Os Estágios Do Sono

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Os Estgios do Sono

Sono Normal

Quando se inicia o registro de um exame de polissonografia, o indivduo ainda est em viglia. O sono inicia com o
estgio 1. Poucos minutos depois, ele avana para estgio 2 e em torno de 20 minutos passa para estgios 3 e 4. Esses
estgios podem ser classificados juntos como sono de ondas lentas (SOL) e so os estgios de sono mais profundo. O
SOL ocorre mais na primeira metade da noite. Por isso, difcil acordar algum que adormeceu h pouco.

Ciclos
Uma hora e meia aps o indivduo ter adormecido ele apresentar um primeiro e curto perodo de sono REM. Isto se
repetir a cada noventa minutos e a cada novo perodo o sono REM ser mais longo. Pela manh, rareiam os estgios 3
e 4 de sono profundo e os perodos de sono REM se ampliam, podendo durar at uma hora. Por isso, lembramos mais
fcilmente os sonhos da manh.
Sonhos
Os sonhos ocorrem no sono REM e no devem ser necessariamente lembrados. A lembrana de sonhos exige que haja
um despertar durante o sonho pois a memria s funciona aps 5 minutos de viglia. Despertares podem indicar distrbio
do sono. Quem dorme bem tem um sono calmo e pode nunca lembrar de um sonho. O corpo sofre uma paralisia quase
completa durante o sono REM que nos impede de "representar" os sonhos. H um distrbio em que um defeito desta
paralisia do REM permite pessoa representar o sonho, fazendo-a correr risco de acidentes.
Estados
Como vimos, o sistema nervoso aparentemente construdo para funcionar em trs estados: Viglia - NoREM - REM.
Estes estados ocorrem separadamente e parece ser melhor que no ocorram intromisses de um em outro.
Despertares
Pequenas intromisses da viglia durante o sono normal ocorrem na forma de despertares breves nos quais no se
recupera a conscincia ou a memria. Isto se manifesta atravs de 30 a 60 movimentos por noite, quando se muda de
posio ou se arruma as cobertas, sem que se lembre disso pela manh. Os movimentos ocorrem nas trocas de estgio
e nos estgios de sono mais superficial.

FONTE: http://www.sono.com.br/site/portal/template.asp?
secao_id=17&secao_principal=14

O sonho e o crebro
Quando dormimos, passamos por 5 estgios de sono. O primeiro um sono bem leve do qual
fcil acordar. O segundo estgio vai para um sono um pouco mais profundo e os estgios 3 e 4
representam nosso sono mais profundo. Nossa atividade cerebral durante esses estgios
gradualmente reduzida at o sono profundo, em que no experimentamos nada alm de ondas
cerebrais delta, as ondas de menor freqncia (veja "Ondas Cerebrais"). Aproximadamente 90
minutos depois de irmos dormir e depois do quarto estgio de sono, comeamos o sono REM.

Ondas cerebrais

O movimento rpido dos olhos (REM) foi descoberto em 1953


por pesquisadores da Universidade de Chicago Eugene
Aserinsky: um estudante de fisiologia e Nathaniel Kleitman,
Ph.D., professor de fisiologia. O sono REM caracterizado
pelos movimentos dos olhos e o quinto estgio do sono.
Durante o sono REM, vrias mudanas fisiolgicas ocorrem. A
freqncia dos batimentos cardacos e a respirao aceleram, a
presso arterial aumenta. No podemos regular a temperatura
do corpo; nossa atividade cerebral aumenta ao mesmo nvel
(alfa) em quando estamos acordados, ou num nvel ainda mais
alto. O resto do corpo, entretanto, est essencialmente
paralisado durante o sono REM. Esta paralisia causada pela
liberao de glicina, um aminocido, do tronco cerebral nos
motoneurnios (os neurnios que transmitem os impulsos do
crebro ou da medula espinhal). O sono REM o estgio em
que a maior parte do sonho acontece, ento, esta paralisia
poderia ser o modo da natureza ter certeza de que no
comearamos a agir como em nossos sonhos. Por outro lado,
se voc est dormindo perto de algum que est sonhando
chutando uma bola, voc pode levar um chute vrias vezes
enquanto voc dorme.
Os 4 estgios exceto o sono REM so chamados de sono noREM (NREM). Embora a maioria dos sonhos acontea durante

Nosso crebro circula atravs


dos quatro tipo de ondas
cerebrais, referidas como delta,
teta, alfa e beta. Cada tipo de
onda cerebral representa uma
velocidade diferente de
oscilao de voltagens eltricas
no crebro. Delta o mais lento
(de 0 a 4 ciclos por segundo) e
est presente no sono profundo.
Teta (de 4 a 7 ciclos por
segundo) est presente no
estgio 1, quando estamos com
sono leve. Ondas alfa,
operando de 8 a 13 ciclos por
segundo, ocorre durante o sono
REM (assim como quando
estamos acordados). E as
ondas beta, que representam os
ciclos mais rpidos de 13 a 40
por segundo, so somente
vistas em situaes de muito
estresse ou situaes que
exigem muita concentrao
mental e foco. Essas quatro
ondas cerebrais so registradas
pelo eletroencefalograma
(EEG).

o sono REM, pesquisas mais recentes mostram que os sonhos podem ocorrer durante qualquer
estgio do sono. Tore A. Nielsen, Ph.D. do Laboratrio do sonho e pesadelo (em ingls) em
Montreal, se refere a isto como ",sono REM oculto" que aparece durante o sono NREM. Entretanto,
a maioria dos sonhos NREM no tem a intensidade dos sonhos REM.
Durante a noite, passamos pelos 5 estgios vrias vezes. Porm, cada ciclo subseqente inclui mais
sono REM e menos sono profundo (estgio 3 e 4). Pela manh, temos quase todos os estgios de
sono REM 1, 2 e 3.
Para mais detalhes sobre sono e ciclos do sono, veja Como
funciona o sono.
Sono REM
O que acontece se voc no consegue ter o sono REM? No
princpio, os pesquisadores pensavam que se no houvesse o
sono REM significava no sonhar. Teorizavam que os sonhos
eram um tipo de vlvula de escape que ajudava seu crebro a
liberar a energia que voc no conseguiu liberar durante o dia.
William Dement, MD, agora na Universidade de Medicina de
Foto cedida DVI
Stanford, realizou um estudo em 1960 em que todas as
Um soldado do exrcito nortepessoas envolvidas na experincia eram acordadas toda vez
americano dorme em uma
que entravam no sono REM. Suas descobertas incluram
priso em Samara, Iraque
distrbios psicolgicos moderados, como ansiedade, irritao e
dificuldade de concentrao. Ele tambm notou um aumento no apetite. Enquanto alguns estudos
apoiavam essas idias, outros no aceitavam.
Os estudos adicionais tentaram fazer uma conexo entre a dificuldade de lembrar das coisas e a
falta de sono REM, mas estes estudos tambm vieram por terra com mais pesquisas. Um deslize
incontestvel da teoria da perda de memria foi um homem que teve um dano cerebral que o levou
a no ter o sono REM. Ele concluiu a faculdade de direito e no teve problemas em sua vida diria.

As ltimas idias sobre o sono REM so associadas aprendizagem. Os pesquisadores esto


tentando determinar os efeitos que o sono REM e a sua falta tm sobre a aprendizagem de certos
tipos de habilidades, em geral fsicas em vez de memorizao. Essa conexo parece forte em
alguns aspectos devido ao fato de que bebs e crianas entre 1 e 3 anos j tiveram muito mais sono
REM que adultos.

Fatos sobre o sonho

A maioria dos sonhos duram de 5 a 20 minutos.


As pessoas no sonham somente em preto e branco como se
pensava.
Embora talvez no se lembrem, todos sonham vrias vezes
por noite. De fato, durante uma vida normal, passamos
aproximadamente seis anos sonhando.
As pessoas que so cegas de nascena tm sonhos que so
formados por seus outros sentidos ( tato, olfato etc.).
Quando as pessoas esto roncando, elas no esto sonhando.
Os elefantes (e alguns outros animais) dormem em p durante
o sono NREM, mas se deitam para o sono REM.

por Lee Ann Obringer - traduzido por HowStuffWorks Brasil

Estimulao Cerebral Externa


Seu Uso no Tratamento de Doenas Nervosas e Mentais
3

Mario Celestino de Oliveira


Fone: 011-97289185
mariocelestino@ig.com.br

Tpicos:
Estimulao eltrica cerebral
Fisiologia do sono
Como funciona e eletrosonoterapia
Evidncia cientfica
Sintetizadores de ondas cerebrais
Evidncia cientfica
Aplicaes clnicas
Exemplo de um caso clnico
Para saber mais
O autor

Muitas doenas nervosas e mentais podem se beneficiar de uma nova


combinao teraputica denominada Relaxamento e Controle de Aferncia.
Ela surgiu como uma unio entre duas tecnologias j conhecidas h bastante
tempo de estimulao cerebral externa:

a eletrosonoterapia, tambm chamada de estimulao eletroteraputica


transcraniana, que usa ondas eltricas;

e os sintetizadores de ondas cerebrais, que utilizam pulsos de som e luz.

Neste artigo, pretendemos dar uma explicao resumida sobre cada uma dessas
terapias e como elas funcionam, bem como relatar alguns casos reais tirados de nossa
extensa experincia clnica com seu uso, que demonstram sua utilidade.
Estimulao Eltrica Cerebral
A eletrossonoterapia, ou tratamento pela induo artificial de relaxamento ou sono no
paciente, o mtodo mais simples dos dois, e conhecido h mais tempo.

A eletrosonoterapia se diferencia dos demais processos de induo de perda


de conscincia, como o uso de medicamentos especficos (hipnticosedativos), hipnose induzida, etc., pela seu mecanismo de ao mais
fisiolgico, ou natural, e por sua ao teraputica mais profunda e prolongada,
assim como pela ausncia dos efeitos txicos e das sensaes desagradveis.
Sua principal funo a chamada "intensificao da inibio protetora do
crtex cerebral'.

J e sabido, desde os tempos de Ivan Pavlov (fisiologista russo que descobriu


o reflexo condicionado no comeo do sculo XX) que o sono um tipo de
inibio das funes neurais que se propaga por todo o crtex (tecido nervoso
que recobre a parte mais externa hemisfrios cerebrais). Essa inibio se
propaga posteriormente para as camadas mais profundas do crebro. Assim,
uma das hipteses mais antigas da neurofisiologia que essa extensa inibio
tenha como objetivo exercer uma espcie de "efeito protetor" sobre as clulas
nervosas de todas as regies que afeta, de modo a permitir-lhes uma
recuperao pelo repouso.
Fisiologia do Sono
Do ponto de vista neurofisiolgico, sabe-se que os principais eventos que
acontecem durante o sono so:
1. deaferentao: este um termo que significa perda, ou "desligamento" das
aferncias ao sistema nervoso, ou seja, o bombardeio constante de
informaes neurais vindas do exterior, atravs dos rgos sensoriais, como
viso, audio, olfato, gosto, tato, dor, presso, temperatura, sensaes
profundas dos msculos, etc., que deixam de atingir o crtex cerebral e no
so mais percebidas conscientemente;
2. perda da conscincia: todas as atividades conscientes, como autopercepo, viglia, alerta, ateno, pensamento, linguagem, cognio, etc., que
so em grande parte realizadas pelo crtex cerebral, tambm so desativadas
durante o sono;
O surgimento desses dois fenmenos ocorre principamente como resultado da
modificao da atividade de uma estrutura cerebral chamada formao reticular
ascendente (FRA, que um conjunto de ncleos e fibras que ocupa parte do tronco
enceflico, uma das partes mais basais e primitivas do nosso crebro. A FRA recebe
conexes derivadas de praticamente todos os grandes sistemas sensoriais do crebro,
e bombardeia, por sua vez, de forma contnua, o crtex cerebral, mantendo sua
atividade. Na induo do sono, a FRA diminui sua atividade consideravelmente, e
inicia impulsos inibidores que vo promover a deaferentao. Isso ocorre por diversos
fatores, como cansao, ciclo dia-noite, e at acmulo de algumas substncias
qumicas no sangue ( quando "sentimos sono", como se diz popularmente). Desta
forma, a FRA funcionaria como uma espcie de "porto" sensorial, como especifica a
teoria mais conhecida, elaborada pelos neurologistas Melzack e Wall na dcada dos
70s.

No mecanismo do sono, esto envolvidos


dois importantes ncleos do tronco
enceflico: os ncleos da rafe e o locus
coeruleus. Os ncleos da rafe por sua
vez, tm dois componentes, situados na
ponte e no bulbo cerebral. Os ncleos da
ponte so inibidores do despertar, agindo
no diencfalo e no crtex. Os ncleos da
rafe do bulbo tem uma ao mais tardia,
aparecendo no controle dos movimentos
dos olhos. A propagao desses impulsos acabam por atingir o locus coeruleus
caracterizando o sono profundo com sonhos.
Depois de um certo tempo de sono, esses impulsos inibidores comeam a
diminuir, dando abertura para que os estmulos sensoriais comecem
novamente a ativar a formao reticular ascendente, o diencfalo e crtex
ocasionando assim o despertar.
Para saber mais sobre a neurofisiologia do sono, leia o artigo da Dra. Silvia
Helena Cardoso, nesta revista.
Como Funciona a Eletrosonoterapia
A eletrosonoterapia foi desenvolvida a partir da descoberta que a aplicao
externa de ondas eltricas de determinada freqncia e amplitude provocam
artificialmente uma deaferentao sensorial, ao agirem sobre algumas
estruturas cerebrais. As ondas eltricas geralmente so ministradas na forma
de pulsos retangulares, com uma freqncia de 100 por segundo, e uma
durao de cada pulso de 1 milissegundo. A intensidade raramente excede um
miliampere (mA). Outro nome dado eletrosonoterapia, mais preciso,
"estimulao eletroteraputica transcraniana" (em ingls: Cranial
Electrotherapy Stimulation).
A tcnica foi desenvolvida na Rssia em 1949, e amplamente utilizada em
muitos paises para promover relaxamento corporal e mental e deaferentao,
que pode levar ao sono (da o seu nome). Por isso, uma de suas indicaes a
insnia crnica e persistente. No entanto, a eletrosonoterapia tambm tem
indicaes para o tratamento da ansiedade, depresso, dependncia de
drogas, amnsia ps-traumtica (perda de memria), etc., em psiquiatria.
Apesar de representar um estmulo externo ao crebro, nunca foram notados
efeitos negativos ou deletrios significativos sobre os pacientes.

Um aparelho comercial de eletrosonoterapia

O aparelho de eletrosonoterapia compe-se de uma central que emite as


ondas eletromagnticas adequadas, e de dois cabos com quatro plos
(positivos e negativos), afixados a eletrodos autoadesivos que so colocados
em uma rea logo atrs das orelhas do paciente. Tambm podem ser usados
eletrodos que se prendem aos pavilhes auditivos. O paciente colocado em
decbito dorsal (deitado de costas) em um leito confortvel, em ambiente sem
estmulos sonoros ou luminosos, e o aparelho ligado. Aps um certo tempo
comea a notar-se um relaxamento do tnus muscular e sonolncia. Alguns
pacientes podem ento adormecer logo em seguida, mas o tratamento da
insnia recomenda que a aplicao seja feita at trs horas antes de ir dormir.
As sesses de estimulao normalmente duram 20 a 30 minutos e so
aplicadas entre trs a sete vezes por semana.
Evidncia Cientfica
Foram realizados at agora 103 estudos cientficos com seres humanos e 18 com
animais, que demonstraram a eficcia e segurana da eletrosonoterapia em vrios
problemas de sade. Em estudos cientficos envolvendo a eficcia no tratamento da
ansiedade, comprovou-se que a estimulao eltrica cerebral diminui a atividade
muscular registrada atravs de eletromiograma, diminui a freqncia de ondas
cerebrais registradas pelo eletroencefalograma, aumenta a temperatura perifrica,
diminui a secreo gstrica, a presso arterial, a freqncia cardaca e a respirao.
Todas essas mudanas tambm ocorrem no sono natural e so benficas para o
relaxamento no caso de estresse e ansiedade.

Segundo os autores Paros e Kirsch, a eficcia da eletroestimulao cerebral foi


confirmada atravs de 28 testes psicomtricos diferentes, e sua significncia
para o tratamento da ansiedade foi confirmado por meta-anlises conduzidas
pela famosa Escola de Sade Pblica da Universidade Harvard (Klawansky,

1995) e publicado na prestigiosa revista cientfica Journal of Nervous and


Mental Diseases.
No se sabe exatamente como se d a ao da eletrosonoterapia no sistema
nervoso central. Geralmente acredita-se que ela seja mediada primariamente
por uma ao direta das ondas eltricas sobre o sistema lmbico, o hipotlamo
e a formao reticular ascendente (veja bibliografia no artigo de Paros e Kirsch,
abaixo). Especula-se tambm que a eletrosonoterapia possa exercer seu
efeito atravs da ao sobre o sistema nervoso parassimptico, atravs da
estimulao de vrios nervos cranianos. Estudos com animais na dcada dos
90s revelaram que a estimulao eltrica promove um aumento de mais de trs
vezes no nvel de endorfinas, aps um nico tratamento, e tambm um
aumento do neurotransmissor dopamina nos gnglios basais. Esses dois
fatores esto envolvidos na bioqumica cerebral das emoes e do prazer. As
endorfinas so uma espcie de "morfina" natural do crebro, e os receptores
cerebrais das endorfinas seriam os responsveis pelas sensaes prazerosas
provocadas por drogas desta classe.
Sintetizadores de Ondas Cerebrais
As primeiras pesquisas cientficas sobre os efeitos da luz e som sobre o crebro
comearam nos meados dos anos 30, quando cientistas descobriram que os ritmos do
crebro tendiam a assumir o ritmo de uma luz piscante, num processo chamado de
condicionamento cerebral.

Desde a dcada dos 20s, com a descoberta que possvel registrar-se a


atividade eltrica do crebro atravs de eletrodos externos e de um aparelho
denominado eletroencefalgrafo (inventado pelo mdico holands Berg), sabese que os nveis de sono, sonho e viglia so associados a ondas cerebrais
com freqncias diferentes (veja a figura abaixo, do artigo do Dr. Renato M.E.
Sabbatini na revista Crebro & Mente sobre o mapeamento do crebro).

A pesquisa se acelerou no final dos anos 40, quando o grande neurocientista


britnico W. Gray Walter, usou um estroboscpio e equipamento de EEG
avanado, para investigar o que chamou de fenmeno de tremulao. Ele
descobriu que luzes piscando ritmicamente alteravam rpidamente a atividade
das ondas cerebrais produzindo estados semelhantes ao transe de
relaxamento profundo e vvida visualizao mental, e ficou surpreso que o
piscar das luzes alterava a atividade das ondas cerebrais do crtex inteiro ao
invs de apenas associadas a viso. Atualmente, essa propriedade da induo
visual estroboscpica utilizada clinicamente para detectar crises epilpticas
durante exames de eletroencefalografia, e se sabe que certos tipos de
epilpticos podem sofrer crises ao serem estimulados por luzes piscantes na
freqncia de 8 a 10 por segundo causadas por fenmenos como luzes
estroboscpicas em discotecas, ou videogames.
Com base nesse conhecimento sobre o condicionamento externo da atividade
eltrica cerebral, diversos pesquisadores desenvolveram equipamentos
capazes de estimular o crebro com pulsos luminosos e auditivos rtmicos, e
comeou-se a investigar seus efeitos sobre o nvel de viglia, conscincia,
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relaxamento, etc. Dependendo se queremos estimular ou deprimir o SNC,


usam-se combinaes diferentes de freqncias. Geralmente, aps cerca de
10 minutos, a atividade eltrica cerebral entra em fase com o ritmo desses
estmulos.
Assim, esse mecanismo permite portanto a mudana a nvel de conscincia de
forma passiva, sem exerccio especfico e rapidamente.

Aparelho de sntese de ondas cerebrais

Os aparelhos de sntese de ondas cerebrais mais comuns compe-se de uma


central microcomputadorizada, que produz as sequncias repetitivas de som e
de luz, combinados, em diversas combinaes (programas). Essas unidades
podem ter diferentes complexidades, dependendo do nmero de programas
fixos e da capacidade de receber programaes novas. O tipo mais comum de
aparelho permite cinco programas bsicos que podem ser combinados com 10
ritmos diferentes, gerando at 50 programas.
O paciente recebe as estimulaes atravs de um par de fones de ouvido
(programao sonora), e de um culos escuros que contm 8 diodos
luminescentes em sua face interna.
Evidncia Cientfica
As duas fotos abaixo representam imagens computadorizadas da atividade cerebral de
um mesmo indivduo mostrando a influncia radical do sintetizador nos ritmos
cerebrais, com apenas 12 minutos de uso. As cores nestas imagens, significam
intensidade de ondas cerebrais especficas e sua distribuio nas diversas reas
cerebrais, ou seja, baixa intensidade (azul), alta intensidade (vermelho ) e o verde e
amarelo intensidades mdias.

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Na parte superior da imagem, o paciente est com os olhos fechados e as


figuras 1 e 3 apresentam a atividade alfa (6 a 8 ciclos por segundo),
principalmente localizada na regio ocipital (parte posterior do crebro, onde
existe o crtex visual). Na figura 2 apresenta-se a frequncia teta, localizada
predominantemente no tero traseiro do encfalo.
Na parte inferior da imagem est ilustrada a atividade cerebral depois de usar o
sintetizador por 12 minutos. A atividade alfa (figuras 1 e 3) espalhou-se por
quase toda a totalidade do cerbro. A atividade teta (figura 2) aumentou
visivelmente e tornou-se centralizada.

Aplicaces Clnicas
Em nossa clnica temos experimentado com o uso combinado das tcnicas de
eletroestimulao transcraniana e estimulao externa por luz e som para o
tratamento de diversas condies nervosas e mentais patolgicas, tais como
depresso, ansiedade, psicose (esquizofrenia), obesidade, sndrome de pnico, e
outras. Desenvolvemos um grande nmero de protocolos, combinando o uso de
programas de estimulao externa, que podem ser feitos atravs de um software
(programa de computador) especial.
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Os resultados at agora tm sido muito encorajadores quanto ao controle de


diversas sndromes sem necessidade de uso de medicamentos psicotrpicos
especficos, ou possibilitando uma significativa reduo de suas dosagens,
favorecendo assim uma menor incidncia de efeitos colaterais dos mesmos.
Abaixo damos um exemplo representativo de uso desta tcnica na terapia
neurofisiolgica objetiva de entidades clnicas com manifestao grave.
Exemplo de um Caso Clnico
Paciente do sexo feminino, diagnosticada esquizofrnica, comeou a apresentar
comportamentos estranhos, segundo seus pais. Com o decorrer dos dias, comeou a
apresentar alucinaes auditivas, medo, e averso a ruidos. Posteriormente passou a
apresentar muita sonolncia diurna, no conversava, comeou a ganhar peso e
tornou-se agressiva. Sem falar com ningum, comeou a dormir pouco e durante o dia
apresentava-se deprimida, chorava facilmente, e apresentava comportamento de raiva
e teimosia. Com o agravamento da doena, passou a sair de casa a noite e
perambular pelas ruas, extravasando sua agressividade danificando os carros que
estavam estacionados. Foi internada em maio de 99, submetendo-se a sesses de
eletroconvulsoterapia. Depois da alta, comeou a frequentar o PROESQ, entidade
ligada a UNIFESP e em setembro de /99 comeou o tratamento com a tcnica de
relaxamento e controle de aferentao. Logo na primeira sesso j se obteve uma
significativa melhora em seus comportamentos. Hoje, ela s faz manuteno de 15 em
15 dias, completou o segundo grau e tem uma vida praticamente normal.
Para Saber Mais
1. Frequently Asked Questions about Cranial Electrotherapy Stimulation (CES)
2. Cranial Electrotherapy Stimulation (CES): A Very Safe and Effective NonPharmocological Treatment for Anxiety. A Review of the Literature, by Lawrence
Paros, Ph.D. and Daniel L. Kirsch, Ph.D., D.A.A.P.M.
3. Klawansky, Sidney et al. Meta-analysis of randomized controlled trials of cranial
electrostimulation: efficacy in treating selected psychological and physiological
conditions. Journal of Nervous and Mental Diseases, 183(7):478-485, 1995.
4. Cardoso, Silvia Helena: Entendendo os Sonhos. Revista Crebro & Mente,
junho-agosto 1997.
5. Chaves, J.: Biofeeedback: A Terapia do Sculo 21. Revista Crebro & Mente,
dezembro 1997-fevereiro 1998.
6. Sabbatini, R.M.E.: Mapeando o Crebro. Revista Crebro & Mente, setembronovembro 1997.

O Autor
Mario Celestino de Oliveira
Psiclogo clnico, radicado em So Roque, SP.
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O autor agradece a colaborao do Dr. Renato M.E. Sabbatini na correo e


editorao final deste artigo.
Email para contato: mariocelestino@ig.com.br

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