USO de TECNOLOGIA - Graficos e Perguntas
USO de TECNOLOGIA - Graficos e Perguntas
USO de TECNOLOGIA - Graficos e Perguntas
Porto Alegre
2014
Porto Alegre
2014
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________
Prof. Dr. lvaro Filipe Oxley da Rocha (Presidente)
______________________________________________
Prof. Dr. Ney Fayet de Souza Junior (PPGCCrim)
______________________________________________
Profa. Dra. Rochele Fellini Fachinetto (UFPel)
Porto Alegre
2014
Dedico
esta
dissertao
todos os
AGRADECIMENTOS
Agradeo inicialmente a Deus por ter permitido que eu realizasse mais este trabalho,
aos meus pais Zulmar e Givnia que me proporcionaram a vida, a educao e que atravs do
exemplo procuraram me tornar uma pessoa melhor. A minha mulher Fabiana e aos meus dois
filhos Willian e Rafaela que, incansavelmente, me apoiaram e me deram a sustentao
necessria para o desenvolvimento do meu trabalho e que entenderam muitas vezes a
necessidade da minha ausncia, que eles tenham a certeza de que foram a minha sustentao.
Ao meu querido amigo e orientador Professor Doutor lvaro Filipe Oxley da Rocha pela
camaradagem, amizade, disponibilidade e, orientaes ao longo destes dois anos. Tenha a
certeza de que sem os seus ensinamentos isso no teria sido possvel. Ao Ten Cel Alexandre
Bueno Bortoluzzi, meu comandante imediato por ter compreendido a necessidade e
importncia deste trabalho e, assim colaborado comigo. Ao Sr. ComandanteGeral da Brigada
Militar, Coronel Fbio Duarte Fernandes por ter possibilitado que eu realizasse esta pesquisa
dentro da Brigada Militar d o Estado do Rio Grande do Sul utilizando dados e estatsticas
institucionais. Por fim agradeo aos Policiais Militares que diariamente e de forma incansvel
trabalham em prol da sociedade buscando tornar nossas vidas mais seguras e, se preciso for,
com o sacrifcio da prpria vida.
RESUMO
ABSTRACT
TITLE - Sensitivity and social control: the use of non-lethal technologies by the
Military Police of the State of Rio Grande do Sul
TEXT In activities of patrolling police officers are faced with certain situations that
require prompt police intervention. For mediation and resolution of certain disputes not
infrequently it is necessary to use the differentiated use of force, without, however, offering
risk permanent physical integrity of the causative agent of "crisis."
Using mechanisms aid social control less aggressive and more efficient is a goal to be
achieved by security forces worldwide, particularly Brazilian.
This study aims to enhance police work, especially with regard to the core business of
patrolling and special operations, due to the great demand for use of technologies for minor
offenses that are offered in defense of life, especially in which refers to instances with suicide
and hostage takers.
The paper presents a general approach on the Non -Lethal Technologies available in
the domestic market, its historical origins and its improvement ahead to contemporary needs,
and its correct use within the ranges of the progressive use of force linked to current
legislation and also brings indices operational use of Non -Lethal Technologies.
LISTA DE GRFICOS
13- Em alguma ocorrncia do uso da Taser a vtima (pessoa atingida pela Taser) teve
como decorrncia a morte;
14- Em alguma ocorrncia do uso da Taser foi evitado o uso de fora letal (arma de
fogo);
15- No seu OPM, no perodo de 2009 a 2012, houve alguma ocorrncia em que o
Policial Militar utilizou fora letal (arma de fogo), causando grave leso ou morte,
em que a Taser no foi utilizada, mas se tivesse sido poderia ter evitado a
utilizao da arma de fogo ;
10
16- Na sua opinio, deve ser mantida a utilizao da TASER no mbito da Brigada
Militar.
11
LISTA DE TABELAS
12
LISTA DE ABREVIATURAS
13
SUMRIO
1 INTRODUO .....................................................................................................
14
18
24
29
3 PUNIO E MDIA............................................................................................
35
46
62
6 CONCLUSES....................................................................................................
88
REFERNCIAS.....................................................................................................
91
14
1 INTRODUO
O trabalho policial, em especial, o desenvolvido pelas Polcias Militares, tem na
essncia de sua atividade a preveno de delitos, que por sua vez, reveste-se de inevitvel
controle social.
A sociedade contempornea influenciada pela mdia, opinio pblica e, atrelada ao
contexto social vigente questiona constantemente o sistema de segurana pblica que vive um
antagonismo, ou seja: a atuao revestida de todos os princpios legais e constitucionais
pautada pela tica, profissionalismo e treinamento adequado, de outra banda aes policiais
totalmente equivocadas que maculam a imagem das corporaes policiais dando a infeliz e
equivocada ideia de que grande parte dos operadores de segurana pblica compactuam com
devem ser tratadas em perfeita sintonia e equilbrio, pois cada vez mais dentre os diversos
modelos de uso diferenciado da fora (seleo apropriada do nvel de uso da fora em
15
resposta a uma ameaa real ou potencial visando limitar o recurso utilizado pelo agente de
segurana buscando minimizar riscos sade) voltados a proteo das garantias do cidado
tm presente como ferramenta imprescindvel sua aplicao as Tecnologias No -Letais,
degrau de sustentabilidade e de resposta proporcional ao nvel de fora exigido para resoluo
ento inquestionveis.
O trabalho policial a partir de ento passou a ser fruto de diversas crticas por parte da
sociedade especialmente quando h a necessidade de utilizao do uso diferenciado da fora e
de armas de fogo.
Assim, as Tecnologias e Tcnica No-Letais passaram a ser vistas como alternativas
mais humanas e menos agressivas ao organismo humano e capazes de serem utilizadas pelas
foras de segurana na proteo e preservao da vida.
As Tecnologias No-Letais so relativamente novas no mundo e, em especial, no
cotidiano das Foras Policiais Brasileiras, um exemplo disso so os conhecidos Dispositivos
Eltricos Incapacitantes, tambm chamados de Armas de Choque, incorporadas s atividades
rotineiras de polcia no Brasil na grande maioria a partir do ano de 2009 por incentivo da
Poltica Nacional de Segurana Pblica da Secretaria Nacional de Segurana Pblica -
necessidade de adequao aos meios de controle social seja mais human a e menos agressiva
vida e sade.
Desta forma, esse estudo busca demonstrar qual o impacto social e institucional da
utilizao das Tecnologias No -Letais pela Polcia Militar do Rio Grande do Sul, conhecida
internacionalmente por Brigada Militar frente diversidade de demandas nas quais
RIANI, Marsual Botelho. Tcnicas no -letais na segurana pblica e privada. 1ed. So Paulo: Sicureza, 2013.
16
solicitada diariamente no auxlio ao controle social buscando sempre a proteo vida e aos
17
Por fim a pesquisa busca tambm a opinio dos Comandantes de Unidades Policiais
Militares a cerca da manuteno do uso do referido equipamento.
18
19
tida como aceitvel para os parmetros culturais sociais e morais daquele tempo. Lembrando
que em sintonia com o nvel de sensibilizao entendido e aceitvel para os parmetros
sociais e ticos da poca.
Conforme ensina GARLAND2 a sensibilidade humana evolui, pois a estrutura
especfica de nosso senso de sensibilidade est sujeita a modificaes e evolues chegando
ao patamar de fazermos o questionamento constante de como devemos punir os cidados
ser estudados como um todo, aliados s prticas culturais, para que esse processo de evoluo
sensibilizatrio possa ser observado.
Cada vez mais os indivduos tm sofrido alguma forma de controle pela sociedade.
Quanto mais avanados os padres sociais, maior controle exercido sobre o cidado eis que
o processo civilizatrio impe normas de conduta mais adequadas realidade, tornando -se o
padro de conduta.
GARLAND, David. Castigo y Sociedad Moderna: um estdio da teoria social. Buenos Aires: Siglo xxi
20
grosso modo com as transformaes experimentadas por um filho durante o seu processo de
crescimento e educao.
A evoluo monopolizou o uso da fora, centralizando no Estado o poder de recorrer
utilizao de meios forosos para fazer valer sua autoridade, todavia, esses meios foram
evoluindo e, por consequncia, impondo aos indivduos comportamentos mais adequados
cada vez mais civilizados do ponto de vista social.
As manifestaes de violncia pblica sejam para satisfao de interesses pessoais ou
institucionais vo sendo cada vez menos freqentes em funo de uma readaptao
psicolgica desenvolvida pelo s indivduos que acabam introjetando limites de controle em
relao a seus sentimentos de raiva, fria, ressentimento, vingana e justia.
medida que o indivduo vai evoluindo e, por sua vez, fazendo parte do processo de
sensibilizao algumas atitudes vo mudando, o ser humano vai se adaptando cada vez mais
s convenes sociais e dessa forma tende a agir tambm, cada vez mais de forma equilibrada
e consciente e, cada vez menos de maneira espontnea.
Conforme o ser humano vai evoluindo na maneira de compreender o mundo e
entendendo as limitaes oriundas de direitos e deveres necessrios para uma convivncia
harmoniosa a sua maneira de enxergar o seu semelhante tambm vai sofrendo modificaes
3
GARLAND, David. Castigo y Sociedad Moderna: um estdio da teoria social. Buenos Aires: Siglo xxi
editores, s.a. 2006. 256p.
21
cada vez mais humanas e menos irracionais, o que vai abrindo caminho para um constante
aperfeioamento civilizatrio.
Quando tratamos de evoluo social associada sensibilizao importante destacar a
participao da cincia, pois o crescimento cultural fez com que o homem tambm tivesse um
cincia.
A sensibilizao ao longo do tempo acaba por produzir cidados com uma carga
muito grande de controle emocional, impedindo, na maioria das vezes, que atuem somente
por impulsos. O que se observa que esses indivduos deixam de ser escravos das emoes e,
por conseguinte, passam a adotar atitudes mais controladas e adequadas a realidade social do
grupo onde esto inseridos.
22
Com o passar dos anos, presenciar este tipo de ritual foi se tornando um
comportamento, no entender de GARLAND4 , pouco
sofisticado, de mau
gosto,
principalm ente entre as classes dominantes, de maneira que as execues ainda ocorreram
mais de forma velada, em geral por trs dos muros das prises.
A idia de exercer violncia contra as pessoas dos transgressores de uma maneira geral
comea a perder fora pelo desagrado social que a forma de imposio da punio comea a
causar. Assim, os castigos corporais comeam a ser gradativamente substitudos por outras
sanes como o encarceramento.
O sistema social passou a no tolerar a imposio pblica de dor e sofrimento. As
sanes aos condenados passam por uma reformulao onde a humanizao comea a
gradativamente se estabelecer. Esta sensibilizao teve incio pelas classes dominantes em
funo da sua cultura e, teve continuidade at atingir as classes mais humildes onde a
violncia sempre foi um fato r presente.
Historicamente, o nvel de segurana pblica que as sociedades antigas possuam era
muito pequeno, no raras vezes inexistente, pois os rgos do Estado no tinham uma
estruturao adequada que pudesse oferecer um nvel mnimo de sensao de segurana. Isso
colaborou para que os indivduos estivessem quase que constantemente portando armas sejam
elas armas brancas, em um perodo mais remoto , ou armas de fogo, em um mais recente.
um espetculo que no deveria ser observado, sendo abandonado paulatinamente, o que revela
uma preocupao que, apesar de tmida para a poca, j demonstrava uma evoluo
sensibilizatria da sociedade holandesa.
A importncia histrica destes acontecimentos nos fenmenos que influenciaram e
influenciam as polticas criminais de total relevncia, pois nos mostra que a sensibilizao
cada vez mais se encontra presente em nossa sociedade. bem verdade que ainda alguns
pases do mundo apesar de civilizados possuem a pena capital e castigos fsicos como forma
GARLAND, David. Castigo y Sociedad Moderna: um estdio da teoria social. Buenos Aires: Siglo xxi
editores, s.a. 2006. 262p.
23
de sano para determinados delitos, o que ser abordado posteriormente quando tratarmos
grupo.
As mudanas de pensamento humano , mais especificamente aquelas afetas estrutura
A sensibilizao sem dvida vem ocorrendo, a evidncia disso que a era moderna
suportou ainda, por algum tempo , determinados ndices de violncia que se sustentaram
evidentemente em sistemas penais que entendiam como forma de sano a imposio de
castigos fsicos, mutilaes e outras formas de violncia aos conhecidos condenados do
sistema penal.
De forma geral os historiadores entendem que o perodo compreendido entre o ano de
1700 e a poca atual, apesar de algumas demonstraes claras de violncia, foi o perodo em
que a sensibilizao teve, apesar do impulsionar singelo, um crescimento evidenciado pela
antipatia e averso cada vez maior a prticas cruis e violentas, proporcionando assim o
aparecimento de uma tendncia mais humanista e sensibilizatria nas relaes entre os seres
humanos.
Reflexos desta nova ordem podem ser evidenciados com a no tolerncia de violncia
pblica, com uma penalizao mais severa e progressiva ao longo da histria em relao aos
crimes cometidos com violncia pessoa.
24
adversas da natureza.
A punio pblica surge tempos depois em decorrncia da evoluo da maneira de
comunicao da sociedade, h uma incorporao da idia de manuteno e garantia da
ordem pblica que se desenvolve com o fortalecimento da sociedade organizada, havendo
25
que tivesse anteriormente uma graduao de sofrimento at que o ato morte tivesse sido
consumado, como sendo o pice da cerimnia.
Seguindo nesta linha suplcio seria a arte de graduar sofrimentos, devia marcar o
infrator de forma fsica e moral e no agiria na purgao do delito e sim deveria marcar o
condenado de forma que ele no pudesse apagar esses sinais fisicamente e moralmente da
coletividade.
Ainda, segundo Foucault, o suplcio foi implementado na prtica judicial da poca
pois era considerado como sendo um mtodo revelador da verdade, permitindo assim que o
delito fosse novamente reproduzido e direcionado atravs do prprio suplcio contra o corpo
do criminoso.
A confisso do crime era um objetivo a ser alcanado eis que ela representava a
obteno da verdade viva. Havia duas formas de conseguir a verdade penal, a primeira era o
juramento realizado pelo acusado onde ele jurava perante Deus, e a outra forma era a da
tortura, mtodo de instruo onde havia o sofrimento fsico do acusado.
A simples suspeita do cometimento do delito era suficiente para que houvesse a
condenao do acusado, no havia a presuno de inocncia, mas sim a frequente certeza de
condenao do acusado.
O suplcio do condenado trazia uma espcie de reconhecimento divino em relao ao
sofrimento pelo qual era acometido o condenado. O perdo era concedido por Deus para
aqueles que o merecessem atravs do sofrimento experimentado pelo condenado, pois se
poderia saber se o condenado era verdadeiramente culpado ou inocente. Quanto mais rpida
26
fsicos, mas com o passar dos anos a idia de submeter a vontade do filho sua atravs de
castigos passou e entrar em desuso.
Importante lembrar que ao longo dos sculos as sanes acabam por ter tambm uma
relao direta com o tipo de mercado econmico desenvolvido ao tempo de aplicao da
sano, exemplo disso foi a humanizao iniciada no fim do sculo XVII que era fortemente
carregada de princpios humanistas influenciada pela necessidade de sensibilizao que a
nova ordem econmica impunha.
Na medida em que o capitalismo comea a impor a sua fora surge a necessidade de
modificar a forma de realizar as sanes, pois alm da sensibilizao da sociedade h a
substituio das penas prticas por penas restritivas de liberdade. A sociedade burguesa
passa a valorizar a pena privativa de liberdade.
O processo de produo capitalista atravs da busca pelo lucro incessante estimulou de
forma direta o processo de excluso e da marginalizao social. Neste contexto a sociedade
burguesa comeou a refletir e a pensar em outra estratgia para colocar em prtica as
punies.
27
implementado.
Estes apenados eram preparados para que quando sassem do sistema prisional
tivessem como opo a busca pelo mercado de trabalho, porm enquanto presos trabalhavam
para um contratante por preos muito baixos ch egando ao ponto de se considerar o trabalho
como sendo escravo.
A punio como um todo apesar de seus diversos objetivos sempre teve tambm um
vis poltico e econmico em todos os locais do mundo , independentemente do regime
poltico adotado pelo local, talvez esse vis tenha sido mais ou menos acentuado na poltica
ou na economia em funo da poca que se queira analisar.
Houve com o passar dos anos um crescimento populacional muito grande aliado ao
lento e gradual avano da medicina o que aumentou a expectativa de vida da populao e
conseq uentemente o perodo de disponibilidade de mo -de-obra. Com a evoluo e com as
modificaes nas formas de punio as casas de correo foram perdendo sua
sustentabilidade, pois no havia mais aquela busca incessante e desenfreada pela fora de
trabalho existente poca.
A mo -de-obra existente passou a ser farta e qualificada, pois cada vez mais o
mercado de trabalho absorvia essa parcela trabalhadora. Como consequncia as condies de
manuteno e de sobrevivncia das casas de correo foram tornando -se menos importantes
e, como reflexo, as condies prisionais a partir de ento comearam a ser de pssima
qualidade.
Com o crescimento das classes sociais e a manuteno do padro de vida da classe
burguesa outras formas de lucro foram buscadas, eis que havia a necessidade de pagar
28
devidamente o trabalhador pelo servio prestado. Como a classe trabalhadora no tinha ainda
esta fora manifesta e, possuindo constantemente a necessidade de utilizar, consumir e
adquirir determinados bens de consumo ocorreu um aumento significativo dos crimes contra a
propriedade privada.
continuam de certa forma com caractersticas muito semelhantes eis que seu objetivo a
29
contra a classe dominante e por sua vez com maior poder econmico.
Infelizmente, punio e ordem econmica sempre esto lado a lado, nosso modelo
apesar de no parecer tendencioso no tocante a aplicao das penas ele sim bastante
tendencioso, incluindo todo o processo penal, prova disso que as camadas mais abastadas
dificilmente so condenadas por delitos similares praticados pelas camadas sociais mais
humildes, sendo o sistema vigente, apesar de todo um ideal de justia almejado , norteado por
fatores no expressos na legislao, mas muito presentes no sistema criminal, qual seja : a
condio social do acusado.
30
imposio da punio, bem como instrumentos de exerccio de controle social. Para tal, a
demanda por tecnologias no -letais e sua evoluo histrica sero relacionadas ao tema em
questo.
No h como tratar separadamente punio e controle social, pois a prpria punio
tida como um dos mecanismos de controle social mais utilizados, todavia nem sempre a
maneira com o a qual o tipo de sano imposta ao indivduo de conduta desviante imposta
Assim, o controle social do Estado manifestado pelo seu poder de punir estrutura-se
em um sistema que se manifesta atravs de um processo de criminalizao de determinadas
condutas socialmente inaceitveis ou tidas como conflituosas e, de forma simplista, busca no
apenamento de forma geral uma soluo frgil de demonstrar uma reao do Estado a esse
tipo de conduta.
O controle social tem como finalidade obter uma disciplina social que auxilie na
manuteno da organizao e do equilbrio global de uma determinada formao social, sendo
o Estado um dos fatores desta organizao e de equilbrio global, naturalmente o controle
social formal manifestado pelo poder do Estado de punir estar vinculado e determinado pelas
caractersticas bsicas da formao social onde ele se desenvolve.
31
O controle social surge como uma maneira de impedir que os indivduos atuem
impelidos somente por seus instintos, por seus impulsos, criando seu prprio regramento, ele
surge para regular o comportamento dos cidados e grupos sociais.
Tem como objetivo controlar a ordem social e a prpria eficincia desta, trazendo em
si uma herana social herdada atravs de costumes de geraes e acompanhando sua evoluo
ao longo do tempo.
Essa valorao no s ditada pela sociedade como tambm organizada e codificada
atravs de legislaes estabelecendo sanes para aqueles que agirem em desacordo com as
condutas violadas.
O processo de socializao exige que a vida seja organizada de uma maneira que as
normas sociais sejam obedecidas pelo grupo inteiro ou pelo menos por uma grande maioria
para que a convivncia social seja possvel, para isso as infraes s normas delimitadas pelo
grupo so sancionadas de alguma forma para que o controle possa ser mantido.
As relaes sociais de um grupo necessitam de segurana, para que isso seja mantido e
individualizado cada grupo tem o seu conhecido sistema tico, escalonado em valores e,
apesar das possveis contradies existentes, chega-se a um consenso e forma-se a
conceituao de conduta desviante.
Quando este indivduo se ajusta ao comportamento desejado dizemos que ele est em
conformidade com os valores sociais do grupo, independentemente de seus objetivos pessoais,
mesmo que sejam diversos, pois a vontade e os objetivos do grupo so mais fortes e devem
prevalecer.
Em oposio ao comportamento desejado, dizemos desviante aquele comportamento
que vai de encontro aos valores de seu grupo, assim temos o controle social como uma
ferramenta, um mecanismo de punio aos comportamentos desviantes, aplicando assim
punies para em um primeiro momento buscar correo de atitudes e, em seguida atravs do
exemplo evitar que a conduta indesejada se repita.
O ajustamento voluntrio do indivduo s regras sociais e por sua vez aos valores
hierrquicos o reflexo da prpria socializao, o prprio controle social sendo realizado,
32
Edward Ross6 entende que o ser humano possui alguns atributos que proporcionam o
desenvolvimento de relaes sociais harmnicas no grupo no qual est inserido, sendo eles a
simpatia, sociabilidade, senso de justia e ressentimentos de mau trato. A sociedade evolui e
se torna mais complexa, exigindo do homem mecanismos mais atuais e eficientes capazes de
ordem pblica.
Com o passar do tempo o homem torna-se menos instintivo e mais racional e, em
funo disto os mecanismos de controle social passam a acompanhar essa evoluo cada vez
mais artificial e racional personificada atravs de leis, crenas, costumes e religio.
Charles Horton Cooley7 , um dos pioneiros na formao do pensamento sociolgico
americano, em sua Obra Natureza humana e ordem social , publicada em 1902, afirma que
controle social a relao recproca entre o indivduo e a sociedade, sendo este controle
transmitido ao indivduo pela socializao.
6
7
ROSS, Edward. Social control and the foundations of sociology. Boston: Beacon, 1959.
COOLEY, Charles Horton. Natureza Humana e Ordem Social. Chicago,1902.
33
grupo.
Se os indivduos agissem segundo suas prprias vontades e interesses, sem obedecer a
nenhum regramento, haveria uma desordem total na sociedade, para tal alguns mecanismos
ocorreram.
A preveno sempre mais eficiente e desejvel que a represso, pois prevenir um
crime um meio superior represso.
A polcia seria um meio inibidor negativo em se tratando de controle social, eis que
representando o Estado e atuando em nome deste possui os instrumentos necessrios para,
utilizando a fora e a coero , fazer com que os indivduos se portem de acordo com as
normas de conduta impostas.
determinado cidado.
Os mtodos de aplicao desta sano variaram de acordo com a poca em que foram
aplicados e, variam at hoje em relao ao local do mundo onde ocorrem, prova disso a
existncia ainda de pena de morte em alguns pases, em outros o castigo fsico , at mesmo a
amputao de membros.
Uma caracterstica marcante dos mecanismos de controle social a sua substituio ao
longo do tempo, ou seja, quando um mecanismo de controle enfraquece ele normalmente
34
substitudo por outro, um exemplo a ser citado o controle paterno exercido na sociedade
patriarcal que ao longo do tempo substitudo pelo controle exercido pelo Estado que acaba
padres ticos.
H indivduos que no se enquadram em nenhum padro tico, acreditam ser
superiores e no so afetados por nenhuma crise moral, portanto no manifestam culpa pelas
infraes sociais praticadas, podem ser definidos como indivduos com distrbios
relacionados a rea afetiva.
Todavia quando essa violao afeta de alguma forma o grupo social a sano no pode
ficar no subjetivismo, ao contrrio , deve ser objetiva e a punio deve ser proporcional e
adequada. A sociedade deve observar que o controle social est sendo exercido e pode
alcanar a todos.
35
3 PUNIO E MDIA
A mdia ao longo dos tempos vem demonstrando ter um papel de grande influncia no
desenvolvimento penal das sociedades e, por sua vez, especialmente no que se refere s
punies.
Com o avano da tecnologia, da globalizao e, atualmente, pelo acesso fcil, a
internet atrelado ao fluxo de informaes com o mundo em tempo real, a mdia tornou -se um
instrumento de propagao e influncia na opinio das pessoas, bastando que para tal se
realize um toque na tela de um celular.
A globalizao sem dvida um fenmeno que tem grande influncia no rumo e na
maneira comportamental da sociedade, alterando as formas de controle social e, por sua vez
impulsionando mudanas no direito penal como bem coloca Jssica Gaspar Miranda em seu
artigo a seletividade penal e a mdia como legisladora 8 .
O mundo vive de significados, tomamos assim como exemplo a padronizao da
cultura de determinado grupo que, por sua vez pode ser completamente diferente da cultura de
outro grupo com outros valores, costumes e leis e, mesmo assim, considerada normal em
funo da diversidade de culturas existentes no mundo.
Todavia, a realidade social de cada indivduo deste grupo diferente e sofre influncia
da mdia atravs das diversas formas de transmisso de notcias, em especial aquelas que
vendem notcias ruins e polmicas e inferem um clima de insegurana no grupo social e
MIRANDA, Jssica Gaspar. A seletividade penal e a mdia como legisladora. Webartigos, 2012. Disponvel
em:< http://www.webartigos.com/artigos/a-seletividade-penal-e-a- midia-como-legisladora/100151/> Acesso em
18 jun.2013, 23:14:12.
36
informao.
Os profissionais de comunicao tm a tarefa de fazer com que o pblico alvo
consuma de maneira mais rpida e de forma mais fcil s mensagens produzidas atravs de
determinados fenmenos sociais, polticos, econmicos, criminais e tantos outros que cercam
a nossa vida diria.
A verso dos fatos apresentada pela mdia dificilmente mostrada com clareza, em
especial no tocante s circunstncias nas quais a informao foi colhida. Ainda, importante
ressaltar a quem a veiculao de determinada notcia pode interessar.
Tudo isso traz uma preocupao com a fidelidade destas informaes que no raras
vezes carece de objetividade e, em funo da necessidade de produo de reportagens, nem
sempre trabalha com a seriedade e verdade necessrias.
A violncia e a criminalidade passam a receber um tratamento diferenciado e
comumente potencializado para uma edio e publicao miditica.
BRITOS, Valrio C e GASTALDO, Edson. Mdia, poder e controle social. Rio de Janeiro. Disponvel em:
<http://revistaalceu.com.puc-rio.br/media/alceu_n13_Brittos%20e%20Gastaldo.pdf> Acesso em 18 jun. 2013.
37
casos de pedofilia, infanticdios e outros crimes hediondos. Notou tambm enfoque dado pelo
apresentador na condenao da m sociedade e a defesa da boa sociedade.
Demonstra atravs da pesquisa que o apresentador do programa est constantemente
em processo de vigilncia na procura de delinq uentes, tendo um canal aberto com a
comunidade para recebimento de denncias.
Alm disso, busca constantemente apoiar sua opinio em entrevistas ao vivo com
Delegados de Polcia, Juzes, Promotores, Policiais, vtimas e delinq uentes, com vistas a
entender os fatores motivadores dos delitos, buscando assim traar uma trajetria, como j
descrevia Foucault 11 no que se refere a constituio do crime e seus antecedentes, fazendo
com que o criminoso se parea com seu crime, inserindo -o em uma trama inteligvel ao
grande pblico.
O prprio apresentador se considera um no especialista nos assuntos referentes
criminalidade, por isso conforme j mencionado ele recorre a especialistas na rea para
coletar suas opinies e corroborar seu discurso. Desta maneira cria-se uma fundamentao no
discurso de presuno de verdade ressaltando a necessidade de vigilncia por parte dos
telespectadores do programa.
Conclui a pesquisa afirmando que na fabricao de mltiplas vigilncias que o
mostro (referncia ao criminoso) se insere a algo como a ser constantemente vigiadas, de
maneira a no cometer as suas monstruosidades, fabricando desta forma vigilncias diversas
10
BARATA, Joo Medeiros. Discursos de violncia e no -violncia na mdia policial televisiva. Disponvel em:
<http://revistas.pucsp.br/index.php/aurora/article/view/3908/2549> Acesso em 21 jun. 2103
11
FOUCAULT, M. (1975) Os anormais : curso no Collge de France. Trad. Eduardo Brando
So Paulo: Martins Fontes, 2001.
38
inocente.
Tamanha a fora exercida pela mdia que Munis Sodr em sua obra Sociedade,
Mdia e Violncia 13 narra que um relatrio da Associao Norte-Americana de Psicologia
afirma que uma criana no fim da escola primria, razo de trs horas por dia de exposio
tev, ter visto cerca de 8.000 assassinatos e 100.000 atos violentos. Aos 18 anos de idade, o
jovem que aficionado por jogos de vdeo game ter liquidado, sem nenhum tipo de
remorsos, cerca de 40.000 adversrios. Na Eu ropa, os governos j vm advertindo que a
Internet est se tornando, lentamente uma plataforma para a pregao da violncia de extrema
direita.
Desta forma, a mdia desenvolve uma relao muito estreita com as punies, em
12
BUJES, Janana de Souza.Anlise crtica da influncia da mdia no sistema penal brasileiro. Porto Alegre.
UFRGS. Disponvel em: <
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/68591/Resumo_200601068.pdf?sequence=1> Acesso em: 19
jun. 2013.
13
SODR, Muniz. Sociedade, mdia e violncia. Porto Alegre. sulina:Edipucrs 2002. 2 ed. 2006. 110p. (coleo
comunicao 22)
39
moldado pelas polticas criminais repressivas com a presena dos discursos conhecidos como
os de tolerncia zero e o das vidraas quebradas.
Em razo disso e da interveno da mdia os Estados Unidos da Amrica tm hoje um
das maiores massas carcerrias do mundo.
O controle social sempre buscou a harmonia e a sustentabilidade de determinado
grupo social, todavia no tocante ao controle criminal no sabemos bem ao certo como
chegamos ao ponto atual de criminalidade, pois h algumas geraes atrs pensava-se que
modalidades de determinado s delitos no mais se sustentariam, todavia a realidad e atual nos
mostra que elas se proliferaram atravs do tempo.
14
GARLAND, David. A cultura do controle. Crime e ordem social na sociedade contempornea. Rio de Janeiro.
Renavam. 2008.
40
15
GARLAND, David. A cultura do controle. Crime e ordem social na sociedade contempornea . Rio de Janeiro.
Renavam. 2008. p337.
41
informaes e depois dramatizaram e reforaram uma nova experincia pblica com profunda
ressonncia psicolgica; e, ao faz-lo, a mdia institucionalizou aquela experincia. Ela
acabou por cercar a sociedade de imagens de crimes, perseguies e punies alimentando
diariamente a todos com isso, proporcionando desta forma instrumentos para que os
sentimentos de raiva, medo, indignao e insegurana possam ser descarregados, tudo em
funo da fascinao que a experincia do crime provoca, aumentando a relevncia do crime
na vida cotidiana.
A opinio e a idia de justia criminal que a populao acaba por assimilar se baseia
nas representaes coletivas da mdia e no em informaes tcnicas e precisas, so baseadas
numa determinada experincia cultural do crime e no no prprio crime.
Laila Maria Domith Vicente e Wanisy Roncone Ribeiro , em trabalho apresentado no
XIX encontro nacional do CONPENDI, realizado em Fortaleza no ano de 2010, intitulado o
papel da mdia na expanso do sistema Penal 17 , descreve que a mdia uma indstria
inteligente, que controla tambm a economia e a poltica do pas, significando dizer que as
pessoas sem perceberem so induzidas a acreditar no que os proprietrios dos meios de
comunicao desejam, de modo que esse conglomerado de aes modifica em muito a vida
em sociedade, mas sempre em prol daqueles que a controlam, garantindo e dizendo a verdade
e, tambm o modo como esta dever ser usada, desta forma todos podem viver melhor.
Essa interferncia acontece de modo natural e corriqueiro que mal nos damos conta,
acabando assim , como j mencionado , anteriormente por pr julgar e condenar pessoas
noticiadas, antecipando veredictos sem qualquer rigor tcnico e sem qualquer base ftica que
tenhamos conhecimento.
Fbio Geraldo Veloso 1 8 ,em sua publicao Polticos, mdia e o fenmeno criminal no
Brasil, afirma que h uma tentativa de convencimento da populao de que a crescente
16
GARLAND, David. A cultura do controle. Crime e ordem social na sociedade contempornea . Rio de Janeiro.
Renavam. 2008.
17
VICENTE, Laila Maria Domith e RIBEIRO, Wanisy Roncone. O papel da mdia na expanso do sistema
penal. Fortaleza. 2012. Disponvel em: <http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/fortaleza/4189.pdf>.
Acesso em : 22 jun. 2013.
18
VELOSO, Fbio Geraldo. Polticos, mdia e o fenmeno criminal no Brasil. Boletim IBCCRIM. So Paulo, v.
14, n. 163, jun.2006.
42
brando, levando a crer que a leveza na pena e a certeza da brandura na punio o que
impulsiona e determina a prtica do crime.
Os meios de comunicao , em especfico a televiso , pelo prprio pblico que atinge
pode ser considerad a um instrumento de manuteno de ordem simblica.
Srgio Salomo Shecaria19 entende que os meios de comunicao de massa fabricam
esteretipos de fatos e de crimes. As campanhas eleitoreiras apoiadas pela mdia descrevem a
impunidade total, afirmam que a polcia prende e os juzes soltam, especulam a liberdade dos
menores infratores em razo do excesso de protecionismo do Estatuto da Criana e do
adolescente. Atribuiu ainda o mau funcionamento do mecanismo Estatal em razo da proteo
dada pela Constituio Federal aos Direitos Humanos que s tem validade para os
delinqentes.
Assim, podemos entender que o controle do crime como um todo se caracteriza por
dois eixos condicionados, sendo eles o controle formal, que exercido por agncias estatais
do sistema penal, e as informais, que se desenvolvem nas atividades como a mdia.
Assim, o controle criminal, bem como o prprio controle social, envolve atividades
oficiais de ordenamento social b em como atividades de agncias no governamentais, sendo
elas as agncias privadas que influenciam diretamente na opinio pblica.
A opinio pblica conduzida pela mdia influencia na tomada de decises e tambm
no processo legislativo penal e processual penal, como tem acontecido ao longo de nossa
histria, ou seja, para resolver o problema da criminalidade basta que criminalizemos
determinada conduta ou que aumentemos o apenamento de outras, como se essa fosse a
soluo para a diminuio da criminalidade.
A sociedade passa a ansiar cada vez mais por punio, mais apenamento. O
endurecimento penal parece ser a soluo para todos os problemas referentes ao controle da
criminalidade.
Essa idia acaba por ser repassada sociedade por um nmero sem fim de
mecanismos utilizados pela mdia, que atrelados sensao de insegurana, refletem
19
SHECARIA, Srgio Salomo. A mdia e o Direito Penal. Boletim IBCCRIM. So Paulo, n. 45, ago. 1996. 1
43
de vida do povo so tratados, em grande parte esse movimento foi influenciado pelo clima de
impunidade generalizada no meio poltico que retratado diariamente nos meios de
comunicao.
A maneira com a qual o povo se manifestou no poderia ser diferente, na grande
maioria das vezes, iniciou pacificamente, todavia em funo da grandiosidade do movimento
e da diversidade de pessoas com objetivos distintos, houve focos de grande violncia,
inclusive com mortes, que necessitaram da pronta interveno policial como forma de
restabelecer a ordem pblica e a segurana dos cidados.
O que chamou a ateno neste episdio foi a reao das foras policiais de alguns
estados da federao que foram duramente criticadas em um primeiro momento pela atuao
branda e permissiva em alguns episdios de confronto , permitindo que manifestantes
depredassem prdios pblicos, isso com o fundamento de que a vida deveria ser avaliada e
valorizada em detrimento ao patrimnio pbico e at mesmo privado, pois naquele momento
a atuao repressiva cobraria um preo que talvez a sociedade como um todo no estivesse
44
A mdia como um todo exigiu proteo e controle dos acontecimentos, havendo ento
uma maior atuao das polcias na interveno do cenrio de conflito e proteo ao
patrimnio com a atuao de tropas especializadas de choque para o restabelecimento e
manuteno da ordem pblica, para tal foram utilizadas modernas Tecnologias de Menor
Potencial Ofensivo como agentes qumicos, armas de condutividade eltrica e munies de
impacto controlado (borracha) em funo da necessidade de obedincia aos padres
internacionais de uso diferenciado da fora e de armas de fogo que buscam reduzir ao mnimo
os danos indesejados a sade e ao cidado na atuao policial.
Neste segundo momento , as crticas se direcionaram para as foras de segurana e no
mais aos manifestantes. Houve conflitos em algumas capitais do pas que contaram com mais
de 70.000 (setenta mil) manifestantes e envolveram praticamente todo efetivo policial
disponvel, abarcando tambm os corpos de bombeiros militares que tiveram grande trabalho
em funo do potencial incendirio dos manifestantes, que no se contentavam em apenas
depredar o patrimnio pblico, pois, alm disso, buscavam queim-lo com a utilizao de
coquetis Molotov.
Importante ressaltar que o prprio pesquisador por ser Policial Militar e atualmente
trabalhar na Corregedoria -Geral da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul trabalhou
nos acompanhamento destes movimentos sociais na cidade de Porto Alegre.
Como pesquisador e Policial Militar tive a oportunidade de acompanhar a
agressividade sem limites dos manifestantes oriunda muito provavelmente de indivduos
infiltrados sem nenhum tipo de vinculao e compromisso social que somente tinham a
inteno de causar danos ao patrimnio Pblico.
Nos ltimos anos, o nico evento de envergadura similar, porm pacfico a ser citado
foi o movimento conhecido como caras pintadas que objetivada a renncia do ento
45
No sabemos ao certo como ser o desfecho dos futuros movimentos sociais nem to
pouco dos futuros objetivos a serem alcanados, mas por certo o que podemos afirmar que a
mdia teve e ter grande influncia sobre eles e atuar de forma direta na questo sempre que
estiverem presentes punio e atuao policial.
46
O tema tecnologias no -letais relativamente novo , seu surgimento e uso pelos rgos
de segurana pblica se deu h poucas dcadas, especialmente quando a atividade policial
passou a priorizar as necessidades do cidado em detrimento dos interesses do Estado, ao
contrrio disso buscou ao longo dos ltimos anos humanizar as formas de atuao policial,
fora.
A sociedade espera e entende que o agente de segurana pblica, em especial os
policiais, tenham o devido treinamento e habilitao para atuar nas mais diferentes situaes
do cotidiano, necessitando para tal ter a sua disposio uma diversidade de ferramentas e
instrumentos de trabalho que possibilitem a ele optar pelo meio menos agressivo ao c idado
para resolver determinado conflito.
Conforme Alexandre Flecha Campos20 , a utilizao de equipamentos no letais
para os profissionais de segurana pblica assunto discutido no Brasil e no mundo, todavia a
aplicao de tcnicas que associem a doutrina e equipamentos no letais ao uso progressivo
da fora como era anteriormente chamado, pois o entendimento atual da Secretaria Nacional
de Segurana Pblica de que o termo adequado seja uso diferenciado da fora uma
proposta relativamente recente no cenrio nacional, exemplo disso era a escassa, limitada e
20
CAMPOS, Alexandre Flecha. Educao e qualificao do policial militar para o uso da fora. Goinia, 2011
47
selecionar o uso da fora de acordo com o ambiente e a situao, para tal utiliza equipamentos
aliados tcnica, tais como algemas, bastes (cassetetes), dominao fsica, defesa pessoal,
munies de impacto controlado (munies de borracha lanadas por espingardas Calibre 12
ou lanadores em calibre 38.1mm ou 40 mm), munies qumicas, armas de condutividade
eltrica (armas de choque), coletes balsticos e outros tantos materiais que a cada vez mais
aliam confiana e tecnologia.
A Organizao das Naes Unidas21 , em seu oitavo congresso para a preveno
ao crime e ao tratamento dos delinquentes, nos seus Princpios Bsicos sobre a utilizao da
fora e de armas de fogo pelos funcionrios responsveis pela aplicao da lei, em suas
disposies gerais, afirma que os policiais no exerccio de suas funes, devem, na media do
possvel, recorre r a meios no violentos antes de utilizarem a fora ou armas de fogo. S
podero recorrer fora ou a armas de fogo se outros meios se mostrarem ineficazes ou no
ONU, Organizao das Naes Unidas. Princpios Bsicos sobre o Uso da Fora e de Armas de Fogo, Cuba,
1990.
48
alguns casos cidados comuns que nunca tiveram problemas com a justia (no so
delinquentes) por um motivaes externas acabam por cometer delitos, necessitando assim de
uma pronta interveno com resposta policial.
O uso diferenciado da fora definido pela prpria Secretaria Nacional de Segurana
Pbica como a seleo apropriada do nvel de uso da fora em resposta a uma ameaa real ou
potencial visando limitar o recurso a meios que possam causar ferimentos ou morte, para tal o
nvel de fora utilizado deve ser escolhido adequadamente pelo agente da lei.
Imperativo esclarecer que muito embora as tecnologias de menor potencial ofensivo
tenham sido desenvolvidas para evitar a letalidade, sua utilizao inadequada e de forma no
tcnica pode causar danos permanentes ou ferimentos a pessoa e at mesmo a morte.
John B. Alexander22 ,Coronel da Reserva das Foras Especiais dos Estados Unidos da
Amrica, nos fala que a guerra, contrariamente crena popular, sempre representou o uso
controlado da fora. H dois mil anos, Sun Tzu 23 , o venervel estrategista militar chins, j
assinalava a importncia de conceitos no-letais. Em a Arte da Guerra, ele escreveu que a
regra gera l para o uso da fora militar a que melhor deixar uma nao intacta. melhor
deixar um exrcito intacto do que destru-lo, melhor deixar uma diviso intacta do que
destru-la, melhor deixar um batalho intacto do que destru-lo, melhor deixar uma
unidade intacta do que destru-la.
Em maro de 1999, em Mclean, Virgnia nos Estados Unidos da Amrica na Segunda
Conferncia de Defesa No -letal, presidida pelo Coronel John B. Alexander o termo no-letal
foi definido como: Armas no -letais so aquelas especificamente projetadas e empregadas
para incapacitar pessoal e material, ao mesmo tempo em que minimizam mortes, ferimentos
permanentes e danos indesejados propriedade e comprometimento do meio-ambiente.
Diferentemente das armas letais convencionais, que buscam a destruio fsica dos
alvos por meio de exploso, penetrao e fragmentao, as armas no -letais empregam outros
meios que no a destruio fsica indiscriminada dos alvos, sendo projetadas pata ter a
caracterstica de possu ir efeitos relativamente reversveis sobre pessoal e material e tambm
apenas afetar objetos que estejam dentro do seu raio de ao.
22
ALEXANDER. John B. Armas no -letais: alternativas para conflitos do sculo XXI/ John B. Alexandre:
traduo de Jos Magalhes de Souza- Rio de Janeiro: Welser-Itage: Condor, 2003, 374p.
23
SUN T ZU, The Art of War, traduzido para o ingles por Thomas Cleary, Shambhala Publications, 1988.
49
vida ou a de terceiros.
O Policial tem a certeza de que suas aes como agente da lei sero amplamente
analisadas e avaliadas, por isso , toda vez em que houver a necessidade de utilizao do
emprego
de
fora
ele
dever
atender
os
critrios
de
legalidade,
necessidade,
50
segurana pblica que, em razo da sua funo, possa vir a se envolver em situaes de uso da
fora, dever portar no mnimo 2 (dois) instrumentos de Menor Potencial Ofensivo e
equipamentos de proteo necessrios atuao especfica, independentemente de portar ou
no arma de fogo.
O Governo Federal percebeu to claramente a necessidade de implementao
obrigatria do uso de equipamentos de Menor Potencial Ofensivo que norteou a atuao de
seus agentes obrigando os rgos de segurana a adquirir e treinar seu efetivo de segurana
com essa modalidade de instrumento.
Em funo da autonomia dos Estados em matria de Segurana Pblica este
ordenamento norteia de forma obrigatria as foras federais de segurana a exemplo da Fora
Nacional de Segurana Pblica que composta por policiais civis, policiais militares,
bombeiros militares e peritos criminais do Brasil inteiro, Polcia Federal e Polcia Rodoviria
Federal.
Atualmente, esses agentes de segurana quando a servio da Fora Nacional de
Segurana Pblica - FNSP portam pelo menos dois instrumentos de menor potencial ofensivo,
quais sejam: uma arma de condutividade eltrica (armas de choque) podendo ser da marca
TASER Modelo M26 ou SPARK Modelo DSK700 e ainda spray de espuma de pimenta,
ambos os equipamentos utilizados em quase todas as foras de segurana do mundo inteiro
como alternativas na escala do uso diferenciado da fora.
Ainda a referida Portaria Interministerial busca orientar os rgo s de Segurana
Pblica no sentido de regular em quais circunstncias tcnicas a utilizao de Tecnologias de
Menor Potencial Ofensivo ser adequada sempre avaliando o risco potencial a terceiros
24
51
Alm disso, tamanha a preocupao do Estado com a formao dos Agentes de Polcia
que determina que nos processos seletivos para ingresso nas instituies de Segurana Pblica
e nos cursos de formao e especializao de agentes da lei devem incluir contedos relativos
a direitos humanos.
52
Ofensivo podemos dizer que em 1960 foram utilizados pelos Britnicos contra grevistas e
manifestantes anti-britnicos, na ento colnia inglesa de Hong Ko ng as primeiras munies
de impacto de baixa energia cintica, atualmente conhecidos como munies de impacto
controlado (elastmero ou borracha macia) lanados por espingardas calibre 12.
Estes projteis poca eram feitos de madeira de teca, pois no havia ainda a
tecnologia atual disponvel no mercado. Em vez de serem disparados diretamente para os
agitadores, os projteis eram apontados para o cho, para que atingissem as pernas dos
manifestantes, evitando assim ferimentos mais graves, o que j demonstrava um marco de
sensibilizao no tocante ao controle social.
Essa tcnica utilizada pelos
ingleses ficou
conhecida como
knee-knockers
(espancadores de joelhos)25 .
Nos Estados Unidos esse tipo de munio foi utilizada pela primeira vez contra
manifestantes na Universidade de Berkeley, Califrnia em 1971.
J em 1970 os ingleses desenvolveram munies de plstico e de borracha as
utilizando nas ruas de Belfast, na Irlanda do Norte, sendo os projteis direcionados para as
partes inferiores do corpo dos manifestantes na inteno de dissuadi-los, sendo que j naquela
poca a norma de segurana para esse tipo de equipamento proibia sua utilizao a uma
distncia inferior a 23 (vinte e trs) metros sob pena de causar danos irreversveis sade e at
mesmo a morte.
Segundo John B. Alexander, o Exrcito Britnico e a polcia inglesa tornaram esse
equipamento muito conhecido, ao ponto desta tecnologia ser odiada pelos Irlandeses, havendo
relatos de canes populares na Irlanda que mencionam o seguinte: peguem suas balas de
borracha e enfiem -nas em seus traseiros. Entre 1970 e 1974 mais de 55.000 (cinquenta e
cinco mil) balas de borracha foram disparadas na Irlanda do Norte.
25
Alexander. John B. Armas no -letais: alternativas para conflitos do sculo XXI/ John B. Alexandre: traduo
de Jos Magalhes de Souza- Rio de Janeiro: Welser- Itage: Condor, 2003, p. 129
53
26
Alexander. John B. Armas no -letais: alternativas para conflitos do sculo XXI/ John B. Alexandre: traduo
de Jos Magalhes de Souza- Rio de Janeiro: Welser- Itage: Condor, 2003, p.131.
54
Muitos destes equipamentos de baixa letalidade foram tambm pensados para serem
utilizados em conflitos e rebelies no interior de casas prisionais, onde em um primeiro
momento parte-se da premissa que os detentos no possuam armas de fogo e sim instrumentos
cortantes, perfuro -cortantes, contundentes e corto -contundentes feitos artesanalmente com
disposio.
Outro tipo de Tecnologia de Menor Potencial ofensivo a ser tratada o que chamamos
de opes qumicas.
Agente qumico pode ser considerada toda substncia que pela atividade qumica
produza efeito incapacitante, seja ele fumgenos (emisso de fumaa), incendirio ou
explosivo (relativo ao seu meio de lanamento a exemplo das granadas) quando empregado
intencionalmente para este fim.
Todos operadores deste tipo de material iniciaram sua atividades operacionais como
instruendos sendo normalmente apresentados ao conhecido gs lacrimognio.
A palavra lacrimognio se origina do latim lacrima que significa lgrima sendo um
nome genrico dado s vrias substncias irritantes da pele, olhos e vias respiratrias.
55
foras
policiais
empresas
de
segurana
podemos
citar
CS
descontaminao demora entre 10 e 30 minutos para fazer cessar seus efeitos no organismo.
O CS foi utilizado na Segunda Grande Guerra Mundial, no Vietnan, Iraque, em 1959
foi utilizado na Inglaterra para aes em Controle de Distrbios Civis CDC e, em 1965,
56
fumgenos que podem ser utilizados de duas formas, quais sejam : fumgenos de cobertura e
fumgenos de emisso de sinalizao colorida (normalmente utilizado de forma ttica e para
salvamento).
de HEXACLORETANO (HC).
O HEXACLORETANO um slido incolor que evapora gradualmente quando
exposto ao ar, seu cheiro lembra o vapor de cnfora. Industrialmente utilizado para remover
bolhas de ar do alumnio derretido, sendo usado tambm como ingrediente em determinados
fungicidas, inseticidas, lubrificantes e plsticos. Em nosso estudo destaca-se pelo seu uso em
produtos de emisso fumgena de cobertura.
Nos agentes fumgenos coloridos so utilizados normalmente fsforo branco (WP) e
57
Ofensivo tem se mostrado eficiente em TMPO bem comuns, sendo o mais utilizado o spray
de pimenta em funo do seu baixo custo aliado a eficincia incapacitante temporria.
H disposio do mercado nacional e internacional outros tipos de sprays que
utilizam substncias autoadesivas ou colantes no rosto do agressor ou suspeito dependendo da
terminologia utilizada, esse agente qumico conhecido tambm no mercado americano como
espuma adesiva, que consiste em um produto qumico que em contato com o ar rapidamente
catalisado e endurecido causando grande desconforto no agressor, s podendo ser removido
com lcool etlico ou leo vegetal.
A espuma aderente foi desenvolvida por Peter Rand27 , do Laboratrio Nacional
Americano Sandia quando lhe foi dada a misso de construir um sistema a prova de falhas
para proteger os arsenais nucleares americanos.
No Brasil esta tecnologia encontrada no mercado sob o nome de Adesivo para
Controle de Distrbios Civis ACDC, mas no utilizada em larga escala pelas foras
policiais do Brasil em funo da difcil remoo e da demora na incapacitao temporria eis
que o produto somente atinge seu objetivo aps dois minutos aproximadamente, para que
assim esteja catalisado (ressecado e em forma de goma no rosto do suspeito) proporcionando
que neste espao de tempo o agressor possa ainda fazer o uso da fora e vir a lesionar agentes
da lei.
Por fim importante ressaltar que as armas eletrnicas de atordoamento como so
conhecidas nos Estados Unidos da Amrica so tratadas popularmente no Brasil como armas
de choque.
Ainda que sejam conhecidas assim, tecnicamente seus fabricantes os do outros
designativos como o fabricante de armas TASER 28 que chama seu dispositivo de arma de
27
Peter B. Rand. Foams for Barriers e Armas No -Letais, Preocedings of the SPIE Security Systems and NonLethal Technologies for Law Enforcement Conference, Boston 21 de novembro de 1996.
28
Empresa Norte Americana, sediada em Scottdale/Arizona. A TASER produz dispositivos eletrnicos de
controle para uso no segmento de foras de segurana, foras armadas, sistemas prisionais, segurana
profissional e segurana pessoal.
58
condutividade eltrica ou o fabricante nacional Condor que chama a sua arma SPARK
(traduo do ingls fasca, centelha) em referncia energia que transmitida pela arma de
dispositivo eltrico incapacitante. visvel nesta arma quando acionada uma fasca azul
29
agressor, ou seja, mesmo que esteja em surto psictico, sob o efeito de lcool, drogas ou
colerizado, ser ele incapacitado pelo material, minimizando assim danos indesejados sade
29
SPARK DSK 700. Manual de Operao. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ, 2012
59
30
RIANI, Marsual Botelho, Tcnicas no -letais na segurana pblica e privada. 1 ed. So Paulo: Sicurezza,
2013.
60
Na mesma obra foi analisado um relatrio preparado por Michael R. Knetzger & Lisa
A. Knetzger a respeito do uso da Taser pelo Departamento de Polcia de Green Bay onde a
arma foi inserida em junho de 2004, assim relatando:
61
Segundo dados fornecidos pela Empresa FAZER Internacional mais de 13.000 (treze
mil) foras policiais do mundo utilizam Armas de Condutividade Eltrica na atividade de
policiamento.
62
A Polcia Militar do Estado do Rio Grande do Sul, conhecida como Brigada Militar,
com seus 176 (cento e setenta e seis) anos de histria a servio do povo gacho vem ao longo
do tempo acompanhando as novas tendncias de emprego de materiais em alinhamento com
as polcias do Brasil e do Mundo.
J no ano de 2012 este pesquisador iniciou os trabalhos de coleta de dados referentes
ao emprego de Tecnologias Menos Letais em uso no Estado do Rio Grande do Sul pela
Brigada Militar nos 497 (quatrocentos e noventa e sete) municpios do Estado na sua
atividade diria de Policiamento Ostensivo, em especial no que diz respeito a armas de
condutividade eltrica Modelo TASER M26 em funo da obrigatoriedade de preenchimento
de relatrio detalhado pelo policial operador do equipamento quando de sua utilizao .
Este levantamento de dados foi determinado ento pelo Exmo. Sr. Comandante-Geral
da Brigada Militar, Coronel QOEM Srgio Roberto de Abreu, conforme fez pblico o
Boletim Geral n 155, de 14 de agosto de 2012, tendo como diretriz especfica a considerao
dos trabalhos j realizados e catalogados no Instituto de Pesquisa da Brigada Militar - IPBM
sobre armas e equipamentos que utilizam princpio semelhante ao da TASER, ou seja,
imobilizao do indivduo em razo de descarga eltrica.
Tambm foi informado pelo Estado Maior da Brigada Militar (EMBM), Seo de
efetivo e legislao (PM1), atravs de correspondncia ao Presidente da Comisso de Estudo,
composta por mais dois oficiais e por este pesquisador, que fosse analisada em conjunto a
solicitao do Sr. Comandante do Comando de rgos Especiais (COE) contida na Consulta
n 001/COE/2012, de 13 de abril de 2012, sobre o tema.
63
aqui no Rio Grande do Sul e no Brasil. No mundo desde o ano de 1999 j estava sendo
empregada nos Estados Unidos e hoje utilizada na maior parte dos pases da Europa e de
todo o mundo.
Neste ano de 2003 foi realizado um estudo referente ao equipamento de condutividade
eltrica e a Corporao poca entendeu que no era o momento para a implementao nas
atividades de Policiamento Ostensivo desta tecnologia, ficando ento adormecido o projeto de
utilizao e emprego de armas de condutividade eltrica, somente sendo retomado este
processo no ano de 2009 quando o Departamento da Fora Nacional de Segurana Pblica
adquiriu uma srie de armas TASER Modelo M-26 para distribuio aos Estados da
Federao conveniados com o programa de Segurana Pblica do Governo Federal, dentre
eles o Rio Grande do Sul.
Desde o ano de 2009 que a Polcia Militar do Rio Grande do Sul iniciou a empregar
este equipamento nas atividades de Policiamento Ostensivo, o que inclusive motivou algumas
pesquisas referentes ao tema como a realizada pela 1 Tenente QTPM NEUSA MOSI
MARTIL 3 1 atravs da Monografia apresentada como requisito parcial para concluso do
Curso de Direito Faculdade Anhanguera, realizada no ano de 2009 em Passo Fundo onde foi
analisada a constitucionalidade do emprego do referido material.
No captulo Constitucionalidade e uso da TASER do trabalho a autora pormenoriza
detalhes jurdicos que fundamentam a questo legal de emprego deste tipo de tecnologia. Ela
vislumbra o surgimento e recepo constitucional do princpio da proporcionalidade e a
vinculao com o uso da TASER. Aps afirmada a constitucionalidade do instrumento,
MARTIL, Neusa Mosi Antunes. A Constitucinalidade do Uso da Pistola Taser. Passo Fundo RS. 2009
64
disparos.
Em um segundo momento foram coletadas informaes com os comandantes de
Unidades de Policiamento Ostensivo, gestores portanto de rgos Policiais Militares dos
desdobramentos administrativos e penais resultantes da utilizao de Armas de Condutividade
Eltrica por Policiais Militares sob seu comandando quando da utilizao desta modalidade de
Tecnologia de Menor Potencial Ofensivo em ocorrncias em servio do Policiamento
Ostensivo.
Totalizando ento uma mdia mensal na ordem de 14 (quatorze) ocorrncias
envolvendo o uso de Armas de Condutividade Eltrica..
Fazendo uma anlise da utilizao do referido material anualmente podemos observar
que os grficos a seguir evidenciam as utilizaes do equipamento anualmente,
compreendendo o perodo de setembro de 2009 a setembro de 2012.
65
Grfico 1. Quantidade de ocorrncias com uso da Taser por ano na Brigada Militar.
Fonte: CMB
O ano de 2009 apresenta uma utilizao do equipamento em ocorrncias bem menor
que os outro s trs anos, pois foi o ano em que iniciaram os cursos de habilitao dos
operadores na Brigada Militar, para a utilizao da arma de condutividade eltrica razo pela
qual este foi entre os quatro anos estudados o de menor incidncia de utilizao.
O curso de Operador de Arma de Condutividade Eltrica possui uma carga horria
mnima de 40 (quarenta) horas-aula, sendo distribudas da seguinte maneira: 05 (cinco) horasaula de Direitos Humanos aplicados a atividade Policial, 05 (cinco) horas-aula de Legislao
aplicada a Funo Policial Militar, 05 (cinco) horas de Pronto -Socorrismo e 25 (vinte e cinco)
horas de Tcnica e Ttica para emprego da arma, sendo que nesta ltima disciplina so
realizadas oficinas de vivenciamento onde o aluno submetido a situaes de ocorrncia onde
o uso do equipamento adequado e tambm, a situaes onde a o seu uso contraindicado,
buscando assim melhor preparar o policial para situaes reais onde ele possa vir a empregar
66
Fonte: CMB
Do total de 532 (quinhentos e trinta e duas) utilizaes d a Taser, 46% (quarenta e seis
por cento) foram utilizadas no CRPO Planalto e, se juntarmos o CRPO Serra (com mais 14%),
percebe-se que a maior utilizao ocorreu nestes dois CRPOs, somando -se 60% (sessenta por
cento) do total.
Isso se deve em funo de um maior nmero de policiais em treinamento e, tambm,
por uma quantidade maior de ocorrncias de resistncia nestas localidades o que motivou o
uso da arma de condutividade eltrica como uma alternativa mais adequada e menos agressiva
67
Muitos dos 497 (quatrocentos e noventa e sete) municpios do Estado do Rio Grande
do Sul possuem uma populao inferior a 20.000 (vinte mil) habitantes. Somente 100 (cem)
municpios do Estado do Rio Grande do Sul Possuem populao acima deste indicativo, os
outros 397 (trezentos e noventa e sete) municpios possuem uma populao abaixo de 20.000
(vinte mil) habitantes.
Alm disso, 231 (duzentos e trinta e um) municpios gachos possuem populao
inferior a 10.000 (dez mil) habitantes.
Para tal entendeu -se mais adequado realizar uma anlise do uso da Arma de
Condutividade Eltrica nos municpios onde se efetivaram mais de 10 ocorrncias no perodo
compreendido entre ao anos de 2009 e 2012.
Grfico 3. Uso da Taser por Municpio com 10 (dez) ou mais ocorrncias no perodo
de 2009 a 2012.
Fonte: CMB
68
Percebe-se que os municpios com maior utilizao d a Taser concentram -se dentro dos
CRPOs (Comando Regional de Policiamento Ostensivo) que tiveram tambm equivalentes
dados, sendo eles o Planalto e Serra, com o acrscimo apenas de 3 (trs) cidades, Porto
Alegre, Santa Maria e Santa Rosa que no pertenciam a aqueles CRPOs.
Apesar desta concentrao, no total, dos 497 (quatrocentos e noventa e sete)
municpios do Rio Grande do Sul, em 78 (setenta e oito) apenas a Taser foi utilizada.
Isso demonstra que os equipamentos foram inseridos na atividade de Policiamento
Ostensivo com grande controle e distribudos de maneira que fossem priorizadas as reas de
maior incidncia de ocorrncias onde fosse necessrio e vivel a utilizao de armas de
condutividade eltrica como uma alternativa de equipamento atrelado ao uso diferenciado da
fora.
Fonte: CMB
69
A maior parte das ocorrncias, 44% (quarenta e quatro por cento), foram registradas
como resistncia. Outro dado significativo diz respeito ao uso em pessoas com alguma
alterao fsica (drogada, embriagada, colerizada ou em surto psictico), totalizando 26%
(vinte e seis por cento) das utilizaes.
Jacu PEJ.
Estes efetivos possuem em seus quadros operadores de Arma de Condutividade
Eltrica e, segundo avaliao dos dados estatsticos, tem se mostrado muito eficiente nas casas
70
encarregada do estudo 12 (doze) perguntas diretas estruturadas, cada pergunta tinha somente 3
(trs) alternativas, a saber: sim, no sabe ou no; podendo ser escolhida somente uma
das alternativas.
Por fim havia uma pergunta semi-estruturada que possibilitava ao entrevistado
acrescentar sugestes, crticas e a sua opinio sobre a questo central deste trabalho.
Dos principais comandos de Policiamento Ostensivo foram selecionados 44 (quarenta
e quatro) de acordo com os maiores ndices de ocorrncias no Estado do Rio Grande do Sul.
10
0
Sim
Fonte: Pesquisador
No Sabe
No
71
10
0
Sim
No Sabe
No
Fonte: Pesquisador
A maior parte dos Comandantes de OPM (93%) entende que o nmero de Policiais
Militares habilitados ao uso da Taser insuficiente para atender a demanda da atividade de
Policiamento Ostensivo .
A concentrao dos equipamentos atualmente priorizada nas atividades de
patrulhamento rdio motorizado em funo da possibilidade de chegar mais rapidamente no
local da ocorrncia, eis que em no havendo equipamentos disponveis para todos os Policiais
Militares em servio torna-se invivel a disponibilizao de um grande numero de
equipamentos para o policiamento a p ante a dificuldade de deslocamento e demora para o
72
atendimento de uma ocorrncia muito distante e que necessite de uma pronta interveno do
Policial.
A atividade de patrulhamento rdio motorizado possui diversos padres no mundo,
podendo variar de apenas 1 (um) policial para at mesmo 4 (quatro) policiais por viatura, isso
depende da doutrina que as equipes de policiamento adotam.
As atividades desenvolvidas por Patrulhas Tticas a exemplo da nacionalmente
conhecida ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) da Polcia Militar de So Paulo
trabalham sempre com 4 (quatro) policiais, sendo que entende-se que pelo menos um deles
deva portar uma Arma de Condutividade Eltrica.
No Estado do Rio Grande do Sul, mas especificamente na capital gacha estas
patrulhas pertencem ao efetivo do 1 Batalho de Operaes Especiais e so denominadas
73
Fonte: Pesquisador
Na maior parte dos OPMs (80%) j houve a utilizao do Taser em ocorrncia no
perodo abrangido pela pesquisa (setembro de 2009 a setembro de 2013).
Importante ressaltar que em determinados municpios do Rio Grande do Sul onde a
nmero de habitantes pequeno o efetivo policial tambm o , assim como a
74
Fonte: Pesquisador
75
17
20
15
10
5
0
Sim
No Sabe
No
Fonte: Pesquisador
Em 18 (dezoito) OPMs foi instaurado Procedimento Administrativo Militar para
apurar conduta disciplinar por parte de Policial Militar que usou a Arma de Condutividade
Eltrica em ocorrncia. Nos outros OPMs no foi instaurado qualquer procedimento para
tcnica de utilizao mas tambm como a utilizao em situaes desnecessrias ou nas quais
a arma no indicada.
J o grfico de nmero 10 questiona os Comandantes de OPM se em algum caso de
utilizao das Armas de Condutividade Eltrica em ocorrncia houve o indiciamento de
algum Policial Militar na Justia Comum ou na Justia Militar do Estado do Rio Grande do
Sul.
Grfico 10. Pergunta 6. Em alguma ocorrncia do uso da Taser o Policial Militar foi
indiciado na Justia Comum ou na Justia Militar do Estado.
76
5
1
5
0
Sim
No Sabe
No
Fonte: Pesquisador
Apenas um Policial Militar foi indiciado.
Este ndice demonstra que no universo de utilizao do equipamento de baixa
letalidade o controle, a fiscalizao e o acompanhamento tem evidenciado bons resultados e,
portanto, na quase totalidade, obedecido as normas de emprego.
Importante lembrar que o controle dos policiais militares que utilizam equipamentos e
armamentos letais a exemplo das armas de fogo, tambm rigorosamente fiscalizado
passando normalmente por mais de duas avaliaes de uso distintas para que no haja
qualquer dvida a cera da correta utilizao.
O grfico de nmero 11 segue na mesma linha de pesquisa, questionando a cerca da
condenao de Policiais Militares em decorrncia do uso inadequado do Equipamento em
ocorrncia.
Grfico 11. Pergunta 7. Em alguma ocorrncia do uso da Taser o Policial Militar foi
condenado na Justia Comum ou na Justia Militar do Estado.
77
5
0
10
0
Sim
No Sabe
No
Fonte: Pesquisador
At o momento no foi constatada nenhuma condenao com trnsito em julgado
referente ao mau uso do equipamento, o que demonstra que em um perodo de trinta e seis
meses a utilizao das armas de condutividade eltrica tem sido adequadas aos padres legais.
Em relao a possveis leses graves ou gravssimas decorrentes do uso da Arma de
Condutividade Eltrica, vejamos o grfico de nmero 12.
10
0
Sim
Fonte: Pesquisador
No Sabe
No
78
10
5
0
Sim
No Sabe
N o
Fonte: Pesquisador
Foi constatado que durante o perodo compreendido no Estudo no ocorreram bitos
referentes ao emprego da Arma de Condutividade Eltrica.
Um dos objetivos do Estudo que a busca da humanizao e da sensibilizao nos
mecanismos de controle social fica bem evidente no grfico de nmero 14, eis que a maior
parte dos Comandantes entrevistados (77%) entende que em alguma ocorrncia atendida com
uso da Taser foi evitado o uso de fora letal.
Nas diversas escalas do uso diferenciado da fora a utilizao de equipamentos de
condutividade eltrica antecede o uso de fora letal sempre que possvel, evitando assim que o
agente da lei tenha apenas a arma de fogo como nica opo para a tentativa de resoluo de
79
10
0
Sim
No Sabe
No
Fonte: Pesquisador
Esse elevado percentual demonstra a necessidade do Policial Militar ter disposio
Tecnologias de Menor Potencial ofensivo fazendo com que a arma de fogo tradicional no
seja a primeira nem nica alternativa ao uso diferenciado da fora.
Na pergunta de nmero 11 que respondida atravs d o grfico nmero 15 h o
arma de fogo.
80
17
20
2
10
0
Sim
No Sabe
No
Fonte: Pesquisador
O objetivo desta pergunta era verificar se o Comandante teve conhecimento de alguma
ocorrncia em que o Policial Militar utilizou fora letal (arma de fogo), causando grave leso
ou morte, em que a Taser no foi utilizada, mas se tivesse sido poderia ter evitado a utilizao
da arma de fogo, buscando assim demonstrar a utilidade e necessidade de uso do
equipamento .
O estudo mostra que leses graves ou mortes poderiam ter sido evitadas se a
abrangncia da utilizao das Armas de Condutividade Eltrica fosse maior.
Em 17 (dezessete) OPMs os Comandantes de Unidade Policial Militar entenderam
que a Taser poderia ter minimizado as consequncias para a vtima ou suspeito onde foi
81
Fonte: Pesquisador
Apenas um dos comandantes entendeu que no deveria ser utilizada a Arma de
Condutividade Eltrica no seu OPM. Tal unidade era uma Casa Prisional de regime semi-
aberto administrada pela Brigada Militar, pois segundo sua opinio em ambientes carcerrios
este equipamento no deveria ser utilizado em nenhuma hiptese sob a alegao de que os
presos em nenhum momento estariam portando armas de fogo.
Esta uma opinio isolada uma vez que 97% (noventa e sete por cento) dos
Comandantes de Unidade opinaram pela manuteno desta Tecnologia de Menor Potencial
Ofensivo, bem como sabido que no incomum a presena de armas artesanais e industriais
no poder dos apenados, o que se mostra mais comum nos locais destinados a cumprimento de
pena em regime semi-aberto.
A presente pesquisa tambm possibilitou que os Comandantes de Unidade da Brigada
Militar tivessem a oportunidade de apresentar crticas e sugestes relativas ao emprego da
Arma de Condutividade Eltrica proporcionando assim um espao para que contribussem
com o estudo .
As principais crticas e sugestes apresentadas pelos comandantes foram as seguintes:
82
Sugestes
Quantidade
19
11
INSTRUO DE MANUTENO
83
Fonte: Pesquisador
Uma das principais sugestes dos Comandantes de Unidade foi o aumento do nmero
de habilitaes dos Policiais Militares, aps a concluso do curso de operador TASER estes
Policiais so chamados de operadores.
Tambm foi sugerido um aumento no nmero das aquisies de armas TASER pela
Brigada Militar possibilitando que municpios com pequeno nmero de habitantes tambm
sejam comtemplados com o equipamento para uso.
Como j mencionado a prioridade atual deste equipamento o seu emprego pelas
patrulhas rdio motorizadas que tem uma maior mobilidade e, assim uma maior possibilidade
de comparecer com rapidez no atendimento de ocorrncias onde haja a necessidade de
utilizao do equipamento.
Ainda foi sugerida uma maior difuso da instruo referente s armas de condutividade
eltrica, bem como a ampliao do referido conhecimento, inclusive incluindo como
disciplina obrigatria nos cursos de formao da Brigada Militar, o que j realizado .
Outra sugesto apresentada foi a padronizao e manuteno das baterias da arma. A fonte
de alimentao para seu funcionamento so as baterias uma vez que nada mais so do que
84
pilhas recarregveis fornecidas pelo fabricante e, aps alguns meses de uso , apresentavam
baixo rendimento podendo comprometer o uso da arma.
Por fim uma das sugestes foi a manuteno das instrues referentes a utilizao e
emprego da arma de condutividade eltrica TASER.
Alguns comandantes desejaram manifestar-se a respeito da utilizao da referida arma na
atividade de Policiamento Ostensivo, assim o fazendo:
As ocorrncias atendidas pela BM, quando h resistncia a priso e
necessidade de conteno ou algemao, faz-se necessrio o uso da fora. O
emprego da fora, na maioria das vezes, causa algum tipo de leso e, muitas
vezes,
necessidade
de
instaurao
de
procedimentos
(IPM,
85
ocorrncias
envolvendo
armas
brancas
outros
objetos
que
32
CEOLIN, Volnei. Emprego da pistola taser na brigada militar: diagnstico das ocorrncias reais atendidas.
Porto Alegre: Academia de Polcia Militar/RS, 2010.
86
Tambm
outro
autor, o
BRANCO33 , no ano de 2011, fez extenso trabalho sobre o treinamento utilizado para a
habilitao ao uso da pistola Taser na Brigada Militar intitulado Anlise do treinamento dos
policiais Militares operadores do armamento menos letal denominado Taser na Brigada
Miitar, chegando a seguinte, concluso, resumidamente:
Embora a pesquisa fosse sobre o treinamento, uma das perguntas sai do foco para
analisar a eficincia operacional da arma, seguindo a seguinte concluso:
pistola Taser
resolveram
as
ocorrncias,
somente
BRANCO, Eriberto Carlos Rodrigues. Anlise do treinamento dos policiais operadores do armamento
menos letal denominado Taser da Brigada militar. Porto Alegre : Academia de Polcia Militar/RS, 2011
87
88
6 CONCLUSO
menos agressivos a sade, bem como tecnologias mais humanas inseridas em um processo de
sensibilizao no controle social exercido diuturnamente pela Polcia Militar nas atividades de
Policiamento Ostensivo.
O trabalho mostra com muita clareza que a utilizao de Tecnologias No -Letais
proporcionam confiana e segurana no trabalho desenvolvido pela Brigada Militar, pois os
agentes de segurana conseguem ter alternativas na escala do uso diferenciado da fora com a
presena destas tecnologias, proporcionando que os operadores da segurana pblica no
utilizem a arma de fogo como primeira opo para a resoluo de um conflito ou para a
submisso de um suspeito priso.
Quando nos referimos temtica criminalidade, no comum a correlao entre crime x
alternativas utilizadas pelos rgos de segurana, em especial as consideradas tcnicas, e as
formas adequadas de empregar estes mecanismos de modo a contribuir no auxlio ao controle
social.
89
De acordo com os Princpios Basilares sobre o Uso da Fora e Armas de Fogo PBUFAF
(ONU, 1990) [...] os policiais, no exerccio das suas funes, devem, na medida do possvel,
recorrer a meios no violentos antes de utilizarem a fora ou armas de fogo. S podero
recorrer fora e ao uso de armas de fogo se outros meios se mostrarem ineficazes ou no
permitirem alcanar o resultado desejado.
Quando determinado agressor utiliza um nvel de fora no qual coloca em risco um agente
da lei ou um cidado dizemos que se no houver alternativa de baixa letalidade o uso da fora
letal aceitvel, porm nunca poder ser um resultado desejado.
A opinio manifesta pelos comandantes de Unidades de Policiamento muito
esclarecedora eis que quando questionados se a utilizao da Arma de Condutividade Eltrica
evitou o emprego de fora letal em ocorrncia, 77% (setenta e sete por cento) deles
Ostensivo
Assim sendo estima-se que por turno de servio (perodo de seis horas) em mdia 5.000
(cinco mil) Policiais Militares desempenhem suas atividades de Policiamento distribudos nos
497 (quatrocentos e noventa e sete) municpios do Estado do Rio Grande do Sul.
90
Fica evidenciado nos nmeros obtidos com a presente pesquisa que as Tecnologias de
Baixa Letalidade proporcionam maior segurana para os cidados e, tambm para os Policiais
Militares que tm sua disposio mecanismos que possibilitam a utilizao adequada de
diferentes nveis de fora.
Tais Tecnologias de Menor Potencial Ofensivo evidenciam o processo de sensibilizao
pelo qual a sociedade e a Polcia como um todo tem procurado implementar buscando
91
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