Fitossanidade Introdução
Fitossanidade Introdução
Fitossanidade Introdução
Entomologia Agrícola
1. Organismos praga
São organismos que competem direta ou indiretamente com o homem por
alimento, matéria prima ou prejudicam a saúde e o bem-estar do homem e animais.
3. Conceitos de pragas
3.1. Convencional
Um organismo é considerado praga, quando é constatada sua presença no
agroecossistema.
3.2. Do ponto de vista do manejo integrado de pragas (MIP)
Um organismo só é considerado praga quando causa danos econômicos.
7. Tipos de pragas
7.1. De acordo com a parte da planta que é atacada
7.1.1. Praga direta
- Ataca diretamente a parte comercializada.
. Exemplo: broca pequena do tomateiro (Neoleucinodes elegantalis Guenée, 1854) que
ataca os frutos do tomateiro.
14.2. Sequencial
- O número de amostragem a ser realizado é variável de tal forma a garantir uma boa
precisão da amostragem.
- Para tanto, são confeccionados tabelas que possuem três colunas: a primeira contém o
número de amostras, a segunda o limite inferior e a terceira o limite superior.
- Se a população da praga for menor ou igual ao valor do limite inferior, a decisão é de
não controlar a praga.
- Se for maior ou igual ao limite superior, a decisão será a de controlar a praga.
- Se o valor for intermediário entre os limites inferior e superior, deve-se fazer mais
amostragens até que esta caia em uma das duas situações anteriores.
- Além de trazer maior precisão que o plano anterior este também possibilita uma
economia de tempo e esforço (em geral 50%).
MIP
1.1. Introdução
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma filosofia de controle de pragas que
procura preservar e incrementar os fatores de mortalidade natural, através do uso
integrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base nos
parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos. Visa manter o nível populacional
dos insetos numa condição abaixo do nível de dano econômico, através da utilização
simultânea de diferentes técnicas ou táticas de controle, de forma econômica e
harmoniosa com o ambiente.
Para cada tática de controle tem-se pelo menos uma estratégia de manejo, como
a seguir:
a) uso de variedades resistentes – tem como estratégia cultivar plantas que
desfavoreçam o crescimento, reprodução e sobrevivência dos insetos, devido às suas
características morfológicas, físicas e químicas;
b) rotação de cultura – plantar alternadamente variedades que não sejam hospedeiras das
mesmas pragas, para quebrar ou interromper o ciclo de desenvolvimento das mesmas;
c) destruição de restos culturais – arrancar os restos de cultura para impedir que o
inseto-praga complete o seu ciclo de desenvolvimento, ou mesmo evitar que esses
resíduos vegetais sirvam de hospedeiros para outras pragas;
d) aração do solo – expor larvas, pupas e mesmo adultos de insetos-praga de solo aos
raios solares ou eliminar os insetos através da ação mecânica dos implementos
agrícolas,
e) adubação – provocar uma pseudoresistência, ou seja, o fornecimento de certos
nutrientes à planta pode provocar mudanças fisiológicas na mesma, tornando-a
desfavorável ao desenvolvimento do inseto. Além disso, uma cultura que contém a
maioria dos nutrientes necessários ao seu desenvolvimento, mostra-se mais resistente ao
ataque de pragas;
f) alteração da época de plantio e/ou colheita – fazer com que o período de maior
suscetibilidade da planta não coincida com picos populacionais da praga, reduzindo os
danos causados pela mesma;
g) poda ou desbaste – cortar e destruir, principalmente, os ramos de plantas perenes
atacados por brocas, para evitar que as mesmas alcancem o tronco e cause a morte da
planta;
h) irrigação ou drenagem – existem insetos que preferem ambientes secos, e assim, uma
boa irrigação pode desfavorecê-los e, outros se adaptam melhor em locais úmidos,
podendo ser controlados através de uma drenagem. No caso de insetos bastante
diminutos e de tegumento mole (pulgões, tripes, etc.), a irrigação através do sistema de
aspersão pode causar redução de suas populações;
i) cultura armadilha – plantar variedades susceptíveis ao redor ou mesmo no interior da
área de cultivo, para atrair os insetos-praga para as mesmas e, sobre elas realizar o
controle;
j) destruição de hospedeiros alternativos – eliminar plantas que estejam ao redor ou no
interior da área de cultivo, que possam ser utilizadas pelas pragas como fontes
alternativas de alimento e/ou abrigo;
k) destruição manual – catar ou esmagar ovos e lagartas encontrados nas plantas
cultivadas, evitando o seu desenvolvimento;
l) uso de barreiras – formar barreiras com vegetais e/ou mesmo sulcos no solo para
impedir que a praga alcance uma determinada cultura para se alimentar ou utilizála
como abrigo;
m) uso de armadilhas – realizar o monitoramento do crescimento populacional da praga,
auxiliando na tomada de decisão do seu controle;
n) manipulação do ambiente - reduzir ou aumentar a temperatura do ambiente,
tornando-o desfavorável ao desenvolvimento do inseto;
o) liberação, proteção e fomento dos inimigos naturais – utilizar parasitóides,
predadores e entomopatógenos no controle de pragas e procurar mantê-los no
agroecossistema;
p) feromônios – coletar o máximo possível de indivíduos do sexo masculino ou
feminino, evitando o seu acasalamento; impedir que o macho ou a fêmea encontre o seu
parceiro para cópula, devido ao saturamento do ambiente com feromônios sintéticos;
monitorar o crescimento populacional da praga para determinar o momento mais
adequado de seu controle;
q) esterilização de insetos – liberar populações de insetos estéreis para diminuir os
acasalamentos férteis, reduzindo a sua população a cada geração;
r) quarentena – prevenir a entrada de pragas exóticas e impedir a sua disseminação;
s) medidas obrigatórias de controle – destruir os restos de cultura para prevenção contra
o ataque de insetos-praga;
t) fiscalização do comércio de produtos fitossanitários – auxiliar na escolha e na
utilização mais racional de produtos químicos; evitar fraudes em formulações e
estabelecer o limite de tolerância de resíduos tóxicos nos alimentos, bem como períodos
de carência;
u) produtos químicos – a estratégia mais racional é utilizar produtos químicos no
combate de pragas, somente em casos emergências, quando todas as outras alternativas
de controle foram utilizadas.
Pode-se observar que existe um grande número de táticas de controle que podem
ser utilizadas para redução do crescimento populacional de insetos-praga em diferentes
culturas. No entanto, somente algumas delas deverão ser utilizadas em casos
específicos, dependendo da praga, cultura e outros fatores ambientais, que serão
abordados dentro do manejo das culturas.
Algodoeiro
1. Praga-chave: Bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis (Coleoptera:
Curculionidae)
Características do inseto/Injúrias: Pequeno besouro marrom-amarelado, de cerca de
10mm de comprimento; rostro longo; dois espinhos no fêmur anterior. Ocorrem até sete
gerações/ano. Ativos das 9 às 17 h. Queda anormal de botões florais, flores e maçãs; pode
causar redução de até 70%.
Período crítico: 50 dias até o final do ciclo da cultura.
Amostragem: 50 ou 100 amostras/ha, em caminhamento “ziguezague” ou demarcando
cinco pontos de amostragem, onde são retirados 10 ou 20 amostras. Frequência das
amostragens: a) Até o florescimento: uma vez/semana; b) Florescimento até o 1 º capulho:
duas vezes/semana; c) 1o capulho até colheita: uma vez/semana.
Nível de controle: 10% das plantas com botões florais danificados (orifício de oviposição
e/ou alimentação) ou um adulto/armadilha de feromônio.
Táticas:
a) Controle cultural: Catação de botões florais e maçãs caídas no solo; arranquio e
destruição dos restos de cultura; cultura armadilha ou plantio isca (20 dias antes do plantio);
plantio de variedades precoces; plantio de soqueira isca para bicudo que irá entrar em
hibernação.
b) Controle biológico: Beauveria bassiana (pesquisa).
c) Controle por comportamento: Feromônio sexual Grandlure (uma armadilha/ha),
utilizado para o monitoramento.
d) Controle químico (principio ativo dos inseticidas registrados): alfacipermetrina,
betaciflutrina, carbaril, ciflutrina, cipermetrina, deltametrina, endosulfan, esfenvalerate,
etofenprox, fenitrotion, fenpropatrina, fenvalerate, fipronil, fosmet, lambdacialotrina,
metidation, metomil, monocrotofós, paration metil, tiametoxam, , zetacipermetrina,
profenofós + cipermetrina.
2. Praga-chave: Lagarta rosada, Pectinophora gossypiella (Lepidoptera: Gelechiidae
Características do inseto/Injúrias: Mariposas com 18-20 mm de envergadura, asas
anteriores de coloração pardacenta com manchas escuras, formando desenhos variados e
asas posteriores franjadas; lagartas de 12mm de coloração rosada. Flor em “roseta” (não
forma maçã); destruição de maçãs (fibras e sementes); maçãs defeituosas, que não se abrem
normalmente.
Período crítico: 80 a 100 dias.
Amostragem: 50 ou 100 amostras/ha, em caminhamento “ziguezague” ou demarcados
cinco pontos de amostragem, onde são retirados 10 ou 20 amostras. Frequência das
amostragens: a) Até o florescimento: uma vez/semana; b) Florescimento até o 1 ° capulho:
duas vezes/semana; c) 1o capulho até colheita: uma vez/semana.
Nível de controle: 5% das plantas com maçãs atacadas ou 10 adultos/armadilha de
feromônio.
Táticas:
a) Controle cultural: Arranquio e destruição dos restos de cultura; iscas para as mariposas.
b) Controle biológico: Controle biológico natural por predadores: Nabis sp. (Nabidae),
Geocoris sp. (Lygaeidae) e Podisus sp. (Pentatomidae). Parasitóide: liberações inundativas
de Trichogramma spp. (100.000 ovos parasitados/ha), uma vez por semana.
c) Controle por comportamento: Feromônio sexual Gossyplure (uma armadilha/ha),
utilizado para confundimento dos machos, evitando o acasalamento da espécie.
d) Controle químico (principio ativo dos inseticidas registrados): alfacipermetrina,
betaciflutrina, carbaril, ciflutrina, cipermetrina, deltametrina, endosulfan, esfenvalerate,
fenpropatrina, fenvalerate, lambdacialotrina, paration metil, permetrina, zetacipermetrina,
profenofós + cipermetrina.
3. Praga-chave: Curuquerê-do-algodoeiro, Alabama argilácea (Lepidoptera: Noctuidae)
Características do inseto/Injúrias: Mariposas com cerca de 30-40mm de envergadura,
coloração marrom-avermelhado, com duas manchas reniformes nas asas anteriores; lagartas
de coloração verde (quando em baixa densidade populacional) a preta (alta densidade
populacional) com listras longitudinais no dorso e pontuações na cabeça.
Causam desfolhamento das plantas.
Período crítico: 90 a 140 dias.
Amostragem: 50 ou 100 amostras/ha, em caminhamento “ziguezague” ou demarcados
cinco pontos de amostragem, onde são retirados 10 ou 20 amostras. Frequência das
amostragens: a) Até o florescimento: uma vez/semana; b) Florescimento até o 1 ° capulho:
duas vezes/semana; c) 1o capulho até colheita: uma vez/semana.
Nível de controle: 22 ou 53% das plantas atacadas por lagartas (maiores ou menores do que
15mm, respectivamente) ou duas lagartas/planta.
Nível de não-ação: 0,5-1,0 predador/lagarta/planta.
Táticas:
a) Controle cultural: Arranquio e destruição dos restos de cultura; iscas para as mariposas.
b) Controle biológico: Controle biológico natural pela ação de predadores: Nabis sp.
(Nabidae), Geocoris sp. (Lygaeidae) e Podisus sp. (Pentatomidae) (pesquisa). Parasitóide:
Trichogramma spp., uma vez por semana, liberações inundativas de 100.000 ovos
parasitados/ha; Inseticida microbiano: Bacillus thuringiensis (bactéria).
c) Controle químico (principio ativo dos inseticidas registrados): abamectina,
alfacimetrina, betaciflutrina, bifentrina, carbaril, cartap, ciflutrina, cipermetrina,
clorfluazuron, clorpirifós, deltametrina, dimetoato, diafentiuron, diflubenzuron, endosulfan,
esfenvalerate, fenitrotion, fenpropatrina, fenvalerate, fipronil, fosmet, lambdacialotrina,
lufenuron, malation, metamidofós, metidation, metomil, monocrotofós, metoxifenozide,
paration metil, permetrina, profenofós, protiofós, spinosad, tebufenozide, teflubenzuron,
tiametoxam, triazofós, triclorfon, triflumuron, zetacipermetrina, profenofós + cipermetrina.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
CROCOMO, W.B. 1990. Manejo Integrado de Pragas. Botucatu, Ed. UNESP. 358 p.