1) O poema lamenta a morte do filho do autor em dezembro de 1863.
2) O filho era como uma pomba, estrela e colheita dourada para o pai, trazendo esperança e inspiração.
3) Agora, com a morte do filho, o pai se sente sem esperança, sem inspiração e sem futuro.
1) O poema lamenta a morte do filho do autor em dezembro de 1863.
2) O filho era como uma pomba, estrela e colheita dourada para o pai, trazendo esperança e inspiração.
3) Agora, com a morte do filho, o pai se sente sem esperança, sem inspiração e sem futuro.
1) O poema lamenta a morte do filho do autor em dezembro de 1863.
2) O filho era como uma pomba, estrela e colheita dourada para o pai, trazendo esperança e inspiração.
3) Agora, com a morte do filho, o pai se sente sem esperança, sem inspiração e sem futuro.
1) O poema lamenta a morte do filho do autor em dezembro de 1863.
2) O filho era como uma pomba, estrela e colheita dourada para o pai, trazendo esperança e inspiração.
3) Agora, com a morte do filho, o pai se sente sem esperança, sem inspiração e sem futuro.
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Cântico do Calvário
À Memória de Meu Filho
Morto a l l de Dezembro de 1863.
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia O ramo da esperança. — Eras a estrela Que entre as névoas do inverno cintilava Apontando o caminho ao pegureiro. Eras a messe de um dourado estio. Eras o idílio de um amor sublime. Eras a glória, — a inspiração, — a pátria, O porvir de teu pai! — Ah! no entanto, Pomba, — varou-te a flecha do destino! Astro, — engoliu-te o temporal do norte! Teto, caíste! — Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta, Dúbios archotes que a tremer clareiam A lousa fria de um sonhar que é morto! Correi! Um dia vos verei mais belas Que os diamantes de Ofir e de Golgonda Fulgurar na coroa de martírios Que me circunda a fronte cismadora! São mortos para mim da noite os fachos, Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas, E à vossa luz caminharei nos ermos! Estrelas do sofrer, — gotas de mágoa, Brando orvalho do céu! — Sede benditas! Oh! filho de minh'alma! Última rosa Que neste solo ingrato vicejava! Minha esperança amargamente doce! Quando as garças vierem do ocidente Buscando um novo clima onde pousarem, Não mais te embalarei sobre os joelhos, Nem de teus olhos no cerúleo brilho Acharei um consolo a meus tormentos! Não mais invocarei a musa errante Nesses retiros onde cada folha Era um polido espelho de esmeralda Que refletia os fugitivos quadros Dos suspirados tempos que se foram! Não mais perdido em vaporosas cismas Escutarei ao pôr do sol, nas serras, Vibrar a trompa sonorosa e leda Do caçador que aos lares se recolhe!
Não mais! A areia tem corrido, e o livro
De minha infanda história está completo! Pouco tenho de anciar! Um passo ainda E o fruto de meus dias, negro, podre, Do galho eivado rolará por terra! Ainda um treno, e o vendaval sem freio Ao soprar quebrará a última fibra Da lira infausta que nas mãos sustento! Tornei-me o eco das tristezas todas Que entre os homens achei! O lago escuro Onde ao clarão dos fogos da tormenta Miram-se as larvas fúnebres do estrago! Por toda a parte em que arrastei meu manto Deixei um traço fundo de agonias! ...
Oh! quantas horas não gastei, sentado
Sobre as costas bravias do Oceano, Esperando que a vida se esvaísse Como um floco de espuma, ou como o friso Que deixa n'água o lenho do barqueiro! Quantos momentos de loucura e febre Não consumi perdido nos desertos, Escutando os rumores das florestas, E procurando nessas vozes torvas Distinguir o meu cântico de morte! Quantas noites de angústias e delírios Não velei, entre as sombras espreitando A passagem veloz do gênio horrendo Que o mundo abate ao galopar infrene Do selvagem corcel? ... E tudo embalde! A vida parecia ardente e douda Agarrar-se a meu ser! ... E tu tão jovem, Tão puro ainda, ainda n'alvorada, Ave banhada em mares de esperança,
Rosa em botão, crisálida entre luzes,
Foste o escolhido na tremenda ceifa! Ah! quando a vez primeira em meus cabelos Senti bater teu hálito suave; Quando em meus braços te cerrei, ouvindo Pulsar-te o coração divino ainda; Quando fitei teus olhos sossegados, Abismos de inocência e de candura, E baixo e a medo murmurei: meu filho! Meu filho! frase imensa, inexplicável, Grata como o chorar de Madalena Aos pés do Redentor ... ah! pelas fibras Senti rugir o vento incendiado Desse amor infinito que eterniza O consórcio dos orbes que se enredam Dos mistérios do ser na teia augusta! Que prende o céu à terra e a terra aos anjos! Que se expande em torrentes inefáveis Do seio imaculado de Maria! Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem! E de meu erro a punição cruenta Na mesma glória que elevou-me aos astros, Chorando aos pés da cruz, hoje padeço!
O som da orquestra, o retumbar dos bronzes,
A voz mentida de rafeiros bardos, Torpe alegria que circunda os berços Quando a opulência doura-lhes as bordas, Não te saudaram ao sorrir primeiro, Clícía mimosa rebentada à sombra! Mas ah! se pompas, esplendor faltaram-te, Tiveste mais que os príncipes da terra! Templos, altares de afeição sem termos! Mundos de sentimento e de magia! Cantos ditados pelo próprio Deus! Oh! quantos reis que a humanidade aviltam, E o gênio esmagam dos soberbos tronos, Trocariam a púrpura romana Por um verso, uma nota, um som apenas Dos fecundos poemas que inspiraste!
Que belos sonhos! Que ilusões benditas!
Do cantor infeliz lançaste à vida, Arco-íris de amor! Luz da aliança, Calma e fulgente em meio da tormenta! Do exílio escuro a cítara chorosa Surgiu de novo e às virações errantes Lançou dilúvios de harmonias! — O gozo Ao pranto sucedeu. As férreas horas Em desejos alados se mudaram. Noites fugiam, madrugadas vinham, Mas sepultado num prazer profundo Não te deixava o berço descuidoso, Nem de teu rosto meu olhar tirava, Nem de outros sonhos que dos teus vivia!
Como eras lindo! Nas rosadas faces
Tinhas ainda o tépido vestígio Dos beijos divinais, — nos olhos langues Brilhava o brando raio que acendera A bênção do Senhor quando o deixaste! Sobre o teu corpo a chusma dos anjinhos, Filhos do éter e da luz, voavam, Riam-se alegres, das caçoilas níveas Celeste aroma te vertendo ao corpo! E eu dizia comigo: — teu destino Será mais belo que o cantar das fadas Que dançam no arrebol, — mais triunfante Que o sol nascente derribando ao nada Muralhas de negrume! ... Irás tão alto Como o pássaro-rei do Novo Mundo!
Ai! doudo sonho! ... Uma estação passou-se,
E tantas glórias, tão risonhos planos Desfizeram-se em pó! O gênio escuro Abrasou com seu facho ensangüentado Meus soberbos castelos. A desgraça Sentou-se em meu solar, e a soberana Dos sinistros impérios de além-mundo Com seu dedo real selou-te a fronte! Inda te vejo pelas noites minhas, Em meus dias sem luz vejo-te ainda, Creio-te vivo, e morto te pranteio! ...
Ouço o tanger monótono dos sinos,
E cada vibração contar parece As ilusões que murcham-se contigo! Escuto em meio de confusas vozes, Cheias de frases pueris, estultas, O linho mortuário que retalham Para envolver teu corpo! Vejo esparsas Saudades e perpétuas, — sinto o aroma Do incenso das igrejas, — ouço os cantos Dos ministros de Deus que me repetem Que não és mais da terra!... E choro embalde.
Mas não! Tu dormes no infinito seio
Do Criador dos seres! Tu me falas Na voz dos ventos, no chorar das aves, Talvez das ondas no respiro flébil! Tu me contemplas lá do céu, quem sabe, No vulto solitário de uma estrela, E são teus raios que meu estro aquecem! Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho! Brilha e fulgura no azulado manto, Mas não te arrojes, lágrima da noite, Nas ondas nebulosas do ocidente! Brilha e fulgura! Quando a morte fria Sobre mim sacudir o pó das asas, Escada de Jacó serão teus raios Por onde asinha subirá minh'alma.
Névoas
Nas horas tardias que a noite desmaia
Que rolam na praia mil vagas azuis, E a lua cercada de pálida chama Nos mares derrama seu pranto de luz,
Eu vi entre os flocos de névoas imensas,
Que em grutas extensas se elevam no ar, Um corpo de fada — sereno, dormindo, Tranqüila sorrindo num brando sonhar.
Na forma de neve — puríssima e nua —
Um raio da lua de manso batia, E assim reclinada no túrbido leito Seu pálido peito de amores tremia.
Oh! filha das névoas! das veigas viçosas,
Das verdes, cheirosas roseiras do céu, Acaso rolaste tão bela dormindo, E dormes, sorrindo, das nuvens no véu?
O orvalho das noites congela-te a fronte,
As orlas do monte se escondem nas brumas, E queda repousas num mar de neblina, Qual pérola fina no leito de espumas!
Nas nuas espáduas, dos astros dormentes
— Tão frio — não sentes o pranto filtrar? E as asas, de prata do gênio das noites Em tíbios açoites a trança agitar?
Ai! vem, que nas nuvens te mata o desejo
De um férvido beijo gozares em vão!... Os astros sem alma se cansam de olhar-te, Nem podem amar-te, nem dizem paixão!
E as auras passavam — e as névoas tremiam
— E os gênios corriam — no espaço a cantar, Mas ela dormia tão pura e divina Qual pálida ondina nas águas do mar!
Imagem formosa das nuvens da Ilíria,
— Brilhante Valquíria — das brumas do Norte, Não ouves ao menos do bardo os clamores, Envolto em vapores — mais fria que a morte!
Oh! vem; vem, minh'alma! teu rosto gelado,
Teu seio molhado de orvalho brilhante, Eu quero aquecê-los no peito incendido, — Contar-te ao ouvido paixão delirante!...
Assim eu clamava tristonho e pendido,
Ouvindo o gemido da onda na praia, Na hora em que fogem as névoas sombrias – Nas horas tardias que a noite desmaia.
E as brisas da aurora ligeiras corriam.
No leito batiam da fada divina... Sumiram-se as brumas do vento à bafagem, E a pálida imagem desfez-se em — neblina!
Juvenília VII
Ah! quando face a face te contemplo,
E me queimo na luz de teu olhar, E no mar de tua alma afogo a minha, E escuto-te falar;
Quando bebo no teu hálito mais puro
Que o bafejo inefável das esferas, E miro os róseos lábios que aviventam Imortais primaveras,
Tenho medo de ti!... Sim, tenho medo
Porque pressinto as garras da loucura, E me arrefeço aos gelos do ateísmo, Soberba criatura!
Oh! eu te adoro como a noite
Por alto mar, sem luz, sem claridade, Entre as refegas do tufão bravio Vingando a imensidade!
Como adoro as florestas primitivas,
Que aos céus levantam perenais folhagens, Onde se embalam nos coqueiros presas
Como adoro os desertos e as tormentas,
O mistério do abismo e a paz dos ermos, E a poeira de mundos que prateia A abóbada sem termos! ...
Como tudo o que é vasto, eterno e belo;
Tudo o que traz de Deus o nome escrito! Como a vida sem fim que além me espera No seio do infinito.
A Flor do Maracujá
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá, Pelas notas mais chorosas Do canto do Sabiá, Pelo cálice de angústias Da flor do maracujá ! Pelo jasmim, pelo goivo, Pelo agreste manacá, Pelas gotas de sereno Nas folhas do gravatá, Pela coroa de espinhos Da flor do maracujá.
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está, Pelos colibris que brincam Nas alvas plumas do ubá, Pelos cravos desenhados Na flor do maracujá.
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá, Pelos tesouros ocultos Nas minas do Sincorá, Pelas chagas roxeadas Da flor do maracujá !
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá ! Pelas florestas imensas Que falam de Jeová ! Pela lança ensangüentado Da flor do maracujá !
Por tudo que o céu revela !
Por tudo que a terra dá Eu te juro que minh'alma De tua alma escrava está !!.. Guarda contigo este emblema Da flor do maracujá !
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a - Mas ouve meus juramentos, Meus cantos ouve, sinhá! Te peço pelos mistérios Da flor do maracujá!