MUCENIECKS Austrvegr e Gardariki Thesis PDF
MUCENIECKS Austrvegr e Gardariki Thesis PDF
MUCENIECKS Austrvegr e Gardariki Thesis PDF
Verso corrigida
So Paulo
2014
ANDR SZCZAWLINSKA MUCENIECKS
Verso corrigida
De acordo
So Paulo
2014
AGRADECIMENTOS
Aos familiares, tanto os perto quanto distante geograficamente, pelo suporte e apoio
constante e pela prioridade sempre dada minha formao e educao: meus pais Igors e Lcia,
minha irm Rebeca, meus avs Agafangiel (in memorian) e Marta.
Aos tutores e conselheiros, que, nesta fase de minha jornada pessoal assumiram papeis
no tanto mais diretivos, mas providenciaram, ao lado da liberdade intelectual e de ao
necessrios, os conselhos e exemplo de vida imprecindveis:
Prs. e Revs. Denis, Artur, Darcy, Maurcio, Andr Mira.
Aos amigos, colegas e alunos. Desses, alguns nunca entenderam exatamente o que
estudo, sempre se comprazendo em perguntar-me acerca de dinossauros, pterodctilos e a Era
do Gelo; a outros, agradeo as sugestes, crticas, descrenas e piadas que colaboraram para a
composio de um trabalho melhor e de uma autoimagem menor; outros foram de grande ajuda
em minha trajetria acadmica, oferecendo oportunidades e ajuda inestimvel. Alguns
enquadram-se em vrias dessas situaes. Diversos estimularam minha criatividade de vrias
formas; alguns ouviram pacientemente meus delrios; outros pagaram a lngua ao verem-se
constrangidos lerem e comentarem esta tese: Pedro, Paulinho, Renan, Daniel, Larissa, Samuel,
Evandro, Wellington, Otvio, Van, Lucas, Cecu, Fbio, Pablo.
Aos no mencionados, minha gratido pela compreenso de minhas falhas imensas, que
incluem a falta de memria.
Tambm fica claro que muitos aqui mencionados incorrem em mais de uma das categorias. Mas
deixemos de positivismo.
DEDICATRIA
Nesta tese analisamos as nuances que o conceito de leste assumiu nas fontes escritas da
Escandinvia e Islndia dos sculos XIII e XIV.
De incio, procedemos na observao de como a historiografia referente s interaes
entre povos da Escandinvia e do Nordeste Europeu produziu extenso debate de
implicaes polticas, conhecido como a Controvrsia Normanista. Neste captulo
salientamos tambm os impactos que o estudo do medievo teve nos tempos
contemporneos.
A seguir, efetuamos uma sntese baseada na interpretao da Cultura Material sobre os
movimentos escandinavos a leste no perodo viking, que forneceram material para os
prprios historiadores e autores na Escandinvia e Islndia dos sculos XIII e XIV.
At ento demonstramos que, a despeito da Controvrsia Normanista, h evidncia
convincente e suficiente para demonstrar que a presena escandinava no leste foi
deveras significativa.
Os captulos posteriores centralizam-se na anlise das fontes primrias. Dividimo-las
em fontes que apresentam material cartogrfico e geogrfico, obras de cunho
historiogrfico e sagas voltadas ao entretenimento; como seleo de obras
representativas de tais grandes grupos analisamos o Mappamundi islands Gks 1812,
4to, 5v-6r., o prlogo da Edda Menor, a Heimskringla, a Gesta Danorum e a rvar-Odds
Saga.
A anlise dessas fontes demonstrou que entre o sculo XIII e o XIV ocorreu na
produo escrita escandinava uma bifurcao entre o conhecimento produzido com
objetivos de instruo e aquele com intuitos de entretenimento.
O uso do leste na primeira vertente livresco, inserindo muito do saber acumulado do
Medievo Ocidental e ressignificando o leste segundo parmetros das terras bblicas e
dos autores clssicos.
Nas fontes de intuito de entretenimento o uso do leste tambm ressignificado, mas
desta feita de acordo com material mais ligado cultura e s narrativas populares,
empregando o leste na materializao de temas do fantstico e da mitologia.
ABSTRACT
In this thesis we analyze the nuances assumed by the concept of east in the primary
sources of Scandinavia and Iceland in the thirteenth and fourteenth centuries.
Initially, we proceeded in the observation of how the historiography related to Northern
and Eastern Europe have produced extensive debate of political implications, named the
Normanist Controversy. In this chapter we have stressed also the impacts that Medieval
Studies may assume in Contemporary milieu.
Hereafter we build a synthesis based on Material Culture - in the archaeological sense -
of the Scandinavian movements in East in the Viking Age, interactions that already had
provided inspiration for authors in XIII-XIVs. At this point we have showed
successfully that there is enough evidence to demonstrate the relevance of the
Scandinavian presence in medieval Eastern Europe.
The later chapters deal with the analysis of several kinds of primary sources. We have
gathered and organized it in geographical and cartographical works, writings of
historiographical nature and entertainment aimed sagas.
As a selection of representative works of such large groups we studied the Icelandic
Mappamundi of manuscript Gks 1812, 4to, 5v-6r, the Prologue of Edda Minor, the
Heimskringla, the Gesta Danorum and the rvar-Odds Saga
The analysis of these sources showed that between the thirteenth and the fourteenth
century a bifurcation occurred in Scandinavian written sources between the knowledge
produced for the purposes of instruction and the one with the goal of entertainment.
The use of the East in the first group is highly scholar, re-elaborating the East in the
light of accumulated knowledge of the Western Middle Ages, as well as redefining it
within parameters coherent with christian and classical authors.
The sources aimed to entertainment, however, employed the eastern areas in connection
with a different kind of knowledge. Folk narratives and popular lore gained prominence
in the reshaping of eastern region, transforming it in an auspicious place to the
materialization of the fantastic and the mythical.
MAPAS
Figura 01: Eurpedes em fevereiro de 1942 sua mquina de escrever ROYAL, redigindo e
finalizando a 1 tese de doutoramento em histria a ser defendida na Universidade de So Paulo,
82
Figura 02: Espada em estilo viking escavada em 1950 em Gniozdovo. Incio do X, 107
Figura 03: Den utnordiska runraden, 113
Figura 04: Den 16-typiga runradens tv varianter: Normalrunor, Kortkvistrunor, 113
Figura 05: U 439. Desenho de Johann Bureaus em 1595, 127
Figura 06: U 504 Ubby, Uppland, 128
Figura 07: U 792 Ulunda, 129
Figura 08: U 778 - Localizada no prtico da Igreja de Svinnegarn, 131
Figura 09: DR 216. Exposta no museu nacional dinamarqus, 132
Figura 10: S 319 - Localizada no solar de Stringe, para aonde foi movida. Oriunda de
Sannerby, 133
Figura 11: Mappamundi de Al Iakhr (977 a.D.), 153
Figura 12: O Mappamundi circular de al-Idrs. (1099-1165/66 a.D), 154
Figura 13: Mappamundi de Macrobius, 158
Figura 14: Mapa isidoriano em T-O, 160
Figura 15: Mapa do Mundo, de Beatus de Saint Sever, 162
Figura 16: O mapa da Vinland, 165
Figura 17: O Mappamundi islands do Gks 1812, 4to, 5v-6r., 167
Figura 18: Biarmia, na Carta Marina de Olaus Magnus (1539), 191
Figura 19: Van EEDEN, Stemma, 209
Figura 20: Stemma Gesta Danorum, 238
SIGLAS MANUSCRITOS E CDICES
Heimskringla
F Codex Frisianus - AM 45 fol
K Kringla Lbs fragm 82
HH Haralds saga Harra
OH lfs saga ins Helga
OT lafs saga Tryggvasonar
Edda Menor
R Codex Regius - GKS 2367 4to
T Codex Trajectinus - MSS 1374
U Codex Uppsaliensis - DG 11 4to
W Codex Wormianus - AM 242 fol
Gesta Danorum
A Fragmento de Angers - Ny kgl. Saml. 4to, 869 g.
a Edio de Paris, 1514
BD Frags. de Lassen (Ny kgl. Saml. Fol. 570.) + Kall-Rasmussen (Ny kgl. Saml. Fol.
570.)
b Codex de Caspar Barth (perdido)
C Fragmento de Laverentzen
c Colao de C
E Fragmento de Plesner - Ny kgl. Saml. Fol. 570.
F Chronicon Sialandiae
f Codex usado por F (perdido)
g Codex de Birger Gunnersen (perdido)
j Compendium Saxonis - Add. 49 2o
K Albert Kranz
k Codex usado por K (perdido)
O Peder Olsen
o Codex usado por Peder Olsen (perdido)
p Cpia de g usada para impresso de a (perdida)
s Edio e comentrio de Stephanius, de 1645
t Traduo de Christiern Pedersen (perdida)
v Traduo de A.S. Vedel, 1575
x Arqutipo medieval (perdido)
rvar-Odds Saga
OS rvar-Odds Saga
S rvar-Odds Saga, redao curta - Perg. 4tpo nr 7; 43v-57r:20
M rvar-Odds Saga, redao mdia - AM 344 a, 4to; 1r-24v
A rvar-Odds Saga, redao longa variante A - AM 343, 4 membr; 59v-81v
B rvar-Odds Saga, redao longa variante B - AM 471, 4 membr.; 61r-96v
E rvar-Odds Saga, redao longa variante E - AM 173, 4 membr.;
SUMRIO
INTRODUO, 15
CAPTULO 1: PRELIMINARES HISTORIOGRFICOS, 22
1.1 Pensando sobre a dualidade Mito X histria, 22
1.2 A historiografia pertinente, 26
1.3 A Rssia czarista, 27
1.3.1 Tatschev, 29
1.3.2 O alemes, 29
a) Gottlieb Siegfried Bayer (1694-1738), 29
b) Gerhard Friedrich Mller (1705-1783), 31
c) August Ludwig von Schlzer (1735-1809), 32
1.4 A controvrsia Normanista, 36
1.4.1 A posio normanista,38
I. A Etimologia, 41
II. As fontes, 42
a) Pviest vrimennikh liet, 42
b) Fontes bizantinas, 42
c) Fontes islmicas, 45
d) Fontes latinas, 46
1.4.2 A posio anti-normanista, 47
I. A questo da etimologia, 48
II. Os argumentos de ausncia, 49
III. Os enviados, 50
IV. Fontes islmicas, 50
V. Superioridade econmica, 50
1.4.3 Uma avaliao crtica das duas posies, 51
I. O problema das etimologias, 51
II. Interpretao arqueolgica e etnicidade, 52
1.4.4 Outras possibilidades interpretativas,55
1.4.5 O problema metodolgico, 56
1.4.6 O rei-estrangeiro, a Antropologia, a mitologia e o Hieros-gamos: sugestes e
possibilidades interpretativas adicionais, 58
1.5 O sculo XX: A arqueologia e a historiografia russas nos tempos soviticos, 63
1.5.1 O perodo revolucionrio (1917-1919) e os incios da URSS, 63
1.5.2 O perodo Stalinista, 66
1.5.3 Os tempos ps-Stalin: Kruchtchv (1953-1964) e os incios da escola de Klejn, 69
1.5.4 Da era Brjnev ao final da URSS (1964-1991), 70
1.5.5 A Rssia ps-sovitica, 73
1.6 Desenvolvimentos contemporneos: a era Putin-Medvedev, 76
1.6.1 A Comisso presidencial da Federao Russa para conter tentativas de Falsificao da
Histria em detrimento dos interesses da Rssia (15 de maio de 2009 a 14 de fevereiro de
2012), 75
1.6.2 A academia russa hoje, 78
1.7 Brasil: Eurpedes Simes de Paula, 79
1.8 A historiografia ocidental e da antiga Cortina de Ferro, 84
8. APNDICES, 311
Apndice I: Constantino Porfirognito, De administrando Imperio, 311
Apndice II: Tabela de transliterao do Russo empregada pelo DLO (Departamento de Letras
Orientais) da Universidade de So Paulo, 313
15
INTRODUO
1
PAULA, Eurpedes Simes de. O comrcio varegue e o gro-ducado de Kiev. So Paulo: Universidade
de So Paulo, 1942.
16
O foco de nosso trabalho , de muitas formas, mltiplo, por estranha que possa
parecer tal afirmativa ao leitor, que enxergar a temtica russoescandinava no medievo
como algo da mais notria especificidade. Nosso interesse primordial de pesquisa so as
vises e conceituaes desenvolvidas pelos eruditos escandinavos do medievo sobre o
leste austr, em antigo nrdico.
Por fim, falta ainda a ressalva sobre o emprego especfico que faremos dos
termos viking e varegue. Defendemos o emprego do termo viking em uma
acepo ocupacional, no tnica, de um indivduo que navega em expedies listadas
nas fontes escritas e monumentais como viking, fossem de saque ou comrcio.
21
Defendemos tal posio em artigo publicado em 20102 e, desde ento, a mesma ideia foi
proposta e defendida por Renan Birro e Tho Moosburguer.
2
MUCENIECKS, Andr S. Notas sobre o termo viking: usos, abusos, etnia e profisso. In: Revista
Alethia de Estudos sobre a Antigidade e Medievo, volume 2/2, ago/dez 2010.
3
MUSSET, Lucien. Les peuples scandinaves au Moyen ge. Presses universitaires de France: Paris,
1951. Musset discute o conceito de viking nas pginas 41s, e o de varegue, segundo a acepo citada,
na 53.
4
SAWYER, Birgit & SAWYER, Peter. Medieval Scandinavia: from Conversion to Reformation circa
800-1500. Minneapolis: Minnesota University Press, 2003 [1993], 53.
5
Destaque-se os influentes trabalhos de Thomas Noonan, em particular sua srie de artigos The Islamic
World, Russia and the Vikings, 750-900, seminais no campo da Numismtica; a obra de referncia de
Wladimir Duczko, Viking Rus: Studies on the Presence os Scandinavians in Eastern Europe, publicada
pela Brill em 2004, e o recente manual de Stefan Brink e Neil Price, The Viking World, publicado em
2008. O termo viking tem sido empregado tambm por autores de origen russa e que publicam em
russo como Tatjana Jackson, Elena Melnikova e Leo Klejn, bem como em congressos internacionais
podemos citar, por exemplo o Internacional medieval Congress em Leeds, UK, e as Saga Conferences.
22
6
BLOCH, Marc. Apologia da Histria: ou O ofcio do historiador. Edio anotada por tienne Bloch.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002 [1997]. P.62.
7
BARSTAD. History and the Hebrew Bible: Can a History of Israel Be Written? In: GRABBE, L. L.
Grabbe (ed.) Journal for the Study of the Old Testament Supplement Series 245. European Seminar in
Historical Methodology 1. Sheffield, 1997. p.40.
23
8
Destacamos: SILVA, Glaydson Jos da. O mundo antigo visto por lentes contemporneas: as extremas
direitas na Frana nas dcadas de 1980 e 90, ou da instrumentalidade da Antigidade. Histria (So
Paulo), v. 26, p. 79-99, 2007; e principalmente SILVA, Glaydson Jos da. Histria Antiga e usos do
passado: um estudo de apropriaes da Antiguidade sob o regime de Vichy (1940-1944). So Paulo:
Annablume; Fapesp, 2007, 222p.
9
Publicao original: GINZBURG, Carlo. Mitologia Germanica e Nazismo Su Un Vecchio Libro Di
Georges Dumzil : Miti emblemi spie. Morfologia e storia. Einaudi, 1986.
24
10
LANGER, J. The origins of the imaginary Viking 4, 2002. Centre for Baltic Studies/Gotland
University, Visby, Sweden: Viking Heritage Magazine, v. 04, n.04, p. 07-09, 2002. & ________. Les
Vikings, premiers europens. In: Temas medievales 14 14, 2006, Scielo Argentina; _________. A guerra
das imagens. In: Histria (UNESP). 26, 2007.
11
Discutiremos em separado as categorias de fontes primrias, nos captulos II e V.
25
12
DRISCOLL, Matthew. Late Prose Fiction (lygisgur). In: McTURK, Rory (ed.). A companion to Old-
Norse Icelandic Literature and Culture. Oxford: Blackwell Publishing, 2007. Pp.190ss
26
13
Que definiremos exausto muito em breve.
27
Dessa forma, como Zakharii14 argumenta, a elite do Imprio Russo, alienada das classes
subalternas, careceria de um elo nacionalista eslvico que a impedisse de favorecer a
ideia normanista.
14
ZAKHARII, Roman. The Historiography of Normanist and Anti-Normanist theories on the origin of
Rus: modern historiography and major sources on Varangian controversy and other Scandinavian
concepts of the origins of Rus. Master dissertation. Centre for Viking and Medieval Studies, The
University of Oslo, 2002. P.22
29
1.3.1 Tatschev
Dessa forma, Tatschev no foi apenas o primeiro historiador russo, mas tambm
o iniciador dos russo-escandinavos.
1.3.2 O alemes17
15
BELAIEW, N.T. Eymundar Saga and Icelandic Research in Russia. In: Saga Book II (1934), p.93.
16
BELAIEW, 94
17
Destaque seja dado o uso do termo alemo ou alemes est sendo efetuado em perodo prvio
unificao da Alemanha.
18
A maior parte das referncias sobre Bayer passvel de ser encontrada em bibliografias referentes sua
carreira enquanto sinlogo, dentre as quais se destaca: LUNDBK, Knud. T.S. Bayer (1694-1738):
Pioneer Sinologist. Scandinavian Institute of Asian Studies, Monograph Series No.54. Curzon Press:
London & Malm, 1986.
19
BELAIEW, 94.
30
peculiar que sua obra De Variagis (1735), de tamanha influncia nos estudos
russo-escandinavos, e de tamanha relevncia na criao da Controvrsia Normanista,
tenha sido fruto de parte consideravelmente marginal de seu trabalho.
20
LUNDBAEK, pp.182s.
21
The Bayer collection. In: <http://www.gla.ac.uk/services/specialcollections/collectionsa-
z/bayercollection/>
22
BOXER, C. R. Bulletin of the School of Oriental and African Studies, University of London. Vol. 51,
No. 2 (1988), p. 367.
31
Mller no conseguiu sequer terminar sua fala devido ao tumulto que ela gerou,
e a questo teve de ser levada ao conde Alieksiei Grigrievitch Razumvskii e prpria
imperatriz Isabel25, que criou um comit a fim de investigar se os escritos de Mller
eram danosos aos interesses do Imprio.
23
Informaes bibliogrficas, quando no-referenciadas, obtidas na Allgemeine deutche Biographie.
STIEDA, Ludwig Von. Mller, Gerhard Friedrich. In: Allgemeine Deutsche Biographie, herausgegeben
von der Historischen Kommission bei der Bayerischen Akademie der Wissenschaften, Band 22 (1885), S.
547553.
24
PRITSAK, Omeljan. The Origin of Rus. Volume I: Old Scandinavian Sources other than the Sagas.
Cambridge, Massachusetts; Harvard Ukrainian Research Institute: Harvard University Press, 1981. P.03s.
25
Ielizavieta Pietrvna, Imperatriz entre 1741 a 1762.
32
Schlzer foi conduzido por boa parte de sua vida em um interesse pelo Oriente e
pelas terras bblicas. Movido por necessidades materiais, financeiras e de patrocnio,
viajou para Sucia e Rssia, onde efetuou contribuies fundamentais para suas
historiografias. Contribuies, que, no obstante sua relevncia, no consistiam no
26
A maior parte das informaes bibliogrficas sobre Schlzer foram obtidas na Allgemeine Deutsche
Biographie e na Russland und die Gttingische seele 300 jahre St. Petersburg: Ausstellung in der
Paulinerkirche Gttingen unter der Schirmherrschaft von Bundesprsident Johannes Rau und dem
Prsidenten der Russischen Fderation Wladimir Putin, ambos disponveis em meios impressos e
digitais.
27
STAGL, Justin. Rationalism and Irrationalism in Early German Ethnology: The Controversy between
Schlzer and Herder, 17721773. In: Anthropos, 93. Viena: Anthropos Institut, 1998. P.524.
28
STAGL, Justin. P. 522.
33
objetivo primrio de sua vida acadmica, de forma muito semelhante ao que ocorrera
com a produo acadmica de Bayer.
Schltzer, ainda com seus objetivos de visita ao Oriente em vista, e por meio
novamente do prprio Michaelis e de Bshing, consegue um lugar enquanto assistente
literrio e tutor privado da famlia do j referido Gerhard Friedrich Mller, em So
29
STAGL, 525.
34
Petersburgo. Ali aprende rapidamente a lngua russa, bem como tem contato com as
fontes primrias para a histria da Rssia.
Registra-se que Schlzer manteria at o fim de sua vida grande apreo e crdito
dspota esclarecida da Rssia, patrocinadora das artes e do saber. O patrocnio
pretendido por Schlzer para sua viagem ao Oriente, entretanto, no era de interesse de
Catarina, ficando o projeto parado.
Sua atividade acadmica no gabinete da imperatriz teve mais sucesso, ainda que
relativamente tarde. Schlzer efetuou trabalho crtico e de campo na Histria antiga da
Rssia, em particular com a crtica dos textos e manuscritos aprendida em Gttingen
Pviest vrimennikh liet, escrita em eslavnico antigo, do qual publicou uma edio
30
Iekatierina II Vielikaia, viveu de 1729 a 1796, governando a Rssia de 1762 at sua morte.
35
crtica entre 1802 e 1809 a primeira aplicao do mtodo crtico germnico a um texto
do medievo31. Tal trabalho, entretanto, no satisfazia aos maiores planos de Schlzer,
que abandona a Rssia em definitivo em 1767, aps perodos tambm de conturbaes e
rumores junto aos seus rivais na Academia.
Em 1771 Schlzer publicaria Uma histria geral dos povos do Norte, nmero
31 da coleo Histria geral do mundo. Em 1785 publicaria, ainda parte dessa mesma
coleo, sob o nmero 50, Geschichte Lithauens35.
31
STAGL, 526.
32
Amostra dos anais russos.
33
Histria da Rssia at a edificao de Moscou no ano de 1147.
34
Askold e Dir: primeira amostra dos anais russos.
35
Histria dos lituanos.
36
Histria nrdica.
36
37
STAGL, 526.
38
Informaes bibliogrficas e narrativas baseadas em PRITSAK e BELAIEW, listados nas referncias.
37
39
A guerra russo-sueca de 1741-1743, aps a qual o Imprio Russo incorporou a Finlndia, e a Sucia
iniciou seu declnio enquanto potncia.
40
ZAKHARII, p.18.
41
, . . 22, 1947, .
42
As acepes de estado defendidas por tal posio frequentemente enquadram-se em conceitos
marxistas, considerando uma linha contnua e inexorvel da histria a levar ao Comunismo e
considerando, dessa forma, o perodo em questo como uma etapa em tal desenvolvimento.
43
No caso de autores com produo biogrfica ampla no ocidente, como Lebedev, Melnikova e Jackson,
empregamos aa formas dos nomes prprios pelos quais so citados internacionalmente.
39
adiante.
No Imprio Russo:
Na Escandinvia e Alemanha:
Russos emigrados:
Na Polnia e Ucrnia:
44
ZAKHARII, 18.
45
VERNADSKY. Ancient Russia. A History of Russia, Volume I. New Haven and London: Yale
University Press, 1964. 6ed [1943]. Pp.259; 261ss; 275ss.
46
VERNADSKY, 276.
47
VERNADSKY, pp. 278s.
41
I. A Etimologia
O primeiro estado russo, a Rus de Kiev (ou kievana) foi fundada por
estrangeiros escandinavos. Rus era o nome dado aos vikings de Leste, oriundos da
Sucia e conhecidos como varegues. A etimologia do nome Rus derivaria do fino-
grico Ruotsi, termo cujas derivaes so empregadas at os tempos contemporneos
entre populaes de fala fino-grica (como estonianos e finlandeses) ao referirem-se aos
suecos.
Esse termo, por sua vez, viria do germnico Rr, que significa remador,
em particular derivado da regio costeira de Uppland, denominada como Roslagen,
cujos habitantes chamariam-se, portanto, Rskarlar. Ekblom e Stender-Petersen
apresentam uma variante dessa etimologia, sugerindo que rus derivaria de r(er)s-
byggjar, algo como os habitantes de estreitos entre as ilhas48.
Devemos salientar que a grande maioria das estelas rnicas com citaes a
escandinavos viajando e morrendo em Gararki encontram-se no distrito sueco atual de
Uppland. Retornaremos a tal tpico em detalhe no captulo 2 desta tese.
48
STENDER-PETERSEN, Adolf. Zur Rus'-Frage. In: Varangica. Aarhus, 1953. p.82.
42
II. As fontes
b) Fontes bizantinas
49
SHERBOWITZ-WETZOR, Olgerd.P. Introduction. In: The Russian Primary Chronicle: Laurentian
Text. Translated and edited by Samuel Hazzard Cross and Olgerd P. Sherbowitz-Wetzor. Cambridge: The
Mediaeval Academy of America, 1953. P. 03.
50
SHERBOWITZ-WETZOR, 04.
51
(862)... , , ,
() . In: . Crnica dos anos antigos, Crnica
primria Russa ou Crnica nestoriana. Edio de Likhatchov, segundo o texto Laurentino; obtida em:
<http://www.old-russian.chat.ru/01povest.htm>. ltimo acesso em 28102014. Traduo para o ingls:
CROSS, Samuel Hazzard (trad.) & SHERBOWITZ-WETZOR, Olgerd. P (ed.). The Russian Primary
Chronicle: Laurentian Text. Translated and edited by Samuel Hazzard Cross and Olgerd P. Sherbowitz-
Wetzor. Cambridge: The Mediaeval Academy of America, 1953.
43
c) Fontes islmicas
52
Texto grego no apndice I.
53
The Rs [Rsya] live in an island in a lake () They have a ruler called khqn Rs. The Rs raid
the Saqliba, sailing in their ships until they come upon them. They take them captive and sell them in
Khazarn and Bulkr (Bulghr). They have no cultivated fields and they live by pillaging the land of the
Saqliba. When a son is born, the father throws a naked sword before him and says: I leave you no
inheritance. All you possess is what you can gain with this sword () They use Sulaymn swords (...)
. Ibn Rustah on the Rs. 903-913. In: IBN FADLAN. STONE & LUNDE (trads.). Ibn Fadln and the
Land of Darkness: Arab Travellers in the Far North. Penguin Books, 2012.
46
d) Fontes latinas
Nos Annales Bertiniani encontra-se um extrato que narra sobre dois enviados
dos Rhos, vindos do imperador bizantino Theofilos (813-842) ao imperador Luis, o Pio,
(778-840) em Ingelheim, cujo lder tinha o ttulo de chacanus latinizao de
khagan. Consta que (...) o imperador diligentemente investigou a causa de sua vinda,
e descobriu que estas pessoas eram suecos:
Misit etiam cum eis quosdam, qui se, id est gentem suam, Rhos
vocari dicebant, quos rex illorum chacanus vocabulo ad se amicitiae,
sicut asserebat, causa direxerat, petens per memoratam epistolam,
quatenus benignitate imperatoris redundi facultatem atque auxilium
per imperium suum toto habere possent, quoniam itinera, per quae ad
illum Constantinopolim venerant, inter barbaras et nimiae feritatis
gentes inmanissimas habuerant, quibus eos, ne forte periculum
inciderent, redire noluit. Quorum adventus causam imperator
diligentius investigans, comperit, eos gentis esse Sueonum57.
A Historia Ottonis, do bispo Liutprand (c.922-972), de Cremona, tambm traz
uma referncia aos Rus. Enviado do imperador germnico Otto I (912-973) ao
imperador bizantino Nikephoros II Phokas (c.912-969) entre 968-969, Liutprand cita o
seguinte:
54
Ibn Rustah on the Rs. 903-913. In: IBN FADLAN. STONE & LUNDE (trads.). Ibn Fadln and the
Land of Darkness: Arab Travellers in the Far North. Penguin Books, 2012. Nota 30.
55
LINDSAY, James E. Daily life in the medieval Islamic world. Greenwood Publishing Group, 2005.
p. 64
56
Consideramos possvel, entretanto, que a referncia se deva ao tipo de ao damasceno, comum no
mundo islmico do medievo, altamente valorizado pelos escandinavos, mas cuja tecnologia os europeus
no dominavam. Lingotes do material eram comercializados pelos persas; possvel que esta passagem
nos d uma pista importante sobre a fonte de material para as altamente valorizadas espadas uhfberth,
primeira opo do guerreiro viking, e cujas tcnicas de fabricao e fontes de matria-prima ainda
consistem em um problema no resolvido de todo na escandinavstica.
57
O imperador diligentemente investigou a causa de sua vinda, e descobriu que estas pessoas eram
suecos. Annales Bertiniani. Hannoverae. Impensis bibliopolii Hahniani, 1883. p.21. Obtido em:
http://www.archive.org/stream/annalesbertinian00wait#page/n3/mode/2up em 22 de fevereiro de 2012.
Avalivel tambm na Monumenta Germaniae Historiae. Scriptores rerum Germanicarum in usum
scholarum separatim editi.
47
58
... os russos, a quem ns chamamos de nordmanos. Liudprandi antapodosis. In: Monumenta
Germaniae Historiae. Scriptores rerum Germanicarum in usum scholarum separatim editi. Liber I. 10.
59
Liudprandi antapodosis. In: Monumenta Germaniae Historiae. Scriptores rerum Germanicarum in
usum scholarum separatim editi. Liber V. 15.
48
Pode-se dizer que seu incio deu-se com a reao de Mikhail Lomonssov
(1711-1765; Imprio Russo) fala supracitada de Mller. Dentre outros defensores
subsequentes da posio, podemos citar de incio Stepan Aleksandrovitch Gedeonov
(1815-1878, Imprio Russo), Nikolai Ivanovitch Kostomarov (1818-1885 - Imprio
Russo; origem mista russo-ucraniana), Dmitri Ivanovitch Ilovaiskii (1832-1920;
Imprio Russo) e V. Vasilevskii, que apresentaram teorias em contrrio origem
normanista as chamadas teorias Balto-Eslvica, Lituana e Gtica60.
I. A questo da etimologia
60
ZAKHARII, 20.
61
ZAKHARII, 21.
49
Esta ideia ser levada mais adiante a partir do perodo sovitico. Os anti-
normanistas argumentariam que o nome Rus estaria inicialmente ligado com a rea de
Kiev, ao Sul, habitada desde sculos anteriores pelos eslavos, e no com as regies de
Ladoga e Novgorod ao norte, de maior influncia escandinava e habitada anteriormente
por baltos e fino-gricos.
62
ILOVISKII: 1890, VII.
50
III. Os enviados
V. Superioridade econmica
63
Ofcios na antiga Rus.
64
Citia de Herdoto: anlise histrico-geogrfica.
51
65
PRITSAK, 06.
66
PRITSAK, 06.
52
similar em contexto muito prximo, nos termos vikingr e bjarmar. Conquanto tenham
no perodo contemporneo e ps-romntico assumido um sentido marcadamente tnico
ao leitor, as etimologias mais recentes propostas derivam vikingr de vik- baa, enseada,
ligando-o no a um sentido tnico, restrito Noruega e regio de Oslo, mas sim ao
sentido ocupacional do termo, daquele que frequenta o mar67.
Bjarmar, por sua vez, a despeito das tentativas de estudiosos que tentam ligar a
designao aos Komi da regio russa de Perm, tem obtido um consenso acadmico;
termo aplicado primordialmente aos carlios, mas tem sua origem no termo fino-grico
-per(e)m. Isto implica o carter ocupacional, o modo de vida das populaes que
desenvolviam atividade econmica extratora nas proximidades do Mar Branco,
principalmente a coleta de peles, caa e comrcio68.
67
HAYWOOD, John. The Penguin Historical Atlas of the Vikings. London: Penguin Books, 1995. Pp.
08ss; MUCENIECKS, 2010: 03-06.
68
CHESTNUT, Michael. Afterword. In: ROSS, Alan. The Terfinnas and Beormas of Othere. University
College London: Viking Society for Northern Research, 1981. p.77.
69
WILSON, David M. East and West: A Comparison of Viking Settlement. In: Varangian Problems.
53
72
LOGAN, F. D. The Vikings in History, Routledge, 1991[1983]. p.203.
73
NOONAN, 1998a: 339.
55
Tal idia no pode ser sustentada. De fato, o chamar tais judeus de mercadores
russos ou ruthenicis devia-se, antes de seu nome comercial, sua provenincia e
atividade nas regies j conhecidas por tal nome. O argumento de Pritsak, por mais
engenhoso que parece, acaba tornando-se uma inverso.
74
PRITSAK, 24s.
56
Nos ltimos anos, a temtica viking tem levantado tambm um nmero grande
de interessados na Rssia e em outras naes de origem eslvica, ao menos a nvel
popular, e o nmero de estudiosos de origem eslava a considerar a questo sem as
tradicionais restries e preconceitos soviticos tm aumentado, bem como obras que
ampliam e trazem em pauta novas questes. Podemos citar, por exemplo, Melnikova75,
Tatijana Jackson76, Fyodor Androshchuk77, Wladyslaw Duczko78.
75
MELNIKOVA, E.A. The Eastern World of the Vikings: Eight Essays about Scandinavia and Eastern
Europe in the Early Middle Ages. Gothenburg Old Norse Studies 1. Gteborg universitet:
Litteraturvetenskapliga institutionen, 1996.
76
, . . Austr Grum: .
.: , 2001. (JACKSON, Tatiana Nikolaievna. Austr I Grum: Topnimos
russo-antigos nas fontes antigas escandinavas. Moscou: Lngua e Cultura Russos, 2001).
77
ANDROSHCHUK, Fjodor. The Vikings in the East. In: BRINK, Stefan & PRICE, Neil (eds). The
Viking World. London & New York: Routledge, 2008. pp.517-542.
78
DUCZKO, Wladyslaw. Viking Rus: Studies on the Presence os Scandinavians in Eastern Europe. The
Northern World, v.12. Leiden, Boston & Tokyo: Brill, 2004.
57
79
Termo usado aqui na acepo arqueolgica que considera Cultura Material toda manifestao da ao
humana, no limitada confeco de artefatos contendo a tecnologia da escrita ou no -, mas
revelando-se tambm, por exemplo, na alterao do ambiente e da paisagem.
58
H outra vertente ainda que pode ser explorada e que oferece campo promissor e
amplo no estudo da PVL e o Chamado dos Varegues. Trata-se dos estudos que
incorporam anlise do mito, conhecimento antropolgico e literrio.
A ponte que Sahlins far encontra-se no aspecto da Teoria Poltica. Aponta para
a recorrente situao do simbolismo envolvido na adoo de um governante estrangeiro
por uma sociedade especfica:
80
SAHLINS Marshall. O rei-Estrangeiro; ou Dumzil entre os Fiji. In: Ilhas de Histria. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 1990 [University of Chicago Press, 1987]. p.106.
81
Traduo inglesa: PALSSON, Hermann & EDWARDS, Paul (trads). Vikings in Russia: Yngvar's Saga
and Eymund's Saga. Edinburgh: Polygon, 1990 [1989].
60
82
Destaque tese de doutoramento da norueguesa Gro Steinsland, defendida em 1989 e intitulada Det
hellige bryllup og norrn kongeideologi: en analyse av hierogami-myten i Skrnisml, Ynglingatal,
Hleygjatal og Hyndluljd (O casamento sagrado e a ideologia nrdica de realeza: uma anlise do mito
do hieros gamos no Skrnisml, Ynglingatal, Hleygjatal e Hyndlulj). Agradecimentos a Renan Birro,
que trouxe lembrana as seguintes obras que tratam da temtica em uma perspectiva mais ampla em
completa: ABRAM, Christopher. Myths of the Pagan North. New York: Continuum International
Publishing Book, 2011; STEINSLAND, Gro, BEUERMANN, Ian et alli (eds.). Ideology and Power in
the Viking and Middle Ages: Scandinavia, Iceland, Ireland, Orkney and the Faeroes. Leiden: Brill, 2011.
83
KVILHAUG, Maria. The Maiden with the Mead: A Goddess of Initiation Rituals in Old Norse
Mythology? Oslo: VDM Verlag, 2009.p. 23.
84
DUBOIS, Thomas. Nordic Religions in the Viking Age. Philadelphia: at the University Press, 1999. P.
56.
85
BELAJ, Vitomir. Uz Katiievu rekonstrukciju tekstova o baltoslavenskoj Majci bogova. In: Trava od
srca: Hrvatske Indije II. Urednici Ekrem auevi et ali. Zagreb: Hrvatsko filoloko drutvo:
Filozofski fakultet. 2000; MARJANI, Suzana. The Dyadic Goddess and Duotheism in Nodilos The
Ancient Faith of the Serbs and the Croats. In: Studia Mythologica Slavica VI. 2003. Pp. 181-204. &
NODILO, Natko. Stara vjera Srba I Hrvata. In: Religija Srb i Hrvat, na glavnoj osnovi pjesama, pria i
govora narodnog (Antiga f dos srvios e croatas. In: Religio dos srvios e croatas, nas principais bases
61
Por fim, outro caminho tambm pelo qual no temos, no presente, condies de
nos aprofundarmos, seria o aberto por Eleazar Meletnski, ligado chamada Escola de
Tartu, e autor de obras extremamente relevantes temtica como a Potica do Mito,
Os arqutipos literrios e A Edda e as formas primitivas de Epos.
Personalidade polmica, Marr foi considerado por alguns como um gnio, mas
por outros, como os linguistas Trubetskoi e Jakobson, como insano87. No exatamente
um arquelogo, Marr estava mais interessado na formulao de teorias lingusticas e no
ajuste dos achados arqueolgicos a elas, sendo um amador que praticara de tal forma a
Arqueologia em seu passado, e que tampouco tinha por ela apreo88.
86
PLATONOVA, Nadezhda Igorevna. The Phenomenon of Pre-Soviet Archaeology: Archival Studies in
the History of Russian Archaeology Methods and Results. In: SCHLANGER, Nathan &
NORDBLADH, Jarl (eds.) Archives, Ancestors, Practices: Archaeology in the Light of its History.New
York & Oxford: Brghahn Books, 2007. P.48.
87
KLEJN, Leo. Soviet Archaeology: Trends, Schools, and History. Oxford: 2013, p. 204.
88
KLEJN, 212.
89
KLEJN, 211s.
90
TRIGGER, 206.
91
TRIGGER, 206.
64
O perodo imediato aps a Primeira Guerra mundial foi marcado pela NEP
nova poltica econmica (1921-1928), no qual a URSS esteve sob governo de Lnin.
Nesse perodo o governo sovitico adotou poltica de reconciliao com a intelligentsia
em sua maior parte oriunda da classe intelectual anterior revoluo, sendo que boa
parte da mesa no havia apoiado a revoluo bolshevique.
Dessa forma, ao menos nos anos da NEP, muitos intelectuais das geraes
anteriores, donos de reputaes consolidadas, exerceram cargos de chefia e influncia,
com remuneraes adequadas, possuindo relativa liberdade de pensamento94, a despeito
das ideias de Marr no GAIMK.
92
TRIGGER 207.
93
TRIGGER, 207.
94
TRIGGER, 208.
95
TRIGGER, 208.
65
96
TRIGGER, 209.
97
PLATONOVA, 48.
98
ZAKHARII, 96.
66
reas mais meridionais do Dniepr e de Kiev, argumentando que teria havia uma mistura
entre ambos componentes tnicos e sociais.
Tal estado favorvel manuteno de uma posio normanista ou, ao menos
conciliadora perdurar at o final da dcada de 20 e incio da dcada de 30. Ainda em
1931 a enciclopdia concisa sovitica veicularia que a classe dominante entre os sculos
9-11 era composta principalmente de varegues e chamada de Rus99.
O prprio Tallgren, em virtude de suas crticas a tais processos, perdeu seu ttulo
de cidado honorrio sovitico, posteriormente sua visita a Leningrado, em 1935.
99
ZAKHARII, 98.
100
TRIGGER, 210.
101
TRIGGER, 210.
67
mas a maior parte dos novos arquelogos carecia de experincia tanto no marxismo
quanto na arqueologia102 , e a ausncia de muitas diretrizes nos escritos de Marx no
tornava a tarefa da criao de uma arqueologia marxista mais fcil.
Tal ideia seria abandonada apenas com Stalin, em 1950, que salientaria em seu
ensaio Sobre o marxismo na lingustica que os russos falavam russo antes da
revoluo e permaneceram o falando aps a mesma.
102
TRIGGER, 212.
103
TRIGGER, 217.
104
KLEJN, Leo. La Arqueologa Sovitica. Barcelona: Crtica, 1993. P.21.
105
TRIGGER, 218.
68
106
TRIGGER, 221.
107
TRIGGER, 221.
108
TRIGGER, 225.
109
ZAKHARII, p.97.
69
Mais relevante, no entanto, foi a significativa liberalizao pela qual passou a URSS,
tanto a nvel acadmico quanto na sociedade em geral, decorrente do chamado degelo
da administrao de Nikita Kruschv enquanto primeiro secretrio da URSS. A relativa
abertura da URSS ao ocidente e a pblica condenao aos desfeitos de Stlin por
Kruschtchv tiveram efeitos na academia, na histria e arqueologia.
110
ZAKHARII, p.93.
111
BARFORD, 276.
112
BARFORD, 277.
113
, 1947.
114
apud GENING, 1982 em TRIGGER, 226.
115
apud SOFFER, 1985:8-15 em TRIGGER, 226.
70
Klejn argumentaria que seria possvel a aceitao dos cinco primeiros passos
tranquilamente sem qualquer risco de distoro da teoria marxista. Seria perseguido
pelo regime e preso na dcada de 1980 por sua homossexualidade, conseguindo
defender sua tese de doutorado apenas em 1994.
120
WESTRATE, Michael. The Norman Problem in Historiography: Nationalism and the Origins of
Russia. In: Vestnik, the Journal of Russian and Asian Studies. 08 de maio de 2007. Obtido em:
<http://www.sras.org/nationalism_and_the_origins_of_russia> ltimo acesso em: 03/09/2014
121
KLEJN, Leo. Normanism antinormanism: the end of the argument. In: Stratum plus. Non-Slavic
Elements in the Slavic World. 1999. N.05. Pp. 91-101.
122
Apud LEBEDEV, G.S. Epokha vikingov v Severnoi Europe. Leningrad, 1985. In: BARFORD, 233.
72
123
, .. . : , 1977. 01,
.05-14.
124
, .10.
125
KLEJN, 1993: 87.
126
Norberto Bobbio, resumindo e agrupamento a maior parte das definies pertinentes define como um
dos critrios de maior relevncia para distino entre Esquerda e Direita a igualdade/desigualdade,
inserindo tambm outras nuances ao debate como, por exemplo, a dade liberdade/autoridade. Segundo
tais critrios, a URSS possuiria uma poltica de esquerda que, no entanto, pelas caractersticas prprias e
especficas de um estado autoritrio, gerou outras formas de desigualdade. No obstante, a distino e sua
discusso permanecem vlidas, ainda que cinzentas; o prprio partido Rssia Unida, do qual faz parte
atualmente Vladmir Putin, por mais que consista em partido de situao, possui alas e divises internas
que refletem a prpria diviso direita-esquerda-centro. Vide BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda:
razes e significados de uma distino poltica. So Paulo: Editora UNESP, 1995[1994].
73
Yanin, ainda que analizando a complexidade tnica da reigo, que envolvia fino-
gricos e eslavos, argumentaria que a evidncia arqueolgica corroboraria o Chamado
127
REIS Filho, Daniel Aaro. As revolues russas e o socialismo sovitico. So Paulo: UNESP, 2003. P.
269.
128
Idem, p.270.
129
Idem, ibidem.
74
O incio da era Putin (2000-2008) foi marcado pela nostalgia em relao aos
tempos de Stalin e o sentimento de necessidade de uma mo forte. O crescimento do
poder econmico privado associado corrupo e redirecionamento das prioridades
nacionais levou a uma consequente diminuio no estmulo pesquisa em determinados
campos da cincia. Neste perodo a Arqueologia passou a receber o menor apoio do
estado j registrado na histria russa e sovitica, menor ainda que nos anos turbulentos
de guerra civil prximos a revoluo de 1917. O contexto marcado por baixas
remuneraes e diminuio das posies acadmicas132.
130
YANIN, V. L. The archaeological study of Novgorod: An Historical Perspective. In: The
Archaeology of Novgorod, Russia: The society for Medieval Archaeology, 1992. Pp. 67-106.
131
REIS Filho, 275.
132
KLEJN, Leo S. Russia. In: SILBERMAN, Neil Asher & BAUER, Alexander A. (eds.) . The Oxford
Companion to Archaeology. Oxford: At the University Press, 1996. P.67.
75
Putin manteve-se com seu projeto, mas transferindo a ateno para, ainda no
norte, Staraia Ladoga, culminando na celebrao de 1250 anos da cidade em 2003, aps
decreto presidencial. Os jornais e a mdia descreveram na ocasio Staraia Ladoga como
a primeira capital da Rssia134.
133
SHNIRELMAN, Victor. Archaeology and the National Idea in Eurasia. In: HARTLEY, Charles,
YAZICIOLU, Bike & SMITH, Adam (eds.). The Archaeology of Power and Politics in Eurasia:
Regimes and Revolutions. Cambridge: at the University Press, 2012. P.25.
134
BBC & Channel One TV, Moscow . Russian president discusses problems with local authority
representatives, 17/07/2003. In: <http://www.russialist.org/archives/7254-12.php> ltimo acesso em
28/10/2014.
135
SHNIRELMAN, 2012: 26.
76
A comisso foi liderada pelo chefe de estado, Serguei Narichkin, e composta por
antigos membros do Duma, como Serguei Markov e Natalia Narotchnitskaia, bem como
por oficiais das foras armadas e do servio de inteligncia. De 28 membros, 5 eram
historiadores: a prpria Natalia Narotchnitskaia, Andrei Artizov (chefe da agncia de
arquivo federal), Aleksandr Chubarian (chefe do instituto de Histria Mundial da
Academia russa de Cincias), Andrei Sakharov (chefe do Instituto de Histria russa da
136
RIANOVOSTI, 16/05/2005. Putin visits Arkaim Museum-Reserve in Chelyabinsk Region. In:
<http://en.ria.ru/society/20050516/40361770.html> ltimo acesso em: 28/10/2014; SHNIRELMAN,
2012: 27; SHNIRELMAN, Victor A. Russian Response: Archaeology, Russian Nationalism, and the
Artic Homeland. In: KOHL, Philip L., KOZELSKY, Mara, BEN-YEHUDA, Nachman (eds). Selective
Remembrances: Archaeology in the Construction, Commemoration, and Consecration of National Pasts.
Chicago: At the University Press, 2008 [2007] .p.46..
137
SHNIRELMAN, 2012: 27.
138
O decreto est disponvel online nos arquivos do Kremlin: ,
:
.
<http://document.kremlin.ru/page.aspx?1128040>. ltimo acesso em 11/09/2014.
77
139
. In: new.ru.com, 17 de junho de 2009 <http://www.newsru.com/russia/17jun2009/history.html>
ltimo acesso em 11/09/2014.
140
Por exemplo, na tentativa de reabilitao de condenados por crimes de guerra como Vassili Kononov.
. In: delfi.lv, 20 de maio de 2009.
<.http://rus.delfi.lv/news/daily/politics/kremlevskaya-komissiya-zajmetsya-delom-
kononova.d?id=24659049>. ltimo acesso em 11/09/2014.
141
Medvedev Forms a Commision to Protect Russian History. In: Jamestown Fundation, from Eurasia
Daily Monitor, V. 06, Issue 98.
<http://www.jamestown.org/single/?no_cache=1&tx_ttnews%5Btt_news%5D=35018&tx_ttnews%5Bbac
kPid%5D=13&cHash=6729b2258e#.VBH8o_ldXX4> ltimo acesso em 11/09/2014.
142
<http://online.wsj.com/news/articles/SB124277297306236553?mg=reno64-
wsj&url=http%3A%2F%2Fonline.wsj.com%2Farticle%2FSB124277297306236553.html>. ltimo
acesso em 11/09/2014.
143
Russia Moves to Ban Criticism of WWII Win. In: Time. 08 de maio de 2009.
<http://content.time.com/time/world/article/0,8599,1896927,00.html>. ltimo acesso em 11/09/2014.
144
FILATOVA, Irina. Medvedev's new Russian orthodoxy: Postwar Soviet history is to be revised, with
official sanction; and transgressions from the approved version could lead to prison. In: The guardian. 21
de maio de 2009. < http://www.theguardian.com/commentisfree/2009/may/21/russia-medvedev-history>
ltimo acesso em 02/10/2014.
145
Gorbachev blasts Kremlin 'managed' democracy in Russia. In: dnaindia.com, 22 de maio de 2009.
<http://www.dnaindia.com/world/report-gorbachev-blasts-kremlin-managed-democracy-in-russia-
1258111>. ltimo acesso em 11/09/2014.
78
da histria russa era o normanismo, que estaria se espalhando novamente. Inspirada por
organizaes e instituies estrangeiras que financiariam atividades destrutivas de
alguns acadmicos russos146. Suas iniciativas encontraram tamanha oposio que
Sakharov viu-se forado a se aposentar. Aps a circunstncia, o normanismo passou a
ser encarado como vitorioso e encontra-se em voga147, mas julgamos leviano
pressupor uma situao fechada.
146
GAZEAU, Vronique & MUSIN, Alexandre. Normannism and Anti-Normannism. In: Libert pour
lHistoire. 24 de maro de 2010. <http://www.lph-
asso.fr/index.php?option=com_content&view=article&id=139%3Anormannisme-et-
antinormannisme&catid=31%3Adossier-russie&Itemid=78&lang=en>. ltimo acesso em: 21/04/2014.
147
Entrevista: , (entrevistado) & , (entrevistador). .
. <http://www.echo.msk.ru/programs/netak/799397-
echo/>
79
148
TAVEIRA, Celso. Da primeira terceira Roma. A commonwealth bizantino-eslava e seu impacto na
formao da Rssia. 2008. Relatrio de Ps Doutorado Universidade Estadual Paulista/ Campus de
Assis.
149
EL MURR, Victria Namestnikov & EL MURR, Joubran. O Comrcio Varegue e o Gro-Principado
de Kiev. In: SOUZA, Antonio Candido de Mello et alii (org). In memoriam de Eurpedes Simes de
Paula: artigos, depoimentos de colegas, alunos, funcionrios e ex-companheiros de FEB; vida e obra. So
Paulo: Seo grfica da FFLCH, 1983. pp. 406 & 409.
150
EL MURR & EL MURR, 406.
80
151
Idem.
152
Idem, 407.
153
Idem, 408.
154
PAULA, 06.
155
PAULA, 05; & EL MURR & EL MURR, 406.
156
PAULA, 14-22.
157
Idem, 18.
158
Idem, 21s.
159
Idem, 24.
81
chegada de uma embaixada dos Rus pelo autor como suecos durante o reinado do
bizantino Tefilo entre 829 a 842, portanto160.
160
Idem, 27.
161
SLIOSKIN, Lev. Eurpedes de Paula na Unio Sovitica. In: SOUZA, Antonio Candido de Mello et
alii (org). In memoriam de Eurpedes Simes de Paula: artigos, depoimentos de colegas, alunos,
funcionrios e ex-companheiros de FEB; vida e obra. So Paulo: Seo grfica da FFLCH, 1983. P. 564.
82
Figura 01: Eurpedes em fevereiro de 1942 sua mquina de escrever ROYAL, redigindo e finalizando a
1 tese de doutoramento em histria a ser defendida na Universidade de So Paulo. Fonte: EL MURR &
EL MURR, 409.
163
SOARES, 12.
164
Listada em suas referncias como LIKHATCHOV, Dmitri S. Slovo o polku Igoreve. Guerotcheskii
prlog rsskoi literatury (O canto da campanha de Igor. Prlogo heroico da literatura russa). Leningrado,
Izdtelstvo Khudjestvennaia literatura, 1967.
165
HISTORIA DE LA URSS. Moscou: Instituto de Historia de la academia de Cincias de la URSS &
Editorial Progreso, 1977.
166
MARGULIES, Marcos. Os judeus na histria da Rssia. Rio de Janeiro: Edies Bloch, 1971.
167
MARGULIES, Sumrio.
84
168
MARGULIES, 15.
169
Idem, 18.
170
Idem, 20.
171
Idem, 23.
172
Idem, 26.
85
173
SELART, A. Saksa doktorike. Meie Mommsen. Akadeemia, 18(8), 1836 -1849. 2006.; , .
.
. 40- XX / . - .:
- (). 2009. . 84-102; Troca de emails com profs. Drs.
Anti Selart e Dr. Heiki Valk, da Universidade de Tartu, em janeiro de 2014; Entrevista pessoal com prof.
Dr. Andrejs Vasks na Latvijas Universitate, julho de 2013.
174
Anti Selart; Email pessoal para Andr Muceniecks em 17/01/2014.
175
BARFORD, P.M. The Earl Slavs. Ithaca & New York: Cornell University Press, 2001. P. 282.
176
ZAKHARII, 76.
86
J citamoa a pouco que essa ideia foi desacreditada e mesmo ridicularizada por
Omeljan Pritsak177, que demonstra que o relato, na verdade, uma verso oriunda do
mdio-persa da histria de Alexandre com um erro de cpia, na qual os consortes das
amazonas, gigantes, so citados como heris, empregando o termo (heros).
Nos anos ps-guerra publicaria sua trilogia: The Origin of Russia (George Allen
& Unwin LTD, London 1954), The Making of the Russian Nation (Longmann & Todd,
London 1963) e The Rise of Moscow's Power (niedokoczony, wydany pomiertnie,
East European Monographs 1983). De grande interesse no Ocidente, e publicada em
ingls (apesar de Paszkiewicz t-la escrita em polons) sua trilogia enfrentou problemas
para ser divulgada na Polnia, Cortina de Ferro e URSS, por razes doutrinrias e pela
inclinao normanista de Paszkiewicz, vindo a ser publicada apenas aps a dcada de
1990 (1996, 1998 e 2000) em polons, aps esforos na recuperao de seus
manuscritos.
Ainda mais polmicas foram suas declaraes sobre a prpria natureza dos
russos, que misturam um nacionalismo polons com razes em movimentos como o
sarmatismo e no disfaram um discurso eslavista, exclusivista e mesmo racista.
Paszkiewicz afirma que os russos foram fino-gricos que adotaram a lngua eslvica
aps a cristianizao. destarte, os varegues dominaram uma populao fino-grica que
se tornaria russa, e no um povo eslvico178. Paszkiewicz cria, dessa forma, suas
177
PRITSAK, 06.
178
PASZKIEWICZ, Henryk. Origins of Russia. London: George Allen & Unwin., 1954. pp. 155s.
88
179
A ltima edio, a 8, foi atualizada por um antigo estudante seu, Mark Steinberg: RIASANOVSKY,
Nicholas & STEINBERG, Mark. A History of Russia. New York, 2010 [1963].
180
RIASANOVSKY, Nicholas. The Norman Theory of the Origin of the Russian State. In: Russian
Review. Vol. 07, n01. 1947. P.97.
181
RIASANOVSKY, 1947: 96.
89
Pela escassez de fontes escritas na Alta Idade Mdia, tanto na Rus quanto
Escandinvia, a construo de uma histria do perodo viking em tais contextos
beneficia-se com o uso extenso da Cultura Material, em uma acepo arqueolgica do
termo.
Segundo tal conceito, poderamos definir Cultura Material como qualquer
criao, vestgio, alterao ou construo produzida pela ao humana. Tal definio
vlida desde construes e criaes intencionais (i.e. a construo de um edifcio ou de
um salo; uma estela rnica, com contedo escrito ou no; uma ferramenta) como a
alterao do meio-ambiente dada pela ao humana (i.e. o desmatamento de
determinadas reas; a drenagem de um pntano)182. H de se notar que tal ampliao do
conceito de fonte primria e emprego das mesmas no diferem muito das definies
propostas por Jacques LeGoff em sua Nova Histria.
Discutimos extensamente anteriormente a hiptese normalista e sua resistncia
da parte de autores principalmente na Rssia, URSS e Ucrnia. Tambm demonstramos
que parcela considervel dessa argumentao anti-normanista fundamenta-se em uma
suposta ausncia de material arqueolgico demonstrando uma expanso escandinava a
leste. No analisaremos os stios escandinavos em solo eslvico, em alguma espcie de
tentativa de argumentao normalista. Como j discutimos anteriormente, tal afirmao
e tais argumentos baseados em ausncia so questionveis e no se sustentam.
A despeito da existncia de extenso material escavado em gorodi termo usado
extensivamente na bibliografia para se referir s cidades fortificadas eslvicas, como
Novgorod e Kiev - daremos nfase a duas sries de material que, por possurem
diversos testemunhos da mesma natureza, permitem o traar de comparaes mais
seguras. Tratam-se tambm de materiais que possuem natureza dupla no sentido
interpretativo, permitindo tradicionalmente seu emprego tanto pelo campo da
arqueologia quanto da Histria. Trata-se do testemunho numismtico amparado pelos
achados arqueolgicos em solo russo e o testemunho das estelas rnicas.
Como afirmado em nossa introduo, partes considerveis desta seo apoiar-se-
182
BEZERRA DE MENESES, Ulpiano. A cultura material no estudo das sociedades antigas. In: Revista
de Histria, 115 (Nova Srie), 1983. pp.112s.
92
2.1.1 A numismtica
183
FRRE, Hubert. Numismtica: uma introduo aos mtodos e classificao. Traduo e adaptao
de Alain Costilhes e Maria Beatriz Borba Florenzano. So Paulo: Sociedade Numismtica Brasileira &
Louvain-la-Neuve (Blgica): Sminaire de numismatique Marcel Hoc, 1984.p. 17.
93
184
WILSON, David. The Vikings and their origins: Scandinavia in the First Millenium. London: Thames
and Hudson, 1970. P.102.
185
BARFORD, 181.
186
NOONAN. Thomas. Why the vikings came first to Russia? In: The Islamic World, Russia and the
Vikings, 750-900: The Numismatic Evidence. Variorum Collected Studies Series, 595. Ashgate, 1998.
Pp. 346-347.
94
possesses ali187.
razovel, portanto, pressupor uma conexo do entesouramento com tais
concepes religiosas, que, destarte, providenciam bens para o falecido bens em sua
vida post-mortem.
2.1.1.1 As Fontes
187
ELLIS, Hilda Roderick. The Road to Hel: A Study of the Conception of the Dead in Old Norse
Literature. New York: Greenwood Press, 1968. 65.
188
Thomas Noonan publicou por mais de duas dcadas material e anlises da evidncia numismtica na
Rssia Europeia e Bltico. impossvel no nos referirmos a ele extensamente: NOONAN, Thomas. Pre-
970 dirham hoards from Estonia and Latvia, I: Catalog. In: Journal of Baltic Studies, 8:3, 1977(a), 238-
259; Pre-970 dirham hoards from Estonia and Latvia, II: General considerations. In: Journal of Baltic
Studies, 8:4, 1977 (b), 312-323; Pre-970 dirham hoards from Estonia and Latvia, III: An examination of
the ninth century hoards. In: Journal of Baltic Studies, 9:1, 1978(a), 7-19; Pre-970 dirham hoards from
Estonia and Latvia, IV: An analysis of the hoards buried between 900 and 970. In: Journal of Baltic
Studies, 9:2, 1978 (b) 99-115; Ninth-century dirham hoards from Northwestern Russia and the
Southeastern Baltic. In: Journal of Baltic Studies, 13:3, 1982, 220-244; A dirham hoard of the early
eleventh century from northern Estonia and its importance for the routes by which dirhams reached
Eastern Europe CA. 1000 A.D In: Journal of Baltic Studies, 14:3, 1983, 185-201; Dirham hoards from
medieval Lithuania. In: Journal of Baltic Studies, 23:4, 1992, 395-414; The Islamic World, Russia and the
Vikings, 750-900: The Numismatic Evidence. Variorum Collected Studies Series, 595. Ashgate, 1998 (a).;
Ninth-Century Dirham Hoards from European Russia: a Preliminary Analysis. In: The Islamic World,
Russia and the Vikings, 750-900: The Numismatic Evidence . Variorum Collected Studies Series, 595.
Ashgate, 1998(b); Why the vikings came first to Russia? In: The Islamic World, Russia and the Vikings,
750-900: The Numismatic Evidence. Variorum Collected Studies Series, 595. Ashgate, 1998(c).
189
BOGUCKI, Mateusz. The Beginning of Dirham Import to the Baltic Sea Zone and the Question of
Early Emporia. In: LUND HANSEN, Ulla, BITNER-WRBLEWSKA, Anna (eds.). Worlds Apart?
Contacts Across the Baltic Sea in the Iron Age, Network Denmark-Poland 2005-2008, Det Kongelige
Nordiske Oldskriftselskab Pastwowe Muzeum Archeologiczne (Copenhagen (et al.), 2010), pp. 351-
361.
95
a 638. Entre 638 e 639, a Armnia ento, possesso bizantina invadida, sendo
completamente conquistada em 642191.
Entre 638 e 641 ainda ocorrero constantes reides dos persas na regio da
Mesopotmia. A provncia do Khuzisto conquistada pelos rabes em 641. Porm o
califa Umar desejava paz os rabes ainda viam os persas com temor. Aps um breve
perodo de paz, a Prsia conquistada entre 642 e 644, sendo que na segunda metade do
sculo VII j tinham assegurado controle da Transcaucasia. Os cem anos seguintes
foram palco das chamadas guerras rabe-khazar. Destacam-se duas: a primeira, em
652, quando os rabes foram derrotados pelos Khazares na cidade Khazar de Balanar,
e a segunda, entre 708 a 737192-193.
Um ponto marcante d-se em 737, quando os rabes, liderados por Marwan ibn
Muhammad (o futuro califa umada Marwan II), efetuam uma campanha mais
significativa contra os khazares. Derrotam-nos no Cucaso do norte, chegam a ocupar a
capital khazar Atil e perseguem o Kagan at a regio de Burtas, no baixo Volga, aonde o
convencem a se render e se converter ao Islamismo. Aps isso Marwan retorna
Transcaucsia, e o Kagan recupera sua independncia 195.
191
SAUNDERS, J.J. A History of Medieval Islam. London & New York: Routledge, pp.50-53.
192
SAUNDERS, J.J, 50-58.
193
MAKO, Gerald. The possible reasons for the Arab-Khazar Wars. In: ALLSEN, Th.T., GOLDEN,
P.B., KOVALEV, R.K.. & MARTINEZ, A.P. (eds). Archivum Eurasiae Medii Aevi (17). Wiesbaden:
Harrassowitz Verlag, 2010. P.45.
194
MAKO, 47.
195
NOONAN, 1998 (b) 51.
196
MAKO, 56s.
97
O rei Joseph bem Aaron, dos khazares (khagan ou bek h disputa sobre seu
status), governando aproximadamente entre 950 e 960, escreve ao rabino judeu Abu
Yusuf (Hasbai ibn Shaprut), de Crdoba, que os Khazares protegiam o Cspio (e
consequentemente, os rabes) de ataques dos Rus197.
197
NOONAN, 1998 (b): 51s.
198
NOONAN. 1998 (c): 346-347. Ver nota 188 e as referncias bibliogrficas para uma listagem
completa.
98
I. O Bltico: Austrvegr
199
VERNADSKY. Ancient Russia. A History of Russia, Volume I. New Haven and London: Yale
University Press, 1964. 6ed [1943].p.266.
200
ARBMAN, Holger. The Vikings. London: Frederick Praeger, 1961. p. 96.
201
ELLIS-DAVIDSON, Hilda. Commentary. In: SAXO GRAMMATICUS, The History of the Danes.
Traduo: FISCHER, Peter. II Vols. Woodbridge, Suffolk: Boydell & Brewer, 2006.[1979-80]. P.31
99
Legenda:
1 Ramo maior do Austrvegr
2 Rotas aquticas locais principais
3 Presumida fronteira tnica balto - fino-grica
4 Colinas fortificadas e centros de poder
5 Cemitrios com enterramentos escandinavos
6 Entrepostos comerciais em colinas fortificadas
Fonte: VALK, Heiki. The Vikings and the Eastern Baltic. In: BRINK & PRICE (eds.). The
Viking World. Routledge, 2008. p.486.
100
202
ANDROSHCHUK, 517s.
203
NERMAN, Birger. Funde und Ausgrabungen in Grobia, 1929. In: Congressus Secundus
Archaeologorum Balticorum Rigae, 19.-23. VIII. 1930. Riga, 1930. pp.195-206.
204
DUCZKO, 64.
101
205
VERNADSKY. 266.
206
DUCZKO, 63.
207
Ibidem.
208
VERNADSKY, 268.
102
Golfo de Riga
Volga
Daugava
(Dna/Zapadnaya Dvina)
Dniepr
211
NOONAN 1998 (c), 346.
212
Ibidem.
213
Ibidem.
214
DUCZKO, 69s.
105
Ladoga
Golfo da Finlndia
Lago
Peipus
(Pskov)
Mapa 04: Principais rios ligados aos movimentos escandinavos na Rus na regio do Alto Volga.
Do autor (feito com MapMaker Interative National Geographic)
106
215
NOONAN 1998 (c), 346.
216
VERNADSKY, 268.
217
VERNADSKY, 269.
218
Ibidem.
219
DUCZKO, 190.
220
DUCZKO, 189.
107
221
, .. :
1100 . , 1967. Pp. 71s.
222
ANDROSHCHUK, 526.
108
Bolghar
Para o mundo
Khazar e rabe
(Serkland)
Volga
O incio desse sistema deu-se quando outros povos do Bltico alm dos
Escandinavos foram atrados para Ladoga e sua prata islmica. Provavelmente os
maiores responsveis por muitos depsitos de dirhams do incio do sculo IX das costas
das atuais Alemanha e Polnia foram eslavos ocidentais (ou eslavos do bltico) 223.
Mas ainda que muitos povos blticos tenham sido atrados para Ladoga,
evidncia disponvel sugere fortemente que os escandinavos foram os nicos desses a se
aventurar no interior da Rssia em busca da fonte dessa prata224.
Em 839 os varegues estavam to familiarizados com o interior da Rssia e seus
rios que chegaram por ali at Constantinopla. Isto indica que levou apenas uma gerao,
entre aproximadamente 800-840, para que os escandinavos descobrissem como viajar
para o sul atravs da Rssia usando as grandes vias aquticas da Europa Oriental225.
Dessas dcadas em diante desenvolver-se-ia uma nova fase de expanso.
223
NOONAN 1998 (c), 346.
224
Ibidem.
225
Ibidem.
111
Tabela 01: Runes and North Italic letters. Obtido em: ELLIOT. Runes: an introduction. Manchester:
at the University press, 1963, p.08.
229
SPURKLAND, 2005: 04.
113
Figura 03: Den utnordiska runraden. Obtido em JANSSON, Sven. Runinskirfter i Sverige. Uppsala:
Esselte Herzogs, 1984. P. 13.
Tabela 02: Old English futhorcs and the Ruthwell runes. Obtido em: ELLIOT. Runes: an introduction.
Manchester: at the University press, 1963, p.39.
115
230
RENTERGHEM, Aya Van. And Now for Something Completely Different? Runic Confusion Now and
Then. Comunicao apresentada na seo 823 no International Medieval Congress of Leeds, 08/07/2014.
231
ZILMER, 2005: 38.
116
232
BAUML, Franz H. Varieties and Consequences of Medieval Literacy and Illiteracy. Speculum, 55,
1980, pp. 237-265; CLANCHY, M.T. From memory to written record: England 1066-1307. Oxford:
Blackwell, 1993. Pp.224-252.
233
STOCK, Brian. The Implications of Literacy: Written Language and Models of Interpretation in th
Eleventh Centuries. Princeton: at the University Press, 1983. P.06.
234
LERER, Seth. Literacy and Power in Anglo-Saxon Literature. Lincoln: University of Nebraska Press,
1991. P. 22.
117
235
SPURKLAND, Terje. Literacy and Runacyin Medieval Scandinavia. In: ADAMS, Jonathan &
HOLMAN, Katherine (eds.). Scandinavia and Europe 800 1350: Contact, Conflict, and Coexistence.
Turnhout, Belgium: Brepols, 2004. P. 344.
236
SPURKLAND, 2004: 334.
237
SAWYER, Birgit. 2008[2000]: 11.
118
238
SAWYER, Birgit. 2008[2000]: 59-68
119
239
SAWYER & SAWYER, 10.
120
240
JANSSON, 1984: 42s.
241
SAWYER & SAWYER, 12.
121
242
SAWYER & SAWYER, 14.
122
243
ZILMER, 2005: 45s.
244
SAWYER & SAWYER, 13.
124
245
Idem, p.14.
125
246
BLNDAL, Sigfs. The Varangians of Byzantium: An aspect of Byzantine military history translated,
revised and rewritten by Benedikt S. Benedikz. Cambridge: At the University Press, 2007 [1978].
247
BLNDAL, 2007: 225.
127
U 439:
a) As estelas varegues per si acabam por referir-se apenas aos termos Austr,
Austrvegr, Gardar, Gararki, ou variantes dos mesmos, normalmente ligados aos
territrios da Rus, ou empregando designaes genricas de leste (austr). Dentre
estas, enumeramos as seguintes: U 153, U 154, U 209, U 283, U 366, U 504, U 636, U
687, U 898, S 33, S 34, S 92, S 121, S 126, S 130, S 148, S 171, S 216, S
308, S 338, Vs 1, Vs Fv1988;36, g 8, g 30, Vg 135, Vg 184, Vg 197, l 28(58), G
114, G 220, G 280, Dr 108, N 62, X UaFv1914;47.
Esta srie perfaz um total de 34 artefatos, consistindo em aproximadamente
29,8% do total das estelas varegues e 19,1% das estelas vikings. Inserimos em nossa
contagem a estela X UaFv1914;47, encontrada na ilha de Berezani, atual Ucrnia, por
128
conter inscries rnicas e tratar-se de artefato da mesma categoria das outras estelas
rnicas.
A U 504 fala de um homem que navegava tanto para leste quanto oeste, razo
pela qual contamo-la em ambas listagens, mas a inserimos na somatria total das estelas
enquanto apenas um artefato.
U 504:
Verso nossa:
Ktilfastr erigiu esta rocha em
memria de Asgautr, seu pai. Ele foi
para oeste e leste. (Que) Deus ajude
sua alma.
especficos da arte de Gotland exportados para uma ou outra rea de influncia e/ou
colonizao.
248
BLNDAL, 2007: 225.
249
BLNDAL, 2007: 227.
131
U 778:
250
PRITSAK, 1981: 399.
132
DR 216:
Asrar ok
Hildu[ng]R/Hildv[ig]R/Hildu[lf]R
resu sten nsi ft Fraa/Fra,
frnda sin sin, n han was a
fkn(?) wRa, n han war dr
a Sweiuu ok was fyrst(?) i(?)
Friggis(?) lii(?) a alliR
wikingaR.
S 319:
Transcrio para o
antigo nrdico do Samnordisk
runtextdatabas:
Finnvir(?) gri
kuml essi ftiR GiRbiorn,
faur sinn. Hann var daur
vestr.
Tipo/ Regio Varegues per si Grcia Bltico Lombardia Yngvarr Freygeirr Vikings de oeste Inglaterra Haakon Total
Uppland 9 18 8 2 8 4 5 8 2 64
Sdermanland 11 7 2 2 15 11 6 54
stergtland 2 2 2 4 2 12
Smland 1 3 6 1 11
Vstergtland 3 1 1 2 2 9
Gotland 3 1 2 1 8
Dinamarca 1 1* 4* 1 6*
Vstmanland 2 1 3 6
Gstrikland 1* 1* 1 2*
Noruega 1 1 2
land 1 1
Alemanha (Schleswig) 1 1
Ucrnia 1 1
Letnia Estela -
Pictrica
de
Grobia**
177
Tabela 03: Distribuio geogrfica das Estelas Vikings. As reas rachuradas indicam picos das frequncias
* A Gs 13 aparece tanto na srie de Estelas do Bltico quanto das de Freygeirr. Dessa forma, foi contada como apenas uma. Procedemos da mesma forma em relao Dr 126,
listada tanto enquanto uma estela viking de oeste quanto de Freygeirr.
** Conforme discutido no tpico das estelas do bltico, a estela pictrica de Grobia no foi inserida na contagem.
137
251
CASTORIADES, Cornelius. Figuras do Pensvel: as Encruzilhadas do Labirinto. Volume VI. Rio de
Janeiro: Civilizao Basileira, 2004. Pp.402s.
140
252
In: JNSSON, Finnur (ed). Altnordische Saga-Bibliothek 3. Halle: Niemeyer, 1924.
253
Idem.
254
In: PLSSON, Heimir (ed.). The Uppsala Edda. University College London: Viking Society for
Northern Research, 2012.
141
em seu significado. No caso em questo, o deus rr estava a leste, nas regies de leste,
no caminho de leste, a lutar contra gigantes.
Aqui evidente ou pressuposto para o leitor que a leste h gigantes; nesse
sentido, nesta direo, localiza-se Jottunheimr, a terra dos gigantes. Em adio
referncia simples de direo, em adio regio etno-geogrfica, adiciona-se um
terceiro significado. Desta feita, um construto mtico, uma localidade do imaginrio,
bem como toda uma gama de narrativas, personagens e peculiaridades que confluem ali.
O ltimo significado estar mais em voga nas fontes mais tardias, em particular
nas Fornaldarsgur, quando se tornar mais saliente nas narrativas que Austrvegr
ponto de passagem para as dimenses ainda mais a leste, bordejantes das reas mticas,
de Jottunheimr, das Plancies de Glasir, de Geirrodland.
Temos, aqui, portanto, um termo bsico ao qual se adiciona no apenas um
composto, mas gamas distintas e amplas de significados, que discriminaremos de forma
mais pontual nos captulos seguintes. Neste captulo lidaremos especificamente com a
dimenso inicial, referencial e mais simples de leste enquanto direo geogrfica. Para
tanto, traaremos um panorama genrico sobre o conhecimento e representaes
primrias geogrficas que transparece nas fontes primrias islandesas e escandinavas
que, como veremos em breve, no necessariamente so monolticos e concordantes.
Em seguida, apresentaremos um quadro detalhado dessas mesmas regies de
Austrvegr na acepo de caminho de leste discriminadas nas fontes escandinavas,
incluindo-se aqui as estelas rnicas.
prpria idade. Poderamos traar um paralelo, ainda que de menor peso, ao pensarmos
acerca da localizao e terminologia espacial255.
Enquanto sistema conceitual, entretanto, qualquer sistema de orientao, por
maior difuso que encontre e por mais baseado que esteja em fenmenos naturais e
dados empricos e aqui podemos incluir trajetria do Sol (leia-se: percepo de uma
trajetria do Sol nem sempre considerada como tal) e dos astros, depsitos minerais e
norte geogrfico magntico absoluto - localiza-se na esfera da Cultura, antes que da
Natureza.
Certamente que no entraremos detalhadamente aqui em tal discusso, mas fica
evidente a necessidade de se considerar o sistema de orientao geogrfico enquanto
produto de criao da razo humana e do acmulo e transformao de saber, como algo
que est sujeito aos contextos especficos temporais nos quais formulado, empregado
e reformulado.
O sistema cardinal, por mais que se baseie em e estabelea coordenadas
absolutas, passvel de relativizao ao menos, por meio da criao de variantes ou
mesmo na forma de sua utilizao. Um exemplo claro a conveno de apontamento de
direo ao norte. Por mais que tal conveno tenha se desenvolvido por conseguinte
uma determinante emprica do norte absoluto e da bssola apontando para o mesmo -
por sua vez fundamentados na existncia de concentrao de minerais em determinada
parte da crosta terrestre -, no decorrer dos tempos a percepo de tais absolutos, a
compreenso das mesmas e as representaes de tal circunstncia emprica sofrem
alteraes de matizes estritamente culturais, mais especificamente a dominncia e
hegemonia das culturas ocidentais do hemisfrio norte em mbito mundial.
Note-se, por exemplo, na representao cartogrfica dos sistemas grficos
derivados de tais coordenadas, que os mapas da Antiguidade e do Medievo no
necessariamente trazem as imagens com o norte nos quadrantes superiores como o
fazem os mapas contemporneos; de fato, como logo demonstraremos, tal circunstncia
rara.
Mapas do mundo islmico traziam o norte para baixo e o sul ou sudeste - para
cima e existiram tendncias diversas cartogrficas entre os prprios europeus ocidentais.
255
evidente que devemos muito aqui, sem possibilidade de referir apenas uma simples passagem, s
reflexes de Norbert Elias. A referncia ao homem que desconhece sua idade encontra-se, de qualquer
forma, na pgina 10 da edio que consultamos, mas devemos muito mais ao autor do que apenas a
leitura desta pgina. Vide: ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998
[1984].
143
256
JACKSON, T. Old Norse System of Spatial Orientation. In: Saga Book 25, 1998. Pp. 72s.
257
POKORNY. Julius. Indogermanisches etymologisches Wrterbuch, 2 Bnde. Francke Verlag: Bern
und Mnchen, 1958. Verbetes: au-3(ae); ,aes-, sel-, sul-, sel-, sl-.
144
258
LEONARD Stephen. Language, Society and Identity in early Iceland. Wiley-Blackwell, 2012.
P. 161.
259
Ex.: o mesmo radical para austr-, leste, e australis, meridional, no latim. Vide: POKORNY,
op.cit, aes-; WEIBULL, Lauritz. De gamle nordbornas vderstrecksbegrepp. Scandia 01, 1928;
EKBLOM, R. Alfred the Great as Geographer. Studia Neophilologica 14, 1941-2; __________. Den
forntida nordiska orientering och Wulfstans resa till Truso. Frnvnnen. 33, 1938; SKLD,
Tryggve. Islndska vderstreck. Scripta Islandica. Islndska sllskapets rsbok 16, 1965.
260
JNSSON, Finnur (ed). Heimskringla: Nregs konunga sgur. Copenhagen: Gads, 1911. P.04.
261
Landnorr no genitivo, landnors.
262
HASTRUP, 55.
145
Esse sistema conceitual muito forte nas fontes primrias, criando expresses
especficas dependendo dos sentidos e localidades, e enfatizando grandemente um
sistema de localizao geogrfica que chamamos de relativo, situacional ou
direcional, mas que com o decorrer do tempo acaba por assumir uma circunstncia
mista, na qual a relativa localizao dos pontos entre si gradualmente assume
conotaes fixas, idiomticas. A coordenada que assume maior importncia no a
263
LEONARD, 157.
264
LEONARD, 158.
265
LEONARD, 158.
266
In: JNSSON, 1911: 04.
146
localidade per si (i.e., a Noruega ou a Islndia), mas, antes, a posio relativa das
localidades em questo entre si.
As localidades fixas empregadas mais frequentemente nesse sistema so a
Islndia e a Noruega. Viajar da Noruega para a Islndia seria escrito em sua forma
completa em antigo Nrdico como a fara fr Noregi t til slands. Entretanto, seu uso
mais comum o abreviado, a fara t. Literalmente, em portugus, sair/ir/dirigir-
se/viajar para fora.
O sentido contrrio, da Islndia para Noruega, usualmente indicado como a
fara tan: vir de fora, expresso empregada largamente nas sagas e na produo
legal267.
Tal sistema possui origem bvia com os noruegueses que, tendo colonizado a
ilha da Islndia, empregaro seu ponto de partida (a Noruega) como dentro, e a
Islndia como fora. Entretanto, mais de um sculo aps a colonizao da Islndia, e
quando a mesma j se encontrava com caminhos distintos da Noruega, os prprios
islandeses continuavam a usar as mesmas formas de coordenadas. Ainda que se
dirigissem da Islndia para a Noruega, sua forma de expresso de dirigir-se do fora
para o dentro, que evidencia uma continuidade do conceito original direcional, mas
somada a uma modificao intrnseca do mesmo: a relatividade e at mesmo
etnocentridade do conceito original norreno sofrear uma sutil transformao, na qual
as expresses indicativas de pontos relativos entre si acabam por assumir conotaes
fixas, especficas e intrinsecamente ligadas a localidades especficas e imutveis.
Outro exemplo da transformao, readaptao e, de certa forma, ressignificao
da terminologia geogrfica, o caso da diviso da Islndia em quadrantes ou quartas
(fjrungar), efetuada em 965 A.D.268
Esta diviso foi efetuada num sistema de base cardinal, contendo outras
peculiaridades de referncia geogrfica. O viajante que se dirigia ao quadrante sul
(baseado em um sistema cardinal) da Islndia dirigia-se, de forma absoluta, para o
oeste. Entretanto, o uso lingustico empregado era de dirigir-se ao sul 269.
Em adio a tais nuances, h-se ainda de notar casos nos quais o autor emprega
o sistema de coordenadas cardinais de forma mais bvia, referenciando o destino
imediato para onde o personagem da narrativa dirige-se. Dessa forma, o itinerrio de
267
LEONARD, 159.
268
JACKSON, 73.
269
LEONARD 162; JACKSON, 73.
147
algum na Noruega que se dirige para a Sucia pode ser descrito como viajou para
leste.
3.1.3 Sagas dos antigos islandeses e sagas dos reis a primazia da direo geogrfica
simples270
270
Boa e resumida referncia ao tpico pode ser encontrada em LASON, Vsteinn. Family Sagas. In:
McTURK, Rory. (Ed.). A companion to Old Norse-Icelandic Literature and Culture. Oxford: Blackwell
Publishing, 2006 [2005]. pp. 101-118.
271
ANDERSSON, Theodore. The Growth of the Medieval Icelandic Sagas (1180-1280). Ithaca &
London: Cornell University Press, 2006.
272
MUNDAL, Else. Introduction. In: MUNDAL, Else (ed). Dating the Sagas: Reviews and Revisions.
Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2013. P.01.
148
273
SVENSSON, Einar. Dating the Icelandic Sagas: an Essay in Method. Viking Society for Northern
Research: London, 1958.
274
SVENSSON, 39s.
275
Idem, 50.
276
Idem, 11.
277
Idem, 76.
278
Idem; 76s; 96s.
279
Idem. pp. 115ss; pp. 40.
280
MUNDAL, Else. The Dating of the oldest Sagas about Early Icelanders. In: MUNDAL, Else (ed).
Dating the Sagas: Reviews and Revisions. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2013. P.41.
281
TULINIUS, Torfi. Dating Eyrbyggja Saga: The Value of Circumstancial Evidence for Determining
the Time of Composition of Sagas about Early Icelanders. In: MUNDAL, Else (ed). Dating the Sagas:
Reviews and Revisions. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2013. P.130.
149
282
ANDERSSON, 2006.
283
MUNDAL, 35.
150
gnero so razes que colaboram para um uso mais recorrente e marcado de uma
terminologia, seno desprovida de componentes ideolgicos e imaginrios extra, ao
menos mais focada na linguagem cotidiana. Tambm importante a nfase de que esta
modalidade de escrita, largamente apreciada no apenas pelos seus receptores, mas
tambm pela crtica posterior, veio a ser considerada pela historiografia como uma fase
de ouro da escrita medieval islandesa, a chamada era dos Sturlungs (da qual faz parte
tambm Snorri).
Uma larga porcentagem de autores da posteridade e no apenas de vis
historicista consideraria a produo escrita posterior a tal era como decadente, e seus
antecessores enquanto passos preparatrios para a mesma. Retornaremos tal
discusso no captulo 5.
Esta forma de expresso lingustica similar ao encontrado em outras fontes;
de nosso interesse particular ser a obra de Snorri Sturlusson, no captulo 4, que
assimilaria em grande parte tal forma literria.
284
BRODERSEN, Kai. Cartography. In: DUECK, Daniela & BRODERSEN, Kai. Geography in
Classical Antiquity. Cambridge: at the University Press, 2012. p.101.
285
JONES, Alexander. Ptolomys Geography: Mapmaking and the Scientific Enterprise. In: TALBERT,
Richard J. Ancient Perspectives: Maps and Their Place in Mesopotamia, Egypt, Greece, and Rome.
Chicago: At the University Press, 2012. Pp. 114, 117.
152
286
BRODERSEN, 109s.
287
RAPOPORT, Yossef & SAVAGE-SMITH, Emilie. The Book of Curiosities and a Unique Map of the
World. In: TALBERT, Richard & UNGER, Richard (eds.) Cartography in Antiquity and the Middle
Ages: Fresh Perspectives, New Methods. Bril: Leiden, Netherlands, 2008 P.122.
288
TIBBETS, Gerald R. The Balkh School of Geographers. P. 108. In: HARLEY & WOODWARD
(eds.). The History of Cartography. Vol. II, Book I: Cartography in the Traditional Islamic and South
Asian Societies. Chicago: at the University Press, 1987.; STOCK, Gnter & NEUWIRTH, Angelika.
Europa im Nahen Osten Der Nahe Osten in Europa. Akademie Verlag GmbH: 2010. P.144.
153
Figura 11: Mappamundi de Al Iakhr (977 a.D.). Oxford, Bodleian Library. MS Ouseley 373 fols 3b-
4a.
Em todos esses mapas, o norte fica direcionado para o canto inferior direito,
sendo que no topo da pgina encontra-se o sudoeste. H outras caractersticas que os
diferenciam grandemente das tradies europeias; poderamos citar, por exemplo, o
centro do mundo que, ao invs de Jerusalm, encontra-se na Caaba289, bem como as
vertentes de mapas zonais que continham sete zonas climticas (as kishvarr),
explicitadas em meio de crculos pelo mapa no mapa de Al Iakhr, destacadas em
crculos vermelhos: a primeira, na India, a segunda na Arbia e Abissnia; terceira em
Egito e Sria, quarta no Ir, quinta na sia Menor e terras dos a-aqliba, sexta na
terra dos Turcos e de Gog e Magogue, e culminando com a stima, na China290.
289
BORGOLTE, Michael. Christliche und muslimische Reprsentationen der Welt. Ein Versuch in
transdisziplinrer Medivistik. Berlin-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften, Berichte und
Abhandlungen, Bd. 14.) Berlin, 2008. Pp.104s.
290
BORGOLTE, 100.
154
Figura 12: O Mappamundi circular de al-Idrs. (1099-1165/66 a.D.). Obtido em: IBN FADLAN. STONE
& LUNDE (trad.). Ibn Fadln and the Land of Darkness: Arab Travellers in the Far North. Penguin
Books, 2012.
155
3.1.4.2 Os Mappaemundi291
291
As informaes de cunho genrico para esta seo foram obtidas basicamente nas duas maiores obras
de referncia na temtica: a) WOODWARD, David. Medieval Mappaemundi. In: HARLEY, J.B. &
WOODWARD, David (eds.). The History of Cartography. Volume I: Cartography in Prehistoric,
Ancient, and Medieval Europe and Mediterranean. Chicago: at the University Press, 1987. & b) EDSON,
Evelyn. Maps in Context: Isidore, Orosius, and the Medieval Image of the World. In: TALBERT, Richard
& UNGER, Richard (eds.) Cartography in Antiquity and the Middle Ages: Fresh Perspectives, New
Methods. Bril: Leiden, Netherlands, 2008. pp. 219-236. Conquanto o ltimo trabalho esteja mais
atualizado e insira questes importantes discusso como, por exemplo, o prprio questionamento sobre
a validade de classificaes dos Mappaemundi segundo critrios contemporneos, o valor da obra de
Woodward perdura, consistindo o mesmo na base para o segundo. Informaes pontuais sero citadas a
parte.
156
- Um terceiro mtodo define uma rede regular de paralelos e meridianos, nos quais a
informao geogrfica seria inserida.
292
Apud BAGROW, History of Cartography, 42, note 55. In: WOODWARD, p. 299.
293
Apud HASKINS, Renaissance of the Twelfth Century, note 50. In: WOODWARD, p. 299.
157
294
SIMAR, Theophile. La geographie de l'Afrique Centrale dans l'antiquite et~au Moyen-Age. In: Revue
Congolaise 3 (1912-13). pp. 1-23, 81-102,145-69,225-52,289-310,440-41.
295
ANDREWS, Michael Corbet. The Study and Classification of Medieval Mappae Mundi. In:
Archaeologia 75 (1925-26). pp. 61-76.
296
UHDEN, Richard. Zur Herkunft und Systematik der mittelalterlichen Weltkarten. In: Geographische
Zeitschrift 37 (1931), pp. 321-40.
297
DESTOMBES, Marcel (ed.) Mappemondes A.D. 1200-1500: Catalogue prepare par la Commission
des Cartes Anciennes der Union Geographique Internationale. Amsterdam: N. Israel, 1964.
298
ARENTZEN, Jorg-Geerd. Imago Mundi Cartographica: Studien zurBildlichkeit mittelalterlicher
Welt- und Okumenekarten unter besondererBerucksichtigung des Zusammenwirkens von Text und Bild.
Miinstersche Mittelalter-Schriften 53, Munich: Wilhelm Fink, 1984.
299
WOODWARD, David. Medieval Mappaemundi. In: HARLEY, J.B. & WOODWARD, David (eds.).
The History of Cartography. Volume I: Cartography in Prehistoric, Ancient, and Medieval Europe and
Mediterranean. Chicago: at the University Press, 1987. Pp. 286-299.
300
DALCH, Patrick Gautier. De la glose la contemplation: Place et fonction de la carte dans les
manuscrits du Haut Moyen ge. In: Testo e Immagine nell Alto Medioevo, Settimane di Studio del
Centro Italiano di Studi sullAlto Medioevo. Spoleto: Presso la Sede del Centro, 1994. XLI, pp. 700-704.
301
Idem, ibid.
302
TALBERT, Richard & UNGER, Richard (eds.) Cartography in Antiquity and the Middle Ages: Fresh
Perspectives, New Methods. Bril: Leiden, Netherlands, 2008.
303
WOODWARD, 1987: 295.
158
Figura 13: Mappamundi de Macrobius Cpia de Johannes Eschuidus, In: Summa Anglicana,
1489. Paris, Badius, 1519. Reimpresso da edio de 1515. James Ford Bell Library, Tamanho
original: 14 x 14 cm.
159
304
MERRILIS, A.H. History and Geography in Late Antiquity. Cambridge, 2005. P.72.
305
Uma profuso de mapas isidorianos, com respectivas referncias, pode ser obtida no site:
<http://cartographic-images.net/Cartographic_Images/205_Isidore_of_Seville_T-O.html> ltimo acesso
em 23/10/2014.
306
WOODWARD, 301.
160
Figura 14: Mapa isidoriano em T-O. In: De Natura Rerum. Florena, Biblioteca Medicaea-Laurenziana,
Plut.29.39, f.19v. Sculo XIII. Obtido em: EDSON, 2008: 225.
307
EDSON, Evelyn. Maps in Context: Isidore, Orosius, and the Medieval Image of the World. In:
TALBERT, Richard & UNGER, Richard (eds.) Cartography in Antiquity and the Middle Ages: Fresh
Perspectives, New Methods. Bril: Leiden, Netherlands, 2008. p. 226.
161
308
RICOBOM. Introduo ao histrico da Cartografia e das concepes da forma da Terra. V.2.
Departamento de Geografia, UFPR: Curitiba, 2008. Pp.03-14.
309
WOODWARD, 304s.
162
Figura 15: Mapa do Mundo, de Beatus de Saint Sever. O mapa uma cpia do sculo XI feita na abadia
franca de Saint Sever, da obra original (o comentrio do Apocalipse) de Beato de libana, monge das Astrias
do sculo VIII.
Imagem de Patrimonio Editiones.Colagem nossa. Dados do manuscrito orginal: Bibliothque Nationale de
France. Ms. Lat.8878. Sculo 11, Ca. 1038.310
310
http://patrimonio-ediciones.com/en/facsimil/the-saint-sever-beatus ltimo acesso em 26/07/2014.
163
311
SCHTTE, Gudmund. Primaeval Astronomy in Scandinavia. In: Scottish Geographical Magazine,
n.04 (1920): 244-254.
312
SMITH, Catherine Delano. Cartography in Prehistoric Europe and the Mediterranean. In: HARLEY,
J.B. & WOODWARD, David (eds.). The History of Cartography. Volume I: Cartography in Prehistoric,
Ancient, and Medieval Europe and Mediterranean. Chicago: at the University Press, 1987. Pp.82s
313
A referncia completa: SCHNFELD, M. Lastronomie prhistorique em Scandinavie. La Nature,
no2444, 81-83. 05/02/1921
314
Destacam-se Ptolemys maps of northern Europe: a reconstruction of the prototypes, publicado pela
Royal Danish Geographical Society em 1917, e os posteriores A ptolemaic riddle solved, de 1952, e
Ptolemys maps and life, do mesmo ano.
315
SMITH, 87.
316
Idem, 91.
164
8000 manuscritos islandeses, apenas trs incluem mapas cinco mapas ao todo, mais
um mapa do sculo XII originrio provavelmente de Lund. Desses mapas, conhecem-se
quatro cpias posteriores317.
O pequeno nmero de mapas no indica um desconhecimento ou falta de
interesse geogrfico. O nmero de textos em prosa significantemente maior:
aproximadamente quatro cosmografias das quais vinte e cinco cpias foram
encontradas, diversos itinerrios, mas o mais importante, muita informao e referncia
geogrfica dispersa em toda a produo escrita, seja nas sagas, obras de cunho histrico
e de entretenimento318.
Os navegadores do norte e do Bltico no adquiriram o hbito de usar mapas na
navegao at muito tempo depois dos seus equivalentes mediterrneos no sculo
XVI, quando o uso de Portulanos j era prtica corrente no sul, tal costume ainda era
desprezado pelos mais antigos setentrionais319.
Os cartgrafos e navegadores mediterrneos, por sua vez, pragmticos, tinham
por hbito enfatizar e retratar as regies nas quais tinham contato frequente ou interesse
comercial. destarte, poucos Portulanos retratavam o Bltico e a Escandinvia at os
sculos XIV e XV, sendo que um nmero ainda menor com razovel fidelidade320.
mister ter-se em conta o contexto de tais sculos, que inclui o domnio
econmico da Liga Hansetica entre os sculos XIII-XVI, conflitos pela hegemonia
poltica entre os reinos escandinavos e as cidades germnicas (que, dentre outras
consequncias, colaborar no estabelecimento da Unio de Kalmar em 1397) e os
prprios efeitos da peste negra321 todos colaboradores no sentido de que o norte
europeu e a regio bltica manteriam posio perifrica em relao Europa do
Mediterrneo322.
Quanto prpria retratao da Islndia e das ilhas do Atlntico, a mesma
circunstncia se repete. H discusso sobre qual a primeira retratao cartogrfica da
317
SIMEK, Rudolf. Altnordische Kosmographie: Studien und Quellen zu Weltbild und Weltbeschreibung
in Norwegen und Island vom 12. bis zum 14. Jahrhundert. Berlin: Walter de Gruyter & Co, 1990. P. 60
318
SIMEK, Rudolf. Scandinavian World Maps. In: FRIEDMAN, John Block & FIGG, Kristen Mogg
(eds.). Trade, Travel and Exploration in the Middle Ages: An Encyclopedia. Rotledge, 2000.Pp. 537s.
319
CAMPBELL, Tony. Portolan Charts from the Late Thirteenth Century to 1500. In: HARLEY, J.B. &
WOODWARD, David (eds.). The History of Cartography. Volume I: Cartography in Prehistoric,
Ancient, and Medieval Europe and Mediterranean. Chicago: at the University Press, 1987. p.409.
320
CAMPBELL, 415.
321
MORTENSEN, Lars Boje & BISGAARD, Lars. Medieval Urban Civilization and its North European
Variant. In: BISGAARD, Lars, MORTENSEN, Lars Boje & PETTITT, Tom (eds.). Guilds, Towns, and
Cultural Transmission in the North, 1300-1500. Odense: University Press of Southern Denmark, 2013. P.
09.
322
MORTENSEN & BISGAARD. 08.
165
323
Informaes, mas sem a foto disponibilizada, em <http://www.manuscripta-mediaevalia.de/#|5>
324
SIMEK, 2000: 538.
166
325
Descrio e informaes do manuscrito em <http://handrit.is/is/manuscript/view/GKS04-1812>.
ltimo acesso em 21/10/2014.
326
RAFN, Carl Christian (ed). Antiquits Russes d'aprs les monuments historique des anciens et des
Islandais Scandinaves. Copenhague, 1850-1852, vol. 1.
327
KLUND, Kristian (ed). Landalsingar m.fl.. In: Alfri slenzk 3. Copenhague: Mller, 1917s.
167
Septemtrio Aquilo qui et boreas; Vvlturnus qui et calcias. Sub solanus. qui et afeliotes. Eurus
Ver tepidu(m)
Infancia tepor sangvinis.
Asia
Auster qui et nothus. Euro nothus Affricus qui et libs. Zephirus. qui et fauonius. Corus qui et ariestes.
Autumnus humidus
Senecta humor aqua
nvel superior contm Mesopotamia, e o nvel ainda superior a ele locais como
Parthia, Media, o que apresenta uma espcie de organizao em provncias e
localidades internas a estas em espcies de grupos contendo subgrupos, mas acaba por
no se apresentar de forma to precisa.
Nas regies da frica e Europa todos os nomes de localidades esto inseridos no
crculo central. Nos nveis superiores esto as indicaes de continente (AfRica e
EuRopa)
O flio 5v totalmente preenchido pela sia. Nessa seo, podem ser lidas
algumas breves descries e explicaes latinas acerca do clima, j citadas h pouco, e
os seguintes nomes:
328
Segundo Rafn nas Antiquits Russes, vol. II, p.392, Monstrosa.
329
O rio Don Tanais para os autores gregos, Tanakvisl para os escandinavos.
170
Occidens vestr
Auster qui et nothus. Euro nothus Affricus qui et libs. Zephirus. qui et fauonius. Corus qui et ariestes.
Autumnus humidus
Senecta humor aqua
AfRica EuRopa
Hic s(unt) Normannia Tile Island
solitu- E Brittannia
dines thi Vasconia
o Galicia
inacces pia Hispania
sibiles
(et) arene
usque, huc
Libia prouincia Garamannia Ibernia
Mediterranum Mare
Affrice que est Getulia ibi in- Anglia Scocia Norvegie Bia(r)ma(r)
circa Cirenen fantes ludunt Parmo Gautland habitavit hic.
montes330
serpentib(us) Sviio
Gallia Frisia
Gaulo insula ibi Danmorc Rvsia
Fra(n)cia] Saxonia
nec serpens nasci-
Germania
tur nec uiuit
La(n)gobardia
Numidia
Roma
Mauritanie.III. Kio
Italia
Pentapolis rgio Eronei331
Apulia
ibi sunt v urbes
Constantinopolis
Trogita prouincia Sparta
Tracia
ibi in uenitur carbu(n)- Scithia
Grecia
culus igneus (et) al- frigida
ter exacontalit(us).LX.
colorib(us) micans Misia
Bizancena fruc-
tissima terra
330
Para Klund, o correto seria Pireneus. In: Landalsingar m.fl.. In: Alfri slenzk 3. Copenhague:
Mller, 1917s.
331
Nmades.
172
332
JNSSON, Finnur (ed). Heimskringla: Nregs konunga sgur. Copenhagen: Gads, 1911. P.04.
174
- Na Heimslsing:
Hia Garariki liggia lond essi
[a.] Kirialir, Refalir, Tafeistaland
[b.] Virland, Eistland,
[c.] Lifland, Kurl [and],
[d.]
[e.] Erml [and], Plinaland334.
333
PRITSAK, 520; 529.
334
Heimslsing. In Hauksbk. AM 544, 4, f.3v. Ed. JNSSON, Finnur. P. 155.
176
335
Acerca da rvar-Odds saga , manuscritos e redaes, vide captulo 05.
336
In: RAFN, C.C. (ed.) Fornaldarsgur Nordrlanda. Vol. II. Kaupmannahfn, 1829. 30 K; p. 294.
177
3.2.1 Fino-gricos
337
MARCANTONIO, Angela (org). The Uralic Language Family: Facts, Myths and Statistics
(Publications of the Philological Society). Oxford: Wiley-Blackwell, 2002. pp.21ss, 35ss, 48ss.
338
DCSY, Gyula. Einfhrung in die Finnisch-Ugrische Sprachwissenschaft. Wiesbaden: Otto
Harrassowitz, 1965.
178
Sum em antigo russo. um termo encontrado nas estelas rnicas G 319 e U 582339.
Porm Finnar empregado geralmente nas sagas para os Sami, e no para
finlandeses; Samland, a Lapnia, destarte referida como Finnmark. Em Saxo
Grammaticus, Finnmarchia.
Uma exceo parece ocorrer no captulo 09 da lfs saga ins helga quando, em
um reide, lfr Haraldsson ataca Finnland, o texto em prosa cita os Finnar, mas a
poesia, os Finnlendingar340.
Na Estnia:
A Estnia contm quatro referncias certas, mais duas dbias em inscries
rnicas varegues, bem como uma descriminao terminolgica bastante acurada. Tal
circunstncia deve-se possivelmente importncia da rota comercial passando pelo
Golfo da Finlndia e o norte da Estnia a regio estoniana de Virumaa, que inclui a
costa norte do pas, a que possui maior referenciao nas estelas rnicas (trs
339
, 1976: 201; .
340
AALTO, Sirpa & LAAKSO, Ville. Karelia, Finland and Austrvegr. In: austrvega: Saga and East
Scandinavia. Preprint papers of The 14th International Saga Conference. Uppsala, 2009. p.07.
341
PRITSAK, 359.
342
ZILMER, Kristel. Learning about Places and People: Representations of Travelling Connections and
Communication situation in the Sagas of Icelanders. In: Sagas and Societies - Conference at Borgarnes,
Iceland, 2002. P. 01.
179
ocorrncias).
- Rifaland/ Refaland: termo que se refere regio da Revalia, sendo Reval o nome
medieval para a atual capital da Estnia, Tallinn. um termo no encontrado nas
estelas rnicas, mas nas fontes medievais, como de se esperar. Encontra-se Refalir na
Heimslsing e Rifaland na rvar-Odds saga (30).
343
Serkland termo que pode significar a regio alm Volga, no mundo muulmano, ou a regio os
Khazares, s margens do Mar Cspio. Como veremos no captulo 04, por vezes o nome empregado para
frica, medida em que se conecta com os islmicos.
344
A interpretao que skalat aistland endossada por Melnikova ( , 1977: 201). Tal
estela faz parte das chamadas Estelas de Yngvarr, srie de estelas que referem-se expedio de grande
alcance ao leste efetuada por Yngvarr , que terminou em desastre nas proximidades do Cspio, e que
iniciou-se no Bltico Oriental. Sua argumentao centraliza-se na interpretao de que a expedio de
Yngvarr partira da Estnia. Omeljan PRITSAK (p.362) considera tal interpretao errnea.
345
PRITSAK, 362.
180
- Rno: H uma possvel referncia ilha de Rno, no Golfo de Riga, na estela Vs 22,
mas a interpretao dbia e a estela, bastante danificada348.
346
MGI, 2011: 194; FINLAY, Alison & FAULKES, Anthony (trads.) Heimskringla University College
London: Viking Society for Northern Research, 2011. Pp.235 & 240.
347
FISCHER, Peter. On Translating Saxo. In: FRIIS-JENSEN, Karsten (ed.). Saxo Grammaticus: a
Medieval Author between Norse and Latin Culture. Museum Tusculanum Press: Copenhagen,1981. p.62.
CHRISTIANSEN, 1997: 111.
348
, .. : , , .;
, - . : , 1977. 206.
181
3.2.2 Os Baltos
349
, 1977: 200.
350
BOJTAR, Endre. Foreword to the Past: A Cultural History of the Baltic People. Budapeste: Central
European University Press, 1999 [1997]. p.58, nota 18.
351
GIMBUTAS, Marija. The Balts. London: Thames and Hudson, 1963. pp.97-102.
182
Legenda:
1. Nomes
blticos
frequentes;
2. Nomes
blticos
infrequentes;
3. Nomes
blticos raros e
questionveis.
Fonte: BOJTAR, Endre. Foreword to the Past: A Cultural History of the Baltic People. Budapeste:
Central European University Press, 1999 [1997].p.54.
352
, .., , .., 1962.
353
BOJTAR, 54.
183
Barford defende a identificao dos povos baltos com uma rea aproximada das
Culturas arqueolgicas Kievana, no perodo romano e Tumshmlya-Bansherovo,
Kolochin e Balachino, na primeira metade do sculo VI A.D354.
Temos, dessa forma, uma regio hipottica (porm consensual) de habitao
bltica que coincidia com a regio de florestas do norte europeu e circundando a regio
sul e oriental do Bltico, bordejando a oeste os povos germnicos, a sul proto-eslavos e
povos das estepes e a norte e leste populaes no indo-europias de idiomas fino-
gricos.
Por conseguinte, os povos blticos foram particularmente afetados com as
expanses eslvicas, tanto dos eslavos de leste para o norte da Rssia nos sculos VIII e
IX quanto dos eslavos ocidentais que chegaram s costas blticas no sculo VI.
As fontes escritas sugerem que nesse processo de expanso eslvica o ramo
bltico oriental ficou isolado do ramo ocidental pelos eslavos de leste. A referncia
nesse sentido dada pela Pviest vrimennikh liet, ao citar a resistncia dos povos
chamados de Galindoi, que Gimbutas identifica como baltos, aparentemente separados
de outros povos e de similaridade etno-lingustica, e que iriam migrar para a regio leste
das atuais Letnia e Litunia. Nota-se que entre as tribos prussianas do sculo XIII a
regio mais limtrofe e meridional era chamada de Galinda.
A identificao entre esses galindos e os das proximidades de Moscou no
totalmente inequvoca. A prpria etimologia do termo pode apresentar concluses
diversas. Termos blticos similares (leto gals, lituano galas) possuem campo
semntico relativo a fim, trmino, e, dessa forma, razovel pressupor que regies
limtrofes, fronteirias ou distantes poderiam receber nomes com tal terminologia.
Os grupos de relevncia especfica no contexto de primrdios da Rus so
principalmente trs: diversas tribos prussianas habitando as regies da atual pennsula
de Kaliningrado, as tribos lituanas, dentre as quais incluem-se os samogcios, e as tribos
lets, das quais destacam-se kurs, zemglios e latglios.
Conquanto as fontes russas e germnicas refiram-se com frequncia s tribos
lituanas, as fontes escandinavas, sejam de forma escrita tradicional ou na forma de
estelas rnicas, no o fazem nunca, antes enfatizando os kurs (kurir) e zemglios
(semgallir), com os quais travavam maior contato.
354
BARFORD, 394s, Map I e Map II.
184
Na Letnia:
Os povos habitantes no territrio da atual Letnia so referenciados em sete
inscries rnicas dos varegues, em adio s fontes escritas. Duas referncias aos
livnios (descritos juntamente aos povos fino-gricos acima), quatro aos semgallir, uma
regio do Venta, na Kurzeme, e uma entrada do Daugava. o maior nmero de
185
355
, 1977: 208; PRITSAK, 364.
187
356
SAAKS, Edgar. Eesti viikingid. 2005, pp. 31-34.
357
VUORELA, 206; MGI, 2011: 194.
358
STONKUT, Loreta. Kurinink tarms lituanizmai. In: Studentu zintnisks Konferences Aktuli
baltistikas jautjumi tzes. Latvijas Universittes Filoloijas fakulttes, 2002. Pp.43s.
188
Na Antiga Prssia:
Smland/Lanland, Ermland, Vitland: regies da Prssia Oriental, tribos baltas
indo-europias. A esta regio foi aplicado o termo Aistland por historiadores
da antiguidade (em particular na Germania de Tcito) e a verso anglo-saxnica
de Orsio feita por Alfredo, bem como a viagem de Othere, relatado tambm por
Alfredo, o que gera confuso com a Eistland Estnia, de carter diverso,
entretanto. Quando as sagas e Snorri Sturlusson referem-se a esti,
normalmente o fazem tendo em mente estonianos.
As correspondncias com topnimos blticos so Smland Semba;
Ermland Varme (Warmia). Marika Mgi argumenta por uma possvel mistura
de terminologias tnicas, defendendo a possibilidade de que o uso de Samland
possa, por vezes, implicar na Kurzeme360, mas trata-se de uma posio bastante
isolada.
A regio da Prssia oriental continha algumas das maiores
concentraes de depsitos de dirheims do mundo islmico. Noonan e Bogucki
defendem que habitantes das costas eslavas do bltico, bem como antigos
prussianos, tenham sido os primeiros intermedirios no comrcio de dirheims
359
NERMAN, Birger. Funde und Ausgrabungen in Grobia, 1929. In: Congressus Secundus
Archaeologorum Balticorum Rigae, 19.-23. VIII. 1930. Riga, 1930. pp.195-206.
360
MGI, 2011: 194.
189
Litunia?
361
BOGUCKI, Mateusz. The Beginning of Dirham Import to the Baltic Sea Zone and the Question of
Early Emporia. In: LUND HANSEN, Ulla, BITNER-WRBLEWSKA, Anna (eds.). Worlds Apart?
Contacts Across the Baltic Sea in the Iron Age, Network Denmark-Poland 2005-2008, Det Kongelige
Nordiske Oldskriftselskab Pastwowe Muzeum Archeologiczne (Copenhagen (et al.), 2010), pp. 351-
361.
362
, 1977: 208; PRITSAK, 364.
190
363
GIMBUTAS, 33-36.
364
LAITINEN, Virpi, LAHERMO, Pivi, SISTONEN, Pertti, SAVONTAUS, Marja-Liisa. Y-
Chromosomal Diversity Suggests that Baltic Males Share Common Finno-Ugric-Speaking Forefathers.
In: Human Heredity. 2002. 53: 68ss.
191
3.2.4 Bjrmaland
365
ROSS, 1981.
366
KOSKELA VASARU, Mervi. Bjarmaland. Phd thesis, University of Oulu, 2009; ___________.
Bjarmaland and Interaction in the North of Europe from the Viking Age until the Early Middle Ages. In:
Journal of Northern Studies. Vol 06, N.02, 2012. Ume.
193
Bjarmar:
Lapes (saami) so os Finnar das fontes escandinavas, citados h pouco.
Segundo os argumentos de Vasmer (que se fundamentam basicamente no
campo da lingustica e anlise de topnimos, importante salientar), a
distribuio antiga dos saami incluiria reas ao sul do Mar Branco (incluindo a
foz do Dvina setentrional) e a rea a nordeste do lago Onega. Entretanto, como
Ross salienta, Othere descreve os Saami em sua viagem como os Terfinnas, a
seguir passando para os Beormas, os quais descreve como outras populaes.
pouco provvel que o autor fosse descrever duas a mesma populao
seguidamente por duas nomenclaturas diferentes, e poderamos fazer facilmente
uso do mesmo argumento para a descrio dos saami como finnar nas fontes
escandinavas, ou mesmo de frequentes ocasies aonde finnar e bjarmar so
citados um prximo ao outro. Via de regra as fontes que descrevem a viagem
Bjarmaland via o norte da Noruega descrevem primeiramente encontros com os
Finnar, e posteriormente com os Bjarmar. Um exemplo claro disto d-se na
prpria rvar-Odds saga, e circunstncia lgica ao considerar os habitantes de
norte da Noruega e pennsula de Kola os lapes, pelos quais os viajantes
precisam passar antes de chegar ao Mar Branco.
Outro argumento contra a identificao de Bjarmar com Saami a
referncia, ainda de Othere, que os Beormas praticam agricultura e possuem
modo sedentrio de vida. Ainda que pontual, referncia significativa, ao ser
feita em contraposio a um modo nmade atribudo aos Terfinnas / Finnar.
Fica excluda, portanto, a identificao de Bjarmar com Saami.
Komi
Os Komi so os habitantes dos distritos russos aos quais se aplica o termo
Grande Prmia, e aonde a prpria cidade de Perm encontra-se. Atualmente
distribuem nos governos de Vyatka, Vologda, Perm' e Arkhangelsk'. Os Komi so as
prprias populaes as quais o termo Perm aplicado; constituem com os Udmurt o
ramo Komi-Permyak da famlia lingustica fino-grica. Vasmer o nico
proponente de peso para esta identificao. Para ele, os Bjarmar/Beormas seriam
Antigos Permianos (Zyrian-Komi). Ele apresenta evidncia toponmica de uma
distribuio mais ampla rumo a oeste e norte em tempos anteriores, incluindo
territrios que no influem em nossa discusso como Olonets, Novgorod, Vologda,
195
367
ROSS, 1981: 54.
196
374
apud VILKUNA, 649ss. In: CHESTNUT, 78.
375
SAARIKIVI, Janne. Substrata Uralica: Studies on Finno-Ugrian Substrate in Northern Russian
Dialects. Tartu: Tartu University Press, 2006.
198
376
SAWYER &SAWYER, 2003; pp. 219-224; 230-238.
377
WANNER, Kevin. Snorri Sturlusson and the Edda: The Conversion of Cultural Capital in Medieval
Scandinavia. University of Toronto Press, 2008.
378
Skldr significa poeta em antigo nrdico. O termo de incio genrico para qualquer tipo de
poeta, mas tornou-se de adoo especfica para os que tratavam com a poesia escldica encontrada nas
sagas e fontes islandesas antigas, regida por regras e parmetros especficos. SKLD. WHALEY, Diana
Edwards. In: PULSIANO, Phillip et al. (Eds.). Medieval Scandinavia: An Encyclopedia (Garland
Encyclopedias of the Middle Ages). New York: 1993.
379
WINROTH, Anders. The Conversion of Scandinavia: Vikings, Merchants, and Missionaries in the
Remaking of Northern Europe. Yale University Press: New Haven & London, 2012. pp.42s.
380
WANNER, Op. cit.
200
Rei Arcebispo
Eskil (ca.1100-1181)
Valdemar I (1157-1182)
Absalo (ca. 1128-1202):
Bispo em Roskilde: 1158-1192
Arcebispo em Lund: 1178-1202
Knut IV (1182-1202)
Valdemar II (1202-1241) Anders Sunesson (1167-1228)
Arcebispo em Lund: 1202-1228
381
JANSEN & HANSEN 02ss.
382
DAVIDSON, Commentary, 11.
201
383
Byskupa sgur 1948: I 263.
202
384
WANNER, 2008.
385
SAWYER & SAWYER, 2003: 221.
386
CHRISTIANSEN, 1992: 04.
387
CHRISTIANSEN, 1992: 22
203
Sverris saga (na Noruega) defenderiam ideais polticos teocrticos, de forma contrria
Gesta de Saxo Grammaticus (Dinamarca) e Theodoricus, na Noruega, que defenderiam
ideais da prpria Reforma gregoriana e em suporte primazia da Igreja. Por sua vez, o
islands Snorri traduziria bem a voz da aristocracia.
Estas diferenas de concepes polticas estariam ligadas s provenincias dos
autores, ou aos ncleos de poder aos quais os mesmos estariam ligados. Snorri advm
de um contexto islands no qual o conflito entre a tentativa do rei da Noruega em
concentrar poder e restringir a autonomia dos islandeses bate de frente com as prprias
tentativas de maior autonomia dos chefes locais da Islndia. Na Dinamarca, Saxo
Grammaticus estava diretamente sob comisso dos arcebispos de tradio reformada na
igreja danesa: Absalo e Anders Sunesson; j Sven Aggesen fora oriundo da famlia
Thurgot da Jutlndia, tradicional defensora dos privilgios do rei em relao Igreja.
Ora, necessrio cuidado na confeco de correspondncias unvocas to
claras e simples. Tomemos o caso especfico de Sven Aggesen. Querelas familiares no
consistem, em contexto algum, em processos simples e unvocos. O simples
pertencimento famlia dos Thrugut no define necessariamente a posio poltica de
Sven.
Destaquemos o bvio: a defesa de uma concepo teocrtica, medida em que
defende o rei enquanto enviado Terra, refora o seu poder e autonomia em relao a
Igreja e o coloca em posio igual ou superior ela, consistindo em contradio com as
ideias da reforma e os preceitos resumidos no Dictatus papae, que defendem
exatamente inverso, e um poder mais concentrado na mo dos religiosos.
Os Thugut e Sven Aggesen supostamente comungam de tal posio teocrtica.
Ora, da mesma famlia sara anteriormente Eskil. O arcebispo reformador
escandinavo. Devemos salientar que as memrias do arcebispo, escritas em seu exlio
em Clairvaux, sugerem que ele no se encontrava exatamente em bons termos com seu
irmo Aggi (pai de Sven), e suas posies polticas e religiosas podem explicar parte
considervel de tal mal-estar.
Em suma, correspondncias simples so teis, mas perigosas. Podem explicar,
mas podem esconder, e necessrio um olhar mais cuidados e aprofundado caso a caso.
Retornemos difuso de obras escritas. Ainda Peter e Birgit Sawyer388
explicam esta concentrao de escritos como reflexo da consolidao do poder real
388
SAWYER & SAWYER, 2003: 230.
204
4.2.1 Histrico389
389
As informaes acerca de Snorri Sturlusson podem ser encontradas na Sturlunga Saga, uma coleo
de vrias sagas de autorias diversas efetuada no sculo XIII. A ttulo de praticidade empregaremos aqui
MAGNUSSON, Magnus & PLSSON, Hermann (trads). King Haralds saga: Harald Hardradi of
Norway from Snorri Sturluson. Translated with an introduction by Magnus Magnusson and Hermann
Plsson. New York : Dorset Press, 1986.Pp. 15-19.
205
390
Espcies de reunies, ajuntamentos ou assembleias formadas por homens livres, de carter
principalmente jurdico e legislativo, e comuns entre os povos de origem germana. Os ingi definiam a
aplicao das leis, banimento de criminosos, mas foi, por exemplo, um ingr que votou a adoo do
Cristianismo na Islndia, quando se reuniu (circunstncia no to comum) um ingr geral, ou Alingr.
ALINGI. BYOCK, Jesse. In: PULSIANO, Phillip et al. (Eds.). Medieval Scandinavia: An Encyclopedia
(Garland Encyclopedias of the Middle Ages). New York: 1993, p.10.
206
Em 1218 viaja para a Noruega a convite do rei Hkon Hkonarsson (ento com
10 anos de idade) e seu regente, Jarl Skuli. No ano seguinte viaja Sucia, sendo bem
recebido na corte de outro Jarl; desta feita, Jarl Hakon, o louco - para o qual Snorri j
compusera anteriormente um poema que lhe rendeu generosos presentes. Nesta ocasio
Snorri compor outro poema, nomead Andvaka, em honra viva do mesmo.
Estabelecer tambm contato com o legislador Eskil Magnusson e sua esposa Kristina
Nilsdottir Blake, circunstncias provveis nas quais Snorri tenha informado-se mais
detalhadamente sobre a histria sueca.
Os regentes noruegueses intitulam Snorri como skutilsvein, um ttulo similar ao
de cavaleiro. Tal movimento tem carter poltico, bem inserido nas estratgias de
extenso da autoridade real norueguesa Islndia, aproveitando-se da posio-chave de
Snorri junto ao Alngr.
Snorri retorna Islndia em 1220. Em agradecimento aos seus patronos
noruegueses, compe o poema Httatal (lista de mtricas), composto de 102 estrofes,
nas quais ele ilustra as diversas mtricas da poesia escldica, e com o qual encerra a
Edda menor. Em 1222 novamente feito legislador do Alngr, posio na qual
permanece at 1231.
significativo notar que, at ento, Snorri visto por seus prprios familiares
como defensor e simpatizante da monarquia, posio que lhe rendeu uma srie de
conflitos. Esta posio deve ser levada em considerao na leitura de anlise que, como
referimo-nos anteriormente, classificam simplisticamente Snorri como um porta-voz da
aristocracia islandesa.
As disputas polticas entre alguns goar na Islndia e entre os prprios
Sturlungar acentuam-se entre os anos de 1222 a 1231. Ocorre uma ciso entre os
Sturlungar; de um lado cooca-se Sighvatr, irmo de Snorri, com seu filho Sturla, em
oposio a Snorri com seu sobrinho da parte de or, Bvar.
Supe-se que Snorri tenha escrito a Heimskringla nos anos prximos a 1230.
Em 1232 ele no mais legislador do Alngr. O rei Hkon da Noruega convida os
goar da Islndia a irem para a Noruega, para, supostamente, mediar suas disputas.
Snorri retorna Noruega em 1237, mas comete um erro poltico e, ao invs de
apoiar ao rei Hkon, julga que seria mais proveitosa uma aliana com jarl Skuli. Nos
anos seguintes, Snorri retorna Islndia (1239), em meio a uma intensificao de
conflitos, principalmente com Gissur orvaldsson, enquanto na Noruega o rei Hkon
ocupa-se em seus prprios conflitos com jarl Skuli.
207
Skuli morto em 1240. Quanto a Snorri, seria morto em sua prpria residncia
em Reykholt por Arni Beiskur, em 1241. A unio da Islndia com a Noruega ser
ratifica pelo Alngr apenas em 1262, aps a continuidade de disputas, tanto interinas
quanto com a Noruega.
As obras de Snorri consistem na Edda menor, talvez a Egil saga391 e a
Heimskringla. de nosso interesse a anlise de partes especficas da Edda menor e da
Heimskringla, que o que faremos a seguir.
4.2.2 A Heimskringla
391
A atribuio da autoria da Egils Saga Skalagrmssonar Snorri Sturlusson foi proposta por Gruntvig
primeiramente em 1818 em sua traduo da Heimskringla, mas ganhou fora aps a traduo de Sigurur
Nordal em 1933. No aceite de forma plena e consensual. Diversos autores, dentre eles CORMACK
(2001) e BOULHOSA (2005) questionam-na, em discusso similar prpria discusso sobre a atoria da
Heimskringla.
392
FINLAY & FAULKES. 2011: xiii.
208
de que os mesmos tinham acesso a manuscritos agora perdidos que continham a autoria
expressa, com poucas excees.
Jon Gunnar Jrgensen v tal crena num manuscrito predido como pouco
convincente, sugerindo que a alegao da autoria de Snorri da parte de Friis e Hanssn
fundamamentam-se menos na tradio datada dos tempos medievais do que na
discusso acadmica do prprio sculo XVI. Salienta que um dos manuscritos da obra,
o Codex Frisianus (F), atribui a autoria a Ari orgilsson inn Fri, e que Friis e
Hanssn deliberadamente teriam desconsiderado tal atribuio393.
Jonna Louis-Jensen (1997)394, Alan Berger (1999)395, Margaret Cormack
(2001)396 e Patrcia Pires Boulhosa (2005)397 tambm questionam a autoria de Snorri.
Em adio aos problemas levantados por Jrgensen, adicionam questes envolvendo a
autoria individual e coletiva no medievo.
So, no entanto, poucas vozes dissonantes em meio a uma tradio bem
estabelecida que aceita de bom grado a autoria de Snorri Sturlusson, nem que por
convenincia398.
393
JRGENSEN, Jon Gunnar. Snorre Sturlesns Fortale paa sin Chrnicke: Om kildene til
opplysningen om Heimskringlas forfatter. Gripla 9, 1995. Pp.4562.
394
LOUIS-JENSEN, Jonna. Heimskringla: Et vrk af Snorri Sturluson?. In: Nordica Bergensia, 14, 1997.
Pp. 230-245.
395
BERGER, Alan J. Heimskringla and the Compilations. In: Arkiv fr nordisk filologi, 114, 1999.
Pp.05-15.
396
CORMACK, Margaret. Egils saga, Heimskringla and the Daughter of Eirkr blx. In: Alvssml,
10, 2001. pp.66s.
397
BOULHOSA, Patricia Pires. Icelanders and the Kings of Norway: Mediaeval Sagas and Legal Texts.
Leiden and Boston: Brill, 2005. Pp.08-10.
398
JNSSON, 1911; WANNER, 2008: 26ss; FINLAY & FAULKES, 2011: vii s.
209
cpia feita no sculo XVI de um manuscrito do sculo XIII, conhecido tambm como
Trektarbk) 399.
Os manuscritos no concordam totalmente entre si, sua relao complexa e
alguns tambm trazem outras obras. Dentre os principais se destacam o Codex Regius e
o Codex Uppsaliensis. O Codex Regius o mais completo, e normalmente utilizado
para as edies da Edda. O Codex Uppsaliensis, no entanto, mais antigo, contm
menos inseres e mais condensado que o Codex Regius. O Codex Wormiamus possui
uma verso bastante extendida do Prlogo, contendo inseres com referncias bblicas
e a deuses gregos, mas tambm contm outros materiais relativos poesia, incluindo o
Primeiro Tratado Gramatical.
Uma das primeiras Stemma foi proposta por Van Eeden no final do sculo XIX,
com acrscimos de Finnur Jnsson na dcada de 1930:
Figura 19: Van EEDEN, Stemma. In: JNSSON, Finnur (ed.). Edda Snorra
Sturlusona: Udgivet efter hndskrifterne. Nordisk Forlag: Kbenhavn, 1931 P.
XXXVII.
Segundo tal interpretao, uma verso original P teria dado origem a duas
outras redaes, respectivamente x e z. Enquanto x originaria o Codex Wormianus (W)
em um ramo e o Regius (R) e o Trajectinus (T) em outro, a redao z daria origem ao
Codex Uppsaliensis (U).
Muitas outras proposies foram colocadas ao longo dos tempos sobre a
situao, mas no cabe aqui discutirmos uma a uma. Uma tese geralmente aceita de
que todos os manuscritos baseiam-se em um exemplar perdido, e duas posies
contraditrias so dominantes: ou Codex Uppsaliensis foi uma verso encurtada do
Codex Regius, ou este foi uma verso ampliada daquele400.
Plsson partidrio de uma terceira opo, baseada na tese de doutoramento de
Friedrich Mller, defendida em 1941 e intitulada Untersuchungen zur Uppsala-Edda.
399
ROSS, Margaret Clunies. A History of Old Norse Poetry and Poetics. Woodbridge: Boydell &
Brewer, 2012[2005]. P.151.
400
PLSSON, 2012: xlii.
210
Segunda esta teoria, o prprio Snorri escrevera duas verses da Edda, que teriam dado
origem s duas principais redaes conhecidas atravs de U e R401.
A edio de Finnur Jnsson, baseada primariamente no Codex Regius , antes
de uma edio de um dos cdices, um reflexo da tentativa do mesmo de se chegar a uma
forma arquetpica ou original, objetivo que tem sido considerado impossvel402.
Em relao autoria, a Edda atribuda a Snorri no Codex Uppsaliensis, no
qual se l em sua pgina inicial:
Este livro se chama Edda. Ele foi compilado (seiti saman) por Snorri
Sturlusson da maneira que est ordenado aqui.
401
PLSSON, 2012: xliii.
402
FAULKES,Anthony (ed.) Edda: Prologue and Gylfaginning. University College London: Viking
Society for Northern Research, 2005. P. xxx.
403
Bk essi heitir Edda. Hana hefir saman setta Snorri Sturluson eptir eim htti sem hr er skipat..
In: PLSSON, 2012:.06.
404
FAULKES. 2005: xiv.
405
Idem, xiv.
211
406
FAULKES, 2005: xvi.
407
WANNER, 2008.
212
No lado sul das montanhas que ficam na orla externa de todas as terras
habitadas corre um rio chamado Svj, que corretamente chamado
pelo nome de Tanais; mas foi anteriormente chamado de Tanakvsl,
ou Vanakvsl, e que desgua no Mar Negro.
408
Kringla heimsins, s er mannflkit byggvir, er mjk vgskorin; ganga hf str r tsjnum inn
jrina. Er at kunnigt, at haf gengr fr Nrvasundum ok alt t til Jrsalalandz; af hafinu gengr langr
hafsbotn til landnorrs, er heitir Svarta-haf.
skilr heimsrijungana: heitir fyrir austan s, en fyrir vestan kalla sumir Eurp, en sumir ne. En
noran at Svarta-hafi gengr Svj in mikla ea in kalda; Svj ina miklu kalla sumir menn eigi minni
en Serkland it mikla; sumir jafna henni vi Blland it mikla; inn nrri hlutr Svjar liggr byggr af
frosti ok kula, sv sem inn syri hlutr Bllandz er aur af slarbruna. Svj eru strheru mrg; ar
eru ok margs konar jir ok margar tungr: ar eru risar ok ar eru dvergar, ar eru ok blmenn, ok ar
eru margs konar undarligar jir, ar eru ok dr ok drekar furuliga strir. r norri fr fjllum eim, er
fyrir tan eru bygg alla, fellr um Svj, s er at rttu heitir Tanais, hon var forum kllu Tanakvsl
ea Vanakvsl; hon kmr til sjvar inn Svarta-haf. Vanakvislum var kallat Vanaland ea
Vanaheimr. S skilr heimsrijungana: heitir fyrir austan s, en fyrir vestan Eurp. In: JNSSON,
1911: 04.
213
409
Verldin var greind rjr hlfur. Fr suri vestr ok inn at Mijararsj, s hlutr var kallar Affrca.
Hinn syri hlutr eirar deilar er heitr ok brunninn af dlu. Annarr hlutr fr vestri ok til norrs ok inn til
hafsins, er s kallar Evrop ea Enea. Hinn nyrri hlutr er ar kaldr sv at eigi vex gras ok eigi m
byggja. Fr norri ok um austrhlfur allt til surs, at er kallat As. In: FAULKES, 2011: 04.
410
elli sinni skiptir Ni heiminum me sonum snum. tlai hann Cham vestrhlfu, en Japheth
norrhlfu, en Sem surhlfu.
In: The extended Prologue to Gylfaginning from Codex Wormianus [W] with the extended portions
highlighted in red. Obtido em:
<http://www.germanicmythology.com/ProseEdda/AndersonPrologue.html>
Edio crtica e anlise contidas na tese de doutoramento de Tarin Willis:
< http://homepages.abdn.ac.uk/cgi-bin/cgiwrap/wag017/mg-
new.cgi?t=1&idl=1&nf=1&w=go&w=sm.1>. ltimo acesso e 12/11/2004.
216
411
FAULKES, Anthony. Descent from the Gods. In: Mediaeval Scandinavia 11, 1978-89. P.12.
217
412
eim hlut veraldar er ll fegr ok pri ok eign jarar vaxtar, gull ok gimsteinar. ar er ok mi
verldin; ok sv sem ar er jrin fegri ok betri llum kostum en rum stum, sv var ok mannflkit
ar mest tignat af llum giptum, spekinni ok aflinu, fegrinni ok alls kostar kunnustu. In: FAULKES,
2011: 04.
218
ouro e pedras preciosas. H uma srie de versos bblicos que podem ser origem de
alguns termos como (...) todas as bnos: sabedoria e fora, beleza, e toda forma de
habilidade, tornando difcil uma associao nica.
As ideias expressas no versculo de Gnesis 02:08 e no captulo 21 do
Apocalipse que trata da Jerusalm celestial - so fundamentais nas associaes e
criao de tradies que ligam o leste ao paraso, a utopias e similares, de forma
demasiadamente ampla e disseminada na Cristandade Medieval413 para ser discutida
aqui. A localizao do den claramente referida no texto bblico como no Oriente:
413
RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros Ribeiro. O Inferno e o Paraso: Cartografia e Paisagem (Scs.
XII-XV). In: Histria Revista. Dossi: Idade Mdia. 5(1/2); jan./dez., 2000. P.25.
414
() en hann var farinn Austrveg at berja troll. In: PLSSON, 2012: 60.
415
ATKINSON, Hugh. Upp ek r verp ok Austrvega: death overseas and the dead in the East.
Comunicao apresentada na XIV Saga Conference, Austrvega, 2008.
416
ELLIS, 1968: 171.
219
4.2.6 O Evemerismo
417
Fyrir austan Tanakvsl s var kallat saland ea saheimr, en hfuborgin, er var landinu,
klluu eir sgar. En borginni var hfingi s, er inn var kallar; ar var bltstar mikill. at var
ar sir, at xii. hofgoar vru ztir; skyldu eir ra fyrir bltum ok dmum manna milli; at eru dar
kallair ea drttnar; eim skyldi jnostu veita ok lotning alt flk.
inn var hermar mikill ok mjk vfrull ok eignaist mrg rki; hann var sv sigrsll, att hverri
orrostu fekk hann gagn; ok sv kom, at hans menn tru v, at hann tti heimilan sigr hverri orrostu(...)
Sv var ok um hans men, hvar sem eir uru nauum staddir sj ea landi, klluu eir eiga nafn
hans, ok tti jafnan f af v fr; ar ttusk eir eiga alt traust, er hann var. Hann fr opt sv langt
brott, at hann dvalisk ferinni mrg misseri. In: JNSSON, 1911: 04s.
221
ela aberta ou cavada, a grama cresce sobre o solo que est mais
prximo superfcie. As pessoas pensam nas rochas e pedras como
comparveis aos dentes e ossos das criaturas vivas. Assim eles
entendem que a Terra viva e tem vida prpria. Eles tambm sabem
que, em termos de anos, a Terra maravilhosamente velha e poderosa
por sua prpria natureza. Ela d nascimento a todas as coisas vivas e
declara propriedade sobre tudo o que morre. Por esta razo, eles
deram a ela um nome e traaram suas origens a ela419.
(Edda menor, Codex Regius. Prlogo.Verso nossa)
419
Milai hann ok spekina sv at eir skilu alla jarliga hluti ok allar greinir r er sj mtti loptsins
ok jararinnar.
at hugsuu eir ok undruusk hverju at mundi gegna, er jrin ok drin ok fuglarnir hfu saman eli
sumum hlutum ok var lk at htti. at var eitt eli a jrin var grafin hm fjalltindum ok spratt
ar vatn upp ok urfti ar eigi lengra at grafa til vaz en djpum dlum. Sv eru ok dr ok fuglar, at
jafnlangt er til bls hfi ok ftum.
nnur nttra er s jarar, at hverju ri vex jrinni gras ok blm ok sama ri fellr at allt ok flnar.
Sv eru ok dr ok fuglar, at eim vex hr ok fjarar ok fellr af hverju ri.
at er hin rija nttra jarar er hon er opnu ok grafin grr gras eiri moldu er efst er
jrunni. Bjrg ok steina ddu eir mti tnnum ok beinum kvikenda. Af essu skilu eir sv at
jrin vri kyk ok hefi lf me nokkurum htti, ok at vissu eir at hon var furuliga gmul at aldartali
ok mttug eli. Hon fddi ll kvikvendi ok hon eignaisk allt at er d. Fyrir sk gfu eir henni
nafn ok tlu ttir snar til hennar. In: FAULKES, 2011: 03.
420
eim hlut veraldar er ll fegr ok pri ok eign jarar vaxtar, gull ok gimsteinar. ar er ok mi
verldin; ok sv sem ar er jrin fegri ok betri llum kostum en rum stum, sv var ok mannflkit
ar mest tignat af llum giptum, spekinni ok aflinu, fegrinni ok alls kostar kunnustu. In: FAULKES,
2011: 04.
223
421
Obras emblemticas: PETERSEN, Karl Nikolai Henry. Om Nordboernes Gudedyrkelse og Guderto i
Hedenold: Em antikvarisk Undersgelse. Kbnhavn: C.A. Reitzels Forlag, 1876 & SALIN, Bernhard.
Studier tillgnade Oscar Montelius. Stockholm: Norstedt, 1903.
422
HEUSLER, Andreas. Die gelehrte Urgeschichte im altislndischen Schrifttum. Verlag der
Kniglich Preuischen Akademie der Wissenschaften: Berlin, 1908.
423
Pr-histria ensinada.
224
XIII que bebe de outros historiadores europeus, como Fredegarius Scholasticus (ca.658-
661), Pseudo-Fredegarius (da Gesta Francorum, ca.727), Isidoro de Sevilha e Geoffrey
de Monmouth424-425.
Por fim, outra corrente interpretativa de relevncia a escola da mitologia
comparativa, ou estruturalista, representada por Georges Dumzil, que incorpora a
mitologia escandinava ao esquema tripartite indo-europeu. Dumzil (1992)[1970]
defendia uma posio diametralmente oposta ao historicismo de, entre outros autores,
Paul Hermann. Alguns pontos significativos em sua trajetria, com impacto em sua
aplicao no estudo de Snorri, so as publicaes de Mythes et dieux des Germains -
Essai d'interprtation comparative (1939), Loki (1948), Les Dieux des Germains, essai
sur la formation de la religion scandinave (1959), Du mythe au roman, la Saga de
Hadingus et autres essais (1970)426.
Roma. De fato, ela perpassa a Antiguidade Tardia e a Alta Idade Mdia. H relatos
histricos escritos tanto sculos antes do desenvolvimento dos ciclos literrios em
Francia quanto contemporneos a eles.
Torna-se um expediente frequente ligar o destino de refugiados de Troia ou
seus descendentes ao passado das naes europeias; DArcier afirma que as nicas
excees ao uso de tal expediente so os autores espanhis e irlandeses,428 afirmao
com a qual discordamos - em breve mostraremos, por exemplo, que ela no se aplica a
Saxo. Ao Dictis Cretensis e o Daretis Phrygii, devemos adicionar a prpria Eneida de
Virglio enquanto fonte de inspirao para uma srie de autores europeus429.
O primeiro emprego das origens troianas para um povo europeu efetuado
pelo Pseudo-Fredegrio (c. 727), que o aplica aos francos 430. Um caso relevante para a
historiografia escandinava a obra Historia Regum Britaniae de Geoffrey of Monmouth
(ca.1100-1155) esta ltima, note-se, mais ligada Matria da Bretanha do que
Matria de Roma, mas que bebe igualmente da histria de Troia.
No livro I de sua Historia Regum Britanniae, Geoffrey of Monmouth conta que
aps a guerra de Tria, Eneas refugiou-se na Itlia. Seu bisneto Brutus seria banido, mas
algum tempo depois fora conduzido pela deusa Diana para uma ilha no ocidente, que ele
nomeia Britannia, segundo o seu prprio nome. s margens do Thames fundaria a
cidade de Troia Nova, posteriormente renomeada para Londinium a London atual. H
indcios fortes de que em vrios momentos Geoffrey of Monmouth tenha empregado a
Eneida de Virgilio431.
Esta digresso literria e histrica nos necessria porque toca diretamente na
questo da transmisso da temtica para a Escandinvia. Geoffrey de Monmouth
considerado uma das fontes e modelos principais para a Gesta Danorum de Saxo
Grammaticus432, cujo prprio domnio do latim nos d mostras de conhecimento de
Virglio433.
Entretanto h na Islndia uma traduo de provavelmente da metade do sculo
428
DARCIER, 14.
429
MOLCHAN, George Gregory. Translating Arthur: The Historia Regum Britaniae of Geoffrey of
Monmouth and Roman de Brut of Wace. Doctorals dissertation: Louisiana State University, December
2013. P.76.
430
DARCIER, 14.
431
MOLCHAN, 76.
432
ELLIS-DAVIDSON, 2006: 09, 53, 56, 72, 92, 160.
433
Idem, pp.01, 05-08, 142.
226
XIII434 para o vernculo, da Daretis Phrygii de excidio Trojae historia. A obra veio a ser
chamada de Trjumanna Saga Saga dos homens de Troia. Ela se enquadra no
gnero conhecido como Riddarrasgur, ou Sagas cavalheirescas, que normalmente
consistem em tradues de Chansons-de-Geste e literatura cortes para o antigo
nrdico.
Esta obra possui ao menos trs redaes. A primeira, mais antiga, presente no
Hauksbk, recebeu por tal razo o seu nome; as outras duas, provavelmente mais
tardias, qui do sculo XIV435, foram chamadas de alfa e beta. Enquanto a verso
do Hauksbk bastante prxima Daretis Phrygii, encontram-se nas outras redaes
influncias de autores latinos, provavelmente a Ilias latina e a Heroides de Ovdio436.
Em vista de tal variedade de redaes e origens, no h possibilidade segura de
se conhecer quais foram as fontes exatas de Snorri Sturlusson, tampouco as obras que o
mesmo possua a sua disposio; sequer se sabe com certeza qual fora o seu
conhecimento de latim437.
possvel que tivesse acesso s tradues efetuadas dos gregos, qui da
Eneida. igualmente possvel que tenha se valido de alguma traduo das mesmas para
o antigo nrdico, tendo esta traduo conexo ou no com a Trjumanna saga.
Quanto s diferenas de paternidade ou descendncia entre inn e rr
encontradas no Prlogo e na Gylfaginning, julgamo-las poucas para atestar uma
paternidade diversa ao Prlogo ao menos em uma suposta redao arquetpica, do
qual provavelmente a contida no Codex Uppsaliensis seja a mais prxima.
O projeto da Edda como um todo similar construo de camadas
sucessivas; seu ncleo, seu centro, o Hattatl. Para compreend-lo, o leitor precisa de
dois campos do conhecimento bastante diversos: o conhecimento das mtricas, frmulas
e mtodos de composio potica e o conhecimento dos mitos que provm temas e toda
a base para este cabedal lingustico.
Por fim, o Prlogo um complemento perfeito para o trabalho, explicando os
mitos que, por sua vez, auxiliavam na compreenso dos recursos lingusticos e poticos
e do prprio Hatattl.
434
LOUIS-JENSEN, Jonna (ed.). Trjumanna saga: the Dares Phrygius version. Copenhagen: C.A.
Reitzel, 1981. Pp. LLVI.
435
LOUIS_JENSEN, Idem.
436
ELDEVIK, Randi Claire. The Dares Phrygius Version of Trjumanna saga: A Case Study in the
Cross-cultural Mutation of Narrative. Doctoral dissertation. Harvard University, 1987-88. pp. 06s.
437
WANNER, 2008; PLSSON, Heimr (ed). Introduction. In: The Uppsala Edda. University College
London: Viking Society for northern Research, 2012, p. xiv.
227
438
AALTO & LAAKSO, 2009: 06.
228
439
Saga de lfr Tryggvason.
440
lafs saga Tryggvasonar, Captulo 05. OT, nas citaes subsequentes.
441
OT, 06.
442
OT, 07.
443
OT, 07..
229
adquire fama e torna-se chefe e guerreiro. Certos homens invejosos fizeram a cabea do
rei contra lfr, e Valdimarr no o trata to bem quanto antes. lfr decide partir para a
Escandinvia, fazendo-o com a beno da rainha.
No captulo 31 lfr converte-se ao Cristianismo e batizado em Syllingar
Siclia, aps previses de um vidente e sua cura milagrosa aps uma batalha.
O captulo 90 nos prov de mais alguns nomes. Jarl Eirikr faz uma expedio em
Austrvegr. Atinge os domnios do rei Valdamarr e toma Aldeigjuborg (Ladoga).
Passaria cinco anos nesta expedio e, segundo a saga, quando deixou Gararki efetuou
reides em Aalssla e Eyssla.
Os nomes da saga tanto pessoais como topnimos - so bem conhecidos em
outras fontes. Sua elaborao na Heimskringla transparece a existncia de contatos
ntimos entre as aristocracias da Rus e da Escandinvia, incluindo Noruega.
O autor, no entanto, possui conhecimento limitado dos eventos; Allogia,
evidentemente recordao do nome Olga, aparentemente na saga consorte do Rei
Valdimarr escrito posteriormente na mesma saga como Valdamarr.
Valdimarr Vladmir I, prncipe de Novgorod entre 970-978 e gro-prncipe de
Kiev de 978 a 1015. Porm, filho de Olga. Seu prprio local de governo no citado
pelo autor.
H de se notar, entretanto, uma preciso nos nomes ligados Austrvegr:
Aalssla e Eyssla so nomes bastante especficos respectivamente da costa ocidental
estoniana e da ilha de Saaremaa.
A partir da lfs saga ins Helga444 a informao do autor torna-se mais
verossmil e acurada. Nesta saga e nas seguintes de Magnus, o bom, e de Haraldr
Harri, o governante da Rus Iaroslav Jarisleifr, no antigo nrdico. Ele casa-se, no
captulo 95, com Ingigerd, filha do rei sueco lfr evento que se deu, de fato, em
1019.
A saga lista os filhos do casal: Valdemar, Vissivald, Holte e Bold, sendo que o
captulo 17 da Haralds saga Harra acrescenta lista Ellisif, que, como adiciona o
autor, era conhecida como Elizabeth.
Iaroslav I, o sbio, teve com Ingigerd da Sucia os seguintes filhos, por ordem
de nascimento: Vladimir, Iziaslav I, Anastasia, Sviatoslav II, Vsevolod I, Elizabeth,
Anne, Viatcheslav e Igor445.
444
Saga lfr, o santo.
445
PVL, 299s.
230
Iaroslav foi filho de Vladimir. Por ocasio da morte de seu pai, em 1015, tornou-
se co-regente em Novgorod, enquanto seu irmo Sviatopolk tomava o poder em Kiev,
aps diversas disputas nas quais os outros irmos foram mortos dentre os quais, Boris
e Glieb, primeiros santos da Rssia446. Com a ajuda de varegues Iaroslav venceu
Sviatopolk em 1019, tomando o poder tanto de Novgorod quanto de Kiev447. Iaroslav
iniciou tambm a codificao legal na Rus, a chamada Russkaia pravda448.
Em 1030 Iaroslav construiu na Estnia o forte de Iuriev na antiga vila de
Tarbatu, que viria a ser conhecida posteriormente como Tartu, coletando a partir de l
tributos das tribos estonianas vizinhas449.
Retornando saga, no captulo 191 o rei lfr vai para a Rus com seu filho
Magnus aps revoltas na Noruega contra ele. Ali recebido por Jarisleif e sua esposa
Ingegerd. O rei lhe oferece o reino da Bulgaria450, mas lfr decide retornar
Noruega451, aps um sonho premonitrio452. Magnus fica com Jarisleifr e Ingegerd, que
providenciam cavalos e outros recursos necessrios. De fato, sabe-se que Iaroslav
proveu refgio para lfr no ano de 1028453.
A saga encerrada aps a morte de lfr. Einar Tambaskelfer e Kalf Arnalson
mandam mensagens para Jarisleifr, pedindo que Magnus v para a Noruega assumir o
trono. Jarisleifr os convida a busc-lo na prpria Novgorod454.
Aps isto a Saga de Magnus, o bom, narra brevemente em seu primeiro captulo
o seu retorno para a Noruega, saindo de Novgorod via Ladoga; o exlio de Magnus na
Rus fora contado antes, na saga de seu pai.
O ciclo encerrado com a Haralds saga Harra. Meio irmo de St. lfr,
Haraldr escapou da batalha de Stiklestad, na qual aquele morrera. Tinha 15 anos, tendo
encontrado refgio na Rus, novamente sob a proteo de Jarisleifr455. Harald passa
vrios anos ali, viaja e faz expedies nas regies circundantes, e vai para
Constantinopla456.
446
MARTIN, Janet. Medieval Russia: 980-1584. Cambridge: at the University Press, 1996[1995]. Pp.22-
26.
447
Idem, 44.
448
Idem, 71.
449
Idem, 43s.
450
lfs saga ins Helga, 198. OS nas prximas citaes.
451
OS, 202.
452
OS, 199.
453
MARTIN, 44.
454
OS, 265.
455
Haralds saga Harra, captulo 01. Citada como HH.
456
HH, 02.
231
457
VRYONIS, Spero. Bizncio e Europa. Lisboa: Editorial Verbo, s/d. [London, 1967].
458
VRYONIS, 08.
459
Idem.
460
HH, 13.
461
VRYONIS, 08.
462
HH, 03.
463
HH, 05.
464
HH, 06.
465
ANGOLD, Michael. Bizncio: a ponte da Antiguidade para a Idade Mdia. Rio de Janeiro: Imago,
2002 [2001]. p. 125.
466
HH, Caps. 11 & 12
467
HH, 13.
232
O prprio lfr, no entanto, em suas viagens aps sair de Gararki, usa o nome
li, Ali ou Ole, e afirma ser russo (gerzkr473). Encontramos esse artifcio em
parte justificado devido ao desejo do mesmo de se ocultar dos seus inimigos e comum
em vrias sagas nos captulos 31, 32, 46 e 47.
Nas sagas seguintes, no entanto, no h referncias similares. Antes, o que
encontramos tambm presente na lfs saga Tryggvasonar, so esteretipos em
relao aos povos fino-gricos.
468
HH, Caps. 14 & 15.
469
HH, 16
470
HH, 17.
471
(...) at s myndi ar tlendr. lafs saga Tryggvasonar, Captulo 07.
472
En var at, sem optliga kann vera, ar er tlendir menn hefjask til rkis ea til sv mikillar frgar,
at at veri umfram innlenzka menn, at margir funduu at, hversu krr hann var konungi ok eigi sr
drtningu (...). lfs saga Tryggvasonar In: JNSSON, 1911: 21K., 119.
473
(... ) la ok kvazk vera gerzkr.. lfs saga Tryggvasonar In: JNSSON, 1911: 31 K., 125.
233
474
mlti jarl vi ann mann, er suimr nefna Finn, em sumir segja, at hann vri finzkr s var inn
mesti bogmar. lfs saga Tryggvasonar In: JNSSON, 1911: 108 K., 179.
475
Mar er nefndr Fir ltli, uplenzkr mar, em sumir sehja, at hann vri finzkr at tt; hann var allra
manna minztr ok allra manna fthvatastr, sv at engi hestr tk hann rs; hann kunni manna bezt vi ski
ok boga (...).lfs saga ins Helga. In: JNSSON, 1911: 82 K., 244.
476
OH, 228.
477
fjlkunnigra Finna.
234
478
ELLIS-DAVIDSON, 2006, p. 12
479
Idem, p.10.
480
ELTON: Preface; ELLIS-DAVIDSON, 2006:10s.
236
Danorum empregado pela primeira vez na Crnica da Zelndia, que tambm refere-
se a Saxo como Cognomine Longus (apelidado o comprido, o alto).
Tambm no se sabe com exatido aonde Saxo teria estudado. A opo pelo
modelo de obra e o costume dans eclesistico poca levantam a possibilidade de um
tempo no exterior, qui Paris ou alguma outra localidade franca. O prprio Saxo afirma
no Praefatio que o arcebispo em sua poca, Anders, teria estudado em Paris, Bologna e
Oxford.
Quanto sua obra, o nome dado pelo prprio autor desconhecido. Gesta
Danorum denominao posterior. Sua primeira impresso deu-se em 1514 por
Jodocus Badius Ascensius em Paris, da edio de Christiern Pedersen, trazendo o ttulo
Danorum Regum heroumque Historiae. Esta edio tornou-se a base para todas as
verses e edies posteriores.
Existem alguns fragmentos mais antigos, dos quais o mais extenso o
fragmento de Angers (Ny kgl. Saml. 4to, 869 g.), que contm anotaes atribudas ao
prprio Saxo e contm parte do livro I. Outros fragmentos datam de 1275 e so
menores. Tratam-se dos fragmentos de Lassen, contendo o livro VI, de Kall-Rasmussen,
contendo o livro VII - ambos so agrupados como BD - e de Plesner (E; contm o
livro XIV). Com exceo do manuscrito de Angers, todos os fragmentos encontram-se
depositados na Biblioteca Real da Dinamarca, em Copenhague, sob registro Ny kgl.
Saml. Fol. 570.
486
ELTON: Preface; ELLIS-DAVIDSON, 2006:10s.
238
Legenda:
________________________ Relao modelo-cpia (texto completo, ou excertos)
Figura 20: Stemma Gesta Danorum. In: BOSERUP, Ivan. The Angers Fragment and the Archetype of
Gesta Danorum. In: FRIIS-JENSEN, 1981. P. 10
239
487
BOSERUP, Ivan. The Angers Fragment and the Archetype of Gesta Danorum. In: FRIIS-JENSEN,
1981. P. 09.
488
BOSERUP, 25.
240
489
MUCENIECKS, 2008: 51; 57-61; 102-104.
241
lhe dito, nem reproduz simplesmente certa posio poltica. Com frequncia profere
juzos claros de valor sobre uma histria que acabou de narrar. Entretanto, ao se
observar a forma como ele a narra, ou os episdios posteriores a ela, o leitor percebe
claramente que sua idia exatamente oposta.
Na prpria narrativa da trajetria de seu patrono Absalo alguns entrevem a
possibilidade de que, para Saxo, o arcebispo se ocupasse demasiadamente com os
assuntos mundanos e laicos490.
A escolha dos personagens-fonte para as narrativas tambm revela parmetros
prprios, individuais. A grande maioria dos heris, viles e demais personagens da
Gesta possuem paralelos em sagas, poemas e narrativas.
Raramente, porm, Saxo conta uma tradio de forma similar s outras fontes
escandinavas. Em algumas circunstncias nas quais se possui narrativas mais completas
como a Edda de Snorri - Saxo por vezes inverte o papel entre protagonista e
antagonista.
Temos um exemplo claro no mito de Balderus/Balr, do qual temos outra
verso em Snorri. Saxo inverte o papel de Balr, transformando-o em vilo e
transferindo suas caractersticas boas para o adversrio Hotherus/Hr que, por sua
vez, apenas um joguete nas mos de Loki na narrativa da Edda de Snorri. A prpria
planificao entre mau e bom, evidente em Saxo, no possui tal dimenso de certo
e errado nas narrativas da Edda.
Alguns dos episdios aos quais Saxo apresenta maior cuidado de elaborao
por muitas vezes no centralizam sua ateno nos reis, mas, em algum heri paralelo
narrativa do rei; este, dessa forma, ainda que o suposto protagonista, oferece interesse
secundrio para o leitor frente ao heri.
O arcebispo Absalo faleceu em 1202. Saxo provavelmente concluiu a escrita da
Gesta entre 1215 a 1219491; ano no qual foi construdo por Valdemar o forte de Tallinn,
na Estnia492. O Praefatio cita a campanha de Valdemar no Elba, mas cala sobre a na
Estnia. Eric Christiansen assume uma data limite de 1215, e argumenta que aps a
expedio de 1206 de Valdemar Estnia Saxo, que ainda escrevia sua Gesta nesta
490
SAWYER & SAWYER, 2003: 225; CHRISTIANSEN, 1997: 60s.
491
CHRISTIANSEN, 1997: 110.
492
URBAN, William. The Baltic Crusade. Chicago: Lithuanian Research and Studies Centre, 1994. Pp.
124s.
242
poca, foi avivando sua narrativa com fbulas de como os ancestrais do rei tinham
povoado a Rssia e conquistado o Daugava, os Estonianos e os fineses493.
Aps o falecimento do arcebispo o curso do trabalho parece ter mudado. uma
ideia bem aceita de que Saxo escreveu primeiramente os ltimos livros (X-XVI) da
Gesta, tendo iniciado posteriormente a escrita dos primeiros (I-IX), que veiculam as
origens dos daneses e os tempos de paganismo494. H considervel contraste entre as
duas partes da obra, e o procedimento de praxe tm sido dividi-las como parte mtica (I-
IX) e histrica (X-XVI), a ltima baseada nas memrias de Absalo (ver Tabela 06).
493
CHRISTIANSEN, 1997: 110s
494
ELLIS-DAVIDSON, 2006: 11.
495
SKOVGAARD-PEDERSEN, I. Gesta Danorums genremssige placering. In: BOSERUP, Ivan (ed).
Saxostudier. Copenhagen: Museum Tusculanum, 1975. Pp. 20-29.
496
JOHANNESSON, 1981: 121.
497
KVRNDRUP, 2004: 28.
243
498
DUMZIL. Do mito ao romance: a Saga de Hadingus. So Paulo: Martins fontes, 1992. pp.101s.
499
BOULHOSA, 2006.
500
DUMZIL, 1992: 103.
244
501
A ilha dinamarquesa de Fyen. Para Henrik Schck, seria no pas dos Finni.
502
Dan 1.7.1 (p. 25,1 ) [1] Ea tempestate cum Othinus quidam Europa tota falso divinitatis titulo
censeretur, apud Upsalam tamen crebriorem deversandi usum habebat eamque sive ob incolarum inertiam
sive locorum amoenitatem singulari quadam habitationis consuetudine dignabatur. [2] Cuius numen
Septentrionis reges propensiore cultu prosequi cupientes effigiem ipsius aureo complexi simulacro
statuam suae dignationis indicem maxima cum religionis simulatione Byzantium transmiserunt, cuius
etiam brachiorum lineamenta consertissimo armillarum pondere perstringebant. [3] Ille tanta sui
celebritate gavisus mittentium caritatem cupide exosculatus est. [4] Cuius coniunx Frigga, quo cultior
progredi posset, accitis fabris aurum statuae detrahendum curavit. [5] Quibus Othinus suspendio
consumptis statuam in crepidine collocavit, quam etiam mira artis industria ad humanos tactus vocalem
reddidit. [6] At nihilominus Frigga, cultus sui nitorem divinis mariti honoribus anteponens, uni
familiarium se stupro subiecit; cuius ingenio simulacrum demolita aurum publicae superstitioni
consecratum ad privati luxus instrumentum convertit. [7] Nec pensi duxit impudicitiam sectari, quo
promptius avaritia frueretur, indigna femina, quae numinis coniugio potiretur. [8] Hoc loci quid aliud
adiecerim quam tale numen hac coniuge dignum exstitisse? [9] Tanto quondam errore mortalium
ludificabantur ingenia. [10] Igitur Othinus, gemina uxoris iniuria lacessitus, haud levius imaginis suae
quam tori laesione dolebat. [11] Duplici itaque ruboris irritamento perstrictus plenum ingenui pudoris
exsilium carpsit eoque se contracti dedecoris sordes aboliturum putavit. Dan 1.7.2 (p. 25,23 ) [1] Cuius
secessu Mithothyn quidam praestigiis celeber, perinde ac caelesti beneficio vegetatus, occasionem et ipse
fingendae divinitatis arripuit barbarasque mentes novis erroris tenebris circumfusas praestigiarum fama
ad caerimonias suo nomini persolvendas adduxit. [2] Hic deorum iram aut numinum violationem confusis
permixtisque sacrificiis expiari negabat ideoque iis vota communiter nuncupari prohibebat, discreta
superum cuique libamenta constituens. [3] Qui cum Othino redeunte, relicta praestigiarum ope, latendi
gratia Pheoniam accessisset, concursu incolarum occiditur. [4] Cuius exstincti quoque flagitia patuere,
siquidem busto suo propinquantes repentino mortis genere consumebat tantasque post fata pestes edidit,
ut paene taetriora mortis quam vitae monumenta dedisse videretur, perinde ac necis suae poenas a noxiis
exacturus. [5] Quo malo offusi incolae egestum tumulo corpus capite spoliant, acuto pectus stipite
transfigentes; id genti remedio fuit. Dan 1.7.3 (p. 25,36 ) [1] Post haec Othinus, coniugis fato pristinae
claritatis opinione recuperata ac veluti expiata divinitatis infamia, ab exsilio regressus cunctos, qui per
absentiam suam caelestium honorum titulos gesserant, tamquam alienos deponere coegit subortosque
magorum coetus veluti tenebras quasdam superveniente numinis sui fulgore discussit. [2] Nec solum eos
deponendae divinitatis, verum etiam deserendae patriae imperio constrinxit, merito terris extrudendos
ratus, qui se caelis tam nequiter ingerebant.
246
503
DUMZIL, 1992: 121s.
247
504
1.1.1: [1] Dan igitur et Angul, a quibus Danorum coepit origo, patre Humblo procreati non solum
conditores gentis nostrae, verum etiam rectores fuere. [2] Quamquam Dudo, rerum Aquitanicarum
scriptor, Danos a Danais ortos nuncupatosque recenseat.
248
505
CHRISTIANSEN, 1997: 65s.
506
Post quam ab ortu quoque multiplex diversitatis barbaricae consertio reperitur (0.2.10)
507
Ou de povos brbaros.
249
prprias experincias ouvidas e vividas pelo mesmo com seus sucessivos patronos,
Absalo e Anders, ambos viajantes para o leste. O primeiro entre os Sclavi, o segundo
nas regies do Bltico Oriental, incluindo Riga no Daugava, a regio do norte da
Estnia e a expedio de Valdemar na mesma.
Na circunstncia pouco provvel de a escrita do prefcio ter-se dado
anteriormente composio dos demais livros da Gesta, a descrio vaga e depreciativa
no necessariamente implica em desconhecimento da regio descrita. Por certo uma
datao muito antiga para o prefcio excluiria os tempos experimentados pelo arcebispo
Anders Sunesson no Bltico Oriental, fonte certa de informaes de primeira mo para
Saxo, mas tambm tal arrazoamento baseado em conjectura.
De fato, Saxo revela maior conhecimento das regies do Bltico do que os
autores islandeses. As regies e povos que so citados no transcorrer da Gesta Danorum
e que podem ser enquadradas no leste, nesta regio de diversa barbrie, so:
Em Austrvegr: Curetes (kurs livros 1,2,3,5,6,8,9,11 e 14), Eesti (estonianos
livros 6,8,14 e 16), Rotala (Haapsalu, Estnia 2.1.7), Livi (livnios livros 8 e 14
no ultimo caso, o nome Livonem aparece juntamente com o nome de um indivduo,
como um apelido), Sembi (prussianos livros 6,8,9,10 e 11); semgali (zemglios
livros 6 e 8).
Em Gararki: Holmgardia (Holmgard/Novgorod livro 5) e Cnogardia
(Konungard/Kiev livro 5) Paltisca (Palteskja/Polotsk, livro 2.1.7 ) 37, 42; Ruscia
(Rus - livros 2,3,5,6,7,8,9,11,12 e 14).
Na Regio rtica: Skritfinnia (Saami, Praefatio), Finmarchia, Finni (Saami -
livros 1,3,5,7,9,10); Biarmi (Bjarmar livros 5, 6, 8 e 9).
Os Sclavi fogem de nosso recorte. Aparecem em todos os livros, com exceo
do 1 e 4, e so objeto constante das atenes dos daneses, principalmente nos livros
finais da obra.
H algumas referncias ao Helesponto (livros 1, 8 e 9); so ligadas eventos no
Bltico Oriental, Kurland e aos Semgallir, aos livnios, Scithia, Rutenia e at
mesmo Biarmia, bem como temtica de Ermanaric que, como veremos em breve,
foi transferida para o rei Frotho III. A regio apresenta-se ressignificada enquanto a rota
dos Varegues aos Gregos, que passava pelos Rios Daugava, Dnieper, o Mar Negro e,
finalmente, ao Hellesponto de fato.
250
Num estudo que se iniciou com a observao do leste das passagens da Gesta
Danorum, defendemos em 2008 a existncia de um motivo narrativo que repetir-se-ia
com frequncia na Gesta Danorum, e que nomeamos como A Temtica do
Conselheiro508.
Esta temtica propicia uma estrutura terica que suporta ideologias teocrticas
mesmo em livros que supostamente sequer mencionam o Cristianismo. O esquema das
Virtudes Cardinais, defendido por Johannesson 509, essencial para compreend-la.
Entre os livros I a IV Saxo apresenta gradualmente quadros de virtudes. Usando
diversos exempla, ele mostra personagens que possuem uma ou duas virtudes, mas que
so deficitrias das demais. Somos apresentados aos feitos de Gram e Hadingus,
homens cheios de Fortitudo, porm carentes de Prudentia; somos entretidos com os
artifcios de Amlethus, supremo no uso da Prudentia, mas severamente desprovido de
Temperantia e, dessa forma, incapaz de manter suas conquistas alcanadas por meio de
sua astcia.
Tabela 07: O desenvolvimento do esquema das Virtudes Cardinais (Do autor. Baseado em Johanesson,
Kurt: Komposition och vrdsbild i Gesta Danorum, 1978 & Kvrndrup, Sigurd: The composition of
Gesta Danorum and the place of geographical relations in its worldview, 2004)
508
MUCENIECKS, 2008: 62-64; ________________. The Thematic of the Counselor in the Gesta
Danorum and the Strengthening of the Danish Hegemony in the Medieval Baltic Area. Paper apresentado
no International Medieval Congress of Leeds. Leeds, 2014.
509
JOHANNESSON, 1978 & 1981.
251
510
PROPP, Wladmir Yakovlevitch. Morfologia do Conto Maravilhoso. Rio de Janeiro: Forense
Universitria, 2006. [Moscou, 1976].
252
511
(...) toto orbe clarissimi regis (...).
512
Provncias do norte e centro da Sucia, respectivamente.
254
1
Assim, no ano 752 da fundao de Roma, pela 3 vez, Csar
Augusto encerrou pessoalmente as portas do Templo de Jano. Sem
dvida, do Oriente ao Ocidente, do Norte ao Sul e ao longo de todo o
litoral banhado pelo Oceano, todas as naes tinham se harmonizado e
alcanado a paz universal (...)
5
Ora, Cristo nasceu nesse ano, i.e., no ano em que Csar
Augusto consertou uma paz muito slida e autntica em ordem ao
plano estabelecido por Deus. Essa paz serviu como escrava o advento
de Cristo. E no nascimento de Cristo, os Anjos exultando cantaram
para os homens que os ouviam: Glria a Deus nas alturas e paz na
513
Frothonis regnum, Rusciam ab ortu complectens, ad occasum Rheno flumine limitatum erat
514
(5.15.3) [1] Per idem tempus publicae salutis auctor mundum petendo servandorum mortalium gratia
mortalitatis habitum amplecti sustinuit, cum iam terrae, sopitis bellorum incendiis, serenissimo
tranquillitatis otio fruerentur. [2] Creditum est tam profusae pacis amplitudinem, ubique aequalem nec
ullis orbis partibus interruptam, non adeo terreno principatui quam divino ortui famulatam fuisse,
caelitusque gestum, ut inusitatum temporis beneficium praesentem temporum testaretur auctorem
515
Glatas 04:04:V indo, pois, a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho (...). In: Bblia Sagrada.
Traduo: Almeida revista e atualizada.
255
H outros elementos menores que tambm podem indicar uma relao entre os
textos, como certa emulao da cardinalidade na delimitao de limites, mas que podem
igualmente ser fortuitos517.
A primeira fase de tais cruzadas deu-se nas proximidades de casa, nas terras
eslvicas; sua maior preocupao foi a segurana da vizinhana e a consolidao das
instituies. Nesse estgio a cooperao com os saxes e o Imprio necessria. O
heri Absalo, lutador contra os eslavos. A aliana com os germnicos pesadamente
criticada pelo Grammaticus.
Os livros XIV a XVI descrevero de forma bastante detalhada os
acontecimentos da ocasio. O registro feito quase que ao p da letra, em uma esttica
e forma cronstica e clara. Ainda que cheia de sententia e julgamentos. Pode-se
encontrar tambm nos livros mticos, entretanto, ecos desse contexto.
Qui algumas das passagens mais dramticas do livro V, e particularmente VI,
so dedicadas a denegrir os saxes; a aliana de Frotho IV com esta gente e a adoo de
alguns de seus usos , para Saxo, falando pela boca do heri Starcatherus, um dos piores
feitos j perpetrados pelo rei. O cerimonial da corte, infiltrado nos sales daneses,
demonstrao para Saxo de como os saxes seriam (em suas prprias palavras)
efeminados, viciados, entre outras qualificaes denegridoras, refletindo claramente
as tenses ocorrendo dentro da igreja danesa contra a dominao dos costumes
imperiais.
A segunda fase das Cruzadas Setentrionais deu-se nas praias orientais do
Bltico. Neste ponto, a poltica danesa enfrenta situaes diferentes. Os personagens so
outros. O rei agora Valdemar II; o arcebispo, Anders Sunesson. Os eslavos foram
pacificados e agora fazem parte do reino dans, que busca expanso e hegemonia sobre
o Bltico, principalmente na Estnia e em partes da Kurland.
O relacionamento com os nativos diverso, cheio de contrastes. Ainda que Saxo
apresente a rea no prefcio como uma regio de disseminada barbrie, esses brbaros
no parecem consistir em viles do mesmo grau de vilania dos saxes. O livro VIII
apresenta a batalha de Bravalla, que afetou, segundo o autor, todos os povos e raas do
norte. Nesta batalha as alianas descritas por Saxo refletem relacionamentos complexos
entre os povos setentrionais e o claro desconforto relativo aos seus vizinhos
meridionais, germnicos.
Em uma passagem que reconta uma amplamente difundida tradio sobre a
batalha, Saxo apresenta os daneses em decadncia. Seu rei cego, literalmente. Seus
aliados so saxes, eslavos e livnios. O inimigo encabeado pelos suecos, seguidos
por campees da Noruega, Islndia e mesmo da Rutenia, mas com o exrcito fortalecido
por flancos de curlandeses e estonianos. O julgamento de Saxo positivo em relao
257
aos suecos e seus aliados; para ele, eles mostravam a superioridade dos homens do
norte em relao a saxes e eslavos.
O prprio livro V, h pouco observado, mostra como facilmente elementos dessa
barbrie tornam-se teis sob a gide danesa. Os elementos constitutivos do cenrio esto
presentes na maioria dos livros da parte mtica. A narrativa de Hadingus no livro I, na
qual o mesmo necessita da ajuda do conselheiro, acontece na Kurland. A segunda vida,
regenerada, de Frotho III, depois do aconselhamento bem sucedido de Ericus Dissertus,
marcada pelo paralelo com as conquistas de Ermanaric, o godo, e est fortemente
fundamentada nos domnios orientais, assim como a trajetria de seu sucessor518.
A circunstncia dos daneses lutando na Estnia e mesmo o tempo passado por
Anders Sunesson em Riga, na Livnia, refletida principalmente nos livros mticos. Se
eles foram de fato escritos aps a parte dedicada a Absalo, faz perfeito sentido o
nmero de ocorrncias relacionadas ao Bltico Oriental, ainda mais ao se notar a
conexo do cenrio com a Temtica do Conselheiro.
Nesta fase da poltica danesa a consolidao interna foi efetuada com sucesso e
os principais objetivos dos daneses esto focados na hegemonia sobre o Bltico,
conquistando os povos nativos e entrando em conflito com os germnicos, no mais
aliados, mas os principais opositores naquele campo.
Concluindo, devemos salientar a coerncia e harmonia encontrada na Gesta
Danorum quando a mesma lida observando-se os principais padres nela instilados
por seu autor. Um projeto que inicialmente fora uma crnica, biogrfica e simples,
assumiu o papel de Histria de uma nao e, como tal, viria a refletira as condies de
um pas buscando a hegemonia em todo o Bltico, qui a prpria tentativa de criao
de uma nova forma de Imprio.
518
Note-se que nos contos relativos a Dietrich de Bern que contm material sobre Ermanaric, este sofre
nas mos de um mau conselheiro.
258
Por certo que estas diferenas e tal incerteza sobre a autoria no desabonam o
valor da fonte primria. De fato, a existncia de mais de uma mente por traz da Edda
e/ou da Heimskringla nos fornece a preciosa qualidade de uma obra que pode, a
despeito da originalidade, singularidade e genialidade de seu autor primrio, conter mais
marcadamente elementos que podem ser atribudos com menor medo a uma espcie de
mentalidade coletiva, refletindo mais de um sentimento e identificao cultural - ainda
que de extratos especficos da sociedade na qual foi escrita - do que se poderia pensar
ao lidar-se com uma obra de autoria nica em toda a sua extenso.
Saxo Grammaticus, Snorri Sturlusson e o autor da Heimskringla efetuaram
esforos considerveis na construo de suas obras histricas, no sentido de traar
linhas histricas contnuas do passado mtico ao presente em que escrevem. Snorri
Sturlusson em particular vai desenvolver uma linha interpretativa elaborada, segundo a
qual a primeira dinastia de reis escandinavos, dos Ynglingar, descenderia de nn.
Inicialmente um personagem de vulto da antiguidade, originrio de Tria (assim como
rr), viria a ser adorado pelas populaes setentrionais como deus.
Nesta interpretao, o leste assume papel das origens, e veicula as tradies
clssica grego-romana, Medieval Ocidental e Bblica, mas faz pouco uso da cosmologia
escandinava e conhecimento emprico sobre o Oriente.
O autor da Heimskringla capaz de inserir ainda em sua obra o conhecimento
emprico de noruegueses e islandeses sobre o Bltico Rus e adjacncias.
Saxo Grammaticus escrever de forma mais ideolgica de forma a sustentar uma
posio favorvel supremacia do arcebispado em seu contexto, mas tambm traz
traos claros de elaborao e assimilao de diversas tradies, dentre as quais a
escandinava, a greco-romana e, em menor grau, a crist.
Nesse caso, os deuses tambm so apresentados como homens que receberam
adorao indevida, e as localidades desse mundo mtico so assimiladas s locaes
conhecidas, seja via conhecimento geogrfico emprico ou baseado em fontes greco-
romanas e crists, ou na prpria tradio literria escandinava. Como exemplo desse
uso, temos o uso freqente da localidade do Hellesponto, que Saxo associa diretamente
rota dos varegues aos gregos.
O leste, para Saxo Grammaticus, campo de expanso para os daneses, sua
rea hegemnica, e sua histria imprimir tal ideologia nos passados mais distantes.
Ambos os autores procuraram construir cenrios verossmeis, nos quais
260
pudessem inserir todas as tradies das quais beberam fossem tradies nativas,
bblicas, da Europa Ocidental ou Clssicas. Atravs do crivo de suas prprias razes,
empregaram os elementos que mais se apresentassem como convenientes, qui
coerentes, na escrita de suas prprias histrias.
O uso e acesso a tais tradies e a existncia de modelos de histrias universais
no podem esconder, entretanto, uma circunstncia pouco comum no meio medieval,
mas que gradativamente tomar maior flego nos sculos vindouros: a autoria
individual.
Encerramos tal seo salientando que em todas essas obras possvel se delinear
uma carcaterstica marcante em comum, que ser contraposta na seo a seguir; tratam-
se de obras com objetivos de instruir, de educar, de transmitir conhecimento avalizado.
Ao adentrarmos o mundo das Fornaldarsgur e da rvar-Odds Saga nos
depararemos com um uso bastante diverso do passado e de tal conhecimento geogrfico.
No mais fatores da instruo e piedade, tais obras tero como objetivo primrio o
distrair, o entreter. E em tal objetivo, o leste possuir papel de destaque.
261
5.1 As Fornaldarsgur
519
DRISCOLL, Mathews James. A new edition of the Fornaldarsgur Norurlanda: Some basic
question. In: BAMPI & FERRARI (eds.) Editing Old Scandinavian texts: Problems and perspectives.
Trento, 2009. p.01.
520
PALSSON, Hermann & EDWARDS, Paul (trads). Vikings in Russia: Yngvar's Saga and Eymund's
Saga. Edinburgh: Polygon, 1990 [1989].p. 02.
521
MUNDAL, Else. The dating of the oldest sagas about early icelanders. In: MUNDAL, Else (ed.).
Dating the Sagas: Reviews and Revisions. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2013. p.46.
263
522
DRISCOLL, Matheus. Late Prose Fiction (lygisgur). In: McTURK, Rory (ed.). A companion to Old-
Norse Icelandic Literature and Culture. Oxford: Blackwell Publishing, 2007. P. 196.
523
BYOCK, Jesse. Viking Age Iceland. London: Penguim books, 2001. Captulo 04.
524
ROSS, Margaret Clunie. Introduction. In: ____________ (ed). Old Icelandic Literature and Society.
Cambridge: at the University Press, 2000. P. 03
525
LESLIE, Helen. The death songs of rvar-Odds Saga. Tese de doutorado. Bergen University, 2012.
P. 232.
526
TULINIUS, T. Sagas of Icelandic Prehistory (Fornaldarsgur). In: McTURK, Rory (ed.) A
companion to Old-Norse Icelandic Literature and Culture. Oxford: Blackwell Publishing, 2007. P. 448.
264
Torfi Tulinius defende em diversas obras uma datao mais recuada para as
Fornaldarsgur, como a primeira metade do sculo XIII. Argumenta que h temticas
tratadas em comum com as slendigasgur, como preocupaes com herana e
linhagem, porm em forma deliberadamente ficcionalizada. Ele as chama de primeira
manifestao de fico consciente na prosa islandesa527.
Lnnroth528 considera o grupo das Fornaldarsgur um gnero hbrido de
tradio heroica, mito, folclore e romance do continente, e que no seria recomendvel
se efetuar distines de categoria dentro das mesmas.
A linha interpretativa de Plsson e Tulinius529 diferencia dois polos temticos
nas Fornaldarsgur: o primeiro, de temtica trgico-herica, includiria dentre outras a
Ragnars saga lobroka, a Volsunga Saga e a Hervarar saga ok Heireks530. Esse grupo
se vincularia antiga tradio heroica transmitida principalmente em forma potica, e
tende a apresentar um final trgico, com uma narrativa que extende-se frequentemente
por vrias geraes531. Um ponto de transio da temtica para uma aventureira seria
527
TULINIUS, T. The Matter of North: The Rise of Literary Fiction in Thirteenth-Century Iceland.
Odense: at the University Press, 2002 [1995]. pp.48-55.
528
LNNROTH, Lars. Fornaldarsagans genremssiga metamorfoser: Mellan Edda-mytoch
riddarroman. In: LASSEN, Annette & JAKOBSSON, Jakobsson & NEY, Agneta (eda.).
Fornaldarsagornas struktur och ideologi : Handlingar frn ett symposium i Uppsala 31.8-2.9 2001.
Publicado em 2003. p.44.
529
TULINIUS, 2007: 448s.
530
PLSSON, Hermann & EDWARDS, Paul. Legendary Fiction in Medieval Iceland. Reykjavk:
University of Iceland, 1970. Pp.36ss.
531
TULINIUS, 2007: 448s.
265
exemplificado pela rvar-Odds Saga e a Hrlfs saga Gautrekssonar, as quais data nos
finais do sculo XIII.
Por fim, o perodo final das Fornaldarsgur caracterizar-se-ia por uma temtica
aventureira-cmica, exemplificado pela Bosa Saga e a Gongu-Hrolf saga532. Nesse
grupo, chamado genrica e mesmo coloquialmente por Plsson como viking
romances533, a ao toma parte no mundo do perodo viking, seus heris no so
necessariamente de linhagem real ou aristocrtica, e a histria normalmente possui um
final feliz534.
Ainda conforme Tulinius535, o ponto de transio de temticas coincidiria com o
surgimento das riddarasgur e com a transformao da Islndia de regio livre para
subordinada. Um sintoma dessa transio seria o interesse mostrado nas narrativas na
questo referente ao poder real e sua expanso conceito remodelado em um contexto
pseudo-cavaleiresco nas riddarasgur, para os recm-vassalos islandeses da Noruega.
importante notar que as opinies de Tulinius, em particular a questo da
datao, esto longe de obter um consenso, no obstante sua qualidade. Entretanto, seja
sua datao aceita ou no, pode se citar um consenso, exemplificado por Mitchell536,
entre a erudio mais recente acerca da caracterstica das Fornaldarsgur enquanto
formas narrativas de revitalizao cultural do norte legendrio. Tal circunstncia
vlida tenham sido as Fornaldarsgur escritas seja no pice do perodo de perda de
independncia islandesa, como argumenta Tulinius, seja nos sculos XIV e XV, como
defende a opinio mais corrente em ambas as circunstncias, ocorrem adaptaes
nova situao poltica, que insere a Islndia num quadro mais amplo europeu.
Um ponto da argumentao de Tulinius de particular interesse ao se considerar
o prprio valor esttico e literrio das Fornaldarsgur: como Tulinius demonstra, elas
contm quantidade consideravl de poesia tradicional, dica e caracterstica da
literalidade oral, pr escrita e crist. Ele considera que, de acordo com sua
argumentao para uma data mais recuada para as mesmas, as Fornaldarsgur
provavelmente consistiriam em uma forma de continuidade dessa mesma tradio.
Se mantivermo-nos firmes ao critrio mais difundido para a datao posterior
532
PLSSON & EDWARDS, 1970: 69ss.
533
PLSSON, Hermann & EDWARDS, Paul. Seven Viking Romances. London: Penguin Books, 1985.
P.14.
534
TULINIUS, 2007: 449.
535
TULINIUS, 2002[1995]: 44-65.
536
MITCHELL, Stephen. Heroic Sagas and Ballads. London: Ithaca, 1991. Pp.132-136.
266
Tal lista, compilada pelo projeto Stories for all time: The Icelandic
Fornaldarsgur, mantido pela Velux foundation e coordenado por Mathew Driscoll,
exemplifica bem a complexidade da situao. A rvar-Odds Saga possui um nmero
grande de manuscritos, 81 conhecidos at o momento; copiados em um perodo de
quatro sculos, possuem redaes diferentes.
A erudio do sculo XIX separa trs grupos de redaes principais, a curta, a
intermediria e a longa.538 Em termos de manuscritos, existem quatro mais
relevantes e representativos, que contm tais redaes: redao S (de short; Perg. 4tpo
537
Lista obtida no projeto Stories for all time: The Icelandic Fornaldarsgur
<http://fasnl.ku.dk/bibl/bibl.aspx?sid=oeos&view=manuscript> ltimo acesso em 11/11/2014.
538
FERRARI, Fulvio: gmundr: The Elusive Monster and Medieval 'Fantastic' Literature. In:
RUGGERINI, Maria E. (ed.): Studi anglo-norreni in onore di John S. McKinnell. 'He hafa
sundorgecynd', Cagliari 2009.p368.
268
549
FERRARI, 2009: 368.
550
CHADWICK, Nora. The begginnings of Russian History: An Enquiry into Sources. Cambridge: at the
University Press, 1946. P. 206; FERRARI, 2009: 368.
551
CHADWICK, 146; 157.
552
FERRARI, 2009: 368.
270
De fato, a semelhana por demais forte para ser casual. Como lidar com a
mesma, no entanto, tem dividido os supracitados pesquisadores. Ferrari alega que o
autor empregou um motivo difundido no caso, o da profecia impossvel, que acaba
se cumprindo - adaptando-o aos seus prpositos e revestindo-o de significados
especficos554.
Um mero reemprego de motivo folclrico nos parece por demais tnue nesta
circunstncia, especialmente se levarmos em conta as proximidades contextuais. A PVL
fala nesta passagem de um governante varegue, ou seja, de um viking no leste. Oddr
um viking que ter parte relevante de sua carreira no leste, a ponto de um de seus
eptetos voc o Oddr que foi para Bjarmaland? e o seu governo de Hnaland darem-
se no contexto.
Consista em um motivo folclrico ou no, um motivo que est ligado em pelo
menos trs narrativas no mesmo contexto: a PVL, a rvar-Odds Saga e a Gesta
Danorum.
555
Destacamos o estudo de Anna Heiniger sobre o Dyradmr na Eyrbyggja saga, com a qual trocamos
informaes valiosas acerca da liminaridade e espaos liminares nas Sagas escandinavas. HEINIGER,
Anna Katharina. Liminal Spaces and places in the Sagas. Comunicao apresentada no International
Medieval Congress of Leeds. Leeds, 2014.
556
TURNER, Victor & TURNER, Edith L.B. Image and Pilgrimage in Christian Culture. New York:
Columbia University Press, 1978.
272
557
Van GENNEP, Arnold. Os ritos de passagem. Petrpolis: Editora Vozes, 2013[1977]. P.33.
558
Van GENNEP, 34.
559
Idem, 35.
273
560
(...) a annug vri htta er augir menn nduust a lausaf skyldi skipta me hinum daua og
rfum hans. Skyldi hann hafa hlft ea rijung en stundum minna. a f skyldi bera t skga,
stundum hauga og ausa vi moldu. Stundum voru hs a ger. lfs saga ins Helga. In: JNSSON,
1911: 133 K., 312
274
561
"Skilr hr nokkut ml manna? sagi Oddr; eigi heldr en fuglakli, sagi smundr; ea ikist
nokkut af skilja?" rvar-Odds Saga, redao S. In: RAFN, C. Fornaldar sgur Norrlanda.
Kaupmannahfn: Popp, 1829-1830, vol. I. 4 K., 175.
562
PLSSON & EDWARDS, 1970: 31s.
275
563
"Hvat segir til," sagi Oddr, "hvat vr munum ess gera, at Bjrmum ykki verst?" "ess er vel
spurt, " sagi hann. "Haugr stendr upp me nni Vnu. Hann er gerr af tveim hlutum, silfri ok moldu.
angat skal bera gaupnir silfrs eptir hvern mann ann, sem ferr af heiminum, ok sv, er hann kemr
heiminn, ok jafnmikla mold. at munu r sv gera, at Bjrmum mun verst ykkja, ef r fari til
haugsins ok beri fit burt aan." rvar-Odds Saga, redao A/B. Captulo 04. In:
VILHILMSSON, Bjarni & JNSSON, Guni (eds). Fornaldarsgur
Norurlanda. Reykjavk, 1943-1944, vol I. Citaes subsequentes como OS, seguidas de nmero
de captulo.
276
ser uma caracterstica marcante de Oddr. Por ocasio de sua segunda iniciao, as
Gusisnautar perdero seu poder e sero substitudas por outro jogo de flechas mgicas,
mas a clava perdurar como sua arma contra seu ltimo inimigo em Bjalkaland.
- Seu nome, fama e profisso: a partir da expedio dela que Oddr ser
conhecido como um viking e que adquir fama que perpassar a de outro vikings. O
qualificador dessa fama Bjarmaland, e Oddr ser conhecido como Oddr, que foi para
Bjarmaland um longo tempo atrs.
Os indivduos de maior significado para Oddr empregaro o epteto.
A comear por gmundr , seu inimigo mortal:
Srnir, nico indivduo que sobreviver s lutas com gmundr, e com quem
Oddr fez pacto de irmandade de sangue:
Ele disse que se chamava Vignir, - mas voc Oddr, que foi para
Bjarmaland?566
564
"Ertu s Oddr," sagi gmundr, "at fr til Bjarmalands fyrir lngu?" (OS, 13).
565
Srnir svarar: "Er etta Oddr s, sem fr til Bjarmalands?" (OS, 19)
566
Hann kvest Vignir heita, - "ea ertu Oddr s, er fr til Bjarmalands?" (OS, 21)
567
"Ertu eigi s Oddr, er fr til Bjarmalands fyrir lngu?" (OS, 27)
277
568
FERRARI, 372.
569
FERRARI, 373.
278
Quando gmundr era da idade de trs anos ele foi enviado para
Finnmark, onde aprendeu toda sorte de mgica e feitiaria, e to logo
ele dominou estas artes, retornou para Bjarmaland. Nesta poca ele
tinha sete anos e j estava to grande quanto um homem adulto,
imensamente forte e muito difcil de se lidar.
Sua aparncia no melhorara durante sua estadia com os finnar.
Ele era tanto preto quanto azul, com longo cabelo preto, e tinha uns
toscos tufos de pelo pendurados sobre os olhos, no lugar aonde sua
testa devia estar. por isto que ele se chama gmundr Flki.
Os bjarmar mandaram-no para matar voc, ainda que eles
tenham percebido que precisavam preparar o terreno com cuidado
antes de lhe mandar para hell. O prximo passo que eles tomaram fora
fortalec-lo com bruxaria, de forma que ferro no possa mord-lo,
ento levaram a cabo seus rituais e transformaram-no em um
verdadeiro Troll, no havendo nenhum mortal parecido com ele570.
A narrao segue por algum tempo ainda, contando sobre como gmundr
ganhara seu outro apelido, mas o trecho nos suficiente. Em A/B/E, Bjarmaland
central para todo o desenrolar do enredo da rvar-Odds Saga, medida em que o
conflito que central por toda a saga, isto , as lutas entre Oddr e gmundr, so
consequncias diretas da expedio feita por Oddr ali.
gmundr, ainda que tenha ganhado destaque tardiamente, harmoniza alguns
elementos da saga: a profecia em relao a Oddr, que no permita que ele morra mas
que implica em que ele perder os seus queridos, encontra um bom balanceamento com
a figura de gmundr que, alm de ser instrumental na morte dos queridos de Oddr, o
lembrete de que ele no e totalmente invulnervel.
A nfase de A/B/E na disputa entre os dois substitui aspectos de inspirao
possivelmente hagiogrficas de S por um enredo aparentemente mais banal e simples;
menos instrutivo, mas altamente entretenedor, o desenrolar da saga narra uma luta entre
570
"Viltu, at ek segi r," kva Raugrani, "hversu gmundr er til kominn, ok get ek, at r ykki engi
vn, at hann veri unninn af mennskum mnnum, ef veizt allan hans uppruna.
En at er ar fyrst af at segja, at Hrekr ht konungr, er r fyrir Bjarmalandi, er fort angat
herfer, eptir v sem veizt, hvern skaa er gerir Bjrmum. En er vart burtu farinn, ttust
Bjarmar hafa raunillt af fengit ok vildu gjarna hefna, ef eir gti. Var at tiltekja eira, at eir fengu
eina ggi undan forsi strum, galdra fulla ok gerninga, ok lgu sng hj Hreki konungi, ok vi henni
tti hann son; s var vatni ausinn ok nafn gefit ok kallar gmundr. Flestum mennskum mnnum var
hann lkr egar unga aldri, sem vn var sakir mernis hans, en fair hans var inn mesti bltmar.
egar er gmundr var rvetr, var hann sendr Finnmrk, ok nam hann ar alls kyns galdra ok gerninga,
ok er hann var v fullnuma, fr hann heim til Bjarmalands. Hann var sjau vetra ok sv strr sem
fullrosknir menn, rammr at afli ok illr viskiptis. Ekki hafi hann batnat yfirlits hj Finnunum, v at
hann var bi svartr ok blr, en hrit stt ok svart, ok hekk flki ofan fyrir augun, at er topprinn
skyldi heita. Var hann kallar gmundr flki. tluu Bjarmar at senda hann til mts vi ik ok at
drepa ik; ttust eir vita, at mikils mundi vi urfa, r en r yri hel komit. Var at enn
tiltki eira, at eir ltu seia at gmundi, sv at hann skyldi engi jrn bta atkvalaus. v nst
bltuu eir hann ok trylldu hann sv, at hann var engum mennskum manni lkr. (OS, 19)
279
5.2.4 O Homem-Casca
ainda que ele nunca tivesse feito nada como aquilo antes, e assim ele
foi para a porta.
Do lado de fora um homem estava cortando lenha, um pequeno
homem de cabelo branco. O velho homem comprimentou
amigavelmente o estrangeiro e perguntou seu nome.
Eu me chamo Homem-Casca, disse ele 571
571
En er Oddr kom heim til Gautlands me fstbrur snum, bau Srnir honum ar at sitja um vetrinn.
at ekktist Oddr. Ok er lei vetrinn, gladdist hann fast. Kmu honum hug harmar snir, eir er
hann hafi fengit af gmundi flka. hugsast honum sv til, at hann mun eigi htta lengr fstbrur
snum til at berjast vi gmund, v at hann ttist ar stra skaa hafa af fengit. Verr at hans r at
leynast burt einn nttareli. Ferr hann at flutningum, ar sem eira arf vi, en stundum ferr hann
um merkr ok skga, ok ratar hann harla stra fjallvegu. Hann hefir rvamli sinn baki sr. Ferr
hann n va um lnd, ok kemr sv ri hans, at hann hafi at eitt til atvinnu sr, er hann skaut fugla
fyrir sik. Hann spennir at sr um bol ok ftr nfrum. San gerir hann sr nfrahtt mikinn hfu
sr. Er hann ekki rum mnnum lkr, meiri miklu en allir menn arir, er hann er allr akinn nfrum. N
er ekki sagt fr honum fyrr en hann kemr r mrkum fram, ok sr hann, at heru hefjast upp fyrir honum.
Hann sr, at ar stendr einn br mikill, en ar var annarr br skammt fr. at kom honum hug, at hann
mundi sna inn minna binn; at hafi hann aldri fyrr freistat. Hann gengr ar at dyrum. ar var mar
fyrir dyrum ok klauf sk. S var ltill vexti ok hvtr fyrir hrum.
Hann heilsar eim vel, er kominn var, ok spuri karl hann at nafni.
"Nframar heiti ek," sagi hann () (OS, 24).
572
TURNER, Victor W. O processo ritual: estrutura e antiestrutura. Petrpolis: Editora Vozes,
2013[1974]. P.156.
573
TURNER, 158.
574
TURNER, 160.
575
TURNER, 162.
281
576
(...) engi er nnur jafnfri Gararki ok viar annarstaar. (OS, 24)
282
narrativas folclricas, nas quais expediente comum que um rapaz, normalmente pobre,
irmo mais novo e de menos oportunidades procure conquistar a mo de uma princesa
inatingvel.
Esta temtica no o ncleo da narrativa, e a saga no pode ser reduzida a uma
forma to simples e estruturalizada, ainda mais levando-se em conta as reestruturaes e
elaboraes pelas quais passou em suas diferentes redaes. O tema da princesa ajudar
na composio do quadro narrativo, fornecer elementos teis ao contar da histria, mas
no seu objetivo. Ele colabora na construo dos eventos de passagem.
Tambm pela referncia aos atributos da beldade somos informados da terra
aonde Oddr se encontra, que Gararki em S, o reino Hnaland.
Jlfr leva o Homem-Casca ao salo do rei Herraur, e d-se incio o processo de
rebaixamento de Oddr:
577
Trecho de difcil verso por conter ditados e expresses idiomticas. Segue a redao A/B, ed. Guni
Jnsson / Carl Rafn:
"Ek heiti Nframar," sagi hann. "
Hverr ertu, flagi?" sagi konungr.
"at veit ek," sagi hann, "at ek em hvvetna eldri, ok er hvrki vitit n minnit heima hj mr, ok hefik
lengi legit ti mrkum nr alla vi mna. En br eru brautingja erendi, konungr, ek vil bija ik
vetrvistar."
Konungr svarar: "Ertu at nokkuru rttamar?"
"at ferr fjarri," sagi hann, "v at ek em liprari en arir menn."
"Nennir nokkuru?" sagi konungr.
"Ek kann ekki at vinna, enda nenni ek ekki at vinna," sagi Nframar.
283
" horfir allvnt" sagi konungr, "fyrir v at ek hefi ess heit strengt at taka vi eim einum mnnum,
at eir s at nokkuru rttamenn."
"Aldri kann ek einn hlut at gera," sagi Nframar, "ann rum s gagn at."
"Kunna muntu at draga saman dr, ef menn skjta," sagi konungr. " m vera, at ek fara til ess
eitthvert sinn."
"Hvar vsar mr til stis?" sagi Nframar.
" skalt sitja utar inum ra megin, ar sem mtast rlar ok frelsingjar." (OS, 24)
578
Konungr leit vi honum ok mlti: "Bogmar ertu mikill."
"J, herra," sagi hann, "v hefi ek helzt vanizt at skjta dr ok fugla til matar mr." (OS, 25).
284
Aps as flechas:
O primeiro tiro pode ter sido bom, disse o rei, mas este muito
melhor. Eu lhes digo, nunca vi um tiro como este.579
Aps a natao (Oddr nada com as cascas, mas prevalece sobre os demais):
E agora o rei inquiriu: E no que no h outro esportista igual em
tiro e natao?
Viste todas as habilidades que tenho, disse o Homem-casca. Me
chamo Oddr, se voc quiser saber, mas eu no posso lhe falar nada
sobre a minha famlia580.
Assim me parece, disse o rei. Mas quem este homem que tem
escondido sua identidade de ns?
Eu ainda me chamo Oddr, como lhe disse um tempo atrs, filho de
Grim Bochechas-Peludas de Hrafnista, no norte da Noruega.
voc o Oddr que foi para Bjarmaland tempo atrs?
Sou eu o homem que foi para l582 (itlico nosso)
579
"Sv vel sem skotit var it fyrra sinn," segir konungr, " er n miklu betr skotit, ok at m ek segja, at
aldrigi hefi ek st jafnvel skotit." (OS, 26).
580
Ok n spyrr konungr: "Hvrt ertu ekki rum mnnum lkr um rttir, bi um skot ok sund?"
"Snar eru n allar mnar rttir, er essar eru," sagi Nframar; "ek heiti Oddr, ef vilt at vita, en
ek kann eigi greina fyrir r um kyn mitt." (OS, 26).
581
at tlum vr, at vr vitum eigi allgerla, hvern vr hfum hr fstri haft (OS, 27)
582
"Sv m vera," sagi konungr, "ea hverr er essi mar, er sv hefir dulizt fyrir oss?"
"N heiti ek Oddr, sem ek saga yr fyrir lngu, sonr Grms loinkinna noran r Noregi."
"Ertu eigi s Oddr, er fr til Bjarmalands fyrir lngu?"
"S er marinn, er ar hefir komit." (OS, 27)
285
Jlfr, que desaparecem aps serem usadas. As ddivas de Gusir no foram capazes de
venc-lo, e desaparecem igualmente.
Resta a Oddr derrotar a feiticeira que, de forma semelhante a Ogmunr no
captulo seguinte atira flechas por todos os seus dedos. Seu templo queimado e ela
morta com uma clava por Oddr.
Oddr retorna para Grikkjarki claramente, um erro do redator, j que
anteriormente citada Gararki, assim como no captulo 32, por ocasio da morte de
Oddr. Em S, como j afirmamos, em ambas ocasies o reino Hnaland. Finalmente,
ele ascende a uma posio maior do que a que possua anteriormente: o rei Herraur
falece e que sobe ao trono em seu lugar o prprio Oddr.
J falamos sobre Ogmunr nas sees anteriores, e aqui cabe o encerramento de
sua participao no enredo. No captulo conseguinte subida de Oddr ao trono, ambos
travam sua ltima batalha. Ogmunr agora chamado Kvillanus, e governante em
Novgorod, rene todos os reis de Austrvegr, em uma lista muito detalhada que inclui
Kirjlalandi, Rafestalandi, Refalandi, Virlandi, Eistlandi, Lflandi, Vitlandi, Crlandi,
Lnlandi, Ermlandi, e Plinalandi583.
Aps grande mortandade ambos sobrevivem, e Ogmunr foge. No se passa
muito tempo, no entanto, antes de que ambos sejam reconciliados:
583
Ver captulo 03, pginas 173s.
584
Nokkurum tma sar sendir Kvillnus Oddi gjafir miklar bi gulli ok silfri ok marga ga gripi ok
ar me vinttuml ok sttarbo. Oddr essar gjafir, v at hann fyrirst af sinni vizku, at gmundr
Eyjfsbani, sem nefndist Kvillnus, var sigranligr, v at hann mtti eigi sr kallast andi en mar.
Ok er eigi getit, at eir hafi san nokkura hluti vi tzt, ok lauk sv eira skiptum. (OS, 30).
286
6. CONCLUSES
7. BIBLIOGRAFIA
a) Coltaneas
BECKMAN, Natanel & KLUND, Kristian (eds). Alfri slenzk II: Rmtl. Copenhague:
Mller, 1914-1916.
KLUND, Kristian (ed). Cod. Mbr. AM 194, 8vo. In: Alfri slenzk I. Copenhague:
Mller, 1908.
____________________. Landalsingar m.fl.. In: Alfri slenzk III. Copenhague: Mller,
1917s.
JNSSON, Finnur (ed.). Hauksbk. 3 vols. Copenhagen: Thieles bogtrykkeri, 1892-6.
RAFN, Carl Christian (ed). Antiquits Russes d'aprs les monuments historique des anciens
et des Islandais Scandinaves. Copenhague, 1850-1852, vol. 1.
b) Gregas: U 73, U 104, U 112, U 136, U 140, U 201, U 270, U 358, U 374, U 431,
U 446, U 518, U 540, U 792, U 922, U 956, U 1016, U 1087, S Fv1954;20; S
82, S 85, S 163, S 165, S 170, S 345, g 81, g 94, Vg 178, Sm 46, G
216.
c) Blticas:
U 180, U 214, U 346, U 356, U 439, U 533, U 582, U 698, S 39, S 198, Gs
13, Vg 181, G 135, G 319.
d) Lombardas: U 133, U 141, S Fv1954;22, S 65.
e) Yngvarr: U 439, U 644, U 654, U 661, U 778, U 837, U 1143, U Fv1992;157,
S 9, S 96, S 105, S 107, S 108, S 131, S 173, S 179, S 254, S 277,
294
AALTO, Sirpa & LAAKSO, Ville. Karelia, Finland and Austrvegr. In: austrvega:
Saga and East Scandinavia. Preprint papers of The 14th International Saga
Conference. Uppsala, 2009. p.07.
ABRAM, Christopher. Myths of the Pagan North. New York: Continuum International
Publishing Book, 2011.
ANDERSSON, Theodore. The Growth of the Medieval Icelandic Sagas (1180-1280).
Ithaca & London: Cornell University Press, 2006.
ANDRN, Anders. Between Artifacts and Texts: Historical Archaeology in Global
Perspective. New York & London: Plenum Publishing Corporation, 1998.
ANDREWS, Michael Corbet. The Study and Classification of Medieval Mappae
Mundi. In: Archaeologia 75. 1925-26: 61-76.
ANDROSHCHUK, Fjodor. The Vikings in the East. In: BRINK, Stefan & PRICE, Neil
(eds). The Viking World. London & New York: Routledge, 2008.517-542.
ANGOLD, Michael. Bizncio: a ponte da Antiguidade para a Idade Mdia. Rio de
Janeiro: Imago, 2002 [2001].
ATKINSON, Hugh. Upp ek r verp ok Austrvega: death overseas and the dead in the
East. Comunicao apresentada na XIV Saga Conference, Austrvega, 2008.
, ..
: 1100 . , 1967.
ARBMAN, Holger. The Vikings. London: Frederick Praeger, 1961.
ARENTZEN, Jorg-Geerd. Imago Mundi Cartographica: Studien zur Bildlichkeit
mittelalterlicher Welt- und Okumenekarten unter besonderer Berucksichtigung
des Zusammenwirkens von Text und Bild,Miinstersche Mittelalter-Schriften 53.
Munich: Wilhelm Fink, 1984.
295
BARSTAD, Hans. History and the Hebrew Bible: Can a History of Israel Be Written?
In: GRABBE, L. L. Grabbe (ed.) Journal for the Study of the Old Testament
Supplement Series 245. European Seminar in Historical Methodology 1.
Sheffield, 1997. pp. 37-64.
BARFORD, P.M. The Earl Slavs. Ithaca & New York: Cornell University Press, 2001.
BAUML, Franz H. Varieties and Consequences of Medieval Literacy and Illiteracy.
Speculum, 55, 1980.
The Bayer collection. In: <http://www.gla.ac.uk/services/specialcollections/collectionsa-
z/bayercollection/>. Ultimo acesso em 08/11/2014.
BBC & Channel One TV, Moscow . Russian president discusses problems with local
authority representatives, 17/07/2003. In:
<http://www.russialist.org/archives/7254-12.php> ltimo acesso em 28/10/2014.
BELAIEW, N.T. Eymundar Saga and Icelandic Research in Russia. In: Saga Book II,
1934, pp.93-99.
BELAJ, Vitomir. Uz Katiievu rekonstrukciju tekstova o baltoslavenskoj Majci
bogova. In: Trava od srca: Hrvatske Indije II. Urednici Ekrem auevi et ali.
Zagreb: Hrvatsko filoloko drutvo: Filozofski fakultet. Pp. 113-127.
BERGER, Alan J. Heimskringla and the Compilations. In: Arkiv fr nordisk filologi,
114, 1999. Pp.05-15.
BEZERRA DE MENESES, Ulpiano. A cultura material no estudo das sociedades
antigas. In: Revista de Histria, 115 (Nova Srie), 1983, pp.103-117.
BLATT, Franz. Vademecum in opus Saxonis et alia opera Danica compendium ex indice
verborum. Obtido em: <http://www.rostra.dk/latin/saxo1.html>, ltimo acesso
em: 06/11/2014.
BLOCH, Marc. Apologia da Histria: ou O ofcio do historiador. Edio anotada por
tienne Bloch. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002 [1997]
BLNDAL, Sigfs. The Varangians of Byzantium: An aspect of Byzantine military
history translated, revised and rewritten by Benedikt S. Benedikz. Cambridge: At
the University Press, 2007 [1978].
BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda: razes e significados de uma distino
poltica. So Paulo: Editora UNESP, 1995[1994].
BOGUCKI, Mateusz. The Beginning of Dirham Import to the Baltic Sea Zone and the
Question of Early Emporia. In: LUND HANSEN, Ulla, BITNER-
WRBLEWSKA, Anna (eds.). Worlds Apart? Contacts Across the Baltic Sea in
the Iron Age, Network Denmark-Poland 2005-2008, Det Kongelige Nordiske
Oldskriftselskab Pastwowe Muzeum Archeologiczne (Copenhagen (et al.),
2010), pp. 351-361.
BOJTAR, Endre. Foreword to the Past: A Cultural History of the Baltic People. p.54.
Budapeste: Central European University Press, 1999 [1997].
BORGOLTE, Michael. Christliche und muslimische Reprsentationen der Welt. Ein
Versuch in transdisziplinrer Medivistik. Berlin-Brandenburgische Akademie
der Wissenschaften, Berichte und Abhandlungen, Bd. 14.) Berlin, 2008. Pp.89-
147.
BOSERUP, Ivan (ed). Saxostudier. Copenhagen: Museum Tusculanum, 1975.
296
_______________. The Angers Fragment and the Archetype of Gesta Danorum. In:
FRIIS-JENSEN, Karsten (ed.). Saxo Grammaticus: a Medieval Author between
Norse and Latin Culture. Museum Tusculanum Press: Copenhagen, 1981.pp.09-
26.
BOULHOSA, Patricia Pires. Icelanders and the Kings of Norway: Mediaeval Sagas and
Legal Texts. Leiden and Boston: Brill, 2005.
______________________. A mitologia escandinava de Georges Dumzil: uma
reflexo sobre mtodo e improbabilidade. Revista Brathair, 6(2), p. 3-31, 2006.
BOXER, C. R. Bulletin of the School of Oriental and African Studies, University of
London. Vol. 51, No. 2 (1988), p. 367.
BRINK, Stefan & PRICE, Neil (eds). The Viking World. London & New York:
Routledge, 2008.
BRODERSEN, Kai. Cartography. In: DUECK, Daniela & BRODERSEN, Kai.
Geography in Classical Antiquity. Cambridge: at the University Press, 2012. Pp.
99-110.
BYOCK, Jesse. Viking Age Iceland. London: Penguim books, 2001
____________. Alingi. In: PULSIANO, Phillip et al. (Eds.). Medieval Scandinavia:
An Encyclopedia (Garland Encyclopedias of the Middle Ages). New York: 1993,
p.10.
GRAHAM-CAMPBELL, James. Os Viquingues: origens da Cultura Escandinava. Vol.
II. Madrid: Edies de Prado, 1997.
CAMPBELL, Tony. Portolan Charts from the Late Thirteenth Century to 1500. In:
HARLEY, J.B. & WOODWARD, David (eds.). The History of Cartography.
Volume I: Cartography in Prehistoric, Ancient, and Medieval Europe and
Mediterranean. Chicago: at the University Press, 1987. Pp. 371-463.
Cartographic images; #205. <http://cartographic-
images.net/Cartographic_Images/205_Isidore_of_Seville_T-O.html> ltimo
acesso em 12/11/2014.
CASTORIADES, Cornelius. Figuras do Pensvel: as Encruzilhadas do Labirinto.
Volume VI. Rio de Janeiro: Civlizao Basileira, 2004.
CHADWICK, Nora. The begginnings of Russian History: An Enquiry into Sources.
Cambridge: at the University Press, 1946.
CHESTNUT, Michael. Afterword. In: ROSS, Alan. The Terfinnas and Beormas of
Othere. University College London: Viking Society for Northern Research, 1981.
CHRISTIANSEN, Eric. The Norsemen in the Viking Age. Oxford: Blackwell, 2002.
__________________. The Northern Cruzades. London: Penguin Books, 1997 [1980].
__________________. The Place of Fiction in Saxos Later Books. In: FRIIS-JENSEN,
Karsten (ed.). Saxo Grammaticus: A medieval author between Norse and Latin
Culture. Copenhagen, 1981.
__________________. The Works of Sven Aggesen: Twelfth-Century Danish
Historian. London: University College & Viking Socciety for Northern Research,
1992.
297
ELDEVIK, Randi Claire . The Dares Phrygius Version of Trjumanna saga: A Case
Study in the Cross-cultural Mutation of Narrative. Doctoral dissertation. Harvard
University, 1987-88.
EKBLOM, R. Alfred the Great as Geographer. In: Studia Neophilologica 14, 1941-2.
__________. Den forntida nordiska orientering och Wulfstans resa till Truso.
Frnvnnen. 33, 1938.
__________. Der Volksname Osti in Alfreds des Grossen Orosius-bersetzung. In:
Studia Neophilologica, 13: 2, 1940, 161-173.
ELIAS, Norbert. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998 [1984].
ELLIOT, Ralph. Runes: an introduction. Manchester: At the University Press,
1963[1959].
ELLIS, Hilda Roderick. The Road to Hel: A Study of the Conception of the Dead in Old
Norse Literature. New York: Greenwood Press, 1968.
ELLIS-DAVIDSON, Hilda. Commentary. In: SAXO GRAMMATICUS, The History of
the Danes. Traduo: FISCHER, Peter. II Vols. Woodbridge, Suffolk: Boydell &
Brewer, 2006.[1979-80].
EL MURR, Victria Namestnikov & EL MURR, Joubran. O Comrcio Varegue e o
Gro-Principado de Kiev. In: SOUZA, Antonio Candido de Mello et alii (org). In
memoriam de Eurpedes Simes de Paula: artigos, depoimentos de colegas,
alunos, funcionrios e ex-companheiros de FEB; vida e obra. So Paulo: Seo
grfica da FFLCH, 1983.Pp. 405-409.
Ethnologue. Obtido em: < http://www.ethnologue.com/language/vot> ltimo acesso em
11/11/2014.
FAULKES, Anthony. Descent from the Gods. In: Mediaeval Scandinavia 11, 1978-89,
pp.92-125.
________________. (ed.) Edda: Prologue and Gylfaginning. University College
London: Viking Society for Northern Research, 2005.
FERRARI, Fulvio: gmundr: The Elusive Monster and Medieval 'Fantastic' Literature.
In: RUGGERINI, Maria E. (ed.): Studi anglo-norreni in onore di John S.
McKinnell. 'He hafa sundorgecynd', Cagliari 2009, pp. 365-377.
FILATOVA, Irina. Medvedev's new Russian orthodoxy: Postwar Soviet history is to be
revised, with official sanction; and transgressions from the approved version
could lead to prison. In: The guardian. 21 de maio de 2009. <
http://www.theguardian.com/commentisfree/2009/may/21/russia-medvedev-
history> ltimo acesso em 02/10/2014.
FISCHER, Peter. On Translating Saxo. In: FRIIS-JENSEN, Karsten (ed.). Saxo
Grammaticus: a Medieval Author between Norse and Latin Culture. Museum
Tusculanum Press: Copenhagen, 1981. Pp.53-64.
, .. . :
, 1977. 01, .05-14.
FORTE, Angelo, ORAM, Richard & PEDERSEN, Fredericus. Viking Empires.
Cambridge, 2005.
FRENSDORFF, Ferdinand. Schltzer, August Ludwig von. In: Allgemeine deutsche
Biographie, Bd.: 31, Scheller - Karl Schmidt, Leipzig, 1890. Pp. 567-600.
299
___________. Bjarmaland and Interaction in the North of Europe from the Viking Age
until the Early Middle Ages. In: Journal of Northern Studies. Vol 06, N02, 2012.
Ume.
. In: delfi.lv, 20 de maio de 2009.
<.http://rus.delfi.lv/news/daily/politics/kremlevskaya-komissiya-zajmetsya-
delom-kononova.d?id=24659049>. ltimo acesso em 11/09/2014.
_________. Soviet Archaeology: Trends, Schools, and History. Oxford: 2013.
KVRNDRUP, Sigurd. The composition of the Gesta Danorum and the place of
geographic relations in its worldview. In: NYBERG, Tore (ed.) Saxo and the
Baltic Region: A Symposium. Odense: University Press of Soutern Dennmark,
2004.
KVILHAUG, Maria. The Maiden with the Mead: A Goddess of Initiation Rituals in Old
Norse Mythology? Oslo: VDM Verlag, 2009.
, (entrevistado) & , (entrevistador). .
.
<http://www.echo.msk.ru/programs/netak/799397-echo/> ltimo acesso em
12/11/2014.
LANGER, Johnni. A guerra das imagens. In: Histria (UNESP). 26. So Paulo, 2007.
_______________. Les Vikings, premiers europens. In: Temas medievales v.14 n.14.
Scielo Argentina 2006.
_______________. The origins of the imaginary Viking 4, 2002. In: Viking Heritage
,Magazine v.04, n.04. Centre for Baltic Studies/Gotland University: Visby,
Sweden, 2002. pp. 07-09.
LAITINEN, Virpi, LAHERMO, Pivi, SISTONEN, Pertti, SAVONTAUS, Marja-Liisa.
Y-Chromosomal Diversity Suggests that Baltic Males Share Common Finno-
Ugric-Speaking Forefathers. In: Human Heredity, 2002. 53: 68-78.
LEONARD Stephen. Language, Society and Identity in early Iceland. Wiley-Blackwell,
2012.
LERER, Seth. Literacy and Power in Anglo-Saxon Literature. Lincoln: University of
Nebraska Press, 1991.
LESLIE, Helen. The death songs of rvar-Odds Saga. Tese de doutorado. Bergen
University, 2012.
LINDSAY, James E. Daily life in the medieval Islamic world. Greenwood Publishing
Group, 2005.
LOGAN, F. D. The Vikings in History, Routledge, 1991[1983].
LOUIS-JENSEN, Jonna. Heimskringla: Et vrk af Snorri Sturluson? In: Nordica
Bergensia, 14, 1997. Pp. 230-245.
_____________________. (ed.). Trjumanna saga: the Dares Phrygius version.
Copenhagen: C.A. Reitzel, 1981.
LNNROTH, Lars. Fornaldarsagans genremssiga metamorfoser: Mellan Edda-
mytoch riddarroman. In: LASSEN, Annette & JAKOBSSON, Jakobsson & NEY,
Agneta (eda.). Fornaldarsagornas struktur och ideologi : Handlingar frn ett
symposium i Uppsala 31.8-2.9 2001. Publicado em 2003, pp.37-45.
302
LUND, Niels. The Danish Empire and the End of the Viking Age. In: SAWYER, Peter
(ed.). The Oxford Illustrated History of the Vikings. Oxford: Oxford University
Press, 2001 [1997].
LUNDBK, Knud. T.S. Bayer (1694-1738): Pioneer Sinologist. Scandinavian Institute
of Asian Studies, Monograph Series No.54. Curzon Press: London & Malm,
1986.
MGI, Marika. Viking Age and early medieval Eastern Baltic between the West and the
East. In: IMSEN, Steinar (ed.) Taxes, tributes and tributary lands in the making
of the Scandinavian kingdoms in the Middle Ages. Trondheim: Tapir Academic
Press, 2011.pp. 189-235.
MAGNUSSON, Magnus & PALSSON, Hermann (trads). King Haralds saga: Harald
Hardradi of Norway from Snorri Sturluson. Translated with an introduction by
Magnus Magnusson and Hermann Plsson. New York : Dorset Press, 1986.
MAKO, Gerald. The possible reasons for the Arab-Khazar Wars. In: ALLSEN, Th.T.,
GOLDEN, P.B., KOVALEV, R.K.. & MARTINEZ, A.P. (eds). Archivum
Eurasiae Medii Aevi (17). Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2010. Pp. 45-57.
MARCANTONIO, Angela (org). The Uralic Language Family: Facts, Myths and
Statistics (Publications of the Philological Society). Oxford: Wiley-Blackwell,
2002.
MARGULIES, Marcos. Os judeus na histria da Rssia. Rio de Janeiro: Edies
Bloch, 1971.
MARJANI, Suzana. The Dyadic Goddess and Duotheism in Nodilos The Ancient
Faith of the Serbs and the Croats. In: Studia Mythologica Slavica VI. 2003. Pp.
181-204.
MARTIN, Janet. Medieval Russia 980-1584. Cambridge: Cambridge University Press,
1996 [1995].
MARTNEZ-PIZARRO, Joaqun. An Eirks ttr mlspaka? Some conjectures on the
Source of Saxos Ericus Dissertus. In: In: FRIIS-JENSEN, Karsten (ed.). Saxo
Grammaticus: A medieval author between Norse and Latin Culture. Copenhagen,
1981.
McTURK, Rory (ed.). A companion to Old-Norse Icelandic Literature and Culture.
Oxford: Blackwell Publishing, 2007.
Medvedev Forms a Commision to Protect Russian History. In: Jamestown Fundation,
from Eurasia Daily Monitor, V. 06, Issue 98.
<http://www.jamestown.org/single/?no_cache=1&tx_ttnews%5Btt_news%5D=35
018&tx_ttnews%5BbackPid%5D=13&cHash=6729b2258e#.VBH8o_ldXX4>
ltimo acesso em 11/09/2014.
MELNIKOVA, E.A. The Eastern World of the Vikings: Eight Essays about Scandinavia
and Eastern Europe in the Early Middle Ages. Gothenburg Old Norse Studies 1.
Gteborg universitet: Litteraturvetenskapliga institutionen, 1996.
, .. : , ,
.; , - . : , 1977.
_________________. : ,
, . : , 1986.
303
_________________. :
. , , . :
, 2001.
MERRILIS, A.H. History and Geography in Late Antiquity. Cambridge: at the
University Press, 2005.
MITCHELL, Stephen. Heroic Sagas and Ballads. London: Ithaca, 1991.
MITTLER, Elmar & GLITSCH, Silke (eds.). Russland und die "Gttingische Seele":
300 Jahre St. Petersburg : Ausstellung in der Paulinerkirche Gttingen unter der
Schirmherrschaft von Bundesprsident Johannes Rau und dem Prsidenten der
Russischen Fderation Wladimir Putin. Gttingen: Niederschsische Staats- und
Universittsbibliothek Gttingen 2003-04.
MOLCHAN, George Gregory. Translating Arthur: The Historia Regum Britaniae of
Geoffrey of Monmouth and Roman de Brut of Wace. Doctorals dissertation:
Louisiana State University, December 2013.
MONTGOMERY, James E. Ibn Fadlan and the Rusiyyah. In: Journal of Arabic and
Islamic Studies 3 (2000). pp.01-25.
MOOSBURGER, Tho de Borba. Os varangos nas sagas islandesas. In: Brathair 9(1),
2009; 117-128.
MOREIRA, Fabrcio de Paula Gomes. O batismo de Vladimir e as relaes entre os
Rus e o Imprio Bizantino no fim do sculo X. In: Revista Alethia de Estudos
sobre Antiguidade e Medievo Volume 2/2, Agosto a Dezembro de 2010.
MORTENSEN, Lars Boje & BISGAARD, Lars. Medieval Urban Civilization and its
North European Variant. In: BISGAARD, Lars, MORTENSEN, Lars Boje &
PETTITT, Tom (eds.). Guilds, Towns, and Cultural Transmission in the North,
1300-1500. Odense: University Press of Southern Denmark, 2013.
MUCENIECKS, Andr S. Virtude e conselho na pena de Saxo Grammaticus.
Dissertao de Mestrado. Universidade Federal do Paran: Curitiba, 2008.
_______________________. Notas sobre o termo viking: usos, abusos, etnia e
profisso. In: Revista Alethia de Estudos sobre a Antigidade e Medievo,
volume 2/2, ago/dez 2010.
_______________________. The Thematic of the Counselor in the Gesta Danorum
and the Strengthening of the Danish Hegemony in the Medieval Baltic Area.
Paper apresentado no International Medieval Congress of Leeds. Leeds, 2014.
MUNDAL, Else. (ed). Dating the Sagas: Reviews and Revisions. Copenhagen:
Museum Tusculanum Press, 2013.
_______________. Introduction. In: MUNDAL, Else (ed). Dating the Sagas: Reviews
and Revisions. Copenhagen: Museum Tusculanum Press, 2013.
MUSSET, Lucien. Les peuples scandinaves au Moyen ge. Presses universitaires de
France: Paris, 1951.
NERMAN, Birger. Funde und Ausgrabungen in Grobia, 1929. In: Congressus
Secundus Archaeologorum Balticorum Rigae, 19.-23. VIII. 1930. Riga, 1930.
pp.195-206.
NODILO, Natko. Stara vjera Srba I Hrvata. In: Religija Srb i Hrvat, na glavnoj
304
osnovi pjesama, pria i govora narodnog (Antiga f dos srvios e croatas. In:
Religio dos srvios e croatas, nas principais bases de canes, estrias e ditos
populares). Split: Logos, 1981.
NOONAN, Thomas. Pre-970 dirham hoards from Estonia and Latvia, I: Catalog. In:
Journal of Baltic Studies, 8:3, 1977(a), 238-259
_______________. Pre-970 dirham hoards from Estonia and Latvia, II: General
considerations. In: Journal of Baltic Studies, 8:4, 1977 (b), 312-323
_______________. Pre-970 dirham hoards from Estonia and Latvia, III: An
examination of the ninth century hoards. In: Journal of Baltic Studies, 9:1,
1978(a), 7-19
_______________. Pre-970 dirham hoards from Estonia and Latvia, IV: An analysis of
the hoards buried between 900 and 970. In: Journal of Baltic Studies, 9:2, 1978
(b) 99-115
_______________. Ninth-century dirham hoards from Northwestern Russia and the
Southeastern Baltic. In: Journal of Baltic Studies, 13:3, 1982, 220-244
_______________. A dirham hoard of the early eleventh century from northern Estonia
and its importance for the routes by which dirhams reached Eastern Europe CA.
1000 AD In: Journal of Baltic Studies, 14:3, 1983, 185-201
_______________. Dirham hoards from medieval Lithuania. In: Journal of Baltic
Studies, 23:4, 1992, 395-414
________________. The Islamic World, Russia and the Vikings, 750-900: The
Numismatic Evidence. Variorum Collected Studies Series, 595. Ashgate, 1998 (a).
________________. Ninth-Century Dirham Hoards from European Russia: a
Preliminary Analysis. In: The Islamic World, Russia and the Vikings, 750-900:
The Numismatic Evidence . Variorum Collected Studies Series, 595. Ashgate,
1998(b).
_________________. Why the vikings came first to Russia? In: The Islamic World,
Russia and the Vikings, 750-900: The Numismatic Evidence. Variorum Collected
Studies Series, 595. Ashgate, 1998(c).
LASON, Vsteinn. Family Sagas. In: McTURK, Rory. (Ed.). A companion to Old
Norse-Icelandic Literature and Culture. Oxford: Blackwell Publishing, 2006
[2005]. pp. 101-118.
OSBORN, Andrew. Medvedev creates History Commission. In: The Wall Street Journal,
21/05/2009.
<http://online.wsj.com/news/articles/SB124277297306236553?mg=reno64-
wsj&url=http%3A%2F%2Fonline.wsj.com%2Farticle%2FSB1242772973062365
53.html>. ltimo acesso em 12/11/2014.
PAGE, R.I. Runes and runic inscriptions: collected essays on Anglo-Saxon and Viking
Runes. Woodbridge: The Boydell Press, 1995.
PLSSON, Heimir (ed.). The Uppsala Edda. University College London: Viking
Society for Northern Research, 2012.
PALSSON, Hermann & EDWARDS, Paul. Legendary Fiction in Medieval Iceland.
Reykjavk: University of Iceland, 1970.
305
, . .
. 40- XX
/ . - .: -
(). 2009. . 84-102.
SHERBOWITZ-WETZOR, Olgerd.P. Introduction. In: The Russian Primary Chronicle:
Laurentian Text. Translated and edited by Samuel Hazzard Cross and Olgerd P.
Sherbowitz-Wetzor. Cambridge: The Mediaeval Academy of America, 1953.
SHNIRELMAN, Victor A. Archaeology and the National Idea in Eurasia. In:
HARTLEY, Charles, YAZICIOLU, Bike & SMITH, Adam (eds.). The
Archaeology of Power and Politics in Eurasia: Regimes and Revolutions.
Cambridge: at the University Press, 2012. Pp. 15-36
________________________. Russian Response: Archaeology, Russian Nationalism,
and the Artic Homeland. In: KOHL, Philip L., KOZELSKY, Mara, BEN-
YEHUDA, Nachman (eds). Selective Remembrances: Archaeology in the
Construction, Commemoration, and Consecration of National Pasts. Chicago: At
the University Press, 2008 [2007]. Pp.31-70.
SILVA, Glaydson Jos da. Histria Antiga e usos do passado: um estudo de
apropriaes da Antiguidade sob o regime de Vichy (1940-1944). So Paulo:
Annablume; Fapesp, 2007, 222p
_________________________. O mundo antigo visto por lentes contemporneas: as
extremas direitas na Frana nas dcadas de 1980 e 90, ou da instrumentalidade da
Antigidade. Histria (So Paulo), v. 26, p. 79-99, 2007.
SIMAR, Theophile. La geographie de l'Afrique Centrale dans l'antiquite et~au Moyen-
Age. Revue Congolaise 3 (1912-13): 1-23, 81-102,145-69,225-52,289-310,440-
41.
SIMEK, Rudolf. Altnordische Kosmographie: Studien und Quellen zu Weltbild und
Weltbeschreibung in Norwegen und Island vom 12. bis zum 14. Jahrhundert.
Berlin: Walter de Gruyter & Co, 1990.
_______________. Scandinavian World Maps. In: FRIEDMAN, John Block & FIGG,
Kristen Mogg (eds.). Trade, Travel and Exploration in the Middle Ages: An
Encyclopedia. Rotledge, 2000. Pp. 537s.
SKLD, Tryggve. Islndska vderstreck. In: Scripta Islandica. Islndska sllskapets
rsbok 16, 1965, 244-254.
SKOVGAARD-PEDERSEN, Inge. Gesta Danorums genremssige placering. In:
BOSERUP, Ivan (ed). Saxostudier. Copenhagen: Museum Tusculanum, 1975. Pp.
20-29.
_____________________________. The Way to Bizantium: A study of the first three
books of Saxos History of Denmark. In: FRIIS-JENSEN, Karsten (ed.). Saxo
Grammaticus: A medieval author between Norse and Latin Culture. Copenhagen,
1981.
SLIOSKIN, Lev. Eurpedes de Paula na Unio Sovitica. In: SOUZA, Antonio
Candido de Mello et alii (org). In memoriam de Eurpedes Simes de Paula:
artigos, depoimentos de colegas, alunos, funcionrios e ex-companheiros de FEB;
vida e obra. So Paulo: Seo grfica da FFLCH, 1983. Pp.563-565.
308
8. APNDICES
9 .
, , , , ,
.
,
, . , ,
,
, , ,
, .
, ,
, ,
. ,
, ***
. ,
, ,
, , ,
.
, , "
" ,
.
. ,
,
, ' ***,
. , ,
,
.
, ,
, ,
, " ".
, .
, . ,
, " ", ' ,
, , ,
.
, ' ,
, .
, , ,
, . '
,
, , .
, ,
, ,
, ,
, , ,
" ", .
, , ,
312
" ". ,
,
, , ,
.
, .
, ,
, .
, , ,
. , ,
, .
, . '
,
, .
, .
, , ,
, .
, , ,
, ,
. ,
, ,
, .
, .
, ,
. ,
, .
, ***
, ,
. ,
,
. .
, ,
, ,
,
. ' ,
, , .
' , , ,
. .
Obtido em:
<http://khazarzar.skeptik.net/pgm/PG_Migne/Constantinus%20Porphyrogenitus_PG%2
0112-113/De%20administrando%20imperio.pdf>. ltimo acesso em 10102012.
313
Apndice II:
Tabela de transliterao do Russo empregada pelo DLO (Departamento de Letras
Orientais) da Universidade de So Paulo: