Cap. 16 - Mudanças Climáticas - 2 v. 2018
Cap. 16 - Mudanças Climáticas - 2 v. 2018
Cap. 16 - Mudanças Climáticas - 2 v. 2018
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA
FRANCISCO ARTHUR SILVA VECCHIA
CELSO DAL RÉ CARNEIRO
Esse capítulo mostra que o clima na Terra se modificou, e continua
mudando, ao longo de toda a história geológica do planeta. A mudança se
deve a causas naturais e artificiais. Dentre os fatores naturais, é decisiva a
influência das variações nas emissões solares, parâmetros orbitais
terrestres, atividades vulcânicas, gases do efeito estufa e aerossóis. A
mudança climática causa impactos nos ecossistemas e nas pessoas. O
capítulo descreve ainda as principais respostas de adaptação e mitigação
dos problemas.
16.1 INTRODUÇÃO
Da mesma forma que o homem é afetado pelo clima, ele também pode alterar o clima em diferentes
escalas espaciais e temporais. Em nível global e durante o último século, o aumento da temperatura
média na superfície terrestre – fenômeno conhecido como aquecimento global antropogênico – pode
ser devido ao aumento de emissões de gases do efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono
oriundo da queima de combustíveis fósseis.
Ao homem tem sido atribuída a responsabilidade de ser o principal indutor das mudanças climáticas
recentes. Entretanto, as causas de mudanças climáticas funcionam ao longo de toda a história da Terra
e dependem de fatores naturais que fogem do controle humano. Muitas dessas causas naturais possuem
magnitude de influência extraordinária, capazes de deflagrar eventos climáticos como as eras glaciais.
Por exemplo, entre uma era glacial fria e um período interglacial quente, a amplitude de variação da
temperatura média global é da ordem de 10 °C. A título de comparação, as mudanças observadas na
temperatura, desde 1900, representaram um aumento de cerca de 0,6 °C no valor médio global. Antes
de combater impactos observados, é imprescindível compreender os mecanismos físicos da mudança
climática e suas principais causas, sejam elas naturais ou antropogênicas.
1
A radiação solar é, por definição, considerada um fator de gênese do clima. Todavia, ela é comumente utilizada nas análises climáticas e
meteorológicas, sendo muitas vezes medida em estações meteorológicas, juntamente com os elementos climáticos.
permanentes, analisadas e estudadas ao longo de um dado período, a exemplo do que
expressam as normais climatológicas, que consideram períodos de 30 anos de dados.
Portanto, o clima pode ser entendido como um conjunto de elementos estudados por meio de registros
meteorológicos ao longo de muitos anos, enquanto o tempo representa uma experiência atual,
momentânea, ou seja, que expressa os estados atmosféricos observados em determinado instante na
atmosfera (Cunha & Vecchia, 2007).
Portanto, é essencial entender e discernir causas naturais e causas antropogênicas das mudanças
climáticas, assim como verificar os efeitos observados para atribuição apropriada desses fatores.
Quanto à escala espacial de abordagem, podemos classificar como mudanças locais, regionais ou globais.
Mudanças globais são assim denominadas quando se assume um valor médio globalmente
representativo de determinado elemento climático obtido em diferentes regiões do planeta. Segundo a
escala temporal, as mudanças climáticas podem ser didaticamente divididas em três categorias de
análise: presente (passado recente), passado e futuro, descritas a seguir2. É adotada, ao longo do texto,
a abordagem do tipo “causa‑efeito”, que permite uma compreensão mais clara dos fenômenos
envolvidos ao responder “O que está acontecendo?” (efeitos) e “Por que está acontecendo?” (causas).
2
As séries temporais, sequências únicas de dados (medidos ou estimados) representativos para determinado período, representam a base da
análise do clima, descrevendo tendências de aumento, redução ou manutenção dos valores antecedentes. Logo, o uso de gráficos, ao longo desse
capítulo, será um recurso útil na visualização e compreensão imediata das variações climáticas.
Aumento Recente do Nível Médio do Mar
Verificou‑se, em marégrafos, que o nível médio global dos mares aumentou entre 0,1 m e 0,2 m durante
o século XX. A causa é atribuída à expansão térmica da água devido ao aquecimento, e também ao
derretimento de geleiras e calotas de gelo que se encontram em continentes, conforme mostrado na
Figura 16.1. Nota‑se no gráfico (A) que existem contribuições negativas devido à expansão das calotas
polares da região antártica, que ocasionaria diminuição no nível dos mares.
80 80
(A) (B)
Média global do aumento
Expansão térmica
do nível do mar (mm)
60 60
Geleiras e calotas
40 de gelo 40
20 20
0 0
Antártida Groenlândia
-20 -20
1910 1930 1950 1970 1990 1910 1930 1950 1970 1990
Figura 16.1 Estimativas do aumento do nível médio do mar de 1910 a 1990. (A) Contribuições da expansão
térmica, de geleiras e calotas de gelo, Antártida e Groenlândia; (B) Faixa média do aumento do nível do mar em
resposta às mudanças climáticas (estimativa do impacto antropogênico). Fonte: Adaptado de IPCC (2001a).
Dados anuais de
média de 1961 a 1990
termômetros
0,0
0,0
0,5
Dados anuais de anéis de
árvores, corais, testemunhos de Curva média de 50 anos
gelo e registros históricos
1 ,0
1000 1200 1400 1600 1800 2000
Figura 16.2 Variações da temperatura da superfície terrestre ao longo dos (A) últimos 140 anos (Globo) e (B) ao
longo do último milênio (Hemisfério Norte). Fonte: Adaptado de IPCC (2001b).
Balanço de Radiação e Efeito Estufa
As mudanças climáticas podem ser atribuídas direta ou indiretamente às atividades humanas que
impactam e alteram a composição da atmosfera, mas resultam, sobretudo, de forças naturais externas,
como variáveis orbitais da Terra, emissão solar e outros processos naturais internos do sistema
climático terrestre. A influência relativa de fatores antropogênicos e naturais no clima pode ser
comparada, de um modo amplo, usando o conceito de forçamento radiativo (medido na unidade W/m2),
que simplesmente se refere a um processo que perturba o balanço de radiação entre a radiação recebida
do Sol e da radiação emitida pela Terra.
Para comparar as influências de fatores causadores de mudanças climáticas, o conceito expresso pelo
forçamento radiativo significa a “força” que, no caso de um forçamento radiativo positivo, resulta no
aquecimento relativo da superfície da Terra – por exemplo, devido ao aumento de gases do efeito estufa
(GEEs); ou, tratando‑se de um forçamento radiativo negativo, tende a provocar o resfriamento da
superfície da Terra – que pode surgir de um aumento de alguns tipos de aerossóis (IPCC, 2007a).
Concentração (ppb)
Concentração (ppb)
400 2000 330
1500
0,4
350
300
0,1
350 1500 300
1
1000 270
300
0,5
1000
500 240
300
0
0
0
500
250
Segundo o IPCC (2007b), o aquecimento observado desde 1950 sustenta as seguintes conclusões: é
extremamente improvável (com PO < 5%) que as mudanças climáticas globais possam ser explicadas
sem os forçamentos radiativos antrópicos; é muito provável (com PO > 90%) que esses efeitos não
sejam devidos somente a causas naturais. Durante esse período, a soma dos forçamentos das atividades
solares e vulcânicas provavelmente (com PO maior que 66%) teria produzido um resfriamento, e não
um aquecimento.
3
A quantidade dos GEEs é normalmente expressa em termos equivalentes da quantidade de dióxido de carbono (unidades: CO2equivalente [CO2eq];
toneladas de CO2eq [tCO2eq]), que considera o potencial de aquecimento global de cada GEE.
16.3.2 Mudanças Paleoclimáticas: Variabilidade Natural
A Paleoclimatologia representa o ramo do conhecimento que estuda o clima em escalas geológicas, da
ordem de décadas a milhões de anos atrás. Os elementos climáticos são indiretamente estimados, com
o uso de testemunhos de: gelo, anéis de árvores (Dendroclimatologia), sedimentos, fósseis, corais
(Esclerocronologia), rochas, entre outros (ver Oliveira et al. 2015). Diversos métodos contribuem na
reconstrução das condições climáticas na Terra no passado, ou seja, as determinações são feitas de
modo indireto. Apresentadas as causas recentes de mudanças climáticas, são elencados, na sequência,
em diferentes escalas temporais, os efeitos observados das variações do nível do mar e da temperatura
na superfície, ao longo do passado remoto da Terra.
0 (C)
(A) (B) 300
-80
-120 Nível do
-40 200
120 90 60 30
Milhares de anos atrás mar atual
Curva
100
-80 média
0
Nível do mar atual
Dados de -100
-120 testemunhos
-200
32 24 16 8 0 600 500 400 300 200 100 0
Milhares de anos atrás Milhões de anos atrás
Figura 16.4 Variações do nível médio relativo do mar. (A) Variações eustáticas durante o último ciclo glacial-
interglacial (últimos 120 mil anos). (B) Variações nos últimos 32 mil anos. (C) Variaçôes nos últimos 540 milhões de
anos (Fanerozoico). Fontes: gráficos (A) e (B) adaptados de IPCC (2007c) e gráfico (C) adaptado de Holland (2005).
0 (A)
1
Mundo Não-Glacial/Quente
f1 8O ‰
3
Tendência
4
Milhões de anos atrás Mundo Glacial/Frio
5
70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0
3,5
4,0
4,5
Milhares de anos atrás Período glacial
5,0
1.000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0
1
( C) Diferenças de Temperatura no Hemisfério Norte (°C)
0, 5
Flutuações
ΔT (°C)
0 Tendência
–0, 5
Ano (d.C.) Período de referência: 1961–1990
–1
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 160 0 180 0 20 00
Figura 16.5 Variações da temperatura terrestre em diferentes escalas temporais. (A) Resfriamento global nos
últimos 60 milhões de anos. (B) Eras glaciais periódicas nos últimos 600 mil anos. (C) Flutuações da temperatura nos
últimos 2.000 anos, com tendência de aquecimento nos últimos 150 anos. Fonte: Adaptado de Bartlein (2006).
alto baixo
‘‘quente’’ ‘ frio ’’
Temperatura
média terrestre
Cambriano Ordoviciano Silur. Devoniano Cabonífero Perm. Triássic. Jurássico Cretáceo Cenozoico
570 505 438 408 360 286 245 208 144 67 0
Milhões de anos atrás
Figura 16.6 Variações estimadas do nível eustático do mar e da temperatura global durante o Fanerozoico.
Fonte: Adaptado de Frakes et al. (1992).
i) Emissão da radiação. Fator primário, determinado pelas variações solares, como os ciclos
solares de Schwabe e outros.
ii) Recepção da radiação. Fator secundário, determinado pelas variações da posição da Terra
em relação ao Sol, como observado nos ciclos de Milankovitch.
iii) Reflexão, absorção e reemissão da radiação. Fator terciário, determinado pelas alterações
na atmosfera e na superfície terrestre.
Medições por satélites durante as décadas recentes indicam que as variações da radiação solar se
apresentam de forma periódica, fenômeno conhecido como o ciclo solar ou ciclo solar de Schwabe. Cada
ciclo solar, com duração de aproximadamente 11 anos, é caracterizado por uma oscilação no
surgimento e desaparecimento de manchas solares. Os períodos de atividades solares elevadas são
conhecidos por máximo solar, e os períodos de atividades reduzidas são denominados de mínimo solar.
A Figura 16.7 exibe os três últimos ciclos. Para estudar a variabilidade da radiação solar em escalas de
tempo maiores do que décadas, estimativas foram realizadas com base na correlação entre medições
feitas em testemunhos. O mais importante método é o registro do número de manchas solares, oriundo
de observações a olho nu desde 1610 (Figura 16.8). Retomando a Figura 16.7, nota‑se que existe alta
correlação entre as medidas de radiação (gráfico A) e o número de manchas solares (gráfico B).
A Figura 16.9 exibe a reconstrução, com base em datações radiométricas em anéis de árvores, do
número de manchas solares desde o ano 900 d.C., em termos de variação da concentração do isótopo
radiocarbono4 ( 14C). Nos últimos mil anos, observam‑se períodos de baixa atividade solar nomeados
de Mínimos de Maunder, Spörer, Wolf e Oort. O Mínimo de Maunder está possivelmente associado à
Pequena Era do Gelo, indicando uma correlação entre atividades solares e o clima terrestre global. Além
do ciclo de Schwabe, o Sol possui outros ciclos: ciclo de Hale, inversão da polarização magnética das
4
O radiocarbono é um testemunho que permite estimar as mudanças na atividade solar. A concentração do 14C na atmosfera é baixa durante os
máximos solares e elevada durante os mínimos solares. O eixo vertical da Figura 16.9 está invertido para que o mínimo da concentração de 14C
corresponda ao máximo do número de manchas solares.
manchas solares a cada 22 anos; ciclo de Gleissberg, de 88 anos; ciclo de Suess, de 208 anos; e ciclos da
ordem de 2 mil anos ou mais. A influência da radiação solar no clima é bastante significativa,
responsável pelas eras glaciais e interglaciais, conforme será apresentado no próximo item. Scafetta
(2010), por exemplo, afirma que 60% do aquecimento global observado desde 1970 pode ser devido a
causas naturais decorrentes dos ciclos solares de Schwabe e Hale, além do ciclo lunar de 9,1 anos e da
influência dos períodos orbitais de Júpiter e Saturno.
300
manchas solares
1368 (A) (B)
Radiação solar
Número de
total (W·m-2 )
1367 200
1366
100
1365
0
1980 1985 1990 1995 2000 2005 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Figura 16.7 Variações de: (A) radiação solar total e (B) número de manchas solares desde 1978.
Fonte: Adaptado de Schöll et al. (2007).
manchas solares
200
Mínimo de Maunder
Mínimo de Dalton
Mín. de 1900
Número de
150
100
50
0
1600 1650 1700 1750 1800 1850 1900 1950 2000
Figura 16.8 Variação do número de manchas solares desde 1610. Fonte: Adaptado de Beer et al. (2000).
Máximo Medieval Máximo
-20 Moderno
Δ14C (‰)
-10
Mínimo de
0 Ort
Mínimo de
10 Wolf
Mínimo de
20 Spörer Mínimo de Maunder
1000 1200 1400 1600 1800 2000
Figura 16.9 Reconstrução das atividades solares passadas para os últimos 1.100 anos, em termos de
concentração de radiocarbono atmosférico. Fonte: Adaptado de Reimer et al. (2004).
24,5°
23,5°
Eixo
21,5°
Eixo
Sol
Direção de
rotação
Órbita
Figura 16.10 Variações orbitais terrestres: (A) excentricidade orbital; (B) inclinação do eixo terrestre;
(C) precessão dos equinócios. Fonte: Adaptado de Harper (2007).
A excentricidade orbital muda conforme ciclos de 100 mil anos, variando de mais circular para mais
elíptica e, depois, voltando a ser circular (Figura 16.10‑A). A Terra gira ao redor de um eixo que forma
atualmente um ângulo de 23,5° em relação ao plano de rotação. O ângulo da inclinação axial não é
constante, variando de 21,5° a 24,5° durante um período de 41 mil anos (Figura 16.10‑B). Devido ao
fenômeno conhecido como precessão dos equinócios, a Terra oscila em movimento análogo ao de um
pião. O eixo de rotação oscila e completa um círculo a cada 26 mil anos (Figura 16.10‑C). O efeito dos
três parâmetros orbitais é claro quando os extremos se combinam: na órbita mais excêntrica possível,
a precessão coloca a Terra muito longe do Sol durante o inverno; quando o ângulo do eixo é máximo
(24,5°), então os invernos são muito frios e os verões, muito quentes. Além da quantidade total de luz
solar que atinge a superfície da Terra, as variações da órbita mudam a distribuição da radiação no globo.
Milankovitch5, ao estudar dados astronômicos e a quantidade de insolação, conseguiu prever que
mudanças cíclicas induziriam eras glaciais. Com menor radiação solar durante os meses de verão, o
derretimento da neve de inverno diminui nas altas latitudes. Assim, ao longo de milhares de anos, o
acúmulo de neve provoca o aumento das geleiras que, por fim, produzem uma idade do gelo. Os cálculos
de Milankovitch foram aperfeiçoados e comparados com resultados paleoclimáticos recentes. De fato,
comprovou‑se um ciclo de ocorrência intercalada de eras glaciais e interglaciais, fenômenos periódicos
denominados ciclos de Milankovitch, conforme ilustrado na Figura 16.11.
( A)
24
ε (graus)
23
0,05 22
( B)
e
( C) 0,025
e·sen(w)
0
0
Q (W·m )
0,025
-2
550 ( D)
500
dia
3
Δ C (‰)
450
14
4
(E)
Δ T (°C)
0 5
-4
-8 (F)
800 700 600 500 400 300 200 100 0
Milhares de anos atrás
5
O matemático sérvio Milutin Milankovitch (1879‑1958) passou 30 anos pesquisando as mudanças nas características orbitais da Terra e sua
influência sobre a quantidade de radiação solar, influência que se tornou a teoria plausível mais aceita atualmente para a ocorrência das glaciações.
Figura 16.11 Parâmetros orbitais e ciclos de Milankovitch no passado e futuro. (A) ε é inclinação axial; (B) e é a
excentricidade; (C) ω é a longitude do periélio e esen(ω) é o índice de precessão; (D) Qdia é a radiação média de
insolação no topo da atmosfera; (E) reconstrução do nível do mar; (F) reconstrução da variação da temperatura
global. O zero na escala de tempo corresponde ao ano 2000 d.C. Fonte: Adaptado de Fiedler (2009).
CO2(ppmv)
260
240
Temperatur a (°C)
2 220
0 200
(B)
–2
–50
400 350 300 250 200 150 100 50 0
Milhares de anos atrás
Figura 16.12 Ciclos de Milankovitch indicando períodos glaciais e interglaciais, conforme registrado em
testemunhos de gelo de Vostok. (A) Variações de CO2; (B) Variações da temperatura isotópica da atmosfera; e (C)
Variações da insolação, em meados de junho, na latitude 65ºN. Fonte: Adaptado de Petit et al. (1999).
6
A solubilidade do CO2 nos oceanos varia inversamente proporcional à temperatura, ou seja, há evidências de que o aumento (redução) de
temperatura do ar cause o aumento (redução) das concentrações de CO2 na atmosfera. Em outros termos, o CO2 acompanha a temperatura e não o
contrário. A concentração de CO2 na atmosfera é diretamente proporcional à temperatura na atmosfera: no equilíbrio químico do gás carbônico, quanto
maior a temperatura terrestre, menos gás será solubilizado nos oceanos na forma de ácido carbônico (H2CO3), e, portanto, maior será a concentração
desse gás na atmosfera.
Além das causas antropogênicas, as variações das concentrações dos aerossóis também são provocadas
por eventos naturais, como as atividades vulcânicas (Fig. 16.13), e pela colisão de asteroides e cometas.
A atividade vulcânica explosiva pode projetar grandes quantidades de partículas e gases na atmosfera.
A principal contribuição dos vulcões resulta das cinzas estratosféricas e vapores de ácido sulfúrico
(H2SO4), que rapidamente se condensam e formam aerossóis de sulfato. Erupções vulcânicas podem
produzir anomalias significativas na temperatura, da ordem de décimos de °C. São bem conhecidos os
efeitos climáticos das grandes, mas pouco frequentes, erupções vulcânicas explosivas – como as do
Monte Tambora (1815), Krakatoa (1883), El Chichón (1982) e Monte Pinatubo (1991). A erupção do
Monte Pinatubo resultou em resfriamento global de 0,5 °C. Em consequência da maior erupção
vulcânica recente, a do Monte Tambora, o resfriamento foi tão intenso que 1816 ficou conhecido como
o “Ano Sem Verão”.
0,15
Variação Profundidade
Pinatubo
(A) Tambora El Chichón
0,10 Krakatoa
ótica
0,05
0
temp. (°C)
(B)
-0,2
-0,4
Com menor frequência ainda, erupções vulcânicas de elevada magnitude já causaram impactos
drásticos e duradouros no clima terrestre. Há 73 mil anos, o supervulcão Toba, situado a norte da ilha
de Sumatra, na Indonésia, foi a maior erupção dos últimos 2 milhões de anos. Cerca de 1% da superfície
terrestre ficou coberta por 10 cm de cinzas vulcânicas. O sulfato vulcânico produzido na megaerupção
causou a queda de 10 °C no verão em altas latitudes, além de um inverno vulcânico de seis anos, seguido
por um período de resfriamento de 1.800 anos.
Outra causa externa de mudanças climáticas é a colisão de asteroides ou cometas com a superfície
terrestre. Um exemplo notável é a cratera de Chicxulub, soterrada a sul da Península de Yucatán,
México. A cratera, de quase 200 km de diâmetro, é indício do impacto de um grande asteroide ou cometa
(com cerca de 10 km de diâmetro) que colidiu há 65 milhões de anos, causando evento devastador na
história da vida na Terra. Mais da metade das espécies no planeta foram extintas. Alguns pesquisadores
consideram que ela determinou o fim da era dos dinossauros. A energia do impacto foi um bilhão de
vezes maior que a bomba atômica de Hiroshima. Além dos efeitos colaterais imediatos na superfície –
incêndios globais, terremotos, tsunamis de mais de 100 metros e inundações em regiões 20 km
continente adentro –, efeitos ambientais catastróficos foram causados pela alteração drástica do
sistema climático e pela escuridão prolongada gerada pela poeira e pelas cinzas liberadas no impacto.
O chamado inverno de impacto7 é causado pelos aerossóis de sulfato. O cenário de escurecimento total
da superfície pode ter durado vários meses após o impacto. A intensidade de luz pode ter sido tão baixa
que a fotossíntese cessou em grande parte da Terra. O resfriamento global pode ter perdurado entre
anos até décadas, com a redução de 10 °C na temperatura da superfície.
7
Além do inverno vulcânico e do inverno de impacto, a possibilidade de ocorrência de uma guerra nuclear mundial durante a Guerra Fria (retratado
no filme “O Dia Seguinte” – “The Day After”, 1983) favoreceu o surgimento do termo inverno nuclear na época. As explosões das bombas nucleares
produziriam efeitos semelhantes de resfriamento global por causa das fuligens e aerossóis. Poderiam ocorrer quedas, de curto prazo, de 15 °C a 25
°C da temperatura.
Outras Causas Naturais de Mudanças Climáticas
Além das três principais causas naturais de mudanças climáticas – variações solares, orbitais e da
composição da atmosfera causadas por atividades vulcânicas e impactos de asteroides – existem outras
causas naturais que afetam o clima em diferentes escalas têmporo‑espaciais. Brevemente descritas a
seguir8, destacam‑se as seguintes causas: El Niño – Oscilação Sul (ENOS); circulação termohalina;
magnetismo terrestre e inversões magnéticas; raios cósmicos; e tectonismo.
O El Niño – Oscilação Sul (ENOS) é um fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico, cuja influência sobre o
clima pode ser verificada globalmente. O ENOS é caracterizado pelo aquecimento periódico (fase
denominada El Niño), em média a cada cinco anos, das águas superficiais no Oceano Pacífico tropical
oriental. Sua fase de resfriamento é denominada de La Niña. O ENOS pode ser um dos principais
condutores de anomalias de temperatura, não só nos trópicos, mas representando também uma
influência dominante e consistente na escala global. Em decorrência do ENOS, o sistema Terra‑
atmosfera pode sofrer variações de temperatura de cerca de 1,5 °C entre suas fases fria e quente.
A circulação termohalina é um componente‑chave do sistema climático. Conduzido pelos diferentes
gradientes de densidade criados pelo calor da superfície e pelos fluxos de água doce, o mecanismo de
correntes oceânicas transporta grandes quantidades de calor e sal do equador aos polos, conforme
visto no Capítulo 9. Uma mudança na força da circulação termohalina poderia levar a grandes mudanças
climáticas regionais e globais. Algumas pesquisas sobre o colapso da circulação termohalina indicaram
resfriamento do hemisfério norte. A diminuição da circulação, em cerca de 30%, poderia implicar na
redução de 4 °C da temperatura média na Europa, provocando uma pequena era do gelo. Contudo,
outros pesquisadores acreditam que tais efeitos seriam exagerados9. Portanto, ainda não está clara qual
a relação do clima com uma possível tendência de enfraquecimento da circulação termohalina.
O magnetismo terrestre e sua influência no clima é objeto de pesquisas recentes. A correlação entre
geomagnetismo e clima pode estar associado a variações do campo magnético e consequente evolução
da radiação solar. Parece existir uma possível correlação entre as variações entre a temperatura média
e as variações no campo geomagnético. Todavia, a correlação aparente não é por si só suficiente para
demonstrar uma conexão de causa e efeito. Relacionadas ao magnetismo, as inversões magnéticas, em
uma escala de tempo geológico, podem estar associadas às glaciações. O aumento do volume do gelo
nas calotas polares reduziria o momento de inércia terrestre e interromperia a geração do campo
magnético. Entretanto, tais mecanismos ainda não estão bem compreendidos ou aceitos como uma
hipótese totalmente válida.
A influência de raios cósmicos no clima terrestre tem sido verificada por vertente recente de estudos
que relacionam a Climatologia com a Astronomia: a Cosmoclimatologia. Pesquisas sugerem que a
intensidade da incidência de raios cósmicos na atmosfera terrestre é estreitamente relacionada às
variações de cobertura global de nuvens. As nuvens refletem a entrada e saída de radiação e, portanto,
desempenham papel importante no balanço de radiação da Terra. Em escalas de tempo muito mais
longas, parece existir correlação entre as variações na intensidade de raios cósmicos, causadas pela
passagem do Sistema Solar pelos braços espirais da Via Láctea, e as variações no clima da Terra no
último bilhão de anos. A Figura 16.14 ilustra a possível correlação: os modos quentes e frios do clima
na Terra podem estar associados à influência dos raios cósmicos.
8Para mais detalhes sobre as diferentes causas naturais de mudanças climáticas, consultar Oliveira et al. (2017).
9
A interrupção fictícia da Corrente do Golfo inspirou o filme “O Dia Depois de Amanhã” (“The Day After Tomorrow”, 2004). Pesquisadores da área afirmam
que as mudanças drásticas do clima retratadas no filme, em que Nova York é instantaneamente congelada, são mera fantasia.
Sagittarius-Carina Scutum-Crux Norma Perseus Sagittarius-Carina Scutum-Crux Norma
GALÁCTICO
Braços Espirais
Braços espirais (A)
da Galáxia
FRC/FRC-hoje
1,4 1,4
1,0 Fluxo atual 1,0
0,6 0,6 (B)
0,2 Fluxo médio 0,2
4 0º
2 Temperatura 30º Distribuição paleolatitudinal de
(C)
METEO- PALEOCLIMÁTICO
0
-2 tropical (ºC) 60º detritos transportados pelo gelo
-4 90º
Quente
Quente
Quente
Quente
Quente
Quente
Quente
FRIO
FRIO
FRIO
FRIO
FRIO
FRIO
FRIO
(D)
Qualitativo
Glaciações
Gel ado
(E)
RÍTICO
2
1 2
1
(F)
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Milhões de anos atrás
Figura 16.14 Raios cósmicos e eras glaciais na Terra. (A) Passagens pelos braços espirais da Galáxia; (B) Fluxo de
Raios Cósmicos (FRC) atingindo o Sistema Solar; (C) Curva denota a temperatura na superfície oceânica tropical
relativamente aos dias atuais, e as áreas preenchidas expressam a distribuição paleolatitudinal de detritos
transportados pelo gelo; (D) e (E) Descrição qualitativa das Eras de Gelo; (F) Histograma de épocas de exposição a
meteoros, que se concentram em épocas com menor fluxo de raios cósmicos. Fonte: Adaptado de Shaviv (2003).
O tectonismo, com movimentações na escala de milhões de anos, pode causar mudanças nos padrões
da circulação atmosférica e da circulação oceânica. As correntes oceânicas dependem da geometria dos
oceanos e esta é controlada pela Tectônica de Placas. Assim, o movimento das placas determina a
distribuição de massas de terra, montanhas e até mesmo a conectividade dos oceanos, devido à
formação e separação de continentes, que, ocasionalmente, podem formar um supercontinente
contendo todas as terras ou parte delas. Esse é o ciclo dos supercontinentes, com duração de 300 a 500
milhões de anos. No último bilhão de anos, identifica‑se a formação e dissolução de três grandes
supercontinentes: Rodínia (1000‑750 milhões de anos atrás – Ma.), Gondwana (650‑550 Ma.) e Pangeia
(450‑250 Ma.). A configuração atual resulta da dissolução de Pangeia. A divisão dos continentes induz
um processo cíclico de fechamento e reabertura dos oceanos ao longo de praticamente as mesmas
zonas. A abertura e fechamento de bacias oceânicas constituem os ciclos de Wilson.
(galác ticos/tectônicos)
9
10 10
-9
Ano gal áctico - Órbita do sistema solar ao redor do centro da Via Láctea
Superciclos
200-500 Ma.
8
10 10-8
Oscilação vertical do sistema solar no plano galáctico 30-60 Ma. (Impactos de asteroides)
7
10 10-7
Ciclos orbitais
(Milankovitch)
105 100 ma. (Excentricidade orbital) 10-5
Frequência (ciclos/ano)
40 ma. (Inclinação axial)
20 ma. (Precessão dos Equinócios)
104 10-4
Período (anos)
(solares, atmosférico-oceânicos)
1,5 ma. (Eventos de Dansgaard-Oeschger)
Ciclos do Holoceno
103 Ciclos milenares 10
-3
1
10-20 a. ( OIP - Oscilação Interdecadal do Pacífico)
10 Ciclos decadais 10-1
5 anos ( ENOS - Oscilação El Niño – Oscilação Sul)
2-2,5 a. ( OQB - Oscilação Quase-Bienal)
0
10 Ciclos anuais 1 ano 100
6 meses (Ciclos intra-estações - verão/inverno)
Mudança da temperatura
RCP8.5 0,8
média global (°C)
4 RCP8.5
100 RCP6.0 RCP8.5
do m ar (m)
Emissões 0,6
históricas
RCP8.5
2
RCP8.5
0,4
RCP6.0
RCP4.5
0
RCP6.0
RCP4.5
RCP2.6 0
RCP2.6
RCP2.6
nível do m ar (m)
Diferença do
0, 4
0 ,1
0, 8
0 ,2
1850 1900 1950 2000 1850 1900 1950 2000
Figura 16.17 Mudanças, desde 1850: (A) das anomalias de temperatura média global superficial (combinando
continentes e oceanos); (B) das anomalias do nível médio do mar. Fonte: IPCC (2014).
Onça (2008) relata detalhadamente o histórico e motivos da controvérsia do Taco de Hóquei: os dados empregados pelos
autores do gráfico continham erros e extrapolações injustificadas, dados obsoletos, cálculos de componentes principais
incorretos, localizações geográficas incorretas, entre outros. Segundo a autora, a forma do gráfico resulta de uma rotina de
programação que atribuiu peso maior a séries de dados de testemunhos de anéis de árvores nas variáveis em comparação
com séries mais homogêneas. Por exemplo, uma série de dados recebeu peso 390 vezes maior do que o da série de menor
peso. As manipulações estatísticas invalidariam as alegações de que o século XX, as décadas recentes e os últimos anos teriam
sido os mais quentes do milênio. Uma reconstrução alternativa de temperatura, com base na média de 18 testemunhos de
12 locais em todo o Hemisfério Norte (Figura 16.18), exibe curva bem diferente do Taco de Hóquei. A variabilidade natural
do clima observada no último milênio indica que os períodos quentes e frios coincidem com eventos conhecidos na história
humana. Ou seja, o gráfico do Taco de Hóquei ignorou o Período Medieval Quente e a Pequena Era do Gelo.
0,6
Período Medieval
Quente
0,4
temperatura (°C)
Diferença de
0,2
0
Pequena Era
do Gelo
-0,2 Vikings chegam
à Groenlândia
-31
-32
-2000 0 2000
-35
-2
-40
-4
-45 -6
-50 -8
-40000 -20000 0 -400000 -200000 0
Figura 16.19 Perspectiva histórica do aquecimento global. Curvas em cinza: reconstruções da temperatura na
Groenlândia [gráficos de (A) a (E)] e na Antártida [gráfico (F)]. Reta preta: aproximação do aquecimento global dos
últimos 150 anos. Comparação nas escalas dos: (A) 600 anos; (B) 5 mil anos – ma.; (C) 9 ma.; (D) 11 ma.; (E) 60 ma.; e
(F) 450 ma. Fonte: elaborado com dados (Groenlândia) de Petit et al. (2001); e dados (Antártida) de Alley (2004).
É possível notar, na Figura 16.19‑A, que os valores dos registros instrumentais são relativamente
superiores às variações observadas no período analisado nessa escala temporal, desde o ano 1400,
evidenciando um formato do gráfico semelhante com o do Taco de Hóquei. Já na Figura 16.19‑B,
observa‑se o Período Quente Medieval (pico próximo ao ano 1.000), e a magnitude das medições
instrumentais é diminuída de acordo com a nova escala de temperatura adotada. Conforme aumenta‑
se a escala temporal, percebe‑se que as variações de temperatura observadas pelos instrumentos
adquirem uma magnitude menor em relação à série exibida. Nos gráficos (B), (C) e (D), os registros
instrumentais parecem apenas fazer parte das oscilações normais que o clima apresentou no decorrer
do tempo passado. Nos gráficos (E) e (F), essa variação torna‑se quase imperceptível diante das
enormes variações de temperatura, especialmente ao analisar sob a perspectiva da escala de
temperatura na amplitude de cerca de 10 °C entre os períodos glaciais e interglaciais. O exemplo ilustra
a relativa magnitude das mudanças nos valores atuais de temperatura da Terra em comparação com
mudanças já ocorridas.
10
Na essência, as inevitáveis controvérsias em torno das mudanças climáticas são frutos da disputa de diferentes interesses nas esferas científica,
política, econômica, jornalística e midiática, aspectos discutidos por Oliveira (2010), Capítulo 7.
NIPCC é um painel internacional, criado em 2007 por cientistas e estudiosos, não vinculados a agências
ou órgãos do governo, dispostos a oferecer uma “segunda opinião” das evidências utilizadas pelo IPCC.
Examinando as evidências originais utilizadas pelo IPCC, e também explorando artigos de pesquisa
ignorados pelo IPCC, o NIPCC chega a conclusões diferentes, cujas publicações mostram que: (a) o
aquecimento global do século XX foi moderado e tem precedentes; (b) seu impacto sobre a saúde
humana e a biodiversidade pode ser positivo; (c) o dióxido de carbono pode não ser, provavelmente, o
principal fator determinante das mudanças climáticas. Documentos do NIPCC sugerem ter havido
manipulação por representantes governamentais com a finalidade de transmitir uma visão clara da
influência humana no AG, desvalorizando completamente outros fatores. A contribuição das mudanças
na atividade solar, segundo os autores do NIPCC, predomina sobre qualquer influência humana.
Longe de esgotar o tema ou de contrapor argumentos a dados científicos sobre a questão do
aquecimento global antropogênico, este capítulo descreve componentes naturais que interferem no
clima. Apesar de existir volume imenso de informações sobre a influência humana no clima, espera‑se
que uma análise ponderada seja a mais sensata na discussão das mudanças climáticas.11
• Eventos climáticos gerais. Mudanças nos regimes de precipitação; aumento dos eventos climáticos
extremos e dos desastres naturais, como secas e escassez de água, chuvas intensas, tempestades,
furacões, ondas de calor, inundações, deslizamentos de terra, incêndios florestais.
• Impactos nos ecossistemas polares. Derretimento de geleiras e calotas polares; efeitos deletérios em
muitos organismos, inclusive pássaros migratórios, mamíferos (por exemplo, ursos polares) e
predadores em posições elevadas da cadeia alimentar.
• Impactos nos ecossistemas costeiros e marinhos. Acidificação dos oceanos (Capítulo 13) e
consequente branqueamento de recifes de corais, ou até mesmo sua mortalidade generalizada;
mudanças regionais na distribuição e produção de determinadas espécies de peixes, com efeitos
adversos para a pesca e a aquicultura; aumento da exposição à erosão costeira, em consequência da
elevação do nível do mar; deslocamentos populacionais nas zonas litorâneas; desaparecimento de
ilhas; perda de cerca de 30% das terras úmidas litorâneas do globo.
• Impactos nos ecossistemas terrestres. Extinção de certas espécies de fauna e flora incapazes de se
adaptarem às mudanças do clima, com aumento do risco de extinção de aproximadamente 20% a
30% caso os aumentos da temperatura global média ultrapassem de 1,5 °C a 2,5 °C; proliferação de
insetos; favorecimento de surgimento de espécies invasoras exóticas; detrimento e desaparecimento
de espécies nativas ou, até mesmo, deslocamento espacial de plantas e migração de animais; retração
e savanização da floresta amazônica, com potencial de enfraquecimento do ciclo hidrológico
regional; redução da absorção líquida de carbono pelos ecossistemas terrestres; grandes mudanças
na estrutura e na função do ecossistema e nas interações ecológicas e distribuições geográficas das
11
Para os interessados em se aprofundar nas polêmicas das mudanças climáticas, recomenda‑se, como leitura complementar, as publicações
acadêmicas (teses e dissertações) de Onça (2007, 2011) e Oliveira (2010); os livros de Baptista (2009), Maruyama (2009), Lino (2010) e
Molion (2014); e os artigos de Felício (2014) e Oliveira et al. (2015; 2017).
espécies, com consequências predominantemente negativas para a biodiversidade e bens e serviços
do ecossistema, por exemplo, a oferta de água e alimento.
• Impactos no ciclo hidrológico. Redução da disponibilidade de água; redução do potencial de geração
hidrelétrica; aumento das secas nas latitudes médias e nas latitudes baixas semiáridas; aumento das
pessoas expostas ao risco de escassez de água; salinização e desertificação das terras agrícolas.
• Impactos nos ambientes urbanos Mortes associadas a eventos extremos como inundações e
deslizamentos de terra.
• Impactos nos ambientes rurais. Redução da produtividade de culturas e aumento do risco de fome.
• Impactos na saúde humana. Aumento da propagação de certas doenças infecciosas, em especial
aquelas de transmissão vetorial (por exemplo, malária), com reservatórios animais em sua cadeia de
transmissão, e as de veiculação hídrica (por exemplo, diarreia) ou alimentar; aumento do número de
casos de mortes causadas pelas ondas de calor ou outros eventos extremos como furacões e
inundações; ônus substancial nos serviços de saúde; as mudanças climáticas podem trazer alguns
benefícios, como menos mortes por exposição ao frio.
• Impactos econômicos. Aumento de perdas materiais de infraestrutura geral das cidades
(alagamentos de ruas e desmoronamentos de casas) e no campo (redução da produtividade na
agricultura e na pecuária).
Além dos impactos citados, é preciso fazer uma leitura crítica em relação a certos efeitos ultimamente
divulgados. A mídia, em geral com pouco rigor científico, tem difundido notícias que relacionam o
aquecimento global com efeitos exagerados12. Conclui‑se que qualquer mera “coincidência” nas
covariações não pode ser confundida com correlações, que são relações de causa e efeito
intrinsecamente conectadas, envolvendo variáveis interdependentes.
12
O sensacionalismo –geralmente utilizado para ganhar audiência e chocar os espectadores – reforçado pelo alarmismo e catastrofismo, é um
recurso bastante comum em notícias relacionadas às mudanças climáticas. Algumas notícias sensacionalistas sobre AG podem ser lembradas:
aumento do terrorismo; queda de aviões; aumento do risco de colisões de asteroides; aumento de casos de morte por câncer; canibalismo em massa;
insônia em crianças; declínio de circuncisões; ataques de puma; aumento da criminalidade; depressão; aumento dos suicídios; danos à saúde de
cães; mudanças no eixo da Terra; desastre no mundo da moda; mudanças genéticas; infartos; redução da fertilidade humana; indigestão; fim das
Olimpíadas; aumento da prostituição; aumento do avistamento de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs); onda de estupros; guerra nuclear;
aumento da quantidade de lixo espacial; disfunções sexuais; terremotos; erupções vulcânicas; tsunamis; desemprego; casamentos precoces;
epidemia de AIDS, entre outros. A postura sensacionalista e alarmista de veículos de mídia resulta em uma exposição contínua a histórias
assustadoras sobre aquecimento global na mídia popular, leva o público a manifestar altos níveis de ansiedade e, eventualmente, podendo implicar
uma síndrome social denominada de “eco‑ansiedade”, conforme relatam Oliveira et al. (2016). Para mais detalhes sobre a interação dos meios de
comunicação com a Ciência, consultar Oliveira (2010), Capítulo 7.
Protocolo de Quioto, que constituiu a primeira iniciativa global com metas quantitativas de redução
das emissões ou captura (“sequestro de carbono”) dos GEEs. O Protocolo de Quioto estabeleceu metas
obrigatórias de redução de emissões de GEEs para 37 países desenvolvidos e para a Comunidade
Europeia. As metas equivalem a uma média de 5% de redução das emissões, em comparação aos níveis
de 1990, durante período de cinco anos (2008‑2012). O Protocolo, tendo sido foi ratificado por 182
países, teve a primeira fase iniciada em 2008 e terminada em 2012.
• COP‑18: realizada em Doha, capital do Catar, a conferência de 2012 foi responsável por
estabelecer uma prorrogação do Protocolo de Quioto, ficando conhecida como Emenda de Doha. O
segundo período de compromissos do Protocolo iniciou‑se em 2013 e tem a previsão de término em
2020. Até 2016, somente 66 países ratificaram a Emenda.
• COP‑21: a conferência realizada em Paris, em 2015, culminou no Acordo de Paris¸ o qual
estabeleceu mecanismos de financiamento para medidas de mitigação e adaptação a partir do ano
2020. Até 2018, 195 membros da CQNUMC assinaram o acordo, e 175 o ratificaram. O Acordo
estabeleceu um compromisso de manter o aumento da temperatura global neste século abaixo de 2
°C em relação aos níveis pré‑industriais, mas envidando esforços para limitar o aumento da
temperatura em até 1,5 °C. No Acordo de Paris, cada país determina, planeja e reporta periodicamente
sua própria contribuição que deve fazer para mitigar o aquecimento global, não havendo um
mecanismo específico e obrigatório para forçar o país a definir metas ou prazos específicos.
i) Redução de 80% dos índices anuais de desmatamento na Amazônia Legal em relação à média
verificada entre os anos de 1996 e 2005;
ii) Redução de 40% dos índices anuais de desmatamento no bioma Cerrado em relação à média
verificada entre os anos de 1999 e 2008.
O Brasil é o quarto maior emissor de GEEs no mundo. Ao contrário dos países desenvolvidos, nos quais
a principal fonte de emissão é o uso para fins energéticos com base em combustíveis fósseis, a maior
parcela das emissões líquidas brasileiras de CO2 provém da mudança do uso da terra, em particular da
conversão de florestas (desmatamento) para outros usos. As emissões referentes à mudança do uso da
terra e de florestas totalizaram, em 2005, 1.790.368 toneladas de CO2, o que representou 83% das
emissões nacionais desse gás. As emissões brasileiras estão detalhadas na Terceira Comunicação
13
A governança da PNMC previu como alguns instrumentos como o Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC) e a Rede Brasileira de Pesquisas
sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima).
Nacional14 submetida à CQNUMC.
A partir das políticas, planos e programas, as ações decorrentes são classificadas de acordo com duas
principais categorias, sendo elas as ações de mitigação e as ações de adaptação.
Ações de Mitigação
A PNMC conceitua mitigação como as mudanças e substituições tecnológicas que reduzam o uso de
recursos e as emissões por unidade de produção, bem como a implementação de medidas que reduzam
as emissões de GEEs e aumentem os sumidouros. A mitigação é uma das estratégias de resposta à
mudança do clima realizada por meio da redução de emissões.
Na PNMC, estão incluídas diversas ações específicas de mitigação (em ordem decrescente de
contribuição relativa, em %, da redução das emissões): redução do desmatamento na Amazônia
(55,5%); redução do desmatamento no Cerrado (10,2%); recuperação de pastos e terras degradadas
(9,3%); expansão da oferta de energia por usinas hidrelétricas (8,8%); incremento do uso de
biocombustíveis (5,5%); uso de fontes alternativas de energia (3,0%); integração lavoura‑pecuária
(2,0%); incremento do plantio direto na agricultura (1,8%); fixação biológica de nitrogênio na
agricultura (1,8%); aumento da eficiência energética (1,4%); e substituição do carvão de
desmatamento na siderurgia (0,9%).
No âmbito mundial, nas Conferências das Partes têm sido debatidos os meios pelos quais serão
atingidas as metas do Protocolo de Quioto, discutindo‑se os Mecanismos de Flexibilização como:
i) Comércio Internacional de Emissões (CIE), que permite aos países que possuem metas (listados
no Anexo I da CQNUMC) a transferência do excesso de suas reduções para países Anexo I que não
atingiram.
ii) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e a respectiva Redução Certificada de Emissões
(RCE), popularmente chamados de Créditos de Carbono, que incentiva países que não possuem metas
(que não estão listados no Anexo I da CQNUMC, denominados de “não Anexo I”) a desenvolver
projetos de redução e/ou captura dos GEEs em troca do recebimento de créditos dos países do Anexo
I, para que estes cumpram suas metas. Os créditos podem ser negociados e vendidos no mercado
financeiro, constituindo assim o Mercado de Carbono.
iii) Implementação Conjunta (IC), mecanismo análogo ao MDL, mas com a distinção de incentivar
projetos de redução ou captura de GEEs em países Anexo I.
iv) Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+), mecanismo que visa a reduzir
as emissões GEEs por meio da valoração e conservação dos recursos florestais e da biodiversidade.
Por meio desse instrumento de incentivos financeiros, com a redução do desmatamento e da
degradação florestal promove‑se o aumento de cobertura florestal e de estoques de carbono.
O Fundo Amazônia constituiu a primeira experiência internacional de acordo com os moldes do REDD.
Criado pelo Decreto no 6.527 de 1 de agosto de 2008, o Fundo capta recursos, por meio do BNDES, para
projetos e ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da
conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal, representando, assim, uma iniciativa brasileira
que contribui para a mitigação de emissões de GEEs. Em 2015, por meio do Decreto nº 8.576, de 26 nov.
2015, foi definida a “Estratégia Nacional para Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa
Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal, Conservação dos Estoques de Carbono
Florestal, Manejo Sustentável de Florestas e Aumento de Estoques de Carbono Florestal ‑ ENREDD+”,
publicada em 2016.
14
Ver “Sugestões de Leitura Complementar”.
Ações de Adaptação
A adaptação é uma resposta à mudança do clima, no esforço para a prevenção a possíveis danos e
exploração de eventuais oportunidades benéficas. Ao contrário do que ocorre na mitigação, os
benefícios resultantes desses ajustes são locais e de curto prazo. O conceito está estreitamente ligado
ao da vulnerabilidade, que é o grau de suscetibilidade e incapacidade de um sistema em lidar com os
efeitos adversos da mudança do clima, entre os quais a variabilidade climática e os eventos extremos.
As principais medidas de adaptação são: o fortalecimento dos sistemas e órgãos de defesa civil; a
conservação de ecossistemas; o gerenciamento de zonas costeiras vedando o estabelecimento de novas
zonas residenciais em áreas sujeitas ao aumento do nível do mar; o gerenciamento de riscos na
agricultura e pesquisas com grãos mais resistentes ao aumento da temperatura; o aprimoramento dos
sistemas de vigilância para o avanço de doenças causadas por vetores que são beneficiados pelo
aumento médio da temperatura como a dengue; e a construção de diques em áreas vulneráveis.
No Brasil, a Portaria nº 150, do Ministério do Meio Ambiente, de 11 mai. 2016, estabeleceu o Plano
Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA). Além desse plano, existe o Fundo Nacional sobre
Mudança do Clima (Fundo Clima), criado pela Lei no 12.114, de 09 dez. 2009, e regulamentado pelo
Decreto no 7.343, de 26 out. 2010, tendo como finalidade assegurar recursos para o apoio a projetos ou
estudos, e a financiamento de empreendimentos que visem à mitigação da mudança do clima bem como
à adaptação à sua mudança e aos seus efeitos.
Tecnologias
No campo das soluções tecnológicas, as medidas de redução de emissões buscam a independência dos
combustíveis fósseis, sendo baseadas na substituição por tecnologias “mais limpas” e energias
renováveis: eólica, solar, hidráulica, geotérmica, de biomassa e das marés (consulte o Capítulo 26). Há
também soluções tecnologicamente mais ousadas, como o emprego de técnicas de geoengenharia:
i) Controle da radiação solar pela reflexão da luz solar. Redução da radiação por meio de
instalação de espelhos no espaço; uso de aerossóis estratosféricos, com aplicação de sulfatos; reforço
do albedo das nuvens; e incremento do albedo da superfície terrestre por meio da instalação de
telhados brancos nas edificações, por exemplo.
ii) Captura e armazenamento de carbono (CCS, do inglês Carbon Capture and Storage). Remoção
de dióxido de carbono por meio da captura do carbono da atmosfera, ou “árvores artificiais”;
sequestro de carbono por meio de bioenergia; fertilização do oceano com o lançamento de ferro para
estimular algas que capturam o CO2 do ar; e armazenamento de carbono no solo ou nos oceanos.
Embora pareçam promissoras, as técnicas emergenciais de geoengenharia apresentam riscos e efeitos
colaterais desastrosos. Por exemplo, o lançamento de aerossóis na estratosfera poderia acumulá‑los
nos trópicos, reduzindo as monções asiáticas; haveria seca na região e prejuízos na agricultura; a
fertilização dos oceanos pode trazer a proliferação de algas que produzem compostos tóxicos a outros
organismos marinhos; os gases armazenados no solo e oceanos poderiam vazar e causar danos. Logo,
pesquisas estão sendo desenvolvidas para viabilizar técnica e economicamente projetos em larga
escala, bem como reduzir os riscos associados às técnicas de geoengenharia.
Dióxido de carbono é o principal gás de GEE antropogênico, com 8% do efeito estufa natural.
A mudança climática se deve a causas naturais e humanas. As causas naturais incluem variações de:
emissões solares; parâmetros orbitais terrestres; atmosfera e superfície terrestre causadas por
atividades vulcânicas e colisão de meteoritos e cometas; El Niño – Oscilação Sul (ENOS); circulação
termohalina; raios cósmicos; vulcanismo e tectonismo. As causas antrópicas incluem: aumento das
emissões de GEEs; alteração do uso do solo e emissão de aerossóis.
A discussão sobre prováveis causas do aquecimento global recente é acalorada. Para adeptos do IPCC,
as causas antropogênicas são determinantes. Os cientistas céticos, como os do NIPCC, afirmam que a
influência dos fatores naturais é muito superior à da contribuição humana.
Os principais impactos do aquecimento global são: expansão da área afetada pelas secas, chuvas
intensas, ondas de calor, inundações; derretimento de geleiras e calotas polares; acidificação dos
oceanos; branqueamento de recifes de corais; perda de terras úmidas litorâneas; extinção de espécies
de fauna e flora; migração de animais; retração e savanização da floresta amazônica; diminuição da
produtividade agrícola; aumento da propagação de doenças infecciosas; impactos econômicos
diversos, entre outros.
Principais políticas de combate às mudanças climáticas: em 1992, foi criada a Convenção Quadro das
Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC); em 1997, foi criado o Protocolo de Quioto, a
primeira iniciativa global de redução das emissões de GEEs; em 2009, no Brasil, a Lei nº 12.187/2009
criou a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).
As medidas de combate às mudanças climáticas envolvem ações de mitigação (redução das emissões
de GEEs), como os créditos de carbono (MDL) e o REDD+; e ações de adaptação, como o fortalecimento
dos sistemas e órgãos de defesa civil e a construção de diques em áreas vulneráveis.
Técnicas de geoengenharia incluem: a redução da radiação com a instalação de espelhos no espaço
ou uso de aerossóis estratosféricos; o sequestro de carbono com a fertilização do oceano para
crescimento de algas e captura o CO2 do ar; e o armazenamento de carbono no solo ou nos oceanos.
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15 Estabelecido nos moldes do IPCC, é responsável por diversas publicações em seu site, com destaque para o "Primeiro Relatório de Avaliação Nacional
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