Vida e Obra de Marc Chagall
Vida e Obra de Marc Chagall
Vida e Obra de Marc Chagall
Marc Chagall criou seu prprio mundo colorido de mitos e mgica, cheio de
estranhas criaturas e eventos miraculosos. Ainda assim, sua arte foi essencialmente
baseada em memrias e experincias reais, que ele transmutou no caldeiro de sua
imaginao. Um homem quase inteiramente absorvido por seu trabalho e sua vida familiar,
destinado a confrontar-se com as mais variadas culturas, a atravessar guerras e revolues
e a passar por fugas e exlio. Consequentemente, em qualquer relato sobre Chagall, a arte,
a origem judaica e a autobiografia esto intimamente interligadas.
A pintura de Chagall exprime esses fundamentos. Contm a certeza religiosa de
que, apesar das tragdias humanas, a vida e o amor so ddivas de Deus e assim devem ser
usufrudos. Haver sempre crianas que amaro a pureza, apesar do inferno criado pelos
homens, disse o artista, certa vez. E jamais mudou sua perspectiva. Atravs de meio
sculo de ininterrupta produo, Chagall permaneceu essencialmente um sonhador, lrico,
mgico e ingnuo, que usa o pincel para materializar a bondade e a inocncia em cores
maravilhosas.
Marc Chagall, judeu russo, nasceu em 07 de julho de 1887, em uma famlia pobre
em Pestkovatik, uma vila na provncia ocidental da Rssia czarista que agora
independente da Bielo-Rssia. Poucos anos depois, os Shagals mudaram-se para uma
cidade prxima, Vitebsk, que se tornou um dos principais marcos nos quadros de seu filho.
O mais velho dos nove filhos, Moshe Shagal - nome mais tarde transformado para o
francs Marc Chagall - cresceu na atmosfera fechada de uma comunidade judia da Europa
Oriental que ainda era sujeita a perseguies e ferozes exploses de violncia oficial ou
velada.
O cotidiano flua simples no gueto judaico. O pai, judeu ortodoxo, tinha uma banca
de venda de arenques no mercado. O trabalho alternava-se com a leitura diria dos livros
sagrados e a frequncia assdua sinagoga. Em casa, a intimidade era doce, calma,
Dos movimentos que participara aproveitou alguns elementos, sem nunca perder a
sua individualidade. O estilo romntico e simblico de Chagall deixou uma rica obra
pictrica sobre a tradio judaica, mstica e sonhadora, que o impulsionava infncia, ao
mundo inconsciente e ao mundo dos seus sonhos e vivncias religiosas judaicas ( imagem
3).
O ponto em comum entre Chagall e o surrealismo a exaltao do sonho, do
inconsciente, do ilgico. Aqui, de nada valem as leis do mundo fsico, no h mais
barreiras entre os diversos reinos da natureza e as diferentes fases do tempo. Como no
pensamento mgico, as coisas que normalmente so alheias entre si tornam-se interligadas.
O presente no s o agora, tambm a lembrana do passado. A verdade subjetiva.
Por isso, a arte de Chagall representa a autobiografia ntima do pintor. Quando o artista
chegou Paris, j trazia consigo essa perspectiva potica e ilgica do inconsciente e da
intuio, radicalmente oposta reflexo racional. Vitebsk, mais do que Paris, responde
pelas inclinaes mais profundas que dirigiram sua expresso rumo ao fantstico. Assim
como os poetas criaram a licena potica, Chagall criou a licena pictrica com seus
quadros - algo que o pblico, uma vez vencida a relutncia inicial, passa a aclamar.
Esta a sua revoluo: substituir a ilustrao do mundo percebido pelos sentidos,
ou seja, o mundo normal, real, objetivo, pela ilustrao da presena do irreal que existe
nesse mundo. Chagall nos mostra at que ponto o elemento mgico permeia os dados mais
concretos de nossa vivncia diria. Da, tambm, o desaparecimento dos limites entre o
ontem e o hoje. O tempo pertence ao objetivo. Em nosso subconsciente, em nossas
dimenses mais interiores, passado e presente coexistem e se fundem. Acerca disso, tem-se
um rico acervo, repleto de fantasia, imagens de seres vivos e seres espirituais, como os
anjos (imagem 4).
Na ocasio que pintou a crucificao branca Chagall fazia analogia ao natal com
neve, Kristallnacht (pogroms antissemitas promovidos pelo III Reich), sinagoga, Tor
e aldeia em chamas, da mesma forma que a escada que permitia Cristo descer da Cruz.
Outras casas aldes esto viradas, esvaziadas de seus pertences; em frente sinagoga, o
incendirio; no canto inferior direito mes fogem com seus filhos, protegendo-os. O Cristo
crucificado na sua tela no tem sentido catlico ou cristo, de Deus, mas a sofrimento a ser
suportado pelos judeus. Obras como xodo (1966) faziam analogia a essa perseguio
sofrida, onde sua linguagem se constitua com sentido no restrito ao individual, onde
exprimia o sussurro possvel de seu povo (ver imagem 10).
Em 1941, como judeu vivendo numa Paris ocupada pelos nazistas, fugiu para os
Estados Unidos com sua famlia, onde em 1944 morreu sua esposa Bela Chagall,
causando-lhe grande depresso. O Museu de Arte Moderna de Nova York , deu-lhe uma
retrospectiva em 1646. A Queda de um anjo, iniciada em 1923 e terminada em 1947
realiza a sntese da trajetria artstica do pintor acerca da queda do Terceiro Reich. Este,
representado no anjo vermelho que cai, no sem antes mutilar a menorah, signo de Israel.
A nica vela que restou das sete, permaneceu acesa, indicando a resistncia judaica, tema
que continuar integrando os trabalhos posteriores do artista.
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