Os Labirintos Do Amor - Jacques-Alain Miller
Os Labirintos Do Amor - Jacques-Alain Miller
Os Labirintos Do Amor - Jacques-Alain Miller
O Silogismo do Amor
ele como aquela que ele tem com o objeto fundamental, ou, outra
possibilidade, se o objeto x tiver a mesma relao, com ele.
Freud descobriu que a ou o prprio ego ou pertence srie
que ns podemos chamar de famlia: pai, me, irmos, irms,
estendendo-se a antepassados, aos colaterais, a todos aqueles que
entram na esfera da famlia. Uma enorme parte da interpretao
analtica nos fatos do amor consiste em trazer luz diferentes
identidades de a. Ela revela, por exemplo, um sujeito apaixonado por
um objeto x na condio de que se assemelhe a ele: a escolha de
objeto narcsica. Ou, o sujeito se apaixona por um objeto x que tem
com ele a mesma relao que a sua me ou seu pai ou algum
membro da famlia tinha com ele. Na teoria da escolha de objeto
masculina, homossexual, por exemplo, se legitima no objeto uma
semelhana com a prpria imagem do sujeito, mas alm disso o fato
de que o objeto tem com o sujeito a mesma relao que o sujeito
tinha com sua me.
Frmulas diferentes esto em jogo na literatura analtica. Elas
informam a prtica cotidiana de decifrar imagens subjacentes,
articulaes simblicas, relaes lgicas, que dominam o amor do
sujeito. Isso tem um nmero de consequncias que afetam a prpria
definio do amor.
Primeiramente, o amor metonmico. H uma conexo entre o
objeto fundamental e o objeto x, o objeto x emprestando certos
traos do objeto fundamental.
Em segundo lugar, o amor uma repetio; por isso o lugar
essencial do perodo de latncia, um corte que separa o amor
primordial do amor repetido.
Terceiro, o amor traduz uma inrcia psquica: em novas formas,
na 'surpresa do amor', como disse Marivaux, o amor d testemunho
do fato de que o sujeito est preso numa escolha que sempre a
Dissimetria
colocado
no
eixo
simblico
onde
papel
da
castrao
desempenhado.
Deste modo, a diferena entre o amor e a pulso esclarecida.
Por que Freud inventou o termo 'pulso' ? Porque h no sujeito um
tipo de demanda que no tem nada a ver com a demanda de amor.
uma demanda que no fala, que no menos persistente, uma
demanda que no direcionada ao Outro, que no visa a falta no
Outro, e que tem, pelo contrrio, a exigncia de uma presena como
condio absoluta.
Temos um exemplo na perverso do fetichismo. No uma
questo de saber onde a mulher falta, consente em faltar, com um
salto alto. No h motivo para pensar que isso cria uma falta para ela.
A presena do objeto uma exigncia do sujeito para que ele possa
jouir [gozar]. Esse sujeito no poderia se importar menos com a
suspenso de seu objeto.
O que faz o labirinto a implicao de trs nveis. O objeto deve
obter a significao de falo na medida em que amar desejar. Deve
tambm ter o valor de A na medida em que amar uma demanda de
ser amado. Deve alm disso ter o valor de a na medida em que amar
querer jouir [gozar]. O objeto tem que estar situado ao mesmo
tempo no desejo, na demanda e na pulso. Os labirintos da vida
amorosa so fatos sobre a articulao desses trs nveis, algumas
vezes
conjugados,
outras
separados,
aqui
permanentes,
ali