A Utilização Da Tecnologia Não-Letal Taser Na Atividade
A Utilização Da Tecnologia Não-Letal Taser Na Atividade
A Utilização Da Tecnologia Não-Letal Taser Na Atividade
CURSO DE DIREITO
CRICIÚMA
2014
ALISSON DAGOSTIN DE BETIO
CRICIÚMA
2014
ALISSON DAGOSTIN DE BETIO
BANCA EXAMINADORA
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................11
2. SEGURANÇA PÚBLICA.......................................................................................12
2.1 CONCEITO DE SEGURANÇA PÚBLICA............................................................16
2.2 SEGURANÇA PÚBLICA E DIREITOS HUMANOS NO BRASIL.........................20
2.3 SEGURANÇA E DIGNIDADE HUMANA À LUZ DO DIREITO À VIDA................22
3. A POLÍCIA MILITAR E O SEU PAPEL NA PRESERVAÇÃO DA ORDEM
PÚBLICA....................................................................................................................25
3.1 A POLÍCIA MILITAR, O USO DA FORÇA E NOVAS TECNOLOGIAS..................29
3.2 AS TECNOLOGIAS NÃO LETAIS VERSUS INTEGRIDADE FÍSICA...................34
4. PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA E A TECNOLOGIA TASER...................38
4.1 ASPECTOS TÉCNICOS.......................................................................................40
4.2 ASPECTOS LEGAIS............................................................................................43
4.3 A TASER NA ATIVIDADE POLICIAL MILITAR.....................................................45
5. CONCLUSÃO.........................................................................................................51
REFERÊNCIAS..........................................................................................................52
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1. INTRODUÇÃO
2. SEGURANÇA PÚBLICA
[...] a razão de ser do Estado reside no fato de ser ele a expressão harmônica
e abstrata de uma sociedade e sua finalidade está na manutenção da ordem
social através da aplicação do direito, pois que está sujeito a incessantes
fatores de instabilidade que, se não submetidos a controle, podem determinar
sua crise e ruína. (BAPTISTA, 2007, p. 68)
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pública e a salubridade pública, são “[...] por si sós, a causa do efeito ordem pública,
cada um deles tem por objeto assegurar a ordem pública.” E continua dizendo que
José Lauri Bueno de Jesus (2007, p. 66) diz, então, que “a ordem pública
é a concretização, em tempo e lugar determinados, dos valores convivenciais
postulados pela ordem jurídica, a qual deve balizar o emprego do poder de polícia.”
Para José Cretella Júnior (1978, p. 370) “a noção de ordem pública é
extremamente vaga e ampla. Não se trata, apenas, da manutenção material da ordem
na rua, mas também da manutenção de uma certa ordem moral.”
Hely Lopes Meirelles (1987, p. 156) afirma que “ordem pública é a situação
de tranquilidade e normalidade que o Estado assegura – ou deve assegurar – às
instituições e a todos os membros da sociedade, consoante as normas jurídicas
legalmente estabelecidas.”
Conforme Jorge Miranda (2006, p. 461),
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata. (BRASIL, 2013)
José Afonso da Silva (2006, p. 165) faz uma correlação lógica, dos Estados
que vivem em regime democrático, com a plena possibilidade de efetivação dos
Direitos Humanos nos seus territórios:
José Lauri Bueno de Jesus (2006, p. 80), afirma que “a polícia é, então, a
organização administrativa que tem por atribuição impor limites à liberdade na exata
medida da necessidade da salvaguarda e da preservação da ordem pública.”
Importa destacar a reformulação da competência da polícia militar no texto
constitucional vigente comparado com a Constituição anterior, de 1967, onde o art.
13, § 4º trazia a expressão “manutenção da ordem”, senão vejamos:
Acerca do poder de polícia, Maria Helena Diniz (2005, p. 706) diz que:
Cuida-se da repressão imediata, que tem seu fundamento no artigo 144, § 5º,
da vigente Constituição da República, porque, se não se conseguiu preservar
a ordem pública, o órgão policial que detém a exclusividade dessa
competência constitucional deve restabelecê-la. (LAZZARINI, 2000, p. 136)
Lazzarini (1999, p. 50) ainda sustenta que “a polícia tem importância capital
na realização do bem comum”:
Para preservar o bem comum, em verdade, o Estado deve ter a sua Polícia,
que não cogitará, tão só, da sua segurança ou da segurança da comunidade
como um todo, mas sim, e de modo especial, da proteção, e garantia de cada
pessoa, abrangendo o que se denomina de segurança pública o sentido
coletivo e o sentido individual da proteção do Estado. (LAZZARINI, 1999, p.
51)
Figura 1: Modelo Básico de uso progressivo da força. (utilizado até os dias atuais).
Fonte: MINISTÉRIO DA JUSTIÇA.
Marcelo Cardoso (2004, p. 20) trata dos princípios fundamentais para o uso
da força na atividade policial, sendo eles:
Legalidade: todo policial, como agente público, somente pode atuar dentro da
previsão legal, no estrito cumprimento do dever legal, imposto ao seu cargo
específico dentro do espaço geográfico que lhe couber atuar.
[...]
Necessidade: a técnica policial orienta a ação policial, onde a análise do risco
à vida ou à integridade física dos agentes envolvidos na ocorrência, será o
papel fundamental para a tomada de decisão.
[...]
Proporcionalidade: corresponde ao emprego de meios compatíveis aos
utilizados pelo agressor ou ação do mesmo, em níveis apenas suficientes
para conter a ação ou superar estes meios. Depende de uma análise primária
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subjetiva, sendo que o grau de atenção e preparo do policial é que vai definir
a sua atuação.
E continua dizendo que “no Brasil, o uso da força policial ocorre com o
emprego de algumas técnicas de defesa pessoal e recursos materiais, tais como
algemas, armas de fogo, gás de pimenta, bastões e equipamentos de proteção
individual, quando disponíveis.” (SANDES, 2013, p. 29).
Nesse diapasão, possibilita-se certa garantia da integridade física e da vida.
Segundo Ingo Wolfgang Sarlet (1998, p. 107) em referência à integridade física do ser
humano, “não restam dúvidas de que a dignidade da pessoa humana engloba
necessariamente o respeito e a proteção da integridade física e corporal do indivíduo.”
José Afonso da Silva (2006, p. 1999), no mesmo sentido diz que “agredir o
corpo humano é um modo de agredir a vida, pois esta se realiza naquele. A integridade
físico-corporal constitui, por isso, um bem vital e revela um direito fundamental do
indivíduo.”
A Convenção Americana de Direitos Humanos prevê em seu artigo 5º o
direito à integridade pessoal, prescrevendo que “toda pessoa tem direito a que se
respeite sua integridade física, psíquica e moral.” (GOMES, 2010, p. 44).
Luiz Flávio Gomes (2010, p. 44) relaciona a integridade física como fator
de proteção do princípio da dignidade da pessoa humana:
Sun Tzu, na famosa obra “A Arte da Guerra” (2011, p. 22), aconselha como
estratégia para vitória, a captura do oponente íntegro, preservado no seu estado, para
que haja o bom domínio:
As tecnologias menos letais são hoje uma realidade e seu emprego por forças
policias militares em suas atividades de policiamento, são cada vez mais
difundidos, como forma de proporcionar recursos aos policiais, os quais
poderão dimensionar a quantidade de força a ser utilizada para superar as
mais diversas situações advindas do atendimento de ocorrências policiais
militares.
É sabido que nem toda esta tecnologia está disponível ao “homem” de linha
de frente quando na labuta da atividade fim, ou ainda em alguns casos não
fora submetido a capacitação necessária e, em consequência, não detém o
conhecimento técnico necessário para bem utilizar o equipamento não-letal.
A Polícia Militar confirmou que foi acionada pela mulher da vítima e que o
homem teria sido imobilizado ao tentar pular a janela. "A guarnição foi até o
local e o encontrou muito agitado e visivelmente sob efeito de entorpecentes.
A esposa disse aos policiais que ele havia consumido cocaína. Em dado
momento, ele fez uma menção em pular da janela do prédio e os PMs fizeram
o disparo. Isso conseguiu evitar que ele pulasse, mas logo em seguida os
policiais perceberam que ele não tinha mais sinais vitais e o SAMU foi
acionado", disse o tenente-coronel Fernando Cajueiro, chefe de comunicação
da Polícia Militar de Santa Catarina. Conforme a PM, a pistola TASER é
usada diariamente em todo o Estado e todos os policiais estão treinados para
utilizá-la. "São cerca de 200 casos de utilização da TASER em Santa
Catarina. É a primeira vez que acontece isso aqui no Sul. O uso foi sempre
correto, inclusive recebemos manifestações de pessoas agradecendo porque
salvamos seus parentes. Não é uma arma não-letal, nós classificamos como
a menos letal", afirmou Cajueiro. (TERRA, 2014)
socorristas teriam aplicado uma injeção para reanimar o pedreiro que morreu após
ter outra parada cardíaca, a caminho do hospital. (G1, 2014)
A SBC pediu “mais pesquisas sobre a segurança do TASER, que pode levar
os alvos do disparo a uma parada cardíaca”. A instituição também questionou
quem deve ser responsabilizado pelo uso indevido dessas armas. “A indústria
e o exército dizem que elas são não letais”, observa Agnaldo Pispico, diretor
do centro de treinamento em emergência da Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo. “Mas a verdade é que, nem aqui no Brasil nem em
outros países a classe médica teve acesso a uma pesquisa científica que
ateste, com rigor, que essa pistola de choque é segura”. (VEJA, 2014)
A TASER pode ser fatal em quatro momentos: quando o alvo está altamente
embriagado ou sob efeito de drogas que reprimam o sistema nervoso central,
como cocaína, crack e êxtase; quando é portador de problemas cardíacos ou
usuário de marca-passos; quando está molhado; ou quando é submetido a
mais de um disparo. (VEJA, 2014)
“Uma coisa precisa ficar clara: esse negócio de armamento que não mata e
nem machuca é mentira”, explica o coronel José Vicente da Silva, que
comandou a Polícia Militar do estado de São Paulo e foi secretário nacional
de Segurança durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso. “Mas não
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podemos só criticar o uso da arma de choque por conta das mortes que
aconteceram. É moderno e extremamente positivo diminuir o número de
armas de fogo no patrulhamento das cidades.” (VEJA, 2014)
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ASSIS, Jorge Cesar de. Lições de Direito para a Atividade Policial Militar. 5.ed.
Curitiba: Juruá, 2002.
ASSIS, Jorge Cesar de; NEVES, Cícero Robson Coimbra; CUNHA, Fernando Luiz.
Lições de Direito para a Atividade Policial Militar. 6.ed. rev. amp. e atual.
Curitiba: Juruá, 2005.
BULOS, Uadi Lamêgo. Constituição federal anotada. 8.ed. rev. e atual. até a EC nº
56/2007. São Paulo: Saraiva, 2008.
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2005
DORIA JUNIOR, Irio; SOUZA, Marcelo Tavares de; RIANI, Marsuel Botelho. A
Eficiência Policial e sua Relação com a Tecnologia: Direitos Humanos e o Uso de
54
HOMEM morre após ser imobilizado por pistola TASER em SC. Terra. Disponível
em: <http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/homem-morre-apos-ser-imobilizado-
por-pistola-taser-em-sc,97fbac68281da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html>
Acesso em: 08 jun 2014.
HOMEM morre em SC após disparo de arma de choque pela PM. Folha. Disponível
em: <http://m.folha.uol.com.br/cotidiano/1067292-homem-morre-em-sc-apos-
disparo-de-arma-de-choque-pela-pm.html> Acessado em :08 jun 2014.
JAKITAS, Renato. A letalidade das armas não letais. Veja. Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/a-letalidade-das-armas-nao-letais> Acesso em:
08 jun 2014.
JESUS, José Lauri Bueno de. Polícia Militar e Direitos Humanos. Curitiba: Juruá,
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MINISTÉRIO Público vai apurar mortes por armas de choque. Diário Catarinense.
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<http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/policia/noticia/2013/01/ministerio-publico-
vai-apurar-mortes-por-armas-de-choque-4029583.html> Acesso em: 08 jun 2014.
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Unidas, Resolução 217 A (III), em 10 de dezembro de 1948. Disponível em:
<http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm> Acesso em:
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PEDREIRO morto por arma TASER teria usado cocaína, aponta laudo do IGP. G1.
Disponível em: <http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2013/03/pedreiro-
morto-por-arma-taser-teria-usado-cocaina-aponta-laudo-do-igp.html> Acesso em: 08
jun 2014.
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SANDES, Wilquerson Felizardo. Uso não letal da força na ação policial: formação,
tecnologias e intervenção governamental. Revista Brasileira de Segurança
Pública. 2.ed. 2007. Disponível em:
<http://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/14/12> Acesso em:
01mai 2014.
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atual. São Paulo: Malheiros, 2006.
SUN TZU. A Arte da Guerra. Tradução de Elvira Vigna. Ed. especial. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2011.