1995 - Livro Branco
1995 - Livro Branco
1995 - Livro Branco
Bruxelas, 29.11.1995
COM(95) 590 final
ENSINAR E APRENDER
* * *
PREAMBULO
O presente Livro Branco inscreve-se numa linha de actuao que tem simultaneamente
em vista propor uma anlise e definir orientaes de aco nos domnios da educao e
da formao. Pe em prtica o Livro Branco "Crescimento, Competitividade, Emprego",
o qual sublinhou a importncia que reveste para a Europa o investimento imaterial, em
particular na educao e na investigao. Este investimento na inteligncia desempenha
de facto um papel essencial para o emprego, a competitividade e a coeso das nossas
sociedades. A apresentao deste Livro Branco foi sugerida com vista ao Conselho
Europeu de Madrid nas concluses do Conselho Europeu de Cannes frisando que "as
polticas de formao e aprendizagem, elementos fundamentais para a melhoria do
emprego e da competitividade, devero ser reforadas, especialmente a formao
contnua".
Importa recordar que os artigos 126 e 127 do Tratado que institui a Comunidade
Europeia especificam, em relao ao primeiro, que "a Comunidade contribuir para o
desenvolvimento de uma educao de qualidade, incentivando a cooperao entre
Estados-membros e, se necessrio, apoiando e completando a sua aco" e, em relao
ao segundo, que "a Comunidade desenvolve uma poltica de formao profissional que
apoie e complete as aces dos Estados-membros".
Aps uma descrio dos desafios e uma anlise das evolues a enfrentar, o presente
Livro Branco, no respeito do princpio de subsidiariedade, distingue aces a desenvolver
a nvel dos Estados-membros e medidas de apoio a aplicar a nvel comunitrio. Entre
aquelas que tero execuo no plano europeu a partir de 1996, as principais iniciativas
propostas destinam-se a:
INTRODUO 5
A. A aprendizagem 42
B. A formao profissional 43
CONCLUSO GERAL 55
formao 60
O Conselho Europeu confirmou esta orientao atravs das Concluses que adoptou em
Essen em Dezembro de 1994. Estas foram reiteradas em Cannes, com base no relatrio
do Grupo Consultivo sobre a Competitividade, em Junho de 1995.
A educao e a formao vo cada vez mais ser consideradas como os principais vectores
de identificao, integrao, promoo social e realizao pessoal. atravs da educao
e da formao, adquiridas no sistema educativo institucional, na empresa, ou de modo
mais informal, que os indivduos podero assegurar o seu futuro e a sua realizao.
Para alm da diversidade dos sistemas educativos dos pases da Unio, existe na realidade
uma abordagem europeia da educao, baseada em razes histricas comuns: o que
explica, por exemplo, o xito da cooperao entre estabelecimentos de ensino superior,
em particular com o programa ERASMUS, que facultou a mobilidade de 500 000 jovens
estudantes.
Mas, hoje em dia, esta funo essencial estar comprometida se no for acompanhada
pela abertura de uma perspectiva em matria de emprego. Cada famlia, cada jovem em
formao inicial, cada trabalhador activo tem bem presente o efeito devastador do
desemprego, de um ponto de vista pessoal como do ponto de vista social. Tentar
responder de forma convincente a este receio para o sistema educativo o meio mais
seguro de poder exercer a sua funo de integrao social. Uma sociedade europeia que
pretendesse ensinar aos seus filhos a cidadania sem lhes oferecer uma perspectiva de
emprego ver-se-ia ameaada nos seus prprios fundamentos.
No entanto, num plano transversal, sobressaem trs choques motores que transformam de
modo profundo e duradouro o contexto da actividade econmica e o funcionamento das
nossas sociedades. So eles o advento da sociedade da informao e da civilizao
cientfica e tcnica e a mundializao da economia. Estes trs choques contribuem para
a evoluo rumo sociedade cognitiva. Embora possam representar riscos, podem
igualmente constituir oportunidades, que necessrio aproveitar.
Por ltimo, todas estas evolues devem ser colocadas no contexto geral da procura de
um crescimento sustentvel e criador de emprego e da preveno da fractura social.
A Europa, tal como o resto do mundo, defronta-se com os efeitos da divulgao macia
das tecnologias da informao, a presso do mercado mundial e uma renovao cientfica
e tcnica acelerada. Estes desafios so portadores de progresso: as relaes entre os
indivduos contribuem para a sua aproximao.
O presente Livro Branco parte da ideia de que a sociedade europeia entrou numa fase de
transio para uma nova forma de sociedade, para alm dos aspectos conjunturais da
situao actual.
A. O choque da sociedade da informao
Esta revoluo, tal como as precedentes, no pode deixar de ter repercusses sobre o
emprego e o trabalho.
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tercirias e de novas formas de organizao do trabalho, chamadas "de especializao",
prticas de descentralizao da gesto, horrios variveis.
Por ltimo, a sociedade da informao conduz a colocar a questo de saber se, para alm
das novas tcnicas de conhecimentos que oferece, o contedo educativo que veicula ser
ou no para o indivduo um factor de enriquecimento cultural. At agora, a ateno tem
sido focalizada para as potencialidades oferecidas pelas auto-estradas da informao, pela
revoluo do quase instantneo que opera, por exemplo, INTERNET, nas relaes entre
empresas, investigadores, universitrios. Mas pode igualmente temer-se que a qualidade,
nomeadamente dos programas educativos, do mundo do multimdia produza uma cultura
de "baixo nvel" na qual o indivduo perderia todas as referncias histricas, geogrficas,
culturais.
B. O choque da mundializao
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C. O choque da civilizao cientfica e tcnica
Mas, em vez de celebrar o progresso como no sculo passado, a opinio pblica apreende
muitas vezes a empresa cientfica e o progresso tecnolgico como uma ameaa. Este
sentimento de insegurana estende-se num clima irracional: insegurana para o emprego
face mundializao, insegurana na vida quotidiana face criminalidade e droga. Este
estado de esprito alimentado por uma mediatizao exagerada que deriva muitas vezes
para o sensacionalismo e d do mundo uma imagem violenta e inquietante.
acompanhada de reaces irracionais contra a cincia.
O choque da mediatizao, ao dar uma viso do mundo muitas vezes violenta, contribui
par intensificar estas inquietaes.
Perante esta crise, uma melhor informao do pblico, embora indispensvel, j no basta.
a divulgao do conhecimento que far desaparecer este clima irracional. pela
evidncia darelaoentre cincia e progresso humano e pela conscincia dos seus limites
que a civilizao cientfica e tcnica ser aceite e que melhor poder ser divulgada uma
cultura da inovao.
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"auto-estradas da informao", cujo acesso ser cada vez mais fcil para os jovens
e as prprias crianas, correm o risco de serem submersas por mensagens
atentatrias da dignidade humana. Pe-se com acuidade o problema da proteco
da juventude. Cabe educao de base e formao dos investigadores integrar
esta dimenso de uma tica da responsabilidade.
Por conseguinte, existe o risco de a sociedade europeia se cindir entre aqueles que podem
interpretar, aqueles que s podem utilizar, e aqueles que so marginalizados numa
sociedade que os assiste: por outras palavras, entre os que sabem e os que no sabem.
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evoluo da economia e do emprego. O relatrio da Mesa-redonda dos Industriais
Europeus (Fevereiro de 1995) sublinhou a necessidade de uma formao polivalente com
base em conhecimentos alargados, que desenvolva a autonomia e incite a "aprender a
aprender" ao longo da vida: "Z misso fundamental da educao consiste em ajudar cada
indivduo a desenvolver todo o seu potencial e a tornar-se um ser humano completo, e
no um instrumento da economia; a aquisio de conhecimentos e competncias deve ser
acompanhada pela educao do carcter, a abertura cultural e o despertar da
responsabilidade social".
Esta exigncia de uma base cultural slida e vasta, literria e filosfica, cientfica, tcnica
e prtica, no diz apenas respeito formao inicial. Numerosos exemplos mostram que
areconversoprofissional dos trabalhadores, pouco qualificados ou muito especializados
pela taylorizao do trabalho, implica a aquisio de uma base deste tipo, ponto de
passagem necessria para a criao de novas competncias tcnicas. Em aces de
reconverso de trabalhadores, os centros de formao profissional so conduzidos cada
vez em maior escala a ministrar-lhes uma cultura geral antes de lhes ensinar uma nova
profisso.
Observa-se, alis, uma convergncia cada vez mais ntida entre as empresas e os agentes
da educao quanto utilidade de conciliar o ensino geral e as formaes especializadas.
De uma forma muito mais geral, assiste-se a umregressoem fora da cultura geral como
instrumento de compreenso do mundo fora dos quadros do ensino.
O futuro da cultura europeia depende da sua capacidade para fornecer aos jovens chaves
que lhes permitam pr tudo em causa de forma permanente, sem tocar nos valores da
pessoa humana. Este o fundamento essencial da cidadania numa sociedade europeia
aberta, pluricultural e democrtica.
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A actual profunda transformao da paisagem cientfica e tcnica exige que o indivduo
esteja em condies, mesmo sem aspirar a uma carreira de investigador, de captar
correctamente o significado das coisas. Deve igualmente aprender a pensar em termos de
sistema e a situar-se como utilizador e cidado, ao mesmo tempo a nvel individual e
como membro de um grupo.
Uma base slida de cultura geral confere ao cidado meios para se orientar na sociedade
da informao, isto , para ser capaz de situar e compreender, de forma crtica, as
imagens e os dados que lhe chegam de mltiplas fontes.
B. A compreenso e a criatividade
A observao, o bom senso, a curiosidade, o interesse pelo mundo fsico e social que nos
rodeia, o desejo de experimentao so qualidades negligenciadas e pouco consideradas.
No entanto, so elas que permitem formar criadores e no apenas gestores da tecnologia.
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como meio de preparao do indivduo para o domnio dos instrumentos tcnicos que ter
de utilizar, para o ajudar a controlar a tcnica em vez de ser controlado por ela.
C. O discernimento e a deciso
Hoje em dia, uma das questes centrais a que o presente Livro Branco pretende tentar
responder consiste em saber como fazer funcionar as alavancas da educao e da
formao para colocar os pases europeus num processo de criao de empregos e
actividades, tendo largamente em conta a mundializao da economia e o aparecimento
das novas tecnologias.
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Neste ponto, colocam-se duas questes. Quais as capacidades necessrias? Qual o modo
de as adquirir?
No mundo moderno, o conhecimento em sentido lato pode ser definido como uma
acumulao de saberes fundamentais, de competncias tcnicas e de aptides sociais.
pela combinao equilibrada destes saberes, adquiridos no sistema de ensino formal, na
famlia, na empresa, por diversas redes de informao, que se cria o conhecimento geral
c transmissvel mais favorvel ao emprego.
Nos ltimos anos, os pases europeus escolheram centrar o ensino bsico na leitura, na
escrita e na aritmtica, por forma a evitar o insucesso escolar, que um factor
determinante da marginalizao social. Generaliza-se o arranque da educao desde cedo,
ou seja, ao nvel pr-escolar, no jardim de infncia. Observa-se que, em mdia, os alunos
que beneficiaram de uma educao pr-escolar obtm mais sucesso na escola do que os
outros, prosseguem estudos mais longos e parecem integrar-se melhor.
Importa igualmente fomentar a aprendizagem das lnguas. Pode citar-se a este respeito
a experincia Euroling, projecto apoiado pelo programa SOCRATES, que permitiu
elaborar material didctico em trs lnguas (italiano, espanhol, neerlands) destinado aos
nveis de educao elementar e primria. O ensino precoce das lnguas logo na
pr-primria devia fazer parte dos conhecimentos de base. A Comisso considera
necessrio dar prioridade ao domnio de pelo menos duas lnguas estrangeiras ao longo
da escolaridade, como prope o presente Livro Branco na sua segunda parte.
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qualidade. O domnio de tais aptides s pode ser plenamente adquirido num ambiente
de trabalho, e portanto, essencialmente, na empresa.
Actualmente, o indivduo escolhe muitas vezes enveredar por formaes que forneam
diplomas mais atraentes, permanecendo o mais tempo possvel no sistema educativo.
Procede do mesmo modo ao escolher os ciclos que oferecem diplomas nas formaes
profissionais sua disposio.
Esta correspondncia entre "grelha" de diplomas e "grelha" estatutria, por mais lgica
que seja, acentua a rigidez interna do mercado de trabalho.
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A sociedade pode assim "eliminar" talentos que se afastam dos perfis mdios, embora
inovadores. Deste modo, produz com frequncia uma elite muito pouco representativa do
potencial de recursos humanos disponvel. Este ponto de vista obtm confirmao em
diversos inquritos recentes que mostram que, num perodo longo, as formaes mais
elitistas so quase sempre seguidas por aqueles ou aquelas que provm das camadas
superiores dirigentes ou intelectuais.
Para que uma pessoa possa exercer melhor a sua responsabilidade na construo da sua
qualificao, necessrio que possa primeiro integrar-se mais facilmente nos sistemas de
formao institucionais. Isto pressupe o conhecimento, um acesso mais vasto a esses
sistemas e o aumento da mobilidade entre as diferentes vias de estudos.
So possveis duas solues: ou se mantm o nvel dos diplomas e, neste caso, aumenta
o nmero de jovens sem diploma, ou se alarga o nmero de diplomas ou o nmero de
jovens que deles beneficiam e se colocam inevitavelmente questes sobre a qualidade dos
diplomas.
O presente Livro Branco sugere que se experimente uma terceira soluo, que j existe
em certos stados-membros. Esta soluo, que no pe em causa os diplomas e, pelo
contrrio, permite manter a sua qualidade consiste emreconhecercompetncias parciais,
a partir de um sistema de acreditao fivel. Aquele ou aquela que rejeita o sistema
formal de ensino ser encorajado a desenvolver as suas capacidades. J no se trata neste
caso de qualificao em sentido lato, mas de competncias sobre conhecimentos
fundamentais ou profissionais especficos (o conhecimento de uma lngua, um certo nvel
em matemtica, em contabilidade, o conhecimento de uma folha de clculo, de um
tratamento de texto, etc.). Pode notar-se que esta procura de competncia parcial pode
interessar igualmente os adultos que conseguiram conhecimentos aproximados por via
autodidacta (em informtica, por exemplo), levando-os a aprofund-los. Naturalmente que
um sistema de acreditao deste tipo poderia permitir o reconhecimento, numa base mais
vasta, dos conhecimentos tcnicos adquiridos na empresa, que esta avalia quase sempre
a nvel interno.
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No entanto, quer o saber e a competncia sejam adquiridos num sistema formal de ensino
ou de modo menos formal, o indivduo deve ser assistido na sua evoluo. Os mtodos
educativos e de formao mais eficazes so os que funcionam em rede. Estas redes
podem ser de instituies (institutos de ensino e de formao que cooperam com as
famlias ou as empresas) ou redes de saberes informais que parecem hoje desenvolver-se
rapidamente (universidades populares, colgios cooperativos, etc.).
Isto implica igualmente o exerccio de uma avaliao das formaes independente, o que
significa realizada margem dos sistemas educativos. Esta avaliao deve ser simples.
Deve ordenar e comparar com clareza e permitir conhecer o contributo real das formaes
no tocante aptido para o emprego. igualmente importante avaliar se a formao
contribui para diminuir a segmentao do mercado de trabalho, encorajando as mulheres
a preferir as profisses tradicionalmente ocupadas pelos homens (domnios tecnolgicos,
em particular). Uma avaliao deste tipo permitir eliminar o primeiro obstculo
orientao.
20
ii) Um acesso amplo e aberto, em funo das aptides e das necessidades individuais.
a segunda condio
21
Contudo, nos ltimos anos, no parece terem sido realizados progressos sensveis nesta
direco, muito pelo contrrio. As restries financeiras provocadas pela recesso, a
existncia de uma reserva de mo-de-obra no mercado de trabalho, a entrada de jovens
superqualificados neste mesmo mercado no contribuem para incentivar o esforo de
formao das empresas, em benefcio, nomeadamente, dos assalariados mais idosos ou
menos qualificados. Continua a observar-se que existe uma desigualdade de acesso
formao entre tipos de empresas e categorias de assalariados, em detrimento das PME
e dos trabalhadores com poucas qualificaes ou sem elas, embora se tenham registado
avanos, bem como das mulheres, quer por no exercerem funes directivas, quer por
estarem menos representadas em sectores de carcter marcadamente tecnolgico, quer
enfim por terem frequentemente condies de emprego especiais (por exemplo, o trabalho
a tempo parcial). Deste modo, um programa apoiado pelo programa comunitrio
Aplicaes Telemticas, IDEALS, facultou, pela cooperao entre PME e instituies de
ensino tcnico, a criao de formaes para as PME (base de dados de mdulos de aulas,
adaptados s necessidades das diferentes PME interessadas), sendo tais formaes
acessveis no posto de trabalho ou em centros locais de ensino.
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acesso educao, em particular entre homens e mulheres, e para evitar que grupos
desfavorecidos (como comunidades rurais, idosos, minorias tnicas e imigrantes) se
tornem cidados de segunda no que respeita s possibilidades de acesso s novas
tecnologias e s possibilidades de aprendizagem ".
Importa evocar a este respeito a experincia da Universidade Aberta que, desde h vrios
anos, vem permitindo o desenvolvimento do ensino distncia em larga escala.
Por ltimo, devero ainda ser fomentados acessos especficos que permitam a populaes
marginais, ou excludas, encontrar posteriormente um ciclo de formao normal ou uma
actividade. O presente Livro Branco considera que passou a tratar-se de uma prioridade.
Nos Estados-membros tm sido envidados inmeros esforos para criar vias
especializadas ou mecanismos de recuperao atravs da aco social. A observao dos
resultados, em particular as dificuldades de reinsero social dos jovens e adultos em
questo, actualmente toma necessrio favorecer dispositivos de segunda oportunidade cuja
criao poder contar com a contribuio da Unio Europeia, como prope, na segunda
parte, o presente Livro Branco.
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Este sistema de acreditao facultativo, que deveria ser acessvel por toda a Europa e
associar as universidades, as cmaras consulares, os ramos profissionais, , evidentemente,
complementar do sistema de diploma e no pretende substitu-lo.
Se, por um lado, o indivduo deixou de poder confiar a uma nica instituio o
desenvolvimento da sua aptido para o emprego, por outro lado, tambm no pode ficar
entregue a si mesmo. Todas as experincias demonstram que a sua insero numa rede
de agentes que cooperam ser o meio de obter o maior proveito educativo.
Na mais tenra idade, a cooperao entre a escola e a famlia que vai assegurar da
melhor maneira a aquisio dos conhecimentos de base. Deste ponto de vista, deve ser
consagrada uma ateno particular ao papel da famlia, em especial nos meios
desfavorecidos. As famlias devem ser intimamente associadas ao funcionamento dos
dispositivos de segunda oportunidade e beneficiar de programas de apoio.
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Finalmente, necessrio observar que a evoluo dos processos educativos (sobretudo nos
domnios transversais: ambiente, sade, consumo) cada vez mais acompanhada e
apoiada por um vasto esprito associativo: sociedades, colectividades territoriais,
movimentos de consumidores, agncias especializadas (turismo, energia, ambiente).
Sabe-se hoje em dia que, na empresa, a cooperao no seio de uma equipa de trabalho
responsvel que permite a melhoria da qualidade da produo. Os crculos de qualidade,
o enriquecimento das tarefas, os conselhos que renem trabalhadores e quadros directivos
e comerciais permitiram a estas colectividades de trabalho restritas aprender e ensinar, o
que foi til para todos. Estas cooperaes permitiram, a partir da experincia profissional,
transformar a competncia automtica em capacidade de autonomia, isto , em verdadeiro
saber.
Desenvolvem-se mesmo fora do contexto dos crculos de qualidade. Pode citar-se o caso
de uma grande empresa de construo automvel europeia, onde um problema de
empolamento da pintura no tecto dos veculos foi solucionado confiando directamente aos
operrios a observao estatstica, a vigilncia e a anlise do fenmeno (programa
FORCE).
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Por toda a Europa se observam dinmicas territoriais (em centros cientficos regionais,
parques cientficos, parques tecnolgicos, centros cientficos multiterritoriais urbanos)
baseadas em cooperaes para a troca de informaes e de aprendizagem, entre
instituies de investigao, empresas, estabelecimentos de ensino e que no passam pelo
mercado. Mobilizando todos os agentes interessados, nomeadamente o Estado e as
colectividades locais, estas redes locais reforam, tambm neste aspecto, a aptido dos
indivduos para o emprego.
A necessidade de uma evoluo deste tipo um dado adquirido: a melhor prova disso
o fim das grandes querelas doutrinais sobre a finalidade da educao.
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Estes esforos de adaptao esto destinados a prosseguir e a aumentar, em particular
rumo a trs evolues principais: a autonomia dos agentes da formao, a avaliao da
eficcia da educao, a prioridade concedida aos pblicos em dificuldade.
Ora, precisamente pela via da flexibilidade que devem enveredar, para se adaptarem a
uma procura social cada vez mais forte e mais variada.
Como o conseguir? urgente o debate, a partir das grandes questes que hoje se
colocam:
27
Como adaptar as misses da educao diversidade das solicitaes, quando
ainda subsistem algumas reticincias para diferenciar os pblicos?
1. A procura da qualidade
Todas estas experincias mostram que existe uma real capacidade criadora entre os
professores e os formadores, que s pede para se exprimir e desenvolver. Em geral os
formadores registam um avano em relao aos sistemas educativos: entre eles que se
encontram os precursores da sociedade cognitiva.
Nos nveis de estudos mais elevados, a tendncia para o prolongamento dos estudos, o
alargamento do acesso aos estudos superiores so um manifesto garante do aumento da
qualidade global do capital humano. No entanto, em todos os sistemas de ensino superior
se coloca a questo de poder tratar este novo afluxo mantendo simultaneamente o nvel
dos diplomas.
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das competncias de base no prprio seio da educao, de acordo com uma lgica de
educao profissional que privilegia a aprendizagem. Alguns deles escolhem num
paralelismo estreito entre a escola e a empresa. A sua preocupao colocar os jovens
interessados em "situao de trabalho" mantendo a qualidade do ensino. Outros
Estados-membros preferem adiar a fase de formao profissional inicial para aalm deste
perodo.
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A procura de novas formas de financiamento para a educao e a formao tem registado
um certo abrandamento nos ltimos anos, apesar da importncia dos oramentos pblicos
que lhes so consagrados nas despesas pblicas.
Trata-se deste modo de conferir uma maior autonomia aos estabelecimentos de base. O
que a experincia mostra que os sistemas mais descentralizados so tambm os mais
flexveis, aqueles que se adaptam mais depressa e que permitem desenvolver novas
formas de parceria de interesse social.
A segunda nova via da evoluo diz respeito avaliao. Esta avaliao necessria para
justificar o indispensvel aumento dos financiamentos.
A avaliao pode permitir ter em linha de conta o investimento que representa a formao
contnua para as empresas (e os trabalhadores). Por isso, as despesas de formao, por
exemplo em operaes dereconversointerna ou na aprendizagem, constituem um activo
da empresa, ao mesmo ttulo que as outras imobilizaes, por exemplo na investigao.
Devem portanto beneficiar do mesmo tratamento fiscal, sem prejuzo da liberdade de
circulao dos trabalhadores. o que o Livro Branco prope na sua segunda parte.
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Por ltimo, a avaliao pode contribuir para o conhecimento e divulgao das
experincias e das boas prticas. neste sentido que o Livro Branco prope, na sua
segunda parte, a criao de um dispositivo de observao das praticas inovadoras em
matria de formao profissional.
Finalmente, a terceira nova via da evoluo diz respeito ateno dedicada aos pblicos
em dificuldade
E cada vez mais evidente que, para populaes que no possuem outros meios de
integrao, o esforo educativo deve ser particularmente intenso, para transmitir ao
mesmo tempo conhecimentos de base e valores fundamentais. O papel integrador da
escola fundamental neste aspecto, como sublinhou o Parlamento Europeu, na sua
resoluo inicial de Maro de 1993 sobre a escolaridade dos filhos de imigrantes, com
base no relatrio da deputada Diihrkop-Duhrkop.
31
transformaes demogrficas, desenvolvimento das actividades dos servios,
transformao da organizao e do contedo do trabalho.
Impe-se um esforo particular em prol das populaes mais frgeis, nomeadamente nos
sectores urbanos mais atingidos pelo desemprego. Este esforo diz respeito formao
inicial como formao contnua. Passa igualmente pelo lanamento de aces que
permitam conceder uma segunda oportunidade aos jovens que abandonam o sistema
escolar sem diplomas nem qualificaes.
Porque tudo comea na escola. l que ganha razes a sociedade cognitiva. Se o presente
Livro Branco insistiu no papel do indivduo como o principal agente desta, graas
autonomia e ao desejo de saber que lhe permitiro garantir o seu futuro, apenas para
acentuar o papel da escola nesta evoluo. A escola deve adaptar-se, mas permanece um
instrumento insubstituvel do desenvolvimento pessoal e da integrao social de cada
indivduo. Muito lhe pedido, porque muito pode dar.
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SEGUNDA PARTE: CONSTRUIR A SOCIEDADE COGNITIVA
Orientaes de aco
Torna-se necessrio alterar a perspectiva de anlise dos problemas, por trs razes:
- o fenmeno de excluso social atinge hoje tais propores que se torna intolervel
e impe a reduo da fractura entre aqueles que sabem e aqueles que no sabem.
Actualmente, no se trata de fazer tbua rasa das experincias locais, nacionais, europeias,
e ainda menos de preconizar uma reforma dos sistemas educativos, mas de tentar obter
o consenso entre os agentes: formadores, empresas, poderes pblicos, sobre novas
orientaes que possam rapidamente assumir a forma de medidas concretas.
Para este fim, o presente Livro Branco tenciona lanar em 1996, "Ano Europeu da
Educao e da Formao ao Longo da Vida", um debate que, perseguindo objectivos
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comuns, dever permitir distinguir claramente, em conformidade com o princpio de
subsidariedade:
* Por outro lado, o princpio de subsidiariedade, segundo o qual a deciso deve ser
tomada ao nvel mais apropriado, deve impregnar por excelncia qualquer aco
no domnio da educao e da formao. Trata-se neste caso de um princpio
consagrado no Tratado. Num plano mais geral, trata-se igualmente de um
princpio de bem senso, que quer ver exercidas a nvel da organizao poltica
mais elevada, portanto mais afastada do terreno, as nicas competncias que os
indivduos, as famlias, as autoridades polticas intermdias no puderem exercer.
Tal como analisa a primeira parte deste Livro Branco, necessrio centrar no
indivduo a marcha rumo sociedade cognitiva, da o lugar privilegiado do
princpio de subsidariedade. Por outro lado, a Comisso est plenamente
consciente de que a competncia para agir em diversos Estados-membros, da
responsabilidade das regies ou de colectividades centralizadas.
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Investigao e da Formao, agrupamento que tambm se realiza no seio do Colgio dos
Comissrios.
Neste esprito, a segunda parte do Livro Branco expe orientaes destinadas a facilitar
a cooperao de todos os agentes ou a completar as respectivas iniciativas, facultando a
cada um o pleno exerccio das suas responsabilidades:
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cada objectivo geral, um projecto significativo, susceptvel de funcionar como treino e
demonstrao.
Este projecto poder dar lugar a uma primeira aplicao no quadro dos programas actuais
SOCRATES ou LEONARDO e o seu pleno desenvolvimento no mbito das iniciativas
estruturais, em particular "EMPLOI" (YOUTHSTART) e "ADAPT". No que diz respeito
s aces de apoio a nvel europeu, as propostas so mais agrupadas por temas do que
por domnios (educao, formao). O fundamento jurdico de referncia para cada uma
destas propostas ser definido quando da eventual apresentao da proposta de
instrumento apropriado, luz das reaces dos Estados-membros, do Parlamento Europeu
e dos meios interessados, ao presente Livro Branco.
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I. Primeiro objectivo geral
Aumentar o saber - isto , o nvel geral de conhecimentos dos indivduos - dever ser
a primeira prioridade. Isto passa por todo um leque de medidas que incumbe em primeiro
lugar aos Estados-membros instaurar e que foram analisadas na primeira parte do presente
documento.
A melhoria da informao sobre as formaes existentes ser facilitada pela criao, nos
pases da Unio, de "centros de recursos em matria de conhecimentos", como props o
relatrio Ciampi.
A valorizao do saber adquirido pelo indivduo ao longo da vida implica criar novos
modos dereconhecimentodas competncias, para alm do diploma e da formao inicial,
o que dever verificar-se em primeiro lugar aos nveis nacional e local.
Por esse motivo, o presente Livro Branco prope, no plano europeu, as seguintes aces
de apoio.
em segundo lugar, conceber sistemas de validao para cada uma dessas reas do
saber;
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- em terceiro lugar, oferecer novos meios, mais flexveis, de reconhecimento das
competncias.
Se for possvel instaurar, numa base por definio voluntria, este sistema de acreditao
das competncias a nvel europeu, ter sido dado um grande passo em frente rumo
sociedade cognitiva.
Por ltimo, ser concedido apoio ao desenvolvimento de acordos de toda a natureza, aos
nveis da empresa, do ramo profissional, da regio, etc., que integrem o princpio dos
cartes pessoais de competncias.
B. A mobilidade
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Devero ser levantados os obstculos administrativos, jurdicos e relativos proteco
social que impedem os intercmbios de estudantes, pessoas em formao, professores e
investigadores: a Comisso vai elaborar propostas precisas a partir das orientaes
constantes do Livro Verde sobre estas questes, previsto no seu programa de trabalho.
39
Exemplo n 1
^nMfaa^aamBmamBaawmBmmmuBmmmMmanaamMmmaummmimmmmmBanmiMMmmmmm
Objectivos;
Mtodos;
40
IL Segundo objectivo geral
Lanar ou consolidar as pontes entre a escola e a empresa s pode ser benfico, tanto
para uma como para a outra, e de molde a reforar a igualdade de oportunidades perante
o emprego, bem como a igualdade profissional entre mulheres e homens. Em relao
escola, considerada em sentido lato, do ensino primrio ao ensino superior, trata-se de
obter uma melhor adequao das formaes dispensadas e das possibilidades de emprego.
No que diz respeito empresa, o desafio consiste em poder contar com trabalhadores
dotados simultaneamente de qualificaes tcnicas e de bases de cultura geral, de
capacidades de autonomia e de evoluo. Para as mulheres e os homens em formao,
uma aproximao deste tipo aumenta as oportunidades de acesso ao emprego e de
adaptao s transformaes do trabalho.
Aproximar a escola e a empresa portanto uma prioridade que deve contar com a
mxima adeso dos parceiros sociais. Ter em conta esta prioridade pressupe trs
condies:
O reforo dos laos entre a educao e a empresa passa em primeiro lugar pelo
desenvolvimento da aprendizagem. um mtodo de formao adaptado a todos os nveis
de qualificao e no s aos mais baixos. A aprendizagem comea de resto a
desenvolver-se no ensino superior, por iniciativa de escolas de comrcio ou de
engenharia. assim que uma grande escola de comrcio francesa, a ESSEC, aps ter
introduzido a aprendizagem nas suas formaes, estende esta iniciativa escala europeia,
em cooperao com outros estabelecimentos europeus de ensino superior, como por
exemplo a London Business School, a Universidade Bocconi de Milo ou a Universidade
de Mannheim.
41
A aprendizagem fornece de facto aos jovens, simultaneamente, os conhecimentos
necessrios e uma experincia de vida e de trabalho na empresa. Facultando-lhes um
primeiro contacto com o mundo da produo, fornece-lhes trunfos considerveis por uma
entrada conseguida no mercado do emprego. A promoo da aprendizagem a nvel
europeu ser um valor acrescentado para os jovens como para as empresas.
A. A aprendizagem
Trata-se de dar melhores oportunidades aos jovens, seguindo de certo modo, escala de
toda a Unio e para as profisses mais diversas, o esprito do companheirismo que tanto
contribuiu para a qualidade dos produtos europeus e que j demonstrou a importncia da
mobilidade para a aquisio dos conhecimentos e das competncias.
42
Dever ser feito um esforo muito especial para dispor de mestres de ofcios e tutores,
condio indispensvel - mas por vezes difcil de preencher do prosseguimento da
aprendizagem.
B. A formao profissional
43
Exemplo n 2
Objectivos;
Desenvolver a aprendizagem sob todas as suas formas (alternncia,
formaes duais, etc.) e a todos os nveis na Europa, facilitando a
mobilidade entre diversos centros de aprendizagem europeus por perodos
significativos
Mtodos;
Constituio e consolidao de redes de centros de aprendizagem entre
diferentes pases europeus
44
III. Terceiro objectivo geral
45
em outros locais, com ritmos de ensino adaptados, motivaes novas, estgios em
empresas, material multimdia e a criao de turmas de efectivos reduzidos (cf. quadro).
Num contexto totalmente diferente, mas igualmente para responder a uma situao de
crise, no admira que, na Europa, poderes pblicos locais, apoiados em associaes,
recuperem a ideia, inicialmente lanada no perodo entre as duas guerras, de oferecer uma
segunda oportunidade atravs da escola. Nos bairros sensveis das periferias urbanas,
desenvolvem-se experincias de dispositivos de segunda oportunidade atravs de uma
mobilizao de meios (em professores e infra-estruturas) - que se inspiram nestes
modelos precursores de reinsero. o caso nos Pases Baixos, em Espanha, em Frana,
no quadro de dispositivos criados a nvel local. Pode evocar-se a este respeito, entre
muitas outras experincias, um projecto conduzido a nvel europeu no mbito de
COMENIUS: cinco grandes cidades europeias (Anturpia, Bolonha, Bradford, Marselha
e Turim) organizaram uma parceria educativa com vista integrao social, atravs do
sucesso escolar, de filhos de famlias imigrantes.
46
co-financiamentos de um certo nmero de projectos-piloto, da criao de redes de
experincias em curso e da divulgao de mtodos pedaggicos (cf. quadro). Nesta base,
deseja lanar um debate com vista a estudar se ou no oportuno fomentar em maior
escala a criao de escolas de segunda oportunidade.
Todas estas experincias, por mais interessantes que sejam, tm uma amplitude muito
limitada. Alm disso, no desencadearam verdadeiras aces multilaterais. Debatem-se,
na falta de um estatuto do voluntrio, com numerosos obstculos no plano da livre
circulao, da fiscalidade, da segurana social.
Nos ltimos tempos, tem sido expresso um pedido cada vez mais directo do Parlamento
Europeu, das ONG, de diversos Estados-membros no sentido da adopo de medidas
concretas que visem a promoo no plano europeu, em complemento das aces nacionais
- e portanto no respeito do princpio de subsidiariedade -, de um servio voluntrio
europeu.
Tudo isto se situa na linha directa do relatrio do Comit ad hoc "A Europa dos
Cidados" (Relatrio Adonnino, 1995) e das resolues do Parlamento Europeu de 22 de
Setembro e 5 de Outubro de 1995. A ideia de criar um "servio voluntrio europeu de
aco humanitria" foi retomada no relatrio do Grupo de Reflexo sobre a Conferncia
Intergovernamental.
- estuda a possibilidade de propor, com base nos artigos 126 e 127 do Tratado que
institui a Comunidade Europeia, o estabelecimento de um quadro jurdico e
financeiro para facilitar o desenvolvimento e a coordenao das experincias
nacionais e comunitrias de servio voluntrio europeu, em particular pela
supresso de certos obstculos livre circulao dos jovens voluntrios.
47
Exemplo n 3
Objectivos;
Mtodos;
48
IV. Quarto objectivo geral
A aprendizagem das lnguas tem um outro alcance. A experincia mostra que, quando
organizado na mais tenra idade, um factor no negligencivel de sucesso escolar. O
contacto com uma outra lngua, no s compatvel com o domnio da lngua materna,
como ainda a favorece. Desenvolve as capacidades de ateno e da agilidade intelectual.
Como evidente, alarga o horizonte cultural. O plurilinguismo um elemento
constitutivo tanto da identidade e da cidadania europeias como da sociedade cognitiva.
A Unio Europeia contribui alis por seu lado para o desenvolvimento da aprendizagem
das lnguas no quadro de LINGUA, aco actualmente integrada nos programas
SOCRATES e LEONARDO.
J no possvel reservar o domnio das lnguas estrangeiras a uma elite ou queles que
o adquirem graas sua mobilidade geogrfica. No prolongamento da resoluo do
Conselho dos Ministros da Educao de 31 de Maro de 1995, torna-se necessrio
permitir a cada um, qualquer que seja o percurso de formao e educao que seguir, a
aquisio e a manuteno da capacidade de comunicar em, pelo menos, duas lnguas
comunitrias alm da sua lngua materna. A Comisso lamenta que o alcance deste
compromisso tenha sido enfraquecido pela insero de uma restrio que permite aos
Estados-membros limitar o seu alcance pelos termos "se possvel".
Tudo isto supe que se encontre disponvel uma oferta educativa de qualidade, com
materiais e mtodos modernos adaptados diversidade dos pblicos interessados.
49
Nesta direco, o Livro Branco prope as aces de apoio seguintes no plano europeu.
50
Exemplo n 4
Objectivos:
Mtodos:
51
V. Quinto objectivo geral
O investimento nas competncias reconhecido pelo Livro Branco como o factor central
da competitividade e da aptido para o emprego. Para pr em prtica esta orientao,
devem ser analisadas duas categorias de elementos que daro lugar a propostas de aco:
52
em conta a evoluo tecnolgica e permitir aos cidados que consagrem o investimento
mais elevado possvel contnua melhoria dos seus conhecimentos.
53
Exemplo n 5
Objectivos:
Promover uma concepo geral da formao como investimento e no
como despesas correntes,
Mtodos:
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CONCLUSO GERAL
De facto, esta nova era, a da mundializao das trocas, da sociedade da informao, das
transformaes cientficas e tcnicas, suscita interrogaes e receios, primeiro porque
difcil determinar os seus contornos.
Estas interrogaes e estes receios so sem dvida mais intensos na Europa do que
noutros locais. A civilizao europeia antiga e complexa. Hoje encontra-se dividida
entre uma profunda sede de investigao e de conhecimentos, herana de uma histria
que viu a Europa cumprir a primeira revoluo tcnica e industrial e assim transformar
o mundo, e uma enorme procura de estabilidade e segurana colectiva. Esta aspirao
perfeitamente compreensvel, num continente durante tanto tempo devastado por guerras
e dilacerado por conflitos polticos e sociais: mas pode desenvolver-se ao ponto de nutrir
reflexos conservadores em relao mudana.
Atentemos no que escreve um grande historiador europeu, bem colocado para comparar
este perodo de mutao com os que o precederam, nomeadamente quando da passagem
da Idade Mdia para o Renascimento:
"A Europa da Idade Mdia e dos Tempos Modernos teve de fazer face ao mundo
bizantino, ao mundo rabe, ao imprio turco. Hoje trata-se felizmente de um confronto
mais pacfico; mas a existncia de agentes da histria gigantescos pela extenso ou pela
fora econm ica, ou por ambas sim ultaneamente, obriga a Europa a atingir uma dimenso
comparvel deles se quer existir, evoluir e conservar a sua identidade. Face A mrica,
ao Japo, China, a Europa deve ter a massa econmica, demogrfica e politicamente
capaz de assegurar a sua independncia
Ela tem felizmente a seu favor a fora da sua civilizao e das suas heranas comuns. J
antes o referimos: ao longo de vinte e cinco sculos, em estratos sempre renovados, a
civilizao europeia tem sido criativa; e, hoje ainda, como afirma um slogan, a principal
matria-prima da Europa sem dvida a massa cinzenta"}
1
Jacques LE GOFF - La vieille Europe et la ntre - 1994 - Paris, ditions du Seuil.
55
O presente Livro Branco defendeu o ponto de vista de que construindo o mais
rapidamente possvel a sociedade cognitiva europeia que este objectivo poder ser
atingido. Este impulso para a frente implica transformaes profundas. Com efeito, a
misso dos sistemas de educao e de formao demasiadas vezes traar de uma vez
por todas o percurso profissional. Existem estruturas rgidas, compartimentos estanques
demais entre os sistemas de educao e de formao, faltam pontes, possibilidades
suficientes para captar novas formas de ensino ao longo da vida.
56
Anexo 1
Nota:
EDUCAO
Em 1993, havia cerca de 117 milhes de pessoas com menos de 25 anos de idade
nos 15 Estados-membros da Unio, ou seja, 32% da populao. na Irlanda que
se encontra, relativamente, a maior percentagem de jovens (43%), ou seja, 1 1/2
mais do que na Alemanha, onde essa percentagem a mais baixa. Desde 1973
que est a baixar a proporo de jovens com menos de 25 anos na populao em
todos os Estados-membros. Em diversos pases, onde a percentagem das pessoas
com menos de 25 anos era a mais elevada (Espanha, Finlndia, Pases Baixos,
Portugal), verificou-se que esta diminuio foi a mais importante. De notar que
a percentagem das pessoas com menos de 25 anos na populao se encontra
distribuda de forma desigual: de mais de 35% no Sul de Portugal, no Sul da
Itlia, na metade Norte da Frana ou na Irlanda, por exemplo, a menos de 29%
nas regies do Norte da Itlia e nos novos Lnder da Repblica Federal.
57
Em 1991/92 estavam inscritos nos estabelecimentos de ensino secundrio da
Unio Europeia, cerca de 35 milhes de alunos, ou seja, 52% do total de jovens
inscritos em estabelecimentos escolares. Estas percentagens variam ligeiramente
de um pas para outro: de 44% em Portugal a cerca de 60% na Alemanha. No
conjunto da Unio (sobretudo na Alemanha, Itlia, Pases Baixos, ustria e
Sucia), existem mais jovens no ensino secundrio tcnico do que nas vias gerais
de ensino (quase 79% na Alemanha).
Regra geral (com excepo da Grcia e da Itlia), existe uma relao directa entre
o nvel de educao e a taxa de desemprego: quanto mais elevado for esse nvel,
menor a taxa de desemprego dos jovens em questo: na Blgica, Dinamarca,
Alemanha, Espanha, Frana, Irlanda, Itlia, Finlndia, Sucia e Reino Unido essa
taxa atingia ou ultrapassava os 15% em relao aos jovens que no ultrapassaram
o nvel do I o ciclo do ensino secundrio: nestes mesmos Estados-membros, era
inferior a 10% no que respeita aos que tinham concludo o ensino superior.
58
pelos estabelecimentos privados bastante importante (3,3% do PNB), a quase
totalidade das despesas de educao aplica-se em estabelecimentos pblicos. No
existe necessariamente uma relao directa entre a percentagem do PNB afecta
educao e as despesas por aluno relativamente ao PNB/habitante.
Estima-se que, anualmente, na UE, pelo menos 20% da populao activa participa
no ensino ou numa formao profissional contnua de diferentes tipos e durante
um perodo mdio de uma a duas semanas. De acordo com um inqurito realizado
em 1993 em 12 Estados-membros, cerca de 5% dos empregados masculinos e 6%
dos empregados femininos com idades superiores a 25 anos tinham participado
numa formao profissional nas 4 semanas anteriores ao inqurito.
59
Anexo 2
ERASMUS (Estudantes)
60
2. Exemplos de projectos no mbito do programa SOCRATES
61
objectivo de estimular os intercmbios e a reflexo sobre a dimenso europeia na
formao inicial dos professores.
62
3. Exemplos de projectos no mbito do programa LEONARDO
63
engenheiros. A formao validada por um diploma, tendo sido asseguradas mais
de 2 000 horas de formao desde 1990.
64
4. Exemplos de projectos no mbito do programa Aplicaes Telemticas
65
Anexo 3
Durante quase trinta anos, esta instituio continuar sobretudo a educar adolescentes
imigrantes, nomeadamente crianas traumatizadas, sobreviventes dos campos de
concentrao, em seguida adolescentes sem pais emigrantes do Magrebe e do Iro. A
partir do final dos anos 60, o Alyat Hanoar vai ocupar-se cada vez mais dos adolescentes
do "Segundo Israel", uma vasta populao, originria sobretudo de Marrocos, cuja
integrao tinha sido mal sucedida. A partir de 1985, nova mudana de direco com a
misso confiada a esta instituio de se encarregar da adaptao, educao e integrao
dos jovens integrados numa populao de 50 000 judeus da Etipia transferidos para
Israel em condies particularmente traumticas e dolorosas.
Esta sociedade gerida no plano social por um conjunto de instituies animadas pelos
alunos (conselhos de alunos, comisses diversas, famlias, etc.). O pessoal adulto
regularmente reunido e guiado pelo director da aldeia para servir aos adolescentes de
exemplo, identificao, apoio e interaco.
A educao no quadro destas aldeias de jovens visa atingir trs objectivos principais:
66
na biblioteca, nos campos desportivos e de jogos, arrumao do dormitrio, etc.)
ou de misses especficas (dar uma aula de recuperao, acompanhar um aluno
ao dispensrio ou ao hospital, etc.).
O mais notvel sem dvida que este sistema educativo funciona praticamente sem
recurso s habituais sanes infligidas pelos professores ou pelos pais. Na aldeia de
jovens a presso social que desempenha esse papel, alis com uma eficcia muito
maior.
Desde a sua criao, o Alyat Hanoar educou mais de 300 000 jovens. Hoje, no quadro
de cerca de 60 aldeias que anima, responsvel por mais de 17 000 adolescentes. Isto
representa um tero dos jovens que estudam num quadro similar, ou seja, 10 a 12% da
faixa etria.
O custo mdio anual por aluno nestas aldeias de jovens relativamente modesto: da
ordem dos 35 000 a 45 000 FF, incluindo as despesas de escolaridade.
67
Anexo 4
Conduzida com xito nos Estados Unidos, a experincia das "accelerated schools" ou
"escolas intensivas" uma das melhores respostas que os Americanos conseguiram
encontrar para a crise do seu sistema educativo, confrontado com um insucesso de quase
um tero dos alunos no ensino primrio e secundrio.
O princpio das escolas intensivas assenta na convico de que possvel conduzir todos
os alunos da mesma faixa etria ao mesmo nvel de sucesso escolar no termo da sua
escolaridade. Isto implica fazer trabalhar os alunos em situao de insucesso a um ritmo
acelerado em relao aos dos meios privilegiados. Trata-se de oferecer aos alunos com
dificuldades escolas de excelncia.
A concepo destas escolas parte da ideia de que o ensino utilizado para os alunos
"dotados" convm igualmente a todas as crianas. Implica no considerar os alunos com
dificuldades como alunos lentos, incapazes de aprender dentro de prazos normais, mas
de lhes fixar pelo contrrio objectivos ambiciosos a realizar no termo dos perodos
imperativamente fixados.
Cada aluno, cada progenitor, cada professor deve estar convencido de que o insucesso no
uma fatalidade. Todos so chamados em conjunto a formar, com o pessoal do
estabelecimento de ensino, uma comunidade responsvel que assume todos os poderes.
Depois de ter forjado a viso do que deve ser a escola, esta comunidade escolar
empenha-se na construo de uma escola intensiva que aprende a resolver ela prpria os
problemas medida que se apresentam.
Esta comunidade deve apoiar-se nos talentos de cada um, geralmente subutilizados. O
processo de transformao da escola consegue uma mudana de atitudes e a criao de
uma nova cultura.
Diversas centenas de projectos deste tipo foram conduzidos a bom termo nos Estados
Unidos, tendo sido objecto de estudos e de publicaes que encorajam a prosseguir a
experincia.
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ISSN 0257-9553
DOCUMENTOS
PT 16
N. de catlogo : CB-C0-95-658-PT-C
ISBN 92-77-97164-9