Capoeira Meu Guia PDF
Capoeira Meu Guia PDF
Capoeira Meu Guia PDF
Brasília-DF
2013
Autorização de cópia
O autor libera os textos deste livro para reprodução parcial, desde que citada a fonte.
Contatos: robert.krulikowski@gmail.com
Ficha Técnica
Pesquisador responsável
Robert Krulikowski
Assistente de pesquisa
Claudia Almeida
Orientação
Jorge Luiz do Nascimento Maria
Jucineide Pimentel Trajano
Revisão
Carla Andrade
Fotografias
Dayrine Souza
Ilustração da capa
Olga Drebas, Rússia
http://griffinfly.com
Impressão
DROP Comunicação Gráfica
61 3344.4331
ISBN: 978-85-916377-0-6
Agradecimentos
Águas Claras
Associação Lagoa Azul Capoeira 38
Brasília
Araúna Brasil Capoeira 40
Aruê Capoeira 42
Capoeira Expressão Brasileira 44
Centro Cultural Escola do Mundo Capoeira 46
Equipe Capoeira Brasileira 48
Escola Cultural Carta de Alforria Capoeira 50
FICA - Fundação Internacional de Capoeira Angola 52
Grupo Beribazu 54
Grupo Nzinga de Capoeira Angola 56
Grupo Senzala de Capoeira 58
Instituto UCDF - Capoeira 60
Jomar Capoeira 62
Núcleo de Capoeiragem Movimento Cultural 64
Terreiro Capoeira 66
Ceilândia
Grupo de Capoeira Planalto Central 68
Universidade Brasileira de Capoeira Sol Nascente 70
Cidade Estrutural
Comunidade Brasileira de Capoeira 72
Cruzeiro
Capoeira Integrada 74
Grupo Gingado Capoeira 76
Projeto 100% Capoeira 78
Guará
Centro Cultural Arte Luta N’GOLO Capoeira 80
Núcleo Bandeirante
Centro Cultural Porão de Capoeira 82
Paranoá
Associação Cultural Berimbau Brasil 84
Escola Nagô Capoeira 86
Planaltina
Escola Cultural Raça Nagô 88
Escola de Capoeira Corpo e Mente 90
Escola de Capoeira Gingarte 92
Grupo Capoeira na Veia 94
Projeto Pau - Pereira 96
Sobradinho
Associação Palmares de Capoeira 98
Grupo Odara 100
Grupo União na Capoeira 102
Taguatinga
Abadá - Capoeira 104
Associação de Capoeira Ave Branca 106
Associação Roda Livre 108
Grupo de Capoeira Semente do Jogo de Angola 110
Instituto Ladainha 112
Varjão
Oficina Cultural Raizes 114
Vicente Pires
Associação Dendê Capoeira 116
Apresentação
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mestres e professores. Reunidas em um único catálogo, essas informa-
ções servirão como instrumento de pesquisa.
Registramos que não foi possível catalogar todos os grupos de ca-
poeira existentes no DF, pois alguns não responderam nossos e-mails
no prazo estabelecido. Soubemos também de outros grupos dos
quais não conseguimos nenhum meio para contato.
Espera-se que a iniciativa possa dar maior visibilidade a esses gru-
pos em nível nacional e internacional, por meio da distribuição dos catá-
logos em pontos de cultura do DF, bibliotecas, centros culturais e envio
de arquivo eletrônico aos pontos de todo o Brasil e do exterior.
O catálogo contribuirá para a inclusão desses grupos no panorama
cultural da cidade; promoverá o conhecimento dessa prática cultural
nas diversas cidades satélites; ajudará no desenvolvimento do mercado
de trabalho dessa área; incentivará novos praticantes da arte; proporcio-
nará maior conhecimento dos praticantes sobre a sua identidade cultu-
ral e contribuirá para a preservação desse patrimônio cultural.
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Parte I
História da Capoeira
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14
História da Capoeira
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Neste meio começou a nascer a Capoeira. Mais do que uma téc-
nica de combate, surgiu como uma esperança de liberdade e de sobre-
vivência. Tal luta consistia principalmente no uso de pés e cabeça para
a aplicação dos golpes. Como os europeus usavam somente os braços,
tinham uma clara desvantagem em um eventual confronto direto com
um escravo capoeirista, fato que levou os senhores de engenho a proi-
bir a prática da Capoeira entre os escravos. Logo, os escravos utiliza-
ram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a
um tipo de luta. Surgia assim a Capoeira, uma arte marcial disfarçada
de dança. Escravos em suas fugas utilizavam a Capoeira para o en-
frentamento com os seus opositores. Embrenhavam-se no mato, pro-
curando um lugar que fosse de difícil acesso aos chamados “capitães
do mato”, caçadores de escravos fugitivos. Essas localidades ficaram
conhecidas como “quilombos” e seus moradores como “quilombolas”.
O mais famoso e importante quilombo da história brasileira foi o Qui-
lombo dos Palmares, que surgiu no início do século XVII, onde hoje se
situa o atual Estado de Alagoas.
Todo quilombo possuía um líder, o mais famoso foi o lendário Zumbi
dos Palmares, hoje símbolo da luta e resistência contra todas as formas de
injustiça e de opressão. Em 1888 ocorreu a “Abolição da Escravatura”. Mas
os problemas dos negros não terminaram com a assinatura da Lei Áurea. A
falta de trabalho, o difícil acesso à educação e mesmo a exploração dos que
conseguiam alguma forma de emprego continuam existindo e marcam
nossa história até os dias de hoje.
Os capoeiristas, após a abolição, encontraram mais uma vez na
capoeira meio de sustento e instrumento de educação de seus filhos
e apadrinhados. Faziam exibições públicas, participavam de apostas e
desafios nos quais sempre se podia ganhar algum dinheiro. A Capoeira
se manteve também como uma arma de defesa de uma camada social
explorada e discriminada. E continuou sendo alvo dos poderosos, mes-
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mo após a abolição. Agora era com leis que tentavam dar-lhe um fim. O
código penal de 1890, criado e imposto durante o governo de Deodoro
da Fonseca, proibiu a prática da capoeira em todo o território nacional.
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Mestre Bimba
18
Aos 28 anos de idade, considerando ineficaz e muito folclorizada
a capoeira da época, devido ao fato de os movimentos serem extrema-
mente disfarçados, Mestre Bimba resolveu desenvolver um estilo de
capoeira, inspirando-se no antigo “Batuque” e nos seus conhecimentos
da Capoeira Angola. Assim, introduziu movimentos que ele julgava ne-
cessários para que a capoeira fosse mais eficaz. Então, em 1928, Mestre
Bimba criou o que ele denominou “Luta Regional Baiana”.
Mestre Bimba era um dos capoeiristas mais conceituados de sua
época, pois era muito carismático, excelente lutador e temido por al-
guns. Ganhou o apelido de “Três Pancadas” porque, segundo se dizia,
era o máximo que seus adversários aguentavam.
Em 1932, fundou sua primeira academia no bairro do Engenho Ve-
lho de Brotas. Ela foi, oficialmente, a primeira academia de capoeira a ter
alvará de funcionamento, datado de 23 de Junho de 1937. Com o intuito
de divulgar a Capoeira Regional, Mestre Bimba e seus alunos começa-
ram a realizar inúmeras apresentações pelo Brasil.
Em 1953, fez uma apresentação para o então Presidente da Repú-
blica Getúlio Vargas, que disse: “a capoeira é o único esporte verdadeira-
mente nacional”.
Em 1973, despediu-se de Salvador realizando a última formatura
chamada ‘formatura do adeus’, dizendo:
‘Não voltarei mais, aqui nunca fui lembrado pelos poderes públicos; se
não gozar nada em Goiânia, vou gozar do cemitério’.
Em 5 de fevereiro de 1974, morreu no Hospital das Clínicas da Uni-
versidade Federal de Goiânia, após sofrer um derrame cerebral. As aca-
demias da Bahia ficaram fechadas durante sete dias em homenagem ao
Mestre.
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Mestre Pastinha
(Vicente Joaquim Ferreira Pastinha)
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sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de
vergonha e de tristeza. Um dia, da janela de sua casa, um velho africano
assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu
chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque
ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem
aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o
velho me disse e eu fui”.
Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à
transferência do legado da cultura africana a muitas gerações. Ao longo
dos anos, sua competência maior foi demonstrada no seu talento como
pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se.
Em 1941, fundou a sua primeira escola de capoeira, o Centro Espor-
tivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia.
Em 1966, integrou a comitiva brasileira no primeiro Festival Mun-
dial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra
a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965,
publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza despor-
tista e não-violenta do jogo.
Em 1973, foi expulso do Pelourinho, pela prefeitura. Mais tarde, so-
freu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso.
No dia 13 de novembro de 1981, Mestre Pastinha se despediu desta
vida aos 92 anos. O Brasil perdia um dos seus maiores mestres. Não só o
mestre da Capoeira Angola, mas o mestre da filosofia popular.
Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que
está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, ca-
poeira, mãe. E embaixo, o pensamento:
“Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não
tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista.”
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Velha Guarda de Brasília
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Mestre Adilson
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Grão-Mestre Barto
(Bartolomeu Vieira das Chagas)
Fundador da Associação de Capoeira São Bento Pequeno
Idade: 66 anos
Começou a treinar: 1968 - Brasília
Quem foi seu mestre: Mestre Arraia
(Aldenor Benjamin)
Contato: (61) 3585-0533 / 9694-7631
Endereço da sede: Escola Classe 27 -
QNM 7/9 - Ceilândia Norte
Roda: Toda quarta-feira na Sede
Principais Eventos: Batizado e Troca
de Cordas (dezembro)
Mestres (DF): Barto (Sede)
Contramestres (DF): Cláudio (Recanto das Emas) e Fábio (Brasília)
Instrutores(DF): Babalú e Bruno
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mente o que o Mestre Arraia me dizia sempre: ‘Quando o capoeirista parte
para te agarrar, é uma prova que faltou um pouco de qualidade em termos
capoeirísticos.’ O capoeira em si é aquele cara descontraído, que se movi-
menta com tranquilidade, sorridente. Antigamente era isso, o pé pra lá e o
pé pra cá, descendo e subindo, quando terminava, apertávamos as mãos
e continuávamos amigos. Hoje em dia, as coisas mudaram. Muitos vão no
seu grupo só para denegrir a sua imagem. Antigamente, onde eu treina-
va, geralmente, isso não acontecia porque sempre tinha respostas dentro
da capoeira mesmo... Sempre digo uma coisa que é importantíssima: a ca-
poeira evoluiu muito, mas alguns capoeiristas não acompanharam essa
evolução, ficaram perdidos no espaço, criando ilusões de que ficar forte é o
fator principal para impressionar... É fundamental sermos humildes, termos
sempre em nossa mente a qualidade porque, muitas vezes, a gente pensa
que a quantidade em termos físicos é tudo. Acho que realmente a qualidade
do capoeirista é seu jogo, seu molejo... Não sinta-se maior que ninguém,
porque sempre entre dois bons, existe outro melhor”
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Mestre Cláudio Danadinho
(Cláudio José Pinheiro Villar de Queiroz)
Um dos fundadores do Grupo Senzala de Capoeira
Idade: 65 anos
Começou a treinar: 1963 - Brasília
Quem foi seu mestre: Mestre Arraia
(Aldenor Benjamin)
E-mail: claudio.danadinho@gmail.com
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a capoeira do Waldemar e do Traira e outras boas rodas de capoeira, eu fica-
va com ele, colado. Então, conheci o Mestre Traira, Mestre Waldemar e outros
capoeiras lá de Salvador. Fui percebendo uma certa distinção no tipo de jogo
do Camisa Roxa, que não tinha exagero nenhum de forma, ele jogava com
tranquilidade, com pouca agressividade e, em geral, gostava de derrubar a
pessoa com a queda leve, em que o sujeito não tinha jeito de ficar em pé. Com
isso, a capoeira em vez de ser uma briga, era um treino, e esse treino é bom
para gente. Essas regras são sutis demais, é complicado para alguém que não
entende a capoeira, perceber que existe todo um jogo moral e ético. Na ca-
poeira cabe tudo, só não cabe ficar agarrado, porque o princípio da capoeira
é se desvencilhar, se livrar, se escapulir, para ser feliz em liberdade. Acho que
a gente não devia esquecer que a capoeira foi uma luta de libertação e que
hoje ela tem esse caráter desportivo, mais cultural, mas guarda uma luta pe-
rigosa que deve ser cultivada, deve ser treinada e para isso precisa-se ter uma
relação de camaradagem. É bom você poder frequentar muitas capoeiras e
encontrar muitos camaradas com jogos novos. Acho fundamental a pessoa
adquirir curiosidade pelos diferentes toques e vê que cada um deles é um tipo
de treino, de uma estratégia diferente de jogo. Toques do berimbau do Mestre
Bimba tinham sentido de jogos que deviam ser no chão e jogos que deviam
ser no alto. Havia outros tipos de jogos em que aquela limitação dos golpes
da sequência se ampliava. O balão cinturado servia para aprender a se des-
vencilhar, para você não ter medo de levar rasteira... É bonito você ver a rastei-
ra e o sujeito cair. Mais bonito ainda é aquele que toma e cai bonito. Hoje em
dia, se você der uma rasteira na pessoa, significa que declarou guerra contra
ela, então, tem alguma coisa errada. Quando Mestre Bimba dizia respeitar a
guarda vencida, era justamente uma regra para o jogo continuar. Você não
pode bater no cara até ele desmaiar, isso pode acontecer sem querer, por ina-
bilidade. É importante que as pessoas compreendam a Regional, compreen-
dam a Angola. Elas devem saber jogar no ritmo de todo toque do berimbau.
Chegar numa roda, e para ser bem recebido, tem que saber jogar a capoeira
que o pessoal joga. Fazendo esses exercícios, o cara aprende a dominar o cor-
po, aprende respeitar e jogar com outro.”
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Mestre Paulão
Idade: 64 anos
Começou a treinar: 1964 - Taguatinga
Quem foi seu mestre: Mestre Tarzan
de Bimba
Contato: (61)3352-1039 / 9984-6510
E-mail: mestrepaulaoaarc@gmail.com
Endereço da sede: CNB 06 Lote 14
Loja 01 - Taguatinga
Roda: Ultimo sábado do mês na Sede
Site: www.arteregional.com.br
Mestres (DF): Paulão, Bida e Ricardo - Sede
Contramestres (DF): Axé ( Brasília), Geléia (Guará), Marconi (Sede) e Mu-
dinho (Sede)
Professores (DF): Airton (Sede) e Estagiária Juliana ( Brasília)
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meio desengonçada. Eu me interessei pela arte, vi que a capoeira era algo
interessante e comecei a treinar sozinho em casa. Depois treinei com meu
amigo Capitão, compramos o livro “Capoeira sem Mestre”, mas o livro não
te dá a essência da ginga, da negativa, a gente ficava meio confuso. Nesses
tempos, chegou em Taguatinga o Mestre Onça Tigre, mas a gente não podia
entrar no quintal dele porque ele era bravo. Eu lembro que não tinha muro,
era uma cerca e a gente olhava pela brecha e via uns garotos treinando... e
então, a gente aprendeu assim, vendo outros meninos treinarem e, depois,
treinávamos em casa. Em 1970, conheci o Mestre Waldemar Santana e pas-
sei a treinar luta livre com ele. Ele trouxe para Brasília o Sansão, que era alu-
no de Mestre Bimba. Aí comecei a treinar com Sansão também. Foi assim
que conheci a capoeira Regional que pratico até hoje. Em 1973, quando o
Mestre Bimba foi morar em Goiânia, fomos lá para conhecê-lo, ficamos na
academia sentados, conversando com ele sobre capoeira, falando sobre a
sequência. Foi muito gratificante conhecer o criador da Capoeira Regional...
Eu tive a oportunidade de participar do contexto da transformação da ca-
poeira em Brasília e foi um período de autoafirmação de grupos. A única
maneira de se autoafirmar era brigar na roda, na rua, acabar com o batiza-
do do outro. Era uma forma de se tornar conhecido como brigão, quem bri-
gava mais, rebanhava pessoas de outros grupos. Houve vários episódios em
Brasília em que capoeiristas começaram a fechar as academias. Muitos alu-
nos pararam de treinar, muitos mestres pararam de dar aula, quem perdeu
foi a capoeira. Hoje a capoeira ganhou outro espaço, todo mundo está mais
preocupado em ver a capoeira como esporte, cultura, lazer, ninguém mais
está a fim de ir para academia para se machucar. Tem senhoras, crianças,
todo mundo pratica capoeira... Então, a primeira coisa é estudar a capoeira
e não inventar. Estude porque ela já existe. É preciso entender o que é ela, se
você não entende, como vai inventar? Você só inventa quando entende. Se
você quer ser capoeira Regional, aprenda a sequência do Mestre Bimba, que
é o ópio da capoeira. A mensagem é: Diga não à violência, não às drogas...
Vamos ser craque na capoeira e não se tornar um craque do uso de craque.”
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Mestre Pombo de Ouro
(José Bispo Correia)
Fundador da Associação de Capoeira Pombo de Ouro
Idade: 65 anos
Começou a treinar: 1967 - Salvador
Quem foi seu mestre: Mestre Bimba
(Manoel dos Reis Machado)
Contato: (61) 8414-8821
E-mail: pombodeouro@gmail.com
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maior força. Ele montou uma academia de defesa pessoal e eu dava aula de
capoeira lá. Hoje, dou aula na presidência e minha preocupação não é de
ter muitos alunos. Acho que quando você entra na capoeira, você tem uma
responsabilidade com a ancestralidade, que é do negro. E as pessoas não
têm essa consciência, soltam muito mestre despreparado e mestre é uma
palavra de peso. Eu fico feliz de ter dado aula para os meninos de rua. Um
dos caras mais perigosos que tinha lá treinava Caratê e a intenção dele era
bater nos outros e ganhar campeonatos para levar medalha para a mãe
dele. Eu perguntei: sua mãe vai comer medalha? Trouxe ele para a capoeira
e falei: ‘Se você pensar que é menino de rua, você vai ser sempre menino de
rua. E hoje você vai conversar com uma pessoa muito especial, você mesmo!’
O tempo passou e eu encontrei ele na Asa Norte e ele falou assim: ‘Mestre,
minha mãe, hoje, não mora mais em barraco, ela mora numa casa de dois
andares.’ Fico feliz com essa vitória, fazer com que as pessoas se transfor-
mem. Então, histórias dessa natureza são para mim a verdadeira corda da
capoeira. É muito importante um menino de rua se tornar cidadão. Acho
que existe uma missão quando você dá aula: fazer com que as pessoas se
transformem, fazer com que as pessoas tenham iniciativa na vida, tenham
consciência de valores. Agradeço muito a Deus a oportunidade que ele me
deu. Por meio da capoeira eu me realizo. A mensagem que eu deixo aqui é
para camarada gingar na roda da vida, manter o equilíbrio em tudo porque
tem que pensar que ele é o homem de valores. Às vezes, o Mestre é o pai que
o aluno gostaria de ter, as pessoas são carentes. O meu papel na capoei-
ra é uma missão, temos que interagir com o outro, melhorar o outro, fazer
com que ele tenha essa consciência. As pessoas deveriam pesquisar, fazer
sua capoeira, mas, antes de tudo, fazer o cidadão. Acho inadmissível um
capoeirista pegar e roubar o que é do outro. Homem tem que ter valores, a
minha capoeira é pautada nisso. Não tenho mestres formados, mas a partir
do momento que a pessoa está bem, tem família, tem emprego, isso para
mim é o Mestre, ela venceu. Tento despertar nas pessoas a responsabilidade
de ser pai, de ter um futuro na vida, concomitante com a capoeira.“
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Mestre Tabosa
(Hélio Tabosa de Moraes)
Fundador da Academia Tabosa
Idade: 66 anos
Começou a treinar: 1964 - Brasília
Quem foi seu mestre: Mestre Arraia
(Aldenor Benjamin)
Contato: (61) 9285-7788
E-mail: mestretabosa@gmail.com
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teve que voltar para Salvador. Ficamos órfãos, sem saber como continuar a
capoeira. Então, o Cláudio Danadinho, eu e o Fritz demos continuidade à
capoeira. O Cláudio foi dar aula no CIEM (Centro Integrado de Ensino Mé-
dio) e eu fui dar aula na Universidade de Brasília. Em 1966 ou 1967, no Rio
de Janeiro, formou-se um grupo igual ao nosso, de universitários, estudan-
tes, a Senzala. O grupo participava de uma competição no Rio chamada
Berimbau de Ouro. O Cláudio Danadinho ia muito para lá e teve contato
com o pessoal da Senzala. Ele fez com que eu fosse ao Rio para conhecê-
-los. Assim, eles nos chamaram para participar do 1° Berimbau de Ouro. No
segundo, eu chamei o Fritz daqui de Brasília para compor o grupo Senzala,
e no 3°, chamamos o Adilson... Entre 70 e 72,montei a minha academia e co-
mecei a ser cobrado, já que a capoeira é um esporte, a ter uniforme. Fizemos
várias tentativas. Chegamos a usar malha de lycra. Podemos dizer que é um
passado triste, mas passamos por isso. Depois, fizemos um uniforme mais
parecido com o kimono e, posteriormente, ficamos só com a calça chama-
da abadá. Acho que a capoeira não evoluiu, ela foi se adequando e pas-
sou por várias experiências que tinham que ser de acordo com a situação.
Na década de 80, tivemos uma sessão de alunos que começou a chamar a
atenção de outras lutas. Passou a existir o interesse de ver a condição técni-
ca de uma com outra. Depois desse período, surgiu o interesse de vários gru-
pos de capoeira que se formaram em conquistar o espaço territorial, tanto
aqui, como em outros estados. A pancadaria começou a ficar mais violenta
e ela prejudicou muito porque essa autoafirmação de querer ver qual grupo
era melhor, fez com que a capoeira, que é um jogo jogado com a amizade,
fosse acabando. Os grupos começaram a treinar em seus ciclos porque se
juntassem era pancadaria. Hoje, já está diferente. A capoeira tem boa capa-
cidade técnica porque teve muitas influências e muitas experiências. Hoje
se joga com camaradagem em qualquer lugar. Eu espero que a capoeira,
que foi criada pelos escravos no espírito de camaradagem, mantenha esse
espírito vivo dentro de nós, capoeiristas. Essa união da camaradagem, da
amizade, é que faz com que a capoeira exista com força até para exteriori-
zar a nossa cultura lá fora.”
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Mestre Zulu
(Antonio Batista Pinto Zulu)
Fundador do Centro Ideário de Capoeira
Idade: 67 anos
Começou a treinar: 1967 - Sobradinho
Quem foi seu mestre: Autodidata
Contato: (61) 9978-4030 / 9652-8842
E-mail: zuluideario@gmail.com
Endereço da sede: Cond. Parque Co-
lorado - Cj. C Casa 06 - Sobradinho
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nem era a Regional, que já recebia influências pessoais de quem estava trei-
nando, de quem estava ensinando, que foi o meu caso. Como autodidata,
preferi formular um ideário de capoeira, que chamei inicialmente de Ideá-
rio Beribazu. Em 1994, decide sair do grupo por uma questão pessoal, não
houve nada que me tornasse desgostoso. Um dos fatores foi o fato de eu ter
aprendido a capoeira como autodidata e me sentir inteiramente livre para
fazer o que bem entendesse. Como sentia que era um grupo muito forte,
promissor, de pessoas que realmente se dedicavam à capoeira, não quis ser
um ditador, não quis disputar o poder com outros grupos, isso não é do meu
temperamento. O que sempre imaginei, inclusive quando estava na direção
do grupo Beribazu, é de ser apenas um referencial para aqueles que foram
meus alunos ou aqueles que me adotaram como tal referencial e não haver
obrigações nenhumas de uma parte com a outra. Uma coisa marcante na
minha vida capoerística foi a Grande Roda Brasileira de Capoeira, realizada
por 19 anos consecutivos. Ela convergia capoeiristas para participar, pra-
ticamente, de todo país, a cada mês de dezembro. Tinha a parte teórica,
intercâmbio da parte prática, competições... Procuramos elaborar as regras
de competição de acordo com nosso conhecimento, nosso entendimento
e a visão que tínhamos da capoeira. As modalidades que adotamos foram
principalmente o estilo e o confronto. Na época, ainda não existia a visão
de pessoas fazerem trabalho escrito. Então, a ideia foi trazer alguém de uni-
versidade ou professores da rede oficial para fazer palestras, para que as
pessoas criassem um desejo de serem informadas. Eu passava aquilo que já
tinha definido para os outros conhecerem, mas também aprendia com as
sugestões que eram dadas. Considero a Grande Roda Brasileira de Capoeira
como um grande laboratório a céu aberto para a capoeira. Algo que desejo
muito é que a capoeira não se torne uma unidade. Entendo que a capoeira
deve ser capoeiras e por serem capoeiras, devem aprender a conviver com
o outro. É preciso administrar a diversidade e a multiplicidade da capoeira,
sem se tornar uma única dimensão. Todo mundo é diferente, já imaginou se
todo samba que viesse do Rio de Janeiro fosse igual, culturalmente não iria
dar certo e a capoeira não se enquadra nisso.“
35
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Parte II
Guia de
Grupos de Capoeira
do Distrito Federal
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Águas Claras
Associação
Lagoa Azul Capoeira
Fundador: Mestre João do Pulo – RJ
Fundada em 1992 no Rio de Janeiro - RJ
38
Fotos: Dayrine Souza
“Se cuidarmos da capoeira da for-
ma correta, vamos tê-la durante
muito tempo. Caso contrário, ela
vai virar uma cicatriz. Devemos
cuidar do que queremos para a
nossa vida, o nosso futuro está no
presente. Se a gente não plantar,
não regar e não cuidar, essa árvore
não vai ter fruto nunca.”
Contramestre Olodun
39
Brasília
40
Fotos: Dayrine Souza
41
Brasília
Aruê Capoeira
Fundadores: Contramestres Galinha,
Pingo, Prancha, Sandalha e Tico
Fundado em 2009 em Brasília-DF
42
Fotos: Dayrine Souza
“Eu acredito que os capoeiristas têm que cada vez mais preservar a capoeira, como
cultura, esporte, manifestação cultural, como uma luta genuinamente brasileira,
parte da nossa história. É importante fazer com que a sociedade veja a capoeira
da melhor forma possível, da forma mais profissional, da forma cultural, pois é o
que a capoeira representa. Lá fora, hoje, somos os maiores divulgadores da cultura
popular brasileira.”
Contramestre Pingo
43
Brasília
44
Fotos: Dayrine Souza
“Antigamente, a gente treinava e se encontrava para fazer um teste, para ver quem
era o melhor na capoeira. Naquela época os capoeiristas treinavam mais que hoje,
estavam mais preparados. Hoje em dia o negócio é mais social, a capoeira mudou
muito... Quero mandar um abraço para todos os capoeiristas e dizer para quem é
capoeira: vamos rodar... Um abraço.”
Mestre Tonelada
45
Brasília
Centro Cultural
Escola do Mundo Capoeira
Fundador: Mestre Alex Carcará
Fundado em 1996 em Brasília-DF
46
Divulgação
47
Brasília
48
Divulgação
49
Brasília
Escola Cultural
Carta de Alforria Capoeira
Fundador: Mestre Baleado
Fundada em 2011 em Brasília-DF
50
Divulgação
“Com 32 anos de capoeira, sempre me preocupei muito com o ritmo dos toques
dela. Antigamente, você via capoeirista tocar vinte e dois toques brincando, hoje,
uma pessoa diz que é mestre de capoeira e não sabe tocar cinco toques de berim-
bau. Isso é uma vergonha, é um mestre da ilusão. Procurem olhar para trás, procu-
rem mais informação. É preciso encontrar esse arquivo, esse museu que está sendo
jogado fora e resgatá-lo. Vamos buscar aquilo que a capoeira tem de bom, porque
a capoeira tem muito mais a acrescentar que esta capoeira de ‘supermercado’ de
hoje, esta capoeira comercial. A capoeira tem muito mais para oferecer.”
Mestre Baleado
51
Brasília
52
Fotos: Dayrine Souza
“A capoeira não é uma luta de oprimido contra oprimido. Foi uma arte criada pelo
oprimido contra o opressor. Muitas vezes na roda de capoeira, a gente vê o oprimi-
do reprimindo o oprimido. A responsabilidade de se fazer capoeira é entender em
que momento eu entro e em que momento eu saio e permitir a troca de pergunta
e resposta. E eu pergunto e há uma resposta. Eu venço quando não há mais res-
postas para as minhas perguntas, mas eu não preciso matar para ser o vencedor.
Pratiquem capoeira, procurem entender os fundamentos dela e não apenas jogar
perna para cima, mas cantar, tocar... Capoeirista não é aquele que só joga perna
para cima, mas é aquele que pensa, que sente e que faz com responsabilidade.”
Treinel Chico
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Brasília
Grupo Beribazu
Fundador: Mestre Zulu
Fundado em 1972 em Planaltina-DF
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Fotos: Dayrine Souza
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Brasília
56
Fotos: Dayrine Souza
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Brasília
* Mestres fundadores do Grupo Senzala: Paulo Flores, Rafael Flores, Cláudio Da-
nadinho, Peixinho, Gil Velho, Gato, Itamar, Sorriso e Garrincha
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Fotos: Dayrine Souza
“Na minha época, não existia profissional de capoeira, só existia o capoeirista. Hoje
em dia, há muitos profissionais. Acho que nós, que trabalhamos com a capoeira,
devemos buscá-la e continuar treinando. Muita gente se forma professor de ca-
poeira e deixa de treinar, pensa apenas no status na capoeira, em ganhar dinheiro,
mas está deixando de treinar, de ter compromisso com a capoeira e com seu mes-
tre. Essas pessoas têm que preservar a sua escola, a sua origem e buscar sempre
mais conhecimento.”
Mestre Amendoim
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Brasília
Divulgação
Apelido: Foca
Idade: 38 anos
Começou a treinar: 1983 - Brasília
Quem foi seu mestre: Mestre Adilson e Mes-
tre Hulk (RJ)
Contato: (61) 3369-7978 / 9282-2706
E-mail: focaucdf@hotmail.com
Endereço da sede: Recanto Capoeira - SLMI
13 Lote 27-A (Lago Norte)
Roda: Quinzenal no Museu Nacional
Principais Eventos:
• Festival UCDF – Capoeira (novembro)
• Capureza (julho)
• Campeonato Aberto UCDF (outubro)
Site: www.ucdf.com / www.coracaolundu.blogspot.com.br
Redes Sociais: www.facebook.com/groups/ucdfcapoeira
Mestres (DF): Foca e Suely (Supervisão Geral), Rick, Barba e Aryan
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Fotos: Dayrine Souza
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Brasília
Jomar Capoeira
Fundador: Mestre Jomar
Fundado em 1984 em Brasília - DF
Divulgação
Apelido: Jomar
Idade: 53 anos
Começou a treinar: 1971 - Brasília - DF
Quem foi seu mestre: Mestre Adilson
Contato: (61) 3443-5078
E-mail: jomarfnde@gmail.com
Endereço da sede: Academia Nad’arte - SGAS
905 Conj. B - Brasília
Roda: Diariamente de segunda-feira a sexta-feira na Sede
Principais Eventos: Encontro de Camaradas (anual)
• Capoeiragem - Capoeira e Camaradagem (de 2 em 2 anos)
Redes Sociais: www.facebook.com/jomarcapoeira
Mestres (DF): Jomar (Sede), Monera, Abacate, Carlão, Raquel, André
Galvão e Huginho
Contramestres (DF): Lauseane, Pouca Sombra, Veiga, Maninho e Chicão
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Fotos: Dayrine Souza
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Brasília
Núcleo de Capoeiragem
Movimento Cultural
Fundadores: Mestres Jorge e Danilo
Fundado em 2011 em Brasília - DF
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Fotos: Dayrine Souza
“Faça capoeira para
agregar, para se sentir
bem, para estar perto
dos amigos. Que a ca-
poeira seja o motivo
para gente estar junto.”
Mestre Danilo
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Brasília
Terreiro Capoeira
Fundador: Mestre Squisyto
Fundado em 1979 em Fortaleza - CE
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Divulgação
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Ceilândia
Grupo de Capoeira
Planalto Central
Fundador: Mestre Walmir
Fundado em 1991 na Ceilândia - DF
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Fotos: Dayrine Souza
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Ceilândia
Universidade Brasileira
de Capoeira Sol Nascente
Fundador: Mestre Romeu - BA
Fundada na década de 90 em Taguatinga
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Fotos: Dayrine Souza
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Cidade Estrutural
Comunidade
Brasileira de Capoeira
Fundador: Mestre Edinho
Fundada em 2008 na Cidade Estrutural - DF
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Fotos: Dayrine Souza
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Cruzeiro
Capoeira Integrada
Fundador: Mestre Aranha
Fundada em 1988 no Cruzeiro - DF
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Fotos: Dayrine Souza
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Cruzeiro
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Fotos: Dayrine Souza
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Cruzeiro
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Fotos: Dayrine Souza
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Guará
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Fotos: Dayrine Souza
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Núcleo Bandeirante
Centro Cultural
Porão de Capoeira
Fundador: Mestre Fred Guaraná
Fundado em 1988 em Candangolândia - DF
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Fotos: Dayrine Souza “O recado que eu mando para
os capoeiristas é que pesqui-
sem, estudem, treinem bastan-
te, tenham conhecimento da
arte que praticam e evoluam
sempre. É preciso persistir e
perseverar porque o caminho
é sempre difícil, com a capoei-
ra e com qualquer atividade.
Na nossa área, que tem vários
aspectos, não pode se preo-
cupar só com o treinamento
físico, mas procurar entender
um pouco mais da capoeira
e, depois de um certo período,
transmitir isso para os outros.
Axé para todo mundo!”
Mestre Fred Guaraná
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Paranoá
Associação Cultural
Berimbau Brasil
Fundador: Mestre Amador
Fundada em 1990 no Paranoá - DF
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Fotos: Dayrine Souza
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Paranoá
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Divulgação “Somos de um grupo pequeno,
mas com um trabalho bom. É
importante treinar, se dedicar
e valorizar a capoeira. Procurar
saber quem é seu mestre, a ori-
gem do grupo, com quem está
treinando, conviver e buscar o
máximo de conhecimento dos
velhos mestres, da velha guarda,
tanto da Angola quanto da Re-
gional. É preciso fazer amizades e
respeitar aquele que não quer ser
seu amigo. Na capoeira a gen-
te consegue bons amigos, mas
também, de vez em quando, faz
boas inimizades que merecem
respeito... Dediquem-se e façam
pela capoeira.”
Mestre Luís
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Planaltina
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Fotos: Dayrine Souza “Cada um tem que parar de de-
fender sua própria bandeira e
lutar pela capoeira. Temos que
criar uma secretaria para que
seja aprovada uma lei do capoei-
rista. Assim, o capoeirista terá a
carteira assinada, a capoeira terá
o valor que o judô tem no Japão.
Precisamos de uma pessoa que
nos apóie dentro da Câmara Fe-
deral, da Câmara Municipal e da
Câmara Legislativa para que pos-
samos ser reconhecidos profissio-
nalmente, ter aposentadoria, ter
carteira assinada. A minha visão
da capoeira hoje é essa...”
Mestre Tatu
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Planaltina
Escola de Capoeira
Corpo e Mente
Fundador: Mestre Marreta
Fundada em 1990 em Planaltina - DF
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Fotos: Dayrine Souza
“Capoeiristas do mundo inteiro, vamos nos organizar. Organizar quer dizer união.
Vamos melhorar nossa qualidade. A capoeira já está na Europa e os europeus estão
se organizando. Será que eles vão organizar a capoeira lá fora para trazer para o
Brasil seguir os métodos deles? O Brasil é o criador da capoeira, ela é brasileira e
hoje está sendo dominada pela Europa. Por que vamos deixar os europeus toma-
rem conta e organizarem? Enquanto aqui ficamos desorganizados. Vamos mudar
esse sistema de graduação, fazer um sistema único. Há muitos evangélicos que pa-
raram de treinar a capoeira, voltem. Sou evangélico e não tenho preconceito ne-
nhum. Capoeira não é religião, é um esporte e o esporte todo mundo pode praticar:
evangélico, cristão, budista, espírita...”
Mestre Marreta
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Planaltina
Escola de Capoeira
Gingarte
Fundador: Mestre André
Fundada em 1990 em Planaltina - DF
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Fotos: Dayrine Souza
“É preciso treinar muita capoeira para ficar
bom. Até pouco tempo, jogava duro, mas,
hoje, não. Fiz cirurgia em dois joelhos e na co-
luna. Antigamente, não tinha aquele exercício
que era bom para coluna, que era bom para
o joelho... A gente treinava pulando, forçando
abertura. Hoje a capoeira mudou. Por isso, o
capoeirista tem que treinar, tem que praticar.
Respeite o mais velho, treine e saiba respeitar o
seu discípulo, seu aluno que está aí para levan-
tar sua bandeira e levar para o mundo...”
Mestre André
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Planaltina
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Fotos: Dayrine Souza
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Planaltina
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Fotos: Dayrine Souza
“Minha luta pela arte, pela capoeira, é para que as pessoas realmente contribuam
com a capoeira, seja Angola ou Regional. As pessoas realmente devem treinar, pro-
curar a verdadeira capoeira, seus fundamentos, seus caminhos, os mestres antigos.
Tomem cuidado com uma coisa: não transforme meninos em mestres. É preciso se
perguntar: eu vou formar, o que a capoeira vai ganhar com isso? Vejo a capoei-
ra como uma conquista. Primeiro a capoeira tinha ganhado o mundo e, agora, o
mundo ganhou a capoeira.”
Mestre Pau-Pereira
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Sobradinho
Associação
Palmares de Capoeira
Fundador: Mestre Paulão
Fundada em 1996 em Sobradinho - DF
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Fotos: Dayrine Souza
“Tem uma música que virou epidemia nas rodas: você não sabe o valor que a ca-
poeira tem, você não sabe o valor que a capoeira tem, ela tem valor demais, vê se
segura rapaz, você não sabe o valor que a capoeira tem... As pessoas deveriam pe-
gar pelo menos o coro dela e colocar em prática dentro das suas academias, dentro
do seu grupo. Eu canso de falar para os meus alunos que ainda não temos um go-
vernador, um deputado federal, um deputado distrital com a nossa arte lá dentro
porque não damos o valor que a capoeira realmente tem... ”
Mestre Paulão
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Sobradinho
Grupo Odara
Fundador: Mestre Gárclei
Fundado em 1997 no Sobradinho - DF
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Fotos: Dayrine Souza
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Sobradinho
Divulgação
Apelido: Canela
Idade: 43 anos
Começou a treinar: 1982 - Sobradinho (DF)
Quem foi seu mestre:
Mestre Umoi (Umoi Melo de Souza)
Contato: (61) 9233-5543
E-mail: mestre.canela@hotmail.com
Endereço da sede: Centro de Tradições Po-
pulares - Bumba Meu Boi de Seu Teodoro - Qd.15 A.E. 2 - Sobradinho
Roda: Quinzenal na Praça do Museu em Planaltina e no Bradesco em
Sobradinho
Principais Eventos:
• Batizado e Formatura (anual) e Roda das Flores
Site: www.grupouniaobrasil.com.br
Redes Sociais: www.facebook.com/gucbrasil
Mestres (DF): Bilú, Berimbau, Canela, Cuia e Luciano (Planaltina) e
Mariô (Sobradinho)
Contramestres (DF): Izonia e Papilon
Professores (DF): Aluado, Grilo, Igor César, Lukas, Marcelo Conzo,
Milton, Moura, Mimi e Rômulo
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Fotos: Dayrine Souza
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Taguatinga
Abadá - Capoeira
(Associação Brasileira de Apoio e
Desenvolvimento da Arte)
Fundador: Mestre Camisa - RJ
Fundada em 1988 no Rio de Janeiro/RJ
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Fotos: Dayrine Souza “Espero que o capoeirista, acima
de tudo, respeite a capoeira, saiba
respeitar os fundamentos dela, a
integridade moral e física do ca-
poeirista e, principalmente, ser
capoeirista, levantar a bandeira
da capoeira e saber se comportar
numa roda. Às vezes o cara acha
que cria um problema numa roda
e está se auto-promovendo, mas,
na verdade, ele está trabalhando
contra a capoeira. Espero que a
gente continue assim: fazendo
trabalhos sociais, trabalhando a
favor da nossa arte. A capoeira
está aí e o problema não é ela, é o
capoeirista...”
Mestrando Eberson
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Taguatinga
Associação de Capoeira
Ave Branca
Fundador: Mestre Kall
Fundada em 1981 em Taguatinga - DF
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Fotos: Dayrine Souza
107
Taguatinga
108
Fotos: Dayrine Souza
109
Taguatinga
Grupo de Capoeira
Semente do Jogo de Angola
Fundador: Mestre Jogo de Dentro - BA
Fundado em 1990 em Salvador - BA
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Fotos Thiago Pinheiro
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Taguatinga
Instituto Ladainha
Fundador: Mestre Gilvan
Fundado em 1989 em Taguatinga-DF
112
Divulgação
113
Varjão
114
Fotos: Dayrine Souza
115
Vicente Pires
116
Fotos: Dayrine Souza
117
Agradecemos a todos os grupos
que participaram e contribuíram com a
elaboração deste catálogo. Pedimos des-
culpas àqueles que não foram inclusos.
Aproveitamos a oportunidade para soli-
citar os que tenham interesse em partici-
par de uma próxima edição, por favor en-
viar informações sobre o seu grupo para
capoeirameuguia@gmail.com.
CAPOEIRA MEU GUIA, DE ROBERT
KRULIKOWSKI, foi composto em tipologia
Myriad Pro, corpo 11pt. O papel utilizado na
capa é cartão 250g. No miolo, foi utilizado o
papel couchê 115g.
O papel possui certificação que garante que foi
produzido com madeira de florestas certificadas
reforçando nosso respeito ao meio ambiente.
IMPRESSO NA DROP COMUNICAÇÃO GRÁFICA EM 2013.