FICHAMENTO Idelber Avelar - Alegorias Da Derrota
FICHAMENTO Idelber Avelar - Alegorias Da Derrota
FICHAMENTO Idelber Avelar - Alegorias Da Derrota
O autor parte da oposição entre metáfora e metonímia para pensar o estatuto da memória
naquilo que chama de “tempos de mercado” Aqui, metáfora e metonímia devem ser pensadas
para além de seus usos como figuras de linguagem, Idelber certamente pensando em Freud e
em sua articulação cos os processos de deslocamento e condensação, conceitos que foram
relacionados por Lacan, onde condensação se relacionaria com a metáfora e deslocamento
com a metonímia, sendo que tais processos não poderiam ser totalmente separados.
O mercado, para Idelber, maneja uma memória que se pretende sempre metafórica, quer
sempre substituir, relocar, estabelecer uma relação com um lugar a ser ocupado, nunca uma
contiguidade interrompida (AVELAR, 2003, p.13). A mercadoria renega a metonímia porque
investe contra o passado.
Mas como o passado nunca é plenamente substituído com o advento de novas mercadorias,
ele sobrevive como ruína. Assim, a oposição entre metáfora e metonímia é deixada de lado e o
autor passa a pensar na oposição entre símbolo e alegoria, onde a mercadoria seria um
“devir-alegoria”. No sentido de que toda alegoria é “datada”, exibindo em sua superfície as
marcas de seu tempo de produção (AVELAR, 2003, p.14).
Idelber então passa a demonstrar como a alegoria foi vista como “menor”, desde uma visão
clássica, romântica, e até mesmo na modernidade.
Assim, a alegoria, por um lado, é vista pela longa tradição classicizante como uma
manifestação do “mau gosto” barroco, por outro lado, é vista pelas vanguardas do
modernismo como uma forma excessivamente didática (AVELAR, 2003, p.16). Idelber também
nos lembra de que Benjamin na “Origem do drama trágico alemão” estabelece a
irredutibilidade entre alegoria e luto.
A alegoria mantém assim uma longa relação com o divino, mas com
uma divindade longínqua, incompreensível, babélica. A alegoria
floresce num mundo abandonado pelos deuses, mundo que, não
obstante, conserva a memória desse abandono e não se rendeu,
todavia, ao esquecimento. A alegoria é a cripta tornada resíduo de
reminiscência (AVELAR, 2003, p.16).
Neste primeiro capítulo, Idelber continua a falar sobe aquilo que é intempestivo para a análise
da produção simbólica do presente –
Pensar tal contexto a partir de uma topologia dos afetos – onde se sublinha o caráter material
e social do que se denomina como afeto (por oposição ao “sentimento”, “sensação” e
“emoção”.), ou seja, o termo afeto que se distancia do romantismo e se encontra em uma
linhagem spinoziana (AVELAR, 2003, p.36).