAJO, 1992, p. 64).
26
27
28
Figura 3- Vista parcial da Unidade geomorfolgica Serras do Leste Catarinense em Rio Fortuna
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
29
Os Patamares da Serra Geral6 apresentam relevo suave ondulado sob a forma de
colinas e vales fluviais, associados ocorrncia de morros testemunhos dispersos e
presena de cristas simtricas, com altitudes variando entre 250 e 700 metros acima do nvel
do mar. Representa testemunhos do recuo da linha da escarpa a qual se desenvolveu nas
seqncias vulcnicas e sedimentos de cobertura da Provncia Paran (SANTA
CATARINA, 1986). Em Rio Fortuna sua ocorrncia bastante descontnua, presente em
locais muito prximos da linha de escarpa de Serra Geral (PERIN, 2007).
A Serra Geral corresponde borda do Planalto dos Campos Gerais constituda de
rochas vulcnicas efusivas da bacia do Paran, como basaltos e lentes de arenitos
interderrames.
Figura 4- A seta em vermelho indica a unidade geomorfolgica Serra Geral, j a seta em amarelo corresponde
unidade Patamares da Serra Geral
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
Nos setores sudeste e sul, os Patamares da Bacia do Paran correspondem borda do Planalto das
Araucrias, identificados por Justus, Machado e Franco, em 1986, com os nomes de Serra Geral e
Patamares da Serra Geral. Essa borda representada por terminais escarpados, festonados e
profundamente dissecados pela eroso fluvial, que deixou, nas vertentes abruptas, um sucessivo
escalonamento de patamares estruturais (Disponvel em http://coralx.ufsm.br/ifcrs/relevo.htm.
Acesso em: 21\01\2010).
30
perodo de ocupao pelo colonizador europeu, a Serra Geral dividia o territrio de duas
importantes etnias indgenas, os Xokleng a leste, ocupando a encosta, e os Kaingang a oeste,
no planalto catarinense.
A geomorfologia e a altitude do terreno apresentam forte variao em pequenas
distncias. O centro do municpio de Rio Fortuna est a aproximadamente 150 metros do
Nvel Mdio do Mar (NMM), j os locais de implantao dos stios lticos no municpio,
encontram-se a oeste do centro da cidade, em uma altitude que varia de 250 a 400 metros do
NMM. Como podemos perceber, a altitude do terreno vai aumentando no sentido oeste,
atingindo seu pice na escarpa da Serra Geral com 1.460 metros do NMM. A implantao
dos stios neste local pode estar relacionada s caractersticas morfolgicas do terreno, visto
que este um fator de grande influncia na composio e distribuio da fauna e flora da
regio.
A identificao de padres de ocupao do territrio pode auxiliar nas interpretaes
quanto relao desses antigos grupos com o ambiente e com outros grupos humanos.
2.2.3 Hidrografia
31
Dentre os rios localizados em Rio Fortuna que compem a sub-bacia do Rio Brao
do Norte, destacam-se o seguintes: Brao do Norte, Fortuna, Claro, Bravo, Branco, Caf,
Otlia, Faco, dos Bugres, Chapu, Espraiado, Areo e Azedo.
Alm destes rios, a composio hidrogrfica da rea pesquisada repleta de
pequenos crregos e arroios. Esta alta distribuio hidrogrfica fez com que a regio tenha
sido ocupada por grupos pr-histricos de forma homognea.
Percebemos uma ligao entre os recursos hdricos e a implantao dos stios
arqueolgicos, uma vez que as distncias entre um e outro variam aproximadamente de 20 a
250 metros.
2.2.4 Clima
32
Segundo o IBGE (2010) o municpio de Rio Fortuna abrange regies com clima
temperado Sub-quente - mdia entre 15 e 18C - e Super-mido, sem perodos de seca.
Com umidade relativa do ar de 87,18% e ndice de precipitao chuvosa anual de 1.904,00
mm.
A regio recebe massas de ar carregadas de umidade. Estas se condensam e
precipitam em copiosas chuvas, mantendo elevada a umidade relativa do ar durante todo o
ano (IBGE, 1990). Essa regularidade de chuvas, alm de promover maior continuidade da
paisagem, favorece a estabilidade das populaes humanas, visto que no h longos
perodos de seca que alterem a fisiologia da floresta.
33
2.2.5 Vegetao
De acordo com IBGE (1992, p. 11), o termo floresta semelhante ao que no senso comum
denomina-se como mata. Cientificamente, significa um conjunto de sinsias dominado por
fanerfitos de alto porte, com quatro estratos bem definidos como herbceo, arbustivo, arvoreta,
arbreo. Alm destes parmetros, acrescenta-se o sentido de altura, para diferenci-las das outras
formaes lenhosas campestres. Assim, uma formao apresenta dominncia de duas subformas de
vida: fanerfitos e macrofanerfitos, cujo porte situa-se entre 20 a 30 metros de altura.
8
Para a realizao desse levantamento, foram realizadas entrevistas com moradores da comunidade
de Rio Faco, municpio de Rio Fortuna, a fim de identificar reas com vegetao preservada; em
seguida delimitaram-se duas reas de 20 x 20 metros; por fim, coletou-se, dentro do quadrante, um
representante de cada espcie de vegetal. O material foi identificado taxonomicamente pelo Msc.
Jasper Jos Zanco curador do Herbrio Laelia purpurata UNISUL (FARIAS, 2009).
34
Esta Regio Florestal tem recebido diversas denominaes desde Martius. Na primeira metade do
sculo passado ele a definiu como Srie Dryades. Entre as designaes mais comuns destacam-se
estas: Floresta Pereniflia Higrfita Costeira, Floresta Tropical Atlntica e Mata Pluvial Tropical. A
designao Floresta Ombrfila Densa de Ellenberge Mueller-Dombois (1965\6), mas sua
conceituao muito antiga. Desde Schimper (1903), que a designou de Floresta Pluvial, tem
evoludo conceitualmente, passando por Richards (1952) e vrios autores posteriores a ele. Em 1973,
foi includa no sistema de classificao fisionmico-ecolgica da vegetao mundial adotado pela
Unesco (IBGE, 1990, p. 118).
35
com brotos foliares desprovidos de proteo seca e s baixas temperaturas (IBGE, 1990).
Ainda quanto s peculiaridades dessa vegetao, o IBGE (1991, p.16) publicou as seguintes
informaes:
36
De acordo com as pesquisas realizadas nas dcadas de 1970 e 1980 pelo projeto
RADAMBRASIL, a Floresta Ombrfila Densa est dividida em cinco formaes que
obedecem hierarquia fisionmica das estruturas florestais; so elas: Floresta Ombrfila
Densa Aluvial; Floresta Ombrfila Densa das Terras Baixas; Floresta Ombrfila Densa
Submontana; Floresta Ombrfila Densa Montana; e Floresta Ombrfila Densa Altomontana.
Dessas apenas a Sub-Montana e Montana ocorrem na rea da pesquisa.
A Floresta Ombrfila Densa Submontana, ocupa os dissecamentos de relevo
montanhoso e dos planaltos com solos medianamente profundos. Caracteriza-se por uma
formao florestal que apresenta fanerfitos com alturas uniformes. A submata integrada
por plntulas de regenerao natural, com poucos nanofanerfitos e camfitos, alm de
palmeiras de pequeno porte e lianas herbceas.
Esta formao possui ectipos que variam de acordo com o posicionamento dos
ambientes. Assim, o tempo que as plantas tropicais levaram para ocupar as atuais posies
no Centro-sul foi suficiente para o estabelecimento das adaptaes em ambientes
semelhantes (IBGE, 1991).
37
laranjeira-do-mato
(Sloanea
guianensis),
peroba-vermelha
38
39
40
2.3 DISCUSSO
11
41
42
No ano de 1964 foi realizado um seminrio organizado pela Universidade Federal do Paran
(financiado pelas CAPES e Fulbright Commision) que reuniu todos os pesquisadores em arqueologia
do Brasil. O objetivo do encontro foi discutir diversos temas ligados arqueologia brasileira que iam
desde atributos para anlise cermica at problemas relacionados com a prpria arqueologia
nacional. Deste encontro surgiu idia de criar o Programa Nacional de Pesquisas Arqueolgicas, o
PRONAPA. O programa durou cinco anos, de 1965 at 1970, foi coordenado por Bety Meggers e
Clifford Evans, patrocinado pelo Conselho Nacional de Pesquisas, pelo Smithsonian Institution em
colaborao com a secretria do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, contou com uma equipe
de 11 professores das universidades e museus do Brasil (BROCHADO 1968, p. 3-4). Segundo
Barreto (1999-2000, p. 37), foi a partir da dcada de 1960 que a arqueologia brasileira passou a ter
caracterstica acadmica, uma vez que as pesquisas realizadas entre meados do sculo XIX at a
dcada de 1950 estavam ligadas a questes pontuais, como construo dos sambaquis costeiros,
artificiais ou naturais e a cronologia do povoamento de grupos pr-coloniais no Brasil (DIAS, 2003,
p. 8).
13
Os grupos Xokleng e seus respectivos modelos sero discutidos de forma mais aprofundada no
quarto e quinto captulo.
43
apenas um local de transio entre o planalto e o litoral. Assim como o modelo de Lavina
(1994), esta proposta foi apoiada em inmeros relatos etnohistricos produzidos a partir da
colonizao europia na encosta.
Efetivamente, as pesquisas arqueolgicas na rea em estudo vem sendo realizadas h
5 anos. Na encosta sul com o GRUPEP-Arqueologia\UNISUL coordenado pela Dra. Deisi
Scunderlick Eloy de Farias, atravs do projeto14 AMA: Arqueologia na Mata Atlntica, e na
encosta norte com Instituto Anchietano de Pesquisas\UNISINOS coordenado pelo Dr. Pedro
Igncio Schmitz, com o projeto: Tai15, no Vale do Rio Itaja encontros de antigos
caadores com as casas subterrneas.
O desenvolvimento da Arqueologia nesta rea deve-se tambm arqueologia de
contrato16, estimulada pelo governo federal atravs do PAC (Programa de Acelerao do
Crescimento).
14
A proposta principal do projeto foi realizar uma pesquisa detalhada da encosta, com o objetivo de
evidenciar elementos da cultura material que comprovassem a ocupao pr-colonial permanente e
constante. Segundo Farias (2009) na primeira fase da pesquisa foram mapeados vrios stios lticos
ligados Tradio Umbu e aos grupos ceramistas do litoral e do planalto. No entanto, no foi
possvel esclarecer aspectos cronolgicos e culturais. J na segunda fase, continuou-se mapeando
novos stios arqueolgicos, localizados em Rio Fortuna, Gro Par, Laguna, Armazm, Jaguaruna,
Tubaro e demais municipios da AMUREL (Associao dos municpios da regio de Laguna).
Houve um aprofundamento da pesquisa com a escavao de stios situados em compartimentos
diferenciados dessa regio. Em locais com stios preservados realizaram-se os seguintes
procedimentos: quadrculas de 1m x 1m, com profundidade suficiente para se encontrar a camada
estril. Outro dado importante foi a datao em C14, uma vez que a identificao de estruturas de
combusto possibilitou a retirada de material adequado para esse tipo de anlise (FARIAS,
2009).Este projeto mapeou mais de 69 stios arqueolgicos na regio da AMUREL; grande parte
deles sero descritos neste captulo.
15
Neste projeto, Schmitz e et al. (2009) estudaram no municpio de Tai 26 stios arqueolgicos
ligados a caadores-coletores com pontas de projtil. Desses, 25 esto a cu aberto, 1 possui um
conjunto de 12 casas subterrneas e com um suposto montculo funerrio. Dois dos stios a cu
aberto foram datados, um em 8.000 anos A.P. e outro em 4.000 anos A.P. No conjunto de casas
subterrneas, dois foges obtiveram aproximadamente 1.200 anos A.P., um terceiro em 1.300 anos
A.P., e uma casa subterrnea alcanou a data de 650 anos A.P. Este projeto alm de estudar o
sistema de assentamento na rea e suas respectivas cronologias se pergunta a respeito do
significado que possa ter a associao de elementos tradicionalmente ligados a culturas e populaes
diferentes, discorrendo sobre outras situaes em que supostos antepassados dos J Meridionais
esto associados com distintas populaes ceramistas ou pr-ceramistas (SCHMITZ et al., 2009, p.
185).
16
De Masi (2003), Farias (2005), Geoarqueologia (2007); Lavina (2003; 2006) e Scientia (2007).
44
45
46
17
47
outras) de colorao escura no solo. Os lticos identificados quase sempre so lascas, bifaces
e pontas de projtil confeccionados em quartzo, slex ou arenito silicificado, eventualmente
aparecem alguns artefatos polidos como lminas de machado e mos de pilo, produzidos
em basalto, diabsio e arenito. J as manchas escuras possuem formato circular ou oval e
suas medidas variam em torno de 4 a 15 metros de comprimento.
g) Mancha23: Caracteriza-se pela presena de estruturas (combusto, fundo de cabana e
outras) superficiais. Junto a essas no encontrado nenhum outro vestgio arqueolgico
aparente.
h) Mancha escura com ltico e cermica24: Foi identificado apenas um stio arqueolgico
com estas caractersticas no municpio de So Bonifcio. Os materiais arqueolgicos so
representados por pontas de projtil e cermica guarani.
i) Mancha escura com montculo e cermica: Caracterizado por apenas um stio
arqueolgico, tambm no municpio de So Bonifcio. Os materiais arqueolgicos so
representados por manchas escuras no solo, montculos sem material ltico e cermica
guarani.
j) Montculo: Pequenas construes em formato circular ou elipsoidal que no atingem 80
cm de altura. Alguns foram encontrados agrupados em reas correspondentes a 300m2.
Conforme as categorias definidas anteriormente, percebemos que a encosta sul
catarinense, possui uma variedade de stios arqueolgicos pr-coloniais. Esses poderiam
estar ligados a espaos de moradia permanente ou temporria, reas de confeco cermica
ou ltica, rituais religiosos ou funerrios, abrigos e outros.
Reunimos no grfico abaixo todas as categorias de estruturas arqueolgicas
identificadas no levantamento bibliogrfico. Destas destacaram-se trs tipos de stios: ltico
(62%); ltico com mancha escura no solo (23%); e manchas escuras no solo (6%) (Grfico
1).
As casas subterrneas corresponderam a 4,3% da totalidade. Essas geralmente esto
associadas a outros vestgios arqueolgicos, que na maioria das vezes, so lticos (pontas de
projtil e lascas). A cermica se fez presente em apenas uma casa subterrnea (Grfico 1).
As demais categorias, somando juntas no alcanaram 5%, sendo que dessas, 3,5%
corresponderam a stios cermicos. Diante desses resultados, podemos adiantar que a
23
De Masi (2003); Eble e Reis (1976 apud Farias, 2005); Farias (2005; 2009); Perin (2007).
As categorias descritas nos itens h, i, j foram identificadas por Eble e Reis (1976 apud Farias,
2005).
24
48
encosta sul catarinense no perodo pr-colonial foi mais intensamente habitada por grupos
que no produziam cermicas (Grfico 1)
62%
60%
50%
40%
30%
23%
20%
10%
4,3%
0,8%
6%
1,6%
1,1%
0,4%
0,4%
0,4%
0%
Abrigo
Cermico Guarani
Mancha
Montculo
Casa subterrnea
Ltico
Mancha c\ ltico e cermica
Cermico
Ltico c\ mancha
Mancha c\ montculo e cermica
Grfico 01- Estruturas arqueolgicas identificadas na encosta sul catarinense atravs do levantamento
bibliogrfico
Fonte: Elaborado pela autora.
25
49
22J 0691243/6854476
Pedro Antunes
22J 0690977/6854290
Hlio Cascaes
22J 0688766/6854772
Marta
T.
Marcolino
Marta
T.
Marcolino
Herclio Correa
da Silva
SC-TUBGuarda-06
SC-TUBGuarda-07
SC-TUBGuarda-08
SC-TUBGuarda-09
SC-TUBGuarda-10
22J 0688745/6854902
SC-TUBGuarda-11
SC-TUBGuarda-12
SC-TUBGuarda-13
SC-TUBGuarda-14
SC-TUBGuarda-15
SC-TUBGuarda-16
SC-TUBGuarda-17
22J 0689723/6855584
22J 0687871/6852264
22J 0689418/6854819
22J 0688772/6854266
Edissnia
S.
Teodoro
Edissnia
S.
Teodoro
Pedro Antunes
22J 0690245/6854742
Stio Meurer
22J 0690950/6854723
Valrio
Fernandes
Bressan
Jos
de
Oliveira
Emerli
de
Souza Nunes
Valter Oliveira
22J 6886330/6854373
22J 0690983/6855514
22J 0690519/6855750
22J 0691944/6855738
22J 0689547/6853998
22J 0689647/6854092
22J 0690026/6854069
Paulo de Souza
Martins
Larcio
Gonalves
Larcio
Gonalves
Brs
dos
Santos
Pesquisador
Lascas de quartzo e
calcednia em superfcie
Lascas de quartzo e
calcednia em superfcie
Pontas de projtil em
superfcie
Lascas de quartzo e
calcednia em superfcie
Mancha escura associada a
pequenas lascas de quartzo
e calcednia em superfcie
Lascas de quartzo e
calcednia em superfcie
Ltico polido e lascas em
superfcie
Pontas de projtil em
superfcie
Lascas em quartzo em
superfcie
Pontas de projtil em
superfcie
Farias (2005)
Pontas de Projtil
Farias (2009)
Pontas de Projtil
Farias (2009)
Pontas de Projtil
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
continua
50
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
SC-TUBGuarda-18
SC-TUBGuarda-19
SC-TUBGuarda-20
SC-TUBGuarda-21
22J 0688464/6854324
Antnio
Dandoline
Antnio
Dandoline
Antnio
Dandoline
Albertina
Mendes
dos
Santos
Jair
Ceoloin
Oriques
Rodolfo Alves
de Souza
Brs Mendes
Artefatos
lticos
superfcie
Pontas de Projtil
superfcie
Lascas de quartzo
superfcie
Pontas de Projtil
superfcie
em
Farias (2009)
em
Farias (2009)
em
Farias (2009)
em
Farias (2009)
Lascas de quartzo
superfcie
Lascas de quartzo
superfcie
Lascas de quartzo
superfcie
Lascas em quartzo
em
Farias (2009)
em
Farias (2009)
em
Farias (2009)
Lascas de
superfcie
quartzo
em
Farias (2009)
Ilda da Silva
Vicente
Lascas de
superfcie
quartzo
em
Farias (2009)
Ilda da Silva
Vicente
Pontas de
superfcie
projtil
em
Farias (2009)
22J 0688492/6854184
22J 0688332/6854079
22J 0689822/6855417
SC-TUB22J 691990/6854810
Guarda-22
SC-TUB22J 0692128/6854811
Guarda-23
SC-TUB22J 0690107/6854321
Guarda-24
SC-TUB22J 0688611/6853348
Guarda- 25
SC-TUB22J 0690188/6858308
Sanga
da
Areia -26
SC-TUB22J 0690282/6858290
Sanga
da
Areia -27
SC-TUB-S
22J 0690716/6858661
Sanga
da
Areia -28
Fonte - Elaborado pela autora, 2010.
Bento
Joo
Marques
Ivonete Vitria
Vicente
Pesquisador
Farias (2009)
51
Pesquisador
Orleans 1
Rohr (1979/1982)
Sem informao
Ernesto Frohn
Pontas de projtil,
material polido e
lascas
continua
52
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
Orleans 2
Sem informao
Vital Cancelier
Rohr (1979/1982)
Orleans 3
Sem informao
Jos Catneo
Orleans 4
Sem informao
Pontas de projtil,
material polido e
lascas
Pontas de projtil,
material polido e
lascas
Abrigo sob rocha
Acampamento
Furninha 1
Sem informao
Claudenir
Salvagio
Lavina (2001)
Acampamento
Furninha 2
Acampamento
Furninha 3
Pindotiba 1
Sem informao
Claudenir Zanini
Salvagio
Claudenir Zanini
Salvagio
Sem informao
Ltico lascado em
quartzo
e
calcednia
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado em
quartzo e basalto
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Lascas
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Ltico lascado e
pontas de projtil
Lavina (2006)
Pindotiba 2
Pindotiba 3
Pindotiba 4
Pindotiba 5
Pindotiba 6
Pindotiba 7
Sem informao
22J
067983/6856767
22J
0675336/6857256
22J
0675487/6858112
22J
0675599/6858599
22J
0675800/6858628
22J
0675646/6858482
22J
0674073/6859533
Pindotiba 8
22J
0674004/6857878
Pindotiba 9
22J
0674095/6857692
Pindotiba 10
22J
0673951/6858127
Pindotiba 11
22J
0674026/6858287
Pindotiba 12
22J
0673970/6858030
Pindotiba 13
22J
0674094/6859405
Pindotiba 14
22J
0674340/6859575
Fonte - Elaborado pela autora, 2010.
Zanini
Jos Mazucco
Jos Mazucco
Jos Mazucco
Jos Mazucco
Terezinha
Fortunato
Mazucco
Sem informao
Sem informao
Sem informao
Sem informao
Sem informao
Sem informao
Joacir Warmiling
Sem informao
Rohr (1979/1982)
Rohr (1979/1982)
Lavina (2001)
Lavina (2001)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
Lavina (2006)
53
Alm das informaes dispostas na tabela 2, Farias (2005) ressaltou uma pesquisa
realizada por Baggio27 (2004 apud Farias, 2005) Vale do Rio Furnas. Foram cadastrados 45
stios arqueolgicos, 44 atribudos Tradio Umbu. O material lascado foi confeccionado
em quartzo leitoso e basalto, alguns desses, estavam associados a manchas escuras no solo.
As ocupaes ocorreram em pequenas elevaes, longe das reas de enchente. No perodo
pr-colonial, a regio estava totalmente coberta pela Floresta Ombrfila Densa, que oferecia
aos grupos importantes espcies que serviam para alimentao, produo de artefatos, de
tintas e uso medicinal (FARIAS, 2005).
Pesquisador
Urussanga 1
Sem informao
Teonaz Rocha
Rohr (1979/1982)
Urussanga 2
Sem informao
Pedro Feltrin
Rohr (1979/1982)
Urussanga 3
Sem informao
Rohr (1979/1982)
Urussanga 4
Sem informao
Pedro
Magdalena
Vitrio Justi
Rohr (1979/1982)
Urussanga 5
Sem informao
Vitrio Justi
Rohr (1979/1982)
Urussanga 6
Sem informao
Alcione de Tal
Rohr (1979/1982)
Urussanga 7
Sem informao
Jos Catneo
Rohr (1979/1982
Urussanga 8
Sem informao
Luiz Silveira
Rohr (1979/1982)
continua
27
3.
No tivemos acesso s informaes, por isso, os dados desta pesquisa no esto inseridos na tabela
54
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
Urussanga 9
Sem informao
Bruno Peraro
Rohr (1979/1982)
Urussanga 10
Sem informao
Marcos Costa
Rohr (1979/1982)
Urussanga 11
Sem informao
Imobiliria
Iarense
Rohr (1979/1982)
Farias (2005) em pesquisa para sua tese de doutorado, analisou os materiais lticos
coletados por Rohr (1979/1982) em Urussanga. A pesquisadora observou que os artefatos
lascados associados Tradio Umbu representam a maioria da coleo. Esses no
apresentaram crtex, indicando que o lascamento inicial se dava em outro lugar.
22J 0673636/6884712
Augusto
Gonalves
SC-Gro
Par-02
22J 0673394/6884965
Augusto
Gonalves
SC-Gro
Par-03
SC-Gro
Par-04
SC-Gro
Par-05
22J 0672199/6884615
Gensio Perin
22J 0664597/6883628
Celso Souza
22J 0664229/6883732
Nadir de Oliveira
Souza
Lascas de quartzo e
calcednia
em
superfcie
Lascas de quartzo e
calcednia
em
superfcie
Pontas bifaciais em
superfcie
Ponta de projtil e
lascas em superfcie
Lascas de quartzo e
calcednia
em
superfcie
Pesquisador
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
Farias (2005)
continua
55
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
SC-GP-06
22J 0666379/6880803
Material ltico
superfcie
SC-GP-07
22J 0666840/6880627
Estacionamento
da Capela de
Santa Augusta
Heriberto Perin
Farias (2009)
Ren
Edman
Margotti
Ponta de projtil
Geoarqueolo
gia (2007)
Larcio Oenning
Meurer
Ponta de projtil
Geoarqueolo
gia (2007)
Luiz
Elias
Kunhen
No identificado
Ponta de projtil
Geoarqueolo
gia (2007)
Scientia
(2007)
Floriano
Novadesick
Joelson Frana
Damio
Olvio
Chafranski
Larcio Meurer
Farias
(2009)28
Farias (2009)
Anvio Perin
em
Material ltico em
superfcie
Material ltico em
superfcie
Mancha escura sem
ltico
Mancha escura com
ltico
Mancha escura com
ltico
Material ltico em
superfcie
Pequeno abrigo
Pesquisador
Larcio Orbem
Laipelt
Olvio Antonelo
Perin
Santos Pazetto
Santos Pazetto
Santos Pazetto
Benjamin Picler
Sem informao
Antdio
Borguezan
Benjamin Picler
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Geoarqueolo
gia (2007)
Geoarqueolo
gia (2007)
Geoarqueolo
gia (2007)
Geoarqueolo
gia (2007)
Geoarqueolo
gia (2007)
Geoarqueolo
gia (2007)
Geoarqueolo
gia (2007)
continua
28
Os dados contidos em Farias (2009) tambm pode ser verificado em Perin (2007).
56
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
GP-AB-02
22J 0664745/6879678
No identificado
Scientia
(2007)
GP-AB-02
22J 0664162/6878785
Estanislau
Matuchki
Lascas em arenito
silicificado e artefato
polido
Lascas em arenito
silicificado, pontas de
projtil, virotes ou
pingentes
Scientia
(2007)
57
Dados obtidos com a anlise ltica29 demonstraram a predominncia de materiais
em quartzo seguidos do slex e do arenito silicificado. O quartzo foi a principal matriaprima utilizada que pode ser encontrado em todo o alto curso do Rio Tubaro (PERIN,
2007).
Os grupos pr-histricos utilizaram tanto blocos quanto seixos. Como todas as
rochas e minerais presentes nos artefatos esto disponveis na rea pesquisada, no foram
necessrios grandes deslocamentos para obteno da matria-prima mineral, pois esta estaria
disponvel em um raio de 5 a 10 km no entorno dos stios (PERIN, 2007).
Perin (2007) observa que os stios mapeados pelo projeto AMA no municpio,
concentram-se no topo de colinas, em reas onde se pode ter boa visibilidade do entorno e
do vale abaixo. O autor tambm ressalta que a hidrografia regional marcada por uma
intensa capilaridade, distribuindo pequenos cursos dgua em praticamente toda a rea
pesquisada.
SC-BNT-04
Coordenadas
UTM
22J 0680693/6876829
1 22J 0680427/6875455
2 - 22J 0680443/6875415
3 22J 0680448/6875415
4 22J 0680404/6875499
5 22J 0680615/6875426
6 22J 0680626/6875403
7 22J 0680610/6875375
8 22J 0680588/6875392
22J 0681513/6873152
Proprietrio
No
identificado
Heriberto
Meurer
Sinsio Coan
Material
Associado
Lascas e ncleos
em superfcie
Conjunto de oito
casas subterrneas
associadas
a
lascas,
artefato
bifacial e cermica
Pesquisador
Lascas, ncleos,
pontas de projtil
em superfcie
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
continua
29
Essas informaes esto relacionadas aos stios mapeados por Farias (2005, 2009) e Perin (2007).
58
continuao
Stio
Proprietrio
SC-BNT-05
Coordenadas
UTM
22J 0681343/6873247
SC-BNT-06
22J 0680727/6875156
SC-BNT-07
22J 0681310/6873590
No
identificado
No
identificado
SC-BNT-08
22J 0681145/6873960
Sinsio Coan
No
identificado
Material
Associado
Lascas e ncleos
em superfcie
Lascas e ncleos
em superfcie
Lascas e artefatos
bifaciais
em
superfcie
Lascas e artefatos
bifaciais
em
superfcie
Pesquisador
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
O municpio de Pedras Grandes possui apenas 4 stios, sendo 3 deles mapeados por
Farias (2005) e 1 por Rohr (1979/1982). So caractersticos da Tradio Umbu, pois
apresentam lascas, pontas de projtil e artefatos polidos. Nenhum foi associado a manchas
escuras no solo (Tabela 6).
Tabela 6 - Stios arqueolgicos mapeados no municpio de Pedras Grandes
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-Pedras
Grandes-01
22J 0675542/6843823
Laurita Demo
Micheleto
Lticos
polidos
e
lascas de quartzo e
calcednia
em
superfcie
Farias (2005)
continua
59
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-Pedras
Grandes-02
22J 0675890/6844067
Laurita Demo
Micheleto
Farias (2005)
SC-Pedras
Grandes-03
22J 0675943/6844286
Laurita Demo
Micheleto
SC-Pedras
Grandes-04
Pedras
Grandes-01
22J 0674103/6843153
Elaine Brolesi
Sem informao
Elias Niezo
Lticos
polidos
e
lascas de quartzo e
calcednia
em
superfcie
Lascas e pontas de
projtil de quartzo e
calcednia
em
superfcie
Lascas de quartzo em
superfcie
Pontas de projtil,
material polido e
lascas
Farias (2005)
Farias (2005)
Rohr
(1979/1982)
Esto situados em rea plana, geralmente no topo das colinas, possuem dimenso
aproximada de 300 m, distantes de 300 a 500 m dos recursos dgua. Segundo Farias
(2005) o grau de integridade desses stios bastante ruim, devido, principalmente, s
atividades agrcolas.
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-GVT-So
Miguel -1
22J 0688152/6858927
Italiano
Farias (2009)
SC-GVTMEDEIROS-2
22J 0692396/6857886
Valdecir
Oliveira
Lascas e artefato
ltico de quartzo e
calcednia
em
superfcie
Artefatos lticos em
superfcie
de
Farias (2009)
continua
60
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-GVTMEDEIROS
3
SC-GVTSanga
da
Areia 4
SC-GVTSanga
da
Areia 5
SC-GVTSanga
da
Areia 6
SC-GVTSanga
da
Areia 7
SC-GVTSanga
da
Areia 8
SC-GVTSanga
da
Areia 9
22J 0692581/6857791
Veloci
da
Silva Souza
Lascas de quartzo em
superfcie
Farias (2009)
22J 0690049/6859026
Claudino
Guimares
Anacleto
Claudino
Guimares
Anacleto
Dona Noemia
Lascas de
quartzo em superfcie
Farias (2009)
Lascas de quartzo em
superfcie
Farias (2009)
Pontas de projtil em
superfcie
Farias (2009)
22J 0689015/6857973
Pedro
Silva
da
Pontas de projtil em
superfcie
Farias (2009)
22J 0690369/6858703
Valdemar
Motta
Mendes
Maria
do
Carmo
Guimares
Rabelo
Lascas de quartzo em
superfcie
Farias (2009)
Lascas de quartzo em
superfcie
Farias (2009)
22J 0689961/6858891
22J 0689052/6857838
22J 0690109/6858366
Esses stios ocorrem numa altitude que varia entre 50 a 500 metros. O estado de
preservao bastante ruim devido intensa atividade agrcola. Quanto rea de disperso
do material ltico no possumos informaes.
61
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
associado
Pesquisador
SC-SB-01
Sem informao
Dalto Buss
Ltico
SC-SB-02
Sem informao
Ltico
SC-SB-03
Sem informao
SC-PEST-29
Sem informao
SC-PEST-30
Sem informao
Dorival
Hawerot
Wendolino
Petri
Martino
Rohling
Gabriel Boehs
SC-PEST-31
Sem informao
SC-PEST-32
Sem informao
SC-PEST-33
Sem informao
SC-PEST-34
Sem informao
SC-PEST-35
Sem informao
SC-PEST-36
Sem informao
SC-PEST-37
Sem informao
Augostinho
Nack
Adelino
Mayer
Itlia
Kel
Heinzel
Baldoino
Defraing
Alfredo
Petersen
Silvestre
Schneider
Lino Wener
SC-PEST-38
Sem informao
Teobaldo Ern
SC-PEST-39
Sem informao
SC-PEST-40
Sem informao
Guilherme
Berkenbrock
Joo Rohling
SC-PEST-41
Sem informao
SC-PEST-42
Sem informao
SC-PEST-43
Sem informao
SC-PEST-44
Sem informao
SC-PEST-45
Sem informao
SC-PEST-46
Sem informao
SC-PEST-47
Sem informao
SC-PEST-48
Sem informao
Armando
Petry
Armando
Petry
Alberto
Rohling
Alberto
Rohling
Marcos
Shnem
Marcos
Shnem
Marcos
Shnem
Simo Buss
SC-PEST-57
Sem informao
Evaldo
Westphal
De
Masi
(2003)
De
Masi
(2003)
De
Masi
(2003)
Eble e Reis
(1976) 30
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
Eble e Reis
(1976)
30
Ltico
Mancha escura com ltico
Mancha escura com ltico
62
Coordenadas
Proprietrio
Material
Pesquisador
Datao de C14(AMS Beta 181365) para o stio SC-SM-05, Tupi-Guarani de 505 a 305 (Cal
AP). Nas escavaes realizadas neste mesmo stio foi encontrado restos de alimentao,
caracterizados por ossos de animais carbonizados, a anlise zooarqueolgica permitiu identificar dois
animais: a paca e o bugio (DE MASI, 2003).
63
UTM
Associado
SC-So
Martinho-01
22J 06878915/0700253
Guido
Michels
Pequenas
lascas,
artefatos
brutos,
raspadores, pontas
de projtil, lminas
de machado e mos
de
pilo
em
superfcie
Lascas de quartzo e
calcednia
e
fragmentos
cermicos
de
Tradio
Tupiguarani
Lascas de quartzo
SC-So
Martinho-02
22J 06878000/0698115
Leopoldo
Rocha
SC-SM-01
Sem informao
Jos Wienes
SC-SM-02
Sem informao
Wolnei Eing
SC-SM-03
Sem informao
SC-SM-04
Sem informao
SC-SM-05
Sem informao
SC-SM-06
Sem informao
SC-SM-07
Sem informao
SC-SM-08
Sem informao
Ivo Bonifcio
Nack
Nelson
Wienes
Ademar Joo
Sehnem
Sebastio
Preis
Bruno
Mathias
Erhardt
Pedro Steiner
SC-SM-09
Sem informao
Pedro Steiner
Ltico
SC-SM-10
Sem informao
Ltico
SC-SM-11
Sem informao
SC-SM-12
Sem informao
Sem
identificao
Sem
identificao
Ostvin Winz
SC-SM-13
Sem informao
SC-SM-14
Sem informao
Ltico fragmento de
lmina de machado
Ltico
SC-SM-15
Sem informao
SC-SM-16
Sem informao
SC-PEST-49
Sem informao
Sem
identificao
Salvador
Santos
Sem
identificao
Sem
identificao
Fredolino
Preuss
Cermica
TupiGuarani, lascas de
produo de bifaces
e lascas
Cermica
Cermica
Cermica
Pontas de projtil
Lascas e pontas de
projtil
Cermica Guarani
Ltico
Cermica
Ltico
Ltico
Mancha escura
Farias (2005)
Farias (2005)
De
(2003)
De
(2003)
Masi
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
Masi
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
De
(2003)
Eble e
(1976)
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Masi
Reis
continua
64
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-PEST-50
Sem informao
Simo Sehe
SC-PEST-51
Sem informao
Jos Hoerps
SC-PEST-52
Sem informao
Luiz Helmann
SC-PEST-53
Sem informao
Jos Prech
SC-PEST-54
Sem informao
SC-PEST-55
Sem informao
Balduino
Feuser
Hogo
Berkambrock
Eble
(1976)
Eble
(1976)
Eble
(1976)
Eble
(1976)
Eble
(1976)
Eble
(1976)
Reis
Reis
Reis
Reis
Reis
Reis
De Masi (2003) analisou um total de 903 artefatos lticos, destes 92,3% foram
considerados lascas, e outros tipos so menos representativos como fragmento de pontas de
projtil (2,6%); pr-formas (1,2%); fragmentos pr-formas (1,2%); machado polido (0,1%);
ncleos (0,8%); fragmentos de ncleos (0,4%); lascas de reduo de biface (0,3%); lascas
com retoque unifacial (0,1%); lascas com retoque denticulado (0,1%); fragmentos (0,1%).
As matrias-primas mais utilizadas foram: o quartzo leitoso com 49%; e a slica
microcristalina com 44,7%. O restante dividiu-se em quartzitos 3,3% e basaltides 3,0%. O
quartzo e slica microcristalina so provenientes dos veios de quartzos muito comuns nos
granitides do embasamento cristalino tpicos da rea de estudo.
As indstria ltica caracterizou-se pela produo de lascas de quartzo leitoso com
tamanhos entre 2 e 0,5 cm (Figura 11 e 12).
65
A datao obtida para os stios Tupi-Guarani foi de Cal AD 1445 a 1645. Dos 516
cacos analisados, 248 so provenientes das coletas de superfcie e 292 da sondagem (DE
MASI, 2003).
Nas coletas de superfcie e nas sondagens os cacos pintados caracterizaram a maioria
das peas. Quase todos os cacos pintados internamente e externamente apresentaram a cor
vermelha. Alguns com pintura interna evidenciaram linhas vermelhas sobre engobo branco,
com parte interna do lbio pintada de vermelho (DE MASI, 2003) (Figura 13 e 14).
66
Coordenadas UTM
Proprietrio
Material associado
Pesquisador
Santa Rosa de
Lima 1
22J 0682113/6891645
Danilo
Felghaus
escura
a lascas,
pontas de
Lavina (2003)
Santa Rosa de
Lima 2
22J 0682000/6891704
Danilo
Felghaus
escura
a lascas,
pontas de
Lavina (2003)
Santa Rosa de
Lima 3
22J 0682110/6892270
Jos
Heidemann
Mancha
associada
ncleos e
projtil
Mancha
associada
ncleos e
projtil
Mancha
associada
ncleos e
projtil
escura
a lascas,
pontas de
Lavina (2003)
67
68
69
possvel identificar trs tipos de stios arqueolgicos nesta regio, os com apenas
lticos dispersos em superfcie e sem pacote estratigrfico; com manchas escuras no terreno
e sem presena de lticos; e os que possuem lticos e mancha escura no solo (PERIN, 2007).
Desde o incio do projeto AMA at o presente momento nunca foi encontrada cermica,
mas, h relatos orais de sua ocorrncia.
Na tabela abaixo podemos verificar os stios arqueolgicos32 cadastrados com suas
respectivas descries. Dentre eles, h dois que esto sendo pesquisados com mais cuidado
o SC-RFT-01 e o SC-RFT-02 (Tabela 11). Alm disso, tambm possvel visualizar no
mapa 3 a disposio dos stios arqueolgicos mapeados pelo projeto AMA em Rio FortunaSC.
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-RFT-01
Mancha 1 - 22J
0678521/6886365
Paulo Bloemer
Farias (2009)
SC-RFT-01
Mancha 2 - 22J
0678404/6886249
Paulo Bloemer
SC-RFT-01
Mancha 3 - 22J
0678452/6886213
Paulo Bloemer
SC-RFT-01
Mancha 4 - 22J
0678471/6886152
Paulo Bloemer
SC-RFT-01
Mancha 5 - 22J
0678508/6886175
Mancha 6 - 22J
0678599/6886205
Mancha 7 - 22J
0678455/6885867
Mancha 8 - 22J
0678574/6886578
Mancha 1 -22J
0677828/6886155
Mancha 1 - 22J
0678028/6886627
Mancha 2 - 22J
0678025/686609
Mancha 3 - 22J
0678010/6886594
Paulo Bloemer
Carvo, lascas,
pontas de projtil
em quartzo
Carvo, lascas,
pontas de projtil e
artefatos polidos
Carvo, lascas,
pontas de projtil e
artefatos polidos
Carvo, lascas,
pontas de projtil e
artefatos polidos
Carvo e artefato
polido
Carvo e lascas
em quartzo
Carvo
Farias (2009)
Silvino Sipinski
Lascas e artefatos
polidos
Lascas, pontas de
projtil em quartzo
Carvo e lascas
Silvino Sipinski
Carvo, lascas
Farias (2009)
Silvino Sipinski
Carvo e lascas
Farias (2009)
SC-RFT-01
SC-RFT-01
SC-RFT-01
SC-RFT-02
SC-RFT-03
SC-RFT-03
SC-RFT-03
Paulo Bloemer
Paulo Bloemer
Paulo Bloemer
Marli Bloemer
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
continua
32
Durante o levantamento constatamos que faltam as descries dos stios: SC-RFT-15; SC-RFT-16;
SC-RFT-17; SC-RFT-18; SC-RFT-19; SC-RFT-20.
70
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-RFT-03
Mancha 4 - 22J
0678010/6886587
Mancha 5 - 22J
0678044/6886648
Mancha 6 -22J
0678003/6886341
Mancha 7 - 22J
0678093/6886509
Mancha 8 - 22J
0678077/6886413
Mancha 9 -22J
0678120/6886275
Mancha 1 - 22J
0677828/6886155
Mancha 2 - 22J
0677686/6885921
Mancha 3 - 22J
0677777/6886097
Mancha 4 - 22J
0677665/6886057
Mancha 5 - 22J
0677630/6885864
Mancha 1- 22J
0677676/6885349
Mancha 2 - 22J
0677646/6885341
Mancha 3 - 22J
0677601/6885326
Mancha 4 - 22J
0677675/6885452
Mancha 5 - 22J
677666/6885464
Mancha 6 - 22J
677647/6885567
Mancha 7 - 22J
677635/6885600
Mancha 8 - 22J
677784/6885730
Mancha 9 - 22J
677697/6885807
Mancha 10 - 22J
677669/6885818
Mancha 11 - 22J
677627/6885715
Mancha 12 - 22J
677627/6885715
Mancha 13 - 22J
677500/6885757
Silvino Sipinski
Carvo e lascas
Farias (2009)
Silvino Sipinski
Carvo e lascas
Farias (2009)
Silvino Sipinski
Carvo e lascas
Farias (2009)
Silvino Sipinski
Carvo e lascas
Farias (2009)
Silvino Sipinski
Carvo e lascas
Farias (2009)
Silvino Sipinski
Carvo e lascas
Farias (2009)
Fernando Bloemer
Carvo e material
ltico
Carvo e material
ltico
Carvo
Farias (2009)
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo e material
ltico
Carvo e material
ltico
Carvo e material
ltico
Carvo e lascas
em quartzo
Carvo e lticos
Lauro Bloemer
Carvo
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo e lticos
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo e material
ltico
Carvo
Lauro Bloemer
Carvo
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo e lticos
Farias (2009)
Lauro Bloemer
Carvo
Farias (2009)
SC-RFT-03
SC-RFT-03
SC-RFT-03
SC-RFT-03
SC-RFT-03
SC-RFT-04
SC-RFT-04
SC-RFT-04
SC-RFT-04
SC-RFT-04
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
SC-RFT-05
Fernando Bloemer
Fernando Bloemer
Fernando Bloemer
Fernando Bloemer
Lauro Bloemer
Lauro Bloemer
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
continua
71
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-RFT-06
Mancha 1 - 22J
0678897/6886916
Mancha 2 - 22J
0678743/6887123
Manha 1 - 22J
0677316/6887421
Manha 2 - 22J
0677372/6887434
Mancha 1- 22J
0673232/6886223
22J
0674673/6883860
Salsio Kulkamp
Material ltico
Farias (2009)
Salsio Kulkamp
Material ltico
Farias (2009)
Agostinho Dusman
Carvo
Farias (2009)
Agostinho Dusman
Material ltico
Farias (2009)
Loureno Gil
Material ltico
Farias (2009)
Zeferino Dacorgio
Farias (2009)
Mancha 1 - 22J
0675367/6884503
Mancha 1 - 22J
0677036/6885934
Jaime Kons
Material ltico
Farias (2009)
Damio Sipinski
Carvo e material
ltico
Farias (2009)
SC-RFT-11
Mancha 2 Sem
informao
Damio Sipinski
Farias (2009)
SC-RFT-12
Mancha 1 - 22J
0677056/6888527
Mancha 2 - 2J
0677288/6888485
Mancha 1 - 22J
0679398/6888271
Mancha 1 - 22J
0680118/6889137
Mancha 1 - 22J
0677243/6885890
Mancha 1 - 22J
0677224/6886058
Mancha 1 - 22J
0677259/6886279
Mancha 1 - 22J
0677109/6886348
Mancha 1 - 22J
0676921/6886267
Mancha 1 - 22J
0676931/6886280
22J
0681970/6888289
22J
0681936/6887360
22J
0681952/6887308
Elias Dusman
Julita Becker
Carvo, material
ltico e trs marcas
de estaca
Carvo, lascas e
pontas de projtil
Carvo, lascas e
pontas de projtil
Material ltico
Luiz Boing
Material ltico
Farias (2009)
Damio Sipinski
Material ltico
Farias (2009)
Damio Sipinski
Material ltico
Farias (2009)
Damio Sipinski
Material ltico
Farias (2009)
Damio Sipinski
Material ltico
Farias (2009)
Damio Sipinski
Material ltico
Farias (2009)
Damio Sipinski
Material ltico
Farias (2009)
Zilda Feldhaus
Lascas e Ncleos
Farias (2009)
Zilda Feldhaus
Lticos dispersos
em superfcie
Lticos dispersos
em superfcie e
profundidade
Farias (2009)
SC-RFT-06
SC-RFT-07
SC-RFT-07
SC-RFT-08
SC-RFT-09
SC-RFT-10
SC-RFT-11
SC-RFT-12
SC-RFT-13
SC-RFT-14
SC-RFT-15
SC-RFT-16
SC-RFT-17
SC-RFT-18
SC-RFT-19
SC-RFT-20
SC-RFT-21
SC-RFT-22
SC-RFT-23
Elias Dusman
Zilda Feldhaus
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
continua
72
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-RFT-24
22J
0681821/6887067
No identificado
Farias (2009)
SC-RFT-25
22J
0681862/6886609
22J
0681830/6886800
22J
681680/6886669
22J
0681768/6886515
22J
0681777/6886477
22J
0681630/6885854
22J
0681689/6885058
22J
0680448/6878334
22J
0680521/6878043
22J
0680375/6877892
22J
0680727/6875156
22J
0680752/6886781
22J
0680822/6886707
22J
0680825/6885978
No identificado
No identificado
Casa subterrnea
associado
a
ncleos, pontas de
projtil e lascas
Lascas, ncleos e
ponta de projtil
Lascas, ncleos e
bifacies
Lascas, e pontas
de projtil
Lascas e ncleos
No identificado
Lascas e ncleos
Farias (2009)
No identificado
Farias (2009)
No identificado
Pontas de projtil
e lascas
Pontas de projtil
e lascas
Pontas de projtil
e lascas
Pontas de projtil
e lascas
Lascas e ncleos
Lorena Burguever
Lascas e ncleos
Farias (2009)
Hervino Duesman
Farias (2009)
22J
0681381/6885983
22J
0682726/6884340
22J
0682858/6884076
22J
0683129/6884257
No identificado
Lascas, ncleos e
pontas de projtil
Lascas, ncleos e
pr-formas
Lascas, ncleos,
pr-formas
e
pontas de projtil
Lascas e ncleos
Farias (2009)
SC-RFT-43
22J
0680203/6883740
Hamilton May
SC-RFT-44
22J
0680192/6883393
22J
0682037/6883117
Hamilton May
Lascas, ncleos e
ponta de projtil
Lascas, e ponta de
projtil
Lascas,
ncleo,
pr-forma e pontas
de projtil
Lascas,
ncleo,
pr-forma e pontas
de projtil
Lascas, ncleos,
pr-forma
Lascas, ncleos e
pr-forma
SC-RFT-26
SC-RFT-27
SC-RFT-28
SC-RFT-29
SC-RFT-30
SC-RFT-31
SC-RFT-32
SC-RFT-33
SC-RFT-34
SC-RFT-35
SC-RFT-36
SC-RFT-37
SC-RFT-38
SC-RFT-39
SC-RFT-40
SC-RFT-41
SC-RFT-42
SC-RFT-45
No identificado
No identificado
Leontino Wiggers
Jnio Michels
No identificado
Hervino Duesman
Danilo
Boeing
Augusto
No identificado
No identificado
Roseli
Liuckman
Bertoline
Schoten
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
continua
73
continuao
Stio
Coordenadas
UTM
Proprietrio
Material
Associado
Pesquisador
SC-RFT-46
22J
0681824/6882677
Noemia
Schmuller
Farias (2009)
SC-RFT-47
22J
0680031/6880282
Simo Tenfen
SC-RFT-48
22J
0680330/6879040
22J
0681295/6879005
22J
0680281/6877504
No identificado
No identificado
Lascas, ncleos,
pr-forma e pontas
de projtil
Lascas, ncleos,
pr-forma e pontas
de projtil
Lascas, e ncleos
de projtil
Lascas, ncleos,
pontas de projtil
Casa subterrnea
associada a lascas
e ncleos
Lascas,
ncleo,
ponta de projtil
Lascas,
ncleo,
ponta de projtil
Casa subterrnea
Damio Sipinski
Material ltico
Farias (2009)
SC-RFT-49
SC-RFT-50
SC-RFT-51
22J
0685367/6882101
SC-RFT-52 22J
0681749/6886324
SC-RFT-53 22J
0681037/6881095
SC-RFT-54 Mancha 1 - 22J
0676891/6885980
Fonte - Elaborado pela autora, 2010.
Michels
Adelino Schweroff
No identificado
No identificado
No identificado
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
Farias (2009)
33
Este stio foi mapeado em 2005, nesta poca foram cadastradas 11 manchas, porm, as atividades
agrcolas acabaram destruindo essas estruturas. Em julho de 2009, voltamos a esta rea com o intuito
de realizar novas aes, porm no encontramos as onze, restando apenas oito manchas.
74
Figura 16 - Mancha 7 do stio SC-RFT-01 datada em C14, possui colorao cinza escura
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
75
A coleo ltica formada 1524 peas34. A anlise tecno-tipolgica demonstrou que
68% dos lticos correspondem a lascas bipolares, 15% detritos, 4% ncleos, 3% blocos
naturais e lascas bipolares, 2% fragmentos de artefatos e artefatos polidos e 1% artefatos
bifaciais, brutos e termferos (Grfico 2) (FARIAS, 2008).
Detrito
4%
Ncleo
Blc. natural
15%
Lsc unipolar
Frg. artefato
Atf. polido
68%
Atf. bifacial
Atf. bruto
Termfero
34
Este material foi analisado por mim e por Fabrcia Machado Fernandes sob orientao de Deisi
Scunderlick Eloy de Farias.
76
77
78
3.2 DISCUSSO
79
80
Segundo Schmitz et al. (2009), todos estes dados da encosta norte de Santa Catarina
sugerem que os grupos que vem sendo chamados de antepassados do J Meridional
facilmente se associavam com populaes de outras culturas ou tradies tecnolgicas, que
viviam no mesmo territrio e com os quais entravam em contato.
Na encosta sul catarinense no h at o momento dataes para as casas
subterrneas. Apesar de as informaes serem incipientes, podemos pensar numa certa
conexo entre as casas e os stios lticos. Ou ainda, de que a tecnologia ou tradio Umbu foi
comum a vrios grupos pr-histricos e no apenas a caadores-coletores.
Quanto aos stios Guarani36 encontrados por De Masi (2003) correspondem ao
perodo da colonizao europia no litoral catarinense. Provavelmente, essas populaes,
pressionadas pela ao colonizadora, foram para o interior (encosta) em busca de refgio.
Podemos definitivamente afirmar que a ocupao desta regio, em perodos
pretritos, no se deu de forma to espordica e homognea como pensavam pesquisadores
alguns anos atrs. Pelo contrrio, as informaes demonstram uma heterogeneidade de stios
e tambm de populaes (caadoras coletoras, J e Guarani).
O quarto captulo caracterizar a cultura material e imaterial dos Xokleng, grupo
documentado historicamente em relatos escritos e orais. Esta descrio ser feita a partir de
fontes histricas (primria e secundria). Apresentaremos as entrevistas realizadas com os
moradores das comunidades pesquisadas, e tambm, os stios arqueolgicos mapeados a
partir de indicaes dos prprios entrevistados.
36
Para um maior aprofundamento sobre as pesquisas arqueolgicas dos grupos Guarani no sul do
Brasil ver os trabalhos de: Milheira (2008); Schmitz e Sandrin (2009); Schmitz (1991).
81
Este captulo composto por um conjunto de fontes escritas e orais que versam sobre
os Xokleng no perodo de contato com os imigrantes europeus em Santa Catarina. Como j
ressaltamos em captulos anteriores, a rea de pesquisa dessa dissertao, as comunidades de
Rio Faco, Rio dos Bugres e Rio Chapu no municpio de Rio Fortuna so consideradas
territrio histrico Xokleng. Por isso, tentamos reunir o mximo de informaes sobre a
cultura material e imaterial dessa etnia. Traamos um histrico da ocupao e do contato
trgico entre ndios Xokleng e colonos no interior catarinense. Tambm apresentamos os
dados de uma pesquisa realizada na Cria Diocesana de Tubaro, que demonstra os
batismos e at adoes de crianas indgenas em Orleans, Tubaro e Nova Veneza.
Exibiremos 8 entrevistas realizadas no ms de julho de 2009 com os moradores das
comunidades pesquisadas. Nelas destacaremos a verso dos moradores em relao ao
contato entre ndios e colonos, a cultura material Xokleng e se os moradores associam os
stios arqueolgicos identificados em suas propriedades aos Xokleng.
Por fim, discutiremos os dados apresentados ao longo deste captulo.
37
Noelli prope que os Xokleng e Kaingng seriam integrantes do conjunto multicultural que define
os povos J do Brasil Central. Para ele, apesar dos registros arqueolgicos terem apresentado
diferenas significativas que questionem os elementos que distinguem os povos Guarani, Charrua,
Minuano, Kaingng e Xokleng, existe a possibilidade de detectar no futuro evidncias materiais que
revelem distintas etnicidades, verificadas historicamente em nvel lingstico, biolgico
antropolgico e sociolgico (VIEIRA, 2004, p.15).
38
Quanto ao motivo da migrao, alguns pesquisadores a relacionam a uma drstica mudana
ambiental ou a um enorme aumento populacional.
82
Mabilde (1983) explica que a palavra Bugre pode ter se originado a partir de uma interjeio
realizada pelos Xokleng quando viram os portugueses pela primeira vez. Teriam dado um grito de
alerta, espanto, muito agudo no qual parecia ouvir-se a palavra pucri.
40
Diante de uma conveno estabelecida pela Associao Brasileira de Antropologia, os termos
indgenas so grafados somente no singular, como por exemplo, os Xokleng (DANGELIS, 2003).
41
Schaden (1937) relatou que no sul do Estado de Santa Catarina, entre Anitpolis e o Rio Capivari
foi identificada presena de um pequeno grupo de ndios Xokleng.
83
Um dado curioso trazido por Schaden (1937:25) que os Xokleng tiravam todo o
pelo do corpo, com exceo dos cabelos. Como extraam a sobrancelha, ao ficar fora da
floresta, seus olhos inflamavam. Talvez a falta de proteo aliada claridade e aos raios
solares provocasse a enfermidade.
Enquanto Kempf (1947, p. 27) afirma que os Xokleng eram monogmicos, Paula
(1924, p. 125) evidencia a poligamia. No entanto, parece haver consenso entre esses dois
autores de que os guerreiros de acordo com seu valor poderiam casar-se com duas ou mais
mulheres, o mesmo acontecendo com os chefes da tribo.
Os jovens a partir dos 18 anos podiam escolher uma noiva, mas no parente. As
mulheres podiam procurar um marido em qualquer grupo de sua tribo (KEMPF, 1947, p.
27).
O matrimnio no era indissolvel. O homem poderia trocar de mulher quando
quisesse. A mulher, enquanto esposa tambm tinha o direito de separao, mas, raramente
isso acontecia. Castigavam o adultrio com excluso da tribo por trs ou mais meses
(KEMPF, 1947, p. 27).
Os homens utilizavam somente uma cinta, tranada de talas de taquara diversamente
coloridas. Na junta da articulao da perna com o p traziam uma espcie de polaina,
igualmente tranada, para que no se ferissem com o mato mido. J as mulheres usavam
espcie de tanga (saia) de tecido da cintura at a altura dos joelhos (KEMPF, 1947, p. 29).
42
Kempf (1947) constatou a presena de ndios Xokleng nas nascentes do Rio Brao do Norte,
afluente do Rio Tubaro.
84
Diversos grupos formavam uma tribo; viviam separados por alguns dias ou mesmo
meses. A cada ms costumavam reunir-se a fim de organizar assaltos s colnias ou ento
para celebrar festas em comum. Aproximadamente 8 a 10 famlias formavam um grupo com
cacique (SCHADEN, 1937, p. 26).
O cacique geralmente era o mais valente e forte. Alguns dias antes do combate
cabe-lhes a tarefa de examinar bem o terreno, distribuir os cargos e dar ordens aos chefes
subalternos. Durante a peleja ele quem comanda as manobras, dando do alto de uma
elevao gritos e sinais de lana. (SCHADEN, 1937, p. 26) Este chefe, pahi, exerce o
seu poder enquanto o seu valor como guerreiro destemido e audaz reconhecido por todos.
Em sua ausncia os guerreiros mais experimentados e mais corajosos tomam a si o mando,
exercendo ento maior influncia sobre os demais. Um chefe idoso passava seu poder a
um outro guerreiro de qualidades. O mais velho torna-se conselheiro sendo respeitado e
venerado por todos (PAULA, 1924, p. 125).
Em casos de desavenas, os Xokleng procuravam decidir os problemas entre si.
Primeiro atravs do dilogo e depois, por meio de duelos. Se um desses fosse morto, os
parentes mais prximos do vencido procuravam quase sempre organizar uma represlia.
Muitas vezes, esse era o motivo que originava a subdiviso da tribo. Conflitos internos
provocaram verdadeiras chacinas (PAULA, 1924, p.127).
O nomadismo era uma das caractersticas dos Xokleng. Lavina (1994) ressalta que os
Xokleng deslocavam-se continuamente, caando e coletando. Este autor observa que o
nomadismo pode ser identificado nos documentos histricos, pois registram um movimento
entre o litoral e o planalto que estaria relacionado a caractersticas estacionais. Podemos
tambm observar a afirmativa de Lavina num artigo publicado por Robert Gernhard em
1901: (...) no vero vivem no litoral43 e durante o perodo do inverno no planalto. (...). Eles
habitam, em nmeros expressivos, os quase intransponveis morros e se sustentam com
frutas silvestres, principalmente do pinho, da caa e da pesca.
Henry44 (1941) assinala que nem sempre os Xokleng foram nmades. O
sedentarismo parece ter sido tambm experimentado pelo grupo antes do contato com os
43
85
86
45
Farias (2005) diz que os Fachinaes se localizariam nas reas de Floresta Ombrfila Densa
Montana, ocorrente em altitude acima de 700 m com presena de Araucaria augustifolia.
46
Conforme o captulo 2 desta dissertao, o palmito (Euterpe edulis) ocorre em Floresta Ombrfila
Mista.
87
Segundo Paula (1924, p. 121) o mel era um outro alimento indispensvel para os
Xokleng. Aproveitavam praticamente tudo das abelheiras como o mel e o favo. A cera era
quase sempre toda recolhida para diversos usos. Schaden (1937, p. 27) informou que:
Schaden (1937, p. 27) sups que o territrio reduzido dos Xokleng no perodo de
contato com os europeus, os obrigou a recorrer a todos os meios para saciar a fome. Por isso,
habituaram-se a comer larvas de toda espcie, principalmente o cor, bicho do pau podre.
Comiam-no cru, assado ou cozido em gomo de taquara.
Peres (2009) mostrou que a caa era uma atividade masculina, ficando a coleta a
encargo das mulheres do grupo. Alm disso, elas eram responsveis pela confeco de
tecido. Com pequenos cacetetes, surravam a fibra de urtiga brava de todos os lados, at que
ficasse inteiramente desprovida de folhas e espinhos. Logo aps, davam pequenos talhos no
caule, pouco acima das razes, descascando-o em tiras longitudinais.
88
disso tudo, levam nas mos objeetos pesados, como machados, panellas
de ferro, etc., etc. So ellas, por assim dizer, os verdadeiros cargueiros da
tribu, carregando os guerreiros carga unicamente quando longe das
mulheres (PAULA, 1924, p. 119).
Os artefatos utilizados na caa mais comuns entre os Xokleng eram a lana, o arco e
a flecha. Cada caador confeccionava o seu kit de caa. O arco chegava a medir
aproximadamente 2 metros e era feito com cerne de cabreava (...), a corda era feita com
fibra de ticu. As pontas de flechas eram ou de pedra ou de madeira ento farpada; mais tarde
roubando o ferro nos assaltos, fizeram-na em ferro. (...). O arco e as flechas antes do uso
deveriam ser examinados pelo cacique. Se ele no aprovasse era mister fabricar outros
(KEMPF, 1947, p. 28).
Schaden (1937, p.26) observou que, desde que os Xokleng conheceram o ferro, as
pontas de estacas e de lanas passaram a ser confeccionadas com esse material. As pontas
eram afiadas com pedras bem resistentes. Para a caa comum utilizavam estacas de madeira
bem fortes, j com relao caa de aves, usavam estacas curtas e sem fio. noite, eles
guardavam suas armas num nico canto (...) (SCHADEN, 1937, p. 26). As pontas de flecha
eram produzidas de trs tipos (Figura 19):
89
De acordo com Vieira (2004), as lanas podem ser classificadas como um tipo de
arma perfurante arremessada com a mo. So bastante confundidas com as flechas. Eram
utilizadas tanto na caa quanto na guerra. Cada lmina possua aproximadamente de 30 a 40
cm de comprimento e 10 a 12 cm de largura. Eram fixadas em uma haste decorada com
cestaria junto ao engate da lmina. Depois do contato, o metal foi utilizado tanto nas lanas,
quanto em outras armas (Figura 20).
Vieira (2004) observou que a utilizao dos objetos domsticos era atributo
feminino. No entanto, nem todos os utenslios eram confeccionados pelas mulheres. As
tcnicas de confeco eram simples e compreendiam a tecelagem, o tranado, a cermica.
Os materiais utilizados para produzi-los baseavam-se em fibras vegetais, argila e madeira.
A cestaria era confeccionada pelos homens, cada um fazendo sua cesta vedada com
cera. As cestas maiores, de carregar carga, s vezes eram produzidas por mais homens.
Geralmente os recipientes eram utilizados para o transporte de lenha, mel, frutos e gua.
Serviam tambm para armazenar pinho. Os utenslios pequenos eram usados como canecas
para tomar gua e bebidas alcolicas por ocasio das festas (VIEIRA, 2004).
Havia dois tipos de cestas, as usadas para guardar lquidos, vedadas com cera de
abelha, e aquelas usadas para carregar alguma carga e no revestidas, ambas feitas a partir
da tala do bambu. Segundo Paula (1924, p. 125), todos os cestos eram confeccionados com
taquara mansa, variava apenas a largura e a grossura em que a rachavam. Schaden (1937, p.
27) observou que os cestos foram os nicos objetos encontrados em cabanas Xokleng
localizadas nas margens do Rio Capivari.
90
91
pertenciam a uma mesma famlia (SCHADEN, 1937, p. 27). Vieira (2004, p. 31) relacionou
a confeco das casas atividade feminina, mas, na expectativa da chuva repentina, homens
e mulheres colaboravam. As mulheres procuravam as folhas que iriam cobrir a casa,
enquanto os homens cortavam e depositavam os galhos que iriam dar sustentao. Kempf
(1947, p. 27) as descreveu da seguinte forma:
92
No ritual da perfurao dos lbios para a colocao dos botoques, uma grande rea
era limpa, sendo construdos em sua periferia pequenos abrigos. No centro era acesa uma
fogueira onde os homens iniciavam uma dana (PERES, 2009, p. 94).
Com relao ao botoque, existia uma variao de formas, e os membros das
famlias eram reconhecidos a partir delas (HENRY, 1964, p. 72).
Segundo Vieira (2004) a bebida utilizada nos rituais dos Xokleng era preparada com
vrios dias de antecedncia. Podia ser feita por homens ou mulheres.
93
94
95
propriedade agrcola, que se constituiu a partir de massas humanas que migraram da Europa,
particularmente da Alemanha e Itlia.
J a ocupao do Vale do Rio Brao do Norte e Capivari ocorreu oficialmente no
final do sculo XIX e incio do XX, isso porque os colonos que se estabeleceram em So
Pedro de Alcntara no obtiveram xito em suas plantaes. Esses abandonaram seus lotes e
passaram a ocupar as terras mais ao sul de Santa Catarina (TENFEN, 1997).
A regio da pesquisa, o municpio de Rio Fortuna foi colonizado principalmente por
imigrantes alemes. Esses vieram da regio noroeste da Alemanha denominada Westflia. O
perfil desses imigrantes foi caracterizado como sendo produtor rural, s vezes meeiro, de
famlia numerosa e profundamente religiosa (RICKEM; RICKEM, 2008).
medida que os colonos iam se instalando nas faixas demarcadas entre o litoral e o
planalto, outro personagem entrava em cena, o ndio. Segundo Paula (1924, p. 117) as
primeiras notcias de assalto de ndios aos ncleos coloniais datam do ano de 1830. Isso foi
se tornando mais freqente medida que a demografia das colnias aumentava e
conseqentemente o territrio indgena passou a ser reduzido.
Com intuito de proteger os colonos dos ataques indgenas foram enviados os
Pedestres, tropa criada em 183649 que tinha como funo afugentar os ndios. No ano de
1856 o presidente da Provncia de Santa Catarina, Joo Jos Coutinho afirmou que a nica
medida realmente eficaz seria obrigar os ndios a deixarem floresta, confinando-os em
locais dos quais no pudessem fugir. Mesmo assim o perigo indgena continuou a
assombrar, exigindo srias providncias. Organizaram-se turmas de sertanejos que deveriam
se aproximar dos ndios e, caso no fosse possvel torn-los amigos, deveriam ento
afugent-los sem lhes fazer mal. No entanto, muito pouco se conseguiu.
Em 1879, como medida de economia, foi extinta essa turma de sertanejos. A partir
de ento iniciaram-se as batidas, regime que visou o extermnio completo dos ndios.
Sempre por ocasio de um assalto de ndios organizavam-se grandes turmas, tanto por
iniciativa particular, como oficial (PAULA, 1924, p. 117).
No final do sculo XIX e incio do XX houve a intensificao dos conflitos entre
Xokleng e imigrantes. Para amenizar a situao, os prprios presidentes da Provncia e a
imprensa ofereceram solues para o problema com os selvagens: a catequese ou
extermnio. A contraposio mo de obra europia, branca modernizante e trabalhadora,
apresentava-se o bugre selvagem cruel, traioeiro, diante de quem todas as medidas so
cabveis (LAVINA, 2000, p. 80).
49
96
Podemos constatar num depoimento do bugreiro Ireno Pinheiro a Silvio Coelho dos
Santos em Santa Rosa de Lima, em 1972, em que narra como os ndios eram afugentados
por ele e seus companheiros:
De acordo com DallAlba (1973, p. 356) e Lavina (2000, p. 80) os bugreiros mais
atuantes da regio sul catarinense foram Joo Domingos, Z Domingos, Ireno Pinheiro,
Martinho Bugreiro, Vandresen, Natal Coral, Nicolau Bugreiro, Serafim Bugreiro, Manuel
Roque, Joo Toms, Joaquim Felisbino, Manuel Aberto Rocha e Juca Rocha.
Geralmente narra-se o ndio invadindo a propriedade e roubando os pertences dos
colonos, bem como, atacando-os com flechas. A reao do colono era imediata, para vingarse iniciavam a matana, o extermnio do bugre. Abaixo, temos na integra algumas das
ocorrncias que evidenciam esses dados.
97
98
99
De acordo com Wittmann (2007, p. 95), o batismo era realizado logo que as
crianas indgenas chegavam cidade. Apadrinhados, alguns eram levados por famlias
que se comprometiam em educ-los seguindo o preceito judaico-cristo da poca.
Quanto ao batismo, Alves (apud WITTMANN, 2007, p. 95) acrescentou que era
uma espcie de ritual de passagem civilizao. (...) Podemos pensar o batismo como uma
das formas de domesticar as diferenas, onde a religio torna o indgena mais assimilvel
por meio da catequese, pois a converso amansa o ndio como esprito, como alma (...).
Em Santa Catarina as histrias de adoo indgena esto bastante evidenciadas na
regio do Vale do Itaja. Em Blumenau, os sobreviventes das matanas feitas nas aldeias
Xokleng pelos bugreiros eram encaminhados s irms da Divina Providncia e,
posteriormente adotados por famlias da regio50.
Como na regio sul do Estado nunca foi realizado um trabalho como este, decidimos
fazer uma pesquisa nos livros de batismo da Cria da Diocese de Tubaro que nos forneceu
dados reveladores. Identificamos seis batismos de crianas indgenas entre os anos de 1890 e
1910.
Com os dados levantados no podemos descrever de maneira aprofundada a histria
de vida dessas pessoas, no sabemos se houve resistncia, como ou se chegaram a se adaptar
s famlias, aos costumes, religio enfim, vida de civilizado (Figura 21).
50
Histrias de crianas que foram adotadas em Blumenau podem ser verificadas na obra O Vapor e
o Botoque de Luiza Tombini Wittmann. Entre algumas narrativas, a historiadora descreve a vida de
uma jovem ndia batizada com nome de Benedita Inglat que adaptou-se bem a civilizao. Esta
cresceu e constituiu famlia com um brasileiro. Outra Isabel, que aps fugir da casa de seus pais
adotivos, tornou-se prostituta. Depois de contrair doenas sexualmente transmissveis foi expulsa do
bordel em Joinville e, um mdico sensibilizado com a condio da jovem tratou-a. Curada, casou-se
com suboficial da Marinha em So Francisco do Sul, l ela o traiu. Nos seus ltimos anos de vida
adoeceu e foi sepultada como indigente. Um outro caso o afilhado de Vidal Ramos Jnior, o
menino Nukla, que estudou durante anos no Colgio Catarinense, ganhando vrios prmios de
excelncia. Mas, o caso mais interessante o menino Francisco Topp que foi adotado pelo
Monsenhor Topp. O menino ndio foi seminarista e durante uma viagem que fazia a Europa
apaixonou-se pela filha de um fazendeiro gacho. Francisco Topp largou o seminrio, casou-se e
tornou-se escrivo distrital. Discordando de Wittmann (2007) DallAlba (2005, p.35) descreve
resumidamente sobre o ndio adotado pelo padre e, afirma que no se sabe qual o paradeiro do
menino, parece ter retornado floresta.
100
Francisco
Affonso Arazavin foi o nome dado ao ndio que teve como padrinhos Affonso Dosiflinger
(ou Dosiflnigev?), Padre Francisco Topp e como madrinha Nossa Senhora da Piedade. Ao
analisar esta ocorrncia podemos fazer algumas consideraes. No registro batismal no
consta a idade do indivduo, no sabemos se criana ou jovem. Ele no foi adotado, mais
101
foi batizado. Para onde iam as crianas\jovens indgenas da regio quando no adotadas?
Possumos algumas hipteses relacionadas a esta pergunta, a primeira que assim como em
Blumenau, os indgenas da regio sul catarinense poderiam ser tambm acolhidos pelas
irms da Divina Providncia no Colgio da ordem localizado no municpio de Tubaro e,
posteriormente em So Ludgero. Vale lembrar que Wittmann (2007) no descarta a
possibilidade de adoes visando explorao de mo-de-obra. Outro ponto a ressaltar a
questo dos padrinhos e do nome dado ao ndio; coincidncia ou no, ele foi denominado a
partir dos nomes dos padrinhos. Francisco por causa do nome do padrinho e Vigrio
Francisco Topp e Affonso em funo do outro padrinho Affonso Dosiflinger (ou
Dosiflnigev?); j do sobrenome Arazavin no sabemos a procedncia. A figura feminina
representada pela Nossa Senhora da Piedade, padroeira da cidade de Tubaro.
O primeiro caso de adoo encontrado em Tubaro foi o do menino Salvator:
102
Notamos aqui que o nome do menino adotado pelo casal Domingos Dias e Saturnina
Velfloker Dias continuou sendo de origem indgena. Pela descrio do Pe. Topp o menino
ndio parece ter sido batizado dois anos aps sua adoo.
Na Capela de Di Marco em Nova Veneza foi batizado pelo Padre Bernardo Freise o
menino talo Marco Bral. O livro de batismo no retrata sua adoo, mas seu sobrenome
pode ser de origem portuguesa ou italiana. Percebemos a predominncia de crianas do sexo
masculino; do sexo feminino, o nico caso identificado at aqui o da menina Jandira que
tambm sabemos ao certo se de origem indgena ou no. Este ndice, pode indicar uma
preferncia, ou simplesmente coincidncia? Ser que havia interesse pela mo de obra? Ao
observar a idade que essas crianas possuam quando batizadas, verificamos a preocupao
que a sociedade, ou pelos menos algumas famlias e autoridades tinham com a insero
desses infantes nao brasileira. Quanto mais novos, mais fcil seria civiliz-los?
Esses dados servem para percebermos que o contato entre ndios e colonos era muito
freqente e que nem sempre ocorria base da violncia fsica. O indgena utilizou a
intolerncia cultural dos colonizadores como uma arma para sobrevivncia. Foram
batizados, apadrinhados, adotados, enfim, aprenderam os modos de gente civilizada para
sobreviver.
Tudo o que foi produzido at o presente momento neste captulo, baseou-se em
dados escritos. Partiremos agora para as fontes orais, que podem nos oferecer outras
informaes sobre a ocupao pr-histrica e histrica da rea da pesquisa.
103
Utilizamos a histria oral51 neste trabalho como um procedimento metodolgico.
Delgado (2006, p. 15) afirmou que esta metodologia prima pela construo de fontes a partir
de narrativas induzidas. Lozano (2001, p. 16) observou que a histria oral um espao
interdisciplinar de nvel local e regional; que visa oferecer interpretaes qualitativas de
processos histrico-sociais. Por isso, a funo da histria oral ouvir a voz dos excludos e
dos esquecidos; e de trazer a tona verses que a escrita no consegue transmitir ou
testemunhar.
Por isso, a aplicao da histria oral52 nesta pesquisa visou identificar novas verses
sobre a cultura material dos Xokleng; o contato estabelecido entre ndios e colonos; e a que
grupo indgena os moradores53 das trs comunidades estudadas54 Rio Faco, Rio dos
Bugres e Rio Chapu associam os stios arqueolgicos que encontram em suas
propriedades.
51
O trabalho com a histria oral consiste na gravao de entrevista de carter histrico e documental
com atores e testemunhas de acontecimentos, conjunturas, movimentos, instituies e modo de vida
da histria contempornea (ALBERTONI, 2004, p. 77)
52
Ao recolher depoimentos individuais, podemos apresentar inmeras potencialidades metodolgicas
e cognitivas, entre as quais destacamos a seguintes (THOMPSON 1992 apud DELGADO 2006, p.
19): a) Revelar novos campos e temas para pesquisa; b) Apresentar novas hipteses e verses sobre
processos j analisados e conhecidos; c) Recuperar memrias locais, comunitrias, regionais, tnicas,
de gnero, nacionais, entre outras, sob diferentes ticas e verses; d) Possibilitar a construo de
evidncias via o entrecruzamento de depoimentos; e) Recuperar informaes sobre acontecimentos e
processos que no se encontram registradas em outros tipos de documentos; f) Possibilitar a
redefinio de cronologias histricas atravs de depoimentos que revelam novas ticas e diferentes
interpretaes em relao s predominantes sobre determinado assunto ou tema; g) Contemplar o
registro de vises de personagens ou testemunhas da histria, nem sempre considerados pela
denominada histria oficial; h) Possibilitar o registro de vises de personagens ou testemunhas da
histria, por meio de entrevistas com membros da prpria elite e com pessoas vinculadas s
instituies de poder; i) Possibilitar a associao entre acontecimentos de vida pblica e da vida
privada, por meio de narrativas individuais; j) Apresentar-se como alternativa ao carter esttico do
documento escrito, que permanece o mesmo atravs do tempo.
53
Segundo as orientaes do centro de Pesquisa e Documentao em Histria Contempornea do
Brasil (CPDOC), uma pesquisa em histria oral sobre determinado tema dever conter uma
quantidade de roteiros individuais correspondentes ao nmero de entrevistados, e uma quantidade de
roteiros parciais correspondente ao nmero de sesses com todos os entrevistados (ALBERTONI,
2004, p. 60).
54
Para a aplicabilidade dos roteiros de histria oral necessrio seguir os seguintes pontos: a) Ser
preparados somente aps o aceite do entrevistado; b) Ser flexveis e adequados linguagem e ao
vocabulrio do entrevistado; c) Considerar dados biogrficos em maior grau para as histrias e
trajetrias de vida e em menor para as entrevistas temticas; d) Cruzar informaes do roteiro
individual, referentes biografia do entrevistado, com as do roteiro geral, referentes histria da
comunidade, pas, grupo tnico ou social que est sendo pesquisado; e) Constituir-se como um mapa
da memria, e no como uma camisa de fora que possa impedir maior flexibilidade na conduo
das entrevistas e na construo da narrativa (DELGADO, 2006, p. 26-27).
104
105
Bugres, municpio de Rio Fortuna; 4) Arventino Backes, 65 anos de idade, e Lcia Rolling Backes,
65 anos de idade, moradores da comunidade de Rio dos Bugres, municpio de Rio Fortuna; 5)
Adolfo Schmoeller, 85 anos de idade, e Ludovica Schmeller, 81 anos de idade, moradores da
comunidade de Rio dos Bugres, municpio de Rio Fortuna; 6) Huberto Boeing e Erica Boeing,
moradores da comunidade de Rio Chapu, municpio de Rio Fortuna; 7) Lcia Boeing Backes,
moradores da comunidade de Rio Chapu, municpio de Rio Fortuna; 8) Benoni Rech e Elizabete
Kesten, moradores da comunidade de Rio Chapu, municpio de Rio Fortuna.
57
Os desafios da histria oral relacionam-se em grande parte aos seguintes limites: a) Aplicabilidade
do mtodo somente s pocas contemporneas, histria do tempo presente; b) Predomnio da
subjetividade; c) Possvel influncia, mesmo que involuntria, do transcritor da entrevista no
contedo do documento escrito, oriundo do documento oral; d) Influncia da conjuntura sobre o
documento produzido, possibilitando alteraes de vises sobre o mesmo fato ou processo, medida
que o tempo transcorre e as conjunturas se renovam; e) Dificuldade de se registrar expresses de
rosto e emoes no documento escrito decorrente da entrevista, que no foi gravada em vdeo ou
DVD;
106
Todos os 8 entrevistados citaram a morte do Sr. Geraldo (ou Gerhard) Eising. Dois
desses forneceram-nos dados preciosos quanto morte deste homem e sobre os motivos que
levaram Ireno Pinheiro a perseguir e matar ndios Xokleng (Apndice A; B; C; D; E; F; G;
H).
O primeiro foi o Sr. Roberto Irineu da Silva, filho de Ireno da Silva (Ireno Pinheiro)
e Catarina Eising. Suas informaes nos do detalhes no s sobre a colonizao e o embate,
mas tambm sobre a cultura material Xokleng. Pois seu pai foi um dos maiores caadores de
ndios da histria catarinense.
A me do Sr. Roberto, Catarina Eising era filha de Geraldo Eising que foi morto por
ndios Xokleng, e segundo nosso entrevistado, esse foi o motivo que levou seu pai, Ireno
Pinheiro a iniciar a perseguio e matana dos ndios Xokleng no interior do Estado de
Santa Catarina: Pode acreditar que foi por causa da morte de meu av. Porque perante isso,
ele nunca, nunca tinha feito nada. Depois dessa morte, inventou de fazer vingana58.
Quanto morte, Geraldo Eising teria sido atingido por 2 flechas. A primeira, teria
passado por cima dos braos no momento em que estava derrubando rvores. A segunda foi
mortal, atingiu entre a costela e o ombro do colono. As flechas lanadas pelos Xokleng
contra Geraldo eram de ferro: Era de ferro, era um treco feito de dente, n? Ento, ela era
toda entornada, quando eles atiravam, assim, numa pessoa ou no bicho, ela entrava, para
puxar, ela vinha arrebentando tudo, ela tinha aqueles ganchos, pegava e vinha arrebentando
(...) 59.
O Sr. Paulo Bloemer, tambm neto de Geraldo Eising, confirmou que Ireno Pinheiro
passou a perseguir ndios por causa da morte de seu sogro. Em 1973, o prprio Ireno
Pinheiro explicou o motivo de tanto dio contra os Xokleng (Figura 22)
58
SILVA, Roberto Irineu da. Entrevista concedida a Daniela da Costa Claudino. Em 7 de julho
de 2009.
59
107
Ireno e seus colegas jamais iam desarmados para a mata. Manusearam todos os tipos
de armas de fogo: mulicha, parabelo, winchester e revolver de calibre 38. Fora os faces que
utilizavam para terminar o servio nas aldeias indgenas. Segundo Sr. Roberto foram 5
acampamentos Xokleng atacados por Ireno Pinheiro. O primeiro61 foi em Rio Chapu (Rio
Fortuna); o segundo, no Morro da Palha62; o terceiro foi no Campo dos Padres, o quarto no
Rio Perdido; e o quinto, no Rio Caet63.
Os bugreiros perseguiam os ndios pelo rastro. Dentro do mato, os Xokleng andavam
em uma s trilha, e quando chegavam perto de suas aldeias, dispersavam-se. Essa era uma
estratgia para confundir seus perseguidores64.
60
108
O porte fsico dos Xokleng era bastante variado: Tinha gente de todo o tipo aqui,
porque aqui tinha bastante ndios, n. At o falecido meu pai contava que, quem atirou no
falecido meu av, era um baita de um homem bem alto, branco. Que o ndio uma cor
vermelha, acho que aquele era bem branquinho65.
A matana iniciava ao entardecer quando quase todos j estavam dormindo ou ao
amanhecer. No temos um nmero exato de ndios mortos nos ataques, mas, segundo Sr.
Roberto, nas primeiras aldeias que seu pai atacou, foram mortos em mdia 30 pessoas,
sendo que 2 ou 3 indivduos sempre fugiam. Ironia ou no, os bugreiros eram as pessoas que
mais conheciam os Xokleng. Observavam tudo, para saber o momento certo de atacar.
As aldeias eram sempre implantadas em locais planos prximos a gua corrente. As
habitaes Xokleng eram redondas, altas, cobertas por palhas do mato, de todos os lados e
encostando-se ao cho. Antes do acampamento, havia uma cerca de varas cortadas e
amarradas com cip66. Eram bem altas e provavelmente serviam como muro de proteo.
Quanto s habitaes, o Sr. Adolfo Schmoeller relata um outro tipo: Quando ns
viemos para c, havia os arcos das casas deles nas rvores. Esses arcos eram ps plantados,
p crescido natural, era arcado por cima, amarrado em baixo com cip67.
Alm de os Xokleng utilizarem pontas de flecha em ferro, havia tambm as de pedra
e de madeira. As pontas de madeira eram confeccionadas a partir de uma rvore conhecida
popularmente como coqueira. Os indgenas assavam essa madeira e depois confeccionavam
as pontas com dentes. Para caar passarinho, utilizavam pontas de madeira, para um animal
maior ou pessoas, usavam pontas de ferro ou de pedra68.
Provavelmente, as pontas de flecha confeccionadas em pedra eram usadas para caar
animais enquanto que as pontas de metal utilizavam para a defesa69.
A maioria dos utenslios era confeccionada em taquara e cip. Possuam uma espcie
de balaio para carregar a gua. Os Xokleng tiravam a casca do cip, depois colocavam
taquara bem fininha e por fim, pegavam a cera de abelha, a derretiam e passavam por dentro
do balaio para impermeabiliz-lo.
Ainda com madeira, confeccionavam botoque e cabos de flecha e lana. Produziam
piles que eram utilizados para quebrar a carne que roubavam das fazendas. Os Xokleng
65
109
70
110
Figura 23 - Local indicado pelo Sr. Roberto Irineu da Silva sobre um acampamento Xokleng que Ireno
Pinheiro teria atacado na Comunidade de Rio Perdido, municpio de Santa Rosa de Lima
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
111
Prximo a esta mancha encontramos uma pequena gruta, que, segundo os moradores
da Comunidade de Rio Perdido, servia como esconderijo para os bugres. H uma histria
de que uma mulher Xokleng teria se escondido neste local com uma criana de colo, aps
ter sobrevivido ao ataque dos bugreiros (Figura 26).
Podemos concluir que mesmo que a terra preta71 no corresponda aos Xokleng do
perodo histrico, os moradores criaram histrias ao longo do tempo para tentar explicar
aquilo que encontram em suas propriedades. Como as histrias sobre os Xokleng ainda esto
muito vivas na memria individual e coletiva, geralmente associam estes vestgios
arqueolgicos a este grupo indgena.
Na comunidade de Rio Chapu identificamos 6 stios arqueolgicos. O Sr. Huberto
Boeing nos indicou 1 em sua propriedade. A mancha (UTM: 22J 0674941/6890765) possui
9 x 10 metros com sedimento bastante escuro. Junto a esta eram encontrados muitos
artefatos lticos, principalmente pontas de projtil. Mas, como a terra j foi muito lavrada os
71
Os moradores dessas comunidades referem-se aos stios arqueolgicos com manchas escuras no
solo como terra preta ou terra de bugre.
112
Figura 27 - Pontas de projtil associada mancha escura no solo, encontradas por Sr. Huberto Boeing
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
72
113
Figura 28 - O circulo em vermelho indica o local da mancha e a seta no fundo da imagem localiza a casa do
Sr. Huberto
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
75
114
Nas terras do Sr. Benoni Rech tambm identificamos vestgios arqueolgicos. Tratase de uma estrutura (UTM: 22J 0674787/6890824) de colorao escura com presena de
lticos em superfcie, do tipo lascas e pontas de projtil em quartzo. A mancha possui forma
elipsoidal com 12 X 13 metros. A esposa do Sr. Benoni, a sra. Elizabete nos informou que
prximo a esta mancha havia outras, mas a atividade agrcola teria destrudo essas
evidncias: Meu pai dizia, isso aqui era o rancho dos bugres, nessas terras pretas ai. Aqui
no nosso terreno tinha muito, porque bem alto76 (Figura 30 e 31).
76
115
Na propriedade do Sr. Lindolfo Schueroff parece haver uma mancha (UTM: 22J
0681596/6890812) escura no solo. Pelo que contou-nos o morador quando o solo era arado
podiam-se encontrar pontas de flecha. Fomos ao local indicado, mas no encontramos
vestgios arqueolgicos. O tamanho e o formato da mancha foram baseados nas descries
do proprietrio do terreno. Infelizmente, no conseguimos realizar entrevista com Sr.
Lindolfo. Apesar de termos marcado um horrio no o encontramos em sua residncia77
(Figura 32).
77
Todas as entrevistas foram marcadas nos locais e horrios escolhidos pelo entrevistado. Nosso
contato com o entrevistado ocorria em 2 momentos. Num primeiro momento visitvamos os
moradores, conversvamos sobre a pesquisa, e se fosse de interesse deles, no outro dia realizvamos
a entrevista.
116
Um stio ltico (UTM: 22J 0680118/6889137) foi descrito por Luiz Boeing. Segundo
o mesmo havia muito material disperso, mas o arado e as constantes atividades agrcolas
teriam destrudo este stio. A rea de disperso do material possui formato circular,
equivalendo a 1000 metros quadrados.
Ao lado da estrada pela que tnhamos acesso Comunidade de Rio Chapu,
encontramos uma mancha escura (UTM: 22J 677727/6890876) de 12 X 7 metros. Est
prxima a uma cachoeira. Aparentemente no h presena de lascas em quartzo ou artefatos
em superfcie. No conseguimos identificar o proprietrio do terreno (Figura 33).
117
Figura 33 - Mancha escura no solo ao lado da estrada de acesso a Comunidade de Rio Chapu
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
78
118
Figura 38 - Artefatos bifaciais coletados por Sr. Adolfo Schmoeller entorno das 3 manchas identificadas em
sua propriedade
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
119
Figura 39 - Artefatos bifaciais coletados por Sr. Adolfo Schmoeller entorno das 3 manchas identificadas em
sua propriedade
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
Figura 40 - Artefatos polidos coletados por Sr. Adolfo Schmoeller nas manchas identificadas em sua
propriedade
Fonte: Registrado pela a autora, 2009.
Como a mancha 1 est bastante preservada, coletamos uma amostra no nvel 3 (30
cm) de carvo para datao em C14. A data deste stio foi similar da amostra datada em
Santa Rosa de Lima, 920 a 700 A.P. (Calibrada, Beta-265886). Como podemos perceber,
esses stios foram contemporneos. As datas obtidas com esses stios no indicam nenhuma
relao aos Xokleng histricos.
Outra mancha foi indicada em Rio dos Bugres pelo Sr. Arventino Backes79: Eu sei
que antigamente os primeiros, dizia que ali era o lugar que eles tinham os ranchos, que eles
paravam ali, que eles faziam fogo e tudo. Falavam que era daquilo ali, tinha aquelas mancha
preta. Perto da mancha, encontrou h muito tempo atrs uma ponta de projtil, porm, a
acabou perdendo. Este stio arqueolgico possui formato elipside com aproximadamente
22 x 14 metros.
79
120
O ltimo stio mapeado foi encontrado na propriedade do Sr. Antnio Assing. Este
possui formato elipside com 22 x 14 metros (Figura 41 e 42).
80
121
4.3 DISCUSSO
Utilizamos dois tipos de fontes para a elaborao deste captulo: a escrita; e a oral. A
fonte escrita caracterizou-se principalmente por artigos e relatos produzidos no sculo XX,
por indivduos que se interessaram ou se preocuparam em registrar aspectos culturais e
sociais da sociedade Xokleng, alm do contato estabelecido entre eles e a sociedade
brasileira a partir da Lei de Terras de 1850. J na fonte oral, procuramos armazenar as
particularidades da histria do contato ocorrido na rea da pesquisa, como a reao dos
colonos perante o ndio e vice-versa. Procuramos tambm verificar se os moradores das
comunidades pesquisadas associam os stios arqueolgicos encontrados em suas
propriedades aos Xokleng; e se a metodologia da histria oral pode ser utilizada como
ferramenta para a identificao de stios arqueolgicos.
Como essas fontes possuem origens distintas, faremos algumas observaes que
consideramos fundamentais discusso. O contedo da fonte escrita e oral transmitido,
processado e interpretado por quem registra o fato ou por quem o guarda na memria.
Assim, nenhuma informao pode ser tratada como um dado bruto, pois ao ser escrita,
esta polida, aparada, retificada. Portanto, a histria que aqui escrevemos, foi produzida a
partir do olhar do outro, seja do relator ou do entrevistado.
Os relatos utilizados neste captulo foram produzidos num perodo em que em Santa
Catarina debatiam-se dois projetos relacionados aos Xokleng, a catequizao e o extermnio.
Enquanto um considerava que os Xokleng podiam ser includos na sociedade nacional
atravs de um longo processo de educao; o outro via como nica sada o extermnio da
etnia. Apesar das intenes serem diferentes, a ideologia dos brasileiros, influenciados pelo
pensamento positivista, era apenas uma, a de que os Xokleng eram inferiores, sendo,
portanto, identificados por vrios autores como selvagens ou primitivos.
Outro ponto a ser constatado so as divergncias de informaes trazidas pelos
autores. No h consenso quanto ao territrio ocupado pelos Xokleng em Santa Catarina.
Podemos inferir algumas consideraes referentes mobilidade desse grupo. 1) Possuam
uma alta mobilidade; essa hiptese defendida por alguns pesquisadores, apoiando-se na
teoria do movimento pendular, no inverno predominariam no interior, coletando pinho e no
vero se estabeleceriam no litoral, realizando seus rituais funerrios e pescando (LAVINA,
1994); 2) A migrao ao litoral teria ocorrido em funo da diminuio do seu territrio no
122
123
Alguns dados sobre a cultura material descrita por nossos entrevistados podem ser
associados aos identificados nas fontes escritas. A confeco de artefatos em taquara,
madeira e pedra foram evidenciadas por ambas as fontes. A cermica no foi descrita por
nenhum entrevistado.
As pontas de projtil em pedra so associadas aos Xokleng, porm, no porque os
indivduos que tiveram contato com os indgenas as relataram claramente, mas porque essas
pontas so encontradas nas propriedades de nossos entrevistados. Assim, para eles a nica
explicao para a ocorrncia de pontas e de manchas escuras no solo deve-se presena do
Xokleng neste espao. importante lembrar que em nenhuma das entrevistas foi ressaltada
a possibilidade desses vestgios arqueolgicos terem pertencido a outras populaes
indgenas.
A histria oral uma ferramenta que pode ser usada junto a outras metodologias
arqueolgicas para a identificao de vestgios materiais. Dos stios mapeados a partir das
entrevistas, 2 foram datados, e estes no corresponderam ao perodo de contato. Ento
podemos inferir que quando nossos entrevistados nos disseram que os Xokleng usavam
pontas de projtil em pedra, esta era uma concluso pessoal, baseada numa associao entre
os vestgios encontrados por eles e as histrias contadas pelos seus familiares.
Informaes quanto s estruturas das aldeias e acampamento so semelhantes s
descritas nos relatos.
Muitos entrevistados nos indicaram um livro intitulado como O Vale do Brao do
Norte escrito por Joo Leonir Dall Alba, publicado pelo autor em 1973. Em um dos
captulos, essa obra narrou o contato trgico ocorrido entre ndios e colonos na rea de
pesquisa. Ao contrapormos os dados citados nas entrevistas com os elementos contidos no
livro de Dall Alba (1973) percebemos muitas semelhanas. Por isso, podemos deduzir que
essas pessoas leram ou ouviram as histrias contidas neste livro.
importante pensar nessas fontes, no como verdades absolutas, mas como meios de
responder aos questionamentos feitos a elas. Por isso, a utilizao de outras cincias se faz
necessria na medida em que podem nos ajudar a construir no modelos inabalveis ou
intocveis, mas que nos auxiliem a livrar-nos de olhares viciados, proporcionando ao objeto
de pesquisa uma abordagem mais cientfica.
O quinto captulo descrever e comparar o modelo Xokleng proposto por Farias
(2005) com os dados arqueolgicos. Esta comparao ser realizada atravs de uma tabela
124
com as duas informaes. Em seguida faremos uma discusso e depois, levantaremos duas
hipteses com o propsito de dar continuidade s pesquisas na encosta de Santa Catarina.
125
As questes que compem este captulo circulam entre a Pr-histria e a Histria dos
povos indgenas que habitaram a encosta sul de Santa Catarina.
De modo geral, a Pr-histria foi caracterizada por stios arqueolgicos do tipo
manchas no solo e objetos lticos; e a Histria, pelos ndios Xokleng, grupo que ocupava a
regio no perodo de expanso da sociedade brasileira. Apesar da intensificao das
pesquisas no interior do Estado, muito pouco se conhece sobre esses dois objetos de estudo.
Por isso, nosso maior objetivo est em comparar, o modelo etnohistrico e etnogrfico
Xokleng elaborado por Farias (2005) com os stios arqueolgicos encontrados nesta regio.
Prous (1992) ressalta que a comparao etnogrfica deve servir para abrir a mente
dos pesquisadores, no para fornecer receitas interpretativas. Desta forma, o arquelogo
no pode pretender pensar como os homens que deixaram os vestgios (...), mas pelo menos
deve ser capaz de entender que haja sistemas de pensamentos distintos, (...), e aplicados a
condies de vida que mal conseguimos imaginar (PROUS, 1992, p. 52).
Inicialmente, apresentaremos o modelo Xokleng; em seguida mostraremos os dados
arqueolgicos, de maneira sinttica, j que os apresentamos em captulos anteriores. E, por
fim, realizaremos uma discusso, a partir de um quadro de comparao entre os dados
Xokleng (FARIAS, 2005) e os arqueolgicos.
126
O territrio ocupado pelos Xokleng representado por uma regio que possui vrias
zonas de ectono81 com uma diversidade florstica e faunstica intensa.
Farias (2005) considerou que a rea seria ocupada por grupos que percorriam a
regio em busca, no apenas, de alimentos, provenientes de caa e coleta, mas tambm de
espaos rituais e socialmente relevantes, como rios, cachoeiras, corredeiras e montanhas.
Esse ambiente possibilitaria, com poucas horas de caminhada, o acesso a recursos
diversificados por pequenos grupos que se deslocavam para coletar e caar, retornando ao
local do assentamento principal em algumas horas ou dias82.
As trilhas abertas por quase toda a mata indicariam que os diversos grupos da regio
mantinham algum tipo de contato. Alm disso, seriam, tambm, espaos de manejo de
espcies vegetais, imprescindveis para a alimentao e cura. As trilhas poderiam tambm
definir territrios (FARIAS, 2005) (Figura 43).
81
Ectono a transio entre duas ou mais reas e ecossistemas diferentes (ODUM, 1977).
Para melhor compreenso dessa movimentao, a pesquisadora utilizou a teoria da forragem tima
proposta por Bettinger (1991). Ele afirma que as decises humanas so feitas para maximizar a taxa
lquida de ganho de energia. Os grupos escolhem a dieta (amplitude diettica natural ou forada), o
local da forragem (escolha do trecho), o tempo de forragem, o tamanho do grupo de forragem e o
local de assentamento. Bettinger (1991) prope o Modelo de Amplitude Diettica em que esclarece
que os alimentos disponveis no possuem abundncia infinita e, por isso, todos os recursos devem
ser buscados antes de sua explorao. Isto significa que a taxa momentnea de retorno de energia
deve incluir tempo gasto (e talvez energia) buscando itens para explorar. Isto requer que avaliemos a
seleo de recursos, porque o que mais preferiramos explorar, nem sempre compensador, pois sua
taxa de retorno em energia, uma vez encontrada, maior e pode ser to raramente encontrado que
busc-lo exclusivamente resultaria numa taxa de retorno muito baixa (FARIAS 2005, p. 120-121).
82
127
Figura 43 - Planta geral do modelo de padro de assentamento proposto por Farias para os Xokleng da
encosta catarinense
Fonte: Farias (2005).
A autora do modelo sugeriu tambm que grupos menores poderiam se deslocar para
o planalto em busca do pinho. Esses pequenos grupos retornariam ao acampamento com os
cestos cargueiros cheios do alimento. Esses ltimos podiam ser preparados, armazenados,
divididos ou consumidos (FARIAS, 2005).
A caa foi entendida como forte motivadora para os deslocamentos. No entanto, o
ambiente ocupado pelos Xokleng proporcionava certa estabilidade de alimentos, no
havendo, portanto, nenhuma necessidade de armazenar ou salvar recursos, alm daqueles
necessrios para o consumo imediato (FARIAS, 2005).
Farias (2005) apontou dois tipos de habitao: uma grande e resistente que reuniria
um nmero maior de pessoas; e outra menor, utilizada para pernoites de pequenos grupos
que se deslocavam no territrio para caar, coletar, ou simplesmente visitar parentes
(FARIAS, 2005).
128
As trilhas davam acesso a locais distantes, onde haveria cabanas pequenas e menos
elaboradas, utilizadas para abrigar entre 5 e 20 indivduos. Deslocar-se-iam por curto
perodo para caar ou coletar alimentos em reas mais distantes do acampamento maior.
Nesses abrigos as fogueiras estavam na frente, do lado de fora (FARIAS, 2005) (Figura 45).
.
129
Quanto aos rituais, um dos mais importantes era a festa de perfurao dos lbios.
Farias (2005) afirmou que essa festa atraa pessoas de vrios lugares e, por isso, se
necessitavam cabanas amplas e reforadas. A mata em volta era aberta para as
comemoraes e danas. Vrios artefatos eram confeccionados, como os cochos para a
preparao da bebida, os fornos subterrneos e os moquns. A cermica parece ter
desempenhado importante papel, j que era produzida em quantidade (FARIAS, 2005)
(Figura 46).
130
Outro elemento ritualstico que se destacava entre os Xokleng era a cremao dos
mortos (FARIAS, 2005) (Figura 47).
131
132
83
Desses 12 stios, 1 foi encontrado no municpio de Santa Rosa de Lima. Os detalhes desse
mapeamento esto no captulo 4.
84
Os stios SC-RF-01 e o SC-RF-11 foram datados pelo projeto AMA.
133
5.3 DISCUSSO
134
2000, 2003), Silva (1999, 2000), Scheibe (1996) e Silva e Noelli (1996) (apud FARIAS,
2005: 88).
Constatamos que essas fontes possuem um extenso perodo de abrangncia, j que a
autora no delimitou temporalmente sua pesquisa em termos documentais. Por isso,
devemos nos certificar, atentamente, quanto variao de informaes obtidas atravs dos
documentos e pela forma como foram interpretadas e utilizadas para a elaborao do modelo
Xokleng. Atentamos para isso, porque, nem sempre, os autores descreveram aquilo que
presenciaram. Muitas vezes, relataram apenas o que lhes foi dito. E, tambm, porque as
impresses desses autores so aleatrias, observaram ou relataram observaes de vrios
grupos Xokleng. Isto pde ser verificado, principalmente, nos registros anteriores metade
do sculo XX. Assim, o modelo criado por Farias (2005) no, necessariamente, representa o
sistema de assentamento dos Xokleng no perodo histrico.
Com o intuito de que as informaes do modelo Xokleng e dos vestgios
arqueolgicos, encontrados na rea de pesquisa desta dissertao, tornem-se mais
consistentes, resolvemos apresenta-los em forma de tabela para facilitar a comparao,
quando possvel, desses dados (Tabela 12).
Localizao
geogrfica
Encosta catarinense.
Vegetao
B) AMBIENTE
continua
135
continuao
rea de implantao
Proximidade de gua
potvel e altitude
mdia, em metros.
MODELO ETNOHISTRICO
E ETNOGRFICO
XOKLENG (FARIAS, 2005)
Meia-encosta,
nas
vertentes
suaves, prximas s nascentes e
aos banhados.
VESTGIOS
ARQUEOLGICOS
Meia-encosta, nas vertentes
suaves,
prximas
s
nascentes e aos banhados.
Os stios arqueolgicos
identificados na rea da
pesquisa esto classificados
em: a) Lticos: Material
ltico tpico da Tradio
Tecnolgica Umbu (lascas,
artefatos unifaciais, bifaciais
e pontas de projtil); b)
Lticos
com
mancha
escura
no
solo:
Representam stios lticos
ligados Tradio Umbu e,
por estarem em superfcie,
associam-se a restos de
estruturas de colorao
escura no solo. Estas
manchas possuem formato
circular ou oval e suas
medidas variam em torno de
4 a 15 metros de
comprimento; c) Manchas:
Caracterizam-se
pela
presena
de
estruturas
(combusto,
fundo
de
cabana
e
outras)
superficiais. Junto a essas
no encontrado nenhum
outro vestgio arqueolgico
aparente.
As distancias entre um stio
e outro, varia entre 50 e 200
metros.
J
o
pacote
estratigrfico no ultrapassa
30
ou
40
cm
de
profundidade.
C) PADRO DE
ASSENTAMENTO
Aldeia e abrigo
continua
136
continuao
MODELO ETNOHISTRICO
E ETNOGRFICO
XOKLENG (FARIAS, 2005)
a) A festa de perfurao dos
lbios;
b) Cremao dos mortos;
Espaos de Rituais
VESTGIOS
ARQUEOLGICOS
No h vestgios
identificados.
Trilhas
No h vestgios
identificados.
Fornos subterrneos
Caracterizados
como
covas
circulares, com o fundo e as
laterais forrados com seixos at a
borda da cova.
No h vestgios
identificados.
Moqum
No h vestgios
identificados.
No h vestgios
identificados.
Madeira
No h vestgios
identificados.
Cermica
No h vestgios
identificados.
Cestaria
No h vestgios
identificados.
Artefatos em pedra
Paliadas
proteo
de
Fogueiras
D) ARTEFATOS EM:
137
continuao
Folha de palmito
MODELO ETNOHISTRICO
E ETNOGRFICO
XOKLENG (FARIAS, 2005)
Travesseiros e esteiras.
Ferro
VESTGIOS
ARQUEOLGICOS
No h vestgios
identificados.
No h vestgios
identificados.
E) SUBSISTNCIA
Caa
No h vestgios
identificados.
Coleta
No h vestgios
identificados.
Pesca
Sem especificao.
No h vestgios
identificados.
Cultivo
No h vestgios
identificados.
138
85
No Posto Indgena Duque de Caxias85, em Ibirama SC, no incio do sculo XX, os Xokleng eram
levados para este local onde deviam ser pacificados. L aprendiam a se comportar como
civilizados;
139
confeccionavam em quantidade to irrisria que sua presena no pde ser detectada. Deste
modo, esta informao no corrobora com o modelo de Farias (2005) quando afirma que os
Xokleng intensificavam a produo de cermica nos rituais de passagem.
A cestaria e o ferro tambm no fazem parte de nossas informaes arqueolgicas.
Acreditamos que a decomposio natural da cestaria impossibilitou a sua percepo nos
stios. A preservao desses objetos se daria apenas em locais com pouca umidade e com
solos de pH alcalino. Ressaltamos que os documentos histricos e as prprias entrevistas
realizadas com os moradores das comunidades pesquisadas nos revelaram que os Xokleng
histricos tanto confeccionavam como utilizavam esses objetos. Os raros objetos de ferro
dificilmente seriam abandonados nos stios e, se isto acontecesse, os proprietrios, ao
lavrarem a terra, certamente os teriam recolhido. No possumos evidncias concretas
quanto freqncia com que os Xokleng teriam usado o ferro para a confeco de armas e
artefatos. Porm, o dado desta utilizao demonstra que eles apresentavam alto poder de
adaptao, visto que o ferro no era conhecido por essa populao antes do contato com os
colonizadores.
Como j ressaltamos em captulos anteriores, os objetos lticos encontrados
correspondem tecnologia Umbu, que descrita pela arqueologia como uma tcnica de
grupos caadores-coletores antigos. No entanto, nada impede os Xokleng histricos de
terem aprendido e confeccionado pontas de flechas em pedra, j que segundo documentos
histricos, produziam pontas em ferro.
Verificamos que a ponta de projtil o artefato que mais se destaca
arqueologicamente, mas no aparece no modelo Xokleng. Como no h uma ligao
material consistente entre Xokleng histricos e povos que viveram entre 1180 e 700 A.P., o
que podemos sugerir que, durante a ocupao representada pelos pacotes estratigrficos
(manchas escuras) de at 40 cm de profundidade, os lticos da Tradio Umbu no
ocorreram na base dos stios, apenas superficialmente.
As fogueiras so comuns tanto em nossas informaes quanto em Farias (2005), no
entanto, no temos como verificar se essas estruturas foram construdas dentro ou fora das
moradias, pois no as escavamos. Arqueologicamente, esses vestgios possuem quase
sempre o mesmo tamanho, nem sempre possuem objetos lticos lascados em superfcie e,
quase sempre, esto acompanhados de seixos queimados em profundidade.
Comparando todos os dados coletados por essa pesquisa: entrevistas, mapeamentos
de stios arqueolgicos, levantamento bibliogrfico e documental, com os dados
140
86
141
a) Hiptese 1
142
A associao proposta no deve ser vista como exceo. No vale do rio Itaja do
Oeste, SCHMITZ et al. (2009) encontraram a associao da tradio Umbu com casas
subterrneas e tmulos de terra. No litoral central e setentrional de Santa Catarina,
conhecida tambm, a ligao de grupos J com populaes sambaquianas (SILVA et al,
1990; SCHMITZ et al., 1993; NEVES, 1988).
primeira vista esta parece ser a hiptese mais plausvel, mesmo que, ainda, faltem
muitos dados para comprov-la. Elucidaremos a seguir, a segunda hiptese:
b) Hiptese 2
143
material muito semelhante observada nos stios arqueolgicos, de nossa rea de pesquisa,
teriam iniciado um processo de filtrao para o sul de Santa Catarina em busca de territrios
mais seguros, ocupando espaos ainda no colonizados.
O deslocamento no sentido oeste teria implicado num grande esforo de adaptao
ao novo ambiente, visto que a formao florestal e a dinmica ecolgica eram diferentes das
encontradas na encosta. Alm disso, a regio oeste j estava ocupada h, pelo menos, 2.600
anos (SCHMITZ et al., 2010). Por isso, teriam optado por acompanhar a formao
Ombrfila Densa no sentido sul. Assim, quando, por volta de 1877, se iniciou a colonizao
da encosta sul por imigrantes europeus, os Xokleng histricos, fugidos do Vale do Rio Itaja,
j estavam nesta regio e os elementos de sua cultura material, alterados pelo processo de
fuga, diferenciaram-se dos stios arqueolgicos locais, produzidos mil anos antes
conforme fora exposto na hiptese 1.
O contato com os imigrantes e o mortal conflito subseqente, teria alterado aspectos
importantes da sua cultura, fazendo com que, agora, se assemelhassem a uma nova cultura,
quando, na verdade, foi resultado de uma mesma populao em momentos histricos
diferentes. Esta seria uma descontinuidade cultural da mesma populao, os stios
arqueolgicos da primeira ocupao e os Xokleng presente no norte do estado, antes do
processo colonizador, seria o resultado da associao proposta na hiptese anterior.
Se no aceitarmos a primeira hiptese, teramos duas populaes e duas culturas
diferentes: uma primeira, de caadores sem identificao tnica, nascida na Mata Atlntica e
ligada tradio Umbu; uma segunda, de caadores da macro-etnia J, empurrada da
encosta norte pelo processo de colonizao europia.
Esta segunda hiptese avana pouco sobre o que conhecamos antes da pesquisa que
se vem desdobrando na encosta de Santa Catarina.
Com a problemtica delineada, ilustrando o caminho, uma e outra hiptese exigem
que as investigaes continuem. Se os questionamentos realizados nessa dissertao foram
proveitosos para isso, nosso trabalho ser recompensado.
144
6 CONCLUSO
Dados arqueolgicos
145
Este estudo tambm foi importante porque mostrou uma variao de stios no
ocorrentes na rea da pesquisa. Assim, a ocupao da regio adjacente rea da pesquisa
no se deu de forma to espordica e homognea. Pelo contrrio, essas informaes
evidenciaram uma heterogeneidade de stios e de populaes (caador-coletor, J e
Guarani). No caso de Rio Fortuna predominaram stios com apenas ltico; ltico com mancha
escura no solo; e apenas mancha. Dois stios estudados por Farias (2009) apresentaram as
seguintes caractersticas: o SC-RFT-01 datado em 1180 a 970 A.P., est implantado em
mdia vertente, prximo a 250 metros do Rio Faco. Sua coleo ltica, composta por 1524
peas, apresentou grande quantidade de lasca bipolar. Dentre os artefatos bifaciais, as pontas
de projtil se destacaram. De todo material analisado, 90% foram confeccionados em
quartzo. J o SC-RFT-11 apresentou a data de 920 a 730 A.P., tambm est em mdia
vertente e distante 593 metros do Rio Faco. Seu material ltico parece ser grosseiro e
associado s estruturas de combusto. Esses dados confirmaram a presena de caadorescoletores na regio entre 1180 a 730 A.P. Tratou-se de populao numerosa, cuja cultura
material define-se pelas pontas de projtil.
Quanto aos Xokleng, a documentao histrica trouxe uma srie de informaes e
tambm de contradies. A cultura material desse grupo foi marcada por artefatos
confeccionados em taquara, madeira, pedra e argila. No entanto, no houve consenso nas
descries quanto a produo cermica, nem quanto produo de pontas de projtil.
Alguns autores tambm negaram a prtica da tecelagem, enquanto que outros, afirmaram-na.
Alm da utilizao dessas matrias-primas, o contato com o europeu, levou os Xokleng a
produzir pontas em ferro, que passaram a ser utilizadas, principalmente nos embates com o
colonizador. Esta informao demonstra a alta capacidade de adaptao desse grupo
indgena frente matria-prima, nunca antes utilizada.
O nomadismo foi descrito como outra caracterstica desse grupo, assim como a caa
e a coleta. Munidos de uma srie de tcnicas e estratgias, o grupo capturava animais de
pequeno e mdio porte, mel de abelha, pinho, palmito e at mesmo larvas.
As habitaes foram descritas como sendo simples abrigos em forma de meia-gua.
Algumas casas chegavam a medir 20 m de comprimento e possuam formato quadrado ou
retangular. Rituais tambm foram assinalados, principalmente os de passagem (perfurao
dos lbios nos meninos e incises nas pernas das meninas) e o funerrio.
O contato entre culturas diferentes, de ndios Xokleng com imigrantes alemes
ocasionou uma srie de conflitos. Para solucion-los, muitas vezes, os imigrantes recorreram
146
147
aldeias centrais e abrigos dispersos, como indicado no modelo. Outro elemento que no
corresponde realidade arqueolgica o formato das casas Xokleng. O modelo traz
estruturas retangulares, enquanto que os vestgios arqueolgicos evidenciam estruturas
circulares ou elipsoidais. Vestgios de alimentos no foram recuperados, nem mesmo
espaos de rituais, trilhas, fornos subterrneos, moqum, paliadas de proteo, porm, nada
impede que tenham subsistido. A cermica, a cestaria e o ferro tambm no fizeram parte de
nossas informaes arqueolgicas. A ponta de projtil ligada a Tradio Tecnolgica Umbu
o artefato que mais se destaca arqueologicamente, mas no aparece no modelo Xokleng.
A comparao dos dados coletados por essa pesquisa, atravs de entrevistas,
mapeamento de stios arqueolgicos, levantamento bibliogrfico e documental com os dados
apresentados pelo modelo Xokleng, comprovou que o modelo no totalmente compatvel
com a realidade arqueolgica.
Portanto, possumos dados e datas arqueologicamente consistentes para o final do
primeiro e incio do segundo milnio, de uma populao desconhecida de caadores. E os
documentos comprovaram a ocupao Xokleng na mesma rea em que a pesquisa
arqueolgica no identificou nenhum stio tpico deste grupo. Com intuito de contribuir com
as futuras pesquisas, elaboramos duas hipteses para a situao levantada.
A primeira hiptese props uma associao entre antigos caadores-coletores e
Xokleng. Consideramos dois dados: a coincidncia de ambos os grupos ocuparem o mesmo
espao; e a falta de indicadores de que grupos caadores-coletores tenham migrado
integralmente para outro lugar ou, at mesmo, se extinguido.
Alm destes dados, a literatura arqueolgica e histrica indica que os Xokleng
apresentavam caractersticas marcantes no que tange as relaes polticas e sociais. Segundo
Schmitz et al. (2009, p.187), pequenos grupos, que se apropriariam de forma variada do
ambiente, no recusando contatos e mesmo associao com populaes pr-existentes ou
supervenientes.
148
149
REFERNCIAS
ALBERTONI, Verena. Ouvir contar: textos em histria oral. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
150
BROCHADO, Jos Proena, CALDERN, Valentin, CHMYZ, Igor, DIAS, Ondemar F.,
EVANS, Clifford, MARANCA, Slvia, MEGGERS, Betty J., MILLER, Eurico T.,
NSSER, Nssaro, PEROTA, Celso, PIAZZA, Walter, RAUTH, Jos W., SIMES, Mrio.
Arqueologia brasileira em 1968. Um relatrio preliminar sobre o Programa Nacional de
Pesquisas Arqueolgicas. Publicaes avulsas do Museu Paraense Emlio Goeldi, n. 12.
Belm: MPEG, 1968. p. 36.
DALL ALBA, Joo Leonir. O Vale do Brao do Norte. Orleans: Edio do autor, 1973.
DALL ALBA, Joo Leonir. So Ludgero para o mundo: memrias do Pe. Jos Pereira
Kunz. Orleans: FEBAVE, 2005.
DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. Histria Oral: memria, tempo, identidades. Belo
Horizonte: Autntica, 2006.
151
COP, Slvia Moehlecke, SALDANHA, Joo Darcy de Moura, CABRAL, Mariana Petry.
Contribuies para a pr-histria do planalto: Estudo de variabilidade de stios
arqueolgicos de Pinhal da Serra. Pesquisas, Antropologia, n. 58. So Leopoldo: IAP
UNISINOS: 2002. p. 121 138.
ENTRES, Alberto. Os ndios botocudos no rio Plate. Guia do Estado de Santa Catarina.
Chronographia e indicador. Florianpolis: Livraria Central de Alberto Entres, 1927.
FARIAS, Deisi Scunderlick Eloy de; CLAUDINO, Daniela da Costa. Anlise tecnotipolgica do material ltico dos stios SRL 1; SRL 2 e SRL 3. Relatrio Final.
UNESC/UNISUL. Tubaro: 2009.
152
HENRY, Jules. Jungle people: a Kainkang tribe of the highlands of Brazil. New York:
Vintage Books, 1941.
153
KEMPF, Valter G. Notas sobre um grupo Xokleng em Santa Catarina. In: Revista do
Arquivo Municipal. So Paulo, n. 62, p. 25-34, 1947.
______. Indgenas de Santa Catarina: histria de povos invisveis. In: BRANCHER, Ana
(Org.). Histria de Santa Catarina: estudos contemporneos. Florianpolis: Letras
Contemporneas, 2000.
______. Levantamento arqueolgico da rea de impacto direto da PCH Rio Chapu Rio
Fortuna - Santa Rosa de Lima. Relatrio final. UNESC, Universidade do Extremo Sul
Catarinense: Cricima, 2003.
154
NEVES, Walter Alves. Paleogentica dos grupos pr-histricos do litoral sul do Brasil (PR e
SC). 1984. Tese (Doutorado), Universidade de So Paulo, So Paulo, SP, 1984. In:
Pesquisas, Antropologia, n. 43. So Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 1988.
PAULA, Jos Maria de. Memria sobre os botocudos do Paran e Santa Catharina
organizada pelo servio de proteo aos selvcolas sob a inspeco do Dr. Jos Maria de
Paula. CONGRESSO INTERNACIONAL DE AMERICANISTAS, 20, 1922, Rio de
Janeiro. Anais. Rio de Janeiro, 1924. p. 117-137.
PERIN, Edenir Bagio. Anlise espacial dos stios lticos do alto curso do vale do rio
Tubaro municpios de Gro Par e Rio Fortuna-SC. Monografia (Graduao em
Geografia), Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubaro, SC, 2007.
155
PROUS, Andr. Arqueologia Brasileira. Ed. Universidade de Braslia, ISBN 85-230-03169. Distrito Federal, 1992.
______. Secretaria de Estado da Cincia e Tecnologia das Minas e Energia. Textos Bsicos
de Geologia e Recursos Minerais de Santa Catarina: Textos Explicativos do Mapa
Geolgico do Estado de Santa Catarina. Florianpolis: DNPM, 1987.
______. Secretaria de Estado da Cincia e Tecnologia das Minas e Energia. Cadastro dos
recursos minerais de Santa Catarina: mapas de depsitos minerais. Florianpolis:
DNPM, 1989.
156
SANTOS, Silvio Coelho dos. ndios e Brancos no Sul do Brasil a dramtica experincia
dos Xokleng. Florianpolis: Edeme, 1973.
______. Os ndios Xokleng: memria visual. Florianpolis: UFSC, Itaja: UNIVALI, 1997.
SCHADEN, Egon. Einiges ber die schoklen von Santa Catarina - Alguma coisa a
respeito dos Xokleng de Santa Catarina Traduo Jahrgang Hef 2 u 3. So Paulo:
Pindorama, 1937. p. 24-28. Traduo de: Zeitschrift fr Frderung der Brasilkunde.
______. As casas subterrneas: nas terras altas do sul do Brasil. In: Pesquisas,
Antropologia, n. 58. So Leopoldo, RS, 2002.
SCHMITZ, Pedro Igncio; ARNT, Flvio Vincius; BEBER, Marcos Vinicius; ROSA,
Andr Osrio; ROGGE, Jairo Henrique. Tai, no vale do rio Itaja: o encontro de antigos
caadores com as casas subterrneas. In: Pesquisas, Antropologia, n. 67. So Leopoldo:
Instituto Anchietano de Pesquisas, 2009.
157
SILVA, Roberto Irineu da. Histrias do contato entre imigrantes e ndios Xokleng em
Santa Catarina. Entrevista concedida a Daniela da Costa Claudino em 07 julho 2009.
Disponvel em: apndice 01 desta dissertao. 2009.
SILVA, Srgio Batista da; SCHMITZ, Pedro Igncio; ROGGE, Jairo Henrique; DE MASI,
Marco Aurlio Nadal; JACOBUS, Andr Luiz. Escavaes arqueolgicas do Pe. Joo Rohr,
S. J. - O stio arqueolgico da praia da tapera: um assentamento Itarar e Tupiguarani. In:
Pesquisas, Antropologia. n. 45. So Leopoldo, RS, 1990.
TENFEN, Roberto Joo. Rio Fortuna: nossa terra, nossa gente. Florianpolis: Ed. do autor,
1997.
URBAN, Greg. A histria da cultura brasileira segundo as lnguas nativas. In: CUNHA,
Manuela Carneiro (Org.). A Histria dos ndios no Brasil. So Paulo: Companhia das
letras: Secretria Municipal de Cultura: Fapesp, 1992. p. 87-102.
158
159
160
161
162
163
164
165
166
167
168
169
170
171
172
173
174
175
176
177
178
179
Famlia
Espcie
Famlia
Espcie
Didelphidae
Phyllostomidae
(Morcegos)
Micronycteris minuta
Micronycteris megalotis megalotis
Micronycteris sylvestris ?
Macrophyllum macrophyllum
Mimon bennettii bennettii
Phyllostomus discolor discolor
Phyllostomus hastatus hastatus
Chrotopterus auritus australis
Glossophaga soricina soricina
Anoura caudifera caudifera
Anoura geoffroyi geoffroyi
Lonchophylla mordax
Carollia perspicillata
perspicillata
Sturnira lilium lilium
Sturnira tildae
Uroderma bilobatum bilobatum
Vampyressa pusilla pusilla
Chiroderma doriae
Artibeus lituratus
Artibeus fimbriatus
Artibeus obscurus
Artibeus jamaicensis
Pygoderma bilabiatum
Desmodus rotundus rotundus
Desmodus youngii youngii
Diphylla ecaudata ecaudata
Phylloderma stenops
Tonatia bidens
Tonatia silvicola silvicola
Uroderma bilobatum bilobatum
Vampyrops lineatus
Lonchorrhina aurita
Trachops cirrhosus cirrhosus
Noctilionidae
Noctilio albiventris(Morcego)
Noctilio leporinus rufipes(Morcego)
Emballonuridae
(Morcegos)
Saccopteryx leptura
Saccopteryx bilineata
Peropteryx kappleri
Peropteryx macrotis
Thyropterida
e
Thyroptera tricolor
juquiaensis(Morcego)
Molossidae
(Morcegos)
Vespertilionid
Myotis albescens(Morcego)
Suidae
Tayassu tajacu(Cateto)
180
ae
Tayassu pecari(Porco-do-mato)
Natalidae
Natalus stramineus
natalensis(Morcego)
Furipteridae
Furipterus horrens(Morcego)
Myrmecopha
gidae
Myrmecophaga
tridactyla(Tamandu-bandeira)
Tamandua tetradactyla
tetradactyla(Tamandu-mirin)
Bradypodidae
Bradypus variegatus
brasiliensis(Morcego)
Dasypodidae
Cebidae
Callithrix penicillata(Sagui)
Callithrix aurita(Sagui)
Cebus apella nigritus(Macacoprego)
Cebus apella vellerosus(Macacoprego)
Leontopithecus
chrysopygus(Mico-leo)
Leontopithecus caissara(Micoleo)
Atelidae
Canidae
Procyonidae
Mustelidae
Lycalopex vetulus(Raposa-docampo)
Cerdocyon thous
azarae(Cachorro-do-mato)
Speothos venaticus
venaticus(Cachorro-vinagre)
Eira barbara Barbara(Irra)
Galictis vittata vittata(Furo)
Conepatus chinga
suffocans(Zorrilho)
Conepatus semistriatus(Zorrilho)
Lontra longicaudis(Lontra)
Pteronura brasiliensis
Felidae
Echimyidae
Proechimys iheringi(Rato)
Euryzygomatomys spinosus(Rato)
Nelomys blainvillei(Rato)
Nelomys nigrispinus(Rato)
Kannabateomys amblyonyx(Rato)
Clyomys laticeps laticeps(Rato)
Clyomys bishopi(Rato)
Sciuridae
Guerlinguetus ingrami(Caxinguele)
Agoutidae
Agouti paca(Paca)
181
Muridae
Oligoryzomys flavescens(Rato)
Oligoryzomys nigripes(Rato)
Oligoryzomys eliurus(Rato)
Oryzomys capito(Rato)
Oryzomys ratticeps(Rato)
Oryzomys lamia(Rato)
Oryzomys subflavus(Rato)
Pseudoryzomys simplex(Rato)
Akodon cursor(Rato)
Akodon arviculoides(Rato)
Akodon nigrita(Rato)
Akodon serrensis(Rato)
Akodon reinhardti(Rato)
Bolomys lasiurus(Rato)
Blarynomys breviceps(Rato)
Oxymycterus hispidus(Rato)
Oxymycterus roberti(Rato)
Oxymycterus rutilans(Rato)
Oxymycterus quaestor(Rato)
Wiedomys pyrrhorhinos(Rato)
Calomys laucha tener(Rato)
Calomys callosus expulsus(Rato)
Holochilus brasiliensis(Rato)
Nectomys squamipes
squamipes(Rato)
Delomys dorsalis(Rato)
Delomys colinus(Rato)
Kunsia sp. (Rato)
Cervidae
Blastocerus dichotomus(Veadogalheiro)
Ozotocerus bezoarticus(Veadodo-campo)
Mazama americana(Veadomateiro)
Mazama bororo(Veado-bororo)
Mazama gouazoubira(Veadocatingueiro)
Caviidae
Cavia aperea(Pre)
Cavia fulgida(Pre)
Galea spixii(Pre)
Dasyproctidae(Cutia)
Dasyprocta azarae(Cutia)
Hydrochaeridae
Hydrochaeris
hydrochaeris(Capivara)
Erethizontida
e
Coendou prehensilis(Porco-espinho)
Sphiggurus villosus(Porco-espinho)
Sphiggurus spinosus(Porco-espinho)
Ctenomyidae
Ctenomys brasiliensis(Rato-dobanhado)
Leporidae
Sylvilagus brasiliensis(Tapiti)
Tapiridae
Tapirus terrestris(Anta)