Instrução Pùblica em Leopoldina (1895 - 1905)
Instrução Pùblica em Leopoldina (1895 - 1905)
Instrução Pùblica em Leopoldina (1895 - 1905)
Fonte: Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 86, p. 17-36, abril 2004 17. Disponível em:
http://www.cedes.unicamp.br, acesso em 26/04/2010.
Introdução
*
Este texto pode ser reproduzido, mediante a citação da fonte, com crédito ao autor.
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Professora de História do Ensino Fundamental II na Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado e
no Colégio Imaculada Conceição, ambas escolas de Leopoldina (MG).Especializada em História do
Brasil pela UFJF - área de concentração em história regional.
educação na localidade é particularmente interessante. Analisando relatórios e
mensagens destinadas à Câmara Municipal de Leopoldina, nos anos de 1895 a
1905, pudemos constatar que o tema é uma referência constante. Nasceu
então a ideia de se realizar um breve estudo sobre o ensino público primário,
com base nessas fontes. O leitor irá perceber que há pouco recurso a outras
fontes – artigos e livros. A explicação para essa Carência de referências
bibliográficas está no fato de que desejamos privilegiar nossa fonte primária,
analisando-a sem a interferência de outras fontes e outros autores.
Este estudo irá se terá como lócus privilegiado os problemas
enfrentados pela instrução pública de modo a permitir uma análise comparativa
do sistema educativo do século final do século XIX e primeiros anos do século
XX, com a situação das escolas públicas municipais na atualidade, tendo
objetivo, mostrar a fragilidade do mito construído e reproduzido em torno do
ensino público, que defende que a “escola de antigamente” era melhor do que
a de hoje. Acreditamos que toda escola, assim como todo sistema de ensino,
estão sujeitos a uma gama enorme de problemas e, portanto, a escola ideal –
salvo casos raros – está longe se ser alcançada.
1
Relatório apresentando ao Agente Executivo pelo oficial da secretaria da Câmara Muncicial de
Leopoldina em 31 de dezembro de 1901. Câmara Municipal de Leopoldina, 31 de dezembro de 1895, Rio
de Janeiro. Typ. Moreira Maximino, Chagas & C, 1896, p. 39
Recreio; 0 para Providencia e 15, finalmente, para São
Joaquim, quando a dita freqüência deveria ser de 300 dias.
Sendo a instrução pública um dos assuntos que devem
despertar o mais vivo interesse e que deve merece a maior
atenção dos Srs chefes de família, é de estranhar que tenha
sido tão diminuto o comparecimento dos alunos às escolas
municipais, falta esta que, a continuar, será forçoso ao
Governo municipal suprimir a escolas que mantém.2
Atentem para o fato de que a reforma foi responsável por suprimir alguns
conteúdos do currículo escolar. A simplificação do ensino era apontada como
uma forma de adequá-lo à realidade da sua clientela pobre, ou seja, de
2
Idem, p. 40
3
Não sei ainda precisar, mas acredito que trata-se de uma lei municipal, com finalidade de organizar a
educação pública no município.
4
Mensagem à Câmara Municipal de Leopoldina apresentada pelo Agente Executivo em 31 de dezembro
de 1898. Rio de Janeiro, Typ. De Carlos Gaspar da Silva & Campos, 1899. p. 15 e 16.
meninos e meninas que vinham de família humildes, sem acesso às escolas
particulares, estas muito bem estruturadas. Outro dado que não pode passar
despercebido é o fato de o Agente Municipal sugerir que os distritos se
responsabilizem pelas escolas, fornecendo prédios e, em alguns casos, se
responsabilizando pelo ordenado dos professores. A Câmara deseja dividir
com os distritos parte do ônus com o ensino primário público. Futuramente,
muitas dessas escolas seriam fechadas, alegando-se que as escolas estaduais
eram mais do que suficiente para atender a demanda.
É difícil prever quanto tempo durou o curso. Talvez exista alguma nota
referente a ele a Gazeta de Leopoldina, mas ainda não tivemos a oportunidade
de verificar. Em 1º de dezembro daquele mesmo ano, Dilermando Cruz
comunicou à Câmara o afastamento do cargo de diretor.
Considerações finais