ISBN 978-85-85014-79-7

ISBN 978-85-85014-79-7

O den de Eva
Descritivo ilustrado das espcies medicinais
do Horto Eva Michalak

Antnio Amaury Silva Junior

Eva Michalak

Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina

Florianpolis
2014

1
Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina (Epagri)
Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, Caixa Postal 502
88034-901 Florianpolis, SC, Brasil
Fone: (48) 3665-5000, fax: (48) 3665-5010
Site: www.epagri.sc.gov.br

Governo de Santa Catarina

Joo Raimundo Colombo Governador do Estado
Eduardo Pinho Moreira Vice-Governador do Estado
Joo Rodrigues Secretrio de Estado da Agricultura e da Pesca
Luiz Ademir Hessmann Presidente da Epagri
Ditmar Afonso Zimath Diretor de Extenso Rural
Luiz Antnio Palladini Diretor de Cincia, Tecnologia e Inovao
Neiva Dalla Vecchia Diretora de Desenvolvimento Institucional
Paulo Roberto Lisboa Arruda Diretor de Administrao e Finanas

Editado pela Gerncia de Marketing e Comunicao (GMC).

Editoria tcnica: Paulo Sergio Tagliari

Reviso e padronizao: Joo Batista Leonel Ghizoni
Capa e arte-final: Victor Berretta

Assessoria tcnico-cientfica deste trabalho:

Airton Rodrigues Salerno - Epagri
Alexandre Visconti - Epagri
Ceclia C. Osaida Biloga/Stio Harmonia Natural
Fabio Martinho Zambonim - Epagri
Francisco R. C. do Esprito Santo Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Cepaf)
Juarez Jos Vanni Mller - Epagri
Karen Denez Farmacutica/Relatora Cmara Setorial de Plantas Medicinais

Primeira edio: mar. 2014

Tiragem: 1.000 exemplares
Impresso: Dioesc

permitida a reproduo parcial deste trabalho desde que citada a fonte.

Ficha catalogrfica

SILVA JUNIOR, A.A.; MICHALAK, E. O den de Eva. Floria-

npolis: Epagri, 2014, 227p.

Planta medicinal; Farmacologia; Planta bioativa; taxono-

mia vegetal.
ISBN 978-85-85014-79-7

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 APRESENTAO

Em 1996 a Epagri iniciou oficialmente aes de pesquisa na rea de plantas

bioativas, visando principalmente viabilizar o cultivo de novas alternativas de renda
para a agricultura catarinense. Para atingir esse maior objetivo, a equipe de pesquisa
contou inicialmente com uma forte aliada, a Irm Eva Michalak, da Congregao
das Irms Catequistas Franciscanas. Essa parceria culminou com a implantao,
na Epagri/Estao Experimental de Itaja, do maior banco ativo de germoplasma
(BAG) de espcies bioativas da Amrica do Sul. Recentemente, a Epagri tornou-se
oficialmente Fiel Depositria de Espcies Bioativas no Brasil.
Cada vez mais cresce a importncia das plantas bioativas, observando-se um
crescimento mundial de 20% ao ano. O mercado brasileiro saltou de R$500 milhes
em 1998 para R$1bilho em 2010. E Santa Catarina, apesar de iniciar os primeiros
cultivos s em 2002, j produz cerca de 15 espcies bioativas, que so destinadas
ao comrcio e indstria. Nesse particular, Santa Catarina destaca-se no cenrio
nacional pela produo de plantas nativas produtoras de leo essencial e espcies
bioativas nutracuticas.
A obra aqui apresentada O den de Eva uma das vrias publicaes geradas
pela Epagri na rea de plantas bioativas, como resultado direto das observaes
etnobotnicas da Irm Eva aliadas s informaes cientficas que comprovam a
maior parte do conhecimento popular. A obra, de carter tcnico, destina-se aos
profissionais da rea, professores, pesquisadores, empreendedores, estudantes
universitrios e ao pblico em geral. Mas apresenta tambm um alcance social,
informando as populaes rurais e urbanas acerca das caractersticas botnicas,
farmacolgicas e toxicolgicas das espcies bioativas mais utilizadas no Brasil.

A Diretoria Executiva

3
4
 Biografia da Irm Eva Michalak

A Irm Eva Michalak nasceu no dia 12 de julho de 1912 em Massarandubinha,

municpio de Massaranduba, SC. O pai, Ladislau Michalak, era natural da Polnia,
e sua me, Anna Otembreit Michalak, natural da Galcia. Seu av materno era da
Alemanha.
Em junho de 1929, aos 17 anos de idade, ingressou na ento Companhia das
Irms Catequistas Franciscanas em Rodeio, SC. Fez sua profisso religiosa no dia 14
de janeiro de 1931. Trabalhou como professora em escolas primrias de diversos
municpios de Santa Catarina, como em Travesso do Tigre, municpio de Benedito
Novo; Campinas, no municpio de Massaranduba; Rio Waldrich, municpio de Salete;
Guaricanas II e Rio Morto, ambas no municpio de Ascurra. Em 1957, passou a
residir na Casa Me1 de Rodeio, onde se dedicou ao cultivo de plantas ornamentais,
frutferas e, sobretudo, medicinais. Faleceu no dia 31 de maio de 2007, vtima de
pneumonia, no hospital Beatriz Ramos, em Indaial, SC, aos 94 anos.
A Irm Eva somente pde concluir o antigo Curso Escolar Normal Regional,
no obstante sua inteligncia notria. Lia muito. Gostava de fazer pesquisas nas
bibliotecas e falar com pessoas conhecedoras dos campos da cincia, principalmente
da botnica. No guardava nada para si. Sempre alegre e disponvel, repassava o
que sabia e descobria sobre plantas medicinais. Era consultada por estudantes de
medicina, mdicos e professores de diversas universidades.
Existem pessoas que, ao partir desta Terra, deixam marcas que as tornam
sempre presentes pela lembrana de seus feitos. A Irm Eva tambm deixou suas
marcas. Era amiga da natureza, vivia mergulhada nela, fazia parte dela. Sempre
descala, silenciosa, respeitosa, debruada sobre a me Terra, ouvia sua voz
harmoniosa e aprendia a sabedoria que as plantas, os pssaros e os animais, no
silncio, lhe transmitiam. Conversava com eles, mais do que conversava com a
fraternidade das irms que com ela moravam e sentiam sua falta. Dizia: As pessoas
cometem deslizes, fraudes, abrem feridas; as plantas, no. Elas so benfeitoras. Curam
os males gratuitamente. s cultiv-las com amor e carinho. por isso que a Irm
Eva atendia as pessoas gratuitamente, passando os conhecimentos que aprendia da
me natureza, lembrando-se da frase do evangelho, de graa recebestes, de graa
dai (Mt. 10, 8).
1
Assim chamada por ser o bero da Congregao das Irms Catequistas Franciscanas.

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 A Irm Eva era, pois, uma Irm Catequista Franciscana que, a exemplo de So
Francisco de Assis, amava a natureza. A ecologia e a integridade da criao j faziam
parte de seu estilo de vida franciscano e, como professora primria, transmitia a seus
alunos e aos pais os conhecimentos que ia adquirindo ao longo dos anos em suas
constantes pesquisas.
A histria de seu conhecimento botnico e fitoterpico comeou quando, nos
idos de 1931, o Frei Cirilo Stroka, de origem polonesa, como a Irm Eva, deu-lhe um
livro de medicina caseira, em lngua polonesa, da autoria de Leonard de Verdman
Jaques de Varsvia. Ele lhe pediu que estudasse bem o livro e usasse aqueles
conhecimentos para atender as pessoas com remdios caseiros, pois no havia
farmcias nessas regies do interior onde ela trabalhava como professora.
O resultado foi to positivo que ela passou a dedicar-se ao cultivo de plantas
frutferas e, principalmente, medicinais. Nas escolas onde lecionava, os clubes
agrcolas passaram a ser o ponto alto, estimulando o cultivo de hortas tanto nas
escolas quanto nas residncias dos alunos. Os valores dos produtos vendidos eram
destinados Associao de Pais e Mestres, que, com essa pequena verba, levava as
crianas a fazer belos passeios, aumentando seus conhecimentos.
Depois que deixou o cargo de professora, passou a morar em Rodeio, SC,
cidade onde nasceu a Congregao das Irms Catequistas Franciscanas (Cicaf), e ali
comeou seu pequeno horto florestal, onde montou tambm um museu histrico.
Acompanhava a Ministra Geral2 em suas viagens de visita s irms para colher
sementes, adquirir mudas de espcies diferentes e ampliar seus conhecimentos
sobre plantas frutferas e medicinais. Por diversas vezes passou alguns dias no Jardim
Botnico do Rio de Janeiro e no Museu Nacional lendo livros e matrias a respeito
de botnica e zoologia. Falava de botnica como uma especialista. Muitas vezes, os
alunos da Universidade Regional de Blumenau (Furb) passavam o dia conversando
com ela e ouvindo seus conhecimentos. Quando no estava trabalhando no seu
horto, lia muito em portugus, polons e ingls ou respondia s muitas cartas de
consultas recebidas. Podemos ver isso numa carta conservada de Frei Aurlio Stulzer
que, no final da vida, se dedicou inteiramente fitoterapia e tambm se comunicava
com a Irm Eva trocando informaes. Fundou uma pequena farmcia em Vila Velha,
PR, junto ao Santurio do Divino Esprito Santo, onde, ainda hoje, um grupo de
voluntrios atua utilizando o que foi aprendido sobre a eficcia das ervas medicinais,
a preparao de tinturas-me e medicamentos homeopticos, conforme os preceitos
da Irm Eva, que era autodidata.
Dedicava-se inteiramente Pastoral da Sade e, com suas ervas medicinais,
atendia inmeras pessoas da localidade e at de outros estados. Ensinava a fazer
os chs e orientava o plantio das mudinhas que ela mesma fornecia. Impressiona
o nmero das pessoas que se curavam! Vinham em caravanas sua procura. A
comunidade de irms com a qual vivia tambm se envolveu nesse movimento para
2
Ministra Geral: trata-se de uma referncia ao termo adotado por So Francisco de Assis para a pessoa
que, entre os irmos, assumisse algum servio de animao. Na Cicaf, o ttulo de ministra geral atribudo
irm que coordena a Congregao.

6
melhor atender a todas as pessoas e grupos que procuravam pela Irm Eva. No
por nada que o rodeense Jnior Pasqualini escreveu, por ocasio da morte dela:
Irm Eva, alm de serva de Deus, foi professora do povo e de cientistas. Deixou um
legado a todos. Nosso relacionamento com a me natureza o melhor caminho para
termos uma vida excelente. a qualidade de vida que todos procuramos.
Um telegrama, datado de 31 de julho de 2007, da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), por ocasio de sua morte, dizia: Os integrantes do Horto
de Plantas Medicinais do Hospital Universitrio da Universidade Federal de Santa
Catarina lamentam profundamente a perda da estimada Irm Eva. Durante muitos
anos ela foi fundamental aos profissionais e estudantes da UFSC, recebendo-os
carinhosamente, demonstrando sua sabedoria e amor s plantas, vida e terra.
Seus ps descalos sero sempre lembrados como smbolo de humildade e de amor
e ateno aos simples.
A Irm Eva recebeu da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina
medalha de honra ao mrito concedida s mulheres que se destacaram nas mais
variadas funes. Recebeu, tambm, medalha por seu notvel trabalho na rea
fitoterpica e, como diz o texto, Alm do conhecimento enciclopdico sobre plantas
e ervas medicinais, Irm Eva estava frente das causas ambientais. A intimidade com
a natureza transparecia em seu estilo de vida. Com os ps descalos, uma marca
registrada, cuidava de um horto com centenas de espcies de frutas e plantas. A
Irm Eva concedeu muitas entrevistas, a redes de televiso principalmente, sempre
defendendo o carinho e respeito que devemos ter com a me natureza. Muitos
artigos foram publicados em jornais locais e estaduais, alm de entrevistas dadas
TV Cultura do Estado de So Paulo, motivo das caravanas que tambm de l vinham
at ela em Rodeio.
Uma mestranda da UFSC fez seu trabalho de dissertao de mestrado do
curso de ps-graduao em agroecossistema, junto Irma Eva, a pedido de seu
coordenador, Jos Antnio Ribas Ribeiro, hospedando-se na prpria casa das Irms. A
pretenso do Curso de Cincias Agrrias era, aps o trabalho de campo, realizar uma
publicao, a mais completa possvel, contendo toda a notvel experincia da Irm
Eva. Foi-lhe concedida autorizao para o citado projeto por considerar que ele tinha
relevante valor histrico e traduziria tambm os anseios de preservao e cultivo
da natureza das Irms Catequistas Franciscanas. Em 1997, com a ajuda da Epagri,
a referida estudante lanou um livro contendo seus conhecimentos fitoterpicos e
plantas medicinais, financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e a
pela Prefeitura Municipal de Rodeio.
Para os dias de hoje, em que a depredao e a destruio da natureza
acontecem sem considerao e sem medida, em que a alimentao humana se torna,
cada vez mais, causa de doenas srias, a Irm Eva nos deixou uma grande lio: A
Me Terra, com seus imensos mananciais de gua, criada por Deus para benefcio de
toda criatura, precisa ser respeitada e amada para poder produzir, livremente, sem
agrotxicos, se queremos qualidade de vida para todo ser vivente.

7
 Mesmo nos ltimos anos de sua vida, quando teve srias dificuldades de
audio, obtendo resultados positivos com suas receitas, colaborou com jornalistas,
mdicos, alunos e, sobretudo, pessoas simples e o fez com muita alegria. No
aceitava remunerao, apesar de no usufruir de nenhuma aposentadoria por opo
prpria, nem da de professora. E entendia que a natureza gratuita, e ela era apenas
um instrumento dessa gratuidade. O suporte de seu sustento vinha exclusivamente
da Congregao a que pertencia.
Alberto Caeiro nos diz: Sejamos simples e calmos, como os regatos e os
animais, e Deus amar-nos- fazendo de ns belos como as rvores e os regatos, e
dar-nos- verdor na sua primavera, e um rio onde ir ter quando acabamos.

Irm Augusta Neotti CF

Irm Eva Michalak em seu horto

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 Cem anos de histria... Breve histrico da
Congregao das Irms Catequistas Franciscanas

Com a vinda de italianos ao Vale do Itaja, em Santa Catarina, em 1875, formou-

-se a cidade de Rodeio. Como em outras cidades do Estado, tambm em Rodeio as
escolas eram mantidas pelas comunidades e muitas delas sob a responsabilidade da
parquia local.
No incio do sculo 20, o Frei Polycarpo Schuhen era proco em Rodeio.
Como havia necessidade de professores para as chamadas escolas paroquiais, Frei
Polycarpo dirigiu-se Pia Unio das Filhas de Maria e Ordem Franciscana Secular
em busca de colaboradores. A primeira jovem que se apresentou com grande desejo
de colaborar foi Ambile Avosani, que, em 4 de agosto de 1913, assumiu a escola
em Aquidab, hoje municpio de Apina, SC. Tempos depois vieram sua irm Maria
Avosani e Liduna Venturi, tambm jovens, que passaram a assumir o trabalho na
regio de So Virglio, em Rodeio.
Foi na igreja dessa pequena comunidade que, no dia 14 de janeiro de 1915,
as trs jovens, interrogadas pelo Frei Polycarpo, manifestaram sua pronta deciso
de dar continuidade ao trabalho nas escolas. Foi de Maria Avosani que veio o sim
decisivo: Um ano, no, padre. Ns queremos ficar sempre.
Esse foi o incio da Congregao das Irms Catequistas Franciscanas. Aos
poucos, outras tantas jovens foram-se unindo ao grupo, animadas pelo mesmo ideal
apostlico de contribuir para a evangelizao por meio da educao e da catequese.
Passaram a formar pequenas fraternidades inseridas em meio ao povo simples, em
comunidades rurais do interior da parquia. A vida era simples e se assemelhava
muito dos camponeses imigrantes que viviam na regio. Ocupavam-se com os
trabalhos escolares, ajudavam em atividades na igreja e dedicavam-se s funes da
casa e aos trabalhos hortigranjeiros.
No incio, o grupo contou com orientao e apoio das irms da Congregao da
Divina Providncia, sobretudo da Irm Clemncia Beninc. Elas residiam em Rodeio
desde 1905, onde mantinham uma farmcia e tambm lecionavam em escolas
paroquiais. Em 1929, as irms elegeram Irm Maria Avosani a primeira superiora,

9
com Frei Bruno Linden frente da parquia. Sob sua influncia, as irms adotaram o
hbito religioso. Em 1931, Dom Pio de Freitas, primeiro bispo de Joinville, informou
a Congregao dos Religiosos da existncia do grupo de irms que, no incio, se
chamou de Companhia das Catequistas.
Aos poucos o grupo foi crescendo e se expandindo para outras regies. Em
1947 as irms foram em misso para o estado de Mato Grosso, ao mesmo tempo que
se expandia a ao em outras cidades no sul do Pas. A partir de 1967, a Congregao
se organizou em provncias, contando com as seis provncias atuais, a saber:
Imaculado Corao de Maria, com sede em Blumenau, SC; Santa Clara de Assis, em
Rio do Sul, SC; So Francisco de Assis, em Curitiba, PR; Santa Teresa do Menino Jesus,
em Rondonpolis, MT; Ambile Avosani, em Porto Velho, RO; e Irm Clglia nesi,
em Teresina, PI.
A misso das irms se estendeu tambm a outros pases e continentes. Em
1983 a congregao passou a marcar presena missionria em Angola, na frica, e,
em 1984, na Argentina. Ao celebrar os 75 anos de histria, as irms decidiram ampliar
para outros pases da Amrica Latina, assumindo a misso na Guatemala (1992),
Repblica Dominicana (1993), Bolvia (1996) e no Paraguai (1997). Atualmente,
a congregao marca presena em 22 estados do Brasil e em 10 pases. Alm dos
acima citados, as irms esto em Moambique, Haiti, Chile e Peru.
O projeto de vida das Irms Catequistas Franciscanas seguir Jesus Cristo,
vivendo no meio do povo. A partir da inspirao de So Francisco e Santa Clara de
Assis, as irms buscam viver na simplicidade, alegria e disponibilidade, a servio da
vida, onde se encontra mais fragilizada.
No final da dcada de 1990 e comeo dos anos 2000, foi-se fortalecendo na
congregao a atuao em novos espaos. Essa atuao se dava, at ento, em espaos
institudos como o eclesial e o da escola. Aos poucos, houve uma mudana de lugar
social e geogrfico, que passou do meio rural para as periferias das grandes cidades,
a partir de uma presena comprometida com os meios populares. Continuaram os
trabalhos com a catequese, com novos mtodos na formao de lideranas e nas
Comunidades Eclesiais de Base. Fortaleceu-se o trabalho em projetos sociais com
grupos de economia solidria, com povos indgenas em aldeias e no meio urbano,
com a populao em situao de rua, catadores de material reciclvel, mulheres e
jovens, sade popular, movimentos ambientais, de direitos humanos, de moradia e
outros espaos junto ao povo sofrido.
A partir da virada do milnio, cresceu a compreenso de que preciso abrir
caminhos de trabalhos em redes e parcerias com outras pessoas e grupos, num
esforo constante de atualizao do Carisma. Para responder a essa perspectiva de
uma caminhada mais aberta, plural e sintonizada com os apelos atuais, iniciou-se um
trabalho de parceria com pessoas leigas. Chamados de Simpatizantes do Carisma em
vrias regies, esses grupos, juntamente com as irms, aprofundam a espiritualidade
francisclariana, alm de aspectos da histria e do Carisma da congregao e
participam da programao e dos projetos da instituio.
As Linhas Inspiradoras, assumidas em assembleia em outubro de 2012, que

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orientam a ao da Congregao atualmente, so:
A Divina Fonte da Vida, caminheira neste mundo em movimento, nos convoca
a ver, ouvir, sentir e acolher o gemido dos pobres, o grito da terra ferida, o clamor
pela justia e pela paz. (cf. xodo. 3,7-8)
1. Cultivar intensamente o modo francisclariano de viver, no cotidiano,
comprometidas com a justia social e ambiental.
2. Recriar o carisma e ressignificar nossa diaconia, vida fraterna, formao,
organizao e assumir a gesto proftico-solidria dos bens, a partir da misso.
3. Intensificar a vivncia de nosso carisma com simpatizantes, outras pessoas
e grupos e ampliar as iniciativas de atuao em redes e parcerias entre provncias,
congregaes, entidades e movimentos sociais afins.
4. Participar de um projeto alternativo de sociedade e de Igreja, com os pobres
e excludos.
5. Aprofundar a reflexo e a prtica da interculturalidade e fortalecer a misso
alm-fronteiras.

No dia 14 de janeiro de 2015, a congregao celebra seu centenrio. uma
celebrao de louvor a Deus por ter conduzido e inspirado essa histria e caminhada.
Esse evento tambm de gratido a todo o povo que acolheu e apoiou as irms e,
juntamente com elas, contribuiu na trajetria de levar adiante o sonho das pioneiras.
Que nosso celebrar seja movido pela energia vital que sintoniza com os movimentos
da histria, atravs das vidas que em todos os tempos continuam a se doar, na
simplicidade, no desapego, na alegria de servir e na busca da irmandade universal.

Irm Beatriz Catarina Maestri

Ministra Provincial Provncia Imaculado Corao de Maria

Referncias
CONGREGAO DAS IRMS CATEQUISTAS FRANCISCANAS, Forma de Vida. Regra e
Vida da T.O.R. Constituies Gerais. Joinville: Irms Catequistas Franciscanas,1998.
68p.

CONGREGAO DAS IRMS CATEQUISTAS FRANCISCANAS. Memrias e Sonhos

Subsdio de Estudo para a Formao Inicial. Joinville: Horizonte Grfica e Editora
Ltda., 2004. 141p.

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12
 Histrico do municpio de Rodeio

Situado no Vale do Itaja, Rodeio encontra-se a 250km de Florianpolis. Cidade

tipicamente italiana, com fortes traos tnicos, cercada de vales e montanhas.
Possui paisagem natural e agricultura fortemente evidenciadas. Foi colonizada por
imigrantes italianos oriundos do Tirol Trentino, norte da Itlia, no ano de 1875.
Partiam de Trento em trens e seguiram por navios at aportar no Rio de Janeiro
e depois em Itaja. Deste porto foram conduzidos em carroas at Blumenau. De
Blumenau, a p at Timb, onde escolheriam seus lotes de terra em meio floresta
virgem.
O nome Rodeio deve-se s muitas voltas que os pioneiros deram para
demarcar o territrio. Na primeira expedio, partiram de Blumenau, passando por
Indaial e Timb. Foram abrindo as primeiras picadas a golpes de faco e machado, s
margens do Rio Itaja-Au, fazendo um rodeio em torno das montanhas, peripcia que
deu o nome ao municpio. Seus princpios inabalveis, a f e a coragem, e os valores
insubstituveis como a famlia e o trabalho foram fatores com os quais contaram para
vencer e conseguir instalar-se na regio por meio do fortalecimento da comunidade.
Por meio do sacrifcio e da dor dos primeiros anos aprenderam a amar e
respeitar a terra brasileira. Os primeiros filhos de imigrantes nascidos foram batizados
pelo primeiro Vigrio de Joinville, Padre Carlos Boegershausen, que visitava a Colnia
de Blumenau de tempos em tempos. A primeira missa em Rodeio foi celebrada no dia
7 de maio de 1876, na casa de Giuseppe Fiamoncini e Giovanni Pacher. A construo
da primeira capela provisria de Nossa Senhora das Dores foi realizada em 1876, em
terreno doado por Giuseppe Bonvecchio.
Sob a liderana de Frei Lucnio Korte, em terras doadas por Valentino Fruet
e Leonardo Scoz, deu-se incio construo da Igreja, cuja pedra fundamental foi
lanada em 1894. A Igreja Matriz foi oficialmente inaugurada em 4 de junho de
1899, recebendo o nome de So Francisco de Assis. O prdio da Escola Paroquial
foi construdo em 1893, local que tambm abrigou o primeiro salo de teatro, que
funcionou juntamente com a escola at 1942. Em 1895, ficou oficialmente fundada
a primeira residncia dos Padres Franciscanos conjuntamente com a primeira
capelinha para o Santssimo, anexa ao prdio.
O primeiro mestre-escola da Escola Paroquial foi o Irmo Leigo Frei Germano
Munsick (Ordem dos Frades Menores), e a direo cabia sempre aos Franciscanos. Em

13
1893, os moradores de So Virglio e Santo Antnio comearam a erigir suas prprias
capelas e escolas. Em 1942 foi fundado o Grupo Escolar Osvaldo Cruz, primeira
escola pblica estadual brasileira em Rodeio, em substituio Escola Italiana, pois
a Colnia encontrava-se em pleno processo de nacionalizao da lngua portuguesa.
Em 1901 foi instalado o Noviciado da Ordem Franciscana, e oConvento anexo
ao templo passou a ser a residncia oficial dos padres, leigos e novios. Os indgenas
que viviam na regio, por sua vez, ameaados de perder seus espaos fsicos por
causa do desenvolvimento evidente da colonizao, assaltavam as habitaes mais
isoladas onde viviam os imigrantes.
Em 3 de abril de 1904 surgiu o primeiro Jornal: LAmico, sob a administrao
dos padres franciscanos, publicado at 1917. Jos Ferreira da Silva registrava os fatos
da histria da regio, e Mrio Locatelli escrevia colunas de fatos isolados e, s vezes,
cmicos, como o caso da coluna Cicere in Confidenza. Theobaldo Costa Jamund
escreveu o livro Interpretao Regional, sobre Rodeio. Os primeiros historiadores
foram, porm, os prprios padres, que registravam tudo em suas crnicas. Mais
tarde, surgiu o Jornal O Escudo. Em 16 de julho de 1905 se instalou o Convento das
Irms da Divina Providncia, para instruo das crianas e assistncia aos doentes.
A forte religiosidade do povo ultrapassou a metade do sculo 20, tanto que,
na administrao do Prefeito Georg Schtz Jnior, o Decreto no 27, de 3 de dezembro
de 1957, consagrou oficialmente o municpio de Rodeio aos Sagrados Coraes
de Jesus e de Maria. O Decreto previa, inclusive, que anualmente essa consagrao
fosse comemorada no dia 3 de novembro como feriado municipal.
O dialeto e as tradies ainda esto presentes no dia a dia da populao, que
contava com 10.922 habitantes em 2010, segundo o censo. Sua economia baseia-
-se na agricultura, destacando-se a rizicultura, a viticultura e a bananicultura. As
indstrias madeireiras e txteis fazem parte da economia, e atualmente o segmento
da piscicultura vem crescendo gradativamente. O relevo, sua histria e a posio
geogrfica se destacam como atrativo natural e cultural.

Arlete Regilene Scoz

Turismloga

Referncias
BERTOLDI, Fr. J. Rodeio 1875-1975: aspectos de sua histria e de sua gente. Rodeio:
Rd. Grfica 43, 1975. p.25-26.

CANI, I.M. Rodeio: vale dos trentinos. 1.ed. Timb: Tipotil, 1997. p.13-14.

14
 Agradecimentos

biloga e produtora de plantas bioativas Ceclia C. Osaida (Harmonia Natural), pelo

incentivo e parceria com a Irm Eva Michalak durante o perodo 1996 a 2007.

Ao deputado estadual Volnei Morastoni, pelo apoio aos trabalhos na rea da sade,
em especial s plantas medicinais.

Ao Prefeito de Rodeio, Paulo Roberto Weiss, pelas aes perpetradas em favor da

revitalizao do Horto da Irm Eva.

Fapesc, pelo patrocnio das pesquisas desenvolvidas na rea de Plantas Bioativas

na Epagri / Estao Experimental de Itaja.

A Deus, idealizador supremo de toda evoluo criativa, inspirador e promotor de

todos os encontros de saberes!

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16
 Cartinhas de anjo

Quando no estava no campo cuidando de suas plantas, Irm Eva Michalak

detinha-se na redao de cartas, atendendo com grande disposio as pessoas que
escreviam de todo o Brasil. Sua redao era objetiva, suave e repleta de muitas
informaes importantes. Notria tambm era sua impecvel caligrafia, beirando o
artstico, o angelical... Era sempre muito agradvel receber uma dessas cartinhas, l-
-las com prazer. E aps lidas, nem pensar em jogar fora. Eram relquias, obras de arte!
Abaixo, cpia escaneada de uma de suas centenas de cartinhas que circularam
pelo Brasil.

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21
22
 SUMRIO

Introduo.......................................................................................................... 27

1 Descobrindo as plantas medicinais................................................................. 33

1.1. Identificao de espcies............................................................................. 33
1.2 Sistemtica.................................................................................................. 33
1.3 Nomenclatura de espcies........................................................................... 35

2 Etnobotnica.................................................................................................. 41
2.1 Levantamento etnobotnico........................................................................ 43
2.2 Coleta de dados........................................................................................... 43
2.3 Coleta de plantas......................................................................................... 44
2.4 Avanos etnobotnicos................................................................................ 48

3 Biodiversidade, extrativismo e extino de germoplasma............................... 49

4 Espcies medicinais do horto Eva Michalak..................................................... 53

4.1 Aafro-da-ndia (Curcuma longa L. Zingiberiaceae)................................... 54
4.2 Alecrim (Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae)............................................ 57
4.3 Alfavaca-africana (Ocimum gratissimum L. subsp. gratissimum
Lamiaceae)................................................................................................... 60
4.4 Alfavaca-do-campo (Ocimum carnosum (Spreng.) Link & Otto ex
Benth. Lamiaceae).................................................................................... 62
4.5 Alfavaca-santa (Ocimum tenuiflorum L. Lamiaceae)................................... 64
4.6 Andu (Cajanus cajan (L.) Hunth. Fabaceae)................................................ 66
4.7 Arnica-do-mato (Sphagneticola trilobata (L.) Pruski Asteraceae)............... 68
4.8 Artemsia-romana (Tanacetum parthenium (L.) Schultz Bip.
Asteraceae)................................................................................................. 70

23
4.9 Assa-peixe (Vernonanthura phosphorica(Vell.) H.Rob. Asteraceae)........... 72
4.10 Atansia (Tanacetum vulgare L. Asteraceae)............................................. 74
4.11 Babosa-de-botica (Aloe barbadensis Mill. var. barbadensis
Xanthorrhoeaceae)..................................................................................... 77
4.12 Balieira (Varronia curassavica Jacq. Boraginaceae)................................... 81
4.13 Bardana (Arctium majus (Gaertn.) Bernh. Asteraceae)............................. 83
4.14 Boldo-do-reino (Plectranthus barbatus Andr. Lamiaceae)......................... 86
4.15 Calndula (Calendula officinalis L. Asteraceae)......................................... 88
4.15 Camomila (Matricaria chamomilla L. Asteraceae).................................... 91
4.16 Canfrinho (Artemisia camphorata Vill. Asteraceae)................................. 94
4.17 Capim-limo (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf. Poaceae)...................... 96
4.18 Cardo-de-santa-maria (Silybum marianum (L.) Gaert. Asteraceae).......... 99
4.20 Cavalinha (Equisetum arvense L. Equisetaceae)...................................... 101
4.21 Centelha (Centella asiatica (L.) Urban Apiaceae).................................... 104
4.22 Chamb (Justicia pectoralis Jacq. Acanthaceae)...................................... 107
4.23 Chapu-de-couro (Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltr.)
Micheli Alismataceae)............................................................................ 109
4.24 Cidro (Aloysia citriodora Palau Verbenaceae)....................................... 111
4.25 Colnia (Alpinia zerumbet (Pers.) B. L. Burtt & R. M. Sm.
Zingiberaceae).......................................................................................... 113
4.26 Dente-de-leo (Taraxacum officinale F.H. Wigg . .................................... 115
Asteraceae)............................................................................................... 115
4.27 Erva-cidreira (Melissa officinalis L. Lamiaceae)....................................... 118
4.28 Erva-de-colgio (Elephantopus mollis Kunth Asteraceae)........................ 120
4.29 Erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides L.
Amaranthaceae)....................................................................................... 122
4.30 Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss. Celastraceae)......... 125
4.31 Fel-de-ndio (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch. Bip.
ex Walp. Asteraceae).............................................................................. 127
4.32 Fortuna (Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers. Crassulaceae).......................... 129
4.33 Funcho (Foeniculum vulgare L. var. Dulce Apiaceae)............................... 131
4.34 Ginseng-brasileiro (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen
Amaranthaceae)....................................................................................... 134
4.35 Guaatonga (Casearia sylvestris Sw. Salicaceae)..................................... 136
4.36 Guaco (Mikania glomerata Spreng. Asteraceae)..................................... 139
4.37 Hortel-pimenta (Mentha x piperita L. Lamiaceae)................................. 141
4.38 Insulina (Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E. Jarvis Vitaceae).............. 144

24
4.39 Macelinha (Matricaria discoidea DC. Asteraceae)................................... 146
4.40 Malva-comum (Malva parviflora L. Malvaceae)...................................... 148
4.41 Marcela-do-campo (Achyrocline satureioides (Lam.) D.C.
Asteraceae).............................................................................................. 150
4.42 Maria-preta (Solanum americanum Mill. Solanaceae)............................ 152
4.43 Mastruo (Coronopus didymus (L.) Sm. Brassicaceae)............................. 154
4.44 Melo-de-so-caetano (Momordica charantia L. Cucurbitaceae)............ 156
4.45 Mentrasto (Ageratum conyzoides L. Asteraceae).................................... 159
4.46 Mil-folhas (Achillea millefolium L. Asteraceae)....................................... 162
4.47 Pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link. ssp. forficata Fabaceae)............... 165
4.48 Penicilina (Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze var. brasiliana
Amaranthaceae)....................................................................................... 167
4.49 Pico-preto (Bidens pilosa L. Asteraceae)............................................... 169
4.50 Poejo-mido (Cunila microcephala Benth. Lamiaceae)........................... 171
4.51 Quebra-pedra (Phyllanthus niruri L. Phyllantaceae)............................... 173
4.52 Sabugueiro (Sambucus nigra L. Adoxaceae)............................................ 175
4.53 Slvia-gacha (Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Verbenaceae).......................... 178
4.54 Sene-do-brasil (Senna corymbosa (Lam.) H. S. Irwin & Barneby
Fabaceae).............................................................................................. 181
4.55 Sete-sangrias (Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. Macbr.
Lythraceae)............................................................................................... 183
4.56 Tanchagem-maior (Plantago major L. Plantaginaceae).......................... 185
4.57 Urucum (Bixa orellana L. Bixaceae)...................................................... 188
4.58 Valeriana (Valeriana officinalis L. Valerianaceae).................................... 191
4.59 Yacn (Smallanthus sonchifolius (Poepp.) H. Rob. Asteraceae)................ 194
4.60 Zedoria (Curcuma zedoaria (Bergius) Rosc. Zingiberiaceae).................. 197

Referncias....................................................................................................... 199

25
26
Introduo

A flora mundial fonte de alimento para a maioria absoluta dos animais ao

longo de milhes de anos. A sobrevivncia e a perpetuao das espcies vegetais e
animais tm sido pautadas por adaptaes fisiolgicas, morfolgicas, anatmicas,
bioqumicas e evolutivas. Nesse contexto, muitas plantas desenvolveram espinhos,
pelos urticantes, tecidos muito fibrosos, folhas cortantes e mimetismo, mas a maior
parte delas acionou mecanismos biossintticos para a elaborao de compostos
qumicos de proteo contra herbvoros e microrganismos, ou de adaptao a
ambientes adversos e agrestes. Na melhor das hipteses, compostos qumicos so
produzidos na planta para atrair polinizadores e disseminadores de sementes ou
para melhorar o prprio desempenho biolgico da espcie. Esses fitocompostos so
designados pela cincia moderna como metablitos secundrios e so encontrados
nas plantas que popularmente so conhecidas como medicinais e txicas. A
mucilagem da babosa confere adaptao a climas mais secos, assegurando a
reteno de umidade nas folhas e flores; os leos essenciais encontrados em plantas
aromticas podem ter atividade repelente ou txica a insetos e microrganismos, mas
tambm podem atrair polinizadores. A cavalinha contm altos nveis de slica dentro
das clulas, tornando-a menos palatvel aos herbvoros. Alguns alcaloides e steres
de forbol vegetais desencorajam o apetite da maioria dos herbvoros, ou seja, so
fastidiosos.
Desde o alvorecer da humanidade, instinto e razo, erros e acertos levariam
busca por espcies vegetais com propriedades alimentcias e teraputicas. Essa
prtica multimilenar foi aperfeioada, refinada e perpetuada atravs das geraes,
resultando na escrita dos primeiros compndios de plantas medicinais. Um envelope
de barro contendo uma carta, tambm em barro, encontrado na cidade de Nippur,
Sumria, revelou aos arquelogos modernos as evidncias da mais remota forma de
escrita da humanidade, datada de cerca de 3900 a.C. Esse documento, escrito em
caracteres cuneiformes arcaicos, continham informaes sobre o uso teraputico de
algumas espcies medicinais utilizadas na baixa Mesopotmia. Na China, o cultivo
de plantas medicinais j era realizado desde 3000 a.C. Os egpcios faziam cultivo e
expedies para coleta de espcies medicinais, aromticas, condimentares e para

27
uso cosmtico j em 2300 a.C.
O grande nmero de espcies medicinais hoje conhecidas e utilizadas reflexo
do grau de antiguidade dos conhecimentos fitoterpicos e resultado de incontveis
erros e acertos. A flora mundial era a principal fonte de produtos teraputicos para
a humanidade at o incio do sculo 20, quando surgiram os frmacos sintticos,
muitas vezes criados a partir de modelos moleculares encontrados nas plantas. No
obstante, o custo das pesquisas e da industrializao e o nvel tecnolgico, aliados
aos efeitos colaterais deletrios de muitos desses medicamentos, viriam a depor
contra a alopatia, especialmente nos pases de baixa renda.
Cerca de 80% da populao mundial esto marginalizados quanto ao uso
dos medicamentos convencionais. Tm como alternativa mais vivel a fitoterapia,
principalmente baseada em sua flora nativa. No Brasil, so mais de 60 milhes de
brasileiros que no tm acesso aos medicamentos sintticos, enquanto brasileiros
privilegiados desembolsam anualmente cerca de 8 bilhes de dlares com a
aquisio de cerca de 6 mil remdios, ou seja, cerca de 84% dos frmacos utilizados
pela populao brasileira.
Apesar da supremacia das drogas de origem sinttica, 20% de todos os
frmacos comercializados em todo o mundo so de origem vegetal.
A Organizao Mundial da Sade (OMS), na 31a Assembleia, recomendou
aos pases-membros o desenvolvimento de pesquisas visando utilizao da sua
flora nacional com o propsito teraputico. A primeira recomendao da OMS o
resgate do conhecimento popular tendo em vista as futuras pesquisas cientficas.
Das 119 substncias qumicas extradas de plantas e utilizadas na medicina, 74%
foram obtidas com base no conhecimento popular da fitoterapia. A OMS mantm
um registro de cerca de 20 mil espcies de plantas medicinais distribudas em 73
pases, 350 delas no Brasil.
O interesse popular e institucional vem crescendo no sentido de fortalecer
a fitoterapia no SUS. A partir da dcada de 1980, diversos documentos foram
elaborados para enfatizar a introduo de plantas medicinais e fitoterpicas na
ateno bsica do sistema pblico, entre os quais se destacam:
- a Resoluo Ciplan no 8/88, que regulamenta a implantao da fitoterapia
nos servios de sade e cria procedimentos e rotinas relativas sua prtica nas
unidades assistenciais mdicas.
h tt p : / / b v s m s . s a u d e . g o v. b r / b v s / p u b l i c a c o e s /
ResumoExecutivoMedNatPratCompl1402052.pdf
- o Relatrio da 10a Conferncia Nacional de Sade, realizada em 1996, que
aponta, no item 286.12: incorporar no SUS, em todo o Pas, as prticas de sade
como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia contemplando as terapias alternativas
e prticas populares e, no item 351.10: o Ministrio da Sade deve incentivar a
fitoterapia na assistncia farmacutica pblica e elaborar normas para sua utilizao
e amplamente discutir com os trabalhadores em sade e especialistas, nas cidades
onde existir maior participao popular, com gestores mais empenhados com a
questo da cidadania e dos movimentos populares;

28
 - a Portaria no 3916/98, que aprova a Poltica Nacional de Medicamentos,
a qual estabelece, no mbito de suas diretrizes para o desenvolvimento cientfico
e tecnolgico, que: (...) dever ser continuado e expandido o apoio s pesquisas
que visem ao aproveitamento do potencial teraputico da flora e fauna nacionais
enfatizando a certificao de suas propriedades medicamentosas.
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1126
- o Relatrio do Seminrio Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterpicos
e Assistncia Farmacutica, realizado em 2003, que, entre as recomendaes,
contempla: integrar no Sistema nico de Sade o uso de plantas medicinais e
medicamentos fitoterpicos.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/recomendacoes_conf_nac_
medica.pdf
- o Relatrio da 12a Conferncia Nacional de Sade, realizada em 2003, que
aponta a necessidade de investir na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia
para produo de medicamentos homeopticos e da flora brasileira, favorecendo
a produo nacional e a implantao de programas para uso de medicamentos
fitoterpicos nos servios de sade, de acordo com as recomendaes da 1a
Conferncia Nacional de Medicamentos e Assistncia Farmacutica.
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area=1128
- a Resoluo no 338/04, do Conselho Nacional de Sade, que aprova a Poltica
Nacional de Assistncia Farmacutica, a qual contempla, em seus eixos estratgicos,
a definio e pactuao de aes intersetoriais que visem utilizao das plantas
medicinais e de medicamentos fitoterpicos no processo de ateno sade,
com respeito aos conhecimentos tradicionais incorporados, com embasamento
cientfico, com adoo de polticas de gerao de emprego e renda, com qualificao
e fixao de produtores, envolvimento dos trabalhadores em sade no processo de
incorporao dessa opo teraputica e baseada no incentivo produo nacional,
com a utilizao da biodiversidade existente no Pas;
- o Decreto Presidencial de 17 de fevereiro de 2005, que cria o Grupo de
Trabalho para Elaborao da Poltica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterpicos.
http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucao_sanitaria/338.pdf
- a Portaria no 971, de 3 de maio de 2006, que aprova a Poltica Nacional
de Prticas Integrativas e Complementares (Pnpic) no Sistema nico de Sade,
entre elas a fitoterapia. Para essa aprovao, foi considerado que a Fitoterapia
um recurso teraputico caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas
diferentes formas farmacuticas, e que tal abordagem incentiva o desenvolvimento
comunitrio, a solidariedade e a participao social. Outra considerao estmulo
da OMS ao uso da medicina tradicional/medicina complementar/alternativa nos
sistemas de sade de forma integrada s tcnicas da medicina ocidental modernas.
Em seu documento Estratgia da OMS sobre Medicina Tradicional 2002-2005, ela
preconiza o desenvolvimento de polticas observando os requisitos de segurana,
eficcia, qualidade, uso racional e acesso.
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/PNPIC.pdf

29
 O Ministrio da Sade do Brasil, por meio do Decreto no 5.813, de 22 de junho
de 2006, aprova a Poltica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterpicos no Pas.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_fitoterapicos.
pdf

Atualmente, existem programas estaduais e municipais de fitoterapia,

desde aqueles com memento teraputico e regulamentao especfica para o
servio, implementados h mais de 10 anos, at aqueles com incio recente ou com
pretenso de implantao. Em levantamento realizado pelo Ministrio da Sade, no
ano de 2004, verificou-se, em todos os municpios brasileiros, que a fitoterapia est
presente em 116 municpios, contemplando 22 unidades da federao.
No mbito federal, cabe assinalar, ainda, que o Ministrio da Sade realizou,
em 2001, o frum para formulao de uma proposta de Poltica Nacional de
Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterpicos, do qual participaram diferentes
segmentos tendo em conta, em especial, a intersetorialidade envolvida na cadeia
produtiva de plantas medicinais e fitoterpicos. Em 2003, o Ministrio promoveu o
Seminrio Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterpicos e Assistncia Farmacutica.
Ambas as iniciativas aportaram contribuies importantes para a formulao dessa
Poltica Nacional, como a concretizao de uma etapa para a elaborao da Poltica
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterpicos. A Portaria Interministerial no 2.960,
de 9 de dezembro de 2008, aprova o Programa Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterpicos e cria o Comit Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterpicos.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/pri2960_09_12_2008.
html

A Resoluo RDC no 10, de 9 de maro de 2010, dispe sobre a notificao de

drogas vegetais junto Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) e d outras
providncias. Leva em considerao a necessidade de contribuir para a construo
do marco regulatrio para produo, distribuio e uso de plantas medicinais,
particularmente sob a forma de drogas vegetais, a partir da experincia da sociedade
civil nas suas diferentes formas de organizao, de modo a garantir e promover a
segurana, a eficcia e a qualidade no acesso a esses produtos. Fica, assim, instituda
a notificao de drogas vegetais no mbito daquela agncia, consideradas as plantas
medicinais ou suas partes, que contenham as substncias, ou classes de substncias,
responsveis pela ao teraputica, aps processos de coleta ou colheita, estabilizao
e secagem, ntegras, rasuradas, trituradas ou pulverizadas. As plantas medicinais in
natura cultivadas em hortos comunitrios e farmcias vivas reconhecidas junto a
rgos pblicos e as drogas vegetais manipuladas em farmcias de manipulao
no esto sujeitas notificao instituda por essa Resoluo, devendo atender s
condies estabelecidas em regulamento prprio.
h t t p : / / b v s m s . s a u d e . g o v. b r / b v s / s a u d e l e g i s . . / a n v i s a / 2 0 1 0 /
res0010_09_03_2010.html

30
 A Resoluo RDC no 18, de 3 de abril de 2013, dispe sobre as boas prticas de
processamento e armazenamento de plantas medicinais, preparao e dispensao
de produtos magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterpicos em farmcias
vivas no mbito do Sistema nico de Sade (SUS).
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/RDC_18_2013.pdf

Os estudos farmacolgicos, fitoqumicos, toxicolgicos e clnicos com espcies

de plantas medicinais esto mais concentrados naquelas de uso popular mais
ancestral, que so nativas de pases mais tecnificados ou que apresentam substncias
ou atividades especiais. Nesse contexto, inserem-se a Ginkgo biloba L., Hypericum
perforatum L., Aloe barbadensis Mill., Silybum marianum L., Curcuma longa L.,
Centella asiatica, Tanacetum parthenium (L.) Sch. Bip., Senna angustifolia Vahl,
Valeriana officinalis L., Momordica charantia L., Chamomilla recutita (L.) Rauschert,
Rosmarinus officinalis L., Catharanthus roseus L., entre tantas outras. Apesar de o
Brasil ter a flora mais diversificada do mundo, as pesquisas com plantas brasileiras
ainda so consideradas incipientes, salvo algumas poucas espcies j consagradas
industrialmente ou patenteadas, tais como o jaborandi (Pilocarpus microphyllus
Stapf ex Holm.), a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek), a ipeca
(Psychotria ipecacuanha), o guaco (Mikania glomerata Spreng), a embaba (Cecropia
glaziovii Sneth), o ip-roxo (Handroanthus avellanedae (Lorentz ex Griseb) Mattos), o
maracuj (Passiflora alata Curtis) e o quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.).

31
32
1 Descobrindo as plantas medicinais

Salvem as plantas que salvam vidas

(OMS Alma Ata, 1978)

Pretende-se, aqui, iniciar o leitor nas prticas adequadas de identificao

e caracterizao geral das espcies e no resgate de informaes etnobotnicas,
alm de informar sobre questes de biodiversidade, extrativismo e extino de
germoplasma.

1.1. Identificao de espcies

Qualquer que seja o setor em que se vai trabalhar com plantas bioativas,
o melhor comeo saber com que espcie realmente se est lidando. A correta
identificao botnica confirma, de maneira cientfica e universal, a nomenclatura
oficial da espcie, evita confuses e os riscos de uso de espcies txicas, alm de
valorizar o produto com o qual se est trabalhando.

1.2 Sistemtica

A identificao de espcies feita, geralmente, por botnicos ou pesquisadores

que se especializam em taxonomia. A Sistemtica, ou Taxonomia Vegetal, a cincia
que estabelece as relaes de afinidades entre as diferentes espcies de plantas,
visando a organiz-las em grupos para estudos de classificao, identificao e
nomenclatura.
Cabe, aqui, definir identificao e classificao. Uma planta deve ser
classificada quando desconhecida pela cincia, necessitando ser enquadrada
nas categorias taxonmicas estabelecidas por botnicos. A identificao de plantas
ocorre quando a espcie j conhecida pela cincia. Nesse caso, amostras de plantas
a ser identificadas so comparadas a descries existentes em livros especializados,
chaves analticas ou herbrios.

33
 A identificao das espcies vegetais baseia-se em dois sistemas de
classificao:
- Engler, que valoriza principalmente as caractersticas morfolgicas; e
- Cronquist, que leva em considerao caracteres morfolgicos, filogenia, fito-
qumica e anatomia interna.
A classificao de uma espcie vegetal feita por meio de um sistema
formado por unidades denominadas txon. A rosela, ou vinagreira, seria descrita
taxonomicamente nos seguintes txons:

Reino: Plantae
Sub-reino: Tracheobiontae
Filo: Embryophytae
Superdiviso: Espermatophytae
Diviso: Magnoliophyta
Subdiviso: Magnoliophytina
Classe: Magnoliopsida
Subclasse: Magnoliidae
Ordem: Malvales
Subordem: Radical + sufixo -inales
Superfamlia: Radical + sufixo -ineales
Famlia: Malvaceae
Subfamlia: Radical + sufixo -oideae
Tribo: Radical + sufixo -eae
Subtribo: Radical + sufixo -inae
Gnero: Hibiscus
Espcie: Hibiscus sabdariffa L.
Variedade: Hibiscus sabdariffa L. var. sabdariffa
Forma: Hibiscus sabdariffa L. var. sabdariffa f. ruber

Conforme a classificao sistemtica acima descrita, a identidade cientfica

de uma espcie resume-se, normalmente, na utilizao binominal do nome do
gnero e da espcie, em latim e em itlico, ou negrito, ou sublinhado, seguido do
nome do botnico que classificou a espcie, em caracteres normais, que pode ser
abreviado. Em vrias espcies com que ocorreu alguma atualizao taxonmica,
incorporado tambm o nome do botnico revisor da espcie, que posposto
ao primeiro classificador. Ex: Bomarea edulis (Tussac.) Herb. O nome do gnero
sempre inicia com letra maiscula e as demais letras do gnero e da espcie so em
caracteres minsculos. O gnero pode ser formado por dois nomes, como Candidatus
Liberibacter americanus.
O nome da famlia botnica utilizado para situar a nomenclatura cientfica
da espcie, enquanto a informao da variedade, subespcie e forma botnica
so complementos taxonmicos mais especficos. Algumas condies ambientais
determinam a formao de ectipos e raas qumicas, que se caracterizam por

34
adaptaes ambientais ou fitoqumicas.
Alguns txons apresentam caractersticas to semelhantes que dificultam
a identificao at mesmo por botnicos experientes. Nesse caso, as plantas tm
que ser encaminhadas para especialistas de famlias botnicas. Um bom exemplo
ocorre com o gnero Mentha, que rene cerca de 300 espcies e 1.200 variedades
botnicas, e estas podem se cruzar entre si, gerando hbridos naturais e desafiando
at mesmo a classificao dos especialistas.

1.3 Nomenclatura de espcies

A plurinomenclatura popular das espcies tem sido o primeiro e um dos

principais obstculos no desenvolvimento da rea de plantas bioativas e da
fitoterapia. comum uma mesma espcie apresentar diferentes designaes, bem
como algumas espcies, at mesmo de famlias distintas, receberem a mesma
denominao. A espcie Chenopodium ambrosioides L. apresenta 48 denominaes
populares; Achillea millefolium L., 42, Lippia alba (Mill.)N.E.Br.exBritton&P.Wilson,
41; e Leonurus sibiricus L., 30.
A famlia Lamiaceae um dos casos mais comuns em que vrias espcies
diferentes recebem a generalizao de hortel ou menta. No entanto, algumas
dessas espcies no so medicinais, ou, quando muito, apresentam uma baixa
concentrao do princpio ativo. Alm disso, existem quase 300 espcies dentro
do gnero Mentha, e cerca de 1.200 variedades botnicas. A multiplicidade de
variedades e at de hbridos naturais decorrente dos cruzamentos espontneos
dessas espcies de lamiceas, gerando um nmero incomensurvel de princpios
ativos, em concentraes variveis, conforme o gentipo botnico.
O mesmo ocorre com as espcies de quebra-pedra, designativo de cerca
de 550 a 750 espcies tropicais e subtropicais do gnero Phyllanthus, 200 das
quais so brasileiras. As mais estudadas, Phyllanthus niruri L., Phyllanthus tenellus
Roxb., Phyllanthus urinaria L., Phyllanthus stipulatus (Raf.) Webster, Phyllanthus
caroliniensis Walter, Phyllanthus fraternus Webster e Phyllanthus amarus Schum. &
Thonn. so confundidas e at mesmo preteridas pelas espcies Euphorbia prostrata
Aiton, consideradas txicas. Uma das confuses mais notrias acontece com a erva-
-cidreira, nome popular atribudo a diferentes espcies pertencentes a quatro famlias
distintas: Poaceae, Verbenaceae, Chloranthaceae e Lamiaceae, (Tabela 1) que, alm
dos contrastes botnicos e bioqumicos, apresentam cotaes diferenciadas no
mercado, dando margem a eventuais fraudes.

35
Tabela 1. Caracterizao comparativa de diferentes tipos de erva-cidreira
Erva-cidreira Nome cientfico Caracterizao
Cymbopogon citratus Gramnea cespitosa, raramente
Capim-cidreira
(DC) Stapf. produz flores
Capim-cidreira- Gramnea cespitosa de folhas
Elionurus latiflorus Nees
-fino filiformes

Cidro Aloysia citriodora Palau Arbusto; flores brancas

rvore pequena, folhas grandes

Hedyosmum brasiliensis
Cidreira e suculentas; frutos translcidos
Miq.
e aquosos
Planta herbcea semelhante s
Erva-cidreira Melissa officinalis L.
hortels; folhas finas
Erva-cidreira- Lippia Alba (Mill.) N.E.Br. Arbusto penduloso; folhas
-brasileira ex Britto n & P. Wilson axilares roxas

Boldo o nome popular de espcies de plantas com ao gastroprotetora

e empregado em pelo menos sete espcies de trs famlias distintas: Lamiaceae,
Asteraceae e Monimiaceae (Tabela 2).

Tabela 2. Caracterizao comparativa de diferentes tipos de boldo

Boldo Nome cientfico Caracterizao
Plectranthus
Semelhante ao P. barbatus, porm maior e
Boldo grandis (Cramer) R.
menos odorfero; flores azuladas
Willemse
Plectranthus ornatus Erva semiprostrada, at 30cm de altura;
Boldinho
Codd. folhas grossas; flores roxas; aroma forte
Boldo- Plectranthus Erva; semiprostrada; at 50cm; folha grossa
-cidreira amboinicus e frgil; flor lils, aroma de tomilho
Boldo-de- Plectranthus Arbusto (1 a 2m); folhas peludas; flores
-jardim barbatus Andrews roxas
Boldo-do- Peumus boldus rvore (15m); folhas coriceas, ovadas;
-chile Molina aroma de ascaridol
Boldo- Tithonia diversifolia Arbusto; at 5m; flores grandes em
-japons A. Gray. captulos amarelos
Arbusto; at 5m de altura; folhas inodoras
Boldo- Vernonia condensata
e amargas, inflorescncia branca em
-brasileiro Backer
captulos

36
 Tem-se constatado que o nome popular de uma espcie medicinal pode estar
associado a vrias espcies botnicas, gerando confuses (Tabela 3).

Tabela 3. Nomes populares de plantas medicinais associados a diferentes espcies botnicas

Nome popular Espcies relacionadas
Aafro Crocus sativus L., Curcuma longa L. e Carthamus tinctorius L.
Aloe barbadensis L., Aloe arborescens Mill., Aloe maculata All.,
Babosa
Aloe soccotrina Lam.
Matricaria chamomila L., Chamamelium nobile (L.)All.,
Camomila Helenium alternifolium Spreng et Cabrera, Anthemis cotula L. e
Tanacetum parthenium (L.) Sch. Bip.
Erythroxylon vaccinifolium Mart., Trichillia catigua A. Juss.,
Catuaba Tetragastris catuaba Soares da Cunha e Anemopaegma
arvense (Vell.) Stellf.
Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl., Stachytarpheta
Gervo-roxo
jamaicensis (L.) Vahl., Bouchea fluminensis (Vell.) Moldenke
Panax ginseng C.A. Meyer, Panax quinquefolium L.,
Eleutherococcus senticosus (Rupr.&Maxim.) Maxim, Pfaffia
Ginseng
glomerata (Spreng.) Pedersen, Lepidium meyenii Walp.,
Hebanthe paniculata Mart. e Pfaffia iresinoides Spreng.
Solanum paniculatum L., Solanum fastigiatum Willd. e Solanum
Jurubeba
asperolanatum Ruiz & Pav.
Achyrocline satureoides Lam. DC., Egletes viscosa (L.) Less. e
Marcela
Matricaria discoidea DC.
Mastruo Chenopodium ambrosioides L. e Coronopus didymus (L.)
Cunila microcephala Benth., Mentha pulegium L., e Cunila
Poejo
galioides Benth.
Quassia amara L., Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum.,
Quina Picrasma excelsa (Sw.) Planch., Picrasma crenata (Vell.) Engl. e
Chinchona spp.
Plantago major L., Plantago tomentosa Lam., Plantago
Tanchagem lanceolata L., Plantago catharinea Decne., Plantago australis
Lam.

A inexistncia ou a pequena quantidade de informaes sobre a caracterizao

cabal de espcies fitoterpicas tm incorrido em coletas equivocadas de materiais
nativos ou subespontneos. Nesse particular, so proverbiais os equvocos entre

37
as espinheiras-santas (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss., Maytenus robusta Reiss.,
Maytenus aquifolia Mart., da famlia Celastraceae), cancorosa (Jodina rhombifolia
(Hook. & Arn.) Reiss., famlia Santalaceae), uva-de-regon (Mahonia fortunei
(Lindl.) Fedde, famlia Berberidaceae), Pachystroma longifolium (Nees) I.M.Johnst.
(Euphorbiaceae) e algumas espcies das famlias Moraceae (Sorocea bonplandii
(Baill.) W.C.Burger et al.) e Fabaceae (Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel). O mesmo
ocorre entre as diferentes espcies de arnica, artemsia, carqueja e muitas outras
(Tabelas 4 e 5).

Tabela 4. Caracterizao comparativa de diferentes tipos de arnica

Arnica Nome cientfico Caracterizao
Arnica- Solidago chilensis Erva ereta; inflorescncia paniculada;
-brasileira Meyen flores amarelas tubulosas
Erva ereta; inflorescncia em captulos
Arnica-do- Porophyllum ruderale
globosos; sementes anemfilas; folhas
-campo (Jacq.) Cass.
tenras e aromticas
Arnica-do- Sphagneticola trilobata Erva prostrada; inflorescncia em
-mato (L.) Pruski captulos amarelos
Arnica- Erva acaule; flores em captulos
Arnica Montana L.
-europeia amarelos
Arnica- Lychnophora pynaster
Subarbustiva, semelhante ao alecrim
-mineira Mart.
Arnica-da- Chaptalia nutans (L.) Erva acaule; pendo floral emergente
-terra Pol. no centro da roseta de folhas

Tabela 5. Caracterizao comparativa de diferentes tipos de erva-doce, ou anis

Erva-doce Nome cientfico Caracterizao
Anis Pimpinella anisum L. Folhas ovadas; flores brancas
Anis-
Illicium verum (Hook.) f. rvore; fruto estrelado
-estrelado
Folhas filiformes verde-azuladas; caule
Endro Anethum graveolens L.
estriado; flores amarelas; frutos largos
Folhas filiformes; flores amarelas; frutos
Funcho Foeniculum vulgare Mill.
estreitos
Alfavaca- Ocimum carnosum Folhas ovaladas; flores labiadas;
-anisada (Spreng) Link & Otto ex semiarbustiva

38
 At mesmo a sinonmia cientfica tem sido motivo de confuso, uma vez
que muitas espcies apresentam diferentes nomenclaturas cientficas atribudas
a vrios sistematas (Tabela 6). A espcie Casearia sylvestris (guaatonga) chega ao
extremo de ter 35 nomes cientficos distintos. Para evitar ambiguidades ou dvidas,
toda proposta de reclassificao deve mencionar sempre o basinimo, mesmo que
o nome atualmente em uso seja distinto. O basinimo o primeiro nome cientfico
atribudo a um txon.

Tabela 6. Nomenclatura antiga e atualizada de algumas espcies de plantas medicinais

Nome
Nome cientfico anterior Nome cientfico atual
popular
Babosa-de-
Aloe vera L. Aloe barbadensis Mill.
-botica
Boldo-de-
Coleus barbatus Benth Plectranthus barbatus Andr.
-jardim
Chamomila recutita (L.)
Camomila Matricaria chamomila L.
Rauschert
Carqueja Baccharis trimera (Less.) DC. Baccharis crispa Spreng.
Centelha Hydrocotyle asiatica L. Centella asiatica (L.) Urb.
Cidro Aloysia triphylla (L Hrit) Britt. Lippia citriodora Palau
Alpinia speciosa (Willdenow) Alpinia zerumpet (Pers.) B.L.
Colnia
Schumann Burtt & R.M. Sm.
Erva-lanceta Solidago microlossa DC. Solidago chilensis Meyen
Tetradenia riparia (Hochst.)
Incenso Ibosa riparia N.E. Br.
N.E.Br.
Pogostemon cablin (Blanco)
Patchuli Pogostemon patchouly Pellet
Benth

39
40
2 Etnobotnica

A etnobotnica estuda a interao entre as comunidades humanas e as

plantas. Essa interao mais evidente em comunidades mais primitivas e isoladas,
onde a flora a principal fonte de alimentos, remdios, condimentos, abascantos
(protetores, talisms), fitoartesanatos, combustvel e abrigo. Ao longo de milnios,
muitas espcies de plantas foram utilizadas por curandeiros, raizeiros, pajs e
alquimistas para tratar doenas, ferimentos e dores, outras empregadas como
venenos e alucingenos em rituais xams (Figura 1). Na Idade Mdia ocorreu uma
nefasta hecatombe de pessoas, notadamente de mulheres, consideradas bruxas
por conta de conhecimentos de plantas com propriedades bioativas. Muitas dessas
plantas so hoje reconhecidas pela cincia como fonte de molculas com propriedades
teraputicas comprovadas e amplamente utilizadas na medicina (Tabela 7).

Fonte: Balick e Cox (1977).

Figura 1. Percentual de plantas medicinais usadas nos diferente tratamentos

por culturas indgenas de 15 pases

41
Tabela 7. Fitoqumicos mais utilizados na medicina aloptica, cuja descoberta baseou-se em
conhecimentos etnobotnicos
Droga Uso mdico Espcie botnica
Aspirina Analgsico; inflamao Filipendula ulmaria
Atropina Oftalmologia Atropa beladona
Cafena Estimulante Camelia sinensis
Cnfora Dores reumticas Cinnamomum camphora
Di-cumarol Trombose Melilotus officinalis
Digitoxina Fibrilao atrial Digitalis purpurea
Emetina Disenteria ambica Cephaelis ipecacuanha
Eugenol Odontalgia Syzygium aromaticum
Morfina Analgsico Papaver somniferum
Papana Mucoltico Carica papaya
Pilocarpina Glaucoma Pilocarpus jaborandi
Psoraleno Vitiligo Psoralea corylifolia
Quinino Malria Chinchona calysaia
Reserpina Hipertenso Rauvolfia serpentina
Senosdeos Laxativo Senna angustifolia
Taxol Cncer de ovrio Taxus baccatus
Vincristina Leucemia infantil Catharanthus roseus
Xantotoxina Vitiligo Ammi majus

A busca infrene por espcies de plantas com novas molculas, atividades e

utilidades tem como grande aliado a imensurvel diversidade de espcies que ocorrem
nos diferentes biomas de nosso planeta. Cada espcie pode reunir at milhares
de molculas, muitas delas ainda desconhecidas pela cincia. Essas substncias,
isoladas ou na forma de fitocomplexo, podem apresentar diferentes efeitos sobre o
organismo animal e precisam ser testadas e validadas. O desenvolvimento de testes
farmacolgicos com todas as novas espcies de plantas seria uma tarefa no mnimo
muito difcil, demorada e dispendiosa caso a cincia no tivesse, como forte aliado,
os conhecimentos etnobotnicos. Com base nesses conhecimentos, que preveem a
coleta de plantas e de informaes sobre utilidade, efeitos, forma de uso, restries
de uso da espcie, etc., o cientista pode dirigir e concentrar suas pesquisas nas
informaes prestadas pelas comunidades humanas. Baixo ndice de determinadas
patologias em uma comunidade pode ser resultado do uso de determinadas plantas
nutracuticas na dieta alimentar. Em alguns casos, at os animais podem dar pistas
importantes sobre a provvel ao farmacolgica de uma planta, quando fazem
uso dela para lenir clicas, eliminar vermes ou sobreviver a picadas de cobra, por
exemplo.

42
 A coleta sistemtica de amostras de plantas, a identificao das espcies,
bem como a obteno de dados relativos ao uso dessas espcies pelas comunidades
humanas so atividades hoje tratadas dentro da Etnobotnica. O conhecimento
popular sobre a utilizao de plantas medicinais decorrente da interao das
comunidades humanas com o ambiente, e essa busca est intimamente relacionada
sobrevivncia e ao bem-estar. A ao de um etnobotnico deveras ecltica,
envolvendo conhecimentos de botnica, ecologia, farmacologia, qumica, folclores,
psicologia, antropologia, arqueologia e diplomacia.

2.1 Levantamento etnobotnico

Amostragem de reas
Tcnicas de abordagem
Identificao cientfica (ou classificao)
Pesquisa bibliogrfica
Reunio comunitria
Apresentao de resultados
Implantao de hortos comunitrios
Elaborao de cartilhas educativas
Reunies peridicas com a comunidade
Publicao dos resultados

2.2 Coleta de dados

Sobre o entrevistado:
a) Endereo completo
b) Nome, apelido, sexo e idade
c) Local de nascimento e nome do cnjuge
d) Grau de instruo
f) Como e com quem aprendeu a usar as plantas como remdio
g) H quanto tempo usa plantas medicinais
h) Quais os problemas de sade mais comuns na famlia

Sobre a espcie vegetal:

a) Nomes populares e regionais
b) Origem da planta: nativa, ruderal, invasora ou extica
c) Grau de raridade na regio: rara, incomum, comum, infestante
d) Ambiente ecolgico da espcie
- Solo: arenoso, mdio, argiloso, turfoso, pedregoso, serrapilheira
- Luminosidade: helifita, escifita, umbrfita ou indiferente

43
 - Ambiente: campo nativo e ruderal; mata primria, secundria e ciliar;
bosque; restinga; dunas; capoeira; vrzea; horto; terreno baldio; estradas;
reas ruderais
- Hbito: paludosa, aqutica, rupestre, dendrcola
e) Distrbios inerentes espcie: pragas, doenas, amarelecimento,
raquitismo, engrouvinhamento, fragilidade, no florescimento, no produo de
semente
f) Usos no teraputicos: alimentar, condimentar, aromatizante, ornamental,
forrageiro, biocida, corante, alvejante, narctico, abascanto

Sobre a utilizao teraputica da planta

a) Indicao teraputica
b) Parte(s) usada(s) e poca de colheita
c) Formas de preparo (decoco, infuso, xarope, etc.)
d) Posologia e administrao
e) Frequncia de uso
f) Quantidade utilizada num lapso de tempo
g) Efeitos colaterais
h) Forma de processamento ou armazenamento da planta

Sobre a identificao organolptica de vegetais

a) Viso: porte, hbito de crescimento, formato dos rgos, cores, produo
de ltex ou resina
b) Olfato: diferentes aromas de plantas aromticas
c) Tato: cerosidade, viscosidade, rugosidade, urticncia
d) Sabor: amargo, acre, cido, doce, picante, refrescante, anestsico

Informaes ps-entrevista
a) Nomes cientficos completos; famlia botnica e sinonmias cientficas
b) Variedades botnicas, ectipos e raas qumicas
c) Nome do coletor, data da coleta, nmero da coleta, herbrio onde foi
depositada a amostra

2.3 Coleta de plantas

Exsicatas so amostras representativas retiradas de plantas, reunindo partes
vegetativas e reprodutivas (flores ou frutos), as quais so arranjadas e prensadas
entre papis porosos para que ocorra a desidratao e conservao. A parte da
planta mais importante para a identificao a flor, pois o rgo que menos varia
em diferentes condies ambientais.
Uma etiqueta ou um rtulo deve acompanhar a exsicata informando algumas
caractersticas do local da coleta e detalhes marcantes da espcie. Depois de pronta,
a exsicata encaminhada para ser armazenada em herbrios ou em locais adequados
e ser utilizadas por pesquisadores, que a identificam ou a classificam.

44
 Materiais utilizados na coleta no campo
Caderneta de campo, lpis, borracha
Tesoura de poda, faco
Prensa retangular de ripas de madeira
Jornal para isolar uma amostra de planta de outra, dentro da prensa
Lupa de mo com at 20 aumentos para observar detalhes morfolgicos
pouco ou no visveis a olho nu
Binculo para observar flores, frutos e folhas de espcies arbreas
Fita mtrica para medir dimetros de caule ou dimenses de rgos
vegetais
Sacos de papel e plstico para acondicionar frutos grandes e amostras
vegetais
Barbante de algodo
Mquina fotogrfica, gravador
Outros: ps, enxado, GPS, lcool, frascos, podo, coletor de frutos

Como coletar
Obter amostras representativas: plantas adultas e de aspecto normal
Evitar folhas deformadas, doentes ou atacadas por insetos
Incluir partes fundamentais: flores e ramos com folhas
Incluir partes complementares: frutos, rizomas, bulbo
Observar nmero de amostras por espcies: trs exsicatas

Como fazer a exsicata

1. Dispor a amostra da planta sobre o jornal. Virar uma ou duas folhas da

planta para que a face inferior seja exposta, conforme a Figura 2. O mesmo vlido
para as flores.

Figura 2. Exsicata de planta

mostrando a disposio
revirada de uma das folhas e a
Fonte: Ming (1996). poda de algumas delas

45
 2. Se a amostra muito comprida, dobrar a planta em forma de V, N ou M
(Figura 3). Se a amostra tiver excesso de folhas, pode ser feita uma poda parcial,
deixando-se as inseres dessas folhas para mostrar a disposio nos ramos. Aparar
os excedentes que ultrapassam os limites do jornal.

Figura 3. Exsicata
de uma amostra
comprida de planta,
mostrando a
disposio em forma
Fonte: Ming (1996).
de N

3. Evitar que as flores e os frutos sejam cobertos pelas folhas. Eliminar as

folhas que os encobrem, ou colocar as flores sobre tais folhas.
4. As amostras so dispostas individualmente entre duas folhas de jornal e
intercaladas por uma folha de papel ondulado. As amostras so colocadas empilhadas
e emparelhadas para ser prensadas por duas grades de madeira de 30 x 45cm. A
presso pode ser feita com cintas, borrachas ou tiras.
5. As amostras podem ser secas em estufas ou em locais bem arejados e
enxutos.
6. Frutos carnosos ou partes subterrneas grandes, bem como flores e
outras estruturas, que poderiam se perder na secagem, devem ser preservados em
recipientes com soluo alcolica a 70% (Ming, 1996).

Montagem da exsicata

Aps a secagem, retirar as amostras da prensa e disp-las sobre uma cartolina

medindo 29 x 42cm. Podem ser utilizados outros tipos de papis fibrosos e resistentes.
Fixar as amostras na cartolina com fita adesiva, cola branca ou barbante fino
e costurado a ela.
Colar a etiqueta no canto inferior da cartolina (Figura 4).

46
 1. Epagri Estao Experimental de Itaja
2. Harmonia Natural Caminho da Luz

3. Maclura tinctoria L.
4. Moraceae
5. Amaury Jr., 2003
6. Vila Nova do Moura, Canelinha, SC
7. Mata Atlntica
8. rvore alta com espinhos e frutos verde-claros e ltex branco
9. Nome vulgar: amora-de-rvore
10. Uso popular: hepatoprotetora, corante e alimentcia
11. Ceclia Cipriano
12. 03/12/04

Figura 4. Modelo de etiqueta: 1. Entidade responsvel pela

identificao; 2. Entidade interessada pela identificao; 3. Identidade
cientfica da espcie; 4. Famlia botnica; 5. Pesquisador responsvel
pela identificao; 6. Local de coleta; 7. Habitat; 8. Peculiaridades da
planta/dados ecolgicos; 9. Nomes populares; 10. Uso popular; 11.
Nome do coletor e nmero da amostra; 12. Data da coleta

Utilizar envelope para acondicionar amostras de sementes, pequenas flores e

frutos e algumas estruturas particulares da espcie.
Usar capa para proteger a amostra de danos fsicos, insetos e luz direta.
Colocar uma capa na exsicata para ser encaminhada ou armazenada em armrios
(Figura 5).

Figura 5. Exsicata
completa de uma
Fonte: amostra vegetal para
Ming ser armazenada ou
(1996).
encaminhada

47
2.4 Avanos etnobotnicos

Togo, frica
Um levantamento etnobotnico resultou na produo de fitomedicamentos e
na economia de milhes de dlares em frmacos importados.

Cuba
O bloqueio econmico dos EUA levou o governo cubano a desenvolver
pesquisas farmacolgicas e clnicas com espcies de plantas nativas, resultando
na obteno de fitoterpicos que esto sendo utilizados na medicina primria e na
avanada.

Brejo da Madre de Deus, PE

Um levantamento etnobotnico realizado no interior de Pernambuco
culminou com pesquisas financiadas pela Universidade Federal de Pernambuco,
pela Jica e pelo CNMP, resultando em reduo de mais de 30% em medicamentos,
melhoria da qualidade de vida e reduo em 90% dos quadros bronquiais.

Recife regio metropolitana perfil de entrevistados

- 96% utilizam plantas como medicamento
- 91,9% fabricam o prprio remdio
- 40,8% cultivam a prpria erva

Em suma, a etnobotnica pode contribuir para: a) a melhoria da autoestima,

do conhecimento e da sade da comunidade; b) a valorizao de conhecimentos e
prticas da populao dita excluda; c) o conhecimento de novas espcies e terapias;
e d) a gerao de conhecimento da comunidade para a cincia.

48
3 Biodiversidade, extrativismo e extino de
germoplasma

A flora brasileira riqussima em espcies vegetais com princpios ativos

prontos, esperando apenas ser testados. S na Amaznia, pelo menos 1.300 espcies
de plantas so utilizadas com propsitos medicinais, narcticos e biocidas. H relatos
da existncia na flora amaznica de 99 espcies de plantas antimalricas. Embora
rena a flora mais diversificada do planeta, apenas 0,4% das espcies so conhecidas
quimicamente. A flora equatorial e atlntica e o Cerrado constituem-se autnticos
celeiros de espcies medicinais, porm mesmo na vegetao de restinga, bosques,
sub-bosques, campos nativos e reas ruderais so encontradas inmeras espcies
descritas com propriedades teraputicas. De todas as plantas pesquisadas para o
tratamento do cncer, 90% delas so de origem brasileira.
A mata tropical rene dois teros da diversidade biolgica mundial. Alcaloides
vegetais so encontrados predominantemente em espcies tropicais, servindo como
um mecanismo de defesa contra herbvoros em geral. O Brasil detm 30% da mata
tropical da Terra. Estima-se em 55 mil a 80 mil espcies s na Amaznia brasileira. Das
30 mil espcies de plantas encontradas na Amaznia, apenas 1% foi quimicamente
estudado. No Nordeste, das 8 mil espcies, menos de 0,5% foi estudado quanto
sua ao farmacolgica. J foram catalogadas no Brasil mais de 55 mil espcies de
plantas, das quais apenas 1.100 foram avaliadas em suas propriedades medicinais, e
somente 590 foram registradas no Ministrio da Sade para comercializao.
Grande parte do conhecimento fitoterpico nacional se deve ao legado das
inmeras tribos indgenas brasileiras, da colonizao europeia e das populaes
africanas. Familiarmente, coube mulher o papel fundamental de resgate e
perpetuao dos conhecimentos etnoteraputicos, seja pela maior capacidade de
memorizao, seja pela vocao natural de assistncia sade dos familiares.
A transformao das plantas, cujo valor teraputico foi confirmado pelas
pesquisas farmacolgicas, em medicamentos para a populao esbarra na
dificuldade de obteno da matria-prima na quantidade e qualidade necessrias
ao processamento. O extrativismo de plantas medicinais tem sido prtica abusiva
e indiscriminada, principalmente em pases com flora luxuriante, como a do Brasil.

49
 Alm da dificuldade de obteno de algumas espcies por sua difcil localizao,
acesso e distncia (Figura 6), o extrativismo peca pela efmera sazonalidade de
espcies anuais e pela contaminao das plantas espontneas e subespontneas
com metais pesados, poeira, herbicidas e excrementos.

Fonte: Balick e Cox (1977).

Figura 6. Minutos dispendidos por um raizeiro de Belize para coletar plantas

medicinais em diferentes datas

A busca infrene por panaceias consagradas pela cincia moderna aliada a

notcias bombsticas pode resultar num extrativismo desmedido de certas espcies
da flora, resultando em aviltamento nos preos dos produtos e risco de extino. As
espcies mais ameaadas nesse contexto so as mais populares, com elevada cotao
comercial, de crescimento lento, reproduo difcil, raras, de limitada distribuio ou
localizadas em ambientes ameaados por aes antrpicas ou climticas. Estima-se
que, atualmente, uma espcie de planta extinta por hora em nosso planeta e as
principais causas so:
ao antrpica;
herbicidas;
monocultivo;
queimadas;
urbanizao;
notcias bombsticas sobre a planta;
extrativismo irracional; e
desastres naturais e induzidos.

Muitas espcies de plantas consideradas invasoras, subespontneas ou

ruderais so coletadas diretamente de seu habitat. Nos Estados Unidos, o caruru-
-de-cacho (Phytolacca americana L.), considerado a nica fonte de um mitgeno
antiviral, que pode ser liberado no stio-alvo de anticorpos monoclonais; o hiprico
(Hypericum perforatum L.), fonte de hipericina, antidepressivo e antirretroviral; a

50
tanchagem (Plantago major L.), anti-inflamatrio e antimicrobiano; a azedeira (Rumex
crispus L.), depurativa, diurtica e indicada para afeces biliosas e inflamatrias; e a
bardana (Arctium lappa L.), que contm lignanos que atuam sobre o mal de Hodgkin,
tm sido obtidas por extrativismo.
Na China, cerca de 80% das mil espcies comumente comercializadas so
extradas diretamente do meio ambiente. A taxa de bioextrativismo na China de
9% ao ano. Em 1987 foram extradas cerca de 650.000t de plantas medicinais do
meio ambiente. Em 1950 a espcie Glycyrrhiza uralensis Fisch. ocupava uma rea
de 1,2 milho de hectares na Monglia; em 1981 remanesciam apenas 330.000ha.
A espcie Pausinystalia yohimbe K. Schum., considerada um poderoso afrodisaco,
obtida em Camares (frica) por meio de coletas silvestres. So cerca de 286t ano-1,
que so obtidas por extrativismo. Desse total, 65% destinam-se Holanda e 18,3%
Alemanha. Na ndia, 95% das plantas medicinais so extradas da natureza. Mesmo
nos pases desenvolvidos ocorre o extrativismo. Nos EUA so extrados anualmente
cerca de 200t de Echinacea angustifolia (L.) Moench, um poderoso imunoestimulante,
alm de 110t de ginseng (Panax quinquefolium L.). Foram obtidas, por extrativismo,
cerca de 500 espcies na Frana, sendo 50 a 100t de Hypericum perforatum L. e 50 a
100t de alecrim (Rosmarinus officinalis L.).
Algumas espcies nativas esto sofrendo eroso gentica acelerada,
principalmente pela perda de variabilidade, consequncia direta do alto volume de
extrao em seu ambiente natural. No Estado de So Paulo so extradas inmeras
espcies de plantas medicinais, perfazendo um total de 800 a 900t ms-1. No Paran
so nada menos que 30t ms-1 de ffia (Pfaffia glomeratata (Spreng.) Pedersen) que
so retiradas furtivamente na calada da noite ao longo das barrancas do rio Paran.
Muitas espcies esto extintas, outras em vias de extino, como gingo
(Ginkgo biloba L.), unha-de-gato (Uncaria tomentosa (Willd.exSchult.)DC.), hidraste
(Hydrastis canadensis L.), Rauvolfia serpentina (L.) Benth. ex Kurz., salsaparrilha
(Smilax spp.), cancorosa-de-trs-pontas (Jodina rhombifolia (Hook. & Arn.) Reissek.),
quina (Chinchona calysaia Wedd.), ip-roxo (Tabebuia avellanedae Lorentz ex
Griseb.), pau-andrade (Persea spp.), tajuj (Cayaponia spp.), ipeca (Psychotria
ipecacuanha (Brot.) Stokes), jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf ex Holm.),
entre muitas outras. Nesse caso, o risco de extino decorre, principalmente, dos
resultados promissores obtidos cientificamente com essas espcies sem que haja
respaldo de um programa de domesticao e cultivo sistemticos.
Na Bulgria, determinadas espcies de plantas medicinais no podem ser
coletadas em estado silvestre, outras apresentam restries. Entre elas destacam-se:
valeriana (Valeriana officinalis L.), beladona (Atropa belladonna L.), prmula (Primula
veris L.), uva-ursi (Arctostaphylos uva-ursi (L.)Spreng.), hissopo (Hyssopus officinalis
L.), cardo-santo (Cnicus benedictus L.), slvia (Salvia officinalis L.), blsamo (Sedum
acre L.), penia (Paeonia peregrina Mill.), alteia (Alhaea officinalis L.), organo
(Origanum vulgare L.) e outras menos conhecidas.
Alm disso, a coleta de ervas nativas da flora pode resultar na obteno
de produtos de distintas composies bioqumicas, dadas as diferentes situaes

51
edafoclimticas. Na Amrica Central, os indgenas bribis selecionaram uma variedade
de Lippia alba (Mill.)N.E.Br.exBritton&P.Wilson que possui aroma mais pronunciado
que todas as demais variedades da regio. As variedades sul-americanas de quina
rvore da qual se extrai o quinino apresentam o mais alto contedo desse princpio
ativo entre todas as demais variedades do planeta.
Entre as espcies mais procuradas na flora brasileira destacam-se: salsaparrilha
(Smilax sp.), ipeca (Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes), quina (Chinchona sp.),
espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart.), embaba (Cecropia glaziovii Sneth.),
catuabas (Erythroxylon vacciniifolium Mart., Trichilia catigua A. Juss. e Anaemopegma
arvense (Vell.) Stellfeld ex J.F.Souza), barbatimo, ou casca-da-virgindade
(Stryphnodendron barbatiman Mart.), ip-roxo (Handroanthus avellanedae (Lorentz
ex Griseb) Mattos), guaatonga (Casearia sylvestris Sw.), caapeba (Piper umbellatum
L.), fel-de-ndio (Vernonia condensata), carqueja (Baccharis crispa Spreng.), erva-
-baleeira (Varronia curassavica Pers.), jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf
ex Holm.), pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link.), pacov (Renealmia exaltata L.
f.), chapu-de-couro (Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltr.) Mitcheli), ffia
(Pffafia glomerata Spreng.), entre outras, ameaadas por um conjunto de aes
antrpicas. Grande parte dessas espcies ainda pode ser encontrada crescendo
espontaneamente em matas tropicais midas do neotrpico.

52
4 Espcies medicinais do horto Eva Michalak

Neste captulo est um descritivo das principais espcies medicinais

introduzidas pela Irm Eva Michalak no horto localizado em Rodeio, SC. Todas as
informaes cientficas relatadas no texto so amparadas por ampla pesquisa
bibliogrfica disposta no final da obra.
Vale alertar que nem todas as espcies descritas apresentam comprovaes
cientficas, registrando-se, nesse caso, apenas informaes de ordem
etnoteraputicas.

53
4.1 Aafro-da-ndia (Curcuma longa L. Zingiberiaceae)

Sinonmia popular
Aafro-da-terra, aafro-falso, aafroeira, aafroeiro-da-ndia, batatinha-
-amarela, crcuma, curcum, falso-aafro, gengibre-dourada, mangarataia, raiz-
-amarela, turmeria.

1 3

Figura 1. Aafro-da-ndia em vegetao

Figura 2. Folhas de aafro-da-ndia
Figura 3. Inflorescncia de aafro-da-ndia
Figura 4. Rizomas de aafro-da-ndia

54
 Botnica
Planta herbcea que cresce cerca de 1,30m e apresenta rizomas alaranjados
com 10 a 12cm de comprimento por 2 a 3cm de espessura. As folhas tm 30 a 40cm
de comprimento por 15 a 20cm de largura, oblongolanceoladas, de cor verde-escu-
ra intensa e brilhante, reunidas na base, acuminadas no pice e emanam perfume
agradvel quando amassadas. No inverno as folhas secam totalmente e os rizomas
voltam a brotar na primavera. Um corte transversal no rizoma evidencia a colora-
o fortemente amarelada, com aroma picante. Possui inflorescncia cilndrica com
cerca de 12 a 15cm de comprimento e 4 a 6cm de dimetro, composta de brcteas
membranosas de cor esbranquiada ou esverdeada. As flores so branco-amare-
ladas, com clice tubular, dispostas em espigas compridas, com brcteas cncavas
verde-plidas, tendo as superiores uma mancha rsea. O florescimento ocorre do
fim da primavera at meados do vero.

Fitoqumica
Os rizomas contm curcumenoides, curcuminas (11,6%), curcumenona,
turmerinas, calebina, arabino-galactano, ukonan, polissacardeos, saponinas e leo
essencial (3% a 7%), que contm lactonas sesquiterpnicas, pineno, germacreno,
arturmerona, desidroturmerona, turmeronas (at 60%), zingibereno, felandreno,
bisabolano, linalol, eugenol, guaiano, borneol, sabineno, cido caprlico, limoneno,
curcumenol, curcumenona, zerumbona, sesquifelandreno, cineol, curcumeno, di-
-hidroturmerona e alantolactonas.

Composio bromatolgica
Em 100g de rizomas ocorrem 354 calorias, 11,4% de gua, 7,8% de protenas,
9,9% de lipdeos, 64,9% de hidratos de carbono, 6,7% de fibras, 6% de cinzas,
2.525mg de potssio, 268mg de fsforo, 182mg de clcio, 41,4mg de ferro, 38mg de
sdio, 26mg de cido ascrbico, 5,14mg de niacina, 0,23mg de riboflavina, 0,15mg
de tiamina e caroteno.

Aes comprovadas cientificamente

Antitumoral, gastroprotetora, hipocolesterolmica, hipolipemiante, antidis-
pptica, antiulcerognica, colertica, hepatoprotetora, antiofdica, antioxidante,
hipolipidmica, anti-inflamatria, antiartrtica, antirreumtica, antimicrobiana (Sal-
monella typhimurium, Staphylococcus spp., Escherichia coli, Morganella morganii,
Candida kruseii, Candida parapsilosis, Candida albicans, Trichophyton mentagro-
phytes, Trichophyton rubrum, Piedraia hortae, Fusarium udum, Aspergillus spp., Mi-
crosporum cannis, Alternaria solani, Fusarium equisetii, Macrophomina phaseolino,
Ceratocystis paradoxa e Curvularia lunata), larvicida, antiviral (HIV-1, Influenzae,
vrus Epstein Barr EBV-EA), antiprotozorica (Plasmodium falciparum, Leishmania
major, Leishmania tropica e Leishmania infantum), nematicida e inseticida (Aedes
aegyptii, Anopheles dirus, Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae, Tribolium casta-

55
neum e Culex quinquefasciatus).
Acerca da ao antiofdica, o extrato aquoso dos rizomas inibiu a neurotoxina
do veneno de naja (Naja siamensis), diminuiu o efeito hemorrgico do veneno
de jararaca (Bothrops jararaca), assim como amenizou a letalidade do veneno da
cascavel (Crotalus durissus terrificus) em ensaios com animais de laboratrio.

Toxicologia
O leo essencial dos rizomas pode ser neurotxico e abortivo para humanos.
No se deve utilizar o rizoma da planta com produtos anticoagulantes. Em doses
altas pode causar embriaguez, sono, delrio e confuso mental.

Outras propriedades
O sabor dos rizomas levemente pungente e amargo. Ao serem cozidos,
exalam forte aroma que lembra casca de laranja doce e gengibre.
utilizado em culinria, em pratos com arroz ou em picles, para
colorir manteiga, queijos, bebidas e saladas e o principal componente do curry,
condimento indiano. Na indstria alimentcia utilizado como condimento, corante
natural e aromatizante. Os rizomas so comestveis e fornecem fcula comparvel
da araruta e da mandioca.
Os corantes do rizoma so utilizados em tinturaria e para colorir tecidos,
algodo, seda, l, unguentos e leos medicinais. O corante obtido por meio de
cozimento com gua. Aps o cozimento, faz-se uma pasta e acrescenta-se cal ou
outro lcali. O corante resultante de cor vermelha ou vermelho-acastanhado-
-escura. O papel de aafro pode ser utilizado como indicador de alcalinidade,
ficando marrom em meio alcalino. O p do rizoma misturado ao almen d origem
a um corante indelvel.
O leo essencial utilizado em perfumaria.
O p utilizado por alguns povos asiticos para colorir o corpo em rituais
religiosos.
A planta utilizada como ornamental tanto para flor de corte quanto
para macios isolados.

56
4.2 Alecrim (Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae)

Sinonmia popular
Alecrim-da-horta, alecrim-de-cheiro, alecrim-de-jardim, alecrim-romarinho,
alecrim-rosmarinho, alecrim-rosmarino, alecrinzeiro, erva-da-graa, libantis,
rozmarim, rosmarino.

5 7

6 8

Figura 5. Alecrim em vegetao

Figura 6. Folhas de alecrim dos quimitipos
cnfora (esquerda) e cineol (direita)
Figura 7. Ponteiro floral de alecrim
Figura 8. Flor de alecrim

57
 Botnica
Planta semiarbustiva, perene, lenhosa, ramificada, que cresce de 0,7 a 1,8m
de altura. Folhas com aroma de incenso e cnfora, ssseis, opostas, lineares, inteiras
e coriceas. As flores so hermafroditas, pentmeras, zigomorfas, diminutas, bila-
biadas, azul-claras, rosadas ou esbranquiadas, medindo 1,5cm de comprimento e
reunidas em inflorescncias axilares e terminais do tipo racemo. O fruto do tipo
aqunio, de formato ovoide. A planta pode chegar a florescer o ano todo e viver de
8 a 10 anos. O florescimento ocorre mais intensamente de agosto at dezembro e se
estende pelo vero e outono.

Fitoqumica
A folha contm leo essencial rico em 1,8-cineol, cnfora, borneol, acetato de
bornila, -pineno, -pineno, -tuieno, canfeno, careno, mirceno, -terpineno, limo-
neno, terpineno, cimeno, copaeno e linalol, alm de cidos fenlicos, flavonoides,
terpernoides, fitosteris, lactona rosmanol, cido carnsico e carnosol.

Aes comprovadas cientificamente

Vasoprotetora, diurtica, anti-inflamatria, antiespasmdica, estimulante
circulatria e capilar, hepatoprotetora, antitumorognica, antioxidante, antiulcero-
gnica, colertica, colagoga, antibacteriana (Staphylococcus aureus, Staphylococcus
albus, Vibrio cholerae, Escherichia coli, Salmonella sp., Pseudomonas fluorescens e
Listeria monocytogenes), antifngica (Alternaria carthami, Sclerotium rolfsii, Kluyve-
romyces bulgaricus, Corynebacterium sp., Penicillium digitatum, Saccharomyces ce-
revisiae, Candida albicans) e amebicida (Entamoeba histolytica). O leo inibe o cres-
cimento de Aspergillius niger e Aspergillus flavus, fungos que infectam alimentos e
cosmticos.

Toxicologia
O leo e alguns cosmticos base desse leo podem causar dermatite em
pessoas com hipersensibilidade. Em altas doses txico, disentrico e pode causar
gastroenterite e nefrite. Pessoa portadoras de afeces na prstrata devem evitar
o alecrim. Pessoas diabticas, epilpticas, gestantes e lactantes devem abster-se da
ingesto de produtos do alecrim.

Outras propriedades
O sabor das folhas e as sumidades florais so intensamente aromticos,
canforceos e algo picantes. As folhas, principalmente, so utilizadas como condi-
mento em culinria. A planta empregada como condimento, sobretudo de carne,

58
peixes, frangos, guisados, saladas, pudins e biscoitos.
A planta melfera. O mel produzido a partir de suas flores reputado como
da mais alta qualidade alimentar e medicinal.
O leo de alecrim utilizado em perfumaria, cosmtica (sabonete, sais de
banho, desodorante, loo e tnico capilar) e na fabricao de licores e vinhos. Fo-
lhas e flores de alecrim maceradas em vodca produzem um licor conhecido como
gua Hngara.
As folhas desidratadas e pulverizadas atuam como incenso odorizante
e abascantos. A semente contm um leo essencial utilizado na preparao de
cosmticos, entre eles a gua-de-colnia.
A planta utilizada no controle de baratas e mosquitos. repelente de
pragas caseiras, moscas e borboletas. O leo de alecrim parasiticida, repelente
fragrante de traas, bactericida, fungicida e protisticida.
O extrato da planta um poderoso antioxidante devido, principalmente,
a uma lactona inodora e inspida (rosmanol). O leo utilizado para estabilizar
gorduras e evitar oxidaes, principalmente na indstria de embutidos.
Ramos de alecrim so utilizados na confeco de grinaldas e coroas de
flores.

59
4.3 Alfavaca-africana (Ocimum gratissimum L. subsp. gratissimum
Lamiaceae)
Sinonmia popular
Alfavaca-rvore, alfavaca-cravo, alfavaca-de-vaqueiro, canelinha, manjerico-
-cheiroso.

9 11 12

10 13

14
Figura 9. Alfavaca-africana em vegetao
Figura 10. Folhas de alfavaca-africana
Figura 11. Ponteiro reprodutivo de
alfavaca-africana
Figura 12. Inflorescncia de alfavaca-
-africana
Figura 13. Flor de alfavaca-africana
Figura 14. Frutos e sementes de
alfavaca-africana

60
 Botnica
Planta arbustiva, lenhosa, perene, cujo porte atinge at 2,5m de altura com
copa de 3m de dimetro. As folhas so fortemente aromticas, opostas, pecioladas
ovado-oblongas, crenado-serradas, acuminadas, agudas na base, glandulosas e
pubescentes em ambas as faces. As inflorescncias so terminais ou axilares. As flores
so brancas. Fruto do tipo cpsula seca contendo quatro sementes subglobosas e
rugosas. O florescimento ocorre a partir de janeiro, estendendo-se at agosto.

Fitoqumica
A folha contm leo essencial, que encerra eugenol, metil-eugenol, carvacrol,
ocimeno, cimeno, canfeno, limoneno, -pineno, xido de cariofileno, -pineno,
geraniol e timol, alm das flavonas xantomicrol e cirsimaritina.

Aes comprovadas cientificamente

Antitumoral, hipotensiva, hipolipmica, antioxidante, antidiarreica, analgsi-
ca, espasmoltica, regeneradora drmica, antinefrotxica, inibidora de anemia he-
moltica, hepatoprotetora, hipoglicmica, inibidora da enzima transcriptase rever-
sa do HIV-1, antimalrica (Plasmodium berghei), antimicrobiana (Escherischia coli,
Vibrio cholerae, Enterobacter sp., Aeromonas sobria, Plesiomonas shigelloides, Sal-
monella typhi, Salmonella enteritidis, Shigella dysenteriae, Shigella flexineri, Shigella
sonnei, Shigella boydii, Klebsiella sp., Proteus mirabilis, Staphylococcus aureus, Sta-
phylococcus epidermidis, Morganella morganii, Bacillus cereus, Fonsecaea pedrosoi,
Cryptococcus neoformans, Peptostreptococcus anaerobius, Prevotella nigrescens, Se-
lemonas artemides, Actinomyces viscosus, Listeria monocytogenes, Listeria innocua,
Microsporum canis, Microsporum gypseum, Streptococcus sanguis, Streptococcus
sobrinus, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Eikenella corodens, Candida krusei,
Candida parapsilosis, Candida albicans, Aspergillus niger, Aspergillus parasiticus, As-
pergillus flavus, Aspergillus fumigatus, Rhizoctonia solani, Absidia glauca, Fusarium
equisetii, Fusarium moniliforme, Fusarium verticillioides, Macrophomina phaseolino,
Curvularia lunata, Rhizopus nodosus, Phytophthora palmivora, Colletotrichum cap-
sici, Basidiobolus haptosporus, Basidiobolus ranarum, Trichophyton rubrum, Tricho-
phyton microsporum e Trichophyton mentagrophytes), inseticida (Sitophilus zeamais,
Sitophilus granarius, Spodoptera frugiperda, Bactrocera malaysian, Dacus dorsalis,
Rizopertha dominica, Callosobruchus maculatus, Tribolium castaneum e Prostepha-
nus truncatus) e parasiticida (Haemonchus contortus, Ascaris sp. e Onchocerca sp.).

Toxicologia
Doses abusivas ou crnicas do leo podem gerar processo inflamatrio.

Outras propriedades
condimentar e utilizada na fabricao de licores.
O eugenol amplamente utilizado em perfumaria, como aromatizante de
alimentos e cigarros e em odontologia.
A planta insetfuga.

61
4.4 Alfavaca-do-campo (Ocimum carnosum (Spreng.) Link & Otto ex
Benth. Lamiaceae)

Basinimo: Ocimum selloi Benth.

Sinonmia popular
Alfavaca-do-campo, alfavaco, alfavaca-de-vaqueiro, alfavacona, alfavaquinha,
anis, atrover, elixir paregrico, manjerico, manjerico-grande.

15 17

16

18

Figura 15. Alfavaca-do-campo em

vegetao
Figura 16. Folhas de alfavaca-do-campo
Figura 17. Flores e frutos de alfavaca-do-
-campo
Figura 18. Flor de alfavaca-do-campo

62
 Botnica
Espcie subarbustiva com 1 a 1,2m de altura, com caule verde, quadrangular
e sulcado quando jovem e castanho e cilndrico quando maturo. Folhas pecioladas
ovaladas, opostas, agudas, pouco tomentosas, glandulosas na face ventral, com mar-
gens irregulares e exalando um aroma anisado. Inflorescncia racemosa, glomerula-
da, com flores de clice tubuloso tetradentado, com lbio superior branco e inferior
violeta. Cpsula membranosa com lbio inferior tetradentado contendo quatro n-
culas ovoides e lisas, brancas quando imaturas e negras quando maturas.

Fitoqumica
leo essencial: A inflorescncia contm 0,6%, e as folhas, de 0,20% a 0,25%. O
leo essencial do quimiotipo encontrado em So Paulo contm trans-anetol (41,3%),
estragol (30%), ocimeno, metil-eugenol, trans-cariofileno, humuleno, felandreno,
germacreno, epxido de bisaboleno e -bisaboleno. O quimiotipo encontrado no
Cear contm 64,8% de trans-anetol e 20,8% de linalol.

Etnoterapia
Utilizada popularmente como diurtica, estimulante estomquica,
antiespasmdica, antidiarreica, anti-inflamatria e cicatrizante. As sementes so
antisspticas da regio ocular. Indicada ainda para gripe, dores de cabea, catarro no
peito e dores estomacais e de cabea.

Aes comprovadas cientificamente

A planta antiespasmdica, antiulcerognica, anti-hemorrgica e repelente
de mosquito (Anopheles braziliensis).

63
4.5 Alfavaca-santa (Ocimum tenuiflorum L. Lamiaceae)

Basinimo: Ocimum sanctum L.

Sinonmia popular
Manjerico-santo, alfavaca-da-ndia, erva-de-tomate.

19 21

20 22

Figura 19. Planta adulta de alfavaca-santa

Figura 20. Folhas de alfavaca-santa
Figura 21. Inflorescncia de alfavaca-santa
Figura 22. Flor de alfavaca-santa

64
 Botnica
Planta aromtica originria da ndia, semiarbustiva, plurianual, ereta, muito
ramificada, que cresce de 80 a 100cm. Tem folhas pequenas, de longo pecolo, cas-
tanho-violceas, ovadas a elpticas, opostas, pubescentes, com a margem dentada
e medindo cerca de 4cm de comprimento. As inflorescncias so dispostas em ver-
ticilos formando racemos curtos e terminais, solitrios ou em grupos. As flores so
pequenas, lilases, prpuras ou brancas. Suas sementes so muito pequenas, subglo-
bosas e discretamente compressas. O florescimento ocorre no vero.

Fitoqumica
As folhas contm leo voltil constitudo por eugenol (79% a 83%), estragol,
cariofileno, carvacrol, cimeno, canfeno, pinenos, metil-eugenol, nerol, elemeno, ca-
riofileno, limoneno, humuleno, terpineol, carvanol, cineol, selineno e farnesol. Ou-
tros compostos so os alcanos; sitosterol; glicurondeo de apigenina; moludistina;
decilaldedo; cidos rosmarnico, esterico, palmtico, oleico, linoleico, linolnico
ascrbico e ctrico; cirsilineol; cirsimaritina; isotimusina; isotimonina; orientina; vice-
nina; cido urslico; apigenina; luteolina; triacontanol e leucoantocianina. As inflo-
rescncias contm cerca de 18% a 60% de eugenol. A planta apresenta altos nveis
de zinco, mangans e sdio.

Aes comprovadas cientificamente

Antiestresse, adaptognica, anti-inflamatria, antiespermatognica, hipogli-
cemiante, imunoestimulante, antioxidante, anti-hepatotxica, hipocolesterolmica,
hipolipemiante, radioprotetora, antiulcerognica, antituberculosa, depressora do
sistema nervoso central, anticonvulsionante, antiagresso, diurtica, hipotensiva,
hipotensora, relaxante da musculatura lisa, antiespasmdica, antidiarreica, antimi-
crobiana em relao a Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Diplococcus
pneumomiae, Klebsiella, Proteus sp., Vibrio cholerae, Neisseria gonorrhoeae, Esche-
richia coli, Shigella flexneri, Shigella sonni, Absidia glauca, Rhizopus nodosus, Alter-
naria alternata, Alternaria solani, Fusarium moniliforme, Fusarium equisetii, Monili-
nia laxa, Mucor piriformis, Macrophomina phaseolino, Curvularia lunata, Ceratocys-
tis paradoxa, Botrytis cinerea, Penicillium digitatum, Penicillium italicum, Penicillium
expansum, Rhizopus stolonifer, Pestalotiopsis mangiferae e Colletotrichum capsici,
antiviral, inseticida (Culex quionquefasciatus), larvicida, anti-helmntica (Caenorhab-
ditis elegans) e antitxica em toxemia induzida por vrus de vacina.

Outras propriedades
Pode ser utilizada em receitas compostas por tomates e na preparao de
recheios, molho para macarro, arroz, assado de carnes e em geleias.

65
4.6 Andu (Cajanus cajan (L.) Hunth. Fabaceae)

Basinimo: Cajanus indicus Spreng.

Sinonmia popular
Feijo-guandu, guando, guandu.

23 25

26

24

27

Figura 23. Ponteiro floral de andu

Figura 24. Folhas de andu
Figura 25. Vagens e flores de andu
Figura 26. Flor de andu
Figura 27. Carpotomia da vagem de andu

66
 Botnica
Planta arbustiva ou subarbustiva, com folhas compostas por trs fololos
agudos ovadolanceolados ou oblongos. As inflorescncias so axilares, racemosas e
as brcteas so ovais ou lanceoladas. Os pedicelos so multicores, a corola amarela
e o estandarte, roxo.

Fitoqumica
As sementes contm protenas (21% a 22,5%), aminocidos essenciais
(abundncia de lisina), polissacardeos (16,77%, em mdia), acares solveis (9,46%,
em mdia), taninos, fitatos, cido ftico, cajaminose, fenvaleratos e polifenis.

Aes comprovadas cientificamente

As sementes so hipolipmicas, hipoglicmicas e hepatoprotetoras e
combatem o estresse hipxico e hipobrico.

Outras propriedades
A mistura de 75% de farinha de trigo e 25% de farinha de andu
(descascado) permite a elaborao de doces e biscoitos de boa aparncia e sabor
atrativo.
Quando novas e tenras, as vagens e as sementes so comestveis.
As sementes secas so utilizadas como alimento para gado.
A planta considerada uma recicladora de nutrientes, constituindo-se,
por isso, excelente adubao verde.

67
4.7 Arnica-do-mato (Sphagneticola trilobata (L.) Pruski
Asteraceae)

Basinimo: Wedelia paludosa DC.

Sinonmia popular
Arnica-do-brejo, pseudoarnica, vedelia, vadelia, malmequer, malmequer-do-
-brejo, margarido, pingo-de-ouro, insulina vegetal.

28 30

29
31

32

Figura 28. Arnica-do-mato em florescimento

Figura 29. Ramo vegetativo de arnica-do-mato
Figura 30. Folhas de arnica-do-mato
Figura 31. Ponteiro floral de arnica-do-mato
Figura 32. Captulo de arnica-do-mato

68
 Botnica
Planta herbcea, prostrada, perene, radicante junto aos ns, que cresce
40 a 50cm em altura. As folhas so opostas, curtopecioladas, pilosas nas duas
faces, providas de dois pequenos lobos laterais e um terminal, maior e denteado.
Os captulos so solitrios, longopedunculados, axilares. As brcteas involucrais
so foliceas em duas sries, pilosas no dorso. O receptculo cnico, carnoso e
paleceo. As flores so amarelas, as marginais femininas, em nmero de 13, em
mdia, com corola ligulada, trilobada no pice, com 8mm de comprimento; as do
disco, muitas hermafroditas com corola tubulosa. O aqunio trquetro, glabro e
estreitado na base. O florescimento s no ocorre no inverno.

Fitoqumica
As folhas e flores contm vedelolactona; friedelanol; esteris ou triterpenos,
incluindo estigmasterol, -amirina e cido oleanlico; diterpeno do tipo caureno;
cido entocaurenoico; coreopsina; paludolactona; acetato de amirina; estigmasterol;
estigmastadienol; cidos grandiflornico, tigloiloxicaurico e cinamoiloxicauroico;
tetrachirina; luteolina; chalcona; coreopsina e leo essencial. O leo essencial
composto por uma mistura de -pineno (35,9%), limoneno (21,3%), pineno (3,1%)
e germacreno-B (11,8%).

Aes comprovadas cientificamente

Anti-inflamatria, antilgica, expectorante, anticonvulsiva, hipoglicmica,
antimicrobiana (Epidermophyton floccosum, Trichophyton rubrum e Trichophyton
mentagrophytes), tripanossomicida, inibidora de germinao de sementes e
fitoestimulante. Apresenta bioatividade sobre dor neurognica e inflamatria,
afeces do trato respiratrio, candidase vaginal e tosse.

Outras propriedades
cultivada como ornamental em jardins e serve de forrao.
Apresenta alto ndice de enfolhamento. Pode ser utilizada como
cobertura de solo, principalmente para revestir barrancos, escoadouros e taludes.

69
4.8 Artemsia-romana (Tanacetum parthenium (L.) Schultz Bip.
Asteraceae)

Basinimo: Chrysanthemum parthenium (L.) Bernh.

Sinonmia popular
Artemigem-dos-jardins, artemijo, artimijo, artemsia-romana, camomila-
-pequena, macela-da-serra, macela-do-reino, margaridinha, matricria, monsenhor-
-amarelo, piretro-do-cucaso.

33 35

34 36

Figura 33. Artemsia-romana em vegetao

Figura 34. Folhas de artemsia-romana
Figura 35. Artemsia-romana em florao
Figura 36. Captulo de artemsia-romana

70
 Botnica
Planta herbcea, aromtica, muito ramificada, bianual ou perene, que cresce
de 60 a 90cm de altura. As folhas so pecioladas, alternas, verde-amareladas, glabras
ou pouco pubescentes, com trs a sete pares de segmentos oblongos e incisodentados.
Apresenta inflorescncias em captulos dispostos em corimbos terminais. As flores
do disco central so amarelas e tubulosas, circundadas por lgulas brancas, formando
captulos com cerca de 1,3 a 1,6cm de dimetro e dispostos em corimbos foliares.
O fruto um aqunio castanho com costas longitudinais. Apresenta cheiro forte e
desagradvel e sabor amargo. O florescimento ocorre no incio do vero.

Fitoqumica
leo essencial presente nas flores (0,02 a 0,07%) contm cnfora, borneol,
steres, cosmosiina, santamarina, metilbutirolactonas, -pineno, germacronoldeos,
guaianoldeos e sesquiterpenos clorados. O partenoldeo, encontrado nas folhas e
flores, o principal componente das lactonas sesquiterpnicas, cujo teor no extrato
etanlico e aquoso de, respectivamente, 0,3% e 0,5%, podendo chegar a 0,6 e a
0,9%. Contm ainda: as lactonas hidroxipartenoldeo, secotanapartoldeos, canina,
artecanina, michefuscaldeo, epxi-artemorina, epicanina, costunoldeo, reinosina
e crisantemonina; apigenina; luteolina; glicurondeos; luteolina; crisantemina;
tanetina; quercetagetinas; cidos fenlicos; fitosterina; cido antmico e tnico.

Aes comprovadas cientificamente

Antiplaquetria, anticoagulante, anticefallgica, antitumoral, imunomodula-
dora, espasmoltica, anti-inflamatria, antisserotonrgica e antimicrobiana (Sarcinia
lutea, Candida albicans, Candida guilliermondii, Salmonella enterii e Staphylococcus
aureus).

Toxicologia
O manuseio frequente da planta pode resultar em dermatite alrgica de
contato. Pode causar aborto. A planta no deve ser utilizada por pacientes que
utilizem drogas anticoagulantes. Anti-inflamatrios no esteroidais podem afetar a
eficcia da camomila-romana no tratamento da enxaqueca.

Outras propriedades
inseticida e insetfuga.
utilizada como ornamental para corte ou em jardins.
Melhora a estrutura do solo.
As abelhas evitam a aproximao quando ocorrem plantas de camomila-
-romana.

71
4.9 Assa-peixe (Vernonanthura phosphorica(Vell.) H.Rob.
Asteraceae)

Basinimo: Vernonia polyanthes Less.

37 39

38 40

41

Figura 37. Ponteiro vegetativo de assa-peixe

Figura 38. Assa-peixe em incio de vegetao
Figura 39. Folhas de assa-peixe
Figura 40. Inflorescncia de assa-peixe
Figura 41. Captulo de assa-peixe

72
 Sinonmia popular
Assa-peixe-branco, cambar-branco, cambar-guau, chamarrita.

Botnica
Planta arbustiva, perene, que cresce de 2 a 3m de altura. O caule liso,
lenhoso, ramificado e arredondado. As folhas so agudas, estreitas na base,
alternas, pecioladas, grseo-pilosas, lanceoladas, cerosas, rugosas e speras na face
ventral e tm a margem inteira ou pouco serreada. Sua inflorescncia paniculada,
com captulos ssseis contendo cerca de 25 flores lilases. O fruto um aqunio
oblongolanceolado de cor castanha.

Fitoqumica
Alcaloides, glicosdeos, flavonoides (genquanina e velutina), leo essencial,
sais minerais, taninos e pequenas concentraes de saponinas, antraquinonas
e alcaloides nos extratos aquosos das folhas. Nos extratos foliares predomina a
presena de taninos e flavonoides, ao passo que nas razes ocorrem taninos. Nas
flores ocorrem taninos e flavonoides.

Aes comprovadas cientificamente

Anti-hipertensiva, diurtica, vasodilatadora e natriurtica. Os glicosdeos
extrados das flores so estudados como antitumoral. Com base na ocorrncia e em
atividades j conhecidas dos fitocompostos encontrados no assa-peixe, pressupe-
-se que a espcie apresente tambm atividade antimicrobiana e antiulcerognica.

Outras propriedades
As folhas so comestveis quando fritadas milanesa.
As flores so melferas, proporcionando mel de alta qualidade medicinal.
Os indgenas brasileiros utilizam as folhas para assar peixes.
A casca da raiz, quando extrada na escurido, fosforescente.

73
4.10 Atansia (Tanacetum vulgare L. Asteraceae)

Basinimo: Tanacetum vulgare (L.)Bernh.

Sinonmia popular
Catinga-de-mulata, atansia-das-boticas, boto-amarelo, erva-contra-
-vermes, erva-de-so-marcos, erva-dos-vermes, erva-lombrigueira, palma, tanaceto,
tanaceto-comum, tansia, tasneira.

42 44

43 45

46

Figura 42. Atansia em vegetao

Figura 43. Folhas de atansia
Figura 44. Atansia em florao
Figura 45. Inflorescncias de atansia
Figura 46. Captulo de atansia

74
 Botnica
Planta herbcea perene que forma tufos com numerosos caules eretos,
ramosos, angulosos, canelados e folhosos. Cresce de 0,6 a 1m de altura. As folhas so
fortemente aromticas e muito amargas, alternas, glabras, que crescem at 15cm
de comprimento, com segmentos lanceolados e pinatipartidos, serrados, agudos
e pecolo alado. A inflorescncia composta por captulos corimbosos terminais,
amarelos, eretos e densos. As flores so pequenas, amarelas, tubulosas, e as
exteriores no tm estames. Os frutos so do tipo aqunio, costado e glanduloso.

Fitoqumica
As inflorescncias contm 0,1% a 0,6% de leo essencial. Algumas
variedades de atansia podem conter 60% a 90% de artemisia-cetona ou 70% a
95% de tuiona no leo essencial, enquanto outras no a contm. O leo essencial
contm ainda pineno, sabineno, carveol, di-hidrocarvona, mirtenol, umbelulona,
terpineol, davanona, borneol, cnfora, cineol, acetato de crisantenilo, pinocanfona,
isopinocanfona, isotuiona, piperitona, terpineno, canfeno, acetato de bornila,
acetato de isobornila, tricicleno e mirceno. As sumidades floridas contm, ainda,
lactonas sesquiterpnicas arbusculina-A, tanacetina, germacreno, tanacetol A e B
e, principalmente, os partenoldeos; jaceosidina, eupatorina, crisoeriol, diosmetina,
sitosterol, estigmasterol, campesterol, taraxasterol, pseudotaraxasterol, amirina,
escutelarena, hidroxiluteolina, apigenina, luteolina-glicurondeo, hidroxiluteolina-
-glicosdeo, tanacetano, mucilagem, virbunitol, crispoldeo, cidos tartrico,
cafeico, ctrico, butrico, oxlico, glico e tansico, tanacetona, flavonoides (flavona
eupatulina), canfol, taninos, esteris, resina e vitamina C.

Aes comprovadas cientificamente

Antiespasmdica, colertica, hipolipmica, anti-hipercolesterolmica,
antitumoral, hipoglicmica, emenagoga, anti-inflamatria, gastroprotetora,
antiulcerosa, antiscaris, anti-helmntica, antifngica (Erwinia amylovora), acaricida
(Tetranychus urticae), repelente do pulgo Aphis fabae.

Toxicologia
A planta contm lactonas potencialmente alergnicas. A essncia da planta,
injetada na veia de animais, provoca convulses semelhantes s da hidrofobia e
causa inflamao no tubo digestivo, o que pode resultar em espasmos violentos,
paralisia do corao e morte. O leo considerado muito txico e pode causar
hiperestrogenismo em bovinos. Dez gotas dele podem ser fatais a humanos. Outros
sintomas incluem pulso fraco, gastrite severa e espasmos fortes. O tratamento de
intoxicao prev lavagem gstrica ou mese, e tratamento sintomtico. Nunca se
deve utilizar a planta durante a gravidez.

Outras propriedades
utilizada como condimento de omeletes e pudins em alguns pases. As

75
folhas jovens, ainda frescas, so utilizadas em pequenas quantidades para temperar
peixe assado e torta de carne. utilizada, quando sem tuiona, para aromatizar
bebidas alcolicas (Chartreuse). A planta, quando macerada em gua, pode ser
empregada na preparao de coalho e, posteriormente, queijo de Tansy.
As partes mais jovens da planta so utilizadas no preparo de cosmticos
e unguentos. O leo essencial utilizado em perfumaria.
matria-prima de corante verde. Com almen como mordente, as
flores fornecem corante alaranjado.
A planta inteira apresenta ao inseticida. A fumaa da queima das folhas
pode ser utilizada como dedetizadora domstica. A planta utilizada como repelente
de moscas, formigas, afdeos e veados. O leo essencial, quando esfregado sobre a
pele, repele insetos. A carne pode ser protegida do assdio de moscas esfregando-as
com as folhas da planta. As flores tm ao estupefaciente sobre os insetos. Bovinos
e ovinos ingerem a planta, mas cavalos, coelhos e cabras a refugam.

76
4.11 Babosa-de-botica (Aloe barbadensis Mill. var. barbadensis
Xanthorrhoeaceae)

Basinimo: Aloe vera L.

Sinonmia popular
Alo, alos, babosa, babosa-medicinal, barbosa, caraguat, caraguat-de-
-jardim, erva-babosa, erva-de-azebre.

47 49

48 50 51

Figura 47. Babosa em vegetao

Figura 48. Folhas de babosa
Figura 49. Parnquima mucilaginoso da folha de babosa (corte tranversal)
Figura 50. Inflorescncias de babosa
Figura 51. Flores de babosa

77
 Botnica
Planta arbustiva, dioica, suculenta, mucilaginosa, rizomatosa, entouceirada,
perene, medindo 0,5 a 1,2m de altura. As folhas esto dispostas em forma de
roseta, e aparecem at 20 delas por planta; elas so ensiformes, com 50 a 60cm
de comprimento por 6 a 9cm de largura, cncavas em sua face superior e convexas
na face inferior, glauco-esverdeadas, sinuoso-serradas, carnosas, com pintas ou
manchas brancas quando jovens, marginadas por espinhos triangulares amarelos,
curtos e espaados. As folhas jovens so retas e agudas. As flores so tubulosas, de
cor amarelada, pendentes, dispostas em racemos terminais densos de 30 a 40cm de
comprimento sobre uma haste simples ou ramificada. O fruto uma cpsula triangular
reunindo vrias sementes escuras. Mais internamente, ocorre o parnquima tissular
mucilaginoso, ou gel, de colorao vtrea. O gel mucilaginoso assegura a condio
xerfita da babosa, conservando a umidade do tecido por longo perodo de tempo.
O ltex, que a seiva que circula nos canais condutores subepidrmicos, um lquido
de consistncia leitosa, colorao amarelo-ocre, sabor amargo e aroma ranoso. O
florescimento ocorre de agosto a setembro.

Fitoqumica
Gel (transparente): mucilagem polissacardica, mananos, glicomanos,
acemano, cidos urnicos, hexurnico, peteroilglutmico, glicurnico, gamolnico;
enzimas: carboxipeptidase, peroxidases, lipase, alinase, amilase, oxidase,
carbopeptidase e superxido dismutase; penta-hidroxiflavonas; germnio; selnio;
lectinas; naftoquinonas; esteris; -sitosterol; triterpenoides; taninos; lactato de
magnsio; aloeferon; vitaminas E e C; galactose; xilose; saponinas; pentosana;
manose-6-fosfato; galactose; manose; arabinose e aloerdeo. A polpa contm oxalato
de clcio.
Ltex amarelo: antraquinonas; aloe-emodina; aloquinodina; barbalona;
aloetina; alona; antranol; cidos alotico, cinmico, pcrico, crisofnico, alonico
e hidroxi-cinmico; ster de cido cinmico, aloinose, aloenina, aloinosdeos e
casantranol. O azebre que a massa amorfa escura resultante da secagem do ltex
das folhas contm de 40% a 80% de resina e 20% a 30% de alona.
Casca verde das folhas: glioxalases, enzimas oxidase e catalase,
-caroteno, fenis e enxofre.
Os princpios ativos aumentam com a idade da planta.

Composio bromatolgica
A folha contm 215mEq dL-1 de potssio, 235mEq dL-1 de clcio, 14mEq dL-1
de fsforo, 19mEq dL-1 de sdio, 10mEq dL-1 de cloro, magnsio, traos de cobre,
mangans, ferro e zinco, 13mg dL-1 de glicose, 0,2mg dL-1 de protenas, 3,6mg dL-1 de
cido saliclico, 11mg dL-1 de colesterol, 374mg dL-1 de triglicerdeos, 0,5mg dL-1 de
cido rico, 52ppm de cido glutmico, 45ppm de serina, 43ppm de cido asprtico,
37ppm de lisina, 31ppm de treonina, 30ppm de triptofano, 28ppm de glicina e
alanina, 20ppm de leucina, 18ppm de histidina, 14ppm de isoleucina, 14ppm de

78
fenilalanina, 14ppm de metionina, 14ppm de valina, 14ppm de prolina, arginina e
tirosina, -caroteno, cido flico, colina, hidroxiprolina, vitaminas B1, B2, B3, B6, C e E.

Aes comprovadas cientificamente

O gel da babosa apresenta atividade antitumoral e antirradicais livres e
tem ao gastroprotetora, antiulcerativa drmica, anti-inflamatria, antiartrtica,
regeneradora drmica, hepatoprotetora, clareadora drmica, hipoglicmica,
hipocolesterolmica, hipolipemiante, antitrombtica, espermicida e redutora do
efeito de cafena, cocana, etanol, ferro, mentol, iodo, timol e taninos. utilizado
tambm no tratamento clnico da asma bronquial, fibromialgia, sndrome de fadiga
crnica, estomatite aftosa, ostete alveolar, Lichen planus, Osteoma cutis e Psoriase
vulgaris.
O ltex hipotensor, antialcolico, cicatrizante, antiviral (vrus Herpes simplex
tipo 1, vrus da varicela-zster, vrus pseudorrbico e vrus do resfriado), nematicida
e antimicrobiano (Staphylococcus aureus, Staphylococcus pyogenes, Salmonella
typhy, Salmonella paratyphy, Streptococcus pyogens, Streptococcus agalactiae,
Serratia marcescens, Escherichia coli, Trichomonas vaginalis, Pseudomonas
aeruginosa, Streptococcus fecalis, Bacillus subtilis, Enterobacter cloacae, Klebsiella
pneumoneae, Citrobacter sp., Candida albicans, Pseudomonas aeruginosa, Shigella
paradysenteriae, Mycobacterium tuberculosis, Corynebacterium xerosis, Aspergillus
niger, Cladosporium herbarum e Fusarium moniliforme).

Toxicologia
A frao da babosa com maior toxidez o ltex amarelo que escorre da
folha quando esta cortada. Esse ltex contraindicado para: uso interno em
crianas, mulheres grvidas, lactantes e catamnicas (metrorragia), indivduos com
hemorroida, pacientes portadores de apendicite, enterocolites, colite ulcerosa,
mal de Crohn, portadores de varizes, afeces renais, prostatite, disenteria e
cistite. O uso interno prolongado reduz a sensibilidade do intestino, necessitando
doses gradativamente mais altas do produto. Doses elevadas podem causar clicas
abdominais, diarreia, nuseas, vmitos, transtornos no ritmo cardaco, cimbras
musculares, hiperaldosterismo, debilidade, hipotermia, pulso lento, glomerulonefrite
aguda, albuminria e hematria. O uso crnico do ltex como laxante pode resultar
em cncer de clon. A dose mxima recomendada para a resina (p amarelo) de
1,5g, e 8g dia-1 podem causar a morte. O uso interno da babosa no deve estender-
-se por mais de 8 a 10 dias. Um possvel antdoto para a intoxicao aguda consiste
em administrar ao paciente 10g de carvo ativado combinado com 0,5g de sulfato de
sdio, podendo-se juntar ainda frutas ou chs ricos em tanino.
O gel pode causar irritao na pele, devida, provavelmente, aos cristais
em forma de agulha encontrados no gel. O uso do gel de babosa em formulaes
utilizadas para dermoabraso e peeling qumico pode resultar em sensao de
queimadura e dermatite.

79
 Outras propriedades
A essncia das folhas utilizada na fabricao de licores, aperitivos,
tnicos digestivos e cerveja amarga.
A resina extrada das folhas utilizada como matria corante para tingir
seda, algodo e l.
A essncia da planta era usada para embalsamar mmias.
O leo das sementes e das razes utilizado como flavorizante em bebidas
alcolicas (bitters, licores e vermutes), bebidas no alcolicas, pudins, gelatinas e
bombons, em nveis mdios de at 0,01%, podendo chegar a 0,2% quando se trata
do extrato da semente utilizado em bebidas alcolicas.
A polpa, macerada ao acar ou mel, constitui-se alimento de certos
povos asiticos.
A fibra das folhas utilizada na fabricao de cordoalha, esteira e tecidos
grosseiros.
O suco da planta inseticida e larvicida. Existem relatos de pessoas que
utilizam o suco da planta para combater pulgas.
A planta utilizada na ornamentao de jardins.

80
4.12 Balieira (Varronia curassavica Jacq. Boraginaceae)

Basinimo: Cordia verbenacea DC.

Sinonmia popular
Balieira-cambar, camarinha, caramoneira-do-brejo, catinga-de-baro, erva-
-baleeira, guabiraba, maria-milagrosa, maria-preta.

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Figura 52. Balieira em vegetao

Figura 53. Folhas de balieira
Figura 54. Inflorescncia de balieira
Figura 55. Flor de balieira
Figura 56. Frutos de balieira

81
 Botnica
Arbusto perene de arquitetura esgalhada, muito ramoso, que cresce de 1,5
a 2,5m de altura. As folhas so fortemente escabroso-verrucosas na face ventral,
ssseis, atenuadas na base, dentadas, agudas, lanceoladas a oblongo-lanceoladas,
verde-escuras, aromticas, medindo cerca de 5 a 10cm de comprimento por 2 a
3cm de largura. Inflorescncia corimbosa terminal, medindo cerca de 3 a 7cm de
comprimento. As flores apresentam corola campanulada branca e pequena. Frutos
subglobosos, com 3mm de dimetro, vermelhos.

Fitoqumica
As folhas contm artemetina (0,18%), di-hidroxi-metoxi-isoflavona e di-
-hidroxi-metil-isoflavona. O leo essencial (0,34% no inverno a 0,81% no vero,
em SC e 0,12% em SP base fresca) contm -pineno (34,37%), trans-cariofileno
(18,88%), alloaromadendreno (7,39%), -cadineno, germacreno-D, -elemeno,
acetato de citronelil, -copaeno, xido de cariofileno, espatulenol, -mirceno,
-humuleno, 1,8-cineol, cido dodecanoico, -bisaboleno e sabineno. As razes
contm naftoquinonas conhecidas como cordiaquinonas.

Aes comprovadas cientificamente

Anti-inflamatria, antiedematognica, gastroprotetora, antiulcerognica,
antifngica (Candida albicans, Aspergillus niger, Cladosporium cucumerinum e
Trichophyton microsporum) e larvicida sobre o mosquito da febre amarela (Aedes
aegypti). O extrato hexnico das folhas apresenta atividade antibacteriana.

Outras propriedades
Suas folhas so utilizadas como condimento de sopa.
Os frutos so comestveis e muito apreciados pelos pssaros.

82
4.13 Bardana (Arctium majus (Gaertn.) Bernh. Asteraceae)

Basinimo: Arctium lappa L.

Sinonmia popular
Bardana-maior, carrapicho-grande, carrapicho-de-carneiro, erva-dos-
-tinhosos, gob, labaa, orelha-de-gigante, orelha-gigante, pega-massa, pergamasso.

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Figura 57. Bardana em vegetao

Figura 58. Folhas de bardana
Figura 59. Pendes florais de bardana
Figura 60. Flor e frutos de bardana
Figura 61. Razes tuberosas de bardana
Figura 62. Rizoctomia das razes tuberosas
de bardana

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 Botnica
Planta herbcea quando nova e subarbustiva ao reproduzir-se. Bienal, de
caule robusto, ereto, ramoso, purpreo, canelado, pubescente-cotonoso. Cresce de
0,7 a 2,10m de altura. A raiz, que carnuda, fina e comprida, apresenta colorao
castanha, inodora, amarga, aucarada e desenvolve-se axialmente. Apresenta folhas
alternas, verde-escuras e glabras na face ventral e cinzento-claras e aveludadas na
face dorsal, pecioladas; as inferiores so cordiformes e as superiores, ovaladas,
normalmente ssseis. As folhas atingem grande porte antes do florescimento (78cm
de comprimento por 68cm de largura). Durante o perodo reprodutivo as folhas
tornam-se pequenas. As flores so azuladas a arroxeadas e agrupadas em corimbos
frouxos de volumosos captulos pedunculados, esfricos (3 a 4cm de dimetro),
espiculosos. Quando maduras, as cpsulas aderem-se facilmente roupa das
pessoas e ao pelo dos animais. O fruto do tipo aqunio, castanho-avermelhado-
-claro ou cinza-castanho, coberto por vrias manchas pretas e papilhos, longo-
elptico ou obovado, com 5 a 6mm de comprimento por 2,5mm de largura.

Fitoqumica
Razes: contm cerca de 45% a 60% de inulina (polissacardeo); contm,
ainda, poliacetilenos (trainaeno, enotetrainaeno e pentainaeno), cidos cafeico,
clorognico, palmtico, esterico, araqudico e rcticos (cido guanidino-isovalrico e
propinico), xiloglicano, sesquiterpenos, fitosterina, leo essencial (0,07% a 0,18%),
taninos, mucilagem, estigmasterol, sitosterol, taraxasterol, eudesmol, acetato e
palmitato de di-hidrofuquinona, arctigenina, gobosterina, lapolina, isoarctigenina,
lapatina, arctiopicrina, arctiina, glicosdeos e flavonoides (rutina).
Folhas: arctiol, eremofileno, eudesmol, fuquinona, di-hidrofuquinona,
fuquinanoldeo, arctiina, arctigenina e taraxasterol.
Sementes: 15% a 30% de leo fixo, o qual contm 58,5% de cido
linoleico e 19,1% de cido oleico, lapina, lignanos (arctiina, neoarctina), daucosterol,
arctigenina, matairesinol, lapaol, cido clorognico e tnico, germacranoldeo,
arctina, tanino e mucilagem.
Frutos: arctiosdeo, arctiina e, em menor proporo, arctigenina.
Planta: lapatina composto amargo , nitrato de potssio e carbonato
de potssio.

Composio bromatolgica
Cem gramas da raiz crua contm 89 calorias, 76,5% de gua, 2,5g de protena,
0,1g de lipdeos, 20,1g de carboidrato, 1,7g de fibras, 0,8g de cinzas, 50mg de clcio,
58mg de fsforo, 1,2mg de ferro, 30mg de sdio, 180mg de potssio, 0,25mg de
tiamina, 0,08mg de riboflavina, 0,3mg de niacina e 2mg de cido ascrbico.

Aes comprovadas cientificamente
Antitumoral, hipoglicemiante, diurtica, antifurunculose, anti-HIV, vaso-
dilatadora, miorrelaxante, antitxica, hepatoprotetora, indutora do peristaltismo

84
intestinal, antitrombtica, antioxidante, antiulcerognica, ansioltica, antiltica,
antibitica (Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis, Mycobacterium smegmatis,
Escherischia coli, Shigella flexneri, Shigella sonnei, Streptococcus pneumoniae,
Mycobacterium tuberculosis, Streptomyces cerevisae e Candida albicans). Utilizada
clinicamente no tratamento tpico, sistmico ou conjugado da psorase.

Toxicologia
estimulante da musculatura do tero, sendo, portanto contraindicada
durante a gravidez. Os pelos que revestem a planta podem irritar pele e crnea
e causar dermatite de contato. Emplastros das razes de bardana podem causar
dermatites de contato.

Outras propriedades
A raiz cozida alimentcia, muito nutritiva e pouco calrica.
Pode ser cozida com gua e sal e temperada com molho ou manteiga.
A haste, cortada antes do florescimento e despida da casca, pode ser
cozida em gua para ser consumida como aspargo ou na forma de salada com vinagre
e leo. As folhas e os brotos novos tambm so comestveis.
Pode ser tambm caramelada ou cristalizada.
Em alguns pases a raiz tostada e utilizada como sucednea do caf.

85
4.14 Boldo-do-reino (Plectranthus barbatus Andr. Lamiaceae)

Basinimo: Coleus barbatus Benth.

Sinonmia popular
Alum, boldo, boldo-chileno, boldo-da-terra, boldo-de-jardim, boldo-do-
-brasil, boldo-do-chile, boldo-falso, boldo-nacional, boldo-silvestre, erva-cidreira,
falso-boldo, hortel-gorda, hortel-grada, hortel-homem, malva-amarga, malva-
-santa, sete-dores, sete-sangrias, tapete-de-oxal.

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Figura 63. Boldo-do-reino em vegetao

Figura 64. Folhas de boldo-do-reino
Figura 65. Inflorescncia de boldo-do-reino
Figura 66. Flores de boldo-do-reino

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 Botnica
Planta arbustiva, perene, com aroma canforceo e sabor amargo, herbcea
quando jovem, lenhosa quando adulta, atingindo cerca de 1 a 1,4m de altura.
Apresenta ramos decumbentes a eretos, frgeis, quadrangulares, semissuculentos,
densamente hirsutos. As folhas so opostas, ovado-oblongas, grossas, com at 12cm
de comprimento por 8cm de largura, de margem serrada, pilosas em ambas as faces,
curtopecioladas. As flores so hermafroditas, azul-violceas intensas, agrupadas em
inflorescncias racemosas compridas.

Fitoqumica
As folhas contm leo essencial rico em guaieno, fenchona, felandreno,
humuleno, aromadendreno, pineno, cariofileno, mirceno, xido de cariofileno
e cimeno. Contm, ainda, o diterpenoide labdnico a forskolina (ou coleonol),
flavonoides, saponinas, barbatusol, diterpenos quinonametdeos (coleons),
estigmasterol, barbatol, barbatusina, ciclobutatusina e cariocal.

Aes comprovadas cientificamente

Gastroprotetora, anti-inflamatria, anti-hipertensiva, miorrelaxante,
hipotensora, espasmoltica, broncodilatadora, antialrgica, inotrpica positiva,
vasodilatadora, hemodinmica, hipoglicmica, antitumoral, antilgica, antiviral em
diarreias, e antimicrobiana (Staphylococcus aureus). Reduz tambm a presso ocular
e incrementa a liberao de hormnios da tireoide.

Toxicologia
Doses excessivas podem causar depresso no sistema nervoso central. O uso
de doses elevadas ou por perodos prolongados pode provocar irritao da mucosa
do estmago. A planta abortiva.

Outras propriedades
Na ndia, as folhas so utilizadas no preparo de picles.

87
4.15 Calndula (Calendula officinalis L. Asteraceae)

Sinonmia popular
Bem-me-quer, bem-me-quer-de-todos-os-meses, boas-noites, calndula-
-das-boticas, calndula-hortense, malmequer, malmequer-amarelo, malmequer-
-do-campo, mal-me-quer-dos-jardins, malmequeres, maravilha, maravilha-do-jardin,
maravilhas, maravilhas-bastardas, margarida-dourada, verrucria.

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Figura 67. Calndula em vegetao

Figura 68. Folhas de calndula
Figura 69. Ponteiros florais de calndula
Figura 70. Captulo de calndula
Figura 71. Infrutescncia de calndula
Figura72. Cipselas (frutos) de calndula

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 Botnica
Planta herbcea anual que cresce at 30 a 60cm de altura. As folhas so
inteiras ou ligeiramente denteadas, alternas, ovais ou lanceoladas, espatuliforme. As
flores surgem na extremidade da haste e tm 4 a 5cm de dimetro. O boto central
das flores envolto por 15 a 20 lgulas alaranjadas. As ptalas que formam o disco
central so tubulosas. As flores abrem ao nascer do Sol e fecham ao entardecer. Seu
odor desagradvel. O fruto, tipo aqunio, curvo, provido de protuberncia no
dorso e crenado na face ventral. O florescimento ocorre normalmente a partir do fim
da primavera at o fim do vero.

Fitoqumica
Os componentes ativos concentram-se nas sumidades florais durante a plena
antese.
leo essencial (0,2% a 0,3%): calendulina, -caroteno, licopina, flavo-
xantina, crisantemaxantina, xantofila, flavocromo, mutacromo, aurocromo, mento-
na, isomentona, cariofileno, iononas, pedunculatina, carvona, geranilacetona e di-
hidroactinidioldeo;
Flavonoides: isorramnetol, quercetina, quercetagetina, quercetinogli-
cosdeo, isorramnetinas, rutinosdeo, hiperosdeo, neo-hiperosdeo, quercetina, iso-
quercetina, narcisina, rutina, amirinas, lupeol, arnidiol, calenduladiol, eritrodiol;
Fitosteris: sitosterol, isocufosterol, campesterol, taraxasterol, estigmas-
terol;
steres glicosdicos: faradiol, cido faradiol-3-palmtico, laurato de fara-
diol, miristato de faradiol e palmitato de faradiol;
cidos orgnicos: cidos fenlicos, clorognico, mirstico, oleanlico,
palmtico, esterico e pentadecclico;
Saponinas: calendulosdeos, calenda-saponinas;
Carotenoides: licopina, licopeno, calendulina, rubixantina, violaxantina,
zena;
Outros: mucilagens, poliacetilenos, ramno-arabino-galacturano, calendi-
na, calendeno, arvosdeo, polissacardeos, oficinosdeos, cumarinas, helianol, tani-
nos e arnidiol. A raz contm inulina.

Aes comprovadas cientificamente

Antitumoral, imunoestimulante, anti-inflamatria, cicatrizante, gastroprote-
tora, antiespasmdica, anticolesterolmica, anti-hepatotxica, antioxidante, antibi-
tica (Bacillus cereus, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Strepto-
coccus mutans), hipoglicmica, antiviral, tricomonicida e parasiticida (Biomphalaria
alexandrina e Bulinus truncatus, vetores da esquissostomose).

89
 Toxicologia
Pode afetar o ciclo menstrual. Os triterpenoides so espermicidas. No deve
ser utilizada oralmente durante a gravidez e a lactao. Produtos base de calndula
podem causar sensibilizao pele de algumas pessoas, bem como dermatites.

Outras propriedades
Tanto as folhas quanto o caule so utilizados como tempero e salada.
As flores so usadas como corante na indstria alimentcia. Os captulos da planta,
frescos, secos ou em p, so utilizados para condimentar sopas, ensopados, omeletes,
queijos, carne assada e guisados, bem como para colorir manteiga, pudins e licores.
As flores so utilizadas em cosmtica e em farmcia, e podem ser
utilizadas como inseticida. Em dias quentes, liberam eletricidade esttica.
As folhas, lanadas na brasa, ardem como nitro.
A planta ornamental. utilizada tanto para flores de corte, como para
jardins expostos ao Sol.

90
4.15 Camomila (Matricaria chamomilla L. Asteraceae)

Basinimo: Chamomilla recutita (L.) Rausch.

Sinonmia popular
Camomila-alem, camomila-comum, camomila-da-alemanha, camomila-dos-
-alemes, camomila-legtima, camomilinha, camomila-vulgar, macela, margaa-das-
-boticas, maanilha, mananilha, marcela, marcela-galega, matricria.

73 75

74

76

Figura 73. Camomila em vegetao

Figura 74. Folhas de camomila
Figura 75. Camomila em florescimento
Figura 76. Captulo de camomila

91
 Botnica
Planta aromtica, herbcea, anual, glabra, ereta, muito ramificada, com at
50cm de altura. As folhas so alternas, bi- ou tripinatissectas, verde-claras e lisas
na face ventral. Inflorescncia em captulos, com dois tipos de flores agrupadas
em corimbo. Flores centrais hermafroditas, de corola tubulosa e amarela. As flores
marginais so femininas, de corola ligulada, branca. As lgulas so tridentadas no
pice. O fruto do tipo aqunio cilndrico.

Fitoqumica
Os componentes ativos da planta concentram-se nas sumidades florais,
principalmente no momento de plena antese.
leo essencial (0,3% a 2%) de colorao azulada contendo camazuleno,
bisabolol, cariofileno, di-hidrobisabolol, proazuleno, farnesina, antemidina,
antecotuldeo, fitosterina, cidos valerinico e anglico, mucopolissacardeo,
farnesenos, xantoxilina, acetato de bornila, xido de bisabolona, careno, espatulenol,
muuroleno, calameneno, bisabololxidos, antemol, azuleno, bisabolenos, borneol,
bourdeno, cadineno, calameno, canfeno, careno, cariofileno, cariofilenepxido,
camomilol, cineol, copaeno, cubebeno, cimeno, deidronobilina, epinobilina, farnesol,
germacreno, guaiazuleno, humuleno, hidroxissonobilina, limoneno, matricarina,
matricina, mirceno, geraniol, mirtenal, mirtenol, nerulidol, nobilina, pinenos,
pinocanfona, pinocarveol, pinocarvona, sabineno, selineno, espatulenol e terpineno;
Flavonoides: apigenina, canferol, luteolina, quercetina, quercetrina,
axilarina, crisoeriol e patuletina;
cidos: glico, saliclico, di-hidrocinmico e antmico;
Outros: herniarina, mucilagens, taraxasterol, triacontano, umbeliferona.

Aes comprovadas cientificamente

Espasmoltica, anti-inflamatria, antiespasmdica, ansioltica, sedativa,
antidispptica, protetora de mucosas, demulcente, antioxidante, antirradicais
livres, antialrgica, hipotensiva, imunoestimulante, antissptica, desodorante,
antimicrobiana.

Toxicologia
Pessoas hipersensveis camomila podem contrair angioedema dos lbios
e olhos, pruridos difusos, urticria generalizada e edema na faringe. Pode ocorrer
rinite alrgica em pessoas sensveis camomila. Mulheres grvidas ou em lactao
devem evitar o uso. Superdosagens de camomila podem causar nuseas, insnia e
excitao nervosa.

Outras propriedades
A essncia da camomila azulada e tem sabor amargo.
O ch das flores utilizado para clarear o cabelo.
O extrato das flores utilizado em banhos e para lavar a boca.

92
 O leo de camomila utilizado em perfumes, cremes, loes, dentifrcios,
detergentes, xampus, sabonetes, licores (vermute, bitter), doces, gelatinas, lacticnios
e pudins, em nveis abaixo de 0,002%.
A planta pode ser utilizada na complementao da rao animal no
inverno.

93
4.16 Canfrinho (Artemisia camphorata Vill. Asteraceae)

Basinimo: ArtemisiaalbaTurra.

Sinonmia popular
Alcanfor, canforeira, canfinho, erva-da-alegria.

77 80

81

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79

Figura 77. Ponteiro vegetativo de canfrinho

Figura 78. Folhas de canfrinho
Figura 79. Ponteiro floral de canfrinho
Figura 80. Inflorescncias de canfrinho
Figura 81. Captulo de canfrinho

94
 Botnica
Planta semiarbustiva, perene, ascendente, muito ramosa e aromtica, que
cresce at 30 a 50cm de altura. O caule cilndrico lenhoso na base. As folhas
so glandulosas, alternas, longopecioladas, ssseis, com 2 a 3cm de comprimento,
pinatissectas, com os segmentos lineares e numerosos. Inflorescncia terminal
paniculada em captulos isolados ou em espigas axilares laxas.

Fitoqumica
leos essenciais e derivados de cnfora. O teor de leo essencial nas folhas
frescas, colhidas no outono, em Itaja, SC, de 0,60% em mdia. Em Minas Gerais, os
teores variam de 0,50 a 0,83%, base seca.

Etnoterapia
A planta utilizada como antirreumtica, antiepilptica, calmante,
antinevrlgica, tonificante cardaca e vermfuga. Utilizada no lcool para dores
musculares, picadas de insetos, distrbios neurolgicos e cardacos, feridas,
contuses, hemorragia uterina, estados nervosos e depressivos, depresso ps-
-parto, malria e histerismo.

Aes comprovadas cientificamente

Aleloqumica sobre Spodoptera frugiperda e antimicrobiana sobre vrios
dermatomicetos e Botrytis cinerea.

Toxicologia
A cnfora tumorognica.

95
4.17 Capim-limo (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf. Poaceae)

Sinonmia popular
Capim-catinga, capim-cheiroso, capim-cidro, capim-cidreira, capim-cidrilho,
capim-cidr, capim-ciri, capim-de-cheiro, capim-de-trilho, capim-marinho, capim-
-santo, capim-sidr, ch-de-estrada, ch-brochante, cidro, cidreira, cidr, citronela,
erva-cidreira, erva-cidreira-de-folha-estreita, erva-cidreira-de-homem, grama-
-cidreira, jaap, patchuli-falso, sidr, vervena.

82 84

83 85

86

Figura 82. Capim-limo em vegetao

Figura 83. Folhas de capim-limo
Figura 84. Espigas de capim-limo
Figura 85. Espiguetas de capim-limo
Figura 86. Cariopse (fruto) de capim-limo

96
 Botnica
Planta herbcea, perene, que cresce cerca de 1 a 2m de altura e forma
touceiras de perfilhos ao nvel do solo. As folhas so linear-lanceoladas, quase eretas,
speras nas duas faces, com bordo liso e cortante e medem cerca de 60 a 100cm
de comprimento por 1,5 a 2cm de largura. So recobertas por uma fina camada
de cera esbranquiada e exalam olor de limo. O florescimento raro, e as flores,
eventualmente formadas, so estreis. As panculas so compostas por espiguetas
com as glumas vermelhas.

Fitoqumica
O leo essencial (2,18% base seca) contm citral, geranial, neral, geraniol,
cariofileno, citronelol, isocitral, metil-heptenona, borneol, -cadineno, canfeno,
car-3-eno, 1,8-cineol, metileugenol, -mirceno, cimbopogona, farnesol, fencona,
cimbopogenol, cimbopogonol, acetato de geraniol, humuleno, linalol, mentona,
nerol, acetato de nerol, - e -pineno, terpineol, terpinoleno, ocimeno, iso-
-orientina, -canforeno, limoneno, dipenteno, citronelal, cidos p-cumrico, cafeico,
citronlico, gernico e caproico, heptenol e metil-heptenol; flavonoides luteolina e
quercetina; saponinas (fucosterol), triacontanol, aldedos, cetonas, cidos, steres,
sesquiterpenos, terpenos, lcoois (cimeropogonol e cimpogonol), alcaloides,
-sitosterol, hexacosanol, cido paracumrico e clorognico, orientina e furfural.

Aes comprovadas cientificamente

Hipotensora, diurtica, ansioltica, antioxidante, sedativa, anticonvulsionante,
antitumoral, hipocolesterolmica, descongestionante, expectorante, anti-infla-
matria, antimicrobiana (Helicobacter pylori, Salmonella spp., Entamoeba
histolytica, Escherichia coli O157 e K-12, Erwinia amylovora, Campylobacter jejunii,
Listeria monocytogenes, Listeria innocua, Clostridium perferingens, Alternaria solani,
Fusarium equisetii, Microsporum gypseum, Cladosporium trichoides, Trichophyton
mentagrophytes, Candida albicans, Trichophyton rubrum, Microsporum gypseum,
Microsporum canis, Aspergillus fumigatus, Cladosporium trichoides, Macrophomina
phaseolino, Curvularia lunata, Phomopsis sp., Aspergillus flavus, Aspergillus
nidulans D-30, Aspergillus niger, Aspergillus tamarii e Penicillium citrinum), larvicida
(Chrysomyia albiceps), parasiticida (Leishmania braziliensis) e aleloptica de
germinao (Bidens pilosa).

Toxicologia
Doses concentradas podem provocar aborto, baixar demasiadamente a
presso e causar desmaios. O leo tem ao irritante sobre a pele de animais. O
hidrolato das folhas provoca um quadro de hipocinesia, ataxia, bradipneia, perda
de postura, sedao e defecao). Os microfilamentos que aparecem em suspenso
aps a decoco ou infuso podem causar microleses na mucosa esofgica aps
ingesto prolongada. Evita-se esse problema por meio da filtragem do ch.

97
 Outras propriedades
A essncia amarelada, aromtica e ardente.
A planta utilizada em apicultura para atrair abelhas.
As razes da planta inibem o desenvolvimento de vermes.
A planta indicada como cerca viva e para proteo de encostas,
barrancos e estradas devido ao sistema radicular vigoroso e agregador, alm de
proporcionar tima cobertura de solo.
As folhas picadas e acondicionadas em sachs servem para aromatizar
roupas e repelir insetos. A planta pode ser utilizada como inseticida. O leo essencial
utilizado como inseticida para mosquitos.
As folhas so utilizadas em culinria. Servida fria, a infuso passa a ser
bebida refrigerante.
A planta fornece leo essencial usado em perfumaria e cosmticos.

98
4.18 Cardo-de-santa-maria (Silybum marianum (L.) Gaert.
Asteraceae)

Basinimo: Carduus marianus L.

Sinonmia popular
Cardo-asnal, cardo-branco, cardo-de-nossa-senhora, cardo-leiteiro, cardo-
-mariano, cardo-santo, erva-benta, serralha-de-folhas-pintadas.

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88 90

Figura 87. Planta adulta de cardo-mariano

Figura 88. Folhas de cardo-mariano
Figura 89. Captulo de cardo-mariano
Figura 90. Cipselas (frutos) de cardo-mariano

99
 Botnica
Planta herbcea anual ou bianual, de caule ereto, robusto, com cerca de 0,5
a 1,5m de altura. As folhas formam uma roseta basal. So grandes (30 a 50cm de
comprimento), pecioladas, profundamente lobadas, brilhantes, verdes, com manchas
irregulares ao longo da nervura, alternas, sinuadas ou dentadas, com as margens
onduladas orladas de espinhos amarelos. Inflorescncia em captulos hemisfricos
solitrios, terminais, medindo 3 a 4cm de dimetro. As flores so violeta, tubulosas,
com brcteas coriceas terminadas em espinho. O fruto um aqunio grande (6
a 7mm), preto, duro, brilhante, encimado por um papilho de pelos denticulados.
A planta inodora, com sabor amargo, lembrando a alcachofra. O florescimento
ocorre na primavera e vai at o fim do vero.

Fitoqumica
Os frutos contm silimarina, uma mistura de flavonolignanos que rene silibina,
silicristina, isosilibina, silibininas, taxifolina, silidianina, silimonina e silandrina. As
folhas contm os flavonoides quercetina, apigenina, luteolina e canferol; flataxifolina,
protenas, taninos, mucilagens, albumina, lipdeos constitudos principalmente por
cido linoleico (60%), saponinas, alcaloides, -sitosterol, leo essencial, histamina e
tiramina. As razes contm poliacetilenos.

Aes comprovadas cientificamente

Hepatoprotetora, imunoestimulante, imunomodulatria, anticarcinoma
prosttico, anticolesterolmica, antioxidante, anti-hipertensiva, anti-inflamatria,
gastroprotetora e hipoglicemiante.

Toxicologia
Em doses excessivas, o ch pode causar queimaduras nas mucosas das
vias digestivas, vmitos e diarreias. No recomendado o uso por crianas.
contraindicada em casos de ocluso renal grave. Devido presena de tiramina em
sua composio, o cardo-de-santa-maria desaconselhvel a pacientes portadores
de hipertenso arterial.

Outras propriedades
* As folhas novas so utilizadas como saladas, e as razes e os captulos
(cachopas) so preparados por cozimento em gua.
* A planta sugerida como bioaditivo em panificao, visando incrementar
as fontes de proteo interna e a atividade vital do organismo.
* As folhas trituradas so apreciadas pelos bovinos, e as sementes so
apreciadas pelas aves.
* ornamental em jardins ensolarados.

100
4.20 Cavalinha (Equisetum arvense L. Equisetaceae)

Sinonmia popular
Cauda-de-cavalo, cauda-de-raposa, cauda-equina, cavalinha, equiseto-dos-
-campos, erva-carnosa, pinheirinha, rabo-de-cavalo, rabo-de-lagarto, rabo-de-rato,
rabo-de-touro.

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Figura 91. Cavalinha em vegetao Figura 95. Estrbilos de cavalinha

Figura 92. Ponteiro vegetativo de cavalinha Figura 96. Corte transversal do artculo
Figura 93. Artculos de cavalinha basal de cavalinha
Figura 94. Ponteiros vegetativo e
reprodutivo de cavalinha

101
 Botnica
Planta semi-herbcea, perene, multirramosa, medindo de 30 a 80cm de
altura, composta de caules mais altos, que so estreis, com brotaes verticiladas,
verdes, ocos, segmentados, sulcados e com folhas aciculares. Os ramos dos caules
estreis so tetra-angulados, speros, delgados e articulados. Os caules reprodutivos
so menores (10 a 20cm), avermelhados, com infrutescncia amarelo-castanha
e oblonga formando uma espiga terminal com esporos. A maturao dos esporos
ocorre em agosto.

Fitoqumica
O componente ativo majoritrio da planta o cido silcico (10% a 15%). O
teor de silcio orgnico (ligado s protenas) varia de 0,5% a 0,8%. As plantas jovens
acumulam maiores teores de silcio solvel do que as maduras.
Flavonoides: isoquercitrina, galuteolina, apigenina, luteolina, equisetrina,
quercetina, isoquercetina, canferol e galutenonina;
Triglicerdeos: cidos oleico, linolnico, linoleico e esterico;
cidos orgnicos: tnico, equistico, oxlico e mlico;
Fitosteris: sitosterol, campesterol e isofucosterol;
Polifenis: cidos ferlico, cafeico, glico, hidrocinmico e cumarnico;
Alcaloides: metoxipiridina, equisetina, metossapiridina, palustrina e
palustrinina;
Outros: ornitina, ornitina glicosdeo, taninos e saponinas equisetonina.

Aes comprovadas cientificamente

Antiaterognica, mineralizante, eutrfica drmica e ssea, diurtica,
antiagregante plaquetria, anti-inflamatria, antiltica, membranoprotetora,
hepatoprotetora e antioxidante. Banhos de assento feitos com o decocto so
clinicamente promissores no tratamento de parametropatia espstica.

Toxicologia
Animais de criao, especialmente bovinos e equinos, podem contrair
equisetose quando se alimentam da planta. Sintomas de intoxicao iniciam com
fraqueza, principalmente no quarto traseiro, ataxia e dificuldade em volver-se. Casos
fatais so precedidos por imutabilidade e coma. A planta contraindicada para
portadores de disfuno renal e cardaca. Devem-se evitar doses dirias acima de
5g/dia do p da planta. A planta no deve ser utilizada internamente por mais de seis
semanas seguidas, salvo sob orientao mdica.

Outras propriedades
* No Japo, os estrbilos so consumidos depois de fervidos em gua.
Aps cozidos, podem ser salgados e adicionados de vinagre e soja.
* As razes so utilizadas como alimento por ndios do Novo Mxico.
* A planta apresenta a peculiaridade de acumular ouro (de 0,03

102
a 0,075ppm) e prata no tecido (0,23ppm), quando comparada maioria das
angiospermas lenhosas, cujo teor de ouro e prata no ultrapassa 0,00045% e
0,06ppm respectivamente. Em condies de boa disponibilidade de ouro no solo, a
planta pode acumular cerca de 175g de ouro por tonelada de planta verde.
* Devido ao alto teor de slica das clulas, a planta utilizada como
abrasivo e polidor de metais como o cobre e o estanho.
* O decocto da planta, depois de esfriado, pode ser pulverizado sobre
flores e hortalias para o controle de fungos, sobretudo de odeo.

103
4.21 Centelha (Centella asiatica (L.) Urban Apiaceae)

Basinimo: Hydrocotyle asiatica L.

Sinonmia popular
Cairuu-asitico, cairussu, coayrussu, codagem, corcel, dinheiro-em-penca,
gotu-kola, patinha-de-mula, p-de-cavalo, p-de-burro, p-de-mula, pata-de-cavalo,
para-de-burro, pata-de-mula.

97 99

100

98

Figura 97. Flores de centelha

Figura 98. Centelha em vegetao
Figura 99. Planta adulta de centellha
Figura 100. Folhas de centelha

104
 Botnica
Planta herbcea, perene, rasteira, que atinge 5 a 20cm de altura. O caule
estolonfero, avermelhado, enraizando nos ns e formando rizomas e razes
adventcias. As folhas so longopecioladas, circulares ou um pouco alongadas, com
base reentrante e margens inteiras ou crenadodenteadas. As folhas ocorrem em
nmero de um a trs em cada n do caule e podem apresentar 7 a 12cm de dimetro.
A inflorescncia tipo umbela, axilar, com trs a quatro flores ssseis. As flores
apresentam ptalas triangulares brancas ou arroxeadas. Os frutos so cremocarpos,
formados por dois mericarpos achatados, de contorno arredondado e de colorao
amarelo-parda. Em reas sombreadas as folhas so menos fibrosas. O florescimento
ocorre de setembro a maio.

Fitoqumica
Contm triglicerdeos: cido linolnico, linoleico, palmtico, oleico, lignocrico
e esterico; fitosteris: sitosterol, estigmasterol e campesterol; flavonoides: glicosil-
-quercetina, glicosil-canferol e canferol; glicosdeos: braminosdeo, bramosdeo,
asiaticosdeo, madecassosdeo, centelosdeo, tancunisdeo e isotancunisdeo;
leo essencial: cnfora, cineol, dodecano, germacreno, cimol, pineno, cariofileno,
leo alil mostarda e grandes quantidades de transfarneseno; sapogeninas:
hidrocotilegeninas, cidos madecssico, asitico, centlico, indocentoico, brmico,
isobrmico e tancnico; madecassol, hidrocotilina (alcaloide amargo), velarina
(amarga), indocentelosdeo, taninos, cido pctico, pectina, cidos cntico, centoico
e betulnico, mucilagens e felandreno. As partes subterrneas contm poliacetilenos.

Aes comprovadas cientificamente

Reepitelizante, dermatognica, colagenognica, angiognica, venoativa,
antioxidante, antiespasmdica, gastroprotetora, anticonvulsionante, ansioltica,
sedativa, potenciadora da ao indutora do sono, redutora da atividade motora
espontnea, estimulante da capacidade de aprendizado e memria, redutora do
estresse oxidativo, anti-inflamatria, antipsorase, radioprotetora, antitumoral,
antileprosa, antimicrobiana (Mycobacterium lepra), antiviral (Herpes simplex - HSV-II).
Utilizada clinicamente no tratamento de queloides, lceras na perna, flebites, feridas
recalcitrantes, leses cirrgicas, estrias, escleroderma, celulite, microangiopatias
venosas e diabticas, sintomas edemticos e de hipertenso venosa, demncia e
para aumento da cognio.

Toxicologia
Desde que utilizada segundo a posologia recomendada, a planta e suas
formulaes no demonstram ao txica sobre a reproduo, a fertilidade e o trato
digestivo. A planta pode causar fotossensibilizao drmica em regies tropicais.
Altas doses (acima de 50mg kg-1 de peso) podem causar depresso no sistema
nervoso central e vertigem.

105
 Outras propriedades
* comestvel na forma crua em saladas, ou cozida.
* Pode ser utilizada como cobertura de solo, substituindo a grama comum,
mas no suporta o pisoteio.
* As folhas so consideradas inseticidas e piscicidas.

106
4.22 Chamb (Justicia pectoralis Jacq. Acanthaceae)

Sinonmia popular
Alfredo, anador, canelinha, cerebril, chachamb, carpinteiro, erva-de-santo-
-antnio, melhoral, pingo-de-ouro, sara-de-jordo, trevo-do-par, trevo-cumaru,
trevo-roxo.

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Figura 101. Formao vegetativa de chamb

Figura 102. Ponteiro vegetativo de chamb
Figura 103. Folhas de chamb
Figura 104. Flor de chamb

107
 Botnica
Planta herbcea perene, de caule reptante, puberulento, ereto, decumbente
ou ascendente, comumente radicante, formando touceiras de perfilhos que atingem
20 a 40cm de altura. As folhas, com 3 a 9cm de comprimento, so inteiras, opostas,
lanceoladas a ovadolanceoladas, verde-claras, curtopecioladas e persistentes, e tm
a base aguda. A inflorescncia do tipo espiga terminal, curta, dictoma, filiforme.
As flores so pequenas, esparsas, brancas e lilases. O fruto do tipo cpsula
comprimida. O florescimento ocorre de julho a agosto.

Fitoqumica
A parte area contm as cumarinas benzopirona e di-hidrocumarina,
umbeliferona, cidos hidroxifenilpropinico, hidroxitranscinmico, palmtico
e esterico, glisosilflavonas esvertiajaponina, ramnosil-esvertisina, ramnosil-
-esvertiajaponina, esvertisina, flavonoides, betana, sitosterol, metiltriptamina,
dimetiltriptamina, vascina, alcaloides indlicos, heterosdeos antraquinnicos e
cardiotivos, esteris, mucilagens, leo essencial, lignano naftaldeo e saponinas. Em
algumas variedades tm sido encontrados canferol, aminas aromticas, triptaminas,
cido saliclico e lcool aliftico. Do extrato etanlico obtm-se um lignano chamado
justicidina B.

Aes comprovadas cientificamente

Anti-inflamatria, analgsica, sedante, relaxante da musculatura lisa,
anticeflgica, expectorante, antidepressiva, antiarrtmica e antibacteriana.

Toxicologia
Em altas doses alucingena devido ao das triptaminas.

Outras propriedades
* Preparados da planta so utilizados como aromatizantes e alucingenos
entre alguns indgenas da Amaznia.
* O p da planta utilizado como rap ou para adulterar ou potencializar
raps.
* Pode ser utilizada como ornamental em contornos de jardins, jardineiras
ou vasos.

108
4.23 Chapu-de-couro (Echinodorus grandiflorus (Cham. & Schltr.)
Micheli Alismataceae)

Sinonmia popular
Aguap, ch-de-campanha, ch-do-pobre, ch-mineiro, congonha-do-brejo,
erva-do-brejo, erva-do-pntano.

105 107

106

108

Figura 105. Plantas adultas de chapu-de-couro

Figura 106. Folha de chapu-de-couro
Figura 107. Verticilo de propgulos vegetativos (esquerda) e de flores (direita)
Figura 108. Flor de chapu-de-couro

109
 Botnica
Planta herbcea perene e paludosa. Apresenta caule triangular e glabro.
O rizoma rasteiro, grosso e carnoso. As folhas so simples, basais, enrosetadas,
longopecioladas, coriceas, speras, ovadas ou cordiformes, inteiras, grandes,
eretas ou flutuantes, curvinervadas, medindo 30 a 40cm de comprimento por 15 a
35cm de largura. As flores so brancas, trmeras, grandes, hermafroditas, dispostas
em panculas verticiladas, com oito a nove flores apoiadas em hastes florais de 1 a
1,5m de altura. A infrutescncia morulada, esfrica, verde inicialmente, castanha
quando madura. O fruto do tipo aqunio, fusiforme, um pouco achatado e com
listras salientes. O florescimento ocorre de outubro a janeiro.

Fitoqumica
As folhas contm taninos, triterpenos e flavonoides. O leo voltil obtido de
limbos foliares contm fitol, cariofileno, nerolidol, humuleno, cembranoide, xido de
cariofileno, driminol, di-hidroedulano e bisabolano.

Etnoterapia
Depurativa, diurtica, antirreumtica, antissifiltica, anti-hipertensiva,
desintoxicante, antiartrtica, anti-inflamatria, anti-hidrpica, antinevrlgica,
antiltica, antinefrtica, emoliente, tnica, laxante, adstringente, heptica e colagoga.

Aes comprovadas cientificamente

Echinodorus macrophyllus, uma espcie similar, apresenta atividade
tripanomicida e estimulante da eliminao do cido rico. Echinodorus grandiflorus
antibacteriana.

Outras propriedades
Utilizada na ornamentao de aqurios e lagos.
O ch gelado da planta, se aromatizado com limo, utilizado como
bebida refrescante.

110
4.24 Cidro (Aloysia citriodora Palau Verbenaceae)

Basinimo: Aloysia triphylla (LHr.) Britton.

Sinonmia popular
Cedrina, cidrilha, cidrilho, cidr, erva-cidreira, erva-lusa, salva-limo, slvia-
-limo.

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Figura 109. Ponteiro vegetativo de cidro

Figura 110. Folhas de cidro
Figura 111. Flores de cidro

111
 Botnica
Planta arbustiva que cresce at cerca de 3m de altura. Os ramos so escabro-
sos e estriados, e os apicais so quadrangulares. As folhas so aromticas, curtope-
cioladas, oval-lanceoladas, agudas, inteiras, serradas na metade superior, verticila-
das, verde-amareladas, com 8 a 12cm de comprimento, escabrosas na face ventral
e glanduloso-punctuadas na dorsal. As flores so hermafroditas, pequenas, brancas
externamente, azuladas ou purpreas no seu interior, dispostas em espigas frouxas
verticiladas, axilares, multifloras, formando pancula piramidal, medindo 4 a 6cm de
comprimento. O fruto um biaqunio. O aroma das folhas lembra um misto de limo
e cedro.

Fitoqumica
leo essencial: varia de 0,42% a 0,65% nas folhas, 0,34% nos ramos e
caule, e 0,14% a 0,95% nas folhas jovens. O leo essencial composto por limoneno,
cido valerinico, citral, borneol, cineol, neral, geranial, citronal, fotocitrais, epifo-
tocitrais, dipenteno, biciclogermacreno, epoxicariofileno, farneseno, germacraneno,
cariofileno, mirceneno, xido de cariofileno, curcumeno, metil-heptona, carvona,
cnfora, cimol, pinenos, etileugenol, espatulenol, verbenona, felandreno, isossafrol;
Outros: flavonoides, luteolina diglicurondeo, glicosdeos iridoides, ci-
dos fenlicos, furocumarinas, cido pirrlico, mucilagem e taninos.

Aes comprovadas cientificamente

As folhas e flores so antioxidantes, antimutagnicas, antigenotxicas, anti-hi-
pertensivas, antirradicais livres, ansiolticas, depressoras do sistema nervoso central
e prolongadoras do sono. O leo essencial e os extratos da planta tm demonstrado
ser bactericidas (Helicobacter pylori, Escherichia coli, Mycobacterium tuberculosis e
Staphylococcus aureus), antimicrobianos (Candida albicans), acaricidas (Tetranychus
telarius) e aficidas (Aphis gossypii).

Toxicologia
Doses prolongadas e muito altas via oral podem causar irritao gstrica, hi-
potenso e bradicardia. No se deve utilizar a planta e seus produtos durante a gra-
videz.

Outras propriedades
O leo essencial aproveitado em perfumaria, sobretudo para a fabri-
cao de colnias, e como flavorizante de licores. As folhas secas so utilizadas em
sachs aromatizantes.
As folhas e as flores apresentam perfume muito agradvel, com aroma
de limo, sendo usadas como condimento e aproveitadas pela indstria. As folhas
so utilizadas como condimento de carne e no preparo de saladas, doces e bebidas.
Os ramos, flexveis, so aproveitados pela indstria do vime.
cultivada como ornamental em muitos pases.

112
4.25 Colnia (Alpinia zerumbet (Pers.) B. L. Burtt & R. M. Sm.
Zingiberaceae)

Sinonmia popular
Alpnia, cana-do-brejo, cana-do-mato, cardamomo, cardamomo-do-mato,
cardamomo-falso, flor-do-paraso, gengibre-concha, jardineira, lrio-de-santo-
-antnio, louro-de-baiano, maca, noz-moscada, pacov, paco-seroca.

112 115 116

113

117

114

Figura 112. Colnia em vegetao

Figura 113. Folhas de colnia
Figura 114. Ponteiro floral de colnia
Figura 115. Flor de colnia
Figura 116. Fruto maturo de colnia com exposio
das sementes
Figura 117. Rizomas de colnia

113

Botnica
Planta herbcea, rizomatosa, cespitosa, ereta, de caule folioso, com porte
de 2 a 3,5m de altura. As folhas so glabras, lanceolado-oblongas, acuminadas,
agudas ou arredondadas na base, pecioladas, medindo 50 a 60cm de comprimento
por 12 a 15cm de largura. Possui escapos florferos terminais e pendentes medindo
30 a 50cm, com flores brancas e rseas. Os frutos, quando se desenvolvem, no
produzem sementes. Toda a planta exala um aroma perfumado, suave, lembrando
noz-moscada.

Fitoqumica
Taninos catequnicos, alcaloides, fenis, canferolrutinosdeo, rutina,
glicorundeo, ster glicosdico do cido ferlico, quercetinaglicosdeo, di-
-hidrokavainas, catequina, epicatequina, alpinetina e leo essencial (0,10% a 0,29%)
que contm terpineol.

Aes comprovadas cientificamente

Depressora do sistema nervoso central, antioxidante, hipotensora,
miorrelaxante, vasodilatadora, anti-hipertensiva, antiespasmdica, bloqueadora
neuromuscular, anticitica, inibidora da contratura da musculatura lisa,
antiedematosa, antiplaquetria, antiestresse oxidativo, citotxica sobre clulas
cancergenas (hepticas COR L23 e mamrias MCF7), inibidora da secreo gstrica,
anti-helicobacter e antidermatfitos.

Toxicologia
abortiva.

Outras propriedades
O rizoma pode ser utilizado como tempero.
A planta muito ornamental.

114
4.26 Dente-de-leo (Taraxacum officinale F.H. Wigg
Asteraceae)
Sinonmia popular
Alface-de-co, alface-de-coco, amargosa, chicria-louca, chicria-silvestre,
coroa-de-monge, dente-de-leo-dos-jardins, frango, leontodon taraxacum, quartilho,
radite-bravo, relgio-dos-estudantes, salada-de-toupeira, sopro, taraxaco.

118 120

121

119

122

Figura 118. Planta adulta de dente-de-leo

Figura 119. Folhas de dente-de-leo
Figura 120. Captulo de dente-de-leo
Figura 121. Cipelas (frutos) de dente-de-leo
Figura 122. Razes de dente-de-leo

115
 Fitologia
Planta herbcea vivaz, acaule, lactescente, cespitosa, que cresce de 5 a 35cm
de altura. A parte area anual, mas a subterrnea perene. Folhas em roseta
basilar densa, glabras, amargas, oblongas ou lanceoladas, polimorfas, pinatipartidas,
segmentos ou lobos desiguais, triangulares ou oblongos, agudos. Flores amarelo-
-intenso, liguladas, formando um grande captulo disposto sobre um comprido
pednculo radical de cerca de 15 a 30cm, ereto, oco, monocfalo e cilndrico. Fruto
aqunio cinzento-azulado, oblongofusiforme, estriado, terminando com papilhos de
pelos brancos, radiados, sedosos, formando uma armao globoide que se rompe
facilmente com o vento, resultando na disseminao das sementes. Rizoma pivotante,
espesso, napiforme, acre e doce, castanho-escuro externamente e esbranquiado
internamente, com cerca de 1cm de dimetro e 40cm de comprimento, donde
partem simultaneamente as folhas e os escapos florferos. O rizoma exsuda um ltex
branco ao ser cortado. O florescimento estende-se do incio da primavera at fim do
outono. As flores abrem precisamente s 5 horas da manh.

Fitoqumica
Razes: inulina (25% a 38%), mucilagens, taraxerina, isolactucerol,
taraxasterol, lcool ceril, glicerina, cidos hidroxifenil actico, certico,
linoleico, linolnico, melssico, silcico, tartrico, hidroxicinmicos, chicrico,
monocafeiltartrico, clorognico, oleico, palmtico, ctrico e cafeico, carotenoides,
lactonas sesquiterpnicas, triterpenos, frutofuranosidases, taraxicina, glutina,
taraxalisina, cobalto e nquel.
Folhagem: cumarinas cichoriina e aesculina , cidos chicrico,
hidroxicinmico, clorognico, dioxinmico, oxifenilactico, tartrico e
monocafeiltartrico, luteolinaglicosdeo, alcaloides, taraxacosdeo, lactucopicrina,
colina, levulina, pectina, taraxasterol, minerais de cobre, homotaraxasterol,
saponinas, androsterol, homoandrosterol, cluitianol, lcool cerlico, arabinose,
tanino, leo essencial, luteolol, apigenol, lutena, violoxantina e germanoldeos.
Flores: crisoeriol, luteolina, luteolinaglicosdeo, cidos chicrico, hidroxi-
cinmicos, clorognico e monocafeiltartrico, lecitina, criptoxantina, criptoxantinae-
pxido, crisantomaxantina, flaxantina, violaxantina, taraxacina, -sitosterol, amirina,
lutena, taraxantina, taraxieno, flavoxantina, vitamina B2, arnidiol e faradiol.

Composio bromatolgica
Uma anlise nutricional da planta revela, em 100g, 45 calorias; 86,5g de
gua; 9,2g de carboidratos; 2,7g de protenas; 1,8g de cinzas; 1,6g de fibras; 0,7g
de lipdeos; 297mg de potssio; 187mg de clcio; 66mg de fsforo; 3,1mg de ferro;
76mg de sdio; 8.400g de -caroteno; 0,26mg de riboflavina e 0,19mg de tiamina.
O teor de cido ascrbico pode atingir 73mg nas folhas e 7mg nas razes frescas.
Contm ainda vitaminas B3 e D.

116
 Aes comprovadas cientificamente
Diurtica, hipoglicmica, colagoga, colertica, imunomoduladora, anti-
-inflamatria, antifator de agregao plaquetria, galactagoga, antiespasmdica,
laxante suave, hepatoprotetora, antitumoral, antissptica renal, antiviral (vrus
Echo) e antibitica (Candida albicans, Bacillus subtillis, Staphylococcus aureus,
Pneumococos, Pseudomonas aeruginosa, Shigella sp. Meningococo, C. diphtheriae,
Salmonella sp. Proteus, Streptococcus -haemolyticus e Saccharomyces cerevisae).

Toxicologia
A planta pode causar reaes alrgicas e dermatites de contato em algumas
pessoas em virtude das lactonas sesquiterpnicas.

Outras propriedades
As folhas, flores e razes podem ser consumidas como hortalia, na
forma de salada, cozida ou acompanhando bacon, omelete e creme. As flores fritas
constituem timo manjar. As sementes tambm so comestveis. As razes torradas e
modas do origem a um produto sucedneo do caf que conhecido como caf de
chicria. So utilizadas tambm para fazer picles.
As folhas secas so ingredientes de bebidas digestivas e dietticas, alm
de cervejas. As flores so utilizadas para preparar vinho.
As flores podem ser contundidas, maceradas em gua com acar,
levedura de cerveja, uvas-passas e suco de limo e laranja.
A planta fonte natural de ltex.
O manitol, extrado do plen, a base para a fabricao de plulas,
condensadores de rdio e cpsulas de percusso.
Obtm-se das flores e razes uma tinta ocre para o tingimento de ls.
A planta tambm forrageira, especialmente para coelhos, carneiros e
vacas, por aumentar a lactao e a qualidade do leite.
A planta apcola.

117
4.27 Erva-cidreira (Melissa officinalis L. Lamiaceae)

Sinonmia popular
Ch-da-frana, cidrilha, cidrilho, citronela-maior, citronela-menor, erva-
-cidreira-verdadeira, limonete, melissa, melissa-romana, melissa-verdadeira,
melisteia, meliteia.

123 125

124
126

Figura 123. Formao vegetativa de erva-cidreira

Figura 124. Ponteiro vegetativo de erva-cidreira
Figura 125. Folhas de erva-cidreira
Figura 126. Flores de erva-cidreira

118
 Fitologia
Planta subarbustiva, rizomatosa e vivaz. Cresce de 30 a 100cm de altura. O
caule dispe-se em tufo ramificado a partir da base, de seco quadrangular, viloso,
ereto ou ascendente. Folhas com aroma ctrico e sabor suavemente doce-amargo,
grandes, opostas, ovais, lanceoladas, pecioladas, verde-claras e serreadas. So de
um verde intenso na face ventral e verde-claras na face dorsal. As flores so brancas,
rosadas ou azuladas, reunidas em grupos de trs a seis junto s axilas foliares. Frutos
do tipo aqunios, ovais, alongados, castanhos e glabros.

Fitoqumica
leo essencial (0,1% a 0,3%): citral, geraniol, citronelol, linalol, mirceno,
nerol, terpineol, neral, geranial, cariofilenol, farnesol, cadinol, cubebeno, copaeno,
burboneno, cariofileno, humuleno, germacraneno, cineol, ocimenos, xido de
cariofileno, citronelal pineno e limoneno.
Flavonoides: apigenina, luteolol-glicosdeo, ramnocitrosdeo e
quercitrosdeo.
cidos fenlicos: cidos cafeico, rosmarnico, ferlico, clorognico,
succnico, glico, urslico, olenico e elgico.

Aes comprovadas cientificamente

Oncosttica, antitumoral, anti-hipertireidica, anti-inflamatria, colertica,
antioxidante, sedativa, espasmoltica, hidrocolertica, colinergtica, carminativa
e, em altas doses, atividade analgsica perifrica. tambm virusttica (vrus da
caxumba, varicela, gripe tipo A, rotavrus AS-11 e Herpes simplex), bactericida,
fungicida (Microsporum gypseum, Erwinia amylovora, Sclerotium rolfsii, Trichophyton
equinum e Trichophyton rubrum) e amebicida (Entamoeba histolytica).

Toxicologia
O leo essencial apresenta um efeito narctico em altas doses. A absoro
de mais de 2g do leo essencial pode causar entorpecimento, perda da respirao
e diminuio dos ritmos cardaco e arterial. O leo essencial contraindicado
durante a gravidez e a lactao, e o extrato seco contraindicado em portadores de
hipotiroidismo.

Outras propriedades
As folhas so aromatizantes em culinria (saladas de hortalias, sopas,
omelete, frango, molhos, salada de frutas, marmeladas, sorvetes, sucos, gelatinas) e
no preparo de licores (Chartreuse e Beneditino).
O leo essencial utilizado em cosmtica e na composio de perfumes
e colnias.

119
4.28 Erva-de-colgio (Elephantopus mollis Kunth Asteraceae)

Basinimo: Elephantopus scaber L.

Sinonmia popular
Erva-de-veado, erva-do-diabo, erva-grossa, fumo-bravo, fumo-da-mata,
lngua-de-vaca, p-de-elefante, saoia, sossoia, suauaia, suauca, suau-ca,
suai, suauai, suuaia.

127 129

128
130

Figura 127. Ponteiro vegetativo de erva-de-

-colgio
Figura 128. Folhas de erva-de-colgio
Figura 129. Captulo de erva-de-colgio
Figura 130. Flor de erva-de-colgio

120
 Botnica
Planta herbcea, perene, caule pubescente, ereto, ramoso, medindo 40 a
80cm de altura. As folhas so ssseis, as basais enrosetadas e maiores, medindo 12
a 25cm, e as superiores alternas, pubescentes e menores. Inflorescncias terminais,
paniculadas, reunindo captulos ssseis, protegidos por trs brcteas foliceas
grandes. As flores aduzem colorao violcea a azul-claro, podendo ser at quase
branca.

Fitoqumica
As folhas contm molefantinina, triterpenos (acetato de lupeol, acetato
de -amirina e epifriedelanol), germacranoldeos, molefantina, fantomolina,
estigmasterol, lactonas sesquiterpnicas (deoxielefantopina, isodeoxielefantopina,
di-hidroxideoxielefantopina), deacilcianaropicrina, guaianoldeo C (guanoldeo
glicosdeo), glicosalusanina. As razes contm taninos, substncias amargas e
substncias balsmicas.

Etnoterapia
Anticatarral, emoliente, vulnerria, tnica, sudorfica, antiltica, diurtica,
antirreumtica, adstringente, antipirtica, febrfuga, antissifiltica, bquica e
resolutiva.
Indicada para tratamento de bronquite, catarros pulmonares, gripes fortes
e intermitentes, lceras, feridas e elefantase. O suco fresco das folhas combate
clculos urinrios. A raiz utilizada para o tratamento de febres astnicas. indicada
para abrandar o calor da menopausa. Indgenas do Paran e de Santa Catarina
utilizam a planta para o tratamento de rendidura dor de barriga durante a gravidez.

Aes comprovadas cientificamente
Antitumoral (carcinoma asctico de Ehrlich e carcinossarcoma Walker 256)
antileucmica (linfcitos P-388), analgsica, anti-inflamatria, hepatoprotetora,
antineoplsica, antiartrtica, estimulante intestinal, hipotrmica, hipotensora e
antimicrobiana (Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Streptococcus
mutans, Salmonella typhi, Shigella sonnei, Shigella flesneri e Escherichia coli).

Toxicologia
Os extratos aquoso e hidroalcolico em doses de 0,3 a 6g kg-1 de peso vivo,
via intraperitonial, induzem as contorses, a perda de tnus muscular, a ataxia e a
morte em camundongos.

Outras propriedades
A planta utilizada no controle de Dysdercus koenigii e Triboleum
castaneum.
As folhas so mucilaginosas e adstringentes, podendo ser consumidas
com leo e sal.

121
4.29 Erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides L.
Amaranthaceae)

Sinonmia popular
Ambrisina, ambrsia, ambrsia-do-mxico, ambrosina, anserina-vermfuga,
apazote, caacica, canudo, ch-da-espanha, ch-do-mxico, ch-dos-jesutas, cravinho-
-do-campo, cravinho-do-mato, erva-ambrsia, erva-das-cobras, erva-das-lombrigas,
erva-de-bicho, erva-mata-pulga, erva-pomba-rota, erva-do-mxico, erva-formiga,
erva-formigueira, erva-lombrigueira, erva-mata-pulgas, erva-pomba-rola, erva-santa,
erva-vomigueira, erva-vomiqueira, lombrigueira, mastruo, mastruz, mata-cabra,
mata-cobra, matruz, menstruo, mentrasto, mentraz, mentrei, mentrusto, mentruz,
pacote, quenopdio, trevo-de-santa-luzia, trevo-de-santa-maria, uzaidela.

131 133

132 134 135

Figura 131. Erva-de-santa-maria em frutificao

Figura 132. Ponteiro vegetativo de erva-de-santa-maria
Figura 133. Folhas de erva-de-santa-maria
Figura 134. Flor e frutos de erva-de-santa-maria
Figura 135. Flor de erva-de-santa-maria

122
 Botnica
A variedade botnica Chenopodium ambrosioides L. var. ambrosioides
uma planta subarbustiva anual ou vivaz, medindo de 40 a 70cm de altura, de
caule ereto, ascendente, muito ramificado, glabro, glandular-pubescente na base,
verde ou prpura, com sulcos longitudinais rasos e verdes, intercalados por faixas
esbranquiadas ou rosadas. As folhas so alternas, com os bordos mais ou menos
sinuosos, oblongolanceoladas, denteadas, pecioladas (as da base) e ssseis e
glandulosas (as superiores), medindo de 3 a 9cm de comprimento por 1 a 4cm de
largura, e as da base podem medir at 24cm de comprimento por 11cm de largura.
As glndulas apresentam colorao amarelo-dourada. Inflorescncia axilar e terminal
composta de glomrulos de flores muito pequenas verde-amareladas formando
uma pancula. O fruto um utrculo globular, membranoso, verde-plido, contendo
uma semente. As sementes so diminutas, castanhas e lustrosas. As folhas so
pronunciadamente aromticas, canforceas e amargas, e as sumidades apresentam
aroma desagradvel.

Fitoqumica
leo essencial (0,3% a 1,5% nas folhas e 0,6% a 3% nos frutos): ascaridol
(60% a 90%), safrol, docosano, hentriacontano, heptacosano, octacosano, pineno,
metadieno, dimetilsulfxido, terpineol, salicilato de metila, cnfora, cineol, cimeno,
terpenos, carveno, mirceno, geraniol, espinasterol, terpineno, lcool triacontal,
cimol, limoneno, aritasona, felandreno, terpineol, anetol e silvestreno. A planta
contm ainda quercetina-glicosdeo, isorramnetina, pinocarvona, quenopodina,
histamina, glicol, cidos butrico, saliclico, ctrico, succnico e tartrico, ambrosdeo,
betana, canferol ramnosdeo, santonina (nos frutos), chenopodosdeos (nas razes),
chenopodium saponina, taninos, saponinas (nas razes) e urease.

Aes comprovadas cientificamente

Antiulcerosa, regeneradora ssea, diurtica, estimulante respiratria,
antipirtica, imunomoduladora, anti-inflamatria, anti-helmntica, antitumoral,
antiviral, citotxica (carcinoma heptico humano G2), antiparasitria (scaris,
ancilostomas, Necator, Trichuris e Ascaris, Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax),
antimicrobiana (Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Mycobacterium
tuberculosis, Trichophyton rubrum, Microsporum gypseum, Aspergillus fumigatus,
Cladosporium trichoides, Rhizoctonia solani, Alternaria solani, Fusarium equisetii,
Macrophomina phaseolino e Curvularia lunata), inseticida (Scrobipalpula absoluta
traa do tomateiro, Lucilia sericata e Spodoptera frugiperda).

Toxicologia
O uso interno deve ser orientado por profissional da rea. A dose teraputica
muito prxima do nvel txico mnimo. Tem sido observada uma ao carcinognica
da planta em ratas. Sementes podem induzir tumores no estmago. Induz leses
sseas, hepticas e glomerulares de carter reversvel em sunos. Em alta dose

123
extremamente txica, podendo causar a morte. A planta e seus derivados so
contraindicados para gestantes, menores de dois anos, lactantes, pacientes
debilitados ou com enfermidades heptica, auditiva e renal. O leo essencial da
planta pode causar efeitos txicos por acumulao. Os sintomas de intoxicao
caracterizam-se por nuseas, vmitos, depresso do sistema nervoso, leses
hepticas e renais, surdez, transtornos visuais, distrbios cardacos e respiratrios,
sonolncia, convulses e fraqueza. Doses mais altas podem causar dor de cabea,
tonturas extremas, prostrao, estupor e coma por parada respiratria.

Outras propriedades
Na Colmbia, as folhas so usadas como condimento. As espigas so
comestveis, usadas como temperos e em guisados e sopas. As brotaes novas so
consumidas como hortalias. No Brasil, prepara-se um doce feito da inflorescncia.
No sul da Frana, fabrica-se com esta planta um licor denominado
moquine.
A planta utilizada no controle de nematoides e insetos. As sementes
em p, as folhas e as flores apresentam propriedades inseticidas, principalmente
contra pulgas e percevejos. A infrutescncia da planta pode ser misturada com adubo
por ocasio do plantio de espcies hortcolas para eliminar larvas de pragas do solo.
A decoco das folhas produz um inseticida natural. Pode-se obter a essncia por
meio de destilao. utilizada como inseticida na proporo de 1-3:1000 partes de
gua. costume, em reas rurais do Brasil, varrer os cmodos da casa com vassoura
feita de ramos da planta, ou at mesmo colocar a planta seca sob colches, lenis
e travesseiros.
A planta est sendo utilizada como matria-prima para fragrncias que
compem detergentes, cremes, loes, perfumes e sabonetes, utilizando-se at
0,4% do leo essencial em perfumes.

124
4.30 Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss.
Celastraceae)

Sinonmia popular
Cancerosa, cancorosa, cancorosa-de-sete-espinhos, cancrosa, canforosa,
congora, coromilho-do-campo, coronilho-do-campo, erva-cancerosa, espinheira-
-divina, espinho-de-deus, janaguba, limozinho, maiteno, marteno, pau-jos, salva-
-vidas, sombra-de-touro.

136 138

137

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140

Figura 136. Ponteiros vegetativo, floral e

frutfero de espinheira-santa
Figura 137. Folhas de espinheira-santa
Figura 138. Flor de espinheira-santa
Figura 139. Fissuras longitudinais caulinares
que caracterizam a espcie
Figura 140. Frutos e sementes de espinheira-
-santa

125
 Botnica
Planta subarbrea, de pequeno porte (1,5 a 5m de altura), perene, multicaule,
formando touceiras densas com perfilhos oriundos das razes. Razes fortes e
numerosas, avermelhadas externamente e amareladas internamente. Os ramos
novos so angulosos, verdes, eretos, glabros, apresentando estrias longitudinais. As
folhas so inteiras, simples, alternas, glabras, persistentes, lanceoladas, oblongas,
curtopecioladas, coriceas, margens com dois a seis pares de dentes espinhosos e
pice e base agudas a obtusas; raramente os bordos so lisos. Flores hermafroditas,
muito pequenas, pentmeras, ssseis, amarelo-esverdeadas, com ptalas ovais e
inteiras. As flores agrupam-se em nmero de trs a 20, em inflorescncias do tipo
fascculo, dispostas nas axilas das folhas. Fruto tipo cpsula, seco, ovoide, bivalve,
inicialmente amarelo-esverdeado passando a alaranjado e depois a vermelho-
-castanho. Semente elipsoide, castanho-avermelhada, coberta por um arilo branco,
suculento, pouco espesso e adocicado. Ocorrem, em mdia, uma ou duas sementes
por fruto.

Fitoqumica
A folha contm os triterpenos friedelina e friedelanol, hentriacontano,
quercetina, canferol, o alqueno ilicifolinosdeo, os alcanis ilicifolinosdeos;
leucoantocianidinas, maitensinoides, cidos tnico, clorognico, maitenoico,
salaspernico e saliclico, amirina, taninos, maitensina, maitomprina, cangorosina,
pristimerina, isopristemerina, tingenona, isotingenona, congoaronina, congorosina,
ilicifolina, maitenina, maitolidina, dispermol, dispermona, maitenoquinona,
hidroximaitenina, hiroximaitenina, celastrol e mucilagens.

Aes comprovadas cientificamente

Antiulcerognica, antitumoral, antineoplsica, diurtica, analgsica e
antioxidante.

Toxicologia
O extrato aquoso abortifaciente em ratas. Pode reduzir a produo de leite
em mulheres lactantes.

126
4.31 Fel-de-ndio (Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch. Bip.
ex Walp. Asteraceae)

Basinimo: Vernonia condensata Baker.

Sinonmia popular
Acum, alcachofra, aloma, alum, rvore-de-pinguo, rvore-do-pinguo,
boldo-baiano, boldo, boldo-de-gois, boldo-do-chile, boldo-goiano, boldo-indgena,
boldo-japons, caferana, cuaa, estomalina, fel-da-terra, figatil, heparm, loma,
lum, necrotom.

141 143

144

142

Figura 141. Ponteiro floral de fel-de-ndio

Figura 142. Folhas de fel-de-ndio
Figura 143. Inflorescncia de fel-de-ndio
Figura 144. Captulo de fel-de-ndio

127
 Botnica
Arbusto perene que cresce de 2 a 4m em altura e forma touceiras compactas.
As folhas so amargas, alternas, alongadas ou lanceoladas, grandes no incio do
crescimento e pequenas quando da formao de touceira e diferenciao floral, de
margem pouco serrilhada. As folhas medem de 5 a 25cm de comprimento por 4 a
8cm de largura. As flores so esbranquiadas, reunidas em captulos terminais. O
fruto do tipo aqunio.

Fitoqumica
leos essenciais, saponinas, taninos, flavonoides, vernoniosdeo, lactonas
sesquiterpnicas e cido clorognico.

Aes comprovadas cientificamente

Analgsica, anti-inflamatria, antiulcerognica, colagoga e colertica.

Outras propriedades
A planta melfera e apropriada para a formao de cercas vivas.

128
4.32 Fortuna (Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers. Crassulaceae)

Basinimo: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken.

Sinonmia popular
Coirama, erva-da-costa, erva-fortuna, folha-da-costa, folha-da-fortuna, folha-
-de-pirarucu, folha-grossa, orelha-de-monge, paratudo, roda-da-fortuna, saio.

145 147

146

148

Figura 145. Ponteiro vegetativo de fortuna

Figura 146. Folhas de fortuna
Figura 147. Inflorescncias de fortuna
Figura 148. Flores de fortuna

129
 Botnica
Planta sublenhosa perene que cresce 60cm em altura na fase vegetativa e
at 1,40m na reprodutiva. Possui caule tubular, mosqueado de prpura, carnoso,
cilndrico e glabro. As folhas so opostas, as inferiores simples, as superiores trilobadas,
glabras, longopecioladas, suculentas, carnosas, espessas, ovaladocrenadas. As
flores so hermafroditas, tubulosas, pndulas, monoptalas, de cor verde-plida ou
amarelo-avermelhada, dispostas em espigas terminais. O fruto apresenta carpelos
escamosos que se tornam folculos polispermos, incluso em invlucro papirceo.
As folhas tornam-se clorticas e avermelhadas no inverno e apresentam altssima
capacidade de manuteno da turgescncia, mesmo depois de serem destacadas
da planta. O florescimento ocorre na primavera. A frutificao no se d em face do
abortamento das flores.

Fitoqumica
Mucilagem, fenis, taninos, quercetina, alcaloides, antraquinonas, briofilinas,
cidos octadecanoico, eicosanoico, palmtico, esterico, ctrico, isoctrico, mlico,
araqudico e behnico, quercitrina e afzelina.

Aes comprovadas cientificamente

Gastroprotetora, antitumoral, imunoestimulante, anti-inflamatria, antilgica,
hepatoprotetora, depressora do sistema nervoso central, antimicrobiana, antiviral,
parasiticida. O esteroide vermoniosdeo B2 demonstrou atividade antinoceptiva,
anti-inflamatria, sedativa e antiulcerognica.

Toxicologia
A ingesto de grande quantidade de folhas pelos bovinos pode causar
hipersalivao, ataxia, severa arritmia cardaca e respirao ofegante. Os sintomas
surgem um dia aps a ingesto das folhas, e o bito sobrevm dois dias aps a
ingesto.

Outras propriedades
Constitui-se em tima cobertura de solo.
A planta ornamental.

130
4.33 Funcho (Foeniculum vulgare L. var. Dulce Apiaceae)

Sinonmia popular
Aneto-odorante, anis, anis-doce, erva-doce, falso-anis, finquio, fiolho, fiolho-
-de-florena, fiolho-doce, funcho-bastardo, funcho-doce, maratro.

149 151

152
150

153

Figura 149. Funcho em vegetao

Figura 150. Folha de funcho
Figura 151. Umbelas de funcho
Figura 152. Flor de funcho
Figura 153. Frutos de funcho

131
 Botnica
Planta herbcea com aroma anisado, sabor picante e amargo, vivaz (em
condies nativas) ou bienal (em cultivo), glabra, medindo de 1 a 2,5m de altura.
Caule ereto, ramoso, cilndrico, verde com estrias azuis. As folhas dispem-se em
roseta, sendo alternas, verde-azulado-escuras, brilhantes, divididas e subdivididas
em lacnias filiformes muito finas. Pecolos curtos com bainhas envolventes e
compridas. Inflorescncia tipo umbela terminal, composta de sete a 20 subumbelas
menores. Flores pequenas, amarelas. Fruto oblongo, inicialmente verde-azulado, de
formato oval a oblongo, glabro, achatado de um lado e convexo no outro, composto
de dois aqunios (mericarpos) de 3 a 4mm de comprimento por 1 a 2mm de largura,
com estrias longitudinais. Quando maduros, os diaqunios ganham colorao pardo-
amarelada.

Fitoqumica
Frutos:
- leo essencial (1% a 8%): anetol, funchona pineno, foeniculina, limoneno,
anisaldedo, canfeno, lcool fenchil, metil-cavicol, fenchol, cineol, furanocumarinas,
fenchona, estragol, felandreno, fineno, anetoleno, landreno, polmeros do anetol
(dianetol e fotoanetol), cimeno, tuieno, bergapteno.
- leo fixo: cidos linoleico, palmtico, oleico e petrosselnico.
- Flavonoides: canferolarabinosdeo, quercetinaglicurondeo, isoquercitrina,
rutina, quercetina-arabinosdeo, canferolglicorondeo, quercitrosdeo, rutosdeo e
quercetol.
- Outros: genchona, glicosdeos, fitosteris estigmasterol, mucilagem, cido
ansico, pentosana, trigonelina, colina, pectina, cidos clorognico e cafeico, taninos
dipenteno, fenono, andreno, cidos mlico, fosfrico, succnico e tnico, tocotrienol,
tocoferis e tocotrienis.
Raiz: contm matrias resinosas e pcticas, cidos mlico, ctrico,
cumrico, cinmico, cafeico, qunico e ferlico, alm de leo essencial (0,12%)
contendo anetol, pineno, eugenol, fenchol e miristicina; e as cumarinas umbeliferona
e bergapteno.
Folhas: contm pequenas quantidades de glicosdeos isorramnetnicos e
flavonoides derivados da quercetina.

Composio bromatolgica
Cem gramas de folhas contm 31 calorias; 80,2g de gua; 5,6g de carboidratos
totais; 2,9g de protena; 1,8g de cinzas; 0,5g de lipdios; 0,5g de fibras; 338mg de
potssio; 114mg de clcio; 54mg de fsforo; 34mg de cido ascrbico; 2,9mg de
ferro; 0,15mg de riboflavina; 0,12mg de tiamina; 0,7mg de niacina; 2.610g de
-caroteno; 28g de iodo; 139UI de vitamina A e traos de alumnio, brio, cobre,
ltio, mangans, silcio e titnio. O resduo, aps a extrao do leo fixo da semente,
contm 14% a 22% de protena.

132
 Aes comprovadas cientificamente
Galactagoga, estrognica, tnica da libido, carminativa, expectorante,
aumenta a motilidade do estmago, eupptica, antiespasmdica, antissptica
urinria, hipotensora e antimicrobiana (Erwinia amylovora, Microsporum gypseum,
Trichophyton equinum e Trichophyton rubrum).

Toxicologia
O leo destilado narctico, podendo causar convulses epileptiformes
e alucinaes. O anetol pode causar dermatites de contato. Doses de 1 a 5ml do
leo essencial podem causar edema pulmonar, problemas respiratrios, convulses,
alucinaes e derrame cerebral. Essa ao txica atribuda, principalmente, ao anetol
e miristicina. As cumarinas so fototxicas, podendo causar hiperpigmentao,
edema e vesculas na pele exposta ao sol. Doses muito elevadas de anetol podem
causar hepatite txica.

Outras propriedades
Os frutos inteiros ou em p so utilizados em panificao, pastelaria e
confeitaria. Os frutos so utilizados como aromatizantes de peixe, linguia, licores,
vinagre, sopas, picles, salames, castanhas, azeitonas, bolos, mas assadas, balas,
doces, frutas em calda e biscoitos. As folhas so utilizadas em saladas e como tempero
de feijo-branco, enquanto os talos so consumidos como hortalia. As folhas podem
ser consumidas em saladas e as razes podem ser consumidas cozidas.
O leo essencial utilizado para a fabricao de licores, perfumes e
cosmticos, bem como corretivo de sabor na indstria farmacutica.
O leo essencial pode ser utilizado para proteger frutas e hortalias
estocadas contra a ao de fungos.
O p da planta afasta as moscas que ocorrem em canis e estbulos. A
planta utilizada no controle de insetos diversos.

133
4.34 Ginseng-brasileiro (Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen
Amaranthaceae)

Sinonmia popular
Abranda, acnito, acnito-do-mato, carango-sempre-viva, colar, corango-
-sempre-viva, ffia, ginseng-do-pantanal, malva-branca, milagroso, novalgina,
paratudo, sempre-viva.

154 156

157

155

158
Figura 154. Ginseng-brasileiro em
vegetao
Figura 155. Folhas de ginseng-brasileiro
Figura 156. Inflorescncia de ginseng-
-brasileiro
Figura 157. Flores de ginseng-brasileiro
Figura 158. Razes de ginseng-brasileiro e
carpotomia longitudinal e transversal

134
 Botnica
Planta arbustiva perene. Cresce at 2 a 2,5m de altura. Apresenta caule
nodoso, ereto quando jovem, glabro ou discretamente pubescente, ramosos e de
colorao ocre. Folhas opostas, curtopecioladas, obovadolanceoladas quando novas,
ou linearlanceoladas na reproduo, tomentosas em ambas as faces, medindo de 5
a 10cm de comprimento por 1 a 4cm de largura. Inflorescncia racemosa composta
de captulos pedunculados, globosos, amarelo-esbranquiados, solitrios ou
geminados. As razes atingem 2 a 3m em comprimento por 7 a 10cm de espessura
e apresentam formato bifurcado, lembrando as pernas humanas. O florescimento
ocorre notadamente no outono-inverno.

Fitoqumica
Rubrosterona, cido oleanlico, oleanolato de glicopiranosilo, fafosdeos,
saponinas, ecdisterona, alantona, estigmasterol, germnio, -sitosterol, -ecdisona
e vitaminas A, B, C, D e F.
Pfaffia paniculata contm cido ffico.

Aes comprovadas cientificamente

Antitumoral, tnica cerebral, muscular e cardaca, afrodisaca, antidiabtica,
tnica geral, anti-inflamatria, imunoestimulante, leucocitognica, cicatrizante
interna e externa, analgsica, anti-inflamatria, energizante, reconstituinte da
atividade sexual, antiestresse, tranquilizante, antirreumtica, hipocolesterolmica,
gastroprotetora, vulnerria, miorrelaxante, ansioltica, parasiticida (Leishmania
braziliensis).
Pfaffia paniculata antitumoral.

Toxicologia
Contraindicada para pessoas hipertensas. Doses dirias acima de 10g podem
resultar em nervosismo, hipertenso, erupes na pele, diarreia e insnia.

Outras propriedades
Espcie apcola e forrageira.
As razes so utilizadas no preparo de refrigerantes.
As flores podem ser utilizadas como ornamentais.

135
4.35 Guaatonga (Casearia sylvestris Sw. Salicaceae)

Sinonmia popular
Api-aonou, baga-de-pomba, bugre-branco, caf-bravo, caf-de-fraile,
caf-do-diabo, cafeeiro-do-mato, cafezeiro-bravo, cafezeiro-do-mato, cafezinho-
-do-mato, caimbim, cambro, caroba, carvalhinho, ch-de-bugre, ch-de-frade,
ch-de-so-gonalinho, congonha-de-bugre, erva-da-pontada, erva-de-bugre, erva-
-de-guaatunga-falsa, erva-de-lagarto, erva-de-pontada, erva-de-ti, estralador,
fruta-de-sara, gaibim, gaimbim, guaatuga, guaatunga, guaatunga-branca,
guaatunga-falsa, guaatunga-preta, guautonga, guautunga, guassatonga, lngua-
-de-lagarto, lngua-de-tigre, lngua-de-ti, marmelada-vermelha, marmelinho-do-
-campo, paratudo, pau-de-bugre, pau-de-lagarta, pau-de-lagarto, petumba, petunha,
pioia, pilia, pitumba-de-folha-mida, pombeiro, quacitunga, sarit, uassatonga,
vacatunga, varre-forno, vassaturga, vassitonga, vassatunga.

159 161 163

162

160
164

Figura 159. Guaatonga em

florescimento
Figura 160. Ramos florferos de
guaatonga
Figura 161. Folhas de guaatonga
Figura 162. Inflorescncias de
guaatonga
Figura 163. Flores de guaatonga
Figura 164. Frutos imaturos (a esquerda) e maturo (a direita) de guaatonga

136
 Botnica
Planta arbrea perene que cresce em mdia de 2 a 6m de altura. O tronco
geralmente tortuoso, tem a casca cinreo-pardacenta, rugosa e com pequenas
fendas quase superficiais (lenticelas). A folhagem verde-escura e brilhante,
densifoliada, apresentando disposio foliar dstica, lembrando folhas compostas.
As folhas so glabras, persistentes, inequilteras, alternas, pecioladas, lanceoladas
at ovadas ou elpticas, serreadodenteadas ou subinteiras, densa e minusculamente
pelucidoglandulosopunctatas, agudas at longoacuminadas no pice, estreitas e
arredondadas na base com at 14cm de comprimento e 5cm de largura. Apresenta
cinco a oito nervuras laterais. Umbelas axilares, ssseis, fasciculadas. As flores so
pequenas e esverdeadas, exalando aroma desagradvel. O fruto uma cpsula
ovoide-globosa, glabra, pequena (cerca de 3mm de dimetro), amarela, vermelha
quando madura, contendo duas a seis sementes em arilo lanoso, amarelo e
comestvel. O florescimento ocorre de julho a novembro e a frutificao, de setembro
at dezembro.

Fitoqumica
As folhas contm diterpenos (casearia clerodanos e casearinas), 2,5% de leo
essencial (base seca), que contm germacreno D (79,2%), germacreno B (14,8%),
-selineno, longifoleno, e -gurgeneno, -muuroleno, biciclogremacreno, cido
caproico, cariofileno, humuleno, cadineno, espatulenol casearvestrinas, elemeno,
copaeno, carioflileno, guaieno e cubenol. Contm ainda saponinas, alcaloides,
flavonoides, rutina, isoquercetina, isoquercitrina, cidos cafeico e clorognico,
tanino e antocianosdeo.

Aes comprovadas cientificamente

Antitumoral, anti-inflamatria, cicatrizante, antilgica, anti-herptica,
gastroprotetora, antiofdica e antimicrobiana.

Toxicologia
Altas doses podem causar vmito e diarreia. O uso abusivo pode resultar em
acidentes hemorrgicos devidos ao antagonista da guaatonga sobre a vitamina
K.

Outras propriedades
Os frutos so adocicados e comestveis.
A famlia Salicaceae considerada uma das mais primitivas entre as
angiospermas e apresenta a caracterstica de ser bioindicadora de nquel, podendo
acumular mais de 1000g/g de matria seca. Esse metal encontrado na planta ligado
ao cido ctrico, a exemplo de outras espcies primitivas, levando-se a crer que o
complexo niquelcido ctrico pode ser uma caracterstica ancestral evolucionria. As
salicceas caracterizam-se tambm pela marcante tolerncia aos solos ultrabsicos,
haja vista que 75% das espcies ocorrem nesse substrato.

137
 O tronco fornece madeira til para marcenaria e carpintaria, podendo
ser utilizada na construo civil, em tornos, tacos, tbuas para assoalho, lenha e
carvo. A madeira resistente ao cupim.
O leo essencial apresenta colorao amarelo-citrina, odor semelhante
ao cedro e amargo.
A planta apcola, e as flores tm aroma de mel.

138
4.36 Guaco (Mikania glomerata Spreng. Asteraceae)

Sinonmia popular
Cip-caatinga, cip-catinga, cip-sucuriju, corao-de-jesus, erva-cobre, erva-
-das-serpentes, erva-de-cobra, erva-de-papo, erva-de-sapo, guaco-de-cheiro, guaco-
-liso, guaco-trepador, guaco-verdadeiro, guape, micnia, uaco, vaco.

165 167

166 168

169

Figura 165. Guaco em vegetao

Figura 166. Folhas de guaco
Figura 167. Guaco em florao
Figura 168. Captulos de guaco
Figura 169. Flor de guaco

139
 Botnica
Planta trepadeira, perene, de ramos cilndricos, estriados, castanho-
-esverdeados e glabros. As folhas so pecioladas, arqueadas, de cor verde intenso,
glabras, aromticas, opostas, deltoidecordiformes, trilobadas, tri- ou pentanervadas
na base. O limbo mede 8 a 15cm de comprimento por 6 a 9cm de largura, e o pecolo
3 a 7cm de comprimento. A inflorescncia do tipo pancula terminal, e alcana
30cm de comprimento reunindo captulos ssseis globosos. As folhas apresentam
aroma que lembra um pouco a baunilha. As folhas verdes so quase inodoras, porm
quando secas e amassadas, ou ainda na forma de extrato alcolico ou decocto, tm
forte olor balsmico.

Fitoqumica
As folhas de Mikania glomerata contm cumarinas (cerca de 11%), cidos
entocaurenoico e cinamoilgrandiflrico, estigmasterol, saponinas, taninos,
espatulenol, alcaloides, esteroides, compostos fenlicos, guacina, lupeol, cidos
cinmicos, siringaldedo, flavonoides, resina, guacosdeo, cineol, borneol, eugenol e
esteris. Os ramos contm friedelina. O teor de leo essencial de 0,07%. As espcies
Mikania glomerata e Mikania laevigata contm cidos caurenoico, cupressnico e
grandiflrico, alm de caurenol.

Aes comprovadas cientificamente

Anti-inflamatria, antiofdica, antilgica, miorrelaxante, antiulcerognica,
antitumoral e antimicrobiana.

Toxicologia
Pode causar taquicardia, vmitos e diarreia quando o uso abusivo.
desaconselhvel para crianas com idade inferior a um ano e mulheres em
menstruao. O uso prolongado pode provocar acidentes hemorrgicos pelo
antagonismo vitamina K.

Outras propriedades
Utilizada no preparo de licores, balas e outras guloseimas.
Empregada como corretiva de sabor e odor em frmacos e alimentos
industrializados.
A planta melfera.

140
4.37 Hortel-pimenta (Mentha x piperita L. Lamiaceae)

Sinonmia popular
Hortalzinho, hortel-apimentada, hortel-cheirosa, hortel-chinesa, hortel-
-das-cozinhas, hortel-de-cozinha, hortel-de-horta, hortel-de-tempero, hortel-
-inglesa, hortel-mida, hortel-rasteira, hortel-verdadeira, menta, menta-inglesa,
sndalo.

170 172

171

173

Figura 170. Hortel-pimenta em

vegetao
Figura 171. Folhas de hortel-pimenta
Figura 172. Ponteiro floral de hortel-
-pimenta
Figura 173. Flores de hortel-pimenta

141
 Botnica
Planta herbcea, perene, de caule quadrangular e violceo. Atinge cerca
de 80cm de altura. Folhas aromticas, opostas, denteadas, oblongas a ovais, com
a extremidade acuminada, curtopecioladas, verdes ou prpura, pouco pilosas,
medindo 5 a 7cm de comprimento. Flores lilases, rseas e at brancas, dispostas em
racimos terminais que medem cerca de 4 a 6cm de comprimento. Frutos formados
por quatro aqunios. O florescimento inicia no fim da primavera e alonga-se at o
fim do vero.

Fitoqumica
leo essencial (1% a 4%): contm mentol, mentona, isomentona,
isomentol, pulegona, linalol, carvona, limoneno, terpinoleno, mentofurano, jasmona,
bisaboleno, cariofileno, azulenos, pineno, metilacetato, felandreno, piperitona,
pulegona, cineol, viridoflorol, mentofurano, steres de mentol (valerianato,
isovalerianato e acetato) e sabineno.
Flavonoides: mentosina, luteolina, isorroifolina mentosdeo, apigenol,
luteolol, rutina, hesperetina, apigenina e diosmetina.
cidos orgnicos: cido rosmarnico, cafeico, ferlico, clorognico e
cumrico.
Outros: eriodictiol, cidos urslico e oleanlico, taninos, colina,
nicotinamida, betana, tocoferol e carotenoides.

Aes comprovadas cientificamente

Espasmoltica sobre a musculatura lisa, sedante, antiprurtica, recuperadora
de queimadura de sol, descongestionante respiratrio, bquica, anti-inflamatria,
antiulcerognica, anestsica, refrescante, antirradicais livres, antimicrobiana
(Aspergillus flavus, Aspergillus fumigatus, Aspergillus parasiticus, Aspergillus
sulphureus, Mucor fragilis, Rhizopus stolonifer, Pseudomonas aeruginosa var.
citriodora, Candida albicans, Microsporum gypseum, Trichophyton equinum,
Trichophyton rubrum, Bacillus subtilis, Micrococcus luteus, Escherichia coli, Serratia
marcecens, Aspergillus oryzae, Fusobacterium nucleatum, Peptostreptococcus
anaerobius, Porphyromonas gingivalis, Prevotella buccae, Prevotella intermedia,
Prevotella nigrescens, Selemonas artemides, Treponema denticola, Actinomyces
viscosus, Streptococcus sanguis, Streptococcus sobrinus, Actinobacillus
actinomycetemcomitans, Capnocytophaga sp., Eikenella corodens, Ceratocystis
paradoxa, Alternaria solani, Fusarium equisetii, Macrophomina phaseolino, Curvularia
lunata, Rhynchosporium oryzae, Drechslera oryzae, Drechslera sorokiniana,
Xanthomonas campestris, Salmonella enteritidis, Listeria monocytogenes e
Salmonella typhi) e antiviral (HIV-1, Herpes simplex, rotavrus causadores de
diarreias e o vrus do resfriado). O leo utilizado clinicamente no tratamento da
sndrome de intestino irritvel, bronquite e endoscopia de clon.

142
 Toxicologia
O mentol pode causar reaes alrgicas, como a dermatite de contato. A
essncia contraindicada para lactentes e irrita a conjuntiva ocular. A planta s pode
ser utilizada por portadores de litase biliar sob aconselhamento mdico. O mentol
pode causar dispneia e asfixia em crianas de tenra idade. Pessoas sensveis podem
ser acometidas por insnia. A inalao do mentol pode causar depresso cardaca e
broncoespasmos, principalmente em crianas.

Outras propriedades
As folhas podem ser utilizadas no preparo de licores, bebidas refrescantes
e condimento alimentar.
O aroma das folhas e flores podem afugentar ratos.
O mentol, principal componente do leo essencial, utilizado na
fabricao de cigarros, dentifrcios, gomas de mascar, higienizadores bucais e
produtos cosmticos.

143
4.38 Insulina (Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E. Jarvis Vitaceae)

Basinimo: Cissus sicyoides L.

Sinonmia popular
Achite, anil-trepador, caavurana-de-cunh, cip-da-china, cip-insulina,
cip-puc, cip-puci, cortina-de-pobre, cortina-japonesa, diabetil, insulina-vegetal,
proeza-japonesa, tinta-dos-gentios, uva-brava, uva-do-mato, uvinha.

174 176

175 177

178

179
Figura 174. Insulina em florao
Figura 175. Ramo vegetativo de insulina
Figura 176. Folhas de insulina
Figura 177. Inflorescncia de insulina
Figura 178. Flores de insulina
Figura 179. Frutos de insulina

144
 Botnica
Planta escandente, perene, que cresce cerca de 6m de comprimento. O caule
reptante, radicante e, mesmo tutorado, lana razes areas pndulas com at 1m
de comprimento. As gavinhas so opostas s folhas e razes. As folhas so pecioladas,
simples, glabras ou pubescentes, ovadocordiformes, agudas, acuminadas ou mesmo
arredondadas no pice, truncadas ou cordiformes na base, medindo de 4 a 12cm
de comprimento por 3 a 9cm de largura. As flores so plidas, com quatro ptalas
pedunculadas e dispostas em cimeiras corimbiformes. Bagas subglobosas ou ovoides,
negras, com 7 a 10mm de dimetro. As sementes so solitrias e obovoides.

Fitoqumica
As folhas contm esteris, sitosterol, glicopiranosilsitosterol, quinonas e
compostos fenlicos, e os frutos, antocianinas. Os frutos e as folhas apresentam
mais triterpenos e esteroides que as demais partes da planta. A planta contm,
ainda, hidroxistilbeno resveratrol, glicosdeo cumarnico, sabandina, canferol-
-ramnosdeo, quercetinarramnosdeo, alcaloides, saponinas, taninos, acares,
lactonas sesquiterpnicas, luteolina e os flavonoides cianidina-arabinosdeo,
cianidinarramnosilarabinosdeo, delfinidinaglicosdeo e delfinidinarramnosdeo.

Aes comprovadas cientificamente

Hipoglicmica, anticonvulsionante, antialrgica, depressiva do sistema
nervoso central, vasoconstritora, anti-inflamatria, citosttica, antimittica,
antibacteriana (Bacillus subtilis e outras bactrias Gram-positivas e Gram-negativas).

Outras propriedades
Os frutos so comestveis e muito apreciados pelos pssaros. Fornecem
corante azul.
O caule e as folhas podem ser usados guisa de sabo.
A planta forrageira, apcola e ornamental.

145
4.39 Macelinha (Matricaria discoidea DC. Asteraceae)

Basinimo: Matricaria matricarioides (Less.) Porter.

Sinonmia popular
Marcela-galega, macela-galega, macelinha, camomila-abacaxi.

180 182

181 183

184

Figura 180. Macelinha em vegetao

Figura 181. Ponteiro vegetativo de macelinha
Figura 182. Folhas de macelinha
Figura 183. Pendo floral de macelinha
Figura 184. Captulos de macelinha

146
 Botnica
Espcie herbcea, delicada, com aroma de camomila, inicialmente ereta
formando uma roseta de folhas, depois reptante e radicante, ramificada, pouco pilosa,
com cerca de 10 a 15cm de altura. Folhas alternas, ssseis ou muito curtopecioladas,
medindo 1,5cm de comprimento por 7mm de largura, profundamente pinatfida ou
bipinatfida, com os ltimos segmentos foliares lineares e esparsamente tomentosos.
Inflorescncia laxamente cimosa, formando um captulo globoso-ovoide, aptalo,
com cerca de 8mm de dimetro, reunindo cerca 80 a 90 flores hermafroditas. O
invlucro floral composto de duas sries de filrias, com margens escariosas. O
florescimento ocorre na primavera e no vero, e a polinizao feita por abelhas e
moscas.

Fitoqumica
A planta contm helianol, espiro-ter, fitol, luteolina-glicosdeo, cidos metoxi-
cinmicos e as cumarinas herniarina, umbeliferona e metoxi-di-hidrocumarina.

Etnoterapia
Antiartrtica (uso externo), antiespasmdica, carminativa, galactagoga,
sedativa, vermfuga, anti-inflamatria, demulcente e emoliente. Indicada para
o tratamento de inflamaes de pele, clica, vmito, colite, nusea, tenesmo e
cimbras.

Ao comprovada cientificamente
Anti-inflamatria.

Toxicologia
Algumas pessoas so alrgicas planta.

Outras propriedades
repelente de insetos.

147
4.40 Malva-comum (Malva parviflora L. Malvaceae)

Sinonmia popular
Malva, malva-de-botica, malva-de-cheiro, malvisco, malvasco.

185 187

186

188

Figura 185. Malva em vegetao

Figura 186. Folhas de malva
Figura 187. Flor de malva
Figura 188. Frutos esquizocrpicos de malva formados por segmentos de mericarpos

148
 Botnica
Planta herbcea anual, bianual ou perene (conforme as condies ambientais).
Cresce cerca de 40cm de altura. O caule cilndrico, fibroso e bastante ramificado.
Folhas alternas, simples, pilosas, verde-claras, orbiculares, superficialmente lobadas,
crenuladas e medindo at 9cm de dimetro. Pecolo canaliculado, com o dobro do
comprimento do limbo. Inflorescncia axilar, com flores solitrias ou agrupadas.
Flores alvas ou lilases, pequenas. Fruto do tipo esquizocarpo, com 5 a 6cm de
dimetro, discoide, formado por 10 mericarpos reniformes, reticulados, glabros,
foscos, de colorao cinza-amarelada ou ocre. Semente reniforme, castanho-
-avermelhada, lateralmente comprimida, com tegumento ceroso, prateado e glabro.
O florescimento ocorre na primavera e no vero.

Fitoqumica
As folhas contm mucilagens, cidos graxos insaturados e cidos malvlico e
esterclico.

Aes comprovadas cientificamente

Hipoglicemiante, antimicrobiana (Mycobacterium avium; Mycobacterium
tuberculosis e anti-inflamatria.

Toxicologia
Apresenta propenso a acumular nitratos em nveis txicos. Aves que ingerem
as sementes e folhas pem ovos com a clara em tom rosado devido liberao
de ferro da gema causada por cidos graxos insaturados, malvlico e esterclico.
O consumo da planta por ovelhas pode resultar em intoxicao caracterizada pela
sndrome da paresia dos membros, que inclui miopatia primria e distrofia muscular
progressiva, distrbios com selnio e vitamina E, costas protuberantes e fraqueza
muscular hipocalcmica.

Outras propriedades
A planta mostra-se resistente aos efeitos txicos do oznio (50 e 100ppb;
5h dia-1), no havendo alterao na produo de biomassa area.
Na Grcia, consumida como hortalia. Brotos suculentos e as razes so
consumidos como salada.
As folhas e os ramos prestam-se como forragem.

149
4.41 Marcela-do-campo (Achyrocline satureioides (Lam.) D.C.
Asteraceae)

Sinonmia popular
Alecrim-de-parede, camomila-brasileira, camomila-nacional, carrapichinho-
-de-agulha, ch-de-lagoa, losna-do-mato, macela, macela-amarela, macela-da-terra,
macela-do-campo, macela-do-serto, macelinha, marcela, marcela-branca, marcela-
-da-mata, marcela-do-campo, marcelinha-do-campo, marcela-fmea, marcelinha,
paina, yate-ca.

189 192

190 193

191
194

Figura 189. Marcela-do-campo em vegetao

Figura 190. Ponteiro vegetativo de marcela-
-do-campo
Figura 191. Folhas de marcela-do-campo
Figura 192. Marcela-do-campo em florao
Figura 193. Inflorescncia de marcela-do-
-campo
Figura 194. Captulo de marcela-do-campo

150
 Botnica
Planta subarbustiva, aromtica, ereta, vivaz, monoica, que cresce 40 a 120cm
de altura. O caule ramificado, cilndrico, no alado. Folhas alternas, inteiras, ssseis,
lineares a linearlanceoladas, medindo 8cm a 10cm de comprimento por 1,5cm de
largura. Captulos numerosos, densoagregados, com dois tipos de flores, reunidos
em panculas corimbosas. Flores amarelo-douradas, com centrais hermafroditas, de
corola tubulosa; as flores marginais so femininas, em nmero de trs a seis, de
corola filiforme; papus branco, unisseriado. Fruto aqunio, glabro, elipsoidal e pardo.
Esta espcie distingue-se da Achyrocline alata por possuir caule liso. O florescimento
ocorre de dezembro a maio.

Fitoqumica
leo essencial: as sumidades floridas dessecadas tm 0,70% a 0,84% de
leo essencial. O leo contm canfeno, mirceno, terpineno, borneol, himachaleno,
limoneno, pinenos, gurjuneno, guaiano, cineol, cariofileno, xido de cariofileno,
cadineno, cariatina e germacreno.
Flavonoides: isognafaliina, galanginametilter, galangina, quercetagetina,
tamarixetina, quercetina, luteolina, alnustina, trimetoxiflavona e kavapirona.
cidos polifenlicos e steres: cido clorognico e isoclorognico,
protocatequilcalerianina, cido cafeico e cafeoilcalerianina.
Outros: a parte area contm sesquiterpenos, derivados da fenilpirona
e morina. A raiz contm compostos acetilnicos. Encerra ainda achirofurano,
steres de coleriantina, monoterpenos, saponinas triterpnicas, polissacardeos
(heteroglicanos) e ramnogalacturonana.

Aes comprovadas cientificamente

Imunoestimulante, fagocitria, imunossupressiva, citotxica, anti-inflamatria,
analgsica, antiespasmdica, sedativa, antiedematognica externa, antirradicais
livres, antioxidante, hipoglicemiante, potenciadora do sono, anticomplementar,
antimicrobiana, antiviral, antitripanossoma, genotxica e moluscicida para
Biomphalaria, simulidfuga.

Toxicologia
Os extratos etanlicos apresentam ao txica e altamente mutagnica
quando testados em Artemia salina.

Outras propriedades
A planta repelente de insetos.
As flores so utilizadas para o enchimento de travesseiros e almofadas e
fornecem matria tintorial para a l.

151
4.42 Maria-preta (Solanum americanum Mill. Solanaceae)

Sinonmia popular
Erva-moura, aguaragu, caraxixu, erva-de-bicho, erva-moura-au, maria-
-pretinha, pimenta-de-galinha.

195 198

196
199

197

200

Figura 195. Planta adulta de maria- Figura 198. Flor de maria-preta

-preta Figura 199. Frutos de maria-preta
Figura 196. Folhas de maria-preta Figura 200. Carpotomia de maria-preta
Figura 197. Inflorescncia de maria-
-preta

152
 Botnica
Planta herbcea, anual, com cerca de 30 a 70cm altura. Apresenta caule
liso, ramificado, verde e ereto. Folhas esparsas, alternas, simples, pecioladas, ovais,
acuminadas, desigualmente lobadas, s vezes inteiras, verde-escuras, medindo 3
a 6cm de comprimento. As flores, alvas e curtamente pedunculadas, dispem-se
em umbelas com trs a dez flores com at 1cm de dimetro. O fruto uma baga
verde quando imatura e negra quando madura, brilhante, amarga e nauseabunda,
medindo 8 a 10mm de dimetro. A polpa contm 50 a 100 sementes pequenas e
arredondadas, que so comprimidas, obovoides, com 1 a 1,3mm de dimetro,
amarelo-claras, reticuladas, glabras e foscas.

Fitoqumica
Os frutos maturos, as razes e as folhas novas e os brotos so pobres em
alcaloides, mas frutos verdes contm solanina, chaconina, diosgenina e tigonenina.
Contm ainda taninos, solasosina, solassoidina, solamargina, solansodamina,
solanigrina, gitogenina, escopuletina, diogenina, escopulina, solanocapsina,
solasodina, rutina e asparagina.

Aes comprovadas cientificamente

Antiulcerognica gstrica, hipoglicemiante, espasmoltica, citosttica,
anticolinestersica, analgsica, sedativa suave, anti-inflamatria, antifadiga (em
idosos), depressora do sistema nervoso central, hipotensora, vasodilatadora,
inotrpica negativa, antimutagnica, analgsica, musculotrpica, moluscicida
(Biomphalaria pfeifferi), antiprotozorica (Trypanossoma cruzi), antimicrobiana
(Staphylococcus aureus, Epidermophyton floccosum, Microsporum canis,
Microsporum gypseum, Trichophyton mentagrophytes, Trichophyton rubrum,
Candida albicans, Cryptococcus neoformans, Bacillus subtilis).

Toxicologia
Os frutos verdes so txicos. Doses acima das teraputicas podem causar
nuseas, vmitos, cefaleia e diarreia, enquanto doses mais elevadas causam arritmia,
nefrite, alucinaes e convulses. Intoxicao e at morte foram observadas em
bovinos, aves, cavalos, carneiros e sunos. Outros sintomas resultantes da intoxicao
so diarreia, midrase, pnico, excitao, hipertermia, entorpecimento, dificuldade
respiratria ou paralisia respiratria, resultando em hipotermia, coma e, mais
raramente, morte. A planta acumula nitratos que podem atingir nveis txicos. O
tratamento da intoxicao feito com lavagem gstrica, hidratao venosa, atropina
e metoclopramida.

Outras propriedades
Os frutos maturos so comestveis, podendo servir de matria-prima
para geleias e tortas.
As folhas e os brotos novos so preparados cozidos ou fritos com ovos.
A planta inteira utilizada como alimento em Java (uma das ilhas da
Indonsia), porm na Holanda considerada extremamente txica.
A solasodina matria-prima para a produo de hormnios esteroidais.

153
4.43 Mastruo (Coronopus didymus (L.) Sm. Brassicaceae)

Sinonmia popular
Erva-de-santa-maria, erva-formigueira, erva-vomiqueira, mastruz, mentrusto,
mentruz, mestruz.

201 204

202

205

203

206

Figura 201. Planta adulta de mastruo

Figura 202. Folhas de mastruo
Figura 203. Ponteiro reprodutivo de mastruo
Figura 204. Inflorescncia de mastruo
Figura 205. Cacho de frutos de mastruo
Figura 206. Frutos de mastruo

154
 Botnica
Planta herbcea anual, prostrada, de caule ramificado horizontalmente a
partir do colo, crescendo cerca de 40 a 50cm de comprimento. As folhas so alternas,
verde-intensas, glabras, pinatissectas, com trs a sete pares de segmentos laterais e
um terminal, e cada segmento se desdobra em dois a cinco lobos. As folhas basais
so curtopecioladas, e as terminais, ssseis. Inflorescncia em racimos cilndricos
reunindo flores muito pequenas, cuja corola formada por quatro ptalas hialinas.
O fruto uma sliqua indeiscente, composta de duas valvas. As sementes so
oblongorreniformes, unissulcadas, castanho-amareladas.

Fitoqumica
As folhas contm flavonoides (crisoeriol e seus glicosdeos), saponinas,
taninos e leos essenciais contendo um composto sulfurado (benzil-tiocianato).

Etnoterapia
Estimulante da digesto, vermfuga, expectorante, estimulante das glndulas
salivares, vesicatria drmica, anti-hidrpica, diurtica, excitante, peitoral e
antiescorbtica. Indicada popularmente para o tratamento de hemorroidas, febre
palustre, afeces respiratrias, dores musculares, bronquite, afeces renais e
estomacais, raquitismo, contuses, sinusite, hipertrofia do corao e citica.

Aes comprovadas cientificamente

Antialrgica, antipirtica, hipoglicmica, antioxidante, hepatoprotetora,
antirradicais livres e antiviral (vrus da diarreia bovina, BVDV-1, Herpes simplex e
influenza tipo A). Os compostos sulfurados da planta atuam como antibitico natural.

Toxicologia
A ingesto do mastruo por vacas em lactao pode resultar na formao de
manchas de benzil-tiocianato no leite.

Outras propriedades
Utilizada como aromatizante de bebidas alcolicas.

155
4.44 Melo-de-so-caetano (Momordica charantia L.
Cucurbitaceae)

Sinonmia popular
Erva-de-lavadeira, erva-de-so-caetano, erva-de-so-vicente, fruta-de-cobra,
fruta-de-negro, melo-amargo, melo-de-so-vicente, melozinho, momrdica,
pepino-amargo.

207 210

208
211

209

212

Figura 207. Melo-de-so caetano em vegetao

Figura 208. Folhas de melo-de-so-caetano
Figura 209. Planta adulta de melo-de-so-caetano
Figura 210. Flores masculina ( esquerda) e feminina ( direira) de melo-de-so-caetano
Figura 211. Carpotomia de frutos de melo-de-so-caetano
Figura 212. Sementes com e sem arilo de melo-de-so-caetano

156
 Botnica
Planta herbcea, anual, monoica, escandente ou prostrada, muito ramificada,
com caule herbceo, estriado, quadrangular, fibroso, pubescente ou tomentoso,
medindo 2 a 3m de comprimento. Possui folhas espiralmente alternas, membranceas,
palmatfidas, longopecioladas, levemente hirsutas na pgina superior e densamente
na inferior, suborbiculares, com cinco a sete lobos ovado-oblongos, estreitados
na base, denteados ou lobulados. Apresenta gavinhas simples, finas, longas e
pubescentes. As folhas medem cerca de 7 a 9cm de comprimento por 6 a 8cm de
largura. Quando amassadas, liberam aroma desagradvel. As flores so axilares,
solitrias, longopedunculadas, monoicas e amarelas, e esto dispostas em cachos ou
corimbos. Fruto tipo cpsula, carnoso, oblongo, sabor amargo, tuberculado, que se
abre espontaneamente, quando maduro, em trs valvas, escabroso externamente,
com oito filas de pontas salientes, verde-amarelado, quando imaturo e alaranjado a
amarelo-ouro quando maduro contendo sementes envolvidas por arilo vermelho de
sabor adocicado. Os frutos medem cerca de 6 a 15cm de comprimento. As sementes
so ovaladoelpticas, foscas, glabras, escabrosas, castanho-amareladas, medindo
de 6 a 16mm de comprimento por 7 a 9mm de largura. O florescimento ocorre na
primavera e no vero, e o auge da frutificao em pleno vero.

Fitoqumica
Folhas: contm momordipicrina, momordicinas, cido momrdico e
cidos graxos.
Frutos: espinasterol, estigmasterol, cucurbitano, goiasaponinas, momor-
dicosdeos, momordicina, momordipicrina, cidos momrdico e galacturnico, mo-
morcharasdeos p-insulina, v-insulina, lignanocalceolariosdeo, esteroide charantina,
criptoxantina, taraxerol, momorcharasdeos, diosgenina, cimeno, cido gentsico,
lectina, -sitosterol, derivados de estigmasterol, hidroxitriptamina, verbascosdeo,
vincina, zeatina. O fruto rico em polissacardeos e contm 16% de cido.
Sementes: cido glutmico, momordina, asparagina, glicina, cido
linolnico, charantina, cido graxo octadecatrienoico, tricosantina, ribonuclease,
momordicosdeos e momorcharina.

Aes comprovadas cientificamente

Hipoglicemiante, antitumoral, antineoplsica, imunomoduladora, anti-
lipmica e hipocolesterolemiante, anticonceptiva, antiulcerognica, espermicida,
anti-helmntica (Ascardia galli), antiplasmdio, antimicrobiana (Helicobacter
pylori, Staphylococcus aureus, Bacillus sp., Micrococcus luteus, Shigella flexneri,
Mycobacterium tuberculosis, Candida albicans, Shigella, Pseudomonas aeruginosa,
Salmonella, Escherichia coli e Staphylococcus aureus), antiviral (retrovrus, Herpes
simplex, HIV-1, poliovrus-1) e larvicida (Helicoverpa armigera e Spodoptera litura).

157
 Toxicologia
O infuso dos frutos, quando administrado em doses muito acima da dose
equivalente humana, durante um perodo de 24 horas, no resulta em quaisquer
alteraes significativas nos parmetros hematolgicos e bioqumicos de
camundongos. No se deve utilizar a planta por mais de quatro semanas seguidas.
Pessoas propensas a baixos teores de acar no sangue no devem utilizar a planta.
Alguns autores informam que meia colher do sumo do fruto maduro pode
matar um bezerro ou um co grandes em 16 horas, depois de apresentarem vmitos
e diarreia. O fruto maduro, em doses elevadas, um poderoso catrtico, podendo
provocar aborto e ter ao teratognica. A ao hemoltica da planta considerada
de mdia intensidade. As sementes contm compostos txicos, no devendo
ser ingeridas. Entre os efeitos adversos da ingesto do fruto destacam-se coma
hipoglicmico e convulses em crianas, reduzida fertilidade em camundongos,
sndrome tipo favismo, alm de dores de cabea. Podem ocorrer leses testiculares
em ces e alteraes dos parmetros sanguneos em sunos.

Outras propriedades
As sementes cozidas, fritas ou tostadas podem ser temperadas com
sal ou empanadas em farinha com leite e ovos. As sementes tambm fazem parte
do curry. O fruto novo comestvel, sobretudo na forma de picles e salada. Mas
pode ser frito, cozido ou utilizado na preparao de molhos. O sabor amargo pode
ser eliminado escaldando o fruto. O arilo da semente adocicado, podendo ser
consumido in natura. Os pssaros apreciam muito o arilo.
O fruto timo substituto do lpulo na preparao da cerveja.
As hastes fornecem fibras macias para o enchimento de colches,
almofadas e estofados, bem como para a indstria de papel.
Das sementes obtm-se leo semelhante ao de amndoas doces, de
sabor agradvel, utilizado para a produo de alguns cosmticos.
As ramas verdes so utilizadas junto com o sabo para aumentar o
rendimento deste na lavao de roupas e utenslios domsticos, alm de afugentarem
pulgas.
As folhas e as hastes, trituradas, servem para alvejar roupas e tirar
ndoas.
O extrato aquoso das folhas possui elevada atividade inseticida.
O fruto, que apresenta a propriedade de produzir espuma, serve de
substituto do sabo.
O suco da planta utilizado nas Filipinas como veneno para flechas e no
Haiti como inseticida.
A saponina bruta, extrada das folhas, ictiotxica para peixes de
pequeno porte, como o guaru, devido ao das saponinas em cessar a atividade
branquial.
A planta utilizada no controle de nematoides e insetos. A planta pode
ser utilizada como ornamental em pergolados, cercas e caramanches.

158
4.45 Mentrasto (Ageratum conyzoides L. Asteraceae)

Sinonmia popular
Caclia-mentrasto, camar-opela, catinga-de-baro, catinga-de-barro,
catinga-de-bode, catinga-de-borro, celestina, cria, erva-maria, erva-de-santa-lcia,
erva-de-santa-luzia, erva-de-so-joo, erva-de-so-jos, maria-preta, mentrao,
mentraste, mentraz, mentruz, pico-roxo, so-joo.

213 215

216

214

Figura 213. Planta adulta de mentrasto

Figura 214. Folhas de mentrasto
Figura 215. Inflorescncias de mentrasto
Figura 216. Captulos de mentrasto

159
 Botnica
Planta herbcea anual, aromtica, com cerca de 40 a 80cm de altura. O
caule ereto, cilndrico, piloso, de colorao verde ou prpura. As folhas so
opostas, pecioladas, crenadas, largamente ovadas, agudas no pice, cuneadas ou
subcordiformes na base, revestidas de pelos glandulosos em ambas as faces, medindo
cerca de 7 a 9cm de comprimento. A inflorescncia um corimbo terminal que rene
de 30 a 50 captulos. As flores so hermafroditas, lilases, com invlucro campanulado,
composto por trs sries de filrias lanceoladas. Os frutos, aqunios midos, so
pretos. As folhas exalam aroma suave quando amassadas. O florescimento ocorre de
maio a novembro.

Fitoqumica
A planta contm resinas, mucilagens, cido hidrocinnico, esteroides,
terpenoides, alcaloides, saponinas, princpios amargos, flavonoides (ageconiflavonas),
alcaloides pirrozilidnicos (equinatina e licopsamina), flavonoides (eupalestina),
friedelina, n-hentriacontano, n-heptacosano, lideroflavona, nobiletina, nonacasona,
quercetina, -sitosterol, estigmasterol, ticarcontano, ageratocromeno, adineno,
dimetxi-ageratocromeno. O exocarpo do fruto contm fitomelano. Nveis de
ferro de 3,18mg 100g-1, no tecido, habilita a planta categoria de fonte potencial
de ferro de origem vegetal e taninos. Produz 0,7% a 2% de leos essenciais que
contm pinenos, mirceno, felandrenos, cadinadieno, elemol, terpinenos, cimeno,
ocimeno, cariofileno, eugenol, cadinenos, tuieno, benzaldedo, sabineno, limoneno,
cineol, terpinoleno, metileugenol, linalol, terpineol, citronelol, elemenos, gurjuneno,
cubebeno, copaeno, bourboneno, bergamoteno, farneseno, humuleno, precoceno,
germacreno, bisaboleno, nerolidol, espatulenol, epxido de cariofileno, di-
-hidrometoxiencecalina, di-hidroencecalina, encecalina, cromonas e benzofuranos.

Aes comprovadas cientificamente

Anti-inflamatria, hemosttica, relaxante, espasmoltica uterina e intestinal,
redutora de batimentos cardacos, antioxidante, gastroprotetora, antimicrobiana
(Alkaligens viscolactis, Klebsiella aerogenas, Bacillus cereus, Streptococcus pyogenes,
Elsimoe fawcetti, Colletoctrichum gloeosporioides, Oidium tingitaninum e Capondium
citri), inseticida (Triboleum castaneum, Sitophilus zeamais, Culex quinquefasciatus e
Musca domestica), nematicida (Meloidogyne incognita). Testada clinicamente no
tratamento de artrite.

Toxicologia
A planta contm alcaloides pirrozilidnicos hepatotxicos localizados,
sobretudo, nas flores, que devem ser eliminadas quando do uso da planta.

Outras propriedades
O leo da planta e as folhas protegem gros armazenados contra a ao
de fungos.

160
 Apresenta atividade contra insetos hempteros devido presena do
precoceno.
utilizada no Nordeste brasileiro para aromatizar roupas brancas.
melfera.
Na Malsia, utilizada como forragem para caprinos, muares e bovinos.

161
4.46 Mil-folhas (Achillea millefolium L. Asteraceae)

Sinonmia popular
Alevante, anador, aquilea, aquilgia, aquileia, aquileia-mil-flores, aquileia-
-mil-folhas, atrover, boto-de-prata, erva-carpinteira, erva-carpinteiro, erva-das-
-cortadelas, erva-das-damas, erva-de-cortadura, erva-de-cortaduras, erva-de-so-
-joo, erva-do-bom-deus, erva-do-carpinteiro, erva-dos-carpinteiros, erva-dos-
-carreteiros, erva-dos-cortadores, erva-dos-golpes, erva-dos-militares, erva-dos-
-soldados, levante, macelo, marcelo, mileflia, mileflio, mileflio-em-rama, mil-
-em-rama, mil-em-ramas, milfolhada, mil-folhada, mil-flores, miliflia, milflio, mil-
-ramas, mil-ramos, nariz-sangrento, novalgina, pelo-de-carneiro, pestana-de-vnus,
ponta-livre, prazer-das-damas, pronto-alvio, salvao-do-mundo, sanguinria.

217 219

220
218

221

Figura 217. Mil-folhas em vegetao

Figura 218. Folhas de mil-folhas
Figura 219. Ponteiro floral de mil-folhas
Figura 220. Inflorescncia de mil-folhas
Figura 221. Flor de mil-folhas

162
 Fitoqumica
leo essencial (0,25%): muuroleno, cariofileno, camazuleno, pr-
-camazulenos, guaiazuleno, carvacrol, ocimeno, azuleno, borneol, acetato de
bornila, cido butrico, cadinenos, canfeno, cnfora, copaeno, cimeno, eugenol,
farneseno, furfural, humuleno, acetato de isobutila, cido isovalrico, limoneno,
mentol, mirceno, pinenos, sabineno, terpinenos, terpinoleno, tuiona, cadinol,
nerolidol, elemenos, linalol, bisabolol, bisaboleno, cariofileno, eucaliptol, cidos
oleico, certico, mirstico e palmtico, di-hidroazulenos, cidos aquilnicos, cineol,
derivados de germacranoldeos e guaianoldeos.
Esteris: sitosterol, estigmasterol, campesterol e daucosterol.
Alcaloides: estaquidrina, aquicena, aquiletina, betana, betonicina,
colina, homostachidrina, moschatina, trigonelina, aquinena, cido aquileico e
aquilena.
Flavonoides: cinarosdeo, cirsiliol, hispidulina, neptina, salvigenina,
casticina, artemetina, isorramnetina, apigenina, luteolina, rutina, quercetina,
epigenol, luteolol e centaureidina.
Triterpenos: amirinas, taraxasterol, pseudotaraxasterol.
Lactonas sesquiterpnicas: aquilicina acetoxiartabsina, acetilbalcanolida,
aquilina, anelooxiartabsina, austricina, balcanolida, di-hidrodeacetoximatricina,
hidroxiaquilina, leucodina, milefina, milefoldeo, proazulenos.
Benzenoides: cidos glico, saliclico e mandlico, hidroquinona,
mandelonitrila glicosdea, floroglucinol, pirocatecol.
Alcanos: heptadecano, pentacosano, pentadecano, tridecano.
Fenilpropanoides: cidos cafeico e ferlico.
Aminocidos: alanina, cido glutmico, histidina, leucina e lisina.
Outros: acetoxiaquilina, matricina, alcamidas poli-insaturadas
cumarinas, runanosdeo, cido clorognico, mucilagens, poliacetilenos, taninos, fitol
asparagina, fitosterina, inulina e aquilina.

Aes comprovadas cientificamente

Gastroprotetora, anti-hepatotxica, depressora do sistema nervoso central,
potencializadora do efeito do pentobarbital sobre o sono, hipotensora, antifebril,
antirradicais, antiespasmdica, anti-inflamatria, hemosttica, antimicrobiana,
larvicida e antioxidante.

Toxicologia
A planta pode causar irritao drmica e ocular, dor de cabea e vertigem.
Em casos raros pode causar reaes alrgicas, possivelmente devidas ao
-peroxiaquifoldeo. abortiva. Contraindicada para mulheres em amamentao.
H possibilidade de intoxicao de animais domsticos. Deve-se evitar a ao do sol
na epiderme molhada com o suco da planta fresca.

163
 Outras propriedades
As folhas tenras so utilizadas como condimento de requeijo e sopas,
ou como salada.
A indstria utiliza a planta na fabricao de licores, aromatizantes, bitters
e vermutes.
Utilizada como alternativa do lpulo no preparo da cerveja.
As sementes, quando introduzidas em tonis, conservam o vinho.
Constitui-se em excelente substrato de composto biodinmico e
compostagem.
As folhas maceradas podem ser usadas contra brocas e fungos.
A planta fitoestimulante na produo de leos essenciais de espcies
companheiras aromticas.
Alguns fitoqumicos da planta so inibidores da germinao de sementes,
inseticidas e apresentam similaridade com feromnios sexuais de insetos. Alm
disso, apresentam propriedades bactericidas e culicidas.
As flores fornecem uma tinta de cor bege para o tingimento de ls.
utilizada como planta ornamental, principalmente em bordadura de
canteiros.

164
4.47 Pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link. ssp. forficata Fabaceae)

Sinonmia popular
Baunia, caoba, caoba-falsa, capa-bode, casco-de-burro, casco-de-vaca,
catinga-de-tamandu, ceroula-de-homem, mo-de-vaca, miror, mirir, miror,
moror, pata-de-boi, pata-de-burro, pata-de-veado, unha-de-anta, unha-de-boi,
unha-de-boi-de-espinho, unha-de-vaca, unha-de-veado.

222 224

225

223
226

Figura 222. Planta adulta de pata-de-vaca

Figura 223. Folhas de pata-de-vaca
Figura 224. Ramos vegetativo e floral de pata-de-vaca
Figura 225. Flor de pata-de-vaca
Figura 226. Frutos de pata-de-vaca

165
 Fitologia
Planta arbustiva ou arbrea pequena, decdua, perene, que atinge de 5 a
9m de altura. Tronco tortuoso, com cerca de 20 a 35cm de dimetro, provido de
espinhos. Ramos frgeis, pendulares, glabros ou pubescente, com acleos gmeos
na axila foliar. Folhas alternas, medindo de 8 a 10cm de comprimento, ovais ou
lanceoladas, glabras, divididas acima do meio, compostas de dois fololos unidos pela
base, arredondados ou subcordiformes, coriceos e com bordos lisos. Acleos quase
sempre gmeos, ora uniformemente retos, ora ligeiramente curvos para dentro,
finos ou grossos. Inflorescncia em cacho terminal, com flores grandes, axilares ou
terminais, brancas, com ptalas filiformes, rugosas, estriadas e irregulares. Fruto
tipo vagem linear pontiaguda, medindo de 15 a 25cm de comprimento por 2cm de
largura. A planta caduciflia, com as folhas caindo no inverno e rebrotando a partir
de outubro.

Fitoqumica
Folhas: contm os flavonoides quercitrina, isoquercitrina, rutinosdeo,
rutina, canferis, canferitrina, quercetinas e miricetina, cumarinas, pinitol,
terpenoides, lcoois de cadeia longa, sitosterol, fenis, trigonelina, antocianidinas,
alcaloides, heterosdeos cianognicos e saponnicos, mucilagem, taninos (flobatnicos
e piroglicos), cidos orgnicos e glicosdeos.
Flores: contm campferorraminosdeo.
Sementes: contm 46% de cido linoleico na frao lipdica, alm de
21% de protena.

Aes comprovadas cientificamente

Hipoglicmica, anti-inflamatria, antifibrinogenoltica, diurtica e anti-
microbiana. Bauhinia candicans apresenta atividade antibacteriana contra
Staphylococcus aureus e Salmonella typhimurium.

Outras propriedades
Planta ornamental de ruas, alamedas, avenidas e jardins.
Do lenho obtm-se carvo de boa qualidade.
A madeira utilizada para caixotaria, lenha e obras leves.

166
4.48 Penicilina (Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze var. brasiliana
Amaranthaceae)

Sinonmia popular
Acnito-do-mato, caaponga, cabea-branca, carrapichinho, carrapichinho-do-
-mato, ervano, nateira, perptua, perptua-do-brasil, perptua-do-mato, quebra-
-panela, sempre-viva, terramicina.

227 229

228

230

Figura 227. Planta de penicilina em vegetao

Figura 228. Ponteiro vegetativo de penicilina
Figura 229. Folhas de penicilina
Figura 230. Inflorescncia de penicilina

167
 Botnica
Planta subarbustiva perene, ereta ou subprostrada que atinge 1,5m de altura.
O caule quadrangular a cilndrico, estriado, de base lenhosa, com ns intumescidos.
As folhas basais so curtopecioladas, as superiores subssseis ou ssseis, oblongas,
acuminadas e apresentam policromismo acentuado na faixa do vermelho, embora
tambm possam ser verdes. Inflorescncia em glomrulos globosos ou oblongos de
flores densamente agrupadas. As flores so creme ou levemente rosadas quando
novas, tornando-se brancas quando maduras. Os frutos so utrculos unisseminados,
localizados entre a tpala e a spala. Semente oblonga a ovalada, com cerca de 1,6
a 2mm de comprimento por 1mm de largura, brilhante, castanho-avermelhada e
levemente ondulada. Floresce durante todo o ano.

Fitoqumica
Contm compostos fenlicos, triterpenos, alcaloides, flavonoides, derivados
fenilpropanoglicosdeos, -sitosterol, derivado cinmico ismero do cido
clorognico, betacianinas (betanina), esteroides e terpenoides.

Aes comprovadas cientificamente

Anti-inflamatria, analgsica, anticonvulsionante, antimicrobiana
(Staphylococcus aureus e Escherichia coli) e antiviral (Herpes simplex e do HIV).

Outras propriedades
A planta jovem pode ser utilizada na alimentao de bovinos.
considerada uma espcie ornamental de grande vivacidade.

168
4.49 Pico-preto (Bidens pilosa L. Asteraceae)

Sinonmia popular
Carrapicho, carrapicho-agulha, carrapicho-cuambu, carrapicho-de-agulha,
carrapicho-de-duas-pontas, carrapicho-pico, coambi, cuambri, cuambu, erva-pico,
erva-pilo, fura-capa, goambu, macela-do-campo, paconca, pico, picacho, picacho-
-negro, pico-do-campo, pico-pico, piolho-de-padre, piolho-de-parede.

231 233

234

232

235

Figura 231. Ponteiro vegetativo de pico-preto

Figura 232. Folhas de pico-preto
Figura 233. Ponteiro floral de pico-preto
Figura 234. Captulos de pico-preto
Figura 235. Captulo e cipselas de pico-preto

169
 Botnica
Planta herbcea, anual, ereta, com 40 a 80cm de altura. Folhas opostas, as
superiores alternas, pecioladas, tridivididas, com segmentos ovais a lanceolados,
com 2 a 7cm de comprimento, serrados, agudos ou acuminados. Captulos de flores
amarelas tubulares e radiadas. Aqunios planos, colunarfusiformes, pretos, desiguais,
os interiores mais compridos que o invlucro, o pice coroado por duas a quatro
salincias que permitem a aderncia do fruto a roupas e pelos. O florescimento
ocorre na primavera, no vero e no outono.

Fitoqumica
Fitosteris, fenilpropanoides, cidos cafeico, nicotnico, tnico, cumrico,
saliclico, linlico e linolnico, poliacetilenos, fenilacetileno, acetilacetona,
tridecapentineno, amirina, jacena, centaurena, fitosterina, esculetina, glicosdeo,
sitosterol, lupeol, acetato de lupeol, flavonoides, metil-hoslundina, esteris,
triterpenos, flavonoides, chalconas, slica, okaninaglicosdeo, quercetina, glicosdeos
de aurona, fenil-heptatriina, friedelina, friedelanol, taninos, limoneno, cadineno,
timol, pineno, felandreno, mucilagem e bioflavonoides. O teor de leo essencial
varia de 7,88% a 11,80% conforme a altitude, e de 7,96% a 12,14% conforme a poca
de colheita.

Aes comprovadas cientificamente

Antitumoral, gastroprotetora, antiangiognica, antiviral (Herpes simplex),
anti-hipertensiva, relaxante vascular, hipoglicmica, antioxidante, fotoprotetora,
imunomoduladora, anti-inflamatria, anti-hepatite-B, antimicrobiana, anti-
-helmntica, antiplasmdio, inseticida e antiprotozorica.

Toxicologia
A planta considerada atxica para seres humanos.

Outras propriedades
Na frica, utilizada pelos nativos negros como salada. Os brotos jovens
so utilizados como hortalia.
Nas Filipinas, utilizada no preparo de uma bebida denominada sinitsit.
tima forragem para coelhos.

170
4.50 Poejo-mido (Cunila microcephala Benth. Lamiaceae)

Botnica
Espcie herbcea, perene, de ramos radicantes, folhas inteiras ou serreadas,
um pouco pilosas na face inferior. Flores pequenas, brancas, com pontuaes
violceas, dispostas em captulos semiglobosos axilares.

236 238

239
237

Figura 236. Planta adulta de poejo-mido

Figura 237. Folhas de poejo-mido
Figura 238. Inflorescncia de poejo-mido
Figura 239. Flor de poejo-mido

171
 Fitoqumica
O teor de leo essencial nas folhas frescas de Cunila microcephala colhidas na
primavera e no vero em Itaja, SC, de 0,13% e 1,30% respectivamente.
As folhas de Cunila spicata contm monoterpenetriol e seis terpenoides
glicosdicos derivados do linalol, linalol hidroxilado e 1,8-cineol. A espcie Cunila
galioides contm neral, geranial, linalol, ocimeno, citral e menteno.

Aes comprovadas cientificamente

O leo essencial da espcie Cunila galioides apresenta atividade
anticonvulsionante e sedativa. Cunila spicata apresenta atividade antivirtica (Herpes
simplex tipos 1 e 2, poliovrus tipo 2 e vrus da estomatite vesicular).

172
4.51 Quebra-pedra (Phyllanthus niruri L. Phyllantaceae)

Sinonmia popular
Arranca-pedras, arrebenta-pedra, conami, erva-pombo, erva-pombinha,
filanto, fura-parede, quebra-panela, quebra-pedra-branco, saudade-da-mulher,
sade-da-mulher, saxfraga.

240 242

241

243

Figura 240. Planta adulta de quebra-pedra

Figura 241. Folhas de quebra-pedra
Figura 242. Flor de quebra-pedra
Figura 243. Fruto jovem de quebra-pedra

173
 Botnica
Planta herbcea, vivaz, com porte mdio de 30 a 50cm e rmulos peniformes
arredondados. O caule cilndrico e avermelhado. As folhas so simples, pequenas,
pecioladas, alternas, ovaladas, com estpulas membranceas e glabras, medindo
de 1,6 a 1,8cm de comprimento. Esta espcie caracteriza-se pela folha assimtrica
de base achatada. As flores so diminutas, esverdeadas, localizadas nas axilas dos
fololos, monoicas, curtopediceladas nos dois sexos; as masculinas so gmeas,
de glndulas livres e orbiculadas, e as femininas so solitrias, com as glndulas
coimplantadas na base. Cpsulas deprimidas, muito pequenas, com seis sementes
retorcidas longitudinalmente, costadas, com diminutas estrias transversais.

Fitoqumica
Lignanos: filantina, hipofilantina, isolintetralina, hirtetralina, hinokinina,
nirtetralina, ariltetralina, nirantina, hidroxilintetralina, hidroxinirantina, nirfilina,
filtetralina, filnirurina, filtetrina e hidroxilignanos.
Flavonoides: rutina, quercetina, nirurinetina, nirurina, astragalina,
quercitrina, isoquercitrina, canferol, fisetina, eriodictiol, vitexina e isovitexina.
Alcaloides: filantimida, norsecurinina, nirunina, filocrisina.
Triterpenos: lupeolacetato, glochidona, glochidiol, lupeol.
Terpenos: cimeno, limoneno.
Alcanos: triacontanal, triacontanol.
Benzenoides: salicilato de metila, filesterina.
Lipdios: cidos ricinoleico, dotriancontanoico, linoleico e linolnico.
Esteroides: sitosterol, estigmasterol e estradiol.
Outros: nirurisdeo, transfitol, cidos repandusnico, glico, elgico,
saliclico e carboxlico, brevifolina, geraniina, filantidina, dibenzilbutirolactona, galato
de metila, galato de etila, glochidona, furosina, xantoxilina, hiporilantina, geranina,
filalvina, cineol, cimol, linalol, securimina, taninos, saponinas e vitamina C.

Aes comprovadas cientificamente

Anti-ictrica, antitumoral, analgsica, antiespasmdica, antiltica,
contraceptiva, gastroprotetora, anti-inflamatria, antialrgica, hipotensiva, anti-
-hepatotxica, diurtica, antimicrobiana (Pastereulla pestis e Staphylococcus aureus).

Toxicologia
Abortiva e purgativa em altas doses. Doses superiores a 4g dia-1 podem ser
prejudiciais por perodo de mais de 100 dias consecutivos. Doses elevadas podem
causar diurese excessiva e diarreias.

Outras propriedades
A planta utilizada externamente como inseticida de pulgas e piolhos.

174
4.52 Sabugueiro (Sambucus nigra L. Adoxaceae)

Sinonmia popular
Sabugo, sabugo-negro, sabugueirinho, sabugueiro-da-europa, sabugueiro-
-maior, sabugueiro-negro.

244 246

245 247

248

Figura 244. Ponteiro floral de sabugueiro

Figura 245. Folhas de sabugueiro
Figura 246. Inflorescncia de sabugueiro
Figura 247. Flor de sabugueiro
Figura 248. Frutos de sabugueiro

175
 Botnica
Arbusto ou arvoreta perene que cresce de 3 a 4m, de caule esverdeado no
primeiro ano e posteriormente fibroso e endurecido. O caule ramificado, verrucoso-
-pardacento, de aroma desagradvel, dotado de medula branca e lenticelas na casca.
As folhas so opostas, glabras, imparipenadas, compostas de cinco a sete fololos
ovadoacuminados e denteados. Inflorescncia do tipo cimeira corimbiforme de
flores esbranquiadas, hermafroditas, terminais e perfumadas. Fruto tipo baga
globulosa, preta, luzidia, medindo cerca de 0,6cm de dimetro e contendo trs
sementes pequenas. O suco do fruto vermelho-sangue, com cheiro forte e sabor
um pouco cido. O florescimento ocorre o ano todo.

Fitoqumica
Flores: contm plastocianina, mucilagens, teres, steres, cetonas,
aldedos, resina, cidos fenlico, tartrico, urslico, olenico, valerinico, clorognico
e cafeico, glicosdeo cianogentico a sambunigrina , taninos, esteris, nitrato de
potssio, flavonoides, rutina, quercetina, eldrina, astragalina, canferol, isoquercitrina,
sambunigrosdeo, amirinas, pectina, lupeol e leo voltil (0,025% a 0,2%) contendo
linalol, geraniol, nerol, ocimeno e terpineol.
Frutos: contm os flavonoides ramnetina-glicosdeo, rutinosdeo, rutina
e isoquercetina; as antocianidinas crisantemina e sambucianina; cidos ctrico,
mlico e tartrico; sambunigrina, taninos, pectina, quercetina, cianidinaglicosdeo,
cianidina-sambubiosdeo e nigritinas.
Sementes: os heterosdeos cianogenticos holocalosdeo, prunasosdeo,
sambunigrosdeo e zierosdeo.
Casca e raiz: contm nigrina uma lectina , fito-hemaglutinina,
alcaloides, taninos, cido valrico, colina, sambucina, sambunigrina, triterpenos,
glicosdeos flavnicos, amirenona, amirina, betulina, cido olenico e sitosterol.
Folhas: contm os glicosdeos cianognicos prunasina, holocalina e
zierina; rutina, quercetina, taninos, colina, alcaloide sambucina, sambunigrina,
alcanos, fitosteris, cidos graxos e triterpenos.

Aes comprovadas cientificamente

Diurtica, antiespasmdica, imunoestimulante, antiviral (vrus de gripe),
emoliente, hemaglutinadora, mitognica, antignica, imunossupressora e
antibacteriana (Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae e Streptococcus
pyogens). As lectinas do sabugueiro podem ser utilizadas em anemia ou leucopenia
induzida por medicamentos oncolgicos.

Toxicologia
As folhas, os frutos verdes, os galhos e as razes contm alcaloides txicos. As
lectinas encontradas na planta causam teratognese em fmeas de camundongos
prenhes. O risco de toxidez em pessoas s existe em casos de ingesto de altas doses
da planta ou de seus produtos. O uso interno dessas partes da planta deve ser feito
mediante orientao especializada.

176
 Outras propriedades
As flores so utilizadas em camadas alternadas para a conservao da
ma e para conferir aroma de moscatel em vinho branco.
As flores podem ser consumidas empanadas e fritas.
As gemas podem ser utilizadas no preparo de picles.
Os frutos so comestveis e podem ser utilizados no preparo de bebidas
vinosas, geleias, marmeladas, doces e sopas. Alm disso, fornecem uma tinta cor
lils para o tingimento de ls.
As folhas apresentam ao inseticida.
A madeira e os galhos fornecem matria corante amarela, escura ou
verde-ma.
A medula do caule empregada em microscopia para o preparo de
cortes de preciso em experimentos de fsica eletrosttica.
Das sementes se extrai um leo de uso industrial.
A planta ornamental e pode ser usada como cerca viva.

177
4.53 Slvia-gacha (Lippia alba (Mill.) N.E.Br. Verbenaceae)

Basinimo: Lippia geminatta Kunth.

Sinonmia popular
Alecrim, alecrim-do-campo, alecrim-do-mato, alecrim-selvagem, camar,
capito-do-mato, carmelitana, ch-da-febre, ch-de-estrada, ch-de-frade, ch-de-
-pedestre, ch-de-tabuleiro, ch-do-rio-grande-do-sul, cidro, cidreira, cidreira-
-brava, cidreira-capim, cidreira-crespa, cidreira-da-terra, cidreira-do-campo, cidreira-
-falsa, cidreira-melissa, cidrila, cidrilha, cidr, erva-cidreira, erva-cidreira-brasileira,
erva-cidreira-do-campo, erva-cidreira-falsa, falsa-melissa, malmequer-do-mato,
salsa-brava, salsa-limo, salva, salva-brava, salva-do-brasil, salva-do-mato, salva-
-limo, slvia, slvia-da-gripe, tomilho-silvestre.

249 251

250
252

Figura 249. Ponteiro floral de slvia-gacha

Figura 250. Segmento nodal de slvia-gacha
Figura 251. Folhas de slvia-gacha
Figura 252. Inflorescncia de slvia-gacha

178
 Botnica
Planta arbustiva ou subarbustiva perene, ereta quando jovem e
arqueadopendulada quando adulta. O caule muito ramificado, medindo 2 a
2,8m de altura. frgil, retilneo ou curvo, com ramos engalhados, acinzentados,
cilndricos e sulcados. Os ramos novos so pubescentes, enquanto os velhos so
glabros e radicantes, quando encostam ao solo. As folhas so aromticas (aroma
ctrico), oblongoagudas, opostas, bordos serrilhados, com 2 a 15cm de comprimento
por 5 a 8cm de largura e com forte aroma de limo, lima ou menta. Inflorescncias
axilares, solitrias ou, raras vezes, em pares. As flores so aromticas, rseo-violceas,
pedunculadas, axiais, bracteadas e reunidas em captulos. O fruto uma cpsula
seca, subglobosa a ovoide, do tipo esquizocarpo, medindo at 3mm de dimetro
e composto por dois mericarpos hemisfricos lisos, castanho-escuros, facilmente
destacveis ao toque.

Fitoqumica
O leo essencial das folhas (1,2%) contm geraniol, neral, cariofileno,
metil-heptenona, citronelol, geranial, borneol, xido de cariofileno, aromadendreno,
bisaboleno, germacreno, nerol, linalol, citronelal, limoneno, isobutilato de geranilo,
cubenol, undecanona, cadineno, elemeno, muuroleno, humuleno, mirceno, ocimeno,
cimeno, terpineno, butirato de geranilo, eugenol, copaeno, lipiona, cnfora, di-
-hidrocarvona, cineis, citral, acetato de citronelol, cetonas, piperitona, sabineno,
terpineol, cimol, cidos fenlicos e cubebeno.
As folhas contm, ainda, saponinas, taninos iridoides, flavonoides e
alcaloides.

Aes comprovadas cientificamente

Citosttica, redutora do tnus intestinal, hipntica, analgsica, adstringente,
expectorante, mitigante de transtornos respiratrios, antioxidante, depressora do
sistema nervoso central, anti-hipertensiva, prolongadora do sono, antissptica,
sedativa, ansioltica, anticonvulsionante, antiulcerognica gstrica, antiviral (vrus
da diarreia bovina, BVDV-1, Herpes simplex-1 e Influenza tipo A) e antimicrobiana
(Helicobacter pylori, Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae,
Streptococcus pyogenes, Salmonella typhi, Trichophyton mentagrophytes, Candida
albicans, Neurospora crassa, Alternaria alternata, Rhizoctonia solani, Absidra
ramosa, Aspergillus niger, Aspergillus fumigatus, Aspergillus nudilans, Candida
albicans, Chaetomium globosum, Cladosporium cladosporioides, Colletotrichum
gloeosporioides, Colletotrichum dematium, Curvularia lunata, Penicillium italicum,
Rhizopus arrhizus, Dreschlera oryzae, Fusarium moniliforme e Macrophomina
phaseolina).

179
 Toxicologia
Os efeitos txicos causados pela administrao do leo essencial, tais como
diarreia, nuseas e vmitos, s foram verificados em doses muito altas. No se
recomenda para os hipotensos.

Outras propriedades
A planta utilizada em culinria e melfera.

180
4.54 Sene-do-brasil (Senna corymbosa (Lam.) H. S. Irwin & Barneby
Fabaceae)

Basinimo: Cassia corymbosa Lam.

Sinonmia popular
Fedegoso-do-rio-de-janeiro, lava-pratos, mamang, sene-de-alexandria,
sena-egpcia, sena-indiana.

253 255

254

256

257
Figura 253. Sene-do-brasil em florao
Figura 254. Folhas de sene-do-brasil
Figura 255. Ramo reprodutivo de
sene-do-brasil
Figura 256. Flores de sene-do-brasil
Figura 257. Frutos de sene-do-brasil

181
 Botnica
Planta arbustiva, perene, com 1,2 a 1,5m de altura, ereta e glabra. Folhas
pinadas, compostas de dois pares de fololos ovado-oblquos, obtusoacuminados,
coriceos, com cerca de 6 a 8cm de comprimento, glabros e vernicosos na face
superior e amarelado pubescente na inferior, com um glndula pequena entre cada
par de fololos. Flores amarelo-claras em racimos curtos, dispostas em panculas
terminais. Frutos tipo folculos, elpticos, reniformes, contendo sete a nove sementes.
O florescimento ocorre de dezembro a maro.

Fitoqumica
Contm antraquinonas, flavonoides e taninos.

Etnoterapia
Laxante, depurativa, emoliente e vermfuga. indicada para a constipao
intestinal, incrementando o movimento peristltico do clon. Uma pasta feita com
p de sene e vinagre remove pstulas. Elimina manchas brancas do corpo. As folhas
e os folculos so utilizados no tratamento de clicas e distrbios digestivos.
O suco e o p das folhas de Senna fistula so considerados laxantes suaves.
Frutos, sementes, folhas e flores de Cassia grandis so laxantes. As folhas e as flores
de Senna alata so utilizadas em picadas de cobra e doenas venreas. As sementes
de Senna alata so purgantes e antirreumticas. A infuso das sementes torradas
fortificante do intestino. As folhas so antifebris, purgantes, sudorferas, febrfugas e
diurticas. As razes so drsticas, desobstruentes do fgado, reguladoras menstruais,
diurticas, antirreumticas e febrfugas. Senna cathartica e Senna obovata so
purgantes. As folhas novas de Senna alata so utilizadas frescas e aquecidas, ou
ainda em p, no tratamento de sarnas, dartros, lcera, antraz e outras afeces
drmicas. A planta inteira utilizada na ndia em acidentes ofdicos, enquanto no
Mxico usada em doenas de origem sifiltica. Senna cathartica alivia congestes
pulmonares e enceflicas.

Toxicologia
As folhas podem causar dermatite de contato. O uso prolongado pode
resultar em distrbios do clon, clicas, diarreia, dores abdominais e nuseas. Evitar
o ch na gravidez. Crianas menores de 12 anos no devem fazer uso da planta. As
antraquinonas senosdeo B e rena apresentam atividade genotxica muito fraca em
clulas da medula do osso de camundongos.

Outras propriedades
As sementes tostadas e modas podem ser utilizadas como caf.
Pode ser utilizada como adubo verde.
A planta ornamental por suas folhas delicadas e flores vivamente
amarelas.

182
4.55 Sete-sangrias (Cuphea carthagenensis (Jacq.) J. Macbr.
Lythraceae)

Sinonmia popular
Cufeia, guanxuma-vermelha, balsamona, chiagari, erva-de-sangue.

258 260

259
261

Figura 258. Ponteiro vegetativo de

sete-sangrias
Figura 259. Folhas de sete-sangrias
Figura 260. Ponteiro floral de
sete-sangrias
Figura 261. Flor de sete-sangrias

183
 Botnica
Planta herbcea anual, de crescimento ereto e ramificado. Caule avermelhado
revestido de pilosidade glandulosa e resinosa purprea. A planta cresce 30 a 50cm.
Suas folhas so opostas, pecioladas, de pice e base agudos. A face dorsal mais
hirsuta e clara que a superior. Inflorescncias axilares em pequenos cachos, com
flores de colorao avermelhada ou violcea, com duas ptalas dorsais menores que
as outras. Fruto tipo cpsula contendo seis a oito sementes. O florescimento ocorre
do vero ao outono.

Fitoqumica
As folhas contm quercetinafosfato, triterpenoides, esteroides, taninos,
flavonoides, estigmasterol, sitosterol e acares livres. As sementes contm cidos
lurico e cprico.

Etnoterapia
Cuphea carthagenensis, Cuphea balsamona, Cuphea calophylla e Cuphea
mesostomon so utilizadas popularmente como hipocolesterolmicas, depurativas
enrgicas e no tratamento de hipertenso arterial e arteriosclerose.

Aes comprovadas cientificamente

Ansioltica, antioxidante, hipocolesterolmica, antiedematognica, analgsica,
miorrelaxante, antiviral (Herpes simplex-1; poliovrus-2) e antibacteriana.

Outras propriedades
As sumidades florais podem ser utilizadas como isca artificial para peixes.

184
4.56 Tanchagem-maior (Plantago major L. Plantaginaceae)

Sinonmia popular
Plantagem, tanchagem, tansagem, tansagem-maior, tancha, tranchagem,
tranchs, transage, transagem.

262 264 265

263 266

Figura 262. Tanchagem-maior em vegetao

Figura 263. Folhas de tanchagem-maior
Figura 264. Inflorescncia de tanchagem-maior
Figura 265. Flores de tanchagem-maior
Figura 266. Semente de tanchagem-maior

185
 Botnica
Planta herbcea, anual ou polianual, inodora, ereta, acaule, medindo de 20
a 50cm de altura. Possui folhas basais, radiais cepa, espessas, ovadoelpticas, com
bordas lisas ou levemente onduladas, glabras, com nervuras salientes, trinervadas,
medindo de 8 a 12cm de comprimento por 4 a 6cm de largura. Inflorescncia em
espiga, cilndrica, carnosa, sustentada por uma haste floral comprida, que pode
atingir at 35cm e possui numerosos pelos. As flores so muito pequenas (1 a 2mm
de comprimento), marrom-avermelhadas. Fruto tipo pixdeo (cerca de 3mm de
dimetro), ovoide, de deiscncia transversal, 2mm de dimetro, contendo at 20
sementes marrom-opacas, elpticas, cerca de 1mm de comprimento. O florescimento
e a frutificao ocorrem no incio da primavera e estendem-se at o outono.

Fitoqumica
Mucilagens (6,5%): mucopolissacardeos arabinogalactano, glicomana-
no e ramnogalacturonano. So encontradas nas folhas e sementes.
Alcaloides: noscapina, indicana e plantagona.
Flavonoides: alantona, apigenina, luteolina, baicalena, hispidulina,
plantamajosdeo, plantajosdeo, nepetina, cido sinrgico e escutelarena.
Iridoides: aucubina, plantamajosina, catalpol e metilcatalpol.
Lignanos: di-hidroxicinamato de metila, plantamosdeo, verbascosdeo
e siringina.
cidos fenlicos: cidos hidroxibenzoico, ferlico, neoclorognico,
fumrico, clorognico, gentstico, cafeico, sirngico, benzoico, cumrico, cinmico,
vanlico, saliclico e urslico.
Outros: amirinas, asperulosdeo, glicosdeos de aucubina, melitosdeo
e geniposdeo, lolioldeo, sitosterol, cidos benzoico, silcico, hidroxicinmico,
palmtico, esterico, clico, succnico, araqudico, fenilcarboxlico, ercico oleanlico
e ctrico, filoquinona, sais de potssio, vitaminas A, C e K, plantastina, polissacardeos
heteroxilanos acdicos, manitol, esciletina, plantaneosdeo, acteosdeo, 0,2% de leo
essencial, taninos, aucubigenina, emulsina, invertina, pectina, sais minerais, enxofre,
citrato de potssio, vitamina B1, plantaginina, adenina, baicalina, colina, cido
lignocrico, plantagonina, escutelarina, sorbitol, estaquiose, tirosol e aucubosdeo.
As sementes contm mucilagem, cidos plantenlico e succnico,
adenina, aucubina, colina, galactose, glicose, xilose, arabinose, ramnose, planteose,
plantabiose, sacarose, frutose, cidos galacturnicos, leos volteis e fixos.

Aes comprovadas cientificamente

Hipolipemiante, reduzindo os nveis de colesterol, triglicerdeos, lipoprotenas
e lipdios totais no sangue de cobaias com arteriosclerose. Espasmoltica, hipotensora,
secretoltica, anti-inflamatria, analgsica, antipruriginosa, diurtica, antissecretora
gstrica, antiulcerognica, antioxidante, laxante, antiviral, antipirtica, anti-
-hemorrgica, estrognica, heptica, resolutiva, antiltica, uricosrica, antitumoral
mamria, anti-hepatocarcinognica, desintoxicante, antileucmica, antimicrobiana

186
(Bacillus subtilis, Micrococcus flavus, Staphylococcus aureus, Micrococcus flavus,
Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Aspergillus nidulans e Candida albicans)
e antigiardase do duodeno. Utilizada clinicamente no tratamento de bronquite
crnica, hemorroidas, hipercolesterolomia e diarreia aguda.

Outras propriedades
As folhas so discretamente aromticas e podem ser usadas em saladas
e sopas. As sementes encerram 10% de um leo denso, amarelo e de sabor agradvel,
utilizado na alimentao.
Misturadas ao leite, as sementes causam coagulao.
As folhas so consumidas por ovelhas, sunos e cabras e so muito
apreciadas por coelhos e pssaros.
um dos ingredientes de alguns cosmticos drmicos, sobretudo
mscaras faciais.

187
4.57 Urucum (Bixa orellana L. Bixaceae)

Sinonmia popular
Aafro-da-terra, aafroa, aafroeira-da-terra, achicote, achiote, achote, bija,
colorau, falso-aafro, orucu, tintria, urucu, urucuuba, urucuzeiro, uru-uva.

267 270 273

271
268

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269

Figura 267. Urucum em florao

Figura 268. Folhas de urucum
Figura 269. Urucum em frutificao
Figura 270. Flores de urucum
Figura 271. Ponteiro frutfero de urucum
Figura 272. Cacho de frutos de urucum
Figura 273. Carpotomia de urucum
Figura 274. Sementes ariladas de urucum

188
 Fitologia
Planta arbustiva perene, de porte mediano (3 a 5m), bastante ramificada,
de tronco curto, medindo cerca de 15 a 25cm de dimetro, com casca pardacenta
e copa densa arredondada. As folhas so alternas, persistentes, longopecioladas,
elpticas, cordiformes na base, acuminadas, inteiras e glabras. As flores so rseas,
grandes, com corola formada por cinco ptalas, com muito estames, em panculas
terminais. Fruto cpsula ovoide ou cnica com 3 a 5cm de comprimento, grande,
verde ou vermelho-plido ou roxo-escuro, revestido de espinhos moles e inofensivos,
contendo de 30 a 40 sementes revestidas de arilo vermelho-serceo.

Fitoqumica
As sementes contm:
leo essencial (0,3% a 0,9%): bixaganeno ou isuarano.
Carotenoides: bixina, betabixina metilbixina, norbixina, transbixina,
-caroteno (1.000 a 2.000U.I. g-1), criptoxantina, lutena, zeaxantina.
Flavonoides: apigenina-bissulfato, cosmosiina, hipoaletinabissulfato,
luteolina-bissulfato e luteolina-glicosdeo e isoescutelarena.
Outros: orelina, cidos graxos e insaturados, leo fixo. A bixina
avermelhada e insolvel em gua, enquanto a norbixina alaranjada e solvel em
gua.
As folhas contm:
leo essencial contendo farnesilacetona, geranilgeraniol, formato de
geranilo e octadeconoato de geranilo.
Benzenoide: cido glico.

Aes comprovadas cientificamente

Hipoglicmica, antissecretora gstrica, redutora da atividade motora e
causadora de aumento da diurese, uterotnica, hipotensora, anti-inflamatria,
analgsica, anti-hemorrgica ofdica, estimulante de HDL, antigenotxica,
antimutagnica, antimicrobiana (Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Salmonella
typhi, Neisseria gonorrhoeae, Clostridium botulinum, Bacillus subtilis, Bacillus
pumilus, Streptococcus fecalis, Candida utilis e Aspergillus niger).

Toxicologia
A casca das sementes tem efeito txico ao pncreas e ao fgado, acompanhado
de hiperglicemia e aparente aumento de insulina. A semente no provoca em
ratas nenhum sinal de toxicidade aparente, porm em cachorro se observou
pancreotoxicidade, hapatotoxicidade e incremento aparente do nvel de insulina.

Outras propriedades
O arilo fornece corante e condimento natural a bixina (cor vermelha),
tambm utilizada para colorizar chocolates, queijos, iogurtes, manteiga e outros
vveres, cera e seda.

189
 O tronco produz uma goma que utilizada na produo de bebidas
emolientes. O lber fornece fibra utilizada em cordoalha rstica.
utilizada para colorir carnes congeladas, bebidas, cereais e queijos.
Misturada s substncias amilceas em p, obtm-se o corante culinrio mais
comum em todo o mundo, o colorau.
Os pigmentos so utilizados pela indstria para a produo de
bronzeadores e filtros solares.
O p resultante da triturao das sementes repelente de insetos e
colorizante do corpo e de artesanato cermico indgena.
A farinha da semente (despigmentada) boa fonte alimentar, rica em
protenas, com nveis minerais e vitamnicos semelhantes aos nveis dos cereais e
com alto nvel de carotenoides. Alm disso, a matria seca apresenta satisfatrio
ndice de digestibilidade (em ruminantes), apesar de ser pobre em triptofano.
Apresenta alto teor de fsforo e razovel de lisina e triptofano. Com a eliminao
parcial das fibras, a digestibilidade das protenas da farinha chega a 65%.
A rvore ornamental e indicada para repovoar reas degradadas ou
utilizar como cerca viva.

190
4.58 Valeriana (Valeriana officinalis L. Valerianaceae)

Sinonmia popular
Erva-de-amassar, erva-de-gato, erva-dos-gatos, erva-de-so-jorge, valeriana-
-menor, valeriana-selvagem, valeriana-silvestre.

275 278

276

279

277

280

Figura 275. Valeriana em vegetao

Figura 276. Folhas de valeriana
Figura 277. Inflorescncia de valeriana
Figura 278. Flor de valeriana
Figura 279. Razes de valeriana
Figura 280. Rizoma de valeriana

191
 Botnica
Planta herbcea, polianual, com folhas opostas, imparipenadas, com cinco a
25 fololos lineares, lanceolados ou elpticos, inteiros ou dentados, formando uma
roseta basal a partir de uma cepa curta. A planta, no Brasil, atinge at 40cm de altura
em regies tropicais. Nos pases de origem pode atingir at 2m em altura. Flores
brancas, hermafroditas, dispostas em corimbo, glomrulos ou espigas curtas. O
fruto um aqunio drupceo contendo apenas uma semente. O rizoma amarelo,
cnico e mede cerca de 4cm de comprimento, emitindo dezenas de razes fibrosas,
fasciculadas, esbranquiadas e fusiformes. O rizoma, bem como as razes, apresentam
aroma forte e um pouco desagradvel. O florescimento ocorre no vero, e raramente
em regies tropicais.

Fitoqumica
leo essencial (0,5% a 6%): contm acetato de bornila, cariofileno,
pinenos, ionona, isovalerato de eugenilo, isovalerato de isoeugenilo, valeranona,
terpineol, lcool patchuli, valerianol, borneol, -bisabolol, ledol, fencheno,
isovalerianato de borneol, azuleno, faurinona, cidos valerinico, isovalerinico,
isovalrico e valrico, butirato de bornila, canfeno, valerenona, valerenal, butirato de
bornila, bisaboleno, terpinoleno e isovalerianato de bornila.
Iridoides (valepotriatos): valtrato isovalero-hixidrina, acevaltrato, vale-
clorina, didrovaltrato, homodidrovaltrato, desoxidodidrovaltrato, homodesoxidodi-
drovaltrato, isovaleroxi-hidroxididrovaltrato, isovaltratos, epideacetilisovaltrato e
valerosidato. Os valepotriatos atingem concentraes de 0,5% a 5%.
Lignanos: hidroxipinorresinol, pinorresinol-glicosdeo, massonirresinol-
-glicosdeo, glicosildeoxisacarosilolivil e berchemol-glicosdeo.
Alcaloides: chatinina, valerianina, valerina, metilpirrolilcetona, actinidi-
na, naftiridilmetilcetona, valtroxal, dipiridimilcetona e epoxidibutirato.
cidos orgnicos: cidos actico, frmico, mlico, tnico, propinico,
clorognico, cafeico, valernico, hidroxivalernico, acetoxivalernico, epoxivalernico
e hexadecanoico. Ao secarem-se as partes subterrneas, o ster do cido valerinico
saponificado e transformado em cido isovalerinico, responsvel pelo odor
desagradvel dessas partes.
Outros: flavonoides, colina, sitosterol, taninos, tamarisceno,
valerenadieno, pacifigorgiadienos, baldrinal, polissacardeos pcticos, xilano,
manano e glicano.

Aes comprovadas cientificamente

Sedativa, ansioltica, prolongadora do sono, depressora do sistema
nervoso central, anticonvulsionante, tranquilizante, hipotensiva, hipntica suave,
antiestressante, anestsica, imunoestimulante, antitumoral, anti-inflamatria,
antidiurtica, hepatoprotetora, gastroprotetora, antitrmica, miorrelaxante,
antiarrtmica, antiespasmdica, antibacteriana, dilatadora coronariana em ratos,
redutora da atividade motora e dos reflexos.

192
 Toxicologia
Valeriana e seus produtos podem prolongar os efeitos teraputicos dos
barbitricos e provocar hipotenso arterial. Valeriana no deve ser administrada
concomitantemente com barbituratos, pois pode ocorrer sedao excessiva. Doses
abusivas podem resultar em cefaleia, vertigem, alteraes na viso e audio,
excitao mental, delrio, alucinaes, movimentos espasmdicos, dispepsias e
reaes alrgicas cutneas. A administrao prolongada de valeriana pode causar
diarreia, pirose, cefaleia e severa depresso do sistema nervoso central. Pode,
tambm, causar dependncia. Produtos de valeriana no devem ser ingeridos por
gestantes e lactantes.

Outras propriedades
As razes frescas possuem, no primeiro momento, sabor picante,
passando a amargo e aromtico. As folhas so inodoras quando frescas, e muito
amargas e exalam um aroma desagradvel quando secas. As flores so aromticas e,
a exemplo das razes, atraem gatos, ratos e outros animais.
Utilizada como condimento, em saladas, carnes e sopas.
O extrato e o leo essencial so componentes de licores, cervejas, doces,
sobremesas lcteas, gelatinas, pudins, carnes e seus derivados.

193
4.59 Yacn (Smallanthus sonchifolius (Poepp.) H. Rob. Asteraceae)

Basinimo: Polymnia sonchifolia Poep. & Endl.

Sinonmia popular
Arboloco, aricoma, batata-diet, jicama, llakuma, polnia.

281 283

284

282

285

Figura 281. Yacn em vegetao

Figura 282. Folhas de yacn
Figura 283. Captulo de yacn
Figura 284. Tbera e rizoma de yacn
Figura 285. Rizoma de yacn com brotao de
gema

194
 Botnica
Planta semiarbustiva anual, perene por meio das partes subterrneas, ereta,
robusta, 1,8 a 2,4m de altura. As folhas so membranceas, verdes em cima, face
dorsal plida, tenuamente grseo-tomentosa; as caulinares deltoides e hastadas,
com 25 a 30cm de comprimento por 20cm de largura; as inferiores profundamente
lobadas, com o pecolo alado, base auriculada e o limbo rubro-pardo. Os captulos
so laxos, radiais, corimboso-paniculados, reunindo cerca de 13 a 15 flores pequenas,
alaranjado-intensas, com cinco a seis spalas oblongas e foliceas. O fruto do tipo
aqunio, obovoide, preto, quase sempre estril. A parte subterrnea composta
mais superficialmente por rizomas rgidos, de polpa creme, pouco doce, um pouco
fibrosa, de pelcula luzidia e violcea; abaixo deles se encontra uma penca de cinco a
20 tberas de formato fusiforme a globular, quase sempre irregular, pesando de 150
a 1000g e medindo cerca de 20 a 25cm de comprimento e 7 a 10cm de dimetro.
A epiderme das tberas apresenta tonalidade de cor castanho-acinzentada. A
polpa frivel, algo translcida, sumarenta, doce e de colorao creme-amarelada,
escurecendo rapidamente quando exposta ao ar. O florescimento ocorre de abril a
maio.

Fitoqumica
As tberas de yacn contm at 67% de oligofrutanos na matria seca,
inulina, que uma forma de oligofrutano, fitoalexinas, triptofano, amidas, cido
ferlico, asparagina, glutamina, prolina e arginina. O contedo de inulina nas
tberas do yacn varia de 60% a 70%. As folhas contm leo essencial composto,
principalmente, por -pineno, cariofileno e -cadineno, alm dos melampoldeos
sonchifolina, enhidrina, uvedalina, fluctuanina, cido tigloiloximelampolidoico e
ster do cido metacriloiloximelampolidoico, o flavonoide quercetina e os cidos
clorognico, cafeico e ferlico.

Composio bromatolgica
As tberas comestveis contm, em mdia, 15,2% de matria seca, 3,75% de
glicose, 3,7% de protena, 3,5% de cinzas, 3,4% de fibras, 2,51% de sacarose, 2,47%
de frutose, 2,2% de potssio, 1,5% de lipdios, 0,12% de fsforo, 96g/100g de ferro
e 390g/100g de zinco, na base seca.

Aes comprovadas cientificamente

As tberas apresentam atividade pr-bitica, bifidognica, calciognica
e antineoplsica. Apresentam grande potencial no tratamento de constipao
intestinal, diarreia infecciosa, cncer, aterosclerose, obesidade e osteosporose. As
folhas apresentam ao hipoglicemiante, antioxidante, rejuvenescedora drmica,
citoprotetora, hipocolesterolmica, hipolipmica e antimicrobiana (Bacillus subtilis
e Pyricularia oryzae).

195
 Toxicologia
A inulina administrada em altas doses na dieta no causa toxicidade,
morbidade, carcinogenicidade ou mortalidade ao organismo. Estudos in vitro
demonstram ausncia tambm de mutagenicidade e toxigenicidade.

Outras propriedades
O yacn constitui matria-prima para a produo da bifidobactria, que
utilizada no preparo de iogurte e adoantes naturais.
As tberas podem ser utilizadas na produo de lcool.
A inulina e os frutanos possuem alto teor adoante, com baixo teor de
calorias e no causam cries.
As folhas e os ramos apresentam grande potencial forrageiro para
animais herbvoros.

196
4.60 Zedoria (Curcuma zedoaria (Bergius) Rosc. Zingiberiaceae)

Sinonmia popular
Aafro, falso-aafro, gajitsu.

286 288 289

287
290

Figura 286. Zedoria em florescimento

Figura 287. Folhas de zedoria
Figura 288. Inflorescncia de zedoria
Figura 289. Flor de zedoria
Figura 290. Rizomas e tberas de zedoria

Botnica
Planta herbcea perene, com cerca de 1,3 a 1,5m de altura. Folhas inteiras,
oblongolanceoladas, com 50 a 80cm, com nervuras secundrias prpuras ao longo
da nervura mediana da face superior. Exala aroma que lembra a slvia e o alecrim. O
rizoma principal cnico, tuberoso, com cerca de 5cm de comprimento, o qual emite
outros rizomas secundrios da grossura de um dedo. Estes, por sua vez, originam
estruturas de reservas de formato piriforme que, posteriormente, do origem a
novas plantas. A inflorescncia cilndrica, crescendo a partir do rizoma antes das
folhas. As flores so amareladas, e as brcteas esverdeadas com as pontas cor-de-
-rosa. O florescimento ocorre de outubro a maro.

197
 Fitoqumica
Os rizomas contm 1% a 1,5% de leo essencial, composto principalmente
de -pineno, canfeno, cineol, cnfora, borneol, zingibereno, dimetoxicurcumina,
bisdimetoxicurcumina, curcolonol, guaidiol, elemano, cadinano, eudesmano,
guaiano, curcumina, zedoarona, curzerenona, etil metoxicinamato, espirolactonas
(curcumanoldeos A e B), procurcumenol, epiprocurcumenol, di-hidrocurdiona,
furanodieno, germacrone, curdiona, curcumenol, isocurcumenol, neocurdiona,
aerugidiol, zedoarondiol, curcumenona, zederona, zedoarina, curzereno,
furanodienona, isofuranodienona, epicurzerenona, curcumadiol, curcumol ar-
turmerona, turmerona, estigmasterol, sitosterol, guaieno e zedoalactonas.

Aes comprovadas cientificamente

Antitumoral, antiproliferativa, antifibrognica heptica, anticarcinognica,
antialrgica, gastroprotetora, colertica, hipocolesterolmica, antioxidante,
hepatoprotetora, carminativa, estimulante da motilidade intestinal, analgsica,
antimicrobiana (Vibrio parahaemolyticus, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella
typhimurium, Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) e antiplaca bacteriana.

Toxicologia
Mulheres que se encontram nos trs primeiros meses de gravidez no devem
ingerir a zedoria. Superdosagens podem causar irritao da mucosa estomacal e
lceras. Evitar doses acima de 15g dia-1. O processo tradicional de lavao vigorosa
dos rizomas, no qual ocorre eliminao de boa parte das protenas e de outros
componentes superficiais solveis em gua, pode contribuir com a eliminao das
substncias fitotxicas.

Outras propriedades
O corte transversal do rizoma aduz uma colorao azulada; aps seco e
modo, d origem a uma farinha aromtica de cor creme claro.
especialmente utilizada na indstria de essncias e aromas para
bebidas.
Pode ser utilizada em cosmtica e culinria.
As folhas podem ser utilizadas para condimentar peixe.
cultivada tambm como ornamental para corte de flores, em renques
ou macios.

198
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