Fundamentos Da Estabilidade de Alimentos - Henriette
Fundamentos Da Estabilidade de Alimentos - Henriette
Fundamentos Da Estabilidade de Alimentos - Henriette
Estabilidade de
Alimentos
Editora Tcnica
Henriette M. C. de Azeredo
F U N DA M E N T O S
DE ESTABILIDADE
DE ALIMENTOS
Clayton Campanhola
Vice-Presidente
Chefe-Adjunto de Administrao
FUNDAMENTOS
DE ESTABILIDADE
DE ALIMENTOS
Editora Tcnica
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Embrapa 2004
Autores
Apresentao
Prefcio
fatores intrnsecos, podem ser citados: atividade de gua, pH, composio qumica, carga microbiolgica inicial. Entre os fatores extrnsecos, destacam-se:
temperatura, umidade relativa do ar, exposio a radiaes luminosas, disponibilidade de oxignio, entre outros.
A seleo do sistema de embalagem e dos mtodos de conservao a
serem utilizados para um dado alimento dependem das susceptibilidades especficas daquele alimento. importante que a escolha dos mtodos de conservao seja o mais racional possvel, garantindo a estabilidade do alimento durante
sua vida de prateleira, procurando, por outro lado, minimizar as alteraes a
suas propriedades sensoriais e nutricionais, danos esses que podem decorrer
tanto do processamento quanto das condies de estocagem. Da o surgimento
de novas tcnicas de conservao, que tm como objetivo preservar ao mximo as propriedades originais do alimento, tendncia essa impulsionada pelas
crescentes exigncias do consumidor por produtos que sejam por ele interpretados como sendo mais frescos e saudveis.
Este livro dividido em oito captulos, que abordam: os diferentes tipos
de alteraes (microbiolgicas, qumicas e fsicas) que os alimentos sofrem
durante a estocagem (Captulos 1, 2 e 3, respectivamente); os princpios bsicos de cintica de degradao de alimentos (Captulo 4); os princpios gerais
dos principais mtodos convencionais de conservao de alimentos (Captulo
5) e de algumas das tendncias em mtodos de conservao (Captulo 6); o
papel da embalagem na estabilidade de alimentos (Captulo 7); e, por fim, uma
abordagem sobre as embalagens ativas, uma tendncia importante na rea de
embalagens, e que tem mostrado um alto potencial de contribuio para o aumento da estabilidade de alimentos (Captulo 8).
Como editora tcnica desta publicao, solicito aos leitores que me informem sobre quaisquer erros que, porventura, tenham permanecido, apesar
de nossos esforos no processo de reviso.
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Editora Tcnica
Sumrio
CAPTULO 1
Alteraes Microbiolgicas durante a Estocagem ............ 19
Introduo ......................................................................... 19
Alteraes Qumicas Causadas por Microrganismos ............. 20
Fatores que Afetam a Velocidade de Alteraes
Microbiolgicas ................................................................. 21
Fatores intrnsecos ...............................................................
Atividade de gua (Aw) .................................................
pH ............................................................................
Composio qumica ....................................................
Potencial redox ...........................................................
Fatores extrnsecos ..............................................................
Temperatura ..............................................................
Umidade relativa (UR) ...................................................
Composio gasosa do ambiente .....................................
22
22
25
27
27
28
28
29
30
CAPTULO 2
Alteraes Qumicas Durante a Estocagem .................... 37
Introduo ......................................................................... 37
Oxidao de Lipdios .......................................................... 37
Auto-oxidao ..................................................................... 38
Fotoxidao ........................................................................ 39
Fatores que afetam as taxas de oxidao ................................. 40
40
41
41
41
42
43
43
43
44
47
47
47
47
48
48
50
52
53
55
CAPTULO 3
Alteraes Fsicas Durante a Estocagem ....................... 65
Introduo .........................................................................
Alteraes Devidas Absoro ou Perda de Umidade ........
Alteraes Fsicas Durante o Congelamento ........................
Desestabilizao de Emulses ............................................
Retrogradao do Amido ....................................................
Referncias Bibliogrficas ...................................................
65
65
68
70
72
75
CAPTULO 4
Fundamentos de Cintica de Degradao e Estimativa de
Vida de Prateleira ....................................................... 77
Introduo ......................................................................... 77
Ordem das Reaes ........................................................... 78
Efeito da Temperatura Sobre a Vida de Prateleira ................. 82
Equao de Arrhenius ...........................................................
...............................................................................
Q10
Valor z ......................................................................
Equaes para temperaturas variveis .....................................
82
85
86
87
CAPTULO 5
Mtodos de Conservao de Alimentos ......................... 97
Introduo ......................................................................... 97
Conservao pelo Calor ...................................................... 98
Curvas de destruio trmica de microrganismos ....................... 98
Modos de transferncia de calor ............................................. 100
Formas de tratamento trmico ............................................... 102
Esterilizao comercial ................................................. 102
Processamento assptico ............................................. 103
Pasteurizao ............................................................. 105
Branqueamento ........................................................... 106
122
123
125
126
126
127
CAPTULO 6
Tendncias em Conservao de Alimentos ................... 135
Introduo ....................................................................... 135
Processos No-Convencionais de Aquecimento .................. 136
Aquecimento por microondas ............................................... 136
Aquecimento hmico .......................................................... 137
CAPTULO 7
Embalagens e Estabilidade de Alimentos ...................... 151
Introduo ....................................................................... 151
Interaes Alimento-Embalagem ....................................... 153
Interaes Inerentes aos Materiais de Embalagem .............. 155
Embalagens de vidro ...........................................................
Embalagens metlicas ........................................................
Embalagens celulsicas .......................................................
Embalagens plsticas .........................................................
Fatores que afetam as propriedades de barreira ..............
Barreira aos gases e ao vapor de gua ..........................
Barreira luz ............................................................
Barreira aos aromas ..................................................
Migrao de monmeros e aditivos ...............................
Soro de compostos de aroma ...................................
Embalagens convertidas ......................................................
155
156
157
158
158
159
161
161
162
163
164
CAPTULO 8
Embalagem Ativa na Conservao de Alimentos ........... 167
Introduo .......................................................................
Filmes Antimicrobianos ....................................................
Embalagens Comestveis ..................................................
Absorvedores de Etileno ...................................................
Absorvedores de Oxignio ................................................
Absorvedores de Umidade ................................................
Liberadores e Absorvedores de Sabor e Odor .....................
Referncias Bibliogrficas .................................................
167
169
172
177
179
187
188
189
CAPTULO
Alteraes Microbiolgicas
Durante a Estocagem
Henriette M. C. de Azeredo
Gustavo Adolfo Saavedra Pinto
Edy Sousa de Brito
Raquel M. C. de Azeredo
Introduo
Centenas de gneros e espcies de microrganismos, provenientes do solo,
da gua, do ar, de utenslios, do trato intestinal do homem e de animais, dentre
outros, podem contaminar os alimentos. Segundo Franco & Landgraf (1996), os
microrganismos podem ser classificados em trs categorias, a depender do tipo
de interao com o alimento. Os microrganismos deterioradores promovem alteraes qumicas que comprometem a qualidade do alimento. A deteriorao est,
geralmente, associada a alteraes sensoriais (aparncia, odor, sabor, textura)
resultantes da atividade metablica dos microrganismos, que utilizam compostos do alimento como fonte de energia. Os microrganismos patognicos promovem o desenvolvimento de infeces ou intoxicaes no indivduo que consumir o
alimento contaminado. Por fim, h os que promovem reaes qumicas especficas que produzem alteraes desejveis em alimentos, modificando suas caractersticas sensoriais; o caso de microrganismos utilizados na produo de alimentos
fermentados, como queijos, vinhos e pes, entre outros.
Os microrganismos contaminantes geralmente no esto presentes em
tecidos vivos saudveis; no entanto, invadem os tecidos quando ocorrem injrias
mecnicas ou desintegrao de tecidos, como no processamento (Potter &
Hotchkiss, 1995).
20
Semiperecveis - Tm sua estabilidade aumentada em decorrncia de determinadas tcnicas de processamento. A estabilidade pode ser estendida para cerca de 30 a 90 dias, quando mantidos sob refrigerao. Exemplos: produtos
crneos defumados, queijos curados.
21
Carboidratos - Os microrganismos utilizam os carboidratos como fonte de energia para seu desenvolvimento. O metabolismo desses nutrientes pode ocorrer
segundo dois mecanismos bsicos: em presena de oxignio, pela utilizao de
carboidratos por microrganismos aerbios, ou, na ausncia de oxignio, pela
utilizao dos compostos por microrganismos anaerbios estritos ou facultativos, acumulando produtos que afetam sensorialmente o alimento. Os acares mais simples so preferencialmente utilizados pelos microrganismos, poucas
sendo as espcies capazes de hidrolisar polissacardeos. O metabolismo de
monossacardeos em anaerobiose gera como produto intermedirio o cido
pirvico, que, a depender das condies nutricionais do meio, convertido a
diferentes compostos, como cido ltico, etanol e cido actico.
22
Fatores intrnsecos
Atividade de gua (Aw)
Um dos requerimentos mais importantes para sobrevivncia dos microrganismos a disponibilidade de gua, medida pela atividade de gua, um conceito termodinmico definido como a relao entre a presso parcial de vapor
da gua contida no alimento (P) e a presso de vapor da gua pura (P0), a uma
certa temperatura:
Aw =
P
P0
(1.1)
23
Adsoro
Dessoro
Atividade de gua
Fig. 1.1. Isotermas de soro e o efeito de histerese. Fonte: Labuza et al. (1970).
24
microbiolgicas em geral. O limite inferior de atividade de gua (0,85) foi estabelecido com base na atividade de gua mnima requerida para crescimento
de Staphylococcus aureus, a bactria patognica mais tolerante nesse aspecto
(Taoukis et al., 1988).
25
A atividade de gua afeta no apenas as taxas de alteraes microbiolgicas, como tambm influencia alteraes qumicas. A Fig. 1.2 (Labuza, 1970)
ilustra o efeito da atividade de gua sobre as principais alteraes em alimentos.
Oxidao de lipdios
Escurecimento no enzimtico
Atividade enzimtica
Crescimento de bolores
Crescimento de leveduras
Crescimento de bactrias
0,0
0,2
0,4
0,8
0,6
1,0
Atividade de gua
Fig. 1.2. Taxas relativas das principais alteraes de alimentos em funo da atividade
de gua. Fonte: Labuza (1970).
pH
O pH definido como:
pH = log
1
= log[ H + ]
+
[H ]
(1.2)
26
Muito cidos (pH<4,0), como: suco de abacaxi, suco de maracuj, refrigerantes, picles.
27
Composio qumica
Vrias classes de nutrientes podem ser utilizadas pelos microrganismos.
Como fontes de energia, so geralmente utilizados carboidratos (especialmente acares mais simples), lcoois e aminocidos. Alguns microrganismos
utilizam carboidratos mais complexos, como celulose e amido, convertendo-os
a acares mais simples. Os lipdios podem ser utilizados como fonte de energia por um nmero muito limitado de microrganismos. A principal fonte de
nitrognio so os aminocidos, embora outros compostos nitrogenados, como
nucleotdeos, peptdeos e protenas, possam ser tambm utilizados (Franco &
Landgraf, 1996).
A concentrao dos nutrientes indispensveis pode, at certo ponto, determinar a velocidade do crescimento microbiano (Adams & Moss, 1997),
segundo a equao de Monod (1.3), que indica que, quando S >> Ks, o microrganismo crescer a uma velocidade muito prxima sua velocidade mxima.
mS
S + Ks
(1.3)
Sendo:
= velocidade de crescimento especfico;
m = velocidade mxima de crescimento especfico;
S = concentrao do nutriente limitante;
Ks = constante de saturao.
Potencial redox
Os processos de oxidao e reduo esto relacionados com transferncias (perda e ganho, respectivamente) de eltrons entre compostos qumicos.
Quando ocorre uma transferncia de eltrons de um composto para outro, estabelece-se uma diferena de potencial que pode ser medida instrumentalmente. A
tendncia de um meio em receber ou ceder eltrons denominada potencial
redox (Eh), medido por meio de um eletrodo de metal inerte (geralmente platina)
submerso no meio. Se o equilbrio dos diversos pares redox presentes favorece
o estado oxidado, a amostra tende a receber eltrons do eletrodo, criando um
28
potencial positivo, que indica um meio oxidante. Quando o equilbrio for inverso,
a amostra tende a ceder eltrons ao eletrodo, que registra um potencial negativo, indicando um meio redutor. O potencial redox medido nos alimentos resulta
da interao de fatores como: pares redox presentes, proporo entre os grupos oxidantes e redutores, pH, capacidade de equilbrio, disponibilidade de oxignio e a prpria atividade microbiana (Adams & Moss, 1997).
O potencial redox exerce um efeito seletivo na microflora do alimento.
Apesar de o crescimento microbiano ser possvel em uma ampla faixa de
potenciais redox (-100 mV a +500 mV), os microrganismos se enquadram
convenientemente em faixas mais estreitas, baseadas na sua resposta ao oxignio. Assim, microrganismos aerbios requerem para multiplicao a presena de O2 e um alto potencial redox, geralmente entre +350 mV e +500 mV.
Incluem-se a muitas bactrias, especialmente as deterioradoras e algumas
espcies patognicas (ex.: Bacillus cereus). Microrganismos anaerbios requerem baixos valores de Eh, geralmente abaixo de 150 mV. Incluem-se nesse
grupo algumas espcies de bactrias patognicas (ex.: Clostridium botulinum) e
bactrias deterioradoras. Algumas bactrias aerbias crescem melhor em meio
levemente reduzido, sendo denominadas microaerfilas (ex.: gneros
Lactobacillus, Streptococcus). Outras espcies crescem bem tanto em aerobiose
quanto em anaerobiose, sendo denominadas anaerbias facultativas (ex.: bactrias da famlia Enterobacteriaceae). Quanto aos fungos, a maioria dos bolores de importncia em alimentos aerbia, enquanto as leveduras so
predominantemente aerbias ou anaerbias facultativas (Franco & Landgraf,
1996; Adams & Moss, 1997).
Fatores extrnsecos
Temperatura
A temperatura o fator extrnseco de maior importncia sobre a multiplicao de microrganismos. Os microrganismos podem ser classificados
em quatro categorias, de acordo com as faixas de temperaturas nas quais
podem sobreviver e crescer. As categorias esto sumariamente descritas
na Tabela 1.1.
Os termfilos mais importantes em alimentos pertencem aos gneros
Bacillus e Clostridium, incluindo microrganismos deterioradores e patognicos
29
Categoria
tima
<0
10-15
< 20
15-30
> 25
Mesfilos
10-15
30-40
< 45
Termfilos
45
50-85
> 100
Psicrfilos
Psicrotrficos
Mxima
30
31
32
Deteriorao de pescados
Os pescados tm alto pH aps a morte (geralmente acima de 6,0), propriedade que, aliada presena de altos teores de nitrognio no-protico,
torna-os altamente suscetveis deteriorao microbiana (Gram & Huss, 1996).
Os gneros mais importantes no processo de deteriorao de pescados so
Pseudomonas e Shewanella, graas sua natureza psicrotrfica e capacidade
de utilizar compostos nitrogenados no proteicos (Franco & Landgraf, 1996).
A frao de nitrognio no-proteico dos pescados compreende compostos
nitrogenados hidrossolveis de baixo peso molecular, tais como aminocidos e
nucleotdeos. A deteriorao de pescados decorre, principalmente, da utilizao
microbiana desses compostos (Gram & Huss, 1996). A decomposio dos
aminocidos sulfurados cistena e metionina particularmente importante, causando odores e sabores estranhos atribudos formao de cido sulfdrico e
metilmercaptano, respectivamente (Herbert & Shewan, 1976).
A maioria das espcies marinhas de peixes e moluscos produz xido de
trimetilamina (TMAO) em seus processos metablicos (Veciana-Nogues et al.,
1996). Aps a morte, o TMAO reduzido por enzimas bacterianas trimetilamina
(TMA) (Krzymien & Elias, 1990). Ao contrrio do TMAO, que inodoro, a TMA
apresenta odor caracterstico, sendo, assim, um indicador de deteriorao
(Pedrosa-Menabrito & Regenstein, 1990). Os processos de deteriorao produ-
33
zem ainda amnia, a partir de vrios processos enzimticos (Gill, 1990) e aminas
provenientes da descarboxilao de aminocidos (Garca-Garrido & Luque de
Castro, 1997).
Quando esgotados os substratos nitrogenados no-proticos, as bactrias
passam a utilizar protenas, o que resulta em amolecimento de tecidos e aumento
da produo de compostos volteis, acelerando a decomposio do pescado
(Franco & Landgraf, 1996).
Referncias Bibliogrficas
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International Journal of Food Microbiology, v. 50, n. 1-2, p. 65-91, 1999.
ADAMS, M.R.; MOSS, M.O. Microbiologa de los alimentos. Zaragoza: Acribia,
1997. 464 p.
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In: MAUPOEY, P.F.; GRAU, A.A.; BOIX, A.C. (Ed.) Aplicacion de factores combinados
en la conservacion de alimentos. Valencia: Universidade Politecnica de Valencia,
Servicio de Publicaciones, 1994. p. 1-26.
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G.W. (Ed.) Food preservatives. New York: AVI, 1991. p. 22-43.
CSONKA, L.N. Physiological and genetic response of bacteria to osmotic stress.
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ELLIS, D.I.; GOODACRE, R. Rapid and quantitative detection of the microbial spoilage
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Technology, v. 12, n. 11, p. 414-424, 2001.
FRANCO, B.D.G.M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. So Paulo:
Atheneu, 1996. 182 p.
FRANKS, F. Water activity: a credible measure of food safety and quality? Trends in
Food Science and Technology, v. 2, n. 3, p. 68-72, 1991.
34
35
CAPTULO
Introduo
As alteraes qumicas indesejveis em alimentos durante a estocagem
englobam degradao de sabor, cor e textura; deteriorao de propriedades
funcionais de compostos, como perda da capacidade de reteno de gua por
aquecimento de protenas; perda de valor nutricional; desenvolvimento de compostos txicos (Taoukis & Labuza, 1996).
As principais alteraes qumicas que ocorrem em alimentos durante a
estocagem sero descritas neste captulo. A oxidao de lipdios uma das
alteraes mais importantes em alimentos, comprometendo a qualidade no
apenas de leos, mas de leite e derivados, carnes, entre outros tipos de alimentos. Entre as alteraes catalisadas por enzimas, destaca-se o escurecimento
enzimtico, especialmente importante durante a estocagem de certas frutas e
hortalias. O escurecimento no-enzimtico (reao de Maillard), por sua vez,
mais significativo durante o processamento, embora possa, tambm, ocorrer
durante a estocagem. Outras alteraes englobam degradao de pigmentos,
que podem prejudicar a aceitao, e degradao de vitaminas, que reduzem o
valor nutricional dos alimentos.
Oxidao de Lipdios
A oxidao a alterao mais importante em leos (Labuza, 1982) e
uma das principais causas de deteriorao de alimentos (Wong, 1989). uma
38
Auto-oxidao
A auto-oxidao um mecanismo autocataltico que envolve a participao de radicais livres, ocorrendo em trs etapas bsicas (Mistry & Min, 1992),
esquematizadas na Fig. 2.1.
Propagao: Reaes entre radicais R e oxignio (O2), com formao de radicais perxido (ROO), que seqestram tomos de hidrognio vizinhos a
insaturaes de outras molculas, produzindo hidroperxidos (ROOH) e novos
radicais R, que por sua vez reagem com O2, estabelecendo-se, assim, uma
seqncia de reaes em cadeia.
Terminao: Reaes de adio dos radicais livres entre si, com formao de
compostos no-radicais, estveis.
Induo
RH
R + O2
Propagao
ROO + RH
R + R
Terminao
R + ROO
ROO + ROO
R
ROO
ROOH + R
no-radicais
no-radicais
no-radicais
Fig. 2.1. Etapas da auto-oxidao de lipdios. Fonte: Mistry & Min (1992).
39
Hidroperxidos, produtos primrios da oxidao de lipdios, so rapidamente degradados e os produtos volteis de sua degradao (produtos secundrios da oxidao), como aldedos, cetonas e lcoois, so os responsveis pelo
desenvolvimento da rancidez oxidativa (Nawar, 1985). Muitos desses produtos, especialmente os de cadeia curta, tm limiares de percepo muito baixos, tornando o produto inaceitvel mesmo em baixssimas concentraes.
Por exemplo, o hexanal perceptvel em leos em nvel de apenas 150 mg/kg
(Labuza, 1971).
Fotoxidao
A fotoxidao um mecanismo que envolve a adio direta de oxignio
em seu estado singlete, altamente reativo, molcula lipdica. No envolve a
participao de radicais livres. Requer a presena de O2, luz e compostos
fotossensibilizadores, que so substncias cromforas, como clorofila e compostos heme, que absorvem intensamente na regio do visvel ou UV prximo
(Wong, 1989).
A molcula de O2 pode existir no estado fundamental, triplete (3O2), ou no
estado singlete (1O2), representados na Fig. 2.2 (Wong, 1989). O estado triplete
tem dois eltrons desemparelhados com spins paralelos. Em presena de luz, os
fotossensibilizadores absorvem energia radiante e a transferem para o estado
triplete, convertendo-o ao singlete. Este, por ter um orbital desocupado, muito
eletroflico, tendo, portanto, alta afinidade por regies de alta densidade eletrnica, como ligaes duplas entre carbonos. Segundo Wong (1989), o 1O2 cerca
de 1.500 vezes mais reativo que o 3O2 com ligaes C=C.
O2
O2
Fig. 2.2. Configuraes eletrnicas dos ltimos orbitais dos estados do O2.
Fonte: Wong (1989).
40
C
1
O2 +
O
O
C
C
41
Nveis de O2
Como o O2 participa da oxidao como reagente, seus nveis dentro da
embalagem afetam diretamente a taxa de oxidao. Se o produto for acondicionado em uma embalagem hermeticamente fechada, formada a partir de um
material impermevel ao O2, como o caso das embalagens metlicas, o teor
residual de O2 ser o fator limitante da reao. Assim, a quantidade de O2
disponvel para reagir ser finita e, independentemente da taxa de oxidao, a
reao no continuar aps a exausto do O2, tendo assim a reao um com-
42
Radiaes luminosas
As radiaes luminosas, naturais ou artificiais, catalisam reaes
fotoqumicas em alimentos, principalmente reaes de oxidao. A fase de
induo acelerada quando o alimento exposto luz. A energia luminosa
inversamente relacionada ao comprimento de onda (Equao 2.1).
hc
(2.1)
Sendo:
: energia radiante;
h: constante de Planck (6,63 x 10-27 erg x s);
c: velocidade da luz no vcuo (3 x 108 m/s);
: comprimento de onda da radiao.
Assim, quanto menor o comprimento de onda, maior a energia da radiao. A luz visvel abrange a faixa de comprimentos de onda de 380 a 700 nm,
e a radiao ultravioleta (UV), de 200 a 380 nm. Assim, a radiao UV tem
maior energia radiante que a luz visvel, exercendo maior efeito sobre as reaes de fotodegradao (Faria, 1991).
O espectro de emisso da luz solar amplo e rico, tanto em radiaes
da regio do UV quanto visvel. A luz emitida por lmpadas fluorescentes
mais pobre em energia e, portanto, menos prejudicial aos alimentos (Bosset
et al., 1994).
A sensibilidade de um alimento luz depende de fatores como tempo
de exposio, intensidade de luz (relacionada distncia e ngulo entre o
alimento e a fonte luminosa), comprimento de onda, composio qumica do
alimento, espectro de transmisso da embalagem e nveis de fotossensibilizadores (Gravani, 1986).
43
Temperatura
A temperatura tem um profundo efeito sobre as taxas de oxidao. Um
aumento de 10 oC na temperatura duplica a taxa de oxidao, ou seja, o Q10
(ver Captulo 4) da oxidao , aproximadamente, dois (Buck, 1991).
ROO + AH ROOH + A
(2.2)
RO + AH ROH + A
(2.3)
Sendo:
RO, ROO = radicais livres;
AH = antioxidante;
A = radical livre de antioxidante.
Os antioxidantes primrios mais utilizados so compostos fenlicos, como
o butil-hidroxitolueno (BHT), butil-hidroxianisol (BHA) e terc-butil-hidroquinona
(TBHQ). Essa classe de compostos destaca-se pela alta tendncia em doar
eltrons ou prtons e pela relativa estabilidade de seus radicais (Nawar, 1985).
Os radicais livres de antioxidantes (A) geralmente so inativados por combinao entre si ou com outros radicais (Pokorn, 1987).
A oxidao de lipdios pode ser ainda inibida por antioxidantes secundrios
(ou preventivos), como quelantes de metais e inativadores de 1O2. Os quelantes
de metais so compostos capazes de se ligar a traos de metais que possam
atuar como pr-oxidantes, reduzindo assim as taxas de auto-oxidao. Exemplos so o cido ctrico (o mais usado), EDTA e cido fosfrico (Smouse, 1995).
Os inativadores (quenchers) de 1O2 (como -caroteno e -tocoferol) dissipam o
excesso de energia do 1O2, convertendo-o novamente a 3O2, reduzindo as taxas
de fotoxidao (Carlsson et al., 1976).
44
45
hu
benzofenonas
N
N
hu
+
N
N
N
benzotriazis
Fig. 2.4. Mecanismos de rearranjo das molculas dos absorvedores de UV. Fonte: Scully & Ghiggino (1995).
Reao de Maillard
A reao de Maillard consiste em uma srie de reaes iniciadas pela
condensao entre um grupo amino e um acar redutor, conforme ilustrado na
Fig. 2.5 (Scaman, 2002). A reao continua por uma srie de reaes consecutivas e paralelas, incluindo oxidao, reduo e condensao (Manzocco & Maltini,
1999). Ocorre formao de molculas de gua como resultado das reaes de
condensao (Hodge, 1953). Entre os vrios produtos finais, destacam-se
pigmentos marrons insolveis, de pesos moleculares e teores de nitrognio variveis, conhecidos em conjunto como melanoidinas (Chemsoc, 2002).
A reao muitas vezes desejvel, como na torrefao de caf e de
cacau e na formao de crostas em produtos de panificao. Alm da formao de melanoidinas, ocorre a formao de compostos volteis que contribuem
para o aroma de muitos alimentos (Chemsoc, 2002). Por outro lado, h conse-
46
HC
+
NHR
- H2O
CHOH
CHOH
melanoidinas
CHOH
R
acar redutor
OH
R
grupo amino
N-glicosilamina
Alteraes Enzimticas
Os organismos vegetais e animais possuem seus prprios mecanismos
enzimticos, cuja atividade resiste colheita ou ao abate. Muitas dessas enzimas
47
pH
A ao de enzimas ocorre em limites estreitos de pH, cada enzima tendo
sua faixa de pH de tima atividade, acima ou abaixo da qual a atividade diminui
ou cessa (Taoukis & Labuza, 1996).
Temperatura
A atividade enzimtica aumenta com o aumento da temperatura, at um
valor timo, a partir do qual as enzimas so inativadas. As alteraes enzimticas
em alimentos podem, portanto, ser minimizadas por tratamentos trmicos que
inativem as enzimas. Entretanto, muitos alimentos contm enzimas em atividade, que podem causar descolorao, mudanas na textura e no sabor, rancidez,
entre outras alteraes. Uma medida de proteo para qualquer alimento contendo enzimas ativas consiste em reduo da temperatura de armazenagem,
proteo contra ganho de umidade e contato com O2 (no caso de produtos que
contenham lipoxigenase e PPO, por exemplo).
Atividade de gua
A gua promove a reatividade enzimtica de vrias formas, destacandose o aumento da mobilidade de enzimas, a estabilizao da estrutura e configu-
48
Escurecimento enzimtico
O escurecimento enzimtico a reao responsvel pelo escurecimento
de muitos produtos vegetais (ex: banana, ma, batata) e de alguns crustceos
(ex: camaro, lagosta). A reao, esquematizada na Fig. 2.6 (Sapers, 1993),
consiste na hidroxilao de compostos fenlicos a o-difenis, posteriormente
oxidados a o-quinonas, em presena de O2 e de polifenoloxidase (PPO), uma
enzima que contm cobre em seu stio ativo, presente na maioria dos vegetais.
As quinonas, por sua vez, condensam-se e reagem com outros compostos,
como aminocidos ou compostos fenlicos, para produzir polmeros escuros.
OH
OH
PPO + O2
PPO + O2
R
OH
o-difenol
polmeros escuros
R
O
o-quinona
aminocidos
protenas
compostos fenlicos
A PPO atua em uma faixa tima de pH de 5 a 7, podendo ser irreversivelmente inativada a pH menor que 3 (Martinez & Whitaker, 1995). A enzima
relativamente termolbil e pode ser inibida por cidos, haletos, sulfitos, agentes
quelantes e redutores (Sapers, 1993).
49
Controle do O2 do sistema, o que pode ser feito por meio do uso de embala-
Uso de compostos redutores, especialmente sulfitos, para reduzir as benzoquinonas a o-dihidroxifenis. O uso de sulfitos considerado o mtodo mais efetivo para o controle da reao. Alternativamente, pode-se utilizar cido
ascrbico, tambm efetivo em reduzir quinonas.
Degradao de Pigmentos
A cor determina a vida til de muitos alimentos, j que afeta muito a
aceitao do produto pelo consumidor, exercendo, assim, importante papel
mercadolgico. A manuteno da cor natural de alimentos representa, muitas
50
Antocianinas
As antocianinas constituem-se numa classe de pigmentos amplamente
distribudos em plantas e so responsveis por coloraes que variam da vermelha azul, passando por todas as cores intermedirias (Rodriguez-Amaya et al.,
1984). So glicosdeos das antocianidinas, cuja estrutura bsica o ction
flavilium (Fig. 2.7).
So pigmentos muito instveis depois de extrados de suas fontes. So
muito suscetveis degradao trmica, tornando-se marrons. Sua estabilidade
altamente dependente do pH, como indica a Fig. 2.7 (University of British
Columbia, 2003), sendo mais estveis a baixo pH. A perda gradativa da cor
vermelha com o aumento do pH deriva de um equilbrio entre duas formas da
antocianina: o ction flavilium (vermelho) e a pseudo-base carbinol (incolor), que
a forma hidratada do pigmento. As antocianinas tornam-se quase incolores a pH
em torno de 4-5, sendo essa perda de cor reversvel por acidificao. Embora
essas duas formas respondam pela maior parte das antocianinas em soluo,
existem ainda duas espcies adicionais a base quinoidal (azul) e a chalcona
(incolor) que ocorrem em baixas quantidades, independentemente do pH.
Qualquer fator que interrompa o sistema de duplas ligaes conjugadas
das antocianinas causa uma perda de cor. Por exemplo, a reao com dixido
R
O
OH
+H
OH
+
O
HO
O-glicose
51
R
O-glicose
OH
OH
R
HO
OH
OH
R
HO
O-glicose
OH
chalcona (incolor)
OH
OH
R
O-glicose
OH
pseudobase carbinol (incolor)
HO
Fig. 2.8. cido flaven-4-sulfnico, produto
da interao de antocianinas com SO2.
Fonte: UBC (2003).
SO3H
52
Carotenides
Os carotenides constituem-se num dos grupos de pigmentos mais
abundantes na natureza, responsveis por coloraes que vo da amarela vermelha. A cor conferida por um cromforo, que consiste em uma cadeia de
ligaes duplas conjugadas, cuja colorao se intensifica medida que o
nmero de duplas conjugadas aumenta. Alm de sua funo como corantes,
alguns carotenides, como o -caroteno, atuam tambm como precursores de
vitamina A (Rodriguez-Amaya et al., 1984). O consumo de alimentos com altos
teores de carotenides tem sido recomendado ainda em razo de evidncias
epidemiolgicas de que alimentos ricos em carotenides reduzem a incidncia
de cncer (Cramer et al., 2001; Maoka et al., 2001).
Entretanto, os carotenides se degradam facilmente. Sua estabilidade
depende de uma srie de fatores, como temperatura, disponibilidade de O 2,
transmisso de luz do material de embalagem, Aw, entre outros. Devido ao seu
alto teor de insaturao, os carotenides so muito suscetveis isomerizao
e oxidao, que resultam em perda de cor e da atividade de provitamina A.
Sua degradao , geralmente, acompanhada por isomerizao da forma trans
para cis, favorecida por exposio luz, a cidos ou ao calor (Rodriguez-Amaya
et al., 1984; Wong, 1989). A partir do -caroteno, podem-se formar vrios
ismeros cis, como 9-, 13- e 15-cis--caroteno. A Fig. 2.9 (Rodriguez-Amaya,
1999) representa um esquema da isomerizao do -caroteno a 15-cis-caroteno. Os ismeros cis absorvem luz a menores comprimentos de onda que
os correspondentes trans, e, conseqentemente, apresentam menor intensidade
de colorao (Wong, 1989).
luz ou calor
53
Tanto ismeros cis quanto trans podem sofrer oxidao, cujo estgio
inicial envolve formao de epoxicarotenides e apocarotenais. Entretanto, o
mecanismo completo da degradao de carotenides ainda pouco conhecido,
sabendo-se que resulta em formao de compostos de baixo peso molecular
(Rodriguez-Amaya, 1999). A Fig. 2.10 (Wong, 1989; Rodriguez-Amaya, 1999)
apresenta exemplos de um epxido e um apocarotenal produzidos a partir do
-caroteno.
b -caroteno
O
5,6-epoxi-b -caroteno
O
b -apo-12-carotenal
Entre as vrias formas de alimentos processados, os produtos desidratados so mais propensos degradao de carotenides durante a estocagem,
devido ao aumento da rea superficial e, no caso de produtos liofilizados, tambm, maior porosidade (Rodriguez-Amaya, 1999).
Clorofilas
Os pigmentos verdes encontrados nos cloroplastos de tecidos fotossintticos so conhecidos coletivamente como clorofilas, formada por dois componentes principais, as clorofilas a e b. Ambas possuem estrutura tetrapirrlica, sendo
derivadas de dihidroxiporfirina quelada com um tomo central de magnsio. So
compostos hidrofbicos, por causa do lcool monoinsaturado esterificado
54
CH3
CH2
H3C
N
N
H
Mg
H
N
H3C
H
clorofila a: R = CH
clorofila b: R = CHO
N
CH3
H
CH2
CH2 H
CO2 CH3
CO2
CH3
CH3
grupo fitila
Fig. 2.11. Estrutura qumica das clorofilas. Fonte: Schwartz & Lorenzo (1990).
A cor conferida pela clorofila ou seus derivados importante em alimentos como indicador de frescor e de grau de maturao. Durante o processamento,
as clorofilas (de colorao verde-brilhante) podem sofrer transformaes resultantes do tratamento trmico e/ou variaes de pH. cidos orgnicos fracos
podem promover a substituio do tomo central de magnsio por dois tomos
de hidrognio, formando a feofitina, com mudana de colorao de verdebrilhante para verde-oliva. Observa-se tal diferena de colorao, por exemplo,
entre ervilhas frescas (verde-brilhante) e enlatadas (verde-oliva). Em meio alcalino, o grupo fitila hidrolisado, formando a clorofilida (verde-oliva); essa reao
pode ser tambm desencadeada durante a estocagem por ao da clorofilase,
uma enzima presente na maioria das plantas (Rodriguez-Amaya et al., 1984).
55
Outras alteraes de cor podem ocorrer por reao com O2; os produtos resultantes so pouco conhecidos (Bobbio & Bobbio, 2001).
As clorofilas cpricas, em que o Mg+2 substitudo por Cu+2, so mais
estveis no processamento e na estocagem, podendo ser utilizados como substitutos das clorofilas nativas, apesar de seu menor poder corante (Bobbio &
Bobbio, 2001).
Mioglobina
A cor o atributo sensorial de maior importncia no processo de deciso
de compra de carnes frescas. A mioglobina a protena muscular responsvel
pela pigmentao de carnes. um complexo de globina, a poro protica da
molcula, e um grupo heme, componente cromforo. Um tomo de ferro localizado no centro do anel de porfirina possui seis stios de coordenao, quatro
dos quais ocupados por tomos de nitrognio dentro do anel tetrapirrlico, um
ligado pelo resduo de histidina da globina, e um sexto disponvel para complexar
com tomos eletronegativos doados por vrios ligantes. A estrutura da mioglobina
est apresentada na Fig. 2.12 (Scaman, 2002).
H2 O
H2 C=CH
H3 C
CH3
CH=CH2
N
Fe(II)
H3 C
-OOC-CH2 -CH2
CH3
CH2 -CH2 -COOglobina
56
Oximioglobina
(vermelho brilhante)
Mioglobina
(vermelho prpura)
globina
globina
N
N
Fe++
N
oxigenao
desoxigenao
H2O
N
O2
reduo
oxidao
N
Fe++
reduo
globina
N
oxidao
Fe+++
N
N
H2O
Metamioglobina
(marrom)
Fig. 2.13. Alteraes mais comuns da mioglobina. Fonte: Cabral & Fernandes (1980).
57
Degradao de Vitaminas
Nas ltimas dcadas, o consumidor tem se tornado cada vez mais preocupado com a qualidade nutricional dos alimentos. Assim, o impacto do
processamento e da estocagem sobre o produto, em termos de degradao de
nutrientes, tem recebido ateno especial dos pesquisadores e da indstria de
alimentos.
As vitaminas hidrossolveis podem sofrer perdas considerveis por
lixiviao durante o processamento. Alm disso, podem ser ainda degradadas
quimicamente durante o processamento e a estocagem (Fennema, 1977).
No que se refere estabilidade de vitaminas hidrossolveis, o cido
ascrbico (vitamina C) tem sido o mais estudado, devido em grande parte sua
importncia na dieta humana. Alm disso, considerada a vitamina mais
degradvel quimicamente; de forma geral, considera-se que, se o cido ascrbico
for retido no alimento, os demais nutrientes tambm o sero. Assim, sua reteno considerada um ndice de manuteno da qualidade nutricional durante o
processamento e a estocagem de alimentos (Fennema, 1977).
A oxidao o mecanismo responsvel pela maior parte das perdas de
cido ascrbico nos alimentos. Como a reao catalisada por metais, suas
taxas podem ser reduzidas por meio da adio de agentes quelantes de metais,
como cido ctrico, oxlico e fosfatos. Pode-se, ainda, limitar o acesso do O2 ao
produto, por meio de acondicionamento a vcuo ou sob atmosfera de N2, ou
limitar a complexao entre o cido ascrbico e o on metlico, por meio de
reduo da Aw, reduo do pH ou adio de certas protenas que se complexam
com o cido ascrbico (Liao & Seib, 1987).
A taxa de perda de cido ascrbico difere muito a depender do produto,
do grau de integridade, da temperatura de estocagem, entre outros fatores. A
reduo da temperatura de estocagem de 20 oC para 4 oC pode reduzir a perda
58
de cido ascrbico em cerca de 40% a 80%, a depender do produto. Sob temperatura de congelamento (cerca de -18 oC), as perdas de cido ascrbico em
muitos alimentos situam-se na faixa de 40% a 50% durante 6 a 12 meses de
estocagem. Durante a estocagem sob congelamento, importante evitar oscilaes trmicas, j que a degradao de cido ascrbico altamente dependente da
temperatura (Fennema, 1977).
Quanto s vitaminas lipossolveis, suas perdas durante a estocagem so
geralmente atribudas a interaes com perxidos ou radicais livres provenientes da oxidao de lipdios. Assim, qualquer forma de preveno da oxidao de
lipdios aumenta a reteno de vitaminas lipossolveis (Labuza, 1973).
Transio de segunda ordem uma transio trmica que no envolve calor latente.
59
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CAPTULO
Introduo
As alteraes fsicas de alimentos constituem a classe menos importante
de mudanas que ocorrem durante a estocagem, no que se refere segurana
alimentar. Por outro lado, esto intimamente relacionadas a alteraes sensoriais, especialmente alteraes de textura, que freqentemente comprometem
a aceitao de alimentos.
As alteraes fsicas mais importantes durante a estocagem de alimentos esto associadas absoro ou perda de umidade, que resultam em
alteraes de textura. Alm disso, a absoro de umidade resulta em aumento
da atividade de gua do alimento, favorecendo a ocorrncia de outras alteraes, especialmente microbiolgicas, comprometendo, assim, indiretamente, a
segurana do consumidor.
Outras alteraes fsicas mencionadas so a desestabilizao de emulses, a retrogradao do amido e as alteraes que ocorrem durante o congelamento, que podem alterar as propriedades sensoriais do produto, comprometendo
sua aceitabilidade.
66
alimento. Assim, a absoro ou a perda de umidade por um alimento determinada pelo gradiente entre a umidade relativa do ambiente e a umidade relativa
do produto. O conceito de atividade de gua (Aw) ligado ao conceito de umidade
relativa (Aw = UR/100). Portanto, a Aw do alimento, e no seu teor de umidade, que determina se o produto tender a ganhar ou perder umidade.
Exemplo: Um produto com 70% de umidade e Aw = 0,90, estocado em um ambiente com UR = 80%, tende a perder ou ganhar
umidade?
Resposta: A UR do produto (0,90 x 100 = 90%) maior que a UR
do ambiente (80%). Portanto, o produto tender a perder umidade.
Alm das alteraes microbiolgicas e qumicas, abordadas em outros
captulos, h, tambm, alteraes fsicas decorrentes de perda ou ganho de
umidade pelo alimento. A textura altamente afetada pelo teor de umidade e
atividade de gua.
A gua o principal plastificante de alimentos, ou seja, o principal
composto responsvel pela reduo de sua temperatura de transio vtrea, Tg
(Johari et al., 1987). O teor de slidos e a temperatura determinam em que
estado estar um alimento, como indica a Fig. 3.1 (Labuza, 2002). Assim, se
um alimento desidratado absorve umidade ou sofre um aumento de temperatura,
ele passa do estado vtreo para o gomoso, sofrendo alteraes como perda da
textura crocante (no caso de produtos slidos), cristalizao e aglomerao (no
caso de produtos em p).
Abaixo da Tg, a cristalizao e outras alteraes ocorrem muito lentamente, porque o alimento em estado vtreo tem uma viscosidade muito alta,
atingindo cerca de10 Pa.s (White & Cakebread, 1966), o que reduz muito o
movimento molecular, exceto para molculas pequenas como O e H O, que se
difundem mais facilmente. Acima de Tg, a viscosidade cai significativamente,
permitindo um movimento mais livre de outras molculas, o que aumenta a taxa
de alteraes (Labuza & Hyman, 1998).
12
temperatura
67
Tg
gomoso
vtreo
% slidos
68
69
originais; o alimento amolece e o material celular perdido pelas clulas rompidas. No congelamento rpido, cristais de gelo menores so formados tanto
nas clulas quanto nos espaos intercelulares. Em conseqncia, ocorrem
poucos danos fsicos s clulas e o gradiente da presso de vapor no
formado, favorecendo a manuteno da textura do alimento.
A recristalizao dos cristais de gelo, especialmente a recristalizao
migratria, uma causa importante de perda de qualidade em alguns alimentos.
A recristalizao migratria consiste em aumento do tamanho mdio dos cristais com reduo do nmero mdio de cristais; em outras palavras, est associada ao crescimento de cristais maiores s custas de cristais menores.
causada pela flutuao da temperatura de estocagem. Quando ocorre um
aumento de temperatura, as regies do alimento mais expostas ao ambiente
sofrem leve aquecimento, e os cristais de gelo se fundem parcialmente; os
cristais grandes tornam-se menores, e os menores (menos de 2 m) desaparecem. Quando a temperatura cai novamente, o vapor de gua no forma
novos ncleos de cristais, mas une-se a cristais j existentes, aumentando seu
tamanho.
Durante o armazenamento sob congelamento, as serpentinas de refrigerao removem umidade do ar. Ocorre, ento, transferncia de umidade do
alimento para a atmosfera de estocagem, produzindo alteraes superficiais no
alimento, conhecidas como queima pelo frio. As reas alteradas tm colorao
mais clara, o que se deve a cavidades microscpicas, previamente ocupadas
por cristais de gelo, que alteram o comprimento de onda da luz refletida. A
queima pelo frio um problema em alimentos de alta razo rea superficial/
volume, podendo ser minimizada pelo uso de embalagens com boa barreira
umidade.
Outra alterao fsica que pode ocorrer em decorrncia do congelamento
a desnaturao de protenas. A desnaturao consiste em alteraes irreversveis na estrutura tridimensional da protena, resultante de rompimentos de
interaes responsveis por suas estruturas secundria e terciria. Embora seja
uma alterao geralmente associada ao processamento (altas temperaturas,
baixo pH), a desnaturao pode ocorrer, tambm, durante a estocagem de alimentos congelados, sendo observada especialmente em carnes.
Segundo Sgarbieri (1996), existem vrias hipteses propostas para explicar a desnaturao de protenas pelo frio, podendo-se destacar: concentra-
70
Desestabilizao de Emulses
Emulses so definidas como misturas de pelo menos duas fases imiscveis. So constitudas por uma fase interna ou descontnua, dispersa na forma
de gotculas, e uma fase externa ou contnua, que envolve as gotculas da fase
descontnua. A Fig. 3.2 (Scaman, 2002) apresenta um esquema dos dois tipos
bsicos de emulses: leo em gua (O/A), como o caso do leite, em que o leo
a fase dispersa, e emulses gua em leo (A/O), como as margarinas, que tm
a gua como fase dispersa (Wong, 1989).
Durante a formao de uma emulso, a rea interfacial entre as duas
fases torna-se muito grande, e o sistema resultante muito instvel
termodinamicamente. Assim, aps algum tempo, qualquer emulso sofre colapso. A depender de fatores como as dimenses das gotculas e o ambiente
fsico do sistema, uma emulso pode se desestabilizar por meio de diferentes
mecanismos (Scaman, 2002).
71
Fig. 3.2. Tipos de emulses: (A) leo em gua e (B) gua em leo. Fonte: Scaman
(2002).
72
Retrogradao do Amido
O amido um polissacardeo de reserva de energia em plantas. um
constituinte importante de muitos alimentos, como cereais, massas, produtos
de panificao e alguns molhos. O amido composto basicamente de dois
homopolmeros de D-glicose, amilose e amilopectina, ilustradas na Fig. 3.3
(International Starch Institute, 2002). A amilose, que constitui cerca de 20% a
25% do amido, uma cadeia linear de resduos de glicose unidos por ligaes
glicosdicas -1,4. A amilopectina um polmero de unidades de glicose unidas
por ligaes -1,4 e ramificado com ligaes -1,6 (Scaman, 2002). Amidos de
diferentes origens botnicas tm diferentes propores amilose: amilopectina.
CH2 OH
CH2 OH
CH2 OH
OH
OH
O
OH
OH
OH
CH2 OH
O
O
OH
OH
O
OH
amilose
CH 2 O
O
OH O
HO
CH 2 O
O
OH O
HO
CH2 OH
O
O
OH
O
O
OH
CH2 OH
CH2 O
OH
CH2 OH
O
O
O
OH
OH
O
OH
OH
O
OH
amilopectina
Fig. 3.3. Estrutura das fraes do amido. Fonte: International Starch Institute (2002).
73
grnulo de amido
molculas de amido
molculas de gua
gel de amido
74
75
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76
CAPTULO
Fundamentos de Cintica de
Degradao e Estimativa de
Vida de Prateleira
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Jos de Assis Fonseca Faria
Edy Sousa de Brito
Introduo
Devido natureza dos alimentos como sistemas ativos, sob os aspectos
qumico e biolgico, sua qualidade um estado dinmico cujos nveis esto
continuamente se reduzindo, com exceo de alguns casos em que a maturao
e o envelhecimento fazem parte do processo de melhoria da qualidade do produto,
como ocorre com vinhos e alguns queijos (Taoukis et al., 1997).
O entendimento do mecanismo das alteraes que ocorrem em alimentos essencial para se escolher e otimizar os mtodos de conservao a
serem utilizados em um determinado produto, a fim de limitar efetivamente as
alteraes responsveis por sua perda de qualidade.
Entretanto, o fato de os alimentos serem sistemas complexos e ativos,
nos quais ocorrem simultaneamente alteraes microbiolgicas, fsicas e qumicas, torna o estudo de sua estabilidade um trabalho muitas vezes rduo. No
existe um modelo matemtico universal que se aplique a todas as alteraes de
qualidade em alimentos, j que a variedade de fenmenos e mecanismos de
alterao muito grande. Assim, para que um determinado modelo seja aplicado,
desejvel que se utilizem condies to similares quanto possvel s utilizadas na construo daquele modelo.
78
aA bB ,
(4.1)
r=
d [ A]
d
(4.2)
[ A]
(4.3)
ou
r=
r = k [ A]n ,
(4.4)
r=
d [ A]
= k [ A]n
d
(4.5)
79
dA
= kA n
d
dB
= k ' B n'
d
(4.6)
(4.7)
Os fatores de qualidade A e B so, geralmente, atributos qumicos, fsicos, microbiolgicos ou sensoriais, quantificveis e caractersticos do alimento
em questo; k e k' so as constantes aparentes da reao, e n e n', as ordens
da reao. Os mtodos utilizados para a determinao dos valores de k encontram-se descritos na reviso feita por Taoukis et al. (1997).
Segundo Taoukis & Labuza (1996), a maioria das alteraes que ocorrem em alimentos segue um padro de ordem zero ou de primeira ordem. Numa
reao de ordem zero, a reduo de um atributo desejvel A, com o tempo,
ocorre a uma taxa constante, segundo a Fig. 4.1, e a Equao torna-se:
dA
=k
d
(4.8)
Af
A0
dA =
k .d
(4.9)
Assim:
A = A0 k
(4.10)
O tempo limite de estocagem (f) ou vida de prateleira (VP), que representa o tempo de estocagem at que o atributo A atinja um valor limite (A f),
pode ser descrito por:
f = VP =
A0 A f
k
(4.11)
80
A0
Af
q 0
q f
tempo
dA
= kA
d
(4.12)
Integrando-se (12):
Af
A0
dA
=
A
k .d
(4.13)
81
Assim:
ln
A
= k,
A0
(4.14)
f = VP =
ln( A0 / A f )
A0
(4.15)
ln A 0
(a)
(b)
ln Af
Af
q 0
q f
tempo
q 0
q f
tempo
Fig. 4.2. Comportamento de uma alterao de primeira ordem. (a) Reduo do nvel
do atributo A com o tempo; (b) Relao linear para determinar k (declividade do
grfico = k).
A meia-vida de uma reao (1/2) o tempo requerido para que a concentrao de um reagente diminua metade do valor inicial. Para uma reao de
primeira ordem:
1 [ A]0
ln
k
[ A]
(4.16)
82
Assim:
1/ 2 =
[ A]0
1
0,693
1
,
= ln 2 =
ln
k
[ A]0 / 2 k
k
(4.17)
Equao de Arrhenius
O modelo mais utilizado para expressar taxas de reao em funo da
temperatura a relao de Arrhenius, aplicada por Labuza (1979, 1980) s
83
taxas das reaes qumicas em alimentos, que pode ser expressa por
k= A e
EA
RT
(4.18)
Sendo:
k = constante da reao;
A = constante para cada sistema, relacionado freqncia de colises
moleculares;
EA = energia de ativao (energia mnima requerida para que uma reao
se inicie);
R = constante universal dos gases, 8,31 J. mol-1-.K-1;
T = temperatura absoluta (K).
Essa equao pode ser tambm expressa por:
ln k = ln Ae E A / RT
(4.19)
ou
ln k = ln A
EA
RT
(4.20)
ln k =
EA 1
. + ln A
R T
(4.21)
Geralmente, o valor de k determinado a, pelo menos, quatro temperaturas. Plotando-se ln k x 1/T, obtm-se uma reta de declividade (-Ea/R), cujo valor
absoluto depende da sensibilidade da reao a mudanas de temperatura (Labuza,
1985). A representao grfica da Equao de Arrhenius, apresentada para duas
reaes A e B na Fig. 4.3, indica que A mais dependente da temperatura que B.
84
ln k1 = ln A
EA
RT1
(4.22)
ln k 2 = ln A
EA
RT2
(4.23)
ln k1 ln k 2 =
EA
R
1 1
T2 T1
(4.24)
Assim:
ln
k1 E A T1 T2
=
k2
R T1T2
(4.25)
85
k
E A = ln 2
k1
k A = k1
RT T
1 2
T2 T1
T1
T T
1 2
k2
T2
T T
1 2
(4.26)
(4.27)
Q10
Q10 =
f (T )
k (T + 10 o C )
=
k (T )
f (T + 10 o C )
(4.28)
Na prtica, a validade da Equao de Q10 restringe-se a intervalos relativamente estreitos de temperatura. A obteno de Q10 a partir de uma faixa
ampla de temperaturas pode fornecer resultados errneos (Labuza, 1979).
Segundo Taoukis et al. (1997), o valor de Q10 conduz a uma equao de
taxa de reao em funo da temperatura, na forma:
k (T ) = k 0 e bT
(4.29)
ou
ln k = ln k 0 + bT
(4.30)
86
Isso implica na obteno de uma reta pela plotagem de ln k versus temperatura (ao invs de 1/T, como na Equao de Arrhenius), obtendo-se, assim,
os chamados grficos de vida de prateleira (shelf life plots), que so linhas
retas apenas em faixas estreitas de temperatura, ou seja, at cerca de 20 oC
(Labuza, 1982).
ln k
27
temperatura (oC)
ln Q10 =
10 E A
RT (T + 10)
(4.31)
Valor z
O valor z um termo muito utilizado para representar a dependncia da
temperatura em cintica de inativao de microrganismos. O valor z equivale
87
z=
10
log Q10
(4.32)
Ordem zero:
A f = A0 (k i i )
(4.33)
A f = A0 e ( ki i )
(4.34)
i =0
Primeira ordem:
Sendo:
Af = quantidade remanescente do atributo A, decorrido um determinado
tempo de estocagem;
88
89
Esterilizados comercialmente
Desidratados
Refrigerados
5, 10, 15, 20
Congelados
Controle (oC)
4
-18
0
< -40
90
91
92
Microbiologia preditiva
Os mtodos microbiolgicos tradicionais para determinao do grau de
deteriorao de um alimento so limitados pelo longo tempo requerido para se
obter resultados. Os mtodos indiretos, que se baseiam em alteraes qumicas ou fsicas, s acusam deteriorao quando o nmero de clulas presentes
alto. A deteco de metablitos, por exemplo, requer cerca de 107 clulas/g
ou mL do produto (McMeekin & Ross, 1996). Uma alternativa a tais mtodos
a aplicao da microbiologia preditiva, que envolve o desenvolvimento de modelos matemticos a partir de conhecimentos sobre o comportamento de microrganismos. Essa rea de pesquisa parte do pressuposto de que um conhecimento
detalhado das respostas microbianas aos fatores ambientais permite a avaliao objetiva dos efeitos das operaes de processamento, distribuio e
estocagem sobre a segurana e a qualidade microbiolgica dos alimentos
(McMeekin et al., 2002).
Como principais requerimentos para aplicao da microbiologia preditiva,
devem ser identificados os seguintes fatores: as alteraes responsveis pela
deteriorao (SR - spoilage reactions), os microrganismos associados a tais
alteraes (SSO - spoilage specific organisms) e o domnio de deteriorao
(SD - spoilage domain), que a faixa de condies ambientais que favorecem o
desenvolvimento das alteraes (McMeekin & Ross, 1996). Dalgaard (1995)
sugeriu que os modelos preditivos para deteriorao deveriam ser desenvolvidos
e validados em duas etapas. A primeira envolveria experimentos para determinar SR, SSO e SD, alm do nvel mnimo de deteriorao, que a concentrao mnima de SSO requerida para que o produto seja rejeitado. Essa etapa
permite a escolha ou o desenvolvimento de um substrato modelo, e a definio
de um delineamento experimental adequado. A segunda etapa envolve a construo de um modelo que represente o crescimento dos SSO dentro da faixa do
domnio de deteriorao.
Os modelos a serem aplicados em microbiologia preditiva foram classificados por Whiting & Buchanan (1993) em primrios, secundrios e tercirios.
Os modelos primrios descrevem como a densidade da populao muda com o
tempo em um ambiente especfico, e so representados na forma de curvas de
crescimento microbiano. Um modelo secundrio indica como os parmetros de
um modelo primrio mudam com os fatores ambientais; como exemplo, tem-se
o modelo de Arrhenius, que relaciona o logaritmo da taxa de crescimento com a
93
temperatura de estocagem. J os modelos tercirios baseiam-se em ferramentas como softwares e outros sistemas complexos.
Os estudos de modelagem de deteriorao microbiolgica fornecem informaes teis para a especificao de parmetros destinados ao desenvolvimento
de novos produtos microbiologicamente estveis, para identificar e quantificar o
efeito de deficincias nos sistemas de processamento e distribuio e para a
implantao racional de programas de qualidade (McMeekin & Ross, 1996). Por
outro lado, a microbiologia preditiva tem algumas limitaes. uma rea de
pesquisa relativamente nova, que se expandiu a partir do incio da dcada de
1980 e, apesar dos vrios esforos que tm sido feitos para gerar bases de
dados e desenvolver modelos de crescimento microbiano, a maioria dos modelos
, ainda, de natureza muito mais descritiva do que mecanstica, o que limita
obviamente sua aplicabilidade (Knchel & Gould, 1995). McMeekin & Ross (1996)
mencionaram outras limitaes, quais sejam: a dificuldade de mensurar as
condies microbiolgicas iniciais do produto, em termos de nmero e tipos de
microrganismos; a complexidade dos alimentos em termos de composio qumica; a contribuio de fatores no microbianos para produzir deteriorao; o
efeito de fatores extrnsecos flutuantes.
Consideraes Finais
Os alimentos esto geralmente sujeitos a vrias alteraes simultneas
que contribuem para o fim da vida de prateleira. As diversas alteraes so
diferentemente afetadas pela temperatura e outros fatores ambientais, e tm
diferentes graus de impacto sobre a qualidade do produto. Assim, para um
dado alimento, estocado sob condies definidas, cada alterao requer um
tempo determinado para torn-lo inaceitvel. importante que se defina qual
ser a alterao limitante, ou seja, a alterao que, provavelmente, determinar a estabilidade daquele produto sob aquelas condies de estocagem. A estimativa da vida de prateleira ser feita, primariamente, com base nessa alterao.
importante destacar que a aplicabilidade dos modelos de deteriorao
da qualidade descritos neste captulo limita-se a cada alimento especfico em
que foi focado o estudo. Como os modelos, geralmente, no descrevem o mecanismo real da reao, qualquer alterao na composio do sistema pode afetar a taxa de perda de qualidade. Assim, qualquer extrapolao de resultados
94
para sistemas similares deve ser feita com muito cuidado. Em certos casos, um
estudo cintico mais aprofundado de reaes especficas desejvel, permitindo
que os efeitos de alteraes de composio sejam estudados. Nestes casos, os
estudos so, geralmente, realizados em sistemas modelo em vez de em alimentos, de forma que as concentraes relativas dos componentes sejam cuidadosamente monitoradas. Esses estudos so especialmente teis para a avaliao
do impacto toxicolgico ou nutricional da acumulao de produtos de degradao, incluindo reaes seqenciais ou paralelas.
Referncias Bibliogrficas
DALGAARD, P. Modelling of microbial activity and prediction of shelf life of packed
fish. International Journal of Food Microbiology, v. 26, p. 305-318, 1995.
FARIA, J.A.F. A funo da embalagem na estabilidade de leos vegetais. leos e
Gros, v. 2, n. 6, p. 50-52, 1991.
HOTCHKISS, J.H. Safety considerations in active packaging. In: ROONEY, M.L. (Ed.)
Active food packaging. Glasgow: Chapman & Hall, 1995. p. 238-255.
KNCHEL, S.; GOULD, G. Preservation microbiology and safety: quo vadis? Trends
in Food Science and Technology, v. 6, p. 127-131, 1995.
LABUZA, T.P. A theoretical comparison of losses in foods under fluctuating
temperature sequences. Journal of Food Science, v. 44, n. 4 , p. 1162-1168, 1979.
LABUZA, T.P. An integrated approach to food chemistry: illustrative cases. In:
FENNEMA, O.R. (Ed.) Food chemistry. 2. ed. New York: Marcel Dekker, 1985. p.
913-938.
LABUZA, T.P. Enthalpy/entropy compensation in food reactions. Food Technology,
v. 34, n. 2, p. 67-77, 1980.
LABUZA, T.P. Shelf-life dating of foods. Westport: Food & Nutrition Press, 1982.
500 p.
LABUZA, T.P. An introduction to active packaging for foods. Food Technology, v.
50, n. 1, p. 68-71, 1996.
LABUZA, T.P.; RIBOH, D. Theory and application of Arrhenius kinetics to the prediction
of nutrient losses in food. Food Technology, v. 36, n. 10, p. 66-74, 1982.
95
CAPTULO
Mtodos de Conservao de
Alimentos
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Edy Sousa de Brito
Laura Maria Bruno
Gustavo Adolfo Saavedra Pinto
Introduo
As tcnicas mais importantes de conservao de alimentos baseiam-se,
predominantemente, na reduo das taxas de alteraes microbiolgicas, intimamente associadas com a segurana alimentar. Alguns mtodos de conservao, como o uso de calor e radiao ionizante, baseiam-se na inativao de
microrganismos, enquanto outros tm como princpio o controle de seu crescimento, como o caso das fermentaes e dos mtodos baseados em reduo
de temperatura, pH ou atividade de gua.
Para se escolher quais mtodos de conservao devem ser aplicados a
um dado alimento, assim como os nveis de aplicao de cada um, vrios aspectos devem ser considerados, a saber:
98
nmero de microrganismos
99
104
103
102
101
100
10
15
z=
T2 T1
log D1 log D2
(5.1)
Valor D
100
30
3
0,3
z
20
30
Temperatura (oC)
F
= 10 (T0 T ) / z
F0
(5.2)
101
termopar
termopar
conduo
conveco
102
Aps ligada a autoclave, o aumento de temperatura passa a ser registrado. O tempo requerido para que o ponto frio atinja a temperatura o tempo
requerido para que a autoclave atinja a temperatura de trabalho mais o tempo
para penetrao de calor atravs da lata e do produto.
Esterilizao comercial
O termo esterilizao comercial, geralmente mencionado simplesmente
como esterilizao, refere-se a um tratamento trmico que inativa todos os
microrganismos patognicos e deterioradores que possam crescer sob condies
normais de estocagem. Os alimentos comercialmente estreis podem conter um
pequeno nmero de esporos bacterianos termorresistentes, que no se multiplicam normalmente no alimento. A maior parte dos alimentos enlatados comercialmente estril, tendo uma vida de prateleira de pelo menos dois anos. Mesmo
aps perodos mais longos de estocagem, sua deteriorao, geralmente, ocorre
devido a alteraes no-microbiolgicas (Potter & Hotchkiss, 1995).
103
Dentro do contexto de reduzir danos trmicos aos alimentos termossensveis, a esterilizao a altas temperaturas por um tempo curto (High Temperature
and Short Time, ou HTST) mais indicada. As alteraes sensoriais e a degradao de nutrientes apresentam, geralmente, valores de z maiores que a inativao
de microrganismos, ou seja, so menos sensveis a alteraes de temperatura
que a destruio de microrganismos, como indica a Fig. 5.4. Assim, os tratamentos HTST permitem que se atinja uma alta segurana microbiolgica com
menores danos trmicos qualidade sensorial e nutricional do produto (University
of Guelph, 2002).
30
HTST
3
Degradao de vitaminas
0,3
Destruio de patgenos
90
100
110
Temperatura (oC)
Processamento assptico
Dentro do conceito de HTST, existe um tipo especfico de tratamento
trmico, denominado UHT (Ultra High Temperature, ou temperatura ultra alta),
que se baseia em esterilizao do alimento a alta temperatura por um tempo
muito curto (por exemplo, no caso de leite, temperaturas superiores a 135 C
por 2-5 segundos). O tratamento UHT , geralmente, aplicado a um processamento
assptico, que consiste em esterilizao do produto, seguida de resfriamento
rpido e acondicionamento em embalagens descontaminadas, dentro de uma
zona de envase assptico (Fig. 5.5). A esterilidade comercial uma condio
104
produto estril
embalagem estril
zona assptica para envase
105
Pasteurizao
O processo de pasteurizao foi assim denominado em homenagem a
Louis Pasteur, que descobriu que microrganismos deterioradores poderiam ser
inativados em vinho por meio de aplicao de calor a temperaturas abaixo do
106
ponto de ebulio. O processo foi posteriormente aplicado ao leite, permanecendo uma das formas mais importantes de processamento dessa matriaprima (University of Guelph, 2002).
A pasteurizao tem como objetivo principal a destruio de microrganismos patognicos associados ao alimento em questo. Um objetivo secundrio aumentar a vida de prateleira do alimento, reduzindo as taxas de alteraes
microbiolgicas e enzimticas. Os produtos pasteurizados podem conter, ainda,
muitos organismos vivos capazes de crescer, o que limita sua vida de prateleira.
Assim, a pasteurizao , muitas vezes, combinada com outros mtodos de
conservao e muitos produtos pasteurizados so estocados sob refrigerao
(Potter & Hotchkiss, 1995).
A pasteurizao pode ser lenta, quando se emprega temperatura baixa
por um tempo longo; ou rpida, quando se usa temperatura alta por um tempo
curto (HTST). Os processos HTST resultam em economia de tempo e energia e
reduzem as alteraes sensoriais do alimento (University of Guelph, 2002).
Branqueamento
O branqueamento uma tcnica freqentemente utilizada em frutas e
hortalias, como uma etapa de pr-tratamento, geralmente, realizada entre o
preparo do material bruto e o processamento propriamente dito. Seu objetivo
principal a desnaturao de enzimas associadas a processos de deteriorao,
evitando, assim, alteraes sensoriais e nutricionais desencadeadas por reaes
enzimticas durante a estocagem. O termo branqueamento originou-se do fato
de que a principal aplicao dessa tcnica era, inicialmente, a de inativar enzimas
responsveis pelo escurecimento de vegetais. Algumas das razes que justificam a necessidade de inativao enzimtica previamente a diferentes tipos de
processamento so as seguintes (Fellows, 1988):
107
Refrigerao
A refrigerao consiste em estocar um produto a temperaturas entre 0 oC
e 7 oC. considerado o mtodo mais brando de conservao de alimentos,
gerando poucos efeitos adversos sobre suas propriedades sensoriais e
nutricionais. Por outro lado, seu impacto sobre o aumento da vida de prateleira
de alimentos baixo quando comparado com outros mtodos de conservao.
108
109
Congelamento
O congelamento um dos mtodos de conservao mais adequados para
promover o aspecto de convenincia, tanto no mbito domstico quanto no
comercial. Grande parte do trabalho de preparo do alimento pode ser feita
antes do congelamento, transferindo, assim, para a indstria muitas operaes
que antes deveriam ser obrigatoriamente realizadas em casa ou no restaurante.
Um congelamento adequado, geralmente, utiliza temperaturas de 18 oC
ou inferiores. Enquanto a gua pura congela a 0 oC, a maioria dos alimentos s
congela a 2 oC ou a temperaturas mais baixas. Muitas espcies de microrganismos podem ainda crescer a temperaturas de at 10 oC, embora a baixas
taxas. Assim, uma estocagem inadequada pode resultar em deteriorao, se a
temperatura de congelamento atingir esse valor, mesmo que no haja descongelamento. Por outro lado, se os alimentos forem adequadamente estocados, a
18 oC ou menos, o crescimento de microrganismos totalmente inibido (Russell
& Gould, 1991).
Algumas alteraes podem ocorrer em alimentos em conseqncia do
congelamento, destacando-se as seguintes:
110
Alteraes devidas a flutuaes de temperatura. A manuteno de temperaturas constantes durante o congelamento extremamente importante. Segundo
o Institute of Food Technologists (IFT, 2002), as flutuaes de temperatura
podem promover a formao de grandes cristais de gelo, devido recristalizao
da gua em torno de cristais previamente formados, rompendo tecidos e comprometendo a textura. Alm disso, a formao de cristais de lactose pode
acarretar o desenvolvimento de textura arenosa, como ocorre em sorvetes.
111
Desidratao
O princpio dos vrios mtodos de desidratao e concentrao de alimentos baseia-se na remoo de gua e/ou na interao desta com outros
compostos, de forma que se reduza a atividade de gua (Labuza, 1980). O
objetivo principal da reduo da atividade de gua de alimentos a reduo das
taxas de alteraes microbiolgicas. Existem, ainda, outros objetivos adicionais,
como a reduo de alteraes qumicas, a reduo de custos com embalagem,
transporte e distribuio, alm da convenincia.
O termo desidratao no se refere a todos os processos que removem gua de alimentos. Os processos de fritura e torrefao, por exemplo,
eliminam gua do alimento, mas no se enquadram na categoria de processos
de desidratao, j que so operaes que fazem mais do que simplesmente
remover gua. Em um sentido restrito, a desidratao de alimentos refere-se
remoo quase completa de gua sob condies controladas. Dois importantes
critrios de qualidade de alimentos desidratados so: a) capacidade de reidratao,
gerando produtos semelhantes aos alimentos que os originaram; e b) mnimas
alteraes nas propriedades sensoriais do produto. Isso constitui um grande
desafio tecnolgico, j que os nveis de umidade muito baixos, requeridos para
se atingir uma boa estabilidade, dificilmente, so obtidos com poucas alteraes
dos alimentos, a menos que a desidratao seja feita por liofilizao, um processo caro (Potter & Hotchkiss, 1995).
112
Liofilizao
A liofilizao um mtodo baseado na desidratao por sublimao de
um produto congelado. uma tcnica adequada para alimentos muito
termossensveis, j que minimiza as alteraes de qualidade associadas a altas
temperaturas, gerando produtos de excelente qualidade. A tcnica consiste em
duas etapas, esquematizadas na Fig. 5.6, congelamento rpido do produto e
sublimao do gelo sob vcuo.
Graas ausncia de gua lquida e s baixas temperaturas utilizadas no
processo, a maioria das alteraes inerentes secagem por ar aquecido
minimizada, o que permite a obteno de um produto final de excelente qualidade
e bastante similar ao original. A sublimao evita o efeito de contrao; ao
contrrio, ocorre a formao de poros e o formato do produto mantido, o que
113
presso
CONGELAMENTO
LQUIDO
SLIDO
GASOSO
ponto triplo da gua (0 C; 4,6 Torr)
O
SUBLIMAO
temperatura
Atomizao (Spray-drying)
A secagem por atomizao envolve a pulverizao de um alimento lquido,
formando gotculas que so lanadas em uma cmara fechada. As gotculas
entram em contato com uma corrente de ar aquecido (em fluxo concorrente ou
contracorrente), que supre o calor necessrio evaporao, havendo, assim, formao de partculas secas.
O p produzido , ento, descarregado continuamente da cmara de secagem. Na Fig. 5.7, mostrado o esquema de funcionamento de um atomizador. O tempo de permanncia do produto no secador curto (5 a 100 s), o que
de importncia vital para os alimentos termossensveis. O tamanho das par-
114
lquido
p
Fig. 5.7. Esquema simplificado de
um atomizador.
Desidratao osmtica
A desidratao osmtica consiste na remoo de gua do alimento
por efeito da presso osmtica. O alimento (geralmente fruta ou hortalia)
imerso em uma soluo hipertnica (Ponting et al., 1966). Em conseqncia
dos gradientes de concentrao de gua e de solutos, estabelecem-se dois
fluxos em contracorrente atravs das paredes celulares: um fluxo de gua
do alimento para o exterior e um fluxo de soluto no sentido oposto (RaoultWack, 1994). Como as membranas celulares de frutas e hortalias so diferencialmente permeveis, permitindo uma passagem mais livre de gua do
115
Concentrao
A concentrao um mtodo de remoo parcial da gua contida
em alimentos lquidos. Alguns produtos concentrados encontrados no mercado so leite condensado, sucos concentrados de frutas, gelias, massa
de tomate, entre outros. A concentrao convencionalmente feita por
meio de evaporao, na qual a remoo de gua baseia-se na diferena de
volatilidade entre a gua e os solutos. Alternativamente, a concentrao
de alimentos pode ser efetuada por meio de mtodos desenvolvidos por
tecnologia de membranas, evitando os danos trmicos inerentes aos processos por evaporao.
116
117
membrana
semipermevel
presso
aplicada
gua
permeado
retentado
118
119
Reduo do pH
Uma das formas mais comuns de aumentar a estabilidade de alimentos
por meio da reduo do pH, reduzindo o crescimento microbiano. Em um alimento cido, o microrganismo precisa contrabalanar o fluxo passivo de prtons
para o interior da clula e manter o pH citoplasmtico dentro de limites estreitos. Para isso, a clula realiza o transporte ativo de prtons no sentido oposto,
o que demanda um alto consumo de energia por parte dos microrganismos e
sobrecarrega seus mecanismos homeostticos. Isso pode reduzir ou at mesmo
inibir o crescimento microbiano (Leistner & Gorris, 1995).
O pH de um alimento pode ser reduzido durante o processamento por
meio da adio de acidulantes ou por fermentao. O grau de acidificao aplicado a um produto limitado por sua aceitabilidade. A acidez bem aceita, por
exemplo, em produtos de frutas e em alimentos fermentados, podendo, por
outro lado, resultar em rejeio no caso de muitos laticnios e produtos crneos,
nos quais a acidez pode ser associada a processos de deteriorao. Mesmo
nos casos em que a acidez bem aceita, a reduo do pH a um nvel capaz de
impedir o crescimento de todos os microrganismos, geralmente, resulta em
rejeio do alimento. Assim, a acidificao , geralmente, usada em combinao com algum outro mtodo de conservao (Brown & Booth, 1991).
Fermentaes
A fermentao um mtodo de conservao que data de milhares de
anos. A arte de fazer queijos, por exemplo, foi desenvolvida h cerca de oito
milnios (Fox, 1993). Como a fermentao praticada desde muito antes de se
conhecer a existncia dos microrganismos, o processo parecia misterioso e,
por isso, atribudo a divindades. Foram estabelecidas tradies segundo as quais
o manuseio e a estocagem de materiais brutos sob determinadas condies
resultavam no desenvolvimento de alimentos mais estveis e com caractersticas sensoriais desejveis (Hansen, 2002).
Em meados do sculo XIX, a alta concentrao populacional nas cidades
(resultante da Revoluo Industrial) e o surgimento da Microbiologia como cincia impulsionaram a industrializao de alimentos, que aprimorou o entendimento
do processo de fermentao (Caplice & Fitzgerald, 1999). Essa melhor com-
120
preenso terica do processo possibilitou maior controle e eficincia dos processos fermentativos, por meio da utilizao de culturas starter. Estas so culturas
isoladas e bem caracterizadas, selecionadas especificamente com base em sua
adaptao ao substrato, facilitando o controle do processo e a predio dos
produtos formados. possvel a obteno de uma grande variedade de produtos
por meio da seleo de diferentes matrias-primas, culturas starter e condies
de fermentao (Holzapfel, 1997; Hansen, 2002).
Apesar de a definio inicial do termo fermentao ser aplicada restritamente para descrever processos anaerbios, o entendimento atual do termo
engloba tanto processos aerbios quanto anaerbios (Caplice & Fitzgerald, 1999).
Entende-se por fermentao o processo no qual uma ou mais espcies de
microrganismos desenvolvem-se, de forma controlada ou no, consumindo um
substrato e sintetizando um produto desejado (Borzani et al., 2001). A conservao por fermentao baseia-se no antagonismo entre espcies microbianas,
em que uma ou mais espcies inibem as demais, por meio da competio por
nutrientes e da produo de metablitos antimicrobianos a partir de substratos
presentes no alimento. Tais metablitos, geralmente cidos orgnicos, lcoois
e CO2, limitam o crescimento da flora patognica e/ou deterioradora (Ross et
al., 2002).
Alm do aspecto de conservao, desenvolvem-se importantes alteraes sensoriais. Os lcoois e cidos conferem aos produtos sabores peculiares e
geralmente apreciados. O CO2 produzido por algumas culturas promove, por sua
vez, o crescimento do po, a formao de olhos em queijos e de espuma em
cerveja (Hansen, 2002; Ross et al., 2002). Assim, embora o objetivo primrio da
fermentao seja a conservao, a existncia de vrios mtodos de conservao mais simples e baratos fez com que o efeito de conservao perdesse um
pouco de sua importncia, e a produo de muitos alimentos fermentados passou a ser motivada por suas caractersticas sensoriais peculiares. Mesmo nessas situaes, entretanto, as condies geradas pela fermentao so essenciais
para assegurar a estabilidade microbiolgica desses alimentos (Caplice &
Fitzgerald, 1999). Em alguns casos, a fermentao complementada por outros
mtodos, como pasteurizao, no caso de cerveja, ou estocagem sob refrigerao, no caso de iogurtes e queijos (Labuza, 1982).
As fermentaes espontneas, iniciadas sem o uso de um inculo, tm
sido usadas h milnios, por meio de tentativa e erro. Ainda hoje, dos processos
121
122
cidos orgnicos
Os cidos orgnicos constituem a classe de conservantes mais utilizada
em alimentos. So compostos que inibem o crescimento tanto de bactrias
quanto de fungos (Brul & Coote, 1999), alm de existirem relatos sobre a
inibio da germinao e do crescimento de esporos de bactrias (Blocher &
Busta, 1985).
Em soluo, os cidos ocorrem em equilbrio entre os estados dissociado
e no dissociado, em funo do pH. Com a reduo do pH, a concentrao de
cidos no dissociados aumenta. O pK definido como o valor de pH no qual as
concentraes das formas dissociada e no dissociada de um cido so iguais.
Assim, abaixo do pK, predomina a forma no dissociada, enquanto acima do pK
a forma dissociada predominante.
Os cidos orgnicos so geralmente fracos, ou seja, tm baixo pK. Sua
atividade antimicrobiana depende no apenas da concentrao de ons H+, mas,
tambm, do efeito inibitrio do cido no dissociado, que geralmente
hidrofbico, o que favorece sua penetrao atravs das membranas plasmticas
(Brown & Booth, 1991). Dentro da clula, em pH mais alto, a molcula se dissocia,
liberando nions e prtons que no podem atravessar de volta a membrana
plasmtica, ficando acumulados na clula (Booth & Kroll, 1989). Assim, o efeito
123
124
(5.3)
125
OH
R = CH3 , C2 H5 , C3 H7
COO-R
Fig. 5.9. Estrutura qumica dos parabenos. Fonte: Lck & Jager (1997).
126
Nitritos e nitratos
Os nitritos (NO2-) e nitratos (NO3-) tm sua ao antimicrobiana dirigida
exclusivamente contra bactrias. O principal objetivo de sua utilizao a inibio do crescimento e a formao de toxinas por Clostridium botulinum (Lck &
Jager, 1997; Epley et al., 2002).
Os nitratos podem ser convertidos a nitritos por processos enzimticos
essa reduo pode ocorrer em alimentos ou no trato digestivo humano. A
ao antimicrobiana dos nitratos deriva muito mais dos nitritos produzidos por
essa reao do que dos nitratos propriamente ditos. Os nitritos so mais efetivos a baixo pH, j que sua ao antimicrobiana baseia-se no cido nitroso (HNO2)
que liberam e nos xidos de nitrognio produzidos a partir desse cido. Esses
compostos atacam os grupos amino do sistema desidrogenase das clulas
microbianas, inibindo o sistema (Lck & Jager, 1997). Alm disso, os nitritos
exercem uma ao inibitria especfica contra enzimas bacterianas que catalisam
a degradao de glicose (Woods & Wood, 1982).
Entretanto, seu uso muito controverso desde a dcada de 1970, quando
as nitrosaminas, produtos de reao dos nitritos, foram associadas ao desenvolvimento de cncer em animais de laboratrio. Sob certas condies, as aminas,
produtos de degradao de protenas, combinam-se aos nitritos, formando as
nitrosaminas. No entanto, as nitrosaminas no esto presentes em todas as
carnes curadas ou, quando esto presentes, encontram-se em quantidade muito
pequena (Epley et al., 2002).
Os nitritos e nitratos, usados separadamente ou combinados, so muito
utilizados para produtos crneos, especialmente carnes curadas, conferindolhes uma colorao rosada.
Bacteriocinas
O termo bacteriocinas designa uma classe de compostos formada por
um grupo diverso de protenas e peptdeos sintetizados por bactrias, com atividade contra outros microrganismos (Hill, 1995). Embora as bacteriocinas
sejam encontradas em vrias bactrias gram-positivas e gram-negativas, as
sintetizadas pelas bactrias lcticas tm recebido ateno especial nos ltimos anos, graas sua aplicao potencial na indstria de alimentos como
conservadores naturais (Rodrguez et al., 2002).
127
Combinaes de conservantes
A utilizao combinada de diferentes conservantes pode apresentar algumas vantagens, destacando-se as seguintes (Lck & Jager, 1997):
1 Anfiflico
128
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133
CAPTULO
Tendncias em Conservao
de Alimentos
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Edy Sousa de Brito
Introduo
Nas ltimas dcadas, a indstria de alimentos tem sofrido presses para
se adaptar aos crescentes requerimentos do consumidor, que tem se tornado,
por um lado, mais preocupado com a segurana alimentar e, por outro, mais
exigente quanto aos nveis de qualidade requeridos dos alimentos.
Muitos mtodos de conservao de alimentos tm sido modificados para
reduzir a severidade de tcnicas mais extremas, com o objetivo de melhorar a
qualidade dos produtos obtidos e, conseqentemente, aumentar sua aceitao
pelo mercado consumidor. Alm dessas tcnicas modificadas, algumas novas
tm surgido, basicamente com o mesmo objetivo.
Para atender aos requerimentos atuais dos consumidores, os alimentos
devem ser, alm de convenientes, mais frescos e naturais que os obtidos
por mtodos tradicionais. Segundo Sloan (2001), o frescor foi identificado
como a tendncia mais importante em conservao de alimentos na ltima
dcada. Ao mesmo tempo, o consumidor tem se tornado mais consciente e
preocupado com questes relacionadas segurana alimentar, que tem sido
considerada um requerimento fundamental. Portanto, importante no perder
de vista que, embora o objetivo primrio das tcnicas novas e das modificadas
seja obter produtos com maior potencial de aceitao, o nvel de segurana
136
alimentar associado a tais tcnicas deve ser equivalente ou maior que o dos
mtodos a serem substitudos.
137
Aquecimento hmico
O aquecimento hmico definido como um processo baseado na passagem de correntes eltricas (principalmente alternadas) atravs de um alimento,
resultando em um aumento de temperatura devido converso de energia eltrica em calor (efeito Joule), promovida pela resistncia eltrica do alimento.
Como vantagens, tem-se um aquecimento uniforme, tanto das partculas slidas quanto da fase lquida, e mais rpido, classificado como de temperatura
muito alta por tempo curto - very high temperature and short time, ou simplesmente VHTST (Food and Drug Administration, 2003; Zareifard et al., 2003).
138
A eficincia energtica do processo maior que a do aquecimento por microondas, porque praticamente toda a energia eltrica atinge o alimento na forma
de calor.
Vrios fatores afetam a taxa de aquecimento hmico de alimentos: a
condutividade eltrica de fluidos e partculas, o calor especfico, as caractersticas das partculas (dimenses, formato e concentrao), e a orientao das partculas em relao ao campo eltrico (Kim et al., 1996). A condutividade eltrica
aumenta com a temperatura e diminui com o teor e as dimenses das partculas
dispersas na fase lquida (Palaniappan & Sastry, 1991; Zareifard et al., 2003).
Irradiao
A irradiao de alimentos um processo secular que consiste em exposio de alimentos a uma forma altamente penetrante de radiao ionizante,
como raios gama (os mais comumente utilizados), raios X ou eltrons acelerados
(Derr, 2002). Quando um alimento atravessado por qualquer forma de radiao ionizante, ocorre produo de ons e excitao de tomos e molculas,
havendo absoro de parte da energia transferida. Os ons produzidos podem
ter energia suficiente para produzir novas ionizaes e excitaes. As ionizaes
so responsveis pelos efeitos biolgicos das radiaes, como o rompimento
do DNA de microrganismos (Centro de Energia Nuclear na Agricultura, 2003).
139
Os raios gama, de baixo comprimento de onda e alta freqncia, penetram no alimento to rapidamente que a produo de calor insignificante, ou
mesmo inexistente. A fonte mais comum de raios gama para processamento de
alimentos o radioistopo cobalto-60, que, durante o processo, decai gradualmente para nquel-60, por emisso de partculas beta (Roberts, 2003).
A radiao pode penetrar uniformemente at em alimentos slidos,
inativando o DNA de microrganismos sem grandes alteraes do alimento
(Satin, 2002). Alm de seu potencial para reduzir a incidncia de patgenos, a
irradiao de alimentos apresenta outros efeitos benficos, como inibio do
brotamento ps-colheita de tubrculos, desinfestao de insetos em frutas,
hortalias e gros e retardamento do amadurecimento de frutas, entre outros
(Steele, 2002). As enzimas so mais resistentes irradiao do que os microrganismos; assim, alimentos irradiados podem apresentar atividade enzimtica
residual, que pode ser minimizada por meio de refrigerao (Andress et al.,
2002).
Algumas alteraes sensoriais podem ser observadas em alimentos irradiados, especialmente de sabor e textura. Algumas frutas, como pssegos e
nectarinas, sofrem amolecimento de tecidos. Em carnes, comum o desenvolvimento de sabores estranhos provenientes da interao entre ons produzidos
pela irradiao. Alteraes de aparncia so raras (Andress et al., 2002).
A reteno geral de nutrientes dos alimentos irradiados similar dos
produtos processados por outros mtodos. As protenas, carboidratos e gorduras so relativamente estveis a doses de radiao de at 10 kGy1. Por outro
lado, as vitaminas A, C, E e B1 podem ser degradadas por doses acima de
1 kGy; entretanto, essas vitaminas so, tambm, sensveis ao tratamento trmico (Andress et al., 2002; Roberts, 2003).
A irradiao pode ser feita sobre o produto a granel ou previamente embalado; neste ltimo caso, previne-se a recontaminao. O processo pode ser,
ainda, usado como mtodo de esterilizao de embalagens no processamento
assptico. Neste caso, os materiais polimricos podem sofrer alteraes resultantes da exposio radiao, sendo a mais comum a formao de ligaes
1 Dose
140
141
aumento de permeabilidade (Barbosa-Cnovas et al., 2002). Em conseqncia, ocorre entrada de gua na clula, e a membrana acaba por se romper.
Havendo suficiente intensidade do campo (cerca de 10 kV/cm) e durao dos
pulsos (entre nano e microssegundos), as clulas vegetativas so inativadas
(Butz & Tauscher, 2001).
campo eltrico
microrganismo
+
+
+ -+ +
+ + -
+
+ + + + + + -
eletrodo
eletrodo
Os esporos de bactrias no so inativados, o que limita o tratamento a produtos de alta acidez (Butz & Tauscher, 2001).
A suscetibilidade das enzimas ao processamento por pulsos eltricos varivel. A lipoxigenase, por exemplo, muito sensvel, enquanto a a-amilase e a
polifenoloxidase so pouco afetadas pelo tratamento (Knorr, 2002).
142
A aplicao do processo restringe-se a alimentos de baixa condutividade eltrica. Quanto menor a condutividade do meio, maior a diferena de condutividade entre o citoplasma microbiano e o meio, o que produz uma presso adicional
na membrana, tornando-a mais sensvel ao tratamento. Alm disso, uma baixa
condutividade aumenta a voltagem do pico do pulso eltrico, aumentando seu
efeito. Assim, a presena de sais pode comprometer o processo (Dutreux et
al., 2000; Food and Drug Administration, 2003).
143
O processo independente do tamanho e geometria do produto, que so fatores limitantes importantes no processo trmico (San Martn et al, 2002).
144
Princpio
Limitaes
Esterilizao
Secagem por
ar aquecido
Acidificao
Congelamento
145
146
Segundo Tapia et al. (1994), algumas das principais vantagens da tecnologia de mtodos combinados so as seguintes: obteno de efeitos sinrgicos
entre os fatores de conservao, potencializando a contribuio individual de
cada um; reduo da severidade na aplicao de cada fator, minimizando os
efeitos adversos sobre as caractersticas sensoriais do produto; e economia em
termos de consumo energtico.
Aw
pH
Eh
cons
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147
148
149
150
Food
CAPTULO
Embalagens e Estabilidade
de Alimentos
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Jos de Assis Fonseca Faria
Edy Sousa de Brito
Introduo
Os sistemas de embalagem desempenham vrias funes, sendo as principais:
152
As alteraes a que o produto est mais sujeito, por suas caractersticas especficas, e os fatores ambientais que mais afetam tais alteraes (fatores
ambientais crticos).
As condies ambientais s quais o produto ser provavelmente exposto durante sua estocagem e distribuio.
A adequao da embalagem ao produto minimiza as alteraes indesejveis, aumentando a estabilidade do alimento. Entretanto, em funo do tempo
de contato do produto com a embalagem, ocorrem interaes (exceo feita s
embalagens de vidro, que no interagem significativamente com o alimento).
Assim, a adequao da embalagem ao alimento pode reduzir as interaes, mas
no necessariamente as evita.
As ltimas dcadas tm sido marcadas pelo uso crescente de materiais
polimricos (plsticos) para embalagem de alimentos. Isso se deve, especialmente, a fatores mercadolgicos, como transparncia, leveza, resistncia a quebras, versatilidade de formatos e de sistemas de fechamento. Alm disso, seu
custo altamente competitivo torna os plsticos extremamente atraentes para
os produtores e usurios de embalagens. Entretanto, os plsticos constituem a
classe de embalagens que mais interage com os alimentos e com o ambiente.
Vrios compostos provenientes do ambiente interno ou externo podem ser transportados atravs do polmero, resultando em alteraes contnuas e gradativas
da qualidade do produto. Assim, o transporte de O2 do ambiente externo para o
produto pode aumentar a taxa de oxidao de vitaminas, protenas, pigmentos e
lipdios, comprometendo a qualidade sensorial e nutricional do alimento. O transporte de compostos volteis do produto para o ambiente externo pode, tambm,
afetar negativamente o sabor do alimento. Por outro lado, pode haver interao
direta do polmero com o alimento, como ocorre no caso da migrao de compostos de baixo peso molecular presentes na estrutura do polmero para o produto, afetando sua segurana e qualidade.
153
Interaes Alimento-Embalagem
Em um sistema alimento-embalagem-ambiente, os processos de transferncia de massa so descritos como interaes alimento-embalagem, esquematizadas na Fig. 7.1. As interaes so classificadas em trs categorias, segundo
Gnanasekharan & Floros (1997).
AMBIENTE
EMBALAGEM
(P)
ALIMENTO
(P)
(S)
(S)
(M)
(M)
154
155
Embalagens de vidro
O vidro considerado um material inerte, no acarretando problemas
relacionados migrao de compostos. Segundo Heath & Reineccius (1986), o
vidro o nico material de embalagem que no transfere sabores estranhos ao
alimento. Por outro lado, os sistemas de fechamento da maioria das embalagens de vidro so de material plstico ou metlico, o que pode resultar em
algum grau de migrao.
156
Embalagens metlicas
Os materiais metlicos constituem excelente barreira contra a passagem de luz, umidade e gases. Desde que garantida a continuidade do material
(ausncia de poros) e a hermeticidade do sistema de fechamento, a permeao
atravs de embalagens metlicas desprezvel. Assim, as interaes entre
embalagens metlicas e alimentos se restringem a processos de migrao.
A superfcie interna de embalagens metlicas geralmente revestida
com vernizes utilizados para prevenir a corroso. Esses vernizes so resinas
orgnicas dispersas em um solvente, cujos componentes podem migrar para o
alimento.
Em materiais para latas, comum o uso de lubrificantes para minimizar a
abraso e facilitar a converso de folhas em recipientes. Os lubrificantes,
geralmente, contm cidos graxos e steres suscetveis oxidao, produzindo compostos que podem se transferir para o alimento.
Se houver poros no verniz da superfcie interna de latas, o alimento pode
interagir com os metais da embalagem, havendo a possibilidade de se desenvolverem processos de corroso ou de marmorizao.
A corroso um processo eletroqumico caracterizado por oxidao de
metais por interao com alimentos, especialmente os de alta acidez. A reao
de oxidao do metal (reao andica Equao 7.1) produz ctions do metal,
que podem migrar para o alimento, e eltrons, que so consumidos por uma
reao secundria (catdica Equao 7.2). Como conseqncias da migrao
157
M M+n + ne-
(7.1)
(7.2)
Embalagens celulsicas
As embalagens celulsicas so de alta permeabilidade aos gases e ao
vapor de gua, alm de muito sensveis umidade. Em razo disso, materiais
celulsicos quando utilizados em embalagens para alimentos, so, geralmente,
combinados a outros materiais na forma de embalagens convertidas, a fim de
melhorar as propriedades de barreira do material final, alm de permitir
termosselagem.
158
Embalagens plsticas
Plsticos constituem a classe de embalagens que mais interage com os
alimentos. Alm disso, so inerentemente permeveis, apesar de suas propriedades de barreira variarem grandemente entre os vrios tipos de materiais. Em
razo disso, as interaes (diretas e indiretas) das embalagens plsticas com
alimentos sero estudadas mais detalhadamente.
159
160
161
Barreira luz
Quanto barreira luz, as propriedades de transmisso de uma embalagem dependem da estrutura qumica do material. Os materiais de embalagem
dividem-se em trs tipos bsicos, com base nas propriedades de transmisso
de luz: os transparentes, como o vidro e os filmes plsticos em geral; os opacos, como as latas e folhas de alumnio; e os translcidos (intermedirios),
como papel, carto e certas garrafas plsticas (Sattar & deMan, 1975).
Os materiais plsticos diferem grandemente entre si quanto transmisso de luz, principalmente na regio ultravioleta (UV). O polietileno (PE),
polipropileno (PP) e policloreto de vinila (PVC) apresentam maior transmissibilidade
luz UV, quando comparados a outros polmeros. O PET, por exemplo, absorve
radiao UV de comprimento de onda de at 300 nm (Espinoza-Atencia & Faria,
1994), e o PEN, at 370 nm (BP Chemicals, 2003). Alm disso, a presena de
regies cristalinas tende a reduzir o grau de transmisso de luz, sendo que, em
espessuras intermedirias, os polmeros semicristalinos so, geralmente,
translcidos (Charrier, 1990). A barreira de uma embalagem luz UV pode ser
melhorada por meio da adio de absorvedores de UV (ver Captulo 2).
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Embalagens convertidas
As interaes das embalagens convertidas com os alimentos dependem
das propriedades dos materiais que as compem. De forma geral, as embalagens convertidas interagem menos com os alimentos que os materiais individuais,
j que as limitaes das propriedades de barreira de cada componente so, pelo
menos, parcialmente compensadas pelos demais materiais utilizados.
Um exemplo tpico so as embalagens do sistema patenteado pela Tetra
Pak como Tetra Brik, utilizadas para acondicionamento assptico. Essas embalagens so formadas a partir de camadas de papel, alumnio e polietileno. O
papel confere rigidez ao material; a folha de alumnio age como barreira luz,
aos gases e aromas; o polietileno, alm de responder pela termosselabilidade
do material e permitir a laminao dos diferentes materiais, confere barreira
umidade.
Consideraes Finais
A embalagem afeta a estabilidade de um alimento, principalmente, por
meio do controle do efeito de fatores ambientais (umidade, oxignio, luz) sobre
a qualidade do produto. importante considerar a embalagem como parte integrante de um sistema que engloba o produto, a embalagem e o ambiente. Esse
sistema dinmico, alterando-se continuamente, desde o acondicionamento at
o consumo. As alteraes resultantes de interaes dentro do sistema levam
reduo gradativa da qualidade do produto, reduzindo, portanto, sua vida de
prateleira. Assim, a seleo de um material de embalagem deve considerar as
caractersticas e suscetibilidades do alimento a ser acondicionado, bem como o
impacto das condies de estocagem sobre as interaes do sistema.
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CAPTULO
Embalagem Ativa na
Conservao de Alimentos
Nilda F. F. Soares
Renato S. Cruz
Alba M. Durango Villadiego
Nathlia R. Melo
Miriam F. A. Silveira
Maria do Socorro R. Bastos
Robson M. Geraldine
Ndio J. Wurlitzer
Patrcia P. C. F. Rodrigues
Introduo
Ao longo do tempo, a indstria de alimentos vem sofrendo constantes
mudanas para se adaptar s crescentes exigncias dos consumidores. A demanda
por produtos com o mnimo de processamento, sensorialmente similares aos
correspondentes in natura, tem aumentado consideravelmente. Alm disso, as
mudanas nas vendas a varejo e nas prticas de distribuio, como a centralizao das atividades de venda, compras via Internet e internacionalizao do
mercado, tm resultado na necessidade de aumentar o tempo de estocagem de
diferentes tipos de produtos com diferentes exigncias de temperaturas de
armazenamento. Com isso, o mercado tem requerido o desenvolvimento de
embalagens para assegurar uma vida de prateleira adequada ao produto.
As pesquisas para aumentar a vida de prateleira e a segurana alimentar, mantendo a qualidade do produto, tm sido voltadas para a substituio
(total ou parcial) da manipulao ou processamento por sistemas de embalagens que previnam a deteriorao.
Os sistemas de embalagens tradicionais tm como funo principal atuar
como uma barreira a impactos fsicos e/ou mecnicos, reaes qumicas e
invaso por microrganismos, alm de prevenir a migrao de seus prprios
compostos para o alimento. Tradicionalmente, os materiais de embalagem so
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Filmes Antimicrobianos
Os filmes antimicrobianos so uma inovao dentro do conceito de embalagem ativa e tm sido desenvolvidos com o objetivo de reduzir, inibir ou
retardar o crescimento de microrganismos na superfcie dos alimentos, quando
em contato com os produtos acondicionados (Appendini & Hotchkiss, 2002).
Tradicionalmente, os compostos antimicrobianos so adicionados diretamente aos alimentos, mas sua atividade pode ser inibida ou reduzida por substncias do prprio alimento (Quintavalla & Vicini, 2002). Por exemplo,
emulsificantes e cidos graxos no leite interagem com a nisina, reduzindo sua
atividade contra Listeria monocytogenes (Jung et al., 1992). Dean & Zotolla
(1996) verificaram que nisina teve maior atividade antimicrobiana sobre Listeria
monocytogenes em sorvete contendo 3% de gordura comparado com sorvete
contendo 10%, devido a uma interao da nisina com a gordura.
Alm disso, na maioria dos alimentos frescos ou processados, a contaminao microbiana ocorre predominantemente na superfcie, requerendo,
assim, um controle efetivo do crescimento microbiano nesse local (Padgett et
al., 1998). Nesses casos, o emprego de filmes antimicrobianos pode ser mais
eficiente do que o uso direto de antimicrobianos no alimento, pois o agente
antimicrobiano migra seletiva e gradualmente da embalagem para a superfcie
do alimento, onde se mantm em concentrao necessria para inibir o desenvolvimento de microrganismos (Ouattara et al., 2000). Vojdani & Torres (1989)
reportaram que sorbato de potssio, quando adicionado diretamente ao alimento,
foi rapidamente absorvido da superfcie do alimento, o que concentrou seu efeito
protetor nesse local. J o sorbato adicionado matriz de um filme base de
derivados de celulose difundiu-se lentamente para a superfcie do alimento,
protegendo-o melhor. Outra pesquisa mostrou que cido srbico, quando incorporado em filmes base de pectina/glten/monoglicerdeos, apresentou uma
atividade antimicrobiana maior sobre o crescimento de fungos do que quando
adicionado diretamente sobre o alimento (Guilbert et al., 1997). Ou seja, a
utilizao de embalagens antimicrobianas mais eficiente, por apresentar uma
migrao lenta do agente antimicrobiano, ajudando a manter a concentrao
adequada onde esta requerida e, portanto, sua atividade sobre o produto,
estendendo, assim, sua vida de prateleira.
Os agentes antimicrobianos presentes nas embalagens podem controlar
a contaminao microbiana nos alimentos mediante reduo da taxa de cres-
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Embalagens Comestveis
O uso de embalagens comestveis vem-se tornando um tpico de grande
interesse, devido ao seu potencial para evitar a deteriorao dos alimentos por
degradao oxidativa e reaes respiratrias, melhorando, assim, a qualidade
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A grande importncia das embalagens comestveis sua biodegradabilidade. Para que um material seja chamado biodegradvel, ele deve ser
degradado completamente por microrganismos em compostos naturais, como
CO2, gua, metano, hidrognio e biomassa (Krochta & DeMulder-Johnston,
1997). As embalagens biodegradveis tm recebido grande ateno nos ltimos anos, e numerosas pesquisas tm sido desenvolvidas nessa rea, sobretudo considerando-se que a embalagem representa, aproximadamente, 30% do
resduo urbano municipal, sendo 13% constitudos de materiais plsticos no
biodegradveis (Krochta & DeMulder-Johnston, 1997). A substituio de embalagens sintticas por biodegradveis pode reduzir o uso de fontes norenovveis e diminuir o lixo por meio da reciclagem biolgica (Krochta &
DeMulder-Johnston, 1997), cujos produtos podem ser utilizados para a fertilizao dos solos e fotossntese das plantas, com produo de novos biopolmeros.
A eficincia funcional das embalagens comestveis depende da natureza
de seus componentes, da composio e da estrutura do filme. De acordo com a
composio, as embalagens comestveis apresentam diferentes funes, por
isso a escolha de uma embalagem comestvel funo da natureza do produto
a ser acondicionado.
Muitos dos filmes e revestimentos comestveis, por serem base de
polissacardeos ou protenas, possuem um carter hidroflico, apresentando,
por isso, uma baixa ou moderada resistncia umidade. Contudo, alguns trabalhos j mostraram ser possvel produzir filmes e revestimentos comestveis com taxa de transmisso a vapor de gua similar ou mesmo melhor que
alguns plsticos convencionais (Butler et al., 1996; Rindlav-Westling et al.,
1998). Uma embalagem com eficiente barreira ao vapor de gua desejvel
para a conservao de muitos alimentos, como no caso de produtos frescos
ou congelados, evitando a desidratao na superfcie (Debeaufort et al., 1998).
Em razo dessa natureza hidroflica, as embalagens comestveis hidrocoloidais
apresentam boas propriedades de barreira ao oxignio, at mesmo melhores
que muitas embalagens sintticas (Butler et al., 1996; Rindlav-Westling et
al., 1998), o que desejvel, por exemplo, quando se quer baixar a taxa de
respirao para retardar o amadurecimento de frutas (Krochta et al., 1994;
Debeaufort et al., 1998).
As embalagens comestveis tm muitas aplicaes na indstria de alimentos. Na indstria de carnes, revestimentos base de polissacardeos tm
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Aps 15 dias de armazenamento a 10 C, a cenoura revestida apresentou significativas redues nas contagens microbianas.
Assim, embora os filmes comestveis ainda no possam substituir totalmente as embalagens sintticas, eles tm potencial para substituir as embalagens convencionais em muitas aplicaes (Mali et al., 2002).
Absorvedores de Etileno
Altos ndices de perdas no mercado brasileiro de frutas e hortalias apresentam indicaes da necessidade de sistemas adequados de transporte e acondicionamento desses produtos. Diferentemente de outros alimentos, esses
produtos continuam respirando aps a colheita e durante o transporte e a
comercializao. Alm de proteo mecnica, as tecnologias envolvidas no
desenvolvimento de uma embalagem para frutas e hortalias visam retardar a
respirao, o amadurecimento, a senescncia e, conseqentemente, todas as
alteraes indesejveis advindas desses processos fisiolgicos.
A conservao da qualidade de um produto vegetal, associada com as
diferentes prticas de produo, um dos principais objetivos tcnicos que as
empresas dedicadas comercializao de frutas e hortalias enfrentam. Para
alcanar tal objetivo, faz-se necessrio reduzir a atividade metablica do produto.
Entre as vrias prticas de manejo empregadas para controlar o amadurecimento e prolongar a vida ps-colheita de frutos climatricos destacam-se
as estratgias para manipulao da sntese e ao do etileno, hormnio natural
do amadurecimento, que marca a transio entre as fases de crescimento e
senescncia do fruto (Chitarra & Chitarra, 1990).
O etileno (C2H4) um composto liberado durante o metabolismo das frutas climatricas, e atua como um hormnio vegetal, com diferentes efeitos
fisiolgicos em frutas e hortalias frescas, acelerando a respirao, a maturao
e a senescncia do vegetal. O controle dos nveis desse composto tem sido
indicado para aumentar a vida de prateleira dos vegetais. Esse mecanismo tem
sido geralmente alcanado por meio de remoo do etileno por algum agente
oxidante, como permanganato de potssio, geralmente incorporado ao sistema
na forma de sachs com alta permeabilidade ao etileno, ou encapsulado na
estrutura dos filmes de embalagens.
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Absorvedores de Oxignio
Esforos para conservar alimentos pelo uso de absorvedores de O2 so
encontrados em literaturas cientficas a partir da dcada de 1920, quando foi
registrado um mtodo de remoo de O2 pelo uso de substncias facilmente
oxidveis (Nakamura & Hoshino, 1983).
A primeira patente de um absorvedor foi concedida em 1938, na Finlndia.
Foi desenvolvida para a remoo do O2 residual do espao livre de embalagens
metlicas. Um mtodo que chegou a ser comercializado na dcada de 1960 foi
introduo do gs H2 nas embalagens para reagir com o O2 na presena de
paldio, mas no se tornou comercial, devido pouca estabilidade dos compostos durante a manipulao e a estocagem, alm de H2 ser caro e nocivo sade
(Abe & Kondoh, 1989).
Em razo do grande interesse pelo uso de absorvedores, nos ltimos
anos foram registradas inmeras patentes. Os vrios mtodos registrados
baseiam-se na oxidao de um dos seguintes componentes: p de ferro, cido
ascrbico, polmero fotossensvel, enzimas, entre outros (Labuza & Breene,
1989; Floros et al., 1997; Vermeiren et al. 1999). Alm disso, existem mais de
50 patentes registradas em sistemas polimricos, nos quais os absorvedores
de O2 so incorporados.
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2 H 2 O2 catalase
2 H 2 O + O2
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Absorvedores de Umidade
O acondicionamento de produtos com elevado teor de umidade pode
levar a um aumento da umidade relativa no interior da embalagem, favorecendo
o crescimento microbiano, comprometendo as propriedades de barreira do
filme e promovendo uma srie de alteraes no alimento.
Para prevenir e estabelecer a umidade relativa desejada no espao livre
da embalagem, novas tecnologias tm sido desenvolvidas no setor de embalagens. Uma das formas de reduzir os nveis de umidade de um sistema por
meio da incorporao de umectantes (ex: polilcoois, carboidratos) entre duas
camadas de um filme plstico, sendo o externo de baixa permeabilidade e o
interno de alta permeabilidade umidade; outra alternativa seria a utilizao de
sachs contendo compostos dessecantes como lcool, propilenoglicol e
carboidratos. A principal proposta dos controladores de umidade reduzir a
atividade de gua dos produtos, aumentando sua estabilidade.
Os sistemas absorvedores de umidade como Thermarite (Austrlia)
Toppan (Japo) ou Pecksorb (Austrlia), consistem de um polmero
superabsorvente entre duas camadas de um filme. Os polmeros preferidos
para a absoro so os sais de poliacrilato e copolmeros de amido.
A Sha Denko Co. (Japo) desenvolveu um filme (Pichit film) com alta
permeabilidade a vapor de gua e baixa permeabilidade a substncia umectante.
O filme consiste de uma camada de propilenoglicol (umectante) envolvido por
duas camadas de polivinil lcool, que muito permevel a vapor de gua e de alta
barreira ao propilenoglicol. A camada de umectante reage com o vapor de gua
que permeia atravs do filme, mantendo baixa UR no interior da embalagem.
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