Paraparesia Espastica Tropical Htlv1
Paraparesia Espastica Tropical Htlv1
Paraparesia Espastica Tropical Htlv1
Rio de janeiro
2007
RACHEL PEREIRA SERAFIN
Rio de janeiro
2007
RACHEL PEREIRA SERAFIN
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Professor José Gabriel E. Werneck
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Professora .........................
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Professora .........................
- Ao professor Bello pelo apoio e pela ajuda na finalização deste trabalho em acordo
com as normas da ABNT.
SANTA PAULINA
RESUMO
A paraparesia espástica tropical (PET) tem sido descrita em quase todas as regiões
do Brasil e é possivelmente a mielopatia crônica progressiva mais comum em nosso país. Em
1986 a PET foi associada ao vírus HTLV-1 no Japão após demonstração de anticorpos anti-
HTLV-1 no soro e no líquor de pacientes que apresentavam esta patologia e após este marco,
a relação entre PET e o HTLV1 foi observada em muitas áreas do mundo como África,
Caribe, América do Sul, onde no Brasil o estado de maior prevalência é a Bahia. O quadro
clínico característico é uma paraparesia espástica com sinais piramidais de evolução lenta e
progressiva, graus variáveis de distúrbios esfincterianos, sensitivos, distúrbios na marcha e ao
exame sorológico, a presença de sorologia positiva para o HTLV-1.
Palavras – chave: Paraparesia, mielopatia, HTLV-1.
ABSTRACT
The paraparesis spastic tropical (PET) has been described in almost all regions of
Brazil and is possibly the chronic progressive myelopathy more common in our country. In
1986 the PET has been associated with the virus HTLV-1 in serum and in líquor of patients
who had this disease and after that milestone, the relationship between PET and the HTLV-1
was to observed in many areas the world as Africa, the Caribbean, South America, where
Brazil in the state of Bahia is the highest prevalence. The typical clinical picture is a
paraparesia spastic with pyramidal signs of slow and gradual progress, varying degrees of
disturbance esfincterianos, sensory, disturbance in the march and serological examination, the
presence of sorologic positive for HTLV-1.
Key – Words: Paraparesis, myelopathy, HTLV-1.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 09
CONCLUSÃO ............................................................................................................23
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 25
9
INTRODUÇÃO
O HTLV-1 foi isolado em 1980 a partir de uma linhagem celular de linfoma de células
T de um paciente que se pensava originalmente que tivesse o linfoma cutâneo de células T.
Mais tarde tornou-se claro que o paciente tinha uma forma diferente de linfoma
(originalmente relatada no Japão) chamada leucemia / linfoma de células T do adulto (LTA).
Dados sorológicos determinaram que o HTLV-1 é a causa de pelo menos duas doenças
importantes: LTA e a paraparesia espástica tropical, também chamada de mielopatia
associada ao HTLV-1 (MAH). O HTLV-1 também pode ter um papel importante nas
síndromes de dermatite infecciosa e uveíte. (HARRISON, 2002).
A infecção pelo HTLV-1 é transmitida de pelo menos três modos: da mãe para o filho,
especialmente no leite materno; através da atividade sexual, mais comumente de homens para
mulheres; e através do sangue por meio de transfusões e agulhas contaminadas. O vírus é
mais comumente transmitido no período perinatal. Comparado ao HIV, que pode ser
transmitido na forma livre de células, o HTLV-1 é menos infeccioso e sua transmissão em
geral requer o contato de uma célula com outra. (HARRISON, 2002).
O HTLV-1 em geral não é encontrado nas células do SNC, mas pode ser detectado
numa pequena população de linfócitos presentes no líquido cefalorraquidiano (LCR) e os
pacientes com MAH apresentam uma resposta imune mais forte ao vírus. Os anticorpos
contra o HTLV-1 estão presentes no soro e parecem ser produzidos no LCR dos pacientes
com MAH, em que os títulos são freqüentemente mais elevados que no soro. (HARRISON,
2002).
Os principais casos descritos com sorologia para HTLV-1 foram relatados em 1985
por Gessain e col. No Brasil, a primeira referência ao HTLV-1 foi feita por Kitagawa e col.,
em 1986, entre imigrantes japoneses em Campo Grande, no estado de Mato Grosso do Sul,
cabendo a Castro. Costa e col., e a Castro e col., ambos em 1989, os primeiros relatos de PET/
MAH no Brasil. Desde então, a patologia foi relatada nos estados do Ceará, São Paulo, Bahia,
Rio de Janeiro, Pernambuco e recentemente Rio Grande do Sul. (CORAL et al., 1997).
O HTLV-1 é transmitido de mãe para filho, por contato sexual entre homens e
mulheres, por transfusão sanguínea e por agulhas contaminadas. Em áreas endêmicas, os
indivíduos estão agrupados em família, no que diz provavelmente reflita o predomínio de
transmissões de mãe para filho (Em 20% se adquire através da amamentação). Em países em
desenvolvimento, onde não se pode realizar um estudo de seleção sorológica dos elementos
sanguíneos, a transfusão de sangue segue sendo um fator de risco importante para se contrair
o HTLV-1. (FIGUEROA et al., 2004).
A transmissão do HTLV-1 ocorre de mãe para filho, pelo contato sexual, pela
transfusão sanguínea, pelo compartilhamento de agulhas contaminadas. A transmissão de mãe
para filho ocorre principalmente pelo ato de amamentar. Aproximadamente 25% das crianças
que se amamentam em mães infectadas pelo vírus, adquirem a soropositividade. Os estudos
recentes sugerem que a transmissão do HTLV-1 por amamentação pode estar associado com a
presença de anticorpos da mãe ao HTLV-1. (CDC et al., 1993).
Após a ligação ao receptor específico acredita-se que haja fusão do envelope viral com
a membrana celular e liberação do nucleocapsídeo viral no interior da célula infectada.
Imediatamente após a entrada na célula, tem início o processo de transcrição de RNA
genômico do vírus em DNA proviral, mediado pela TR. Obviamente o processo de
retrotranscrição não é isento de erros. Estes podem, inclusive, explicar a grande variabilidade
genética do retrovírus. Uma vez integrado, o provírus pode ser considerado perfeitamente
estável, isto é, não pode ser removido, trocado de lugar ou mesmo replicado
independentemente do cromossomo onde reside. (QUEIROZ; ARAÚJO, 1992).
O vírus HTLV-1 pertence à família retroviridae e tem um genoma de RNA de fita
simples com uma estrutura genética similar a dos demais retrovírus, possuindo os genes gag,
pol e env, além de uma seqüência próxima a extremidade 3 conhecida como região X, a qual
contém genes reguladores tax e rex. O HTLV-1 tem tropismo para linfócitos T e infectam
principalmente linfócitos T CD 4 +. A estabilidade genética entre as cepas de HTLV-1 é
muito grande em comparação a seqüência env do HIV que apresenta mais de 30% de
variabilidade genética, enquanto no HTLV-1 esta variabilidade é de apenas 4%. (SANTOS;
LIMA, 2005).
19
Paciente sexo feminino, branca, 42 anos, casada, prole com dois filhos, um com 16
anos e o outro com 14 anos. Natural e procedente de Salvador (BH), iniciou há
aproximadamente três anos, quadro de paraparesia insidiosa, acompanhada de incontinência
urinária. (UMPHRED, 2004).
O quadro inicial apresentou melhora parcial, tendo alguns meses depois evoluído
novamente para franca paraparesia necessitando de auxílio para deambular. Associada ao
quadro, apresentava queixa de dores nos membros inferiores. Negava transfusões sanguíneas.
Ao exame neurológico apresentava marcha paraparética, avaliação cognitiva sem
anormalidades, nervos cranianos normais, hiperreflexia difusa, sinal de Hoffman à direita,
sinal de Babinsk à direita, clônus bilateral em membros inferiores, alteração na coordenação e
sensibilidade normal. A análise de rotina do líquido cefalorraquidiano (LCR), demonstrou
pleocitose de 12 células/ mm3 com contagem diferencial de 95% de linfócitos e dosagem de
proteínas de 48,2 mg/dl. A eletroforese de proteínas do LCR demonstrou teor da fração gama
de 24%. As reações imunológicas de VDRL e para HIV (ELISA) foram negativas no soro. A
pesquisa de anticorpos anti – HTLV-1 no sangue (Western Blot) e no LCR (ELISA) foram
positivas. A ressonância nuclear magnética (RNM) de crânio demonstrou múltiplas áreas de
anomalia do sinal na substância branca bilateralmente, nas regiões frontais e parietais. A
RNM da coluna lombo- sacra apresentou alterações bilateral nas regiões do funículo lateral à
direita e à esquerda com comprometimento significativo em regiões de L1, L2, L3, L4 E L5,
em amplitudes diversas com lesão piramidal. (UMPHRED, 2004).
grau de paresia, estando atualmente deambulando com auxílio. Persiste com o quadro
de urgência miccional. (UMPHERED,2004).
CONCLUSÃO
Com o presente estudo, pode-se concluir que não existem maneiras efetivas de
controlar a paraparesia espástica tropical (PET), porém após a descoberta da associação do
vírus HTLV-1 com a PET, medidas profiláticas foram adotadas para evitar a disseminação
desse vírus.
Com este objetivo, viu-se a necessidade de que houvesse medidas paleativas com o
intuito de controlar a expansão desse vírus. Desta forma, indivíduos soropositivos, deveriam
em primeiro lugar tomar ciencia sobre o significado da doença, os principais meios de
transmissão desta patologia, além dos aspectos gerais contingentes sobre a mesma.
Para isso, seriam necessários como rotina dos centros hematológicos que fossem
empregados como teste de eleição para triagem de doadores o teste imunoenzimático ELISA
para identificar doadores contaminados assintomáticos e caso estes indivíduos obtivessem
resultado repetidamente positivo, então seria submetido a testes confirmatórios como Western
Blot (WB) e/ou reação em cadeia polimerase (PCR).
Portanto, a fisioterapia mostrou-se efetiva no que se diz respeito a tratar no sentido que
ocorra um retardo na evolução das seqüelas ocasionadas pela PET, tratando os principais
sinais e sintomas, auxiliando na prevenção de deformidades, orientando o paciente, dando a
estes pacientes uma maior independência funcional, diminuindo a necessidade de custos e a
utilização de dispositivos auxiliares melhorando assim a qualidade de vida desses indivíduos.
25
REFERÊNCIAS
CORAL, Luiz Carlos; QUEIROZ, Luiz Paulo de; GRZESIUK, Anderson Kuntz. Paraparesia
espástica tropical / Mielopatia associada ao HTLV-1: relato de dois casos diagnosticados em
Florianópolis, Santa Catarina. Arq. Neuropsiquiatria, v. 1, n. 56, p. 120-122, 1998.
HARRISON. Medicina interna. 15. ed. MC Graw Hill, Rio de Janeiro, 2001.
OLIVEIRA, Hélio Araujo; MELO, Hyder Aragão de. Mielopatia assiciada ao HTLV-1 /
Paraparesia espástica tropical: relato dos primeiros casos em Sergipe. Arq. Neuropsiquiatria,
v. 1, n. 56, p. 116-119, 1998.