No Rio Que Corre Ligeiro PDF
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CLAUDIR DOS SANTOS
EDITORA JM2D
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NO RIO QUE CORRE LIGEIRO
A CANOAGEM EM TRÊS COROAS
Pesquisa e reportagens por
Claudir dos Santos
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Sumário
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Nota do autor:
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INÍCIO DO SLALOM EM TRÊS COROAS
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FUNDAÇÃO DA ASTECA
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DESBRAVANDO O RIO QUE CORRE LIGEIRO
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inclinação do rio também é menor”. Declara Márcio Tomazoni,
que se lembra das primeiras competições na cidade, quando
ainda não competia, mas já estava envolvido na equipe de apoio,
pegando gosto pela canoagem. “Tinha muita gente envolvida, eu
mesmo, em 1985 já gostava da ideia, assim tinha muitos amigos
que estavam nesse auxílio. A gente tava lá pra ajudar em pontos
estratégicos. Ninguém tinha experiência de resgate em rio, era na
vontade de ajudar mesmo”. Diz Márcio Tomazoni, que continua:
“Um ponto de apoio era onde hoje fica o Parque das Laranjeiras,
a gente chegava pelo lado oposto do rio, de onde é a entrada hoje.
A gente ficava no ‘S grande’, subia um pouco mais e chegava no
‘S pequeno’. Logo depois tem a ‘escadaria’, que era muito difícil
também. Aquele trecho era um pouco temido”.
Algumas vezes, a descida não podia ser completada devido
algum acidente de percurso com os equipamentos, ainda longe
dos que conhecemos atualmente.
“A nossa subida pra descer o rio normalmente era de caçamba,
a prefeitura fornecia o transporte e todo mundo embarcava com
os caiaques. Muitas vezes, o caiaque quebrava, furava, acontecia
algo e não dava pra continuar a descida. Nesses casos, tinha que
sair do rio e ficar esperando na beira da estrada. Depois de todo
mundo se encontrar no ponto de chegada e carregar os barcos na
caçamba, ainda tinha que resgatar os que ficavam no percurso”.
Lembra Márcio Tomazoni.
Mesmo quem ficava esperando o transporte por horas na
beira da estrada, às vezes no inverno, molhado, com frio; ao ser
resgatado, o único pensamento era consertar o barco e voltar
na semana seguinte. “Todo mundo sempre voltava com muito
entusiasmo”. Pontua Márcio Tomazoni.
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CRIAÇÃO DO PARQUE DAS LARANJEIRAS
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PRIMEIRAS PROVAS NO ESTADO
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PRIMEIROS DESTAQUES EM COMPETIÇÕES
NACIONAIS
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“Nesse período, começamos a vencer provas fora do estado.
O Leonardo venceu um Campeonato Brasileiro no Espírito
Santo, também uma prova de velocidade na Lagoa Rodrigo de
Freitas, no Rio de Janeiro”. Lembra Gustavo Selbach.
“A canoagem foi evoluindo bastante na década de 1990. Se
olharmos os resultados dos campeonatos brasileiros e outras
competições, entre os dez primeiros, tinha sete ou oito do
Rio Grande do Sul, muitos de Três Coroas. Essa hegemonia
até se estendia para as competições sulamericanas, mas nunca
se traduziu em algo pra competir com os europeus e norte-
americanos”. Considera Leonardo Selbach.
“O Cristiano Arozi ganhou muitas vezes em Visconde
de Mauá, no Rio de Janeiro. Por um tempo, ele foi o cara na
modalidade de descida”. Afirma Flávio Belotto.
“No mesmo final de semana, aconteceram duas competições
importantes da canoagem nacional, no domingo à noite a rede
globo noticiou que o Gustavo Selbach havia vencido a prova de
slalom em Três Coroas. Instantes depois, mostrou minha vitória
no Campeonato Brasileiro de Descida, na cidade de Visconde
de Mauá, no Rio de Janeiro. Foi um mesmo programa, em rede
nacional, mostrando duas conquistas de Três Coroas”. Lembra
Cristiano Arozi. “Na década de 1990, em nove participações,
venci oito vezes a tradicional prova em Visconde de Mauá, no
Rio de Janeiro. A prova era classificatória para o mundial, por
isso, bastante prestigiada pela mídia do centro do país”.
“Eu sugeri para os patrocinadores do evento, após a terceira
edição, que eles bancassem a ida do vencedor ao mundial, como
forma de premiação. Eles começaram a bancar as viagens e dar
premiação em dinheiro pra estimular os competidores”. Revela
Cristiano Arozi, que normalmente vencia, garantindo assim
sua participação no mundial de descida disputado na Europa.
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“Depois eu sugeri aos patrocinadores trazer o campeão mundial
por quatro vezes, um alemão. Também o inglês que tinha
sido quatro vezes vice-campeão mundial, além de campeão
europeu. Acabei ganhando a prova dos dois aqui no Brasil”.
Um pouco antes do aguardado Festival de Canoagem
Slalom de Três Coroas, que aconteceria em novembro de 1988,
Gustavo Selbach, lembra de sua participação em uma prova
de slalom na cidade de Juquitiba, em São Paulo, no inverno
daquele ano. “Foi uma prova muito difícil. Não tínhamos um
equipamento competitivo. Depois compramos barcos melhores
e nos preparamos para o Festival Brasileiro em Três Coroas.
Além do resultado, o mais importante foi o aprendizado”.
“Eu acho que um dos primeiros momentos marcantes
que a canoagem de Três Coroas passou, foi em uma prova
na cidade de Juquitiba, em São Paulo. Tínhamos recebido
os ensinamentos e depois disso organizaram a prova lá. A
canoagem do sul e do sudeste ainda não tinha participado de
muitas provas juntas. Depois disso, muita gente se empolgou
e começou a treinar bastante o slalom”. Considera Márcio
Tomazoni. “Tinha uma coisa nova surgindo, que tinha tudo
a ver com a cidade. Ainda apareciam umas competições na
mídia nacional. Isso tudo impulsionou a canoagem”.
“Naquele tempo, a gente tinha uma cobertura da mídia
muito maior do que hoje. Qualquer campeonato que a gente
estava, no outro dia aparecia no jornal, na televisão. Então o
pessoal começou a visitar a cidade, que logo se tornou um polo
forte. Isso atraiu mais gente pra fazer a canoagem”. Diz Roger
Eckhard.
“Os paulistas que viajavam para os Estados Unidos
e Europa viram em Três Coroas a possibilidade do slalom se
desenvolver. Também pelo grupo de pessoas se dedicando à
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modalidade”. Reflete Cristiano Arozi.
Precursores da canoagem no Brasil, José Roberto Pupo e
Massimo Desiati, que participaram e estimularam as primeiras
provas no país, também estiveram em Três Coroas colaborando
nos primeiros ensinamentos e na organização do grupo.
“Esse pessoal que veio de São Paulo nos passou o que tinham
aprendido, mas só por observar, ninguém tinha ensinado eles lá,
eles tinham um pouco de conhecimento técnico por viajar pra
algumas competições nos Estados Unidos. Eles estiveram no
pré-mundial em 1988, no ano seguinte vieram pra Três Coroas
ensinar as técnicas que viram”. Revela Márcio Tomazoni.
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PRIMEIRAS VIAGENS NO CONTINENTE
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PRIMEIRAS PROVAS NA EUROPA
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OLIMPÍADAS DE1992 NA ESPANHA
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deu pelas orientações do José Roberto Pupo, que treinou a seleção
de canoagem slalom para os jogos olímpicos de 1992. Ele teve essa
relação com o início da canoagem na cidade, já nos primeiros
festivais. Algumas vezes ele veio até Três Coroas e ministrou
alguns cursos voltados para o slalom”. Recorda Gustavo Selbach.
“O Pupo foi nosso treinador nas olímpiadas de 1992,
ele cuidou da parte técnica. A gente conseguiu colocações
razoáveis para a nossa realidade, mas só o fato de estar lá, foi
importante pra muita coisa”. Diz Leonardo Selbach, que segue:
“Foi importante para o município ver melhor a canoagem, uma
experiência que trouxe reconhecimento. O pessoal da cidade
começou a apoiar mais”.
As pistas mais longas se tornaram mais curtas, a canoagem
slalom passou a ser um esporte de mais explosão, que além de
técnica passou a exigir bastante força.
“A modificação do esporte após as olimpíadas de 1992
foi gigantesca. A canoagem slalom passou por uma evolução
técnica muito significativa, uma nova realidade para o esporte”.
Avalia Leonardo Selbach. “Até 1989 eram muitas pistas naturais
na canoagem mundial, com exceção da pista das olimpíadas da
Alemanha, em 1972. Em 1993 já existiam muitos rios naturais
modificados, as pistas semi-artificiais”.
“A Federação Internacional de Canoagem tinha a
necessidade de crescer e ter mais praticantes de slalom no mundo.
A oportunidade pra isso acontecer, era trazer o mundial para a
América do Sul. A quantidade de países praticantes influencia
na permanência da modalidade nas olimpíadas”. Diz Leonardo
Selbach.
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OLIMPÍADAS DE 1996 NOS
ESTADOS UNIDOS
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MUNDIAL DE 1997 EM TRÊS COROAS
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escolha de Três Coroas para sediar o mundial de 1997. Por ser
uma pessoa muito respeitada, de bastante influência, afirmou
que a cidade faria um grande mundial”. Diz Flávio Belotto.
“A grande maioria das pessoas no congresso tinha o
interesse de ampliar a canoagem do eixo entre Europa e
Estados Unidos. Botar uma prova do tamanho do mundial
na América do Sul fazia parte de uma estratégia para expandir
o esporte”. Avalia Belotto.
Neste mesmo cenário, a canoagem slalom voltou a ser um
esporte olímpico. O esporte voltou aos jogos de Barcelona em
1992, duas décadas após estar nas Olimpíadas da Alemanha,
em 1972. Juntamente com isso, havia a intenção da FIC em
expandir as fronteiras da canoagem slalom, que tinha tradição
principalmente nos países da Europa.
O circuito internacional, que havia começado a
receber atletas brasileiros recentemente, teria então um
Mundial no Brasil.
“Com o Mundial de 1997 todo mundo ficou muito
motivado. Na Europa, essas competições são muito tradicionais,
com um grande público acompanhando”. Considera Cristiano
Arozi, que valoriza a canoagem em solo brasileiro. “Nosso país
é rico em rios. No inverno, eles não têm onde treinar. É muito
frio, muitos rios ficam congelados”.
“Em 1996 e 1997, foi incrível! Não tinha espaço pra mais
gente”. Comenta Cristiano Arozi sobre o Pré-mundial e o
Mundial.
“Para conseguir o Mundial não foi fácil, eu já trabalhava
com filmagens e fiz o vídeo de apresentação da cidade, usado
no congresso da FIC”. Conta Fabio Fritz Haack, que também
trabalhou diretamente no evento. “Fizemos a transmissão ao
vivo para a internet, no Mundial de 1997. Uma equipe veio
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fazer a transmissão de televisão para o mundo, mas tivemos três
câmeras e fizemos a transmissão via internet discada”. Revela:
“Cada câmera tinha cabos de 100 metros. Em uma salinha na
beira da pista, tínhamos televisores para selecionar as imagens
e um computador para fazer as animações”. Tudo isso foi feito
com referência nas competições em que havia participado no
exterior, sendo uma transmissão pioneira no Brasil.
Nos anos seguintes, o Parque das Laranjeiras se consolidou
como o principal local para a prática de canoagem slalom
na America Latina.
“O legado foi muito importante, a estrutura montada para
o Mundial ficou ali. O prédio que foi um escritório central
durante o evento, depois se tornou a pousada que está até hoje
no Parque das Laranjeiras”. Diz Flávio Belotto.
“A estruturação do Parque das Laranjeiras foi bastante
importante, desde a construção da pousada, que foi através
de um projeto do Governo Federal, quando já se tinha a
confirmação de receber o mundial de 1997. O legado acabou
ficando e sendo utilizado até hoje. Grande parte da estrutura
do Parque se deve ao mundial. Claro que por ser uma estrutura
com mais de 20 anos de sua construção, necessita de reformas
e modernizações. Além de toda uma manutenção do espaço,
mas é um legado que dura até hoje”. Avalia Gustavo Selbach.
“Três Coroas aproveitou o momento que a FIC
queria expandir. Nós mostramos que tínhamos trabalho.
Nosso nível de organização e nossa estrutura era de alto nível.
As coisas aconteceram no momento certo. Em 1972, o esporte
não teve continuidade nas olimpíadas, pois não reunia vinte
países”. Comenta Leonardo Selbach, que destaca a participação
da população da cidade, para também reconhecer ainda
mais o esporte. “Antes as pessoas nos apoiavam, mas não
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tinham ideia do que era. Sabiam que os guris estavam numa
competição, que estávamos na Europa, mas em 1997 a cidade
toda estava no mundial”.
“A canoagem passou a ser um orgulho para as pessoas da
cidade. Qual a cidade que em tão pouco tempo manda atletas
pra olimpíadas e recebe um campeonato mundial? Isso passou
a fazer parte da identidade da cidade”. Considera Leonardo
Selbach. “O pessoal sempre apoiou em provas nas Laranjeiras,
acontece até hoje. Mas imagina isso num campeonato mundial,
com a beira do rio lotada, todo mundo incentivando, gritando,
dando força. É muito gratificante, a gente se sentiu valorizado.
O pessoal começou a ter um orgulho, é bom pra autoestima
da cidade. Depois do mundial em Três Coroas, as pessoas
também começaram a enxergar as dificuldades e começaram
apoiar ainda mais a canoagem”.
“Quando se falou que iria acontecer o mundial de 1997 em
Três Coroas, todo mundo se empolgou e ficou muito focado na
canoagem”. Lembra Márcio Tomazoni. “Muita gente começou
a remar na cidade, hoje em dia é bem difícil reunir tanta gente.
Todo mundo participava junto, era a família toda envolvida
nos eventos”.
“Um mundial na cidade onde treinávamos foi importante,
todo dia após o trabalho, íamos até o Parque das Laranjeiras. O
mundial de 1997 foi um estímulo, os melhores do mundo iriam
estar aqui”. Considera Cássio Petry.
Nos anos que antecederam o mundial, a maior parte da
equipe nacional de canoagem slalom era de Três Coroas. Como
forma de se preparar para o Mundial de 1997, os atletas também
precisavam participar de competições internacionais, viajando
para as provas no circuito europeu, nas principais pistas de
canoagem slalom do mundo.
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“O primeiro mundial realizado no Brasil, em Três Coroas,
foi muito bom. Tanto que 10 anos depois o evento aconteceu
em Foz do Iguaçu, no Paraná, e depois no Rio de Janeiro em
2018”. Considera Cristian Krummenauer. “Os atletas do Brasil
que iam viajar para competições internacionais nos anos 1990,
eram predominantemente de Três Coroas, os melhores do
Brasil estavam aqui, a melhor estrutura era aqui, ainda temos
um dos melhores centros de canoagem slalom do Brasil, com a
estrutura da Asteca e do Parque”.
“O calendário internacional da canoagem gira em torno
de cinco etapas da copa do mundo, além do mundial. Naquela
época, a gente participava de uma média de três etapas.
Conseguíamos algum patrocínio, a prefeitura também ajudou
bastante”. Conta Cássio Petry. “Em 1996, participei do meu
primeiro campeonato mundial júnior, na República Tcheca,
que também serviu de preparação para o meu primeiro
mundial sênior, que foi no ano seguinte em Três Coroas.
Mesmo depois de mais de 20 anos, às vezes encontramos no
circuito da Europa alguém que participou do mundial de 1997.
Sempre falam muito bem daquela edição, também perguntam
sobre Três Coroas”.
“Um ano antes do mundial, aconteceu um evento de
preparação, onde já tivemos representantes de vários países
europeus”. Lembra Cássio. Todo ano acontecia alguma prova
importante, Três Coroas sempre foi um grande palco da
canoagem brasileira. Além de Copa Brasil e Campeonatos
Brasileiros, também aconteceram provas Sul-americanas e Pan-
americanas no Parque das Laranjeiras.
“A gente superou todas as expectativas de todas as
nacionalidades. Estive presente nas principais provas desde
1993, essas viagens ajudaram muito na preparação. Muitos
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envolvidos colaboraram em todos os aspectos, desde a
cerimônia de abertura, até as balizas da pista, na arbitragem, a
tecnologia que na época foi usada para a medição de provas e os
resultados automatizados, que era uma novidade lá fora. Muitas
vezes fomos questionados sobre como um país de terceiro
mundo faria o mundial. O que foi feito em Três Coroas, mesmo
para a época, nunca tinha sido feito na canoagem slalom.
Não se pensou somente na parte técnica do evento, que foi
impecável. O evento foi grandioso para o circuito internacional
da canoagem. As entidades do município estavam bastante
envolvidas, ou no credenciamento, ou na alimentação, ou no
encaminhamento de qualquer necessidade. A comunidade
toda abraçou o evento”. Recorda Cristian Krummenauer. “Eu
lembro que quando entramos no ginásio municipal para a
abertura, foi um grande espetáculo o lançamento do mundial
de Três Coroas. Ali os atletas do mundo todo perceberam que
estavam em um evento diferente. Estavam sendo acolhidos por
uma comunidade que realmente estava abraçando o evento.
Eu desconheço algum outro mundial de canoagem, mesmo
posterior, que teve toda essa questão emocional envolvida”.
“Antes de 1997, a gente era muito querido por todos do
circuito internacional, mas apesar desse carinho, era muito
difícil a gente ter um grande respaldo. Depois de 1997 tudo
mudou, todos viam em nosso grupo um pouco daquela
experiência que foi compartilhada com todos remadores de alto
rendimento do mundo. Foi realmente um evento surpreendente.
Então existia uma preocupação de todas as nacionalidades, em
nos receber bem, em todas as competições”. Considera Cristian
Krummenauer.
“Depois do mundial de 1997, nas nossas viagens as
pessoas perguntavam sobre como estava a cidade. Todo
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mundo se sentiu muito bem acolhido aqui. O conceito de
canoagem no circuito mundial era ir lá, fazer a prova e ir
embora. Ter show, festejar, foi uma experiência nova pra eles
também.” Avalia Leonardo Selbach.
Aquela primeira ida para conhecer a canoagem slalom, em
Minas Gerais, deu resultados, pois muito daquilo foi aplicado
em Três Coroas. Mas agora, o intercâmbio era internacional.
“Antes do mundial de 1997, tivemos um período
com muita movimentação de atletas em Três Coroas.
Tivemos a realização do pré-mundial em 1996, também um
campeonato Pan-Americano em 1995. Procuramos trazer
pessoas para nos orientar dentro e fora da água. De 1992 até
1997, tivemos muitos intercâmbios e tudo isso nos fortaleceu
bastante. Algumas equipes vieram para treinar. A equipe
da Eslovênia ficou algumas semanas aqui, em 1997. Depois a
foi a vez da seleção da Espanha, isso tudo foi bem importante
para nós. Três Coroas se estruturou, também aprendeu muito
em questão de treinamentos e organização”. Considera Gustavo
Selbach. “A gente observava tudo que acontecia lá fora. Como
funcionava a questão das informações dentro de um evento, as
reuniões de chefes de equipe, a programação, o que deveríamos
manter e o que poderíamos inserir. Tentamos nos alinhar ao
padrão deles em todos os aspectos, desde a estrutura física até
a um roteiro que estivesse alinhado aos eventos internacionais”.
“O mundial de 1997, foi uma quebra de paradigma para a
canoagem mundial. Muitos consideravam nossa pista natural
abaixo do nível das pistas artificiais da Europa. Por outro lado,
muitos europeus achavam importante trazer uma competição
deste nível para o Brasil, saindo do eixo entre América do
Norte e Europa”. Recorda Gustavo Selbach. “O mundial de
1997 foi uma aprendizagem muito grande, nos doamos para
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realização do evento, sacrificando qualquer possibilidade
de resultado pelo sucesso da competição. Três Coroas se
tornou uma referência, por aqui passou atletas campeões
olímpicos, todos muito bem tratados e com muitas boas
lembranças para levar” .
“Um dos momentos que mais marcou os atletas europeus
foi a abertura do mundial de 1997, que aconteceu no Ginásio
Municipal lotado, com cinco mil pessoas. Tinha gente que já
havia participado de muitos eventos do tipo, ou mesmo de
olimpíadas, todos gostaram bastante da experiência, que foi
emocionante. As pessoas até hoje lembram de Três Coroas com
muito carinho”. Considera Gustavo Selbach.
“A cidade começou a entrar no ritmo do mundial um
ano antes, no pré-mundial de 1996. Os países com mais
recursos ficaram hospedados em hotéis de cidades vizinhas,
nas cidades da serra. Os países que tinham menos recursos
ficaram hospedados em casas de famílias, proporcionando
uma experiência também pra comunidade”. Recorda Leonardo
Selbach. “A solenidade de abertura no ginásio foi sensacional,
o público participando junto”.
Um ano depois da definição do mundial, as melhorias
começaram a ser feitas no Parque das Laranjeiras.
“Em 1995, o mundial de Nottingham, na Inglaterra, foi
em um canal artificial. Deu pra ver que, para Três Coroas, seria
preciso fazer alguns ajustes. Tivemos uma enchente um tempo
antes do mundial, precisamos reconstruir a pista, ajustar o que
ficou alterado”. Diz Gustavo Selbach.
“A gente teve bastante dificuldade, principalmente na parte
técnica de montagem da pista. Isso porque tivemos o cuidado
para fazer melhorias na pista sem agredir a natureza, sem usar
máquinas pesadas no rio, o que foi um pouco demorado e
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difícil”. Recorda Flávio Belotto.
Com isso, a essência do Rio Paranhana foi mantida,
preservando a virtude de sua relação com a natureza.
“No início do Parque das Laranjeiras, o trecho com a curva
do S era ideal para uma boa pista, mas no trecho final precisamos
fazer alterações para melhorar as corredeiras”. Destaca Flávio.
“Além da pista, a gente tinha outra questão que poderia
ser complicada, que seria preparar uma equipe de trabalho
para receber mais de 30 países”. Considera Flávio. “O Pan-
Americano de 1995 foi o primeiro evento teste para servir
de aprendizado. Também para capacitar as pessoas para
arbitragem, credenciamento, refeições e tudo que deveria ser
aprendido na prática”.
Em 1996, a última etapa da copa do mundo de canoagem
aconteceu em Três Coroas e contou com a participação de 16
países. Era o último evento teste.
Nos quatro dias ocorreu escalas de arbitragem
podendo revezar quem atuava nas provas. “Chegamos ao
mundial muito bem organizados. Após a etapa da copa
do mundo, ficamos muito bem preparados, com mais de
100 árbitros brasileiros”. Recorda Flávio Belotto. “Por ter
sido o primeiro mundial no país, buscamos muitas pessoas
envolvidas com a canoagem de outros lugares do Brasil,
essa integração foi muito bacana”.
“Em 1997, quando as delegações internacionais vieram
para o mundial de canoagem em Três Coroas, o governo
paranaense realizou os jogos mundiais da natureza. Foi um
grande evento em Foz do Iguaçu, considerado por muitos a
olimpíada do esporte de natureza, que teve somente uma
edição. O campeonato de Três Coroas terminou no domingo,
após isso, tive o privilégio de embarcar na mesma noite em
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um voo da Varig, junto com toda delegação mundial, de Porto
Alegre para Foz do Iguaçu. Na ocasião, fizemos o lançamento
da pedra fundamental da construção da primeira pista artificial
da América do Sul, que recebeu o mundial de 2007, 10 anos
depois”. Recorda Cristian Krummenauer.
Após participar do mundial de 1997, vieram os
jogos da natureza, que foram realizados nas Cataratas do
Iguaçu, onde Cássio Petry fez uma aquisição de novos
equipamentos. “Comprei um barco um pouco melhor, de um
canadense. A gente trocava o equipamento uma vez por ano,
as vezes duas. Sempre foi difícil importar, então a gente já
fazia contato com os gringos, pra quando viessem ao Brasil,
vender o equipamento no final do período passado aqui.
Nas competições por aqui, nos anos de 1996 e 1997, muitos
materiais de qualidade ficaram no Brasil”. Recorda. “Já existia
um projeto para fazer essa pista artificial em Foz, usando o
canal da piracema que seria construído junto à barragem”.
Realmente teve muito equipamento de qualidade sendo
trazido para o Brasil e ficando por aqui, colaborando com o
desenvolvimento da canoagem.
“Era o jeito que tínhamos pra adquirir um equipamento
melhor. Alguns dos gringos que vinham para o Brasil, mais gente
boa, vendiam o barco mesmo no início da temporada”. Revela
Édrei Ascencio, que em 1996, participou pela primeira vez de
uma prova em Três Coroas, o Pré-mundial, e voltou para a
cidade Piracicaba, em São Paulo, com a bagagem carregada de
experiências. Além de um novo barco”.
As associações no Brasil se organizaram bastante após
o mundial de 1997. “A gente veio para Três Coroas adquirir
experiência mesmo. Nossa associação era bem pequena,
estávamos bem no início em Piracicaba”. Diz Édrei Ascencio.
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“Os gringos até hoje falam de Três Coroas como sendo a
realizadora de um mundial fora do eixo, em 1997. Para nós,
o legado pós evento foi incrível. Focamos em qualificar a
Associação de Canoagem de Piracicaba, que já existia na
informalidade. Colocamos ela no papel, corremos atrás de
patrocínios e nos inserimos em projetos sociais da prefeitura”.
Eventualmente, comentarista de canoagem pelo
canal Sportv, Édrei também fez parte de um grupo de treinadores
de um programa que trabalhava com o desenvolvimento da
modalidade para países sulamericanos. “O evento de 1997
foi de fundamental importância para o desenvolvimento do
esporte no Brasil e na América Latina”.
“Os espaços que no Mundial de 1997 era sala de imprensa,
sala antidoping, check in de atletas e tudo mais, virou a pousada,
restaurante, e toda a estrutura que temos hoje. É um modelo
que deu certo”. Considera Édrei Ascencio.
Após competir na modalidade C2 no Mundial de
1997, a competitividade ficou um pouco de lado para
impulsionar o esporte no estado de São Paulo. “Uma das
características da Associação de Canoagem de Piracicaba,
a Ascapi, também da trescoroense Asteca, que carregam
uma forma de pensamento parecida, é, além de preparar
atletas para o alto rendimento, também desenvolver a
cidadania”. Finaliza Édrei Ascencio.
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O TURISMO DE AVENTURA
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OLIMPÍADAS DE 2000 NA AUSTRÁLIA
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MODERNIZAÇÃO DA CANOAGEM BRASILEIRA
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“É uma ideia que não tem relação com o início da
canoagem, que é descer o rio em uma corredeira. Isso, nós
temos que valorizar em Três Coroas, o contato com a natureza.
Recebemos muitos elogios desde a época do Mundial de 1997,
por remanejar o rio sem destruir a natureza”. Considera Flávio
Belotto.
Mesmo nas pistas do circuito internacional, nem sempre
têm essas características de manter a vegetação e funcionar em
harmonia com a natureza.
“Nossos rios e nosso clima permite uma pista única,
uma virtude do Brasil. Na Europa, muitas pistas ficam sem
condições de uso no inverno, além do frio extremo, as
corredeiras diminuem com a falta de chuva”. Comenta Flávio
Belotto. “Aqui, temos uma pista sempre em atividade. Assim
como a Associação sempre está com condições de garantir
uma estrutura. Inclusive, recebendo atletas de outros países
para treinar”.
“Fui prestigiar o Mundial de 2007 (Foz do Iguaçu), mesmo
não remando mais. Foi um divisor de águas. A tecnologia e
os investimentos já tinham evoluído bastante em relação a
1997”. Revela Fabio Fritz Haack.
Os investimentos no Paraná começaram a ser projetados
após o Mundial de 1997. “A gente duvidava que tivesse uma
pista artificial em Foz do Iguaçu”. Diz Édrei Ascencio.
“Existia esse projeto e muitos duvidavam que essa
pista junto da usina, no canal da piracema, fosse realmente
concluída”. Comenta Gustavo Selbach. “Uma década após o
mundial de 1997, a canoagem brasileira vivia outro momento.
A competição foi na primeira pista artificial construída no
Brasil”.
“Era outro momento, a estrutura em uma cidade grande
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também ajudou no esporte. Mesmo que não tenha acontecido
resultados importantes, uma cidade grande deu uma
visibilidade importante para a canoagem brasileira. Se o esporte
não fosse levado a sério não teria entrado em Itaipu. Aos olhos
do mundo, foi uma evolução do esporte no Brasil”. Considera
Gustavo Selbach.
“1996 e 1997 foram anos de grande reconhecimento da
canoagem slalom no Brasil, com isso, novos centros de canoagem
começaram a se organizar em diversos lugares do país. Para o
alto rendimento, isso foi muito bom, inclusive com a criação
de um centro de treinamento para atletas da seleção. Com isso,
as associações perderam um pouco do protagonismo”. Reflete
Flávio Belotto. “A pista de Foz do Iguaçu deu um novo patamar
para a canoagem brasileira.”
Em 2001, foi construído o primeiro Centro de Treinamento
de Canoagem Slalom do Brasil, em Tibagi no Paraná.
“Em 2001, com a inauguração do Centro de Treinamento
em Tibagi, eu optei por não treinar lá, priorizei permanecer em
Três Coroas”. Diz Gustavo Selbach.
“Fiquei de 2002 até 2006 treinando em Tibagi. Tinha uma
estrutura, salário, treinador, alimentação”. Fala Cássio Petry.
“Depois de 2006, com a inauguração da primeira pista artificial
do Brasil em Foz do Iguaçu/PR, o CT foi transferido para lá”.
“Três Coroas recebeu o Campeonato Sul-Americano em
2001. Eu era bastante reconhecido pelos resultados e
pela participação nas olimpíadas”. Recorda Cássio Petry, sobre
aquele ano que entrou para a história pelo cancelamento do
Mundial de Canoagem que seria realizado nos Estados Unidos.
“Treinei o ano todo e a principal prova do ano não
aconteceu, que seria o mundial nos Estados Unidos. No dia
que iria embarcar, com as malas prontas, liguei o rádio do
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carro e ouvi algumas coisas. Fui pra televisão e vi que os voos
estavam cancelados”. Revela Gustavo Selbach. “De primeiro
momento, tentaram adiar o mundial, mas depois de alguns
dias a principal prova do ano foi realmente cancelada”.
Algumas equipes já estavam lá, mas outros países não
conseguiram ir devido aos cancelamentos de voos após os
atentados de 11 de setembro daquele ano. Cássio Petry também
estaria na prova. “Eu vi na televisão que estavam cancelados os
voos para os Estados Unidos. Eu estava trabalhando na Canoe e
teria o voo no dia seguinte. Uns quatro dias após o atentado,
o mundial foi cancelado, pois já começariam os treinos
oficiais”. Revela.
No ano de 2002, o Mundial foi disputado na França. “O
rio era tão forte, que antes de um competidor largar, ainda
no aquecimento, acima da pista, ele virou e passou com
barco virado pela largada”. Recorda Cássio Petry. “Um rio
natural, mas modificado. Poucos rios naturais são usados no
circuito atualmente”. Completa.
Em 2003, na Alemanha, continuava a busca pelos bons
resultados, mesmo com pouca estrutura. “Foi um bom resultado,
no começo da prova eu estava entre os 12 melhores do mundo.
Acabei ficando na semifinal daquela competição”. Diz Cássio
Petry. “Muitas vezes, eu chegava dois dias antes de iniciar uma
competição internacional. Um atleta de alto rendimento não
consegue bons resultados dessa forma”.
“O esporte mudou muito, as provas estão muito mais
rápidas, o nível aumentou. Apesar disso, as planilhas de
treino, os métodos de treinamento que eram usados, ainda
são importantes. Não precisamos muito mais do que temos
hoje, o mais importante é manter o foco que os resultados
acontecem”. Comenta Cássio Petry.
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O mundial de 2003 foi em uma pista bastante técnica, a
prova foi seletiva olímpica. “Após 45 dias na Europa, chegamos
na competição muito bem. Ficamos muito perto da vaga. Foi
uma competição de nível técnico muito equilibrado. No ano
seguinte, aconteceu outra seletiva, em Atenas na Grécia, em um
canal de água salgada, uma pista forte e muito difícil”. Considera
Gustavo Selbach.
Em 2003, aconteceu um campeonato Pan-Americano nos
Estados Unidos.
“Não tinha expectativa de disputar, mas 10 dias antes
da competição a confederação me ligou e pediu se queria
participar. Tinha voltado a pouco tempo do mundial e
um período de treinos na Europa. Fomos e conseguimos bons
resultados”. Comenta Gustavo Selbach.
Cássio Petry conquistou a prata na categoria C1. Enquanto
Gustavo Selbach trouxe o bronze no K1. Ambos estiveram
muito próximos dos primeiros colocados.
Desde a volta da canoagem slalom aos jogos olímpicos,
em 1992, somente nos jogos de 2004 o Brasil não
teve representantes na modalidade. “Nas seletivas para 2004,
não conseguimos a vaga olímpica. Para 2008, foram mais
investimentos, isso mudou muita coisa. Na nossa época,
buscávamos apoio para comprar equipamentos. Hoje temos
atletas que podem se preocupar somente em treinar, com
equipamentos da confederação e bolsa de auxílio para se
manter”. Avalia Cássio Petry. “Não se forma um atleta em seis
meses, ou um ano”. Conclui.
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MODERNIZAÇÃO DA CANOAGEM BRASILEIRA II
73
REMAR NO PARQUE DAS LARANJEIRAS É
DIFERENTE!
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MUNDIAL MASTER 2013
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Recentemente, teve outro mundial master, no mesmo lugar,
às vezes eu recebo convite de amigos pra participar”. Conta
Gustavo Selbach.
“A gente foi com nosso próprio dinheiro, também para
comprar equipamentos”. Recorda, também, Cássio Petry.
“Tinha muita gente com quem já tinha competido em outros
momentos da carreira. Foi uma das minhas últimas viagens
enquanto atleta e a última conquista internacional. Depois
desse campeonato, voltei a competir somente no Brasil”.
“Os equipamentos, no início, eram os fabricados no Brasil
mesmo. Barcos modelo surfinho e remos com pá de plástico,
muitos com cabo de madeira, que eram bem mais pesados.
Os caiaques tinham o dobro do peso de hoje”. Recorda Roger
Eckhard.
O esporte está sempre em evolução, o material de
ponta também chegou quando os atletas locais começaram
a viajar para as provas internacionais. Lá adquiriam novos
equipamentos, então passavam os usados para os demais
atletas da cidade.
“Pra gente ter acesso a equipamento de competição,
só depois das primeiras viagens pro exterior. Depois que
começaram a vir os gringos, eles deixavam algum equipamento,
que era muito disputado. Além disso, quando a gente vinha
de competições na Europa, trazia equipamentos e acabava
repassando pros atletas daqui”. Revela Márcio Tomazoni. “O
maior volume de estrangeiros por aqui foi no Pré-mundial de
1996 e no Mundial de 1997, então, muito equipamento ficou
por aqui”.
“Mudaram muito os equipamentos. Nossos barcos eram
de 4 metros, de carbono, hoje são de 3,5 metros, e mais leves
ainda, conforme as mudanças das regras”. Comenta Cristian
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Krummenauer. “O slalom está sempre em evolução. Hoje
existe um colete salva vidas com 1 centímetro de espessura,
que antigamente era de 5 centímetros, uma diferença que
muda bastante a mobilidade para o atleta de alto rendimento”.
Conclui.
“Quando comecei a me dedicar para o slalom, meu
primeiro barco foi de uma fabricante de Minas Gerais, que fazia
um equipamento mais específico para a modalidade, produzido
em fibra de vidro. Mas o que foi importante para aquisição
de equipamentos melhores foram as viagens para o circuito
internacional, de onde sempre trazíamos novidades”. Recorda
Gustavo Selbach. “Todos os anos, ao trocar de equipamentos,
o que estava sendo usado era vendido aos demais remadores.
Dessa forma, aos poucos, conseguimos deixar o pessoal da
cidade com um equipamento melhor”.
“Em uma viagem, cheguei a trazer 12 remos novos para
repassar pro pessoal. Sem interesse financeiro, mas para ver o
esporte evoluir”. Comenta Gustavo Selbach, que confirma que
ficaram muitos barcos em Três Coroas após a Copa do Mundo
de 1996. “Foi um prato cheio, não só pra nós, mas pra todo
mundo da América do Sul”.
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OLIMPÍADAS 2016 E A ARBITRAGEM
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ESCOLA DE CANOAGEM DA ASTECA
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O NOVO MOMENTO DA CANOAGEM
BRASILEIRA
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CAMPEONATOS PAN-AMERICANOS DE 2018
E 2019 EM TRÊS COROAS
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Estados Unidos. Mas um próprio americano, que faz parte da
Confederação Panamericana, sugeriu fazer em Três Coroas
novamente”. Revela Jean Möller. “A princípio, a competição
seria no Peru, como um evento teste para a pista dos jogos
Pan-Americanos. A pista não ficou pronta a tempo. As opções
então foram na Argentina, que tem poucas pistas e sem muita
qualidade técnica, mas sempre é uma opção. Além da pista
artificial de Charlotte, nos Estados Unidos”.
Mas o Campeonato Pan-Americano de 2019 foi no Parque
das Laranjeiras novamente, seis meses após o realizado em
2018.
“Os atletas ficaram satisfeitos com a estrutura, o nível do
rio e a oportunidade de desenvolvimento no esporte. Alguns
peruanos permaneceram após o Pan-Americano de 2019
treinando em Três Coroas, fazendo a preparação para os Jogos
Pan-Americanos de Lima, em seu país. A gente tem uma
estrutura muito boa”. Destaca Jean Möller.
“Três Coroas tem credibilidade dentro do contexto Pan-
Americano. todo mundo gosta da cidade. Juntando isso com
a capacidade de organização que a cidade oferece, com boa
estrutura, o rio bom, e temos atletas muito bons, isso tudo
ajuda”. Destaca Gustavo Selbach. “A cidade continua sendo
importante, uma referência para o esporte. Eu diria que no
Brasil não existe um local com melhores possibilidades e uma
estrutura que se sustenta ao longo do tempo igual Três Coroas”.
No campeonato Pan-Americano de 2018, o instrutor da
Asteca e atleta, Guilherme Mapelli, teve a torcida dos alunos
que o viram participar de uma competição internacional.
Não teria como deixar de ser um exemplo. “Me dedicando na
canoagem e estudando, sigo tentando ser um bom exemplo aos
mais jovens”.
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“Hoje existe uma discussão mundial para não construção
de pistas que não tenham água por vertentes naturais, isso não
é mais sustentável. Ainda foi construída uma pista assim no Rio
de Janeiro, que fica abandonada. Existe um amadurecimento e
Três Coroas faz parte disso, pois mesmo depois de 20 anos,
continua sendo uma pista importante. Muito bela, com uma
comunidade participativa. Isso faz diferença na modalidade”.
Considera Cristian Krummenauer.
“Há mais de 30 anos Três Coroas sempre realiza algum
campeonato importante, alguma etapa da Copa Brasil,
Campeonato Brasileiro, Sul-americano, Pan-Americano, Copa
do Mundo ou Mundial. Hoje, podemos dizer que a cidade
está entre as melhores estruturas do Brasil para a prática da
canoagem slalom. O Rio de Janeiro tem um custo e não tem
atletas locais, já no Paraná a pista tem as questões ambientais
e nem sempre tem disponibilidade no canal. Em Três Coroas,
mesmo com o rafting, a canoagem pode ser praticada o ano
todo. Quando tem prova marcada para Três Coroas, todos os
atletas do Brasil esperam e sabem que vai acontecer um bom
evento. A Asteca tem um papel fundamental pra fazer as coisas
acontecerem”. Analisa Cássio Petry.
“A Asteca é uma das únicas associações de canoagem
que tem autonomia no Brasil, muito pela concessão de uso
do Parque das Laranjeiras. Com isso a Asteca consegue
angariar fundos e não precisa bater na porta de político, ou
construir projeto pra conseguir algum dinheiro e organizar as
competições”. Observa Édrei Ascencio.
“Nossa pista não perde nada para muitos lugares do
mundo. Temos água o ano todo, em qualquer momento podemos
fazer um bom evento, temos um lugar ótimo”. Destaca Fabio Fritz
Haack.
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“A gente tem a melhor estrutura de organização de uma
competição no Brasil. Tem tudo na mão”. Observa Cristiano
Arozi.
“Três Coroas é mais que uma pista, é um contexto. Poucas
entidades no Brasil conseguem ter esse apoio da comunidade.
A canoagem consegue se manter através do Parque das
Laranjeiras, que é municipal, que garante a continuidade
do esporte. Três Coroas é a válvula de escape da canoagem
brasileira, com uma estrutura e um custo que a associação
consegue manter”. Considera Leonardo Selbach. “É um motivo
de orgulho não ficar dependendo de recursos públicos pra
tudo, a Associação consegue se manter e gerar sustentabilidade
através do Parque”.
“A gente conseguiu se manter. Todos os anos tivemos
provas nacionais, muitas vezes o campeonato brasileiro, que é
a prova principal”. Comemora Flávio Belotto.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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