Significação Da Publicidade
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Significação Da Publicidade
Jean Baudrillard
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A imagem cria um vazio, visa a uma ausncia. Por isso evocadora. Mas um subterfgio. Provocando um investimento, ela o corta
ao nvel da leitura. Faz convergir as veleidades flutuantes sobre um
objeto que mascara, ao mesmo tempo que o revela. Ela engana, sua
funo mostrar e enganar. O olhar presuno de contato, a imagem e
sua leitura so presuno de posse. A publicidade assim no oferece nem
uma satisfao alucinatria, nem uma mediao prtica para o mundo: a
atitude que suscita a de veleidade enganadaempresa inacabada,
surgir contnuo, engano contnuo, auroras de objetos, auroras de desejos.
Todo um rpido psicodrama se desenrola na leitura da imagem. Ele, em
princpio, permite ao leitor assumir sua passividade e transformar-se em
consumidor. De fato, a profuso de imagens sempre usada para, ao
mesmo tempo, elidir a converso para o real, para alimentar sutilmente a
culpabilidade por uma frustrao contnua, para bloquear a conscincia
mediante uma satisfao sonhadora. No fundo, a imagem e sua leitura
no so de modo algum o caminho mais curto para um objeto, mas sim
para uma outra imagem. Assim se sucedem os signos publicitrios como
as auroras de imagens nos estados hipnaggicos.
Precisamos reter bem essa funo de omisso do mundo na imagem, funo de frustrao. Somente isso nos permite compreender como
o princpio de realidade omitido na imagem nela, entretanto,
transparece eficazmente como represso contnua do desejo (sua espetacularizao, seu bloqueio, sua decepo e, finalmente, sua transferncia regressiva e derrisria num objeto). Ser aqui que apreenderemos o
acordo profundo do signo publicitrio com a ordem global da sociedade:
no mecanicamente que a publicidade veicula os valores dessa
sociedade, , mais sutilmente, por sua funo ambgua de presuno
algo entre a posse e a ausncia de posse, ao mesmo tempo designao e
prova de ausncia que o signo publicitrio faz passar a ordem
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